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RESUMO LIVRO I FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS ENDÓCRINAS 1. CONCEITOS BÁSICOS DE PATOLOGIA GERAL 1.1 Homeostase e saúde A celula normal é condicionada a manter-se em uma faixa razoavelmente estreita de funcao e estrutura por seu estado de metabolismo, diferenciacao e especializacao, por limitacoes das células vizinhas e pela disponibilidade de substratos metabolicos. Porem vale ressaltar que a mesma celula é capaz de sustentar as demandas fisiologicas, mantendo um estado normal chamado homeostasia. Nesse sentido cada celula que constitui nosso organismo esta diretamente envolvida na manutencao de um estado dinamico de equilibrio, o qual denominamos homeostase. Qualquer alteracao ou lesao, por menor que seja, eventualmente pode comprometer o organismo como um todo. A manutencao da homeostase é, de certa forma, uma responsabilidade integrada entre tres estruturas cerebrais importantes, sendo elas: - a medula oblonga, que corresponde a parte do tronco cerebral ligada a manutencao das funcoes vitais, como respiracao, circulacao, entre outras; - a hipófise, que regula a funcao de outras glandulas, estando diretamente associada ao crescimento, maturação e reproducao de um individuo; - o sistema reticular, que se configura como uma intrincada rede de nucleos e fibras provenientes de celulas nervosas no tronco cerebral e na medula espinal, diretamente associado ao controle dos reflexos vitais, como na funcao cardiovascular. A homeostase é sustentada por mecanismos de autorregulacao que tambem sao retroestimulados, sendo conhecidos, como: • Retroestimulação positiva: responsavel por ampliar a alteracao sistemica, interferindo na homeostase. Exemplo disso é quando o coracao bombeia sangue com maior velocidade e mais forca numa situacao de choque. Nessas situacoes, se houver evolucao, a acao do coracao pode demandar mais oxigenio do que a quantidade normalmente disponivel, o que pode acarretar uma insuficiencia cardiaca. • Retroestimulação negativa: o processo, estimulado pelas alteracoes no organismo, restaura a homeostase corrigindo deficiencias. Pode-se exemplificar que, quando ha alteracoes provocadas pela elevacao da glicose, e desencadeado o aumento na producao de insulina pelo pancreas, o que leva esse mecanismo a efetuar a reducao dos niveis de glicose aos patamares normais, vindo a restaurar o equilibrio sistemico. Cada mecanismo de retroestimulacao, independentemente se positivo ou negativo, apresenta três componentes basicos, sendo estes: - um sensor responsavel por detectar as mudancas na homeostase, normalmente expressa por alteracoes dos impulsos nervosos ou de niveis hormonais; - um centro de controle no sistema nervoso central (SNC), o qual recebe sinais advindos do sensor e regula a resposta do organismo perante as alteracoes; dando inicio ao mecanismo de execucao o qual é diretamente responsavel por restabelecer a homeostase. O desenvolvimento de doencas é denominado patogenese, e, a menos que sejam identificadas e tratadas com brevidade e eficiencia, sua maioria evolui de forma sintomatica bastante conhecida. Algumas sao autolimitadas, o que determina uma evolucao rapida com a necessidade de pouca ou nenhuma intervencao, outras podem ser cronicas e acabam por estabelecer longos periodos de eventuais manifestacoes sintomaticas conhecidas como remissoes e/ou exacerbacoes. 1.2 História da patologia O fera: Rudof Ludwig Karl Virchow 1.3 Patologia e fisiopatologia – conceitos Patologia significa estudo das doencas (do grego pathos, doenca, sofrimento, e logos, estudo). Os quatro aspectos de um processo de doenca que formam o cerne da patologia sao sua causa – etiologia –, os mecanismos do seu desenvolvimento – patogenia – as alteracoes bioquimicas e estruturais induzidas nas celulas e nos orgaos do corpo – alterações moleculares e morfológicas – e as consequencias funcionais dessas alteracoes – manifestações clínicas. Atualmente, surgiram duas principais classes de fatores etiologicos, sendo: - origem genetica (por exemplo, mutacoes herdadas e doencas associadas com variantes geneticas, ou polimorfismo) - adquiridos (por exemplo, infecciosos, nutricionais, quimicos, fisicos). Patogenia: é a sequencia de eventos na resposta das celulas ou tecidos ao agente etiologico, partindo da compreensao do estimulo inicial a forma como se apresenta no final da doenca. Alterações moleculares e morfológicas: sao alteracoes estruturais nas celulas ou tecidos caracteristicas de uma doenca e que favorecem o diagnostico de um processo sobre aspectos etiologicos. Nesse sentido, a utilizacao da patologia diagnostica identifica os fatores causais, ou seja, a natureza do processo e de sua progressao, e, para isso, a patologia diagnostica vale-se do estudo das alteracoes morfologicas nos tecidos e alteracoes quimicas nos pacientes. Manifestações clínicas. As alteracoes e ou anormalidades funcionais sao o resultado final das alteracoes geneticas, bioquimicas e estruturais nas celulas e tecidos, as quais acabam por gerar as manifestacoes clinicas (sinais e sintomas) da doenca, bem como sua progressao (curso clinico e consequencia). De forma geral, as doencas iniciam-se com alteracoes moleculares ou estruturais nas celulas, conceito formulado primeiramente, no seculo XIX, por Rudolf Virchow. 1.4 Agentes causadores de doença – estresse e estímulos nocivos Os agentes responsaveis pelo aparecimento de doenca sao conhecidos como fatores ou agentes etiológicos. Entre eles estao os biológicos (por exemplo, bacterias e virus), os físicos (por exemplo, traumatismo, queimaduras, radiacao), os químicos (por exemplo, pesticidas e nicotina), a herança genética (por exemplo, sindromes cromossomicas) e os excessos ou déficits nutricionais (por exemplo, obesidade e avitaminose). Os diversos elementos que predispoem o organismo a alguma doenca sao chamados fatores de risco. Em geral, as doencas evoluem em inumeros estagios: • Exposição ou lesão: o tecido denominado alvo é exposto ao agente causal ou lesado por este. • Latência ou período de incubação: periodo em que o individuo nao manifesta sinais e/ou sintomas da doenca. • Período prodrômico: surgem os primeiros sinais e sintomas, no entanto, em sua maioria, são inespecificos e nao permitem uma clara identificacao do agente causal. • Fase aguda: periodo em que normalmente apresentam-se sinais e sintomas em sua forma mais expressiva, podendo inclusive acarretar complicacoes. Pode ser denominada forma aguda subclinica se o paciente continuar a se comportar como se a doenca ainda nao estivesse instalada. • Remissão: uma nova e eventual fase de latencia que devera ser seguida por outra fase aguda. Remissoes acontecem muitas vezes por falha no processo terapeutico, trazendo por vezes situacoes de maior agravamento quando comparadas a fase aguda inicial. • Convalescença: o paciente apresenta sinais compativeis com o processo de recuperacao. O objetivo é que ao termino desse processo o paciente esteja completamente recuperado e apto a restabelecer suas atividades normais. • Recuperação: O paciente encontra-se completamente recuperado, em plena capacidade funcional, sem a presenca de sinais e/ou sequelas do processo de doenca ocorrido. Hans Selye, grande pesquisador sobre estresse e doencas, define alguns estagios presentes na adaptacao em face de algum evento estressante, conhecidos como alarme, resistencia e recuperacao ou exaustao. Na situacao de alarme, o corpo detecta o agente ou a situacao estressante e aciona o sistema nervoso central a liberacao de substancias quimicas para o que conhecemos como resposta de luta e fuga. A liberacao de epinefrina ocorre mediante a acao da medula simpaticaadrenal e a liberação de glicocorticoides pelo eixo hipotalamo-hipofise e adrenal. Esses sistemas, de forma integrada, executam uma resposta mais adequada do corpo ao estresse; tal evento e por muitos denominado liberacao adrenergica do panico ou da agressao. No estagio de resistência, o corpo responde ao estresse e tenta se adaptar. Os mecanismos de cobertura sao acionados e, se o corpo nao conseguir se adaptar, inicia-se o estado de exaustão. Os hormonios nao sao mais produzidos como ocorria no estado de alarme, e em decorrencia ocorre lesao de orgaos e tecidos, acarretando o aparecimento dos sinais e sintomas das doencas. 1.4.1 Agentes biológicos Os agentes biologicos incluem virus, bacterias, fungos, protozoarios, helmintos e artropodes. Todos eles podem invadir e/ou colonizar o organismo a fim de encontrar condicoes ideais de abrigo e nutricao e em inumeros casos acabam por produzir doencas, conhecidas em conjunto como doencas infecciosas. Um agente biologico pode produzir lesao por meio de inumeros mecanismos, a saber: • Acao direta, por invasao de celulas, nas quais se multiplicam podendo ocasionar a morte e/ou destruicao delas. A presenca de um microrganismo no interior de uma celula pode ser definida com efeito citopatico, e pode ocorrer associada a infeccao celular por muitos microrganismos, especialmente virus e alguns tipos de riquetsias, bacterias e protozoarios. • Substancias toxicas (toxinas) liberadas pelo agente infeccioso: sao as exotoxinas de bacterias, de micoplasmas e de alguns protozoarios. Pode-se citar como exemplos as toxinas produzidas pelas especies de Clostridium spp., como C. tetani e Clostridium botulinum, bacterias que podem provocar respectivamente o tetano e o botulismo. • Componentes estruturais ou substancias armazenadas no interior do agente biologico e liberados apos sua morte e desintegracao: sao as toxinas endogenas, ou endotoxinas. • Antigenos/componentes do agente agressor os quais podem aderir a superficie celular ou de outras estruturas teciduais, tornando-se alvo da acao de anticorpos e da imunidade celular dirigida aos epitopos desses microrganismos. • Antigenos do microrganismo, que podem ter epitopos semelhantes a moleculas dos tecidos humanos. A resposta imunitaria contra esses epitopos faz-se tambem contra componentes similares existentes nos tecidos (autoagressao), a exemplo do que pode vir a ocorrer apos sucessivas infeccoes de repeticao por Streptococcus pyogenes e o aparecimento posterior de febre reumatica, glomerulonefrite de Bruton e endocardite estreptococica, por similaridade antigênica entre a estreptolisina O e proteinas do tecido cardiaco. • Integracao ao genoma celular (por exemplo, virus) e alteracoes na sintese proteica, o que pode levar a neoplasias. Inumeros virus, por exemplo, apresentam o chamado potencial oncogenico, como o ja conhecido virus do papiloma humano (HPV), causador de casos de neoplasia como os de utero e ovario, e o virus de Epstein Barr, causador de linfomas, como o de Burkitt, e carcinomas como o de nasofaringe. Todos esses mecanismos agem com maior ou menor intensidade de acordo com a constituicao genetica do organismo. Sao tambem importantes as condicoes do organismo no momento da invasao pelo microrganismo (estado nutricional, lesoes preexistentes etc.). 1.4.2 Agentes físicos Dependendo da intensidade e duracao de sua acao, qualquer agente fisico pode causar lesao. Entre os agentes fisicos, estao a forca mecanica, as variacoes da pressao atmosferica, as variacoes de temperatura, a eletricidade, a radiacao e as ondas sonoras (ruidos). 1.4.2.1 Força mecânica A acao da forca mecanica sobre o organismo produz varios tipos de lesoes, denominadas lesões traumaticas (ou impropriamente chamadas trauma mecanico, ja que esse e o agente causal, e nao a consequencia). Estas sao as caracteristicas das feridas: • desprendimento ou remocao de celulas da epiderme; • laceracao, separacao de tecidos, por excessiva forca de estiramento (laceracao de tendões ou visceras); • contusao, na qual o impacto e transmitido da pele aos tecidos subjacentes, levando a ruptura de pequenos vasos, com hemorragia e edema; • incisao ou corte, lesao produzida por acao de instrumentos cortantes; • perfuracao, produzida por instrumentos pontiagudos sobre os tecidos, sendo a ferida mais profunda do que extensa; • fratura, caracterizada por ruptura de tecidos duros, como osseo e cartilaginoso. 1.4.2.2 Variações de pressão atmosférica O organismo humano suporta melhor o aumento da pressao atmosferica do que sua diminuicao. Síndrome de descompressão A doenca por descompressao ou barotrauma e causada por uma diminuicao rapida da pressao do meio circundante, ocorrendo algumas vezes em mergulhadores. Essa condicao se desenvolve devido a formacao de bolhas de nitrogenio na corrente sanguinea e nos tecidos do corpo, normalmente quando o mergulhador se desloca de aguas profundas para a superficie num curto espaco de tempo. Efeitos de grandes altitudes A doenca da altitude ocorre em individuos nao adaptados que se deslocam para grandes altitudes. Ate uma altura de 2.500 m, geralmente, nao ocorrem manifestacoes; entre 3.000 m e 4.000 m, as alteracoes sao frequentes, mas pouco importantes; e acima de 4.000 m, podem aparecer alteracoes graves. A medida que a altitude aumenta, a pressao atmosferica diminui e menos moleculas de oxigênio encontram-se disponiveis no ar rarefeito. A diminuicao do oxigenio disponivel afeta o corpo de varias maneiras: a frequencia e a profundidade da respiracao aumentam, alterando o equilibrio de gases nos pulmoes e no sangue, elevando a alcalinidade do sangue e prejudicando a distribuicao de sais, como o sodio e o potassio nas celulas. Como consequencia, a agua e distribuida de modo diferente entre o sangue e os tecidos. Nas altitudes elevadas, o sangue contem menos oxigenio, produzindo coloração azulada na pele, nos labios e nas unhas. Depois de alguns dias, o organismo produz mais hemacias, transportando entao mais oxigenio aos tecidos. 1.4.2.3 Variações de temperatura O organismo submetido a baixas temperaturas tenta se adaptar produzindo maior quantidade de calor. A adaptacao e temporaria, e, se nao ha protecao adequada, a temperatura corporal comeca a baixar, instalando-se a hipotermia (considera-se hipotermia a temperatura corporal abaixo de 35 °C). Quando a temperatura cai, ocorre vasoconstricao periferica, palidez acentuada e reducao progressiva da atividade metabolica de todos os orgaos, especialmente do encefalo e da medula espinal. A causa de morte no resfriamento e, geralmente, falencia cardiorrespiratoria por inibicao dos centros bulbares de controle da respiracao e da circulacao. A acao local do calor produz queimaduras, cujas lesoes podem ser por: • liberacao de histamina pelos mastocitos, que produz vasodilatacao e edema; • liberacao de substancia P das terminacoes nervosas aferentes; • ativacao das calicreinas plasmatica e tecidual, com liberacao de bradicinina, que aumenta a vasodilatacao e o edema; • lesao direta da parede vascular, que pode aumentar o edema, produzir hemorragia e levar a trombose de pequenos vasos, resultando em isquemia e necrose. Se o individuo e submetido a temperaturas elevadas (excesso de sol, proximidade de caldeiras), pode haver elevacao progressiva da temperatura corporal, a hipertermia. Quando a temperatura corporal atinge ou ultrapassa 40 °C, ocorre vasodilatacao periferica, abertura dos capilares e sequestro de grande quantidade de sangue na periferia, iniciando quadro de insuficiencia circulatoria periferica (choque termico classico). 1.4.2.4 Radiações ionizantes As lesoes causadas por radiacoes ionizantes em humanos decorrem de inalacaoou ingestao de poeira ou alimentos que contenham particulas radioativas, o que ocorre em: • trabalhadores de minas em que sao abundantes os minerais radioativos, como o radio; • exposicao a radiacoes com fins terapeuticos ou diagnosticos; • contato acidental com radiacoes emanadas de artefatos nucleares, como reatores, aparelhos de radioterapia ou de radiodiagnostico; • bombas nucleares. A radiacao ionizante de uma forma dose-dependente pode causar mutacao nas celulas e as matar por multiplas vias, incluindo morte celular por apoptose, necrose ou redistribuicao de celulas para outros compartimentos. A radiacao ionizante interage com alvos intracelulares produzindo radicais livres e causando uma ruptura no DNA. 1.4.2.5 Efeitos da luz solar A luz solar contem amplo espectro de radiacoes. A radiacao infravermelha produz calor, sendo responsavel em parte por queimaduras solares. As radiacoes ultravioletas sao potencialmente mais lesivas. Os raios UVC sao absorvidos pela camada de ozonio e nao chegam a superficie da Terra (a protecao da camada de ozonio tem, pois, grande importancia para as pessoas). Os raios UVA e UVB sao os responsáveis pelas lesoes provocadas pela luz solar, que podem ser agudas ou cronicas. Insolacao e queimaduras são lesoes agudas, caracterizadas por eritema, edema e formacao de bolhas; em seguida, surgem descamação e hiperpigmentacao. Os efeitos cronicos sao mais relevantes. Os raios UVB tem acao melanogenica, que induzem a pigmentacao, sao responsaveis principais por fenomenos de fotossensibilizacao, aceleram o envelhecimento e provocam lesoes proliferativas, incluindo neoplasias. As reacoes de fotossensibilizacao sao induzidas por substancias que se depositam na pele e, por absorverem raios UV, podem ser ativadas, originar radicais livres e ter efeitos toxicos sobre células epidermicas; podem surgir erupcoes, com coceira, area de vermelhidao e inflamacao nas manchas de pele expostas ao sol. A luz pode provocar reacoes do sistema imunologico, visto que determinadas doencas, como lupus eritematoso sistemico, podem provocar reacoes cutaneas mais serias se houver exposicao a luz solar. Os raios UVA causam degeneracoes dos ceratinocitos e alteracoes no seu DNA, o que pode provocar lesoes proliferativas benignas ou malignas (carcinoma basocelular e melnomas). 1.4.2.6 Som (ruído) Observacoes epidemiologicas indicam que uma pessoa submetida a ruidos intensos (no ambiente de trabalho, em casa, nas ruas) apresenta disturbios de audicao caracterizados por perda progressiva da capacidade de distinguir sons de frequencia mais alta. Admite-se que ruidos muito altos induzam a lesoes nas celulas ciliadas do orgao de Corti, responsaveis pela acuidade auditiva. 1.4.3 Agentes químicos Quer sejam substancias toxicas, quer sejam medicamentos, ambos podem provocar lesoes a partir de dois mecanismos distintos: • Acao direta sobre celulas ou intersticio, mediante transformacoes moleculares que resultam em degeneracao ou morte celular, alteracoes do intersticio ou modificacoes no genoma, induzindo transformacao maligna (efeito carcinogenico). Quando atuam na vida intrauterina, podem induzir a erros do desenvolvimento (efeito teratogenico). • Acao indireta, atuando como antigeno (o que é muito raro), induzindo resposta imunitaria humoral ou celular responsavel pelo aparecimento de lesoes. Seja um medicamento, seja uma substancia toxica, o efeito do agente quimico depende de varios fatores: dose, vias de penetracao e absorcao, transporte, armazenamento, metabolizacao e excrecao; depende tambem de particularidades do individuo: idade, genero, estado de saude, momento fisiologico e constituicao genetica. As substancias quimicas capazes de danificar as celulas estao no ar, por toda parte do ambiente. Algumas das substancias mais prejudiciais existentes sao gases como o monoxido de carbono, os inseticidas e os metais pesados como o chumbo. 1.4.4 Herança genética Heranca genetica ou biologica e o processo pelo qual um organismo ou uma celula adquire ou se torna predisposto a adquirir caracteristicas semelhantes a do organismo ou celula que o gerou, por meio de informacoes codificadas (codigo genetico) que sao transmitidas a descendencia. A combinacao entre os codigos geneticos dos progenitores (em especies sexuadas) e os erros (mutacoes) na transmissao desses codigos sao responsaveis pela variacao biologica que, sob a acao da selecao natural, permite a evolucao das especies. A ciencia que estuda essa heranca e a genetica. As doencas geneticas sao aquelas que envolvem alteracoes no material genetico, ou seja, no DNA. Algumas delas podem possuir o carater hereditario, sendo repassadas de pais para filhos. Entretanto nem toda doenca genetica e hereditaria. Um exemplo e o cancer, ele e causado por alteracoes no material genetico, podendo ser transmitido aos descendentes. Existem tres tipos de doencas geneticas: • monogenéticas ou mendelianas: quando apenas um gene e modificado; • multifatorial ou poligênicas: quando mais de um gene e atingido e ocorre ainda a interferência dos fatores ambientais; • cromossômicas: quando os cromossomos sofrem modificacoes em sua estrutura e numero. As doencas de origem geneticas mais comuns no Brasil sao a sindrome de Down, a anemia falciforme, o diabetes, o cancer e o daltonismo. 1.4.5 Desequilíbrio nutricional Considera-se um estado nutricional desequilibrado quando ha diminuicao ou ausencia da ingestao de um ou mais dos diversos grupos alimentares e o gasto energetico que de alguma forma se mostra comprometido. O corpo precisa de mais de sessenta substancias organicas e inorganicas em quantidades que variam de microgramas a gramas. Esses nutrientes consistem em minerais, vitaminas, alguns acidos graxos e aminoacidos especificos. As deficiencias dieteticas podem ocorrer sob a forma de inanicao, na qual há deficiencia de todos os nutrientes e vitaminas, ou por deficiencia seletiva de um unico nutriente ou vitamina. A anemia por deficiencia de ferro, o escorbuto, o beriberi e a pelagra podem causar lesoes pela falta de vitaminas especificas ou minerais. 1.4.5.1 Calorias, macronutrientes e micronutrientes A definicao de caloria esta relacionada a uma representacao metrica (unidade de calor) gerada por certos nutrientes quando sofre a acao da digestao e somente assim e utilizada como fonte de energia para o funcionamento fisiologico do corpo. Cada tipo de nutriente fornece variadas quantidades de unidades caloricas, e quanto maior a diversidade de nutrientes nos alimentos, maior e melhor sera seu aproveitamento pelo organismo como energia, estrutura e manutencao do funcionamento do corpo. A obtencao de calorias se da, entao, pela ingestao de nutriente que sao divididos em macronutrientes, micronutrientes e vitaminas. Os macronutrientes sao considerados os maiores fornecedores de energia e representados pelos carboidratos, proteinas e lipideos. Os carboidratos ou glicídios sao a principal fonte de fornecimento de energia utilizada para manutencao das atividades vitais. Geralmente recomenda-se que a ingestao desse tipo de macronutriente seja de aproximadamente 50% a 60% do total diario de calorias ingeridas. Os carboidratos sao formados fundamentalmente por moleculas de carbono (C), hidrogenio (H) e oxigenio (O), por isso recebem a denominacao hidratos de carbono. Classificação dos carboidratos De acordo com a quantidade de atomos de carbono em suas moleculas, os carboidratos podem ser divididos em monossacarideos, dissacarideos e polissacarideos. Os monossacarídeos, tambem chamados de acucares simples, consistem em uma única unidade cetônica. O mais abundante é o acucar de seis carbonos D- glucose, monossacarideofundamental do qual muitos sao derivados. A D-glucose é o principal combustivel para a maioria dos organismos e o monomero primario basico dos polissacarideos mais abundantes, tais como o amido e a celulose. Sao os carboidratos mais simples, dos quais derivam todas as outras classes. A classificacao dos monossacarideos tambem pode ser baseada no numero de carbonos de suas moleculas; assim, as trioses sao os monossacarideos mais simples, seguidos das tetroses, pentoses, hexoses e heptoses. As hexoses mais importantes sao a glicose, a galactose, a manose e a frutose. Sao carboidratos glicosideos os dissacarídeos, pois sao formados a partir de dois monossacarídeos por meio de ligacoes especiais denominadas glicolicas. Esta ligacao se da entre o carbono anomérico de um monossacarideo e qualquer outro carbono do monossacarideo proximo, por meio de suas hidroxilas e com a saida de uma molecula de agua. Tambem podem ser formados pela ligacao de um carboidrato a uma estrutura nao carboidrato, como uma proteina. Os principais dissacarideos incluem a sacarose, a lactose e a maltose. Os polissacarídeos sao carboidratos complexos, macromoleculas formadas por milhares de unidades monossacarídicas ligadas entre si por ligacoes glicosidicas, unidas em longas cadeias lineares ou ramificadas. Os polissacarideos possuem duas funcoes biologicas principais, como forma armazenadora de combustivel e como elementos estruturais. Os polissacarideos mais importantes sao os formados pela polimerizacao da glicose, em numero de tres e incluem o amido, o glicogenio e a celulose. Função dos carboidratos no organismo Os carboidratos sao a principal fonte de energia do organismo, a qual deve ser suprida regularmente e em intervalos frequentes de modo a satisfazer as necessidades energeticas do organismo. Em um homem adulto, 300 g de carboidratos sao armazenados no figado e nos musculos na forma de glicogênio e 10 g estao em forma de acucar circulante. Essa quantidade total de glicose é suficiente apenas para meio dia de atividade moderada, por isso os carboidratos devem ser ingeridos a intervalos regulares e de maneira moderada. Cada grama de carboidrato fornece 4 Kcal, independentemente de sua fonte (monossacarideos, dissacarideos ou polissacarideos). Os carboidratos regulam o metabolismo proteico, poupando proteinas. Uma quantidade suficiente de carboidratos impede que as proteinas sejam utilizadas para a producao de energia, mantendo-se em sua funcao de construcao de tecidos. Os carboidratos sao necessarios para o funcionamento normal do sistema nervoso central. O cérebro nao armazena glicose, entao necessita de suprimento de glicose sanguinea. Sua ausencia pode causar danos irreversiveis ao cerebro. A celulose e outros carboidratos indigeriveis auxiliam na eliminacao do bolo fecal, estimulam os movimentos peristalticos do trato gastrointestinal e absorvem agua para dar massa ao conteudo intestinal. Os carboidratos apresentam funcao estrutural nas membranas plasmáticas das celulas. Proteínas (estrutura e função) Aminoácidos Consideramos os aminoacidos como as menores estruturas provenientes da degradação proteica. Geralmente sao compostos por C, N, H e O, sendo que alguns tipos especificos apresentam em suas composicoes enxofre (S). Entre as diversas funcoes que esses compostos apresentam, estao a constituicao de proteinas, hormonios e neurotransmissores. A estrutura geral dos aminoacidos contem um grupo amina (NH2) e um grupo carboxila (-COOH) unidos a um carbono α que os conecta a cadeia lateral (R), que, de fato, determina a “identidade” do aminoacido. Existem 20 tipos diferentes de aminoacidos encontrados na natureza, porem apenas 10 sao considerados essenciais para o homem e sao exclusivamente obtidos mediante a dieta. Sao eles: isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano, valina, histidina e arginina. Classificação nutricional • Aminoácidos não essenciais: tambem sao conhecidos como dispensaveis sob o aspecto nutricional, pois o corpo é capaz de sintetizar esse tipo de aminoacido. Ex.: acido aspartico e acido glutamico. • Aminoácidos essenciais: sao considerados os mais importantes sob o ponto de vista nutricional, pois é uma classe de aminoacidos nao sintetizados pelo organismo, sendo a dieta sua única fonte. Fazem parte das principais funcoes bioquimicas do organismo. Ex.: fenilalanina, metionina, isoleucina, leucina, triptofano, valina e lisina. • Aminoácidos essenciais específicos: sao aminoacidos que, em condicoes normais, são sintetizados pelo corpo, porem, em algumas patologias especificas, este se torna incapaz de os sintetizar, tornando necessaria a ingestao pela dieta ou ate medicamentosa. Ex.: arginina, glicina e cisteina. Classificação estrutural (relacionada às cadeias laterais) • Aminoácidos com cadeia R apolar: podem apresentar em suas cadeias laterais um grupo hidrocarboneto alifatico (alanina, valina, leucina). • Aminoácidos com cadeia R polar neutra: possuem cadeia lateral de carater eletricamente neutro em pH neutro, em alguns exemplos deste grupo (serina, treonina), sua cadeia polar e uma hidroxila (-OH) ligada a hidrocarbonetos alifaticos. • Aminoácidos com cadeia R polar ácida: esta classe possui uma carboxila (- COOH) em sua cadeia lateral. Ex.: acido glutamico e acido aspartico. • Aminoácidos com cadeia R polar básica: possuem carga eletricamente positiva em pH neutro. Ex.: histidina, lisina e arginina. Classificação de acordo com o produto de degradação Como todos os compostos, os aminoacidos tambem sofrem processo de degradacao levando a formação de residuos, e, dependendo do tipo de aminoacido, esse residuo devera ser excretado ou reaproveitado. Os residuos toxicos gerados a partir da degradacao dos aminoacidos sao conhecidos como corpos cetônicos, ja os residuos reaproveitados costumam ser na forma de piruvato, fumarato e outros, conhecidos como glicogênios, os quais participam de processos como a glicogenolise – formacao de glicose em estados de jejum prolongado. Degradação e excreção de aminoácidos O processo de sintese de proteina acontece de forma dinamica utilizando e reutilizando os aminoacidos constantemente, assim como a quebra dessas proteinas (proteolise) de acordo com a necessidade, dando origem a presenca de aminoacidos livres que nao sao armazenados em forma de estoque, ou seja, o organismo apenas mantem o que e necessario, excretando o excedente. O grupo amina (NH3) de um aminoacido quando sobra degradacao, libera o nitrogenio que e convertido na forma de ureia (CH4N2O) e representa a forma mais significativa de excrecao deste metabolito. O restante da cadeia acaba sendo reaproveitado para usos energeticos. O processo de degradacao dos aminoácidos envolve tres fases: transaminacao, desaminacao oxidativa e ciclo da ureia. • Transaminação: nesta fase ocorre a transferencia do grupo amina para um cetoacido (ka). Como dito anteriormente, dependendo do tipo de aminoacido em questao, e nessa fase que ocorre a formacao dos corpos cetonicos, em que ha atividade enzimatica representada pelas transferases ou aminotransferases (tema abordado com mais detalhes adiante). • Desaminação oxidativa: o termo desaminação significa, grosso modo, eliminar uma amina. Nesse processo, a amina do aminoacido é liberada em forma de amonia (NH3 +) tambem por meio de atividade enzimatica. Nesse caso, as enzimas fazem parte da classe das desidrogenases. • Ciclo da ureia: a ureia e o composto nitrogenado mais abundante encontrado na urina, pois é altamente hidrossoluvel. O ciclo de formacao da ureia é complexo e envolve inumeras etapas, metabolitos e enzimas. Importância biológica dos aminoácidosProteínas globulares e fibrosas As proteinas sao macromoleculas biologicas formadas por sequencias especificas de aminoácidos essenciais para a vida. A palavra proteina se origina do grego (primeiro). Alem disso, elas podem unir-se a outras moleculas, como carboidratos (glicoproteinas), lipideos (lipoproteinas) ou ate mesmo a outras cadeias de aminoacidos, formando dimeros, trimeros ou tetrametros. Existem, ainda, grupos nao proteicos que podem ser unidos a estrutura da proteina (grupos prosteticos). Um grupo especial de proteínas sao as enzimas que, por definicao, sao as proteinas com a capacidade de catalisar reacoes quimicas. E por meio de varias enzimas que o alimento ingerido “se transforma” em energia. Sendo as proteinas uma sequencia especifica de aminoacidos ligados entre si, atribui-se a essa ligacao o nome de ligação peptídica. A ligacao entre um aminoacido e outro acontece entre o grupo carboxila (COO-) de um e o grupo amina (NH3) do outro (figura 9). Essa ligacao sempre gera como residuo uma molecula de agua. Nos seres humanos, a organela celular responsavel por capturar e unir esses aminoacidos de maneira especifica e eficiente sao os ribossomos presentes no reticulo endoplasmatico rugoso (RER), sendo um processo extremamente complexo que demanda a interacao de material nucleico (DNA e RNA) e enzimas especificas. Quando ocorre a ligacao entre 2 ate 40 aminoacidos, o produto dessa ligacao recebe o nome de peptídeo (monomero), e devido a caracteristica intrinseca dessa molécula de gerar polimeros (uniao espontanea e em sequencia de varias moleculas quimicamente semelhantes), estes vao se unindo formando polipeptídeos (polimeros) e somente quando ha formacao de cadeias polipeptidicas atribuimos a estas o nome de proteinas. Os peptideos sao classificados de acordo com o numero de aminoacidos unidos entre si: • Dipeptídeo: ligacao de apenas 2 aminoacidos unidos por uma ligacao peptidica. • Tripeptídeo: ligacao de 3 aminoacidos unidos por ligacoes peptidicas. • Oligopeptídeos: polimero contendo de 4 a 40 aminoacidos unidos por ligacoes peptidicas. • Polipeptídeos: polimero contendo mais de 40 aminoacidos unidos por ligacoes peptidicas. As proteinas sao classificadas de acordo com sua estrutura molecular em proteinas de estrutura primaria, secundaria, terciaria e quaternaria. • Proteína de estrutura primária: representa uma ligacao linear de aminoacidos. • Proteína de estrutura secundária: pode-se dizer que essa estrutura e formada por duas moléculas de estrutura primaria unidas entre si por pontes de hidrogenio. Essa conformacao da origem a dois tipos de estruturas, as α-helice e β-helice. • Proteína de estrutura terciária: e a classe de proteinas formadas pelo “enovelamento” de polimeros de proteinas secundarias. • Proteína de estrutura quaternária: e a forma mais complexa e tambem a mais encontrada no organismo. Consiste em uma uniao de cadeias proteicas de estrutura terciaria unidas por forca ionica e pontes de hidrogenio. As proteinas podem ser distribuidas de acordo com as suas funcoes: • Enzimas: proteinas especializadas que catalisam a formacao de um produto a partir de um substrato. Ex.: sacarase, amilase. • Proteínas transportadoras: se ligam a certos componentes carreando-os ate seus destinos. Podem transportar hormonios, vitaminas, oxigenio ou lipidios. Ex.: hemoglobina, apoproteinas. • Proteínas de defesa: as imunoglobulinas sao proteinas capazes de reconhecer e de neutralizar as estruturas estranhas ao organismo. • Fibrinogênio e trombina: sao proteinas que atuam na coagulacao sanguinea. • Proteínas estruturais: sao capazes de dar sustentacao ou suporte as estruturas biologicas. Ex.: queratina, colageno, elastina. • Proteínas reguladoras: os hormonios sao um grupo especial de proteinas que regulam varias atividades metabolicas. Ex.: insulina e glucagon. • Proteínas de armazenamento: a ferritina, responsavel por armazenar ferro em sua estrutura. • Proteínas de motilidade: atuam na movimentacao das celulas ou contracao produzindo um movimento, como no caso da actina e miosina, na contracao muscular. • Proteínas globulares: formadas por cadeias polipeptidicas que originam um formato esferico. Sao hidrossoluveis e formadoras de algumas enzimas, moleculas transportadoras, como a hemoglobina que transporta oxigenio no sangue, anticorpos e outras. • Proteínas fibrosas: formadas geralmente pela associacao de moleculas de estrutura secundaria e terciaria e tem funcoes biologicas relacionadas a estruturas como o colágeno e a queratina, por exemplo. Sao insoluveis em agua e tem um formato alongado e fibroso. Um exemplo de proteinas fibrosas sao as alfa-queratinas ricas em aminoácidos hidrofobicos. As alfa-queratinas sao produzidas pelas celulas epiteliais de vertebrados e os principais constituintes da pele e estruturas relacionadas, como cabelos, unhas, chifres, cascos, bicos e penas. • Proteínas plasmáticas: o sangue total e composto de plasma (70% agua), celulas vermelhas (eritrocitos ou hemacias), celulas brancas (leucocitos) e proteinas circulantes, sendo que a albumina representa cerca de 60% de todas as proteinas plasmaticas. O restante se divide entre as globulinas, fatores de coagulacao e fibrinogenio (que tambem e um fator de coagulacao, porem com funcao diferenciada quando comparado aos outros de sua categoria). • Albumina: proteina hidrossoluvel, pouco soluvel em solucoes salinas e sofre intensa desnaturação com calor. E sintetizada no figado (hepatocitos) e possui inumeras funcoes: — transporte de ions, hormonios, acidos graxos, medicamentos; — atuante na coagulacao sanguinea; — manutencao da pressao intravascular; — equilibrio acido-base; — efeito antioxidante. • Globulinas: proteinas insoluveis em agua, porem soluveis em solucoes salinas, acidas ou basicas. Quando expostas ao calor sofrem o processo de coagulacao. Sao divididas em globulina – α1, globulina – α2, β-globulina e γ– globulina. Essa ultima classe, as gamaglobulinas, sao conhecidas tambem como imunoglobulinas (anticorpos) e possuem cinco classes (IgG, IgM, IgE, IgA e IgD). Com excecao das imunoglobulinas que sao produzidas pelos linfocitos B (plasmocitos), as outras classes tambem sao produzidas pelos hepatocitos. • Fibrinogênio: glicoproteina envolvida nas etapas finais do processo de coagulacao sanguínea como precursor de monomeros de fibrina que vao “amarrar” todos os componentes envolvidos na coagulacao dando origem ao coagulo propriamente dito. Assim como as outras proteinas plasmaticas, o fibrinogenio tambem e produzido no figado, fazendo que sua producao seja diretamente relacionada a doencas hepaticas. Desnaturação de proteínas Seria uma “desmontagem” das proteínas. Quando desnaturada, a proteina sofre alteracoes de carater fisico (como aumento da viscosidade), quimico (maior reatividade) e biologico (perda total e quase sempre irreversivel de sua funcao). A desnaturacao pode ocorrer de varias formas: • Calor: altas temperaturas sao capazes de romper as ligacoes peptidicas e pontes de hidrogênio desmontando a proteina e tornando-a inativa. • Solventes orgânicos: esse tipo de desnaturacao promove uma alteracao na polaridade do meio onde se encontra a proteina levando a quebra das ligacoes peptidicas, por exemplo, o alcool. • Ácidos e bases: a alteracao do pH leva a desnaturacao pois causa um desequilibrio de cargas eletricas (ionizacao) proteica. • Atividade enzimática: e um processo fisiologico e irreversivel, uma vez que as enzimas proteoliticas sao altamente especificas e quebram as ligacoes pepticas de uma maneira que a “remontagem” da proteina e inviavel. Enzimas As enzimas sao polipeptideos construidos pelo organismo e temcomo funcao principal serem catalisadoras de reacoes quimicas. Como catalisadoras metabolicas, sua funcao e acelerar as reacoes, porem nao devem ser consumidas e inutilizadas por este processo, assim, sao capazes de transformar o reagente, aqui conhecido como substrato, transforma-lo em um produto diferente do inicial e, ao final da reacao, regenerar-se para recomecar o processo. Uma das principais caracteristicas das enzimas e sua especificidade, isto e, cada enzima e responsavel por reacoes proprias e nao realizarao reacoes para as quais nao foram sintetizadas. A especificidade das enzimas e determinada por uma regiao especifica deste polipeptideo chamado sítio ou centro ativo (CA). • Desidrogenase: grupo de enzimas responsavel pela remocao de hidrogenio, por exemplo: lactato desidrogenase (retira um H + lactato). • Transferase: grupo de enzimas responsavel pela transferencia de moleculas de um local para outro, preservando a integridade de seu substrato, que sera reaproveitado em outra reacao, por exemplo metiltransferase (transfere um grupo metila). • Lipase: grupo de enzimas responsavel pela hidrolise de lipidios. • Descarboxilase: grupo de enzimas responsavel pela retirada de um grupo carboxila em forma de CO2. • Carboxilase: conhecida como coenzima responsavel pela ligacao entre atomos de carbono. Alguns fatores (inibidores enzimaticos) interferem na atividade enzimatica, inibindo ou retardando sua atividade a fim de controlar sua atividade. Tais fatores podem ser organicos (como mecanismo homeostatico) ou medicamentoso (alguns farmacos tem como alvo a atividade enzimatica para diminuir ou impedir sua funcao). A atividade desses inibidores pode ser: • Reversível competitiva: as estruturas tanto do substrato quanto do inibidor sao muito semelhantes, porem o inibidor costuma ligar-se antes ao sitio ativo da enzima bloqueando a ligacao do substrato. Um aumento na concentracao do substrato leva entao ao aumento na competicao pela ocupacao do sitio, o que promove um aceleramento da reacao, com posterior “desligamento” do inibidor. • Reversível não competitiva: nesse tipo de reacao, o inibidor se liga a um local diferente do sitio ativo, levando a uma mudanca estrutural da enzima, alterando tambem o sitio ativo, o que impede que o substrato se ligue a enzima. • Irreversível: o inibidor tem potencial de se ligar ao sitio ativo da enzima e a regioes proximas a ele, mudando completamente a estrutura da molecula que perde suas caracteristicas e fica “invisivel” para o substrato. Geralmente essa classe de inibidor e exogena e oriunda de produtos toxicos, nao sendo produzida pelo proprio organismo. A atividade enzimatica e um processo complexo e harmonico controlado finamente pelo organismo, no qual nao pode haver excesso nem falta dessa atividade. Por isso o organismo dispoe de mecanismos que fazem a regulacao enzimatica. Esses mecanismos de regulacao ocorrem por meio de controle hormonal, controle da quantidade de substrato e inibicao enzimatica pelo proprio produto formado por ela. Fatores que influenciam na atividade enzimática Como se trata de uma estrutura proteica, as enzimas podem sofrer desnaturacao e consequente inatividade causadas por alteracoes de temperatura ou pH. Alem disso, a concentracao do substrato afeta diretamente, tanto aumentando quanto diminuindo a atividade enzimatica. Lipídios (estrutura, função e metabolismo) É um grupo de moleculas caracteristicas pela insolubilidade em agua. Os lipidios de armazenamento sao os acidos graxos, cuja degradação por oxidacao produz energia via ATP, e, alem de funcionarem como reservatorio energetico, são componentes importantes nas membranas celulares e na estrutura dos hormonios. Os lipidios de armazenamento tambem sao importantes na formacao dos adipocitos. Estes formam o tecido adiposo, que se concentra logo abaixo da pele, servindo como reservatorio energetico, protecao mecanica e isolamento termico. O colesterol tambem é outro lipideo importante, que faz parte das membranas celulares. Ele é o precursor dos acidos biliares, de alguns hormonios e ainda compoe parte das lipoproteínas HDL (high density lipoprotein), LDL (low-density lipoprotein), VLDL (very low-density lipoprotein) e quilomicrons. Essas proteinas especiais ficam associadas ao colesterol, triglicerideos e outros lipídeos transportando‑os ate seu destino final pela corrente circulatoria. O LDL transporta o colesterol armazenado no figado para a corrente circulatoria e os orgaos. O HDL faz o inverso, removendo o colesterol do sangue de volta ao figado. Por consequencia disso, o LDL é considerado o colesterol ruim, justamente porque ele eleva os niveis de colesterol no sangue, relacionando-se ao aumento do risco de aterosclerose (entupimento dos vasos sanguineos). Os disturbios dos lipideos no metabolismo sao denominados dislipidemias. Metabolismo dos lipídeos na dieta Um adulto ingere cerca de 60 g a 150 g de lipideos diariamente (90% triglicerideos) e o restante dos lipideos e composto de colesterol, esteres de colesterol, fosfolipideos e acidos graxos não esterificados (livres). Metabolismo dos ácidos graxos e dos triacilgliceróis A sintese de acidos graxos tem, entre outras funcoes, o armazenamento de gorduras para utilização posterior. Portanto a insulina, hormonio que induz armazenamento, e estimuladora da sintese de malonil‑CoA e consequentemente de acidos graxos. Os hormonios glucagon e epinefrina sao liberados quando se faz necessaria a disponibilidade de energia para as celulas, sendo logico pensar que esses hormonios inibem a sintese de acidos graxos. O excesso de acidos graxos formado fara um feedback negativo na transformacao de acetil-CoA em malonil-CoA, modulando dessa forma a producao de acidos graxos. Uma vez formado, o acido graxo tera de ser conglomerado em triacilglicerol, que constitui a forma de armazenamento de lipideos nos adipocitos. A formacao do triacilglicerol ocorrera em tres etapas: - formacao do glicerol-3-fosfato; - acilacao dos dois grupos oxidrila livres do glicerol-3-fosfato; - adição do terceiro grupo acila com formacao do triacilglicerol. Metabolismo dos lipídeos complexos, colesterol e esteroides Os lipideos complexos sao formados por triacilglicerois (ou triglicerideos), fosfolipideos e colesterol. Os triglicerideos sao a forma mais abundante na alimentacao, ja os fosfolipideos sao o principal elemento estrutural das membranas celulares, enquanto o colesterol e precursor de hormonios e componente da bile. O colesterol e sintetizado e armazenado no figado e entre suas principais funcoes esta a síntese de varios esteroides ou esterois importantes (precursor de vitamina D, sais biliares, aldosterona e hormonios sexuais). Classificação dos lipídeos Ácidos graxos Sao compostos cuja unidade estrutural e uma longa cadeia linear com acido carboxilico em uma de suas extremidades. • Acidos graxos saturados: as ligacoes que unem os atomos de carbono sao apenas do tipo simples. Esse tipo de acido graxo é encontrado em gorduras de origem animal, em temperatura ambiente geralmente estao em estado solido. • Acidos graxos insaturados: ha pelo menos uma ligacao dupla entre os atomos de carbono e é encontrado principalmente em oleos de origem vegetal, em temperatura ambiente são encontrados em estado liquido. Fosfolipídeos Sao lipideos complexos pois se compoem basicamente de acido graxo, glicerol e acido fosfórico. Esteroides Sao um tipo peculiar de lipideos que possuem cadeia longa assim como os outros, porem seus constituintes principais sao as moleculas de colesterol que participam ativamente da sintese dos hormonios sexuais (testosterona e progesterona) alem de hormonioscomo o cortisol e a aldosterona. Alem dos hormonios, os esteroides participam como constituintes dos sais biliares. Os principais representantes dos lipideos esteroides sao os glicorticoides e mineralocorticoides, compostos produzidos pelo proprio organismo (endogenos) no cortex da glandula adrenal. O metabolismo dos glicocorticoides e estimulado pelo hormonio ACTH (hormonio adrenocorticotrofico), e o dos mineralocorticoides e regulado pela acao da aldosterona e angiotensina II. • Glicocorticoide – cortisol: O cortisol esta envolvido em uma diversidade de processos fisiologicos que vao desde a atividade cardiovascular e metabolica ate a imunologica. É conhecido como hormonio do estresse pois tem uma estreita relacao com a adrenalina, que, uma vez lancada em grandes quantidades, ativa as glandulas suprarrenais aumentando a producao de cortisol, que, por sua vez, e capaz de aumentar a frequencia cardiaca, os movimentos respiratórios e outras acoes relacionadas a momentos de estresse. • Mineralocorticoide – aldosterona: e considerado um hormonio com atividade renal responsável direto pela regulacao do equilibrio hidroeletrolitico, pois atua na reabsorcao de Na e agua nos tubulos renais. Como atuante na reabsorcao de agua, e capaz de regular o volume sanguineo e consequentemente alterar a pressao arterial. A funcao principal dos mineralocorticoides e a regulacao das concentracoes de Na+ e P+ entre os meios intra e extracelular por meio da osmose e da ativacao da bomba de sodio e potassio. Corpos cetônicos Sempre que necessario, essa molecula e acionada como fonte energetica e sofre acao da lipase (enzima), que fornece glicerol e acidos graxos. Assim que o glicerol e produzido e lancado na corrente circulatoria, e aproveitado no figado para a formacao de glicose a partir da gliconeogenese. Durante a betaoxidacao, alem da acetil-CoA, algumas outras moleculas sao geradas, sendo as de maior importancia clinica conhecidas como corpos cetônicos, que sao direcionados para o figado e principalmente encefalo, pois sao facilmente movimentados pela corrente sanguinea por apresentarem boa hidrossolubilidade. Sao tres tipos distintos de corpos cetonicos encontrados apos a betaoxidacao: acetoacetato, acetona e beta-hidroxibutirato. A producao hepatica dos corpos cetonicos ocorre de forma constante em estados fisiologicos, aumentando drasticamente durante estados de jejum prolongado a fim de garantir energia para o bom funcionamento dos orgaos vitais, como o sistema nervoso central, coracao e cortex adrenal. Triacilgliceróis Os triacilglicerois sao considerados lipideos mais simples em razao dos produtos gerados a partir de sua degradacao (alcool e acido graxo). Esse tipo de lipideos em humanos tem como funcao principal a reserva de energia e sao armazenados principalmente no tecido adiposo. O triacilglicerol e degradado por meio da acao da LHS (lipase hormonio- sensivel), liberando o acido graxo na corrente sanguinea, onde se une a albumina e é levado a todos os orgaos que necessitam de energia. Vale lembrar que diferente dos outros tipos de lipideos, os triacilglicerois sao provenientes do metabolismo dos carboidratos, e nao das gorduras de origem animal. Colesterol O colesterol representa o lipideo mais abundante no homem e é caracteristico dos animais em geral, isso significa que nao e encontrado em nenhum produto de origem vegetal. A sintese do colesterol acontece em praticamente todos os tecidos do corpo humano, porem são orgaos prioritarios desse tipo de sintese o figado, o intestino e o cortex adrenal. Mesmo o corpo humano sendo capaz de sintetizar as moleculas de colesterol, as fontes exogenas (alimentacao) representam cerca de 150 md/dia a 300 mg/dia, sendo que a absorcao maxima do colesterol proveniente da alimentação e de aproximadamente 1 g/dia. O figado aparece como orgao principal na manutencao do equilibrio de todo o colesterol corporeo, sendo que o colesterol hepatico é excretado utilizando a bile como principal veiculo de eliminação (atraves de sais biliares) e é tambem excretado para todos os tecidos nao hepaticos sob a forma de lipoproteinas carreadoras conhecidas como fracoes do colesterol – VLDL, LDL e HDL (very low density lipoprotein, low density lipoprotein e high density lipoprotein, respectivamente). Essa nomenclatura em ingles se refere a densidade das moleculas de colesterol, onde o VLDL e o LDL sao as moleculas de baixa densidade, conhecidas popularmente como “colesterol ruim”, e HDL e a molecula de colesterol de alta densidade, conhecida como “colesterol bom”, pois e capaz de transportar as moleculas de baixa densidade ate o figado (preferencialmente), onde serao metabolizados. DICA: LDL = Logo Deus Leva HDL = Hoje Deus Livra Regulação da síntese do colesterol Tendo em vista a presenca determinante da enzima HMG-CoA redutase como enzima atuante na primeira etapa da formacao de colesterol, podemos afirmar que ela determina a velocidade com que o colesterol e sintetizado, sendo assim as vias que regulam essa sintese basicamente afetam a sua atividade, e sao principalmente: - inibição retroativa da HMG-CoA redutase (em que o mevalonato e o proprio colesterol inibem a ativacao da enzima); - regulação hormonal (hormonios da tireoide e a insulina, por exemplo, atuam diretamente na HMG-CoA redutase aumentando sua atividade); - inibição por drogas (alguns farmacos derivados das estatinas diminuem a velocidade de acao da HMG-CoA, e sao usados em casos cronicos de hipercolesterolemia – aumento de colesterol sanguineo – em indivíduos com predisposicao a doencas cardiovasculares). Metabolismo dos ácidos graxos e dos triacilgliceróis A sintese de acidos graxos tem entre outras funcoes o armazenamento de gorduras para utilização posterior. É evidente, pois, o papel da insulina, um hormonio que induz armazenamento, como estimuladora da sintese de malonil-CoA e consequentemente de acidos graxos. Os hormonios glucagon e epinefrina sao liberados quando e necessario disponibilizar energia para as celulas, portanto esses hormonios inibem a sintese de acidos graxos. O excesso de acidos graxos formado fara um feedback negativo na transformacao de acetil-CoA em malonil-CoA modulando dessa forma a producao de ácidos graxos. Uma vez formado, o acido graxo tera de ser conglomerado em triacilglicerol que constitui a forma de armazenamento de lipideos nos adipocitos. A formacao do triacilglicerol ocorrera em 3 etapas: - formacao do glicerol-3-fosfato - acilacao dos dois grupos oxidrila livres do glicerol-3-fosfato - adicao do terceiro grupo acila com formacao do triacilglicerol. 1.4.5.2 Micronutrientes O metabolismo mineral é extremamente diferente do metabolismo dos carboidratos, lipideos e proteinas simplesmente pelo fato de que nao sao produzidos no organismo e a sua absorcao ocorre de forma grosseira e em pequenas quantidades. A concentracao equilibrada desses compostos inorgânicos se da pelo mesmo mecanismo responsavel pela manutencao do equilibrio eletrolitico. Funções biológicas do cálcio (Ca) O calcio é um elemento quimico de extrema importancia, pois participa de inumeras funções fisiologicas, como a coagulacao sanguinea e a excitabilidade neuromuscular, atua como cofator enzimatico, entre outras. De todo o calcio do organismo, 99% estao localizados nos ossos e dentes. Em um homem adulto a concentracao de Ca e de aproximadamente 10 mg/dL (5 mEq/L), sendo que um pouco mais da metade desta quantidade se encontra na forma ionizada (Ca+2) e o restante esta ligado a proteinas plasmaticas como a albumina. A recomendacao de ingestao diaria de calcio deve ser de 800 mg na infancia, 1300 mg na adolescencia e 800mg na vida adulta. É de senso comum que a principal fonte de calcio na alimentacao e o leite e seu derivados, porem existem algumas outras fontes, como hortalicas e vegetais escuros por exemplo. Apenas 20% a 40% do calcio ingerido e totalmente absorvido pelo trato gastrintestinal. A ingesta de grandes teores de gordura tambem dificulta sua absorcao devido a formacao de saboes. Ja a presenca de vitamina D e o pH do intestino (quanto maior a acidez, maior a ionizacao do cálcio e melhor sua absorcao) costumam facilitar a absorcao deste elemento tao importante. A regulacao dos niveis de calcio no organismo e um processo metabolico complexo que envolve a presenca de dois hormonios produzidos nas glandulas paratireoide e tireoide, chamados paratormônio (PTH) e calcitonina, respectivamente. A glandula paratireoide e estimulada a produzir o PTH quando os niveis plasmaticos de Ca diminuem e as celulas produtoras de calcitonina tem atividade inibida; o inverso ocorre quando os niveis de Ca aumentam: ha inibicao da producao de PTH e producao de calcitonina. Funções biológicas do fósforo (P) O fosforo e um elemento de extrema importancia biologica e esta presente no organismo nao como fosforo, mas sim como fosfato (PO4). Pode-se afirmar que em praticamente todos os compostos organicos e possivel encontrar esse componente em sua forma fosfatada ou em sua forma ionica. Sua absorcao ocorre em nivel intestinal e, quando lancado na corrente sanguinea, o fosfato permanece livre no plasma. O fosfato plasmatico e considerado fosfato inorganico, pois nao se liga a nenhuma proteina plasmatica. A forma de eliminacao é diretamente proporcional a sua absorcao e ocorre pelas vias fecal (40%) e urinaria (60%). Funções biológicas do ferro (Fe) O ferro participa de varios metabolismos diferentes, como a respiracao celular, por meio da fixacao de hemoglobina, mioglobina e citocromos. Apenas 10% do Fe ingerido é absorvido no duodeno e jejuno na forma ferrosa (Fe++), e por isso doencas ou cirurgias que afetam essas areas, diminuem consideravelmente a absorcao de Fe. Contudo dietas hiperproteicas e ricas em vitamina C melhoram sua absorcao. Apos ser absorvido pela mucosa intestinal, ao ser lancado na corrente sanguinea, o Fe sofre um processo de reducao induzido pela vitamina C, que o transforma em sua forma ferrosa (soluvel). Assim que e reduzido, o Fe++ se liga a ferritina (glicoproteina plasmática responsavel pelo transporte do ferro) e assim pode ser distribuido por todo o organismo. Funções biológicas do zinco (Zn) O zinco participa dos metabolismos proteicos e de acidos nucleicos, sendo um elemento inorgânico essencial para as funcoes biologicas. E capaz de induzir a atividade de inumeras enzimas e é parte estrutural das celulas de defesa. Funções biológicas do potássio (K) Assim como os outros elementos inorganicos, o potassio tambem apresenta importancia biologica, pois participa de varios processos bioquimicos, atuando diretamente no equilibrio hidroeletrolitico e acido-base, e esta relacionado com a excitabilidade muscular. Podemos citar como uma das principais atividades do potassio a sua presenca ativa nas membranas celulares, como um dos componentes basicos do mecanismo de transporte ativo transmembrana, conhecido como bomba de sodio e potassio. Bomba de Na e K Trata-se de uma proteina de membrana presente em todas as celulas do organismo que transporta o Na+ de dentro para fora da celula e o K+ no sentido inverso. Nesse tipo de transporte pela membrana celular ocorre o consumo de energia (ATP), por isso sua membrana carreadora tem atividade semelhante a de uma enzima capaz de promover a hidrolise de ATP e recebe o nome de sodio- potassio ATPase. Diante da extrema importancia fisiologica desse mineral, deve-se manter uma alimentacao equilibrada e buscar componentes como beterraba, couve-flor, abacate, banana, damasco, cereja, ameixa e pessego, os quais sao alimentos com altos teores de K. Estrutura e função das vitaminas As vitaminas sao compostos organicos nao sintetizados pelo organismo, sendo sua obtenção proveniente exclusivamente da dieta. Vitaminas lipossolúveis Essa classe de vitaminas apresenta em sua estrutura quimica uma associacao com moleculas de lipideos e depende da presenca destes para serem absorvidas com eficiencia. Sua absorcao acontece no intestino por intermedio da propriedade emulsificante da bile, e, ao serem absorvidas e lancadas na corrente sanguinea, sao distribuidas por todo o organismo como um complexo de proteinas. Por serem lipossoluveis, sua excrecao por via urinaria é bastante dificil e acabam sendo armazenadas no tecido hepatico e adiposo. Sao vitaminas lipossoluveis: • retinol – vitamina A; • D2 ergocalciferol e D3 colecalciferol – vitamina D; • tocoferois – vitamina E; • fitoquinona, menaquinonas – vitamina K. Vitaminas hidrossolúveis Essa classe de vitaminas nao apresenta moleculas de lipideos associadas a sua estrutura quimica, permitindo assim que sejam absorvidas, transportadas, diluidas e excretadas por via urinaria com maior facilidade. Sao vitaminas hidrossoluveis: • acido ascorbico – vitamina C; • complexo B: — vitamina B1 – tiamina; — vitamina B2 – riboflavina; — vitamina B3 – niacina; — biotina; — vitamina B6 – piridoxina; — acido pantotenico; — acido folico; — vitamina B12 – cianocobalamina. Funções biológicas de vitaminas A, complexo B, C e D Vitamina A ertence a classe das vitaminas lipossoluveis e e encontrada sob duas formas distintas: resinoides (tecido animal) e provitamina do tipo carotenos (tecidos vegetais). No homem, esse tipo de vitamina e encontrado em tres formas diferentes: acido retinoico, retinal e retinol. Dependendo da forma como e encontrada e ingerida por meio da dieta, a absorcao e o transporte acontecem de maneira diferenciada. Vitamina A e a visão A vitamina A em sua forma oxidada (retinal) tem relacao com a visao pois esta diretamente relacionada a formacao da rodopsina (purpura retiniana), que atua como receptor de luz de baixa intensidade. Em linhas gerais, pode-se dizer que a vitamina A participa do delicado processo de o olho humano detectar o claro e o escuro, interferindo em varias outras funcoes biologicas, como a secrecao do hormonio de crescimento que ocorre durante a noite. A vitamina A e outras funções O acido retinoico, uma vez dentro das celulas, e capaz de modular a expressao dos genes que estao relacionados a diferenciacao celular. Outra funcao atribuida a essa vitamina e a manutenção da integridade epitelial, sendo responsavel indireta pela producao e secrecao de muco. A carencia de vitamina A pode se manifestar com queratinizacao excessiva da pele, levando a uma alteracao de textura e funcionalidade, ja que a pele serve como barreira contra agentes externos e tambem como mecanismo de controle de temperatura, assim qualquer alteracao que interfira na integridade da pele, pode levar a uma serie de prejuizos diretos ou indiretos. Outra funcao atribuida a vitamina A e a participacao na sintese de esteroides que estao relacionados com o colesterol, os hormonios sexuais e a producao de cortisol (hormonio do estresse). Vitaminas do complexo B • Vitamina B1 (tiamina): é considerada uma coenzima das descarboxilases e transferases (pirofosfato de tiamina – TPP). Tambem atua como neuroprotetora. • Vitamina B2 (riboflavina): tambem considerada coenzima de varias enzimas na forma de flavina‑adenina-dinucleotideo (FAD) diretamente ligada ao metabolismo energetico. É transportadora de ions e hidrogenio e atua tambem no metabolismo dos carboidratos. • Vitamina B3 (niacina): tambem chamada acido nicotinico, e outro tipo de coenzima ativa biologicamentecomo nicotinamida adenina dinucleotideo (NAD). Sua forma fosforilada (nicotinamida adenina dinucleotideo fosfato – NADP) participa do metabolismo de carboidratos, lipideos e proteinas. • Biotina: coenzima de reacoes de carboxilacao, atua como transportadora de gas carbonico nos metabolismos de carboidratos, lipideos e proteinas. • Vitamina B6 (piridoxina): coenzima dos grupos das transaminases e descarboxilases sob as formas de PAL (piridoxal fosfato) e PAM (piridoxamina), esta relacionada diretamente no metabolismo proteico. • Vitamina B5 (ácido pantotênico): é considerada o principal componente da acetil-CoA, enzima indispensavel para o metabolismo energetico. • Ácido fólico: é transportador de radicais metil e formil na sintese de bases nitrogenadas e coenzima importante na sintese de aminoacidos como a glicina e a serina. • Vitamina B12 (cianocobalamina): é considerada uma coenzima de conversao atuando como facilitadora da acao do acido folico. Vitamina C Conhecida tambem como acido ascorbico, atua como coenzima das hidroxilases. Esta relacionada a sintese de colageno (estrutural), sendo assim ligada a qualidade de ossos, dentina, cartilagem e tecido conjuntivo. O metabolismo do ferro tambem e dependente da vitamina C, pois auxilia em sua absorção no intestino e na fixacao das proteinas plasmaticas para transporte de oxigenio. Em conjunto com a vitamina E e o β-caroteno (vitamina A) funcionam como agentes antioxidantes diminuindo a incidencia de radicais livres. Por fim, a vitamina C esta ligada a formacao de celulas de defesa do organismo (leucocitos). Vitamina D É ligada diretamente a manutencao dos niveis sericos de calcio e fosforo. Sabe- se que uma das principais funcoes da vitamina D é o auxilio na fixacao de calcio nos ossos e em todas as estruturas que dele necessitam, de forma que particulas de colesterol sao utilizadas para fabricar uma molecula denominada 7-de- hidrocolesterol, que, ao entrar em contato com os raios ultravioletas do tipo B (UVB) na epiderme, é transformada em pre-vitamina D. Esta é metabolizada no figado e, depois, nos rins, ate ser ativada em vitamina D e é somente na forma ativa (apos o contato com UVB) que a vitamina D é capaz de transportar e fixar o calcio nos ossos de forma geral. A ingestao excessiva de vitamina D pode levar a hipervitaminose D, que resulta na calcificacao de tecidos moles, nauseas, pressao alta, perda de apetite, insuficiência renal, fraqueza muscular e dores nas articulacoes. 2. FISIOPATOLOGIA DA OBESIDADE 2.1 Obesidade – aspectos gerais Atualmente a obesidade vem sendo considerada uma doenca caracterizada como um estado cronico inflamatorio sistemico de baixa intensidade. A inflamacao proveniente da obesidade é diretamente proporcional ao aumento do tamanho do adipocito, particularmente quando se trata da populacao de macrofagos evidenciada por um aumento na producao de citocinas pro-inflamatorias, de modo que esse quadro contribui para todas as comorbidades ligadas a obesidade, como diabetes tipo 2, hipertensao arterial sistemica, dislipidemias, aterosclerose e doencas cardiovasculares. O ponto de vista mais aceitavel atualmente pela comunidade cientifica indica que a obesidade e de fato um produto da interacao entre o ambiente (disponibilidade ou falta deste de determinados grupos alimentares), estilo de vida (associado diretamente a pratica de atividade fisica aerobica ou de hipertrofia muscular) e suscetibilidade genetica. Algumas abordagens iniciais sobre a hipotese da obesidade (como doenca de adultos) provem de estudos de que a doenca pode ter inicio no desenvolvimento intrauterino em maes com distúrbios metabolicos, estados de subnutricao, a propria obesidade gestacional e a diabetes pre-gestacao ou o diabetes gestacional. Essa hipotese e sustentada pelos ja conhecidos mecanismos moleculares responsaveis pela inducao de genes, cuja funcao e a programacao metabolica no inicio da vida, que sofrem acao da epigenetica por metilacao, alteracao na estrutura de histonas, remodelacao da cromatina e mudancas nao codificadas do RNA. 2.2 Regulação da ingestão de alimentos Brobeck (1946, p. 541-559) afirmou que o hipotalamo é a estrutura central reguladora da fome e da organizacao do comportamento da Alimentação. Peptídeos orexígenos e anorexígenos A compreensao atual sobre os diversos sistemas envolvidos na regulacao do apetite indica que no hipotalamo, existem dois grandes grupos de neuropeptideos orexigenos (estimulantes do apetite) e anorexigenos (inibidores do apetite). Os neurônios que expressam os neuropeptídeos interagem com cada um dos outros e com sinais periféricos (como a leptina, insulina, grelina e glicocorticoides), atuando na regulação do controle alimentar e do gasto energético. Ainda que seja possível identificar os locais hipotalâmicos envolvidos na regulação do apetite, a localização precisa dos receptores neurais para cada sinal orexigênico e anorexigênico ainda nao está determinada. A leptina, produzida no tecido adiposo branco, atua nos receptores expressos no hipotalamo para promover a sensacao de saciedade e regular o balanco energetico. A leptina atua no sistema nervoso central por meio de mediadores como o neuropeptídeo Y, o peptideo agouti (AgRP), o hormônio liberador de corticotropina (CRH), o hormonio estimulante dos melanócitos (MSH), a colecistocinina (CKK), entre outros. Em altas concentracoes sericas, a leptina nao consegue atuar devido à resistencia que acaba limitando seu efeito anorexico. 2.3 Índice de massa corporal (IMC), forma e composição corporal, e risco de doença Igual ou maior que 25kg/m² = sobrepeso Igual ou maior que 30kg/m² = obesidade Entre 30 a 34,9 = obesidade I Entre 35 a 39,9 = obesidade II Igual ou maior que 40 = obesidade III 2.4 Avaliação médica de pacientes com obesidade Seriam: sono, historia de ganho de peso, historico familiar de obesidade ou sobrepeso, habitos alimentares, pratica de atividade fisica, fatores culturais, historicos de tentativas de perda de peso, avalicao fisica basica, afericao da pressao arterial, glicemia e lipidograma de jejum. 2.5 Obesidade – conduta terapêutica 2.5.1 Hábitos alimentares saudáveis 1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentacao. 2. Utilizar oleos, gorduras, sal e acucar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparacoes culinarias. 3. Limitar o consumo de alimentos processados. 4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. 5. Comer com regularidade e atencao, em ambientes apropriados e, sempre que possivel, com companhia. 6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. 7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinarias. 8. Planejar o uso do tempo para dar a alimentacao o espaco que ela merece. 9. Dar preferencia, quando fora de casa, a locais que servem refeicoes feitas na hora. 10. Ser critico quanto a informacoes, orientacoes e mensagens sobre alimentacao veiculadas em propagandas comerciais. 2.5.2 Atividade física e qualidade de vida O gasto energetico diario e composto de tres componentes principais: - a taxa metabolica basal (TMB), que constitui de 60% a 75% do gasto energetico diario e esta associada a manutencao da maioria das funcoes corporais - o efeito termico alimentar (ETA), que corresponde ao aumento cumulativo do gasto energetico apos as refeicoes (digestao) e constitui aproximadamente 10% do gasto energetico diário. - efeito termico da atividade fisica (ETAF), que inclui o gasto energetico relativo ao trabalho fisico, a atividade muscular e ao exercicio fisico, sendo o componente com maior variacao nogasto energético diario e pode constituir de 15% a 30% dele. 2.5.3 Tratamento medicamentoso O objetivo do tratamento com medicamentos e a perda de 10% do peso corporal, de modo a diminuir as complicacoes da obesidade, como diabetes e hipertensao arterial. 2.5.4 Tratamento cirúrgico – a cirurgia bariátrica, tipo e aplicações Para que o individuo seja candidato a um procedimento cirurgico de controle do peso corporal, este deve preencher alguns criterios como: - IMC > 40 kg/m2 ou IMC > 35 kg/m2 - ter doencas associadas (como cardiovasculares e diabetes, por exemplo) - nao ter tido sucesso em todos os tipos de intervencoes conservadoras de perda de peso - ausencia de risco cirúrgico - ausencia de doencas endocrinas nao tratáveis - nao ter doenças psiquiatricas graves, incluindo vicios em drogas e alcool. A cirurgia bariatrica determina perda de peso de 20-35% do peso inicial apos uma media de 24 a 36 meses do procedimento, resultando em melhora geral e diminuicao das complicacoes da obesidade, como diabetes tipo 2 e cancer. Existem tres procedimentos basicos em cirurgia bariatrica e metabolica, que podem ser feitos por abordagem aberta, por videolaparoscopia, por robotica e, mais atualmente (ainda em protocolo de estudo), por procedimento endoscopico, teoricamente menos invasiva, mais confortavel ao paciente, mas cujo alcance de seus resultados ainda e incerto em perda de peso e em perfil de paciente. Os procedimentos sao didaticamente divididos e classificados em: • Restritivos: diminuem a quantidade de alimentos que o estomago e capaz de receber e induzem a sensacao de saciedade precoce. O resultado, no entanto, depende da colaboracao do paciente, pois alimentos liquidos podem ser ingeridos quase no mesmo volume de antes da operacao, e, se forem muito caloricos, irao atrapalhar ou ate impedir a perda de peso. Existem metodos, sendo os principais, a saber: cerclagem dentaria, balao intragástrico, gastroplastia vertical restritiva de Mason, banda gástrica ajustável por laparoscopia. • Disabsortivas: sao cirurgias que teoricamente alteram pouco o tamanho e a capacidade do estomago em receber alimentos, porem impactam em uma mudanca drastica na absorcao dos alimentos no intestino delgado, o que permite ao paciente comer, porem atrapalham a absorção dos nutrientes e, com isso, levam o obeso ao emagrecimento. Sao, em geral, bem-sucedidas quanto ao emagrecimento, que pode chegar a 50% do peso original, porem necessitam de controle mais rigido quanto a disturbios metabolicos de elementos minerais e vitaminas. Nao sao as operações de primeira escolha. Sempre ha uma indicacao especial para o seu emprego. Se os pacientes forem bem cuidados, terao boa evolucao. As operacoes que utilizam a tecnica disabsortiva sao aquelas conhecidas como “desvios do intestino”, pois desviam uma boa parte do curso dos alimentos. Entre as diversas opcoes, em geral, uma delas e a que deixa varios metros de intestino delgado sem utilizacao, como a derivacao jejuno-ileal e a biliopancreática. • Técnicas mistas: sao procedimentos que apresentam elevados indices de satisfacao, excelente controle das doencas associadas e excelente manutencao do peso perdido a longo prazo. São caracterizadas por causar restricao na capacidade de receber o alimento pelo estomago que esta diminuido e possui um desvio curto do intestino com discreta ma absorcao de alimentos. Conhecida como cirurgia de bypass gastrico ou cirurgia de Fobi-Capella, divide o estomago original em dois: uma porcao maior (grande) que fica fora do caminho dos alimentos e uma porcao menor (pequeno) que ingere por vez nao mais que 30 mL. Esse pequeno estomago é entao ligado ao intestino. Alem de limitar o volume do que entra, essa tecnica tambem limita a velocidade de esvaziamento do estomago, pois é aplicada uma banda de contencao, ou seja, uma pequena gravata restritiva por fora do coto gastrico. Atualmente, a tecnica mista tem sido considerada a melhor e por isso vem sendo a mais utilizada em todo o mundo. As tecnicas de Fobi e de Capella sao as mais utilizadas, sendo semelhantes entre si e guardando os mesmos principios. Bypass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em Y-de-Roux) A perda de peso apos o procedimento cirurgico alcanca em media 70% a 80% do excesso de peso inicial. Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estomago, que reduz o espaco para o alimento, e um desvio do intestino inicial, promovendo dessa forma o aumento de hormonios associados a sensação de saciedade e levando a uma diminuicao da fome. A associacao entre a menor ingestao de alimentos e o aumento da saciedade e o que leva ao emagrecimento, alem de controlar o diabetes e outras doencas, como a hipertensao arterial. Gastrectomia vertical É tambem conhecida como cirurgia de Sleeve ou gastrectomia em manga de camisa. Esse procedimento e considerado restritivo e metabolico e nele o estomago e transformado em um tubo, com capacidade de 80 mL a 100 mL. Essa intervencao tambem provoca uma boa perda de peso, comparavel a do bypass gastrico e maior que a proporcionada pela banda gastrica ajustável. Duodenal Switch Nessa cirurgia, 60% do estomago e retirado, porem a anatomia basica do orgao e sua fisiologia de esvaziamento sao mantidas. O desvio intestinal reduz a absorcao dos nutrientes, levando ao emagrecimento. Leva a perda de 75% a 85% do excesso de peso inicial. Banda gástrica ajustável Um anel de silicone inflavel e ajustavel e instalado ao redor do estomago, que aperta mais ou menos o orgao, tornando possivel controlar seu esvaziamento. É uma tecnica puramente restritiva e tem contra ela a presenca do anel, que é uma protese, podendo a qualquer momento apresentar problemas e complicacoes decorrentes de sua presenca na cavidade abdominal. A cirurgia bariatrica é contraindicada para pacientes sem tratamento clinico previo, existencia de doenças psiquiatricas ativas, como depressao maior e transtornos psicoticos, alcoolismo e/ou dependencia de drogas, doencas ameacadoras a vida no curto prazo, e pacientes incapazes de se cuidar sem apoio familiar ou social. 2.6 Síndrome de dumping A sindrome de dumping ocorre quando alimentos com grandes concentracoes de gordura e/ou acucares passam aceleradamente do estomago para o intestino em pacientes submetidos a cirurgias bariatricas, sobretudo em razao da alteracao anatomica do estomago gerada pelo processo cirurgico. A ingestao de alimentos ricos em gordura, do tipo oleos vegetais e carnes gordurosas, e de carboidratos, como doces, leite condensado, mel, chocolates, geleias e refrigerantes, ocasiona frequentemente o surgimento de sintomas, como cefaleia, taquicardia, sudorese, nauseas, fraqueza e diarreia. Esses sinais podem ser precoces (de 30 a 60 minutos apos a refeicao) ou tardios (de 1 a 3 horas apos a refeicao). 3. FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À OBESIDADE 3.1 Dislipidemia Os lipideos sao substancias de extrema importancia fisiologica pois sao considerados cofatores enzimaticos, agentes emulsificantes (bile), reserva energetica e elemento estrutural, como os lipídeos que compoem a membrana plasmática. Tais moleculas sao encontradas em niveis plasmaticos (lipemia) considerados normais, nos quais qualquer parametro fora dos intervalos de referencia recebem o nome de dislipidemia, considerada o principal fator de risco para doencas como aterosclerose e doencas cardiovasculares. As dislipidemias geralmente sao diferenciadas em dois grandes grupos: • Primarias – natureza genetica (dislipidemia familiar) – embora fatores ambientais como alimentacao e ausencia da pratica de atividade fisica possam aumentar o risco (hipercolesterolemia familiar). • Secundarias – derivadas de outras patologias
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