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RESUMO LIVRO I FISIOPATOLOGIA DAS DOENCAS ENDOCRINAS-convertido

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RESUMO LIVRO I FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS 
ENDÓCRINAS 
 
1. CONCEITOS BÁSICOS DE PATOLOGIA GERAL 
 
1.1 Homeostase e saúde 
A celula normal é condicionada a manter-se em uma faixa razoavelmente 
estreita de funcao e estrutura por seu estado de metabolismo, 
diferenciacao e especializacao, por limitacoes das células vizinhas e pela 
disponibilidade de substratos metabolicos. 
 
Porem vale ressaltar que a mesma celula é capaz de sustentar as 
demandas fisiologicas, mantendo um estado normal chamado 
homeostasia. 
 
Nesse sentido cada celula que constitui nosso organismo esta 
diretamente envolvida na manutencao de um estado dinamico de 
equilibrio, o qual denominamos homeostase. 
 
Qualquer alteracao ou lesao, por menor que seja, eventualmente pode 
comprometer o organismo como um todo. 
 
A manutencao da homeostase é, de certa forma, uma responsabilidade 
integrada entre tres estruturas cerebrais importantes, sendo elas: 
 
- a medula oblonga, que corresponde a parte do tronco cerebral ligada a 
manutencao das funcoes vitais, como respiracao, circulacao, entre outras; 
 
- a hipófise, que regula a funcao de outras glandulas, estando diretamente 
associada ao crescimento, maturação e reproducao de um individuo; 
 
- o sistema reticular, que se configura como uma intrincada rede de 
nucleos e fibras provenientes de celulas nervosas no tronco cerebral e na 
medula espinal, diretamente associado ao controle dos reflexos vitais, 
como na funcao cardiovascular. 
 
A homeostase é sustentada por mecanismos de autorregulacao que 
tambem sao retroestimulados, sendo conhecidos, como: 
 
• Retroestimulação positiva: responsavel por ampliar a alteracao 
sistemica, interferindo na homeostase. Exemplo disso é quando o coracao 
bombeia sangue com maior velocidade e mais forca numa situacao de 
choque. Nessas situacoes, se houver evolucao, a acao do coracao pode 
demandar mais oxigenio do que a quantidade normalmente disponivel, o 
que pode acarretar uma insuficiencia cardiaca. 
 
• Retroestimulação negativa: o processo, estimulado pelas alteracoes no 
organismo, restaura a homeostase corrigindo deficiencias. Pode-se 
exemplificar que, quando ha alteracoes provocadas pela elevacao da 
glicose, e desencadeado o aumento na producao de insulina pelo 
pancreas, o que leva esse mecanismo a efetuar a reducao dos niveis de 
glicose aos patamares normais, vindo a restaurar o equilibrio sistemico. 
 
Cada mecanismo de retroestimulacao, independentemente se positivo ou 
negativo, apresenta três componentes basicos, sendo estes: 
 
- um sensor responsavel por detectar as mudancas na homeostase, 
normalmente expressa por alteracoes dos impulsos nervosos ou de niveis 
hormonais; 
 
- um centro de controle no sistema nervoso central (SNC), o qual recebe 
sinais advindos do sensor e regula a resposta do organismo perante as 
alteracoes; dando inicio ao mecanismo de execucao o qual é diretamente 
responsavel por restabelecer a homeostase. 
 
O desenvolvimento de doencas é denominado patogenese, e, a menos 
que sejam identificadas e tratadas com brevidade e eficiencia, sua maioria 
evolui de forma sintomatica bastante conhecida. 
 
Algumas sao autolimitadas, o que determina uma evolucao rapida com a 
necessidade de pouca ou nenhuma intervencao, outras podem ser 
cronicas e acabam por estabelecer longos periodos de eventuais 
manifestacoes sintomaticas conhecidas como remissoes e/ou 
exacerbacoes. 
 
1.2 História da patologia 
 
O fera: Rudof Ludwig Karl Virchow 
 
1.3 Patologia e fisiopatologia – conceitos 
 
Patologia significa estudo das doencas (do grego pathos, doenca, 
sofrimento, e logos, estudo). 
 
Os quatro aspectos de um processo de doenca que formam o cerne da 
patologia sao sua causa – etiologia –, os mecanismos do seu 
desenvolvimento – patogenia – as alteracoes bioquimicas e estruturais 
induzidas nas celulas e nos orgaos do corpo – alterações moleculares 
e morfológicas – e as consequencias funcionais dessas alteracoes – 
manifestações clínicas. 
 
Atualmente, surgiram duas principais classes de fatores etiologicos, 
sendo: 
 
- origem genetica (por exemplo, mutacoes herdadas e doencas 
associadas com variantes geneticas, ou polimorfismo) 
- adquiridos (por exemplo, infecciosos, nutricionais, quimicos, fisicos). 
 
Patogenia: é a sequencia de eventos na resposta das celulas ou tecidos 
ao agente etiologico, partindo da compreensao do estimulo inicial a forma 
como se apresenta no final da doenca. 
 
Alterações moleculares e morfológicas: sao alteracoes estruturais nas 
celulas ou tecidos caracteristicas de uma doenca e que favorecem o 
diagnostico de um processo sobre aspectos etiologicos. Nesse sentido, a 
utilizacao da patologia diagnostica identifica os fatores causais, ou seja, a 
natureza do processo e de sua progressao, e, para isso, a patologia 
diagnostica vale-se do estudo das alteracoes 
morfologicas nos tecidos e alteracoes quimicas nos pacientes. 
 
Manifestações clínicas. As alteracoes e ou anormalidades funcionais sao 
o resultado final das alteracoes geneticas, bioquimicas e estruturais nas 
celulas e tecidos, as quais acabam por gerar as manifestacoes clinicas 
(sinais e sintomas) da doenca, bem como sua progressao (curso clinico e 
consequencia). De forma geral, as doencas iniciam-se com alteracoes 
moleculares ou estruturais nas celulas, conceito formulado primeiramente, 
no seculo XIX, por Rudolf Virchow. 
 
1.4 Agentes causadores de doença – estresse e estímulos nocivos 
Os agentes responsaveis pelo aparecimento de doenca sao conhecidos 
como fatores ou agentes etiológicos. Entre eles estao os biológicos 
(por exemplo, bacterias e virus), os físicos (por exemplo, traumatismo, 
queimaduras, radiacao), os químicos (por exemplo, pesticidas e nicotina), 
a herança 
genética (por exemplo, sindromes cromossomicas) e os excessos ou 
déficits nutricionais (por exemplo, obesidade e avitaminose). 
 
Os diversos elementos que predispoem o organismo a alguma doenca sao 
chamados fatores de risco. 
 
Em geral, as doencas evoluem em inumeros estagios: 
 
• Exposição ou lesão: o tecido denominado alvo é exposto ao agente 
causal ou lesado por este. 
 
• Latência ou período de incubação: periodo em que o individuo nao 
manifesta sinais e/ou sintomas da doenca. 
 
• Período prodrômico: surgem os primeiros sinais e sintomas, no entanto, 
em sua maioria, são inespecificos e nao permitem uma clara identificacao 
do agente causal. 
 
• Fase aguda: periodo em que normalmente apresentam-se sinais e 
sintomas em sua forma mais expressiva, podendo inclusive acarretar 
complicacoes. Pode ser denominada forma aguda subclinica se o paciente 
continuar a se comportar como se a doenca ainda nao estivesse instalada. 
 
• Remissão: uma nova e eventual fase de latencia que devera ser seguida 
por outra fase aguda. Remissoes acontecem muitas vezes por falha no 
processo terapeutico, trazendo por vezes situacoes de maior agravamento 
quando comparadas a fase aguda inicial. 
 
• Convalescença: o paciente apresenta sinais compativeis com o 
processo de recuperacao. O objetivo é que ao termino desse processo o 
paciente esteja completamente recuperado e apto a restabelecer suas 
atividades normais. 
 
• Recuperação: O paciente encontra-se completamente recuperado, em plena 
capacidade funcional, sem a presenca de sinais e/ou sequelas do processo de 
doenca ocorrido. 
 
 
 
Hans Selye, grande pesquisador sobre estresse e doencas, define alguns 
estagios presentes na adaptacao em face de algum evento estressante, 
conhecidos como alarme, resistencia e recuperacao 
ou exaustao. 
 
Na situacao de alarme, o corpo detecta o agente ou a situacao estressante e 
aciona o sistema nervoso central a liberacao de substancias quimicas para o que 
conhecemos como resposta de luta 
e fuga. 
 
A liberacao de epinefrina ocorre mediante a acao da medula simpaticaadrenal 
e a liberação de glicocorticoides pelo eixo hipotalamo-hipofise e adrenal. 
 
Esses sistemas, de forma integrada, executam uma resposta mais adequada do 
corpo ao estresse; tal evento e por muitos denominado 
liberacao adrenergica do panico ou da agressao. 
 
No estagio de resistência, o corpo responde ao estresse e tenta se adaptar. Os 
mecanismos de cobertura sao acionados e, se o corpo nao conseguir se adaptar, 
inicia-se o estado de exaustão. 
Os hormonios nao sao mais produzidos como ocorria no estado de alarme, e em 
decorrencia ocorre lesao de orgaos e tecidos, acarretando o aparecimento dos 
sinais e sintomas das doencas. 
 
1.4.1 Agentes biológicos 
Os agentes biologicos incluem virus, bacterias, fungos, protozoarios, helmintos 
e artropodes. Todos eles podem invadir e/ou colonizar o organismo a fim de 
encontrar condicoes ideais de abrigo e nutricao 
e em inumeros casos acabam por produzir doencas, conhecidas em conjunto 
como doencas infecciosas. 
 
Um agente biologico pode produzir lesao por meio de inumeros mecanismos, a 
saber: 
 
• Acao direta, por invasao de celulas, nas quais se multiplicam podendo 
ocasionar a morte e/ou destruicao delas. A presenca de um microrganismo no 
interior de uma celula pode ser definida 
com efeito citopatico, e pode ocorrer associada a infeccao celular por muitos 
microrganismos, especialmente virus e alguns tipos de riquetsias, bacterias e 
protozoarios. 
 
• Substancias toxicas (toxinas) liberadas pelo agente infeccioso: sao as 
exotoxinas de bacterias, de micoplasmas e de alguns protozoarios. Pode-se citar 
como exemplos as toxinas produzidas pelas especies de Clostridium spp., como 
C. tetani e Clostridium botulinum, bacterias que podem provocar 
respectivamente o tetano e o botulismo. 
 
• Componentes estruturais ou substancias armazenadas no interior do 
agente biologico e liberados apos sua morte e desintegracao: sao as toxinas 
endogenas, ou endotoxinas. 
 
• Antigenos/componentes do agente agressor os quais podem aderir a 
superficie celular ou de outras estruturas teciduais, tornando-se alvo da acao de 
anticorpos e da imunidade celular dirigida aos epitopos desses microrganismos. 
 
• Antigenos do microrganismo, que podem ter epitopos semelhantes a 
moleculas dos tecidos humanos. A resposta imunitaria contra esses epitopos 
faz-se tambem contra componentes similares existentes nos tecidos 
(autoagressao), a exemplo do que pode vir a ocorrer apos 
sucessivas infeccoes de repeticao por Streptococcus pyogenes e o 
aparecimento posterior de febre reumatica, glomerulonefrite de Bruton e 
endocardite estreptococica, por similaridade antigênica entre a estreptolisina O 
e proteinas do tecido cardiaco. 
 
• Integracao ao genoma celular (por exemplo, virus) e alteracoes na sintese 
proteica, o que pode levar a neoplasias. Inumeros virus, por exemplo, 
apresentam o chamado potencial oncogenico, como o ja conhecido virus do 
papiloma humano (HPV), causador de casos de neoplasia como os de utero e 
ovario, e o virus de Epstein Barr, causador de linfomas, como o de Burkitt, e 
carcinomas como o de nasofaringe. Todos esses mecanismos agem com maior 
ou menor intensidade de acordo com a constituicao genetica do organismo. Sao 
tambem importantes as condicoes do organismo no momento da invasao pelo 
microrganismo (estado nutricional, lesoes preexistentes etc.). 
 
1.4.2 Agentes físicos 
Dependendo da intensidade e duracao de sua acao, qualquer agente fisico pode 
causar lesao. 
 
Entre os agentes fisicos, estao a forca mecanica, as variacoes da pressao 
atmosferica, as variacoes de temperatura, a eletricidade, a radiacao e as ondas 
sonoras (ruidos). 
 
1.4.2.1 Força mecânica 
A acao da forca mecanica sobre o organismo produz varios tipos de lesoes, 
denominadas lesões traumaticas (ou impropriamente chamadas trauma 
mecanico, ja que esse e o agente causal, e nao a 
consequencia). Estas sao as caracteristicas das feridas: 
 
• desprendimento ou remocao de celulas da epiderme; 
• laceracao, separacao de tecidos, por excessiva forca de estiramento (laceracao 
de tendões ou visceras); 
• contusao, na qual o impacto e transmitido da pele aos tecidos subjacentes, 
levando a ruptura de pequenos vasos, com hemorragia e edema; 
• incisao ou corte, lesao produzida por acao de instrumentos cortantes; 
• perfuracao, produzida por instrumentos pontiagudos sobre os tecidos, sendo a 
ferida mais profunda do que extensa; 
• fratura, caracterizada por ruptura de tecidos duros, como osseo e cartilaginoso. 
 
1.4.2.2 Variações de pressão atmosférica 
O organismo humano suporta melhor o aumento da pressao atmosferica do que 
sua diminuicao. 
 
Síndrome de descompressão 
A doenca por descompressao ou barotrauma e causada por uma diminuicao 
rapida da pressao do meio circundante, ocorrendo algumas vezes em 
mergulhadores. 
 
Essa condicao se desenvolve devido a formacao de bolhas de nitrogenio na 
corrente sanguinea e nos tecidos do corpo, normalmente quando o mergulhador 
se desloca de aguas profundas para a superficie num curto espaco de tempo. 
 
Efeitos de grandes altitudes 
 
A doenca da altitude ocorre em individuos nao adaptados que se deslocam para 
grandes altitudes. 
 
Ate uma altura de 2.500 m, geralmente, nao ocorrem manifestacoes; entre 3.000 
m e 4.000 m, as alteracoes sao frequentes, mas pouco importantes; e acima de 
4.000 m, podem aparecer alteracoes graves. 
 
A medida que a altitude aumenta, a pressao atmosferica diminui e menos 
moleculas de oxigênio encontram-se disponiveis no ar rarefeito. A diminuicao do 
oxigenio disponivel afeta o corpo de varias 
maneiras: a frequencia e a profundidade da respiracao aumentam, alterando o 
equilibrio de gases nos pulmoes e no sangue, elevando a alcalinidade do sangue 
e prejudicando a distribuicao de sais, como o sodio e o potassio nas celulas. 
 
Como consequencia, a agua e distribuida de modo diferente entre 
o sangue e os tecidos. Nas altitudes elevadas, o sangue contem menos oxigenio, 
produzindo coloração azulada na pele, nos labios e nas unhas. 
 
Depois de alguns dias, o organismo produz mais hemacias, transportando entao 
mais oxigenio aos tecidos. 
 
1.4.2.3 Variações de temperatura 
O organismo submetido a baixas temperaturas tenta se adaptar produzindo 
maior quantidade de calor. 
 
A adaptacao e temporaria, e, se nao ha protecao adequada, a temperatura 
corporal comeca a baixar, instalando-se a hipotermia (considera-se hipotermia a 
temperatura corporal abaixo de 35 °C). 
 
Quando a temperatura cai, ocorre vasoconstricao periferica, palidez acentuada 
e reducao progressiva da atividade metabolica de todos os orgaos, 
especialmente do encefalo e da medula espinal. 
 
A causa de morte no resfriamento e, geralmente, falencia cardiorrespiratoria por 
inibicao dos centros bulbares de controle da respiracao e da circulacao. 
 
A acao local do calor produz queimaduras, cujas lesoes podem ser por: 
• liberacao de histamina pelos mastocitos, que produz vasodilatacao e edema; 
• liberacao de substancia P das terminacoes nervosas aferentes; 
• ativacao das calicreinas plasmatica e tecidual, com liberacao de bradicinina, 
que aumenta a vasodilatacao e o edema; 
• lesao direta da parede vascular, que pode aumentar o edema, produzir 
hemorragia e levar a trombose de pequenos vasos, resultando em isquemia e 
necrose. 
 
Se o individuo e submetido a temperaturas elevadas (excesso de sol, 
proximidade de caldeiras), pode haver elevacao progressiva da temperatura 
corporal, a hipertermia. Quando a temperatura corporal 
atinge ou ultrapassa 40 °C, ocorre vasodilatacao periferica, abertura dos 
capilares e sequestro de grande quantidade de sangue na periferia, iniciando 
quadro de insuficiencia circulatoria periferica (choque termico classico). 
 
1.4.2.4 Radiações ionizantes 
As lesoes causadas por radiacoes ionizantes em humanos decorrem de inalacaoou ingestao de poeira ou alimentos que contenham particulas radioativas, o que 
ocorre em: 
 
• trabalhadores de minas em que sao abundantes os minerais radioativos, como 
o radio; 
• exposicao a radiacoes com fins terapeuticos ou diagnosticos; 
• contato acidental com radiacoes emanadas de artefatos nucleares, como 
reatores, aparelhos de radioterapia ou de radiodiagnostico; 
• bombas nucleares. 
 
A radiacao ionizante de uma forma dose-dependente pode causar mutacao nas 
celulas e as matar por multiplas vias, incluindo morte celular por apoptose, 
necrose ou redistribuicao de celulas para outros 
compartimentos. A radiacao ionizante interage com alvos intracelulares 
produzindo radicais livres e causando uma ruptura no DNA. 
 
1.4.2.5 Efeitos da luz solar 
A luz solar contem amplo espectro de radiacoes. A radiacao infravermelha 
produz calor, sendo responsavel em parte por queimaduras solares. As 
radiacoes ultravioletas sao potencialmente mais lesivas. 
 
Os raios UVC sao absorvidos pela camada de ozonio e nao chegam a superficie 
da Terra (a protecao da camada de ozonio tem, pois, grande importancia para 
as pessoas). Os raios UVA e UVB sao os responsáveis pelas lesoes provocadas 
pela luz solar, que podem ser agudas ou cronicas. Insolacao e queimaduras são 
lesoes agudas, caracterizadas por eritema, edema e formacao de bolhas; em 
seguida, surgem descamação e hiperpigmentacao. 
 
Os efeitos cronicos sao mais relevantes. Os raios UVB tem acao melanogenica, 
que induzem a pigmentacao, sao responsaveis principais por fenomenos de 
fotossensibilizacao, aceleram o 
envelhecimento e provocam lesoes proliferativas, incluindo neoplasias. 
 
As reacoes de fotossensibilizacao sao induzidas por substancias que se 
depositam na pele e, por absorverem raios UV, podem ser ativadas, originar 
radicais livres e ter efeitos toxicos sobre células epidermicas; podem surgir 
erupcoes, com coceira, area de vermelhidao e inflamacao nas manchas de pele 
expostas ao sol. 
 
A luz pode provocar reacoes do sistema imunologico, visto que determinadas 
doencas, como lupus eritematoso sistemico, podem provocar reacoes cutaneas 
mais serias se houver exposicao a luz solar. 
 
Os raios UVA causam degeneracoes dos ceratinocitos e alteracoes no seu DNA, 
o que pode provocar lesoes proliferativas benignas ou malignas (carcinoma 
basocelular e melnomas). 
 
1.4.2.6 Som (ruído) 
 
Observacoes epidemiologicas indicam que uma pessoa submetida a ruidos 
intensos (no ambiente de trabalho, em casa, nas ruas) apresenta disturbios de 
audicao caracterizados por perda progressiva 
da capacidade de distinguir sons de frequencia mais alta. 
 
Admite-se que ruidos muito altos induzam a lesoes nas celulas ciliadas do orgao 
de Corti, responsaveis pela acuidade auditiva. 
 
1.4.3 Agentes químicos 
Quer sejam substancias toxicas, quer sejam medicamentos, ambos podem 
provocar lesoes a partir de dois mecanismos distintos: 
 
• Acao direta sobre celulas ou intersticio, mediante transformacoes 
moleculares que resultam em degeneracao ou morte celular, alteracoes do 
intersticio ou modificacoes no genoma, induzindo 
transformacao maligna (efeito carcinogenico). Quando atuam na vida 
intrauterina, podem induzir a erros do desenvolvimento (efeito teratogenico). 
 
• Acao indireta, atuando como antigeno (o que é muito raro), induzindo 
resposta imunitaria humoral ou celular responsavel pelo aparecimento de lesoes. 
Seja um medicamento, seja uma substancia toxica, o efeito do agente quimico 
depende de varios fatores: dose, vias de penetracao e absorcao, transporte, 
armazenamento, metabolizacao e excrecao; depende tambem de 
particularidades do individuo: idade, genero, estado de saude, momento 
fisiologico e constituicao genetica. 
 
As substancias quimicas capazes de danificar as celulas estao no ar, por toda 
parte do ambiente. Algumas das substancias mais prejudiciais existentes sao 
gases como o monoxido de carbono, os 
inseticidas e os metais pesados como o chumbo. 
 
1.4.4 Herança genética 
Heranca genetica ou biologica e o processo pelo qual um organismo ou uma 
celula adquire ou se torna predisposto a adquirir caracteristicas semelhantes a 
do organismo ou celula que o gerou, por meio de informacoes codificadas 
(codigo genetico) que sao transmitidas a descendencia. 
 
A combinacao entre os codigos geneticos dos progenitores (em especies 
sexuadas) e os erros (mutacoes) na transmissao 
desses codigos sao responsaveis pela variacao biologica que, sob a acao da 
selecao natural, permite a evolucao das especies. A ciencia que estuda essa 
heranca e a genetica. 
 
As doencas geneticas sao aquelas que envolvem alteracoes no material 
genetico, ou seja, no DNA. Algumas delas podem possuir o carater hereditario, 
sendo repassadas de pais para filhos. 
 
Entretanto nem toda doenca genetica e hereditaria. Um exemplo e o cancer, ele 
e causado por alteracoes no material genetico, podendo ser transmitido aos 
descendentes. 
 
Existem tres tipos de doencas geneticas: 
 
• monogenéticas ou mendelianas: quando apenas um gene e modificado; 
• multifatorial ou poligênicas: quando mais de um gene e atingido e ocorre 
ainda a interferência dos fatores ambientais; 
• cromossômicas: quando os cromossomos sofrem modificacoes em sua 
estrutura e numero. 
 
As doencas de origem geneticas mais comuns no Brasil sao a sindrome de 
Down, a anemia falciforme, o diabetes, o cancer e o daltonismo. 
 
1.4.5 Desequilíbrio nutricional 
 
Considera-se um estado nutricional desequilibrado quando ha diminuicao ou 
ausencia da ingestao de um ou mais dos diversos grupos alimentares e o gasto 
energetico que de alguma forma se mostra comprometido. 
 
O corpo precisa de mais de sessenta substancias organicas e inorganicas em 
quantidades que variam de microgramas a gramas. 
 
Esses nutrientes consistem em minerais, vitaminas, alguns acidos graxos e 
aminoacidos especificos. As deficiencias dieteticas podem ocorrer sob a forma 
de inanicao, na qual há deficiencia de todos os nutrientes e vitaminas, ou por 
deficiencia seletiva de um unico nutriente ou vitamina. 
 
A anemia por deficiencia de ferro, o escorbuto, o beriberi e a pelagra podem 
causar lesoes pela falta de vitaminas especificas ou minerais. 
 
1.4.5.1 Calorias, macronutrientes e micronutrientes 
 
A definicao de caloria esta relacionada a uma representacao metrica (unidade 
de calor) gerada por certos nutrientes quando sofre a acao da digestao e 
somente assim e utilizada como fonte de energia 
para o funcionamento fisiologico do corpo. 
 
Cada tipo de nutriente fornece variadas quantidades de 
unidades caloricas, e quanto maior a diversidade de nutrientes nos alimentos, 
maior e melhor sera seu aproveitamento pelo organismo como energia, estrutura 
e manutencao do funcionamento do corpo. 
 
A obtencao de calorias se da, entao, pela ingestao de nutriente que sao 
divididos em macronutrientes, micronutrientes e vitaminas. 
 
Os macronutrientes sao considerados os maiores fornecedores de energia e 
representados pelos carboidratos, proteinas e lipideos. 
 
Os carboidratos ou glicídios sao a principal fonte de fornecimento de energia 
utilizada para manutencao das atividades vitais. Geralmente recomenda-se que 
a ingestao desse tipo de macronutriente seja de aproximadamente 50% a 60% 
do total diario de calorias ingeridas. 
 
Os carboidratos sao formados fundamentalmente por moleculas de carbono (C), 
hidrogenio (H) e oxigenio (O), por isso recebem a denominacao hidratos de 
carbono. 
 
Classificação dos carboidratos 
 
De acordo com a quantidade de atomos de carbono em suas moleculas, os 
carboidratos podem ser divididos em monossacarideos, dissacarideos e 
polissacarideos. 
 
Os monossacarídeos, tambem chamados de acucares simples, consistem em 
uma única unidade cetônica. O mais abundante é o acucar de seis carbonos D-
glucose, monossacarideofundamental do 
qual muitos sao derivados. 
 
A D-glucose é o principal combustivel para a maioria dos organismos e 
o monomero primario basico dos polissacarideos mais abundantes, tais como o 
amido e a celulose. Sao os carboidratos mais simples, dos quais derivam todas 
as outras classes. 
 
A classificacao dos monossacarideos tambem pode ser baseada no numero de 
carbonos de suas moleculas; assim, as trioses sao os monossacarideos mais 
simples, seguidos das tetroses, pentoses, hexoses e heptoses. 
 
As hexoses mais importantes sao a glicose, a galactose, a manose e a frutose. 
 
Sao carboidratos glicosideos os dissacarídeos, pois sao formados a partir de 
dois monossacarídeos por meio de ligacoes especiais denominadas glicolicas. 
 
Esta ligacao se da entre o carbono anomérico de um monossacarideo e qualquer 
outro carbono do monossacarideo proximo, por meio de suas hidroxilas e com a 
saida de uma molecula de agua. 
 
Tambem podem ser formados pela ligacao de um carboidrato 
a uma estrutura nao carboidrato, como uma proteina. Os principais 
dissacarideos incluem a sacarose, a lactose e a maltose. 
 
Os polissacarídeos sao carboidratos complexos, macromoleculas formadas por 
milhares de unidades monossacarídicas ligadas entre si por ligacoes 
glicosidicas, unidas em longas cadeias lineares ou 
ramificadas. 
 
Os polissacarideos possuem duas funcoes biologicas principais, como forma 
armazenadora de combustivel e como elementos estruturais. 
 
Os polissacarideos mais importantes sao os formados pela polimerizacao da 
glicose, em numero de tres e incluem o amido, o glicogenio e a celulose. 
 
Função dos carboidratos no organismo 
Os carboidratos sao a principal fonte de energia do organismo, a qual deve ser 
suprida regularmente e em intervalos frequentes de modo a satisfazer as 
necessidades energeticas do organismo. 
 
Em um homem adulto, 300 g de carboidratos sao armazenados no figado e nos 
musculos na forma de glicogênio e 10 g estao em forma de acucar circulante. 
 
Essa quantidade total de glicose é suficiente apenas para meio dia de atividade 
moderada, por isso os carboidratos devem ser ingeridos a intervalos regulares e 
de maneira moderada. 
 
Cada grama de carboidrato fornece 4 Kcal, independentemente de sua fonte 
(monossacarideos, dissacarideos ou polissacarideos). 
 
Os carboidratos regulam o metabolismo proteico, poupando proteinas. Uma 
quantidade suficiente de carboidratos impede que as proteinas sejam utilizadas 
para a producao de energia, mantendo-se em sua funcao de construcao de 
tecidos. 
 
Os carboidratos sao necessarios para o funcionamento normal do sistema 
nervoso central. O cérebro nao armazena glicose, entao necessita de 
suprimento de glicose sanguinea. Sua ausencia pode causar danos irreversiveis 
ao cerebro. 
 
A celulose e outros carboidratos indigeriveis auxiliam na eliminacao do bolo 
fecal, estimulam os movimentos peristalticos do trato gastrointestinal e 
absorvem agua para dar massa ao conteudo intestinal. Os carboidratos 
apresentam funcao estrutural nas membranas plasmáticas das celulas. 
 
Proteínas (estrutura e função) 
 
Aminoácidos 
Consideramos os aminoacidos como as menores estruturas provenientes da 
degradação proteica. Geralmente sao compostos por C, N, H e O, sendo que 
alguns tipos especificos apresentam em suas composicoes enxofre (S). Entre as 
diversas funcoes que esses compostos apresentam, estao a constituicao de 
proteinas, hormonios e neurotransmissores. 
 
A estrutura geral dos aminoacidos contem um grupo amina (NH2) e um grupo 
carboxila (-COOH) unidos a um carbono α que os conecta a cadeia lateral (R), 
que, de fato, determina a “identidade” do 
aminoacido. 
 
Existem 20 tipos diferentes de aminoacidos encontrados na natureza, porem 
apenas 10 sao considerados essenciais para o homem e sao exclusivamente 
obtidos mediante a dieta. 
 
Sao eles: isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, 
triptofano, valina, histidina e arginina. 
 
Classificação nutricional 
• Aminoácidos não essenciais: tambem sao conhecidos como dispensaveis 
sob o aspecto nutricional, pois o corpo é capaz de sintetizar esse tipo de 
aminoacido. Ex.: acido aspartico e acido glutamico. 
 
• Aminoácidos essenciais: sao considerados os mais importantes sob o 
ponto de vista nutricional, pois é uma classe de aminoacidos nao sintetizados 
pelo organismo, sendo a dieta sua única fonte. Fazem parte das principais 
funcoes bioquimicas do organismo. Ex.: fenilalanina, metionina, isoleucina, 
leucina, triptofano, valina e lisina. 
 
• Aminoácidos essenciais específicos: sao aminoacidos que, em condicoes 
normais, são sintetizados pelo corpo, porem, em algumas patologias especificas, 
este se torna incapaz de os sintetizar, tornando necessaria a ingestao pela dieta 
ou ate medicamentosa. Ex.: arginina, 
glicina e cisteina. 
 
Classificação estrutural (relacionada às cadeias laterais) 
• Aminoácidos com cadeia R apolar: podem apresentar em suas cadeias 
laterais um grupo hidrocarboneto alifatico (alanina, valina, leucina). 
 
• Aminoácidos com cadeia R polar neutra: possuem cadeia lateral de carater 
eletricamente neutro em pH neutro, em alguns exemplos deste grupo (serina, 
treonina), sua cadeia polar e uma hidroxila (-OH) ligada a hidrocarbonetos 
alifaticos. 
 
• Aminoácidos com cadeia R polar ácida: esta classe possui uma carboxila (-
COOH) em sua cadeia lateral. Ex.: acido glutamico e acido aspartico. 
 
• Aminoácidos com cadeia R polar básica: possuem carga eletricamente 
positiva em pH neutro. Ex.: histidina, lisina e arginina. 
 
 
Classificação de acordo com o produto de degradação 
 
Como todos os compostos, os aminoacidos tambem sofrem processo de 
degradacao levando a formação de residuos, e, dependendo do tipo de 
aminoacido, esse residuo devera ser excretado ou reaproveitado. 
 
Os residuos toxicos gerados a partir da degradacao dos aminoacidos sao 
conhecidos como corpos cetônicos, ja os residuos reaproveitados costumam 
ser na forma de piruvato, fumarato e outros, conhecidos como glicogênios, os 
quais participam de processos como a glicogenolise – formacao de glicose em 
estados de jejum prolongado. 
 
Degradação e excreção de aminoácidos 
 
O processo de sintese de proteina acontece de forma dinamica utilizando e 
reutilizando os aminoacidos constantemente, assim como a quebra dessas 
proteinas (proteolise) de acordo com a necessidade, dando origem a presenca 
de aminoacidos livres que nao sao armazenados em forma de estoque, ou seja, 
o organismo apenas mantem o que e necessario, excretando o excedente. 
 
O grupo amina (NH3) de um aminoacido quando sobra degradacao, libera o 
nitrogenio que e convertido na forma de ureia (CH4N2O) e representa a forma 
mais significativa de excrecao deste metabolito. O restante da cadeia acaba 
sendo reaproveitado para usos energeticos. 
 
O processo de degradacao dos aminoácidos envolve tres fases: transaminacao, 
desaminacao oxidativa e ciclo da ureia. 
 
• Transaminação: nesta fase ocorre a transferencia do grupo amina para um 
cetoacido (ka). Como dito anteriormente, dependendo do tipo de aminoacido em 
questao, e nessa fase que ocorre a formacao dos corpos cetonicos, em que ha 
atividade enzimatica representada pelas transferases ou aminotransferases 
(tema abordado com mais detalhes adiante). 
 
• Desaminação oxidativa: o termo desaminação significa, grosso modo, 
eliminar uma amina. Nesse processo, a amina do aminoacido é liberada em 
forma de amonia (NH3 +) tambem por meio 
de atividade enzimatica. Nesse caso, as enzimas fazem parte da classe das 
desidrogenases. 
 
• Ciclo da ureia: a ureia e o composto nitrogenado mais abundante encontrado 
na urina, pois é altamente hidrossoluvel. O ciclo de formacao da ureia é 
complexo e envolve inumeras etapas, 
metabolitos e enzimas. 
 
Importância biológica dos aminoácidosProteínas globulares e fibrosas 
 
As proteinas sao macromoleculas biologicas formadas por sequencias 
especificas de aminoácidos essenciais para a vida. A palavra proteina se origina 
do grego (primeiro). 
 
Alem disso, elas podem unir-se a outras moleculas, como carboidratos 
(glicoproteinas), lipideos (lipoproteinas) ou ate mesmo a outras cadeias de 
aminoacidos, formando dimeros, trimeros ou tetrametros. 
 
Existem, ainda, grupos nao proteicos que podem ser unidos a estrutura da 
proteina (grupos prosteticos). 
 
Um grupo especial de proteínas sao as enzimas que, por definicao, sao as 
proteinas com a capacidade de catalisar reacoes quimicas. E por meio de varias 
enzimas que o alimento ingerido “se transforma” em energia. 
 
 
Sendo as proteinas uma sequencia especifica de aminoacidos ligados entre si, 
atribui-se a essa ligacao o nome de ligação peptídica. A ligacao entre um 
aminoacido e outro acontece entre o grupo carboxila (COO-) de um e o grupo 
amina (NH3) do outro (figura 9). Essa ligacao sempre gera como residuo uma 
molecula de agua. 
 
 
 
Nos seres humanos, a organela celular responsavel por capturar e unir esses 
aminoacidos de maneira especifica e eficiente sao os ribossomos presentes no 
reticulo endoplasmatico rugoso (RER), 
sendo um processo extremamente complexo que demanda a interacao de 
material nucleico (DNA e RNA) e enzimas especificas. 
 
Quando ocorre a ligacao entre 2 ate 40 aminoacidos, o produto dessa 
ligacao recebe o nome de peptídeo (monomero), e devido a caracteristica 
intrinseca dessa molécula de gerar polimeros (uniao espontanea e em sequencia 
de varias moleculas quimicamente semelhantes), estes vao se unindo formando 
polipeptídeos (polimeros) e somente quando ha formacao de cadeias 
polipeptidicas atribuimos a estas o nome de proteinas. 
 
Os peptideos sao classificados de acordo com o numero de aminoacidos unidos 
entre si: 
 
• Dipeptídeo: ligacao de apenas 2 aminoacidos unidos por uma ligacao 
peptidica. 
 
• Tripeptídeo: ligacao de 3 aminoacidos unidos por ligacoes peptidicas. 
 
• Oligopeptídeos: polimero contendo de 4 a 40 aminoacidos unidos por ligacoes 
peptidicas. 
 
• Polipeptídeos: polimero contendo mais de 40 aminoacidos unidos por ligacoes 
peptidicas. As proteinas sao classificadas de acordo com sua estrutura molecular 
em proteinas de estrutura primaria, secundaria, terciaria e quaternaria. 
 
• Proteína de estrutura primária: representa uma ligacao linear de 
aminoacidos. 
 
• Proteína de estrutura secundária: pode-se dizer que essa estrutura e 
formada por duas moléculas de estrutura primaria unidas entre si por pontes de 
hidrogenio. Essa conformacao da origem a dois tipos de estruturas, as α-helice 
e β-helice. 
 
• Proteína de estrutura terciária: e a classe de proteinas formadas pelo 
“enovelamento” de polimeros de proteinas secundarias. 
 
• Proteína de estrutura quaternária: e a forma mais complexa e tambem a mais 
encontrada no organismo. Consiste em uma uniao de cadeias proteicas de 
estrutura terciaria unidas por forca ionica e pontes de hidrogenio. 
 
As proteinas podem ser distribuidas de acordo com as suas funcoes: 
 
• Enzimas: proteinas especializadas que catalisam a formacao de um produto a 
partir de um substrato. Ex.: sacarase, amilase. 
 
• Proteínas transportadoras: se ligam a certos componentes carreando-os ate 
seus destinos. Podem transportar hormonios, vitaminas, oxigenio ou lipidios. Ex.: 
hemoglobina, apoproteinas. 
 
• Proteínas de defesa: as imunoglobulinas sao proteinas capazes de 
reconhecer e de neutralizar as estruturas estranhas ao organismo. 
• Fibrinogênio e trombina: sao proteinas que atuam na coagulacao sanguinea. 
 
• Proteínas estruturais: sao capazes de dar sustentacao ou suporte as 
estruturas biologicas. Ex.: queratina, colageno, elastina. 
 
• Proteínas reguladoras: os hormonios sao um grupo especial de proteinas que 
regulam varias atividades metabolicas. Ex.: insulina e glucagon. 
 
• Proteínas de armazenamento: a ferritina, responsavel por armazenar ferro 
em sua estrutura. 
 
• Proteínas de motilidade: atuam na movimentacao das celulas ou contracao 
produzindo um movimento, como no caso da actina e miosina, na contracao 
muscular. 
 
• Proteínas globulares: formadas por cadeias polipeptidicas que originam um 
formato esferico. Sao hidrossoluveis e formadoras de algumas enzimas, 
moleculas transportadoras, como a hemoglobina que transporta oxigenio no 
sangue, anticorpos e outras. 
 
• Proteínas fibrosas: formadas geralmente pela associacao de moleculas de 
estrutura secundaria e terciaria e tem funcoes biologicas relacionadas a 
estruturas como o colágeno e a queratina, por exemplo. Sao insoluveis em agua 
e tem um formato alongado e fibroso. Um exemplo de proteinas fibrosas sao as 
alfa-queratinas ricas em aminoácidos hidrofobicos. As alfa-queratinas sao 
produzidas pelas celulas epiteliais de vertebrados e os principais constituintes 
da pele e estruturas relacionadas, como cabelos, unhas, chifres, cascos, bicos e 
penas. 
 
• Proteínas plasmáticas: o sangue total e composto de plasma (70% agua), 
celulas vermelhas (eritrocitos ou hemacias), celulas brancas (leucocitos) e 
proteinas circulantes, sendo que a albumina representa cerca de 60% de todas 
as proteinas plasmaticas. O restante se divide entre as globulinas, fatores de 
coagulacao e fibrinogenio (que tambem e um fator de coagulacao, porem com 
funcao diferenciada quando comparado aos outros de sua categoria). 
 
• Albumina: proteina hidrossoluvel, pouco soluvel em solucoes salinas e sofre 
intensa desnaturação com calor. E sintetizada no figado (hepatocitos) e possui 
inumeras funcoes: 
— transporte de ions, hormonios, acidos graxos, medicamentos; 
— atuante na coagulacao sanguinea; 
— manutencao da pressao intravascular; 
— equilibrio acido-base; 
— efeito antioxidante. 
 
• Globulinas: proteinas insoluveis em agua, porem soluveis em solucoes 
salinas, acidas ou basicas. Quando expostas ao calor sofrem o processo de 
coagulacao. Sao divididas em globulina – α1, 
globulina – α2, β-globulina e γ– globulina. Essa ultima classe, as 
gamaglobulinas, sao conhecidas tambem como imunoglobulinas (anticorpos) e 
possuem cinco classes (IgG, IgM, IgE, IgA e IgD). 
Com excecao das imunoglobulinas que sao produzidas pelos linfocitos B 
(plasmocitos), as outras classes tambem sao produzidas pelos hepatocitos. 
 
• Fibrinogênio: glicoproteina envolvida nas etapas finais do processo de 
coagulacao sanguínea como precursor de monomeros de fibrina que vao 
“amarrar” todos os componentes envolvidos na coagulacao dando origem ao 
coagulo propriamente dito. Assim como as outras proteinas 
plasmaticas, o fibrinogenio tambem e produzido no figado, fazendo que sua 
producao seja diretamente relacionada a doencas hepaticas. 
 
Desnaturação de proteínas 
 
Seria uma “desmontagem” das proteínas. 
 
Quando desnaturada, a proteina sofre alteracoes de carater fisico (como 
aumento da viscosidade), quimico (maior reatividade) e biologico (perda total 
e quase sempre irreversivel de sua funcao). 
 
A desnaturacao pode ocorrer de varias formas: 
• Calor: altas temperaturas sao capazes de romper as ligacoes peptidicas e 
pontes de hidrogênio desmontando a proteina e tornando-a inativa. 
 
• Solventes orgânicos: esse tipo de desnaturacao promove uma alteracao na 
polaridade do meio onde se encontra a proteina levando a quebra das ligacoes 
peptidicas, por exemplo, o alcool. 
 
• Ácidos e bases: a alteracao do pH leva a desnaturacao pois causa um 
desequilibrio de cargas eletricas (ionizacao) proteica. 
 
• Atividade enzimática: e um processo fisiologico e irreversivel, uma vez que 
as enzimas proteoliticas sao altamente especificas e quebram as ligacoes 
pepticas de uma maneira que a “remontagem” da proteina e inviavel. 
 
Enzimas 
As enzimas sao polipeptideos construidos pelo organismo e temcomo funcao 
principal serem catalisadoras de reacoes quimicas. 
 
Como catalisadoras metabolicas, sua funcao e acelerar as reacoes, porem nao 
devem ser consumidas e inutilizadas por este processo, assim, sao capazes de 
transformar o reagente, aqui conhecido como 
substrato, transforma-lo em um produto diferente do inicial e, ao final da 
reacao, regenerar-se para recomecar o processo. 
 
Uma das principais caracteristicas das enzimas e sua especificidade, isto e, cada 
enzima e responsavel por reacoes proprias e nao realizarao reacoes para as 
quais nao foram sintetizadas. 
 
A especificidade das enzimas e determinada por uma regiao especifica deste 
polipeptideo chamado sítio ou centro ativo (CA). 
 
• Desidrogenase: grupo de enzimas responsavel pela remocao de hidrogenio, 
por exemplo: lactato desidrogenase (retira um H + lactato). 
 
• Transferase: grupo de enzimas responsavel pela transferencia de moleculas 
de um local para outro, preservando a integridade de seu substrato, que sera 
reaproveitado em outra reacao, por exemplo metiltransferase (transfere um 
grupo metila). 
 
• Lipase: grupo de enzimas responsavel pela hidrolise de lipidios. 
 
• Descarboxilase: grupo de enzimas responsavel pela retirada de um grupo 
carboxila em forma de CO2. 
 
• Carboxilase: conhecida como coenzima responsavel pela ligacao entre 
atomos de carbono. 
 
Alguns fatores (inibidores enzimaticos) interferem na atividade enzimatica, 
inibindo ou retardando sua atividade a fim de controlar sua atividade. Tais fatores 
podem ser organicos (como mecanismo 
homeostatico) ou medicamentoso (alguns farmacos tem como alvo a atividade 
enzimatica para diminuir ou impedir sua funcao). A atividade desses inibidores 
pode ser: 
 
• Reversível competitiva: as estruturas tanto do substrato quanto do inibidor 
sao muito semelhantes, porem o inibidor costuma ligar-se antes ao sitio ativo da 
enzima bloqueando a ligacao do substrato. Um aumento na concentracao do 
substrato leva entao ao aumento na competicao pela ocupacao do sitio, o que 
promove um aceleramento da reacao, com posterior “desligamento” do inibidor. 
 
• Reversível não competitiva: nesse tipo de reacao, o inibidor se liga a um local 
diferente do sitio ativo, levando a uma mudanca estrutural da enzima, alterando 
tambem o sitio ativo, o que impede que o substrato se ligue a enzima. 
 
• Irreversível: o inibidor tem potencial de se ligar ao sitio ativo da enzima e a 
regioes proximas a ele, mudando completamente a estrutura da molecula que 
perde suas caracteristicas e fica “invisivel” 
para o substrato. Geralmente essa classe de inibidor e exogena e oriunda de 
produtos toxicos, nao sendo produzida pelo proprio organismo. A atividade 
enzimatica e um processo complexo 
e harmonico controlado finamente pelo organismo, no qual nao pode haver 
excesso nem falta dessa atividade. Por isso o organismo dispoe de mecanismos 
que fazem a regulacao enzimatica. Esses mecanismos de regulacao ocorrem 
por meio de controle hormonal, controle da quantidade de substrato e inibicao 
enzimatica pelo proprio produto formado por ela. 
 
Fatores que influenciam na atividade enzimática 
 
Como se trata de uma estrutura proteica, as enzimas podem sofrer desnaturacao 
e consequente inatividade causadas por alteracoes de temperatura ou pH. Alem 
disso, a concentracao do substrato afeta diretamente, tanto aumentando quanto 
diminuindo a atividade enzimatica. 
 
Lipídios (estrutura, função e metabolismo) 
 
É um grupo de moleculas caracteristicas pela insolubilidade em agua. 
 
Os lipidios de armazenamento sao os acidos graxos, cuja degradação por 
oxidacao produz energia via ATP, e, alem de funcionarem como reservatorio 
energetico, são componentes importantes nas membranas celulares e na 
estrutura dos hormonios. 
 
Os lipidios de armazenamento tambem sao importantes na formacao dos 
adipocitos. Estes formam o tecido adiposo, que se concentra logo abaixo da pele, 
servindo como reservatorio energetico, protecao 
mecanica e isolamento termico. 
 
O colesterol tambem é outro lipideo importante, que faz parte das membranas 
celulares. Ele é o precursor dos acidos biliares, de alguns hormonios e 
ainda compoe parte das lipoproteínas HDL (high density lipoprotein), LDL 
(low-density lipoprotein), VLDL (very low-density lipoprotein) e quilomicrons. 
 
Essas proteinas especiais ficam associadas ao colesterol, triglicerideos e outros 
lipídeos transportando‑os ate seu destino final pela corrente circulatoria. 
 
O LDL transporta o colesterol armazenado no figado para a corrente circulatoria 
e os orgaos. 
 
O HDL faz o inverso, removendo o colesterol do sangue de volta ao figado. 
 
Por consequencia disso, o LDL é considerado o colesterol 
ruim, justamente porque ele eleva os niveis de colesterol no sangue, 
relacionando-se ao aumento do risco de aterosclerose (entupimento dos vasos 
sanguineos). Os disturbios dos lipideos no metabolismo 
sao denominados dislipidemias. 
 
Metabolismo dos lipídeos na dieta 
 
Um adulto ingere cerca de 60 g a 150 g de lipideos diariamente (90% 
triglicerideos) e o restante dos lipideos e composto de colesterol, esteres de 
colesterol, fosfolipideos e acidos graxos não esterificados (livres). 
 
Metabolismo dos ácidos graxos e dos triacilgliceróis 
 
A sintese de acidos graxos tem, entre outras funcoes, o armazenamento de 
gorduras para utilização posterior. Portanto a insulina, hormonio que induz 
armazenamento, e estimuladora da sintese de malonil‑CoA e consequentemente 
de acidos graxos. 
 
Os hormonios glucagon e epinefrina sao liberados quando se faz necessaria a 
disponibilidade de energia para as celulas, sendo logico pensar que esses 
hormonios inibem a sintese de acidos graxos. 
 
O excesso de acidos graxos formado fara um feedback negativo na 
transformacao de acetil-CoA em malonil-CoA, modulando dessa forma a 
producao de acidos graxos. 
 
Uma vez formado, o acido graxo tera de ser conglomerado em triacilglicerol, que 
constitui a forma de armazenamento de lipideos nos adipocitos. 
 
A formacao do triacilglicerol ocorrera em tres etapas: 
- formacao do glicerol-3-fosfato; 
- acilacao dos dois grupos oxidrila livres do glicerol-3-fosfato; 
- adição do terceiro grupo acila com formacao do triacilglicerol. 
 
Metabolismo dos lipídeos complexos, colesterol e esteroides 
 
Os lipideos complexos sao formados por triacilglicerois (ou triglicerideos), 
fosfolipideos e colesterol. 
 
Os triglicerideos sao a forma mais abundante na alimentacao, ja os fosfolipideos 
sao o principal elemento estrutural das membranas celulares, enquanto o 
colesterol e precursor de hormonios e 
componente da bile. 
 
O colesterol e sintetizado e armazenado no figado e entre suas principais 
funcoes esta a síntese de varios esteroides ou esterois importantes (precursor 
de vitamina D, sais biliares, aldosterona e 
hormonios sexuais). 
 
Classificação dos lipídeos 
 
Ácidos graxos 
 
Sao compostos cuja unidade estrutural e uma longa cadeia linear com acido 
carboxilico em uma de suas extremidades. 
 
• Acidos graxos saturados: as ligacoes que unem os atomos de carbono sao 
apenas do tipo simples. Esse tipo de acido graxo é encontrado em gorduras 
de origem animal, em temperatura ambiente geralmente estao em estado 
solido. 
 
• Acidos graxos insaturados: ha pelo menos uma ligacao dupla entre os 
atomos de carbono e é encontrado principalmente em oleos de origem vegetal, 
em temperatura ambiente são encontrados em estado liquido. 
 
Fosfolipídeos 
Sao lipideos complexos pois se compoem basicamente de acido graxo, glicerol 
e acido fosfórico. 
 
Esteroides 
Sao um tipo peculiar de lipideos que possuem cadeia longa assim como os 
outros, porem seus constituintes principais sao as moleculas de colesterol que 
participam ativamente da sintese dos hormonios sexuais (testosterona e 
progesterona) alem de hormonioscomo o cortisol e a aldosterona. Alem 
dos hormonios, os esteroides participam como constituintes dos sais biliares. 
 
Os principais representantes dos lipideos esteroides sao os glicorticoides e 
mineralocorticoides, compostos produzidos pelo proprio organismo 
(endogenos) no cortex da glandula adrenal. 
 
O metabolismo dos glicocorticoides e estimulado pelo hormonio ACTH 
(hormonio adrenocorticotrofico), e o dos mineralocorticoides e regulado pela 
acao da aldosterona e angiotensina II. 
• Glicocorticoide – cortisol: O cortisol esta envolvido em uma diversidade de 
processos fisiologicos que vao desde a atividade cardiovascular e metabolica ate 
a imunologica. 
 
É conhecido como hormonio do estresse pois tem uma estreita relacao com a 
adrenalina, que, uma vez lancada em grandes quantidades, ativa as glandulas 
suprarrenais aumentando a producao 
de cortisol, que, por sua vez, e capaz de aumentar a frequencia cardiaca, os 
movimentos respiratórios e outras acoes relacionadas a momentos de estresse. 
 
• Mineralocorticoide – aldosterona: e considerado um hormonio com atividade 
renal responsável direto pela regulacao do equilibrio hidroeletrolitico, pois atua 
na reabsorcao de Na e agua nos 
tubulos renais. 
 
Como atuante na reabsorcao de agua, e capaz de regular o volume 
sanguineo e consequentemente alterar a pressao arterial. 
 
A funcao principal dos mineralocorticoides e a regulacao das concentracoes de 
Na+ e P+ entre os meios intra e extracelular por meio da osmose e da ativacao 
da bomba de sodio e potassio. 
 
Corpos cetônicos 
 
Sempre que necessario, essa molecula e acionada como fonte 
energetica e sofre acao da lipase (enzima), que fornece glicerol e acidos graxos. 
 
Assim que o glicerol e produzido e lancado na corrente circulatoria, e aproveitado 
no figado para a formacao de glicose a partir da gliconeogenese. 
 
Durante a betaoxidacao, alem da acetil-CoA, algumas outras moleculas sao 
geradas, sendo as de maior importancia clinica conhecidas como corpos 
cetônicos, que sao direcionados para o figado e principalmente encefalo, pois 
sao facilmente movimentados pela corrente sanguinea por apresentarem boa 
hidrossolubilidade. 
 
Sao tres tipos distintos de corpos cetonicos encontrados apos a betaoxidacao: 
acetoacetato, acetona e beta-hidroxibutirato. 
 
A producao hepatica dos corpos cetonicos ocorre de forma constante em 
estados fisiologicos, aumentando drasticamente durante estados de jejum 
prolongado a fim de garantir energia para o bom funcionamento dos orgaos 
vitais, como o sistema nervoso central, coracao e cortex adrenal. 
 
Triacilgliceróis 
 
Os triacilglicerois sao considerados lipideos mais simples em razao dos produtos 
gerados a partir de sua degradacao (alcool e acido graxo). Esse tipo de lipideos 
em humanos tem como funcao principal a reserva de energia e sao 
armazenados principalmente no tecido adiposo. 
 
O triacilglicerol e degradado por meio da acao da LHS (lipase hormonio-
sensivel), liberando o acido graxo na corrente sanguinea, onde se une a 
albumina e é levado a todos os orgaos que necessitam 
de energia. 
 
Vale lembrar que diferente dos outros tipos de lipideos, os triacilglicerois sao 
provenientes do metabolismo dos 
carboidratos, e nao das gorduras de origem animal. 
Colesterol 
 
O colesterol representa o lipideo mais abundante no homem e é 
caracteristico dos animais em geral, isso significa que nao e encontrado em 
nenhum produto de origem vegetal. 
 
A sintese do colesterol acontece em praticamente todos os tecidos do corpo 
humano, porem são orgaos prioritarios desse tipo de sintese o figado, o 
intestino e o cortex adrenal. Mesmo o corpo humano 
sendo capaz de sintetizar as moleculas de colesterol, as fontes exogenas 
(alimentacao) representam cerca de 150 md/dia a 300 mg/dia, sendo que a 
absorcao maxima do colesterol proveniente da alimentação e de 
aproximadamente 1 g/dia. 
 
O figado aparece como orgao principal na manutencao do equilibrio de 
todo o colesterol corporeo, sendo que o colesterol hepatico é excretado 
utilizando a bile como principal veiculo de eliminação (atraves de sais biliares) e 
é tambem excretado para todos os tecidos nao hepaticos sob a forma de 
lipoproteinas carreadoras conhecidas como fracoes do colesterol – VLDL, LDL 
e HDL (very low density lipoprotein, low density lipoprotein e high density 
lipoprotein, respectivamente). 
 
Essa nomenclatura em ingles se refere a densidade das moleculas de colesterol, 
onde o VLDL e o LDL sao as moleculas de baixa densidade, conhecidas 
popularmente como “colesterol ruim”, e HDL e a molecula de colesterol de alta 
densidade, conhecida como “colesterol bom”, pois e capaz de transportar as 
moleculas de baixa densidade ate o figado (preferencialmente), onde serao 
metabolizados. 
 
DICA: 
LDL = Logo Deus Leva 
HDL = Hoje Deus Livra 
 
Regulação da síntese do colesterol 
 
Tendo em vista a presenca determinante da enzima HMG-CoA redutase como 
enzima atuante na primeira etapa da formacao de colesterol, podemos afirmar 
que ela determina a velocidade com que 
o colesterol e sintetizado, sendo assim as vias que regulam essa sintese 
basicamente afetam a sua atividade, e sao principalmente: 
 
- inibição retroativa da HMG-CoA redutase (em que o mevalonato e o proprio 
colesterol inibem a ativacao da enzima); 
 
- regulação hormonal (hormonios da tireoide e a insulina, por exemplo, atuam 
diretamente na HMG-CoA redutase aumentando sua atividade); 
 
- inibição por drogas (alguns farmacos derivados das estatinas diminuem a 
velocidade de acao da HMG-CoA, e sao usados em casos cronicos de 
hipercolesterolemia – aumento de colesterol sanguineo – em indivíduos com 
predisposicao a doencas cardiovasculares). 
 
 
Metabolismo dos ácidos graxos e dos triacilgliceróis 
 
A sintese de acidos graxos tem entre outras funcoes o armazenamento de 
gorduras para utilização posterior. 
 
É evidente, pois, o papel da insulina, um hormonio que induz armazenamento, 
como estimuladora da sintese de malonil-CoA e consequentemente de acidos 
graxos. 
Os hormonios glucagon e epinefrina sao liberados quando e necessario 
disponibilizar energia para as celulas, portanto esses 
hormonios inibem a sintese de acidos graxos. 
 
O excesso de acidos graxos formado fara um feedback 
negativo na transformacao de acetil-CoA em malonil-CoA modulando dessa 
forma a producao de ácidos graxos. 
 
Uma vez formado, o acido graxo tera de ser conglomerado em triacilglicerol que 
constitui a forma de armazenamento de lipideos nos adipocitos. 
 
A formacao do triacilglicerol ocorrera em 3 etapas: 
- formacao do glicerol-3-fosfato 
- acilacao dos dois grupos oxidrila livres do glicerol-3-fosfato 
- adicao do terceiro grupo acila com formacao do triacilglicerol. 
 
1.4.5.2 Micronutrientes 
 
 
 
O metabolismo mineral é extremamente diferente do metabolismo dos 
carboidratos, lipideos e proteinas simplesmente pelo fato de que nao sao 
produzidos no organismo e a sua absorcao ocorre de forma grosseira e em 
pequenas quantidades. 
 
A concentracao equilibrada desses compostos inorgânicos se da pelo mesmo 
mecanismo responsavel pela manutencao do equilibrio eletrolitico. 
 
Funções biológicas do cálcio (Ca) 
 
O calcio é um elemento quimico de extrema importancia, pois participa de 
inumeras funções fisiologicas, como a coagulacao sanguinea e a excitabilidade 
neuromuscular, atua como cofator enzimatico, entre outras. 
 
De todo o calcio do organismo, 99% estao localizados nos ossos e dentes. Em 
um homem adulto a concentracao de Ca e de aproximadamente 10 mg/dL (5 
mEq/L), sendo que um pouco mais da metade desta quantidade se encontra na 
forma ionizada (Ca+2) e o restante esta ligado a proteinas plasmaticas como a 
albumina. 
 
A recomendacao de ingestao diaria de calcio deve ser de 
800 mg na infancia, 1300 mg na adolescencia e 800mg na vida adulta. É de 
senso comum que a principal fonte de calcio na alimentacao e o leite e seu 
derivados, porem existem algumas outras fontes, como hortalicas e vegetais 
escuros por exemplo. 
 
Apenas 20% a 40% do calcio ingerido e totalmente absorvido pelo trato 
gastrintestinal. 
 
A ingesta de grandes teores de gordura tambem dificulta sua absorcao devido a 
formacao de saboes. 
 
Ja a presenca de vitamina D e o pH do intestino (quanto maior a acidez, maior a 
ionizacao do cálcio e melhor sua absorcao) costumam facilitar a absorcao deste 
elemento tao importante. 
A regulacao dos niveis de calcio no organismo e um processo metabolico 
complexo que envolve a presenca de dois hormonios produzidos nas glandulas 
paratireoide e tireoide, chamados paratormônio (PTH) e calcitonina, 
respectivamente. 
 
A glandula paratireoide e estimulada a produzir o PTH quando os niveis 
plasmaticos de Ca diminuem e as celulas produtoras de calcitonina tem atividade 
inibida; o inverso ocorre quando os niveis de Ca aumentam: ha inibicao da 
producao de PTH e producao de calcitonina. 
 
Funções biológicas do fósforo (P) 
 
O fosforo e um elemento de extrema importancia biologica e esta presente no 
organismo nao como fosforo, mas sim como fosfato (PO4). 
 
Pode-se afirmar que em praticamente todos os compostos organicos 
e possivel encontrar esse componente em sua forma fosfatada ou em sua forma 
ionica. 
 
Sua absorcao ocorre em nivel intestinal e, quando lancado na corrente 
sanguinea, o fosfato permanece livre no plasma. O fosfato plasmatico e 
considerado fosfato inorganico, pois nao se liga a nenhuma proteina plasmatica. 
 
A forma de eliminacao é diretamente proporcional a sua absorcao e ocorre 
pelas vias fecal (40%) e urinaria (60%). 
 
Funções biológicas do ferro (Fe) 
 
O ferro participa de varios metabolismos diferentes, como a respiracao celular, 
por meio da fixacao de hemoglobina, mioglobina e citocromos. 
Apenas 10% do Fe ingerido é absorvido no duodeno e jejuno na forma 
ferrosa (Fe++), e por isso doencas ou cirurgias que afetam essas areas, 
diminuem consideravelmente a absorcao de Fe. 
 
Contudo dietas hiperproteicas e ricas em vitamina C melhoram sua absorcao. 
Apos ser absorvido pela mucosa intestinal, ao ser lancado 
na corrente sanguinea, o Fe sofre um processo de reducao induzido pela 
vitamina C, que o transforma em sua forma ferrosa (soluvel). Assim que e 
reduzido, o Fe++ se liga a ferritina (glicoproteina plasmática responsavel pelo 
transporte do ferro) e assim pode ser distribuido por todo o organismo. 
 
Funções biológicas do zinco (Zn) 
O zinco participa dos metabolismos proteicos e de acidos nucleicos, sendo um 
elemento inorgânico essencial para as funcoes biologicas. E capaz de induzir a 
atividade de inumeras enzimas e é parte estrutural das celulas de defesa. 
 
Funções biológicas do potássio (K) 
Assim como os outros elementos inorganicos, o potassio tambem apresenta 
importancia biologica, pois participa de varios processos bioquimicos, atuando 
diretamente no equilibrio hidroeletrolitico e 
acido-base, e esta relacionado com a excitabilidade muscular. 
 
Podemos citar como uma das principais atividades do potassio a sua presenca 
ativa nas membranas celulares, como um dos componentes 
basicos do mecanismo de transporte ativo transmembrana, conhecido como 
bomba de sodio e potassio. 
 
Bomba de Na e K 
 
Trata-se de uma proteina de membrana presente em todas as celulas do 
organismo que transporta o Na+ de dentro para fora da celula e o K+ no sentido 
inverso. 
 
Nesse tipo de transporte pela membrana celular ocorre o consumo de energia 
(ATP), por isso sua membrana carreadora tem atividade semelhante a de uma 
enzima capaz de promover a hidrolise de ATP e recebe o nome de sodio-
potassio ATPase. 
 
Diante da extrema importancia fisiologica desse mineral, deve-se manter uma 
alimentacao equilibrada e buscar componentes como beterraba, couve-flor, 
abacate, banana, damasco, cereja, ameixa e 
pessego, os quais sao alimentos com altos teores de K. 
 
Estrutura e função das vitaminas 
 
As vitaminas sao compostos organicos nao sintetizados pelo organismo, sendo 
sua obtenção proveniente exclusivamente da dieta. 
 
Vitaminas lipossolúveis 
Essa classe de vitaminas apresenta em sua estrutura quimica uma associacao 
com moleculas de lipideos e depende da presenca destes para serem absorvidas 
com eficiencia. 
 
Sua absorcao acontece no intestino por intermedio da propriedade 
emulsificante da bile, e, ao serem absorvidas e lancadas na 
corrente sanguinea, sao distribuidas por todo o organismo como um complexo 
de proteinas. 
 
Por serem lipossoluveis, sua excrecao por via urinaria é bastante dificil e acabam 
sendo armazenadas no tecido hepatico e adiposo. 
 
Sao vitaminas lipossoluveis: 
• retinol – vitamina A; 
• D2 ergocalciferol e D3 colecalciferol – vitamina D; 
• tocoferois – vitamina E; 
• fitoquinona, menaquinonas – vitamina K. 
 
Vitaminas hidrossolúveis 
Essa classe de vitaminas nao apresenta moleculas de lipideos associadas a sua 
estrutura quimica, permitindo assim que sejam absorvidas, transportadas, 
diluidas e excretadas por via urinaria com maior facilidade. 
 
Sao vitaminas hidrossoluveis: 
• acido ascorbico – vitamina C; 
• complexo B: 
— vitamina B1 – tiamina; 
— vitamina B2 – riboflavina; 
— vitamina B3 – niacina; 
— biotina; 
— vitamina B6 – piridoxina; 
— acido pantotenico; 
— acido folico; 
— vitamina B12 – cianocobalamina. 
 
Funções biológicas de vitaminas A, complexo B, C e D 
 
Vitamina A 
 
ertence a classe das vitaminas lipossoluveis e e encontrada sob duas formas 
distintas: resinoides (tecido animal) e provitamina do tipo carotenos (tecidos 
vegetais). No homem, esse tipo 
de vitamina e encontrado em tres formas diferentes: acido retinoico, retinal e 
retinol. Dependendo da forma como e encontrada e ingerida por meio da dieta, 
a absorcao e o transporte acontecem de maneira diferenciada. 
 
Vitamina A e a visão 
A vitamina A em sua forma oxidada (retinal) tem relacao com a visao pois esta 
diretamente relacionada a formacao da rodopsina (purpura retiniana), que atua 
como receptor de luz de baixa intensidade. 
 
Em linhas gerais, pode-se dizer que a vitamina A participa do delicado processo 
de o olho humano detectar o claro e o escuro, interferindo em varias outras 
funcoes biologicas, como a secrecao do hormonio de crescimento que ocorre 
durante a noite. 
 
A vitamina A e outras funções 
O acido retinoico, uma vez dentro das celulas, e capaz de modular a expressao 
dos genes que estao relacionados a diferenciacao celular. 
 
Outra funcao atribuida a essa vitamina e a manutenção da integridade epitelial, 
sendo responsavel indireta pela producao e secrecao de muco. 
 
A carencia de vitamina A pode se manifestar com queratinizacao excessiva da 
pele, levando a uma alteracao de textura e funcionalidade, ja que a pele serve 
como barreira contra agentes externos e tambem como mecanismo de controle 
de temperatura, assim qualquer alteracao que interfira na integridade da pele, 
pode levar a uma serie de prejuizos diretos ou indiretos. 
 
Outra funcao atribuida a vitamina A e a participacao na sintese de esteroides que 
estao relacionados com o colesterol, os hormonios sexuais e a producao de 
cortisol (hormonio do estresse). 
 
Vitaminas do complexo B 
• Vitamina B1 (tiamina): é considerada uma coenzima das descarboxilases e 
transferases (pirofosfato de tiamina – TPP). Tambem atua como 
neuroprotetora. 
 
• Vitamina B2 (riboflavina): tambem considerada coenzima de varias enzimas 
na forma de flavina‑adenina-dinucleotideo (FAD) diretamente ligada ao 
metabolismo energetico. É transportadora de ions e hidrogenio e atua 
tambem no metabolismo dos carboidratos. 
 
• Vitamina B3 (niacina): tambem chamada acido nicotinico, e outro tipo de 
coenzima ativa biologicamentecomo nicotinamida adenina dinucleotideo (NAD). 
Sua forma fosforilada (nicotinamida adenina dinucleotideo fosfato – NADP) 
participa do metabolismo de carboidratos, lipideos e proteinas. 
 
• Biotina: coenzima de reacoes de carboxilacao, atua como transportadora de 
gas carbonico nos metabolismos de carboidratos, lipideos e proteinas. 
 
• Vitamina B6 (piridoxina): coenzima dos grupos das transaminases e 
descarboxilases sob as formas de PAL (piridoxal fosfato) e PAM (piridoxamina), 
esta relacionada diretamente no metabolismo proteico. 
• Vitamina B5 (ácido pantotênico): é considerada o principal componente da 
acetil-CoA, enzima indispensavel para o metabolismo energetico. 
 
• Ácido fólico: é transportador de radicais metil e formil na sintese de bases 
nitrogenadas e coenzima importante na sintese de aminoacidos como a 
glicina e a serina. 
 
• Vitamina B12 (cianocobalamina): é considerada uma coenzima de conversao 
atuando como facilitadora da acao do acido folico. 
 
Vitamina C 
 
Conhecida tambem como acido ascorbico, atua como coenzima das 
hidroxilases. Esta relacionada a sintese de colageno (estrutural), sendo assim 
ligada a qualidade de ossos, dentina, cartilagem e tecido 
conjuntivo. 
 
O metabolismo do ferro tambem e dependente da vitamina C, pois auxilia em 
sua absorção no intestino e na fixacao das proteinas plasmaticas para transporte 
de oxigenio. 
 
Em conjunto com a vitamina E e o β-caroteno (vitamina A) funcionam como 
agentes antioxidantes diminuindo a incidencia de radicais livres. Por fim, a 
vitamina C esta ligada a formacao de celulas de defesa do organismo 
(leucocitos). 
 
Vitamina D 
É ligada diretamente a manutencao dos niveis sericos de calcio e fosforo. Sabe-
se que uma das principais funcoes da vitamina D é o auxilio na fixacao de calcio 
nos ossos e em todas as estruturas que dele necessitam, de forma que particulas 
de colesterol sao utilizadas para fabricar uma molecula denominada 7-de-
hidrocolesterol, que, ao entrar em contato com os raios ultravioletas do tipo B 
(UVB) na epiderme, é transformada em pre-vitamina D. 
 
Esta é metabolizada no figado e, depois, nos rins, ate ser ativada em vitamina D 
e é somente na forma ativa (apos o contato com UVB) que a vitamina D é capaz 
de transportar e fixar o calcio nos ossos de forma geral. 
 
A ingestao excessiva de vitamina D pode levar a hipervitaminose D, que resulta 
na calcificacao de tecidos moles, nauseas, pressao alta, perda de apetite, 
insuficiência renal, fraqueza muscular e dores nas articulacoes. 
 
 
2. FISIOPATOLOGIA DA OBESIDADE 
 
2.1 Obesidade – aspectos gerais 
Atualmente a obesidade vem sendo considerada uma doenca caracterizada 
como um estado cronico inflamatorio sistemico de baixa intensidade. 
 
A inflamacao proveniente da obesidade é diretamente proporcional ao aumento 
do tamanho do adipocito, particularmente quando se trata da 
populacao de macrofagos evidenciada por um aumento na producao de citocinas 
pro-inflamatorias, de modo que esse quadro contribui para todas as 
comorbidades ligadas a obesidade, como diabetes tipo 2, hipertensao arterial 
sistemica, dislipidemias, aterosclerose e doencas cardiovasculares. 
 
O ponto de vista mais aceitavel atualmente pela comunidade cientifica indica que 
a obesidade e de fato um produto da interacao entre o ambiente (disponibilidade 
ou falta deste de determinados grupos alimentares), estilo de vida (associado 
diretamente a pratica de atividade fisica aerobica ou de hipertrofia muscular) e 
suscetibilidade genetica. 
 
Algumas abordagens iniciais sobre a hipotese da obesidade (como doenca de 
adultos) provem de estudos de que a doenca pode ter inicio no desenvolvimento 
intrauterino em maes com distúrbios metabolicos, estados de subnutricao, a 
propria obesidade gestacional e a diabetes pre-gestacao ou o diabetes 
gestacional. 
 
Essa hipotese e sustentada pelos ja conhecidos mecanismos moleculares 
responsaveis pela inducao de genes, cuja funcao e a programacao metabolica 
no inicio da vida, que sofrem acao da epigenetica por metilacao, alteracao na 
estrutura de histonas, remodelacao da cromatina e mudancas nao codificadas 
do RNA. 
 
2.2 Regulação da ingestão de alimentos 
Brobeck (1946, p. 541-559) afirmou que o hipotalamo é a estrutura central 
reguladora da fome e da organizacao do comportamento da 
Alimentação. 
 
 
 
Peptídeos orexígenos e anorexígenos 
 
A compreensao atual sobre os diversos sistemas envolvidos na regulacao do 
apetite indica que no hipotalamo, existem dois grandes grupos de 
neuropeptideos orexigenos (estimulantes do apetite) e 
anorexigenos (inibidores do apetite). 
 
 
 
Os neurônios que expressam os neuropeptídeos interagem com cada um dos 
outros e com sinais periféricos (como a leptina, insulina, grelina e 
glicocorticoides), atuando na regulação do controle alimentar e do gasto 
energético. 
 
Ainda que seja possível identificar os locais hipotalâmicos envolvidos na 
regulação do apetite, a localização precisa dos receptores neurais para cada 
sinal orexigênico e anorexigênico ainda nao está determinada. 
 
A leptina, produzida no tecido adiposo branco, atua nos receptores expressos 
no hipotalamo para promover a sensacao de saciedade e regular o balanco 
energetico. 
 
A leptina atua no sistema nervoso central por meio de mediadores como o 
neuropeptídeo Y, o peptideo agouti (AgRP), o hormônio liberador de 
corticotropina (CRH), o hormonio estimulante dos melanócitos (MSH), a 
colecistocinina (CKK), entre outros. 
 
Em altas concentracoes sericas, a leptina nao consegue atuar devido à 
resistencia que acaba limitando seu efeito anorexico. 
 
2.3 Índice de massa corporal (IMC), forma e composição corporal, e risco de 
doença 
 
Igual ou maior que 25kg/m² = sobrepeso 
Igual ou maior que 30kg/m² = obesidade 
 
Entre 30 a 34,9 = obesidade I 
Entre 35 a 39,9 = obesidade II 
Igual ou maior que 40 = obesidade III 
 
2.4 Avaliação médica de pacientes com obesidade 
 
Seriam: sono, historia de ganho de peso, historico familiar de obesidade ou 
sobrepeso, habitos alimentares, pratica de atividade fisica, fatores culturais, 
historicos de tentativas de perda de peso, avalicao fisica basica, afericao da 
pressao arterial, glicemia e lipidograma de jejum. 
2.5 Obesidade – conduta terapêutica 
 
2.5.1 Hábitos alimentares saudáveis 
 
1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base 
da alimentacao. 
2. Utilizar oleos, gorduras, sal e acucar em pequenas quantidades ao 
temperar e cozinhar alimentos e criar preparacoes culinarias. 
3. Limitar o consumo de alimentos processados. 
4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. 
5. Comer com regularidade e atencao, em ambientes apropriados e, sempre 
que possivel, com companhia. 
6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura 
ou minimamente processados. 
7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinarias. 
8. Planejar o uso do tempo para dar a alimentacao o espaco que ela merece. 
9. Dar preferencia, quando fora de casa, a locais que servem refeicoes 
feitas na hora. 
10. Ser critico quanto a informacoes, orientacoes e mensagens sobre 
alimentacao veiculadas em propagandas comerciais. 
 
 
 
2.5.2 Atividade física e qualidade de vida 
 
O gasto energetico diario e composto de tres componentes principais: 
 
- a taxa metabolica basal (TMB), que constitui de 60% a 75% do gasto 
energetico diario e esta associada a manutencao da maioria das 
funcoes corporais 
 
- o efeito termico alimentar (ETA), que corresponde ao aumento cumulativo do 
gasto energetico apos as refeicoes (digestao) e constitui aproximadamente 
10% do gasto energetico diário. 
 
- efeito termico da atividade fisica (ETAF), que inclui o gasto energetico 
relativo ao trabalho fisico, a atividade muscular e ao exercicio fisico, sendo o 
componente com maior variacao nogasto energético diario e pode constituir 
de 15% a 30% dele. 
 
2.5.3 Tratamento medicamentoso 
O objetivo do tratamento com medicamentos e a perda de 10% do peso corporal, 
de modo a diminuir as complicacoes da obesidade, como diabetes e hipertensao 
arterial. 
 
2.5.4 Tratamento cirúrgico – a cirurgia bariátrica, tipo e aplicações 
Para que o individuo seja candidato a um procedimento cirurgico de controle do 
peso corporal, este deve preencher alguns criterios como: - IMC > 40 kg/m2 ou 
IMC > 35 kg/m2 
- ter doencas associadas (como cardiovasculares 
e diabetes, por exemplo) 
- nao ter tido sucesso em todos os tipos de intervencoes conservadoras de perda 
de peso 
- ausencia de risco cirúrgico 
- ausencia de doencas endocrinas nao tratáveis 
- nao ter doenças psiquiatricas graves, incluindo vicios em drogas e alcool. 
 
A cirurgia bariatrica determina perda de peso de 20-35% do peso inicial apos 
uma media de 24 a 36 meses do procedimento, resultando em melhora geral e 
diminuicao das complicacoes da obesidade, como diabetes tipo 2 e cancer. 
 
Existem tres procedimentos basicos em cirurgia bariatrica e metabolica, que 
podem ser feitos por abordagem aberta, por 
videolaparoscopia, por robotica e, mais atualmente (ainda em protocolo de 
estudo), por procedimento endoscopico, teoricamente menos invasiva, mais 
confortavel ao paciente, mas cujo alcance de seus resultados ainda e incerto em 
perda de peso e em perfil de paciente. 
 
Os procedimentos sao didaticamente divididos e classificados em: 
 
• Restritivos: diminuem a quantidade de alimentos que o estomago e capaz 
de receber e induzem a sensacao de saciedade precoce. O resultado, no 
entanto, depende da colaboracao do paciente, pois alimentos liquidos podem ser 
ingeridos quase no mesmo volume de antes da operacao, e, se forem muito 
caloricos, irao atrapalhar ou ate impedir a perda de peso. Existem metodos, 
sendo os principais, a saber: cerclagem dentaria, balao intragástrico, 
gastroplastia vertical restritiva de Mason, banda gástrica ajustável por 
laparoscopia. 
 
• Disabsortivas: sao cirurgias que teoricamente alteram pouco o tamanho e a 
capacidade do estomago em receber alimentos, porem impactam em uma 
mudanca drastica na absorcao dos alimentos no intestino delgado, o que permite 
ao paciente comer, porem atrapalham a absorção dos nutrientes e, com isso, 
levam o obeso ao emagrecimento. 
 
Sao, em geral, bem-sucedidas quanto ao emagrecimento, que pode chegar a 
50% do peso original, porem necessitam de controle mais 
rigido quanto a disturbios metabolicos de elementos minerais e vitaminas. 
 
Nao sao as operações de primeira escolha. Sempre ha uma indicacao especial 
para o seu emprego. Se os pacientes forem bem cuidados, terao boa evolucao. 
As operacoes que utilizam a tecnica disabsortiva sao aquelas conhecidas 
como “desvios do intestino”, pois desviam uma boa parte do curso dos 
alimentos. 
 
Entre as diversas opcoes, em geral, uma delas e a que deixa varios metros de 
intestino delgado sem utilizacao, como a derivacao jejuno-ileal e a 
biliopancreática. 
 
• Técnicas mistas: sao procedimentos que apresentam elevados indices de 
satisfacao, excelente controle das doencas associadas e excelente manutencao 
do peso perdido a longo prazo. 
 
São caracterizadas por causar restricao na capacidade de receber o alimento 
pelo estomago que esta diminuido e possui um desvio curto do intestino 
com discreta ma absorcao de alimentos. 
 
Conhecida como cirurgia de bypass gastrico ou cirurgia de Fobi-Capella, divide 
o estomago original em dois: uma porcao maior (grande) que fica fora do 
caminho dos alimentos e uma porcao menor (pequeno) que ingere por vez nao 
mais que 30 mL. 
 
Esse pequeno estomago é entao ligado ao intestino. Alem de limitar o volume 
do que entra, essa tecnica tambem limita a velocidade de esvaziamento do 
estomago, pois é aplicada uma banda de contencao, ou seja, uma pequena 
gravata restritiva por fora do coto gastrico. 
 
Atualmente, a tecnica mista tem sido considerada a melhor e por isso vem sendo 
a mais utilizada em todo o mundo. As tecnicas de Fobi 
e de Capella sao as mais utilizadas, sendo semelhantes entre si e guardando os 
mesmos principios. 
 
Bypass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em Y-de-Roux) 
 
A perda de peso apos o procedimento cirurgico alcanca em media 70% a 80% 
do excesso de peso inicial. Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento 
de parte do estomago, que reduz o espaco para o alimento, e um desvio do 
intestino inicial, promovendo dessa forma o aumento de hormonios associados 
a sensação de saciedade e levando a uma diminuicao da fome. A associacao 
entre a menor ingestao de alimentos e o aumento da saciedade e o que leva ao 
emagrecimento, alem de controlar o diabetes e outras doencas, como a 
hipertensao arterial. 
 
Gastrectomia vertical 
 
É tambem conhecida como cirurgia de Sleeve ou gastrectomia em manga de 
camisa. Esse procedimento e considerado restritivo e 
metabolico e nele o estomago e transformado em um tubo, com capacidade 
de 80 mL a 100 mL. Essa intervencao tambem provoca uma boa perda de peso, 
comparavel a do bypass gastrico e maior que a proporcionada pela banda 
gastrica ajustável. 
Duodenal Switch 
Nessa cirurgia, 60% do estomago e retirado, porem a anatomia basica do orgao 
e sua fisiologia de esvaziamento sao mantidas. 
O desvio intestinal reduz a absorcao dos nutrientes, levando ao emagrecimento. 
Leva a perda de 75% a 85% do excesso de peso inicial. 
 
Banda gástrica ajustável 
 
Um anel de silicone inflavel e ajustavel e instalado ao redor do estomago, 
que aperta mais ou menos o orgao, tornando possivel controlar seu 
esvaziamento. É uma tecnica puramente restritiva e tem contra ela a presenca 
do anel, que é uma protese, podendo a qualquer momento apresentar problemas 
e complicacoes decorrentes de sua presenca na cavidade abdominal. 
 
A cirurgia bariatrica é contraindicada para pacientes sem tratamento 
clinico previo, existencia de doenças psiquiatricas ativas, como depressao 
maior e transtornos psicoticos, alcoolismo e/ou dependencia de drogas, doencas 
ameacadoras a vida no curto prazo, e pacientes incapazes de se cuidar sem 
apoio familiar ou social. 
 
 
 
2.6 Síndrome de dumping 
 
A sindrome de dumping ocorre quando alimentos com grandes 
concentracoes de gordura e/ou acucares passam aceleradamente do 
estomago para o intestino em pacientes submetidos a cirurgias 
bariatricas, sobretudo em razao da alteracao anatomica do estomago gerada 
pelo processo cirurgico. 
 
A ingestao de alimentos ricos em gordura, do tipo oleos vegetais e carnes 
gordurosas, e de carboidratos, como doces, leite condensado, mel, chocolates, 
geleias e refrigerantes, ocasiona frequentemente o 
surgimento de sintomas, como cefaleia, taquicardia, sudorese, nauseas, 
fraqueza e diarreia. Esses sinais podem ser precoces (de 30 a 60 minutos apos 
a refeicao) ou tardios (de 1 a 3 horas apos a refeicao). 
 
3. FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À OBESIDADE 
 
3.1 Dislipidemia 
Os lipideos sao substancias de extrema importancia fisiologica pois sao 
considerados cofatores enzimaticos, agentes emulsificantes (bile), reserva 
energetica e elemento estrutural, como os lipídeos que compoem a membrana 
plasmática. 
 
Tais moleculas sao encontradas em niveis plasmaticos (lipemia) considerados 
normais, nos quais qualquer parametro fora dos intervalos de referencia 
recebem o nome de dislipidemia, considerada o principal fator de risco para 
doencas como aterosclerose e doencas cardiovasculares. 
 
As dislipidemias geralmente sao diferenciadas em dois grandes grupos: 
 
• Primarias – natureza genetica (dislipidemia familiar) – embora fatores 
ambientais como alimentacao e ausencia da pratica de atividade fisica possam 
aumentar o risco (hipercolesterolemia familiar). 
 
• Secundarias – derivadas de outras patologias

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