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Montes Claros/MG - Novembro/2015
Admilson Eustáquio Prates
Harlen Cardoso Divino
Letícia Aparecida Rocha
Ricardo Wilame Santana de Almeida
Psicologia da 
Religião
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Antônio Alvimar Souza 
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Jânio Marques Dias
EDITORA UNIMONTES
Conselho Consultivo
Adelica Aparecida Xavier
Alfredo Maurício Batista de Paula
Antônio Dimas Cardoso
Carlos Renato Theóphilo,
Casimiro Marques Balsa
Elton Dias Xavier
José Geraldo de Freitas Drumond
Laurindo Mékie Pereira
Otávio Soares Dulci
Marcos Esdras Leite
Marcos Flávio Silveira Vasconcelos Dângelo
Regina de Cássia Ferreira Ribeiro
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cristina Borges
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Gisléia de Cássia Oliveira
Káthia Silva Gomes
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Sanzio Mendonça Henriques
Wendell Brito Mineiro
CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Camila Pereira Guimarães
Joeli Teixeira Antunes
Magda Lima de Oliveira
Zilmar Santos Cardoso
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretora do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Mariléia de Souza
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Maria Generosa Ferreira Souto
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Alex Fabiano Correia Jardim
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Anete Marília Pereira
Chefe do Departamento de História/Unimontes
Claudia de Jesus Maia
Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
Cléa Márcia Pereira Câmara
Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
Káthia Silva Gomes
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
Carlos Caixeta de Queiroz
Ministro da Educação
Renato Janine Ribeiro
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
Jean Marc Georges Mutzig
Governador do Estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel 
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Vicente Gamarano
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
vice-Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Antônio Alvimar Souza 
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autores
Admilson Eustáquio Prates
Doutorando em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (PUC/SP). Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Especialista em Filosofia 
e Existência pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Especialista em Bioética pela 
Universidade Federal de Lavras. Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual 
de Montes Claros (Unimontes). Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e 
tecnologia de Goiás – Câmpus Formosa/GO. Professor no departamento de Filosofia 
da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes (2004-2014). Coordenador 
do Grupo de Extensão Filosofia na Sala de Aula – Pró-Reitoria de Extensão/Unimontes 
(2004-2014). Autor dos seguintes livros: Sala de Espelhos: inquietações filosóficas; 
e Exu, a esfera metamórfica (publicados pela Editora Unimontes); organizador dos 
seguintes livros: O fazer Filosófico; Filosofia: educação infantil ao ensino médio; e 
Temas e estratégias desenvolvidas em sala de aula, também publicados por Editora 
Unimontes.
Harlen Cardoso Divino 
Pós-Graduado em Ciência da Religião pela Faculdade de Educação e Tecnologia da 
Região Missioneira (FETREMIS). Pós-Graduado em Didática e Metodologia do Ensino 
Superior e Graduado em Ciências da Religião pela Universidade Estadual de Montes 
Claros (Unimontes). Graduando-se em Pedagogia pela Universidade de Uberaba 
(UNIUBE). Formação complementar em Docência e Tutoria para EAD pelo CEAD/
Unimontes. Professor Conteudista e Pesquisador na Universidade Aberta do Brasil 
atuando como Docente Formador do Departamento de Filosofia no Curso de Ciências 
da Religião UAB/Unimontes. Professor de Ensino Religioso na Secretaria Municipal 
de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Janaúba-MG (efetivo). Colaborador no 
Projeto de Inventário para fins de Salvaguarda e de Proteção do Patrimônio Cultural 
no Vale do Rio São Francisco – pelo Núcleo de História e Cultura Regional (NUHICRE/
Unimontes) e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais 
(IEPHA-MG). Egresso do Programa de Educação Tutorial em Ciências da Religião 
(PETCRE/Unimontes).
Letícia Aparecida Rocha
Especialista em Neuropsicologia Educacional e Ciências da Religião. Graduada em 
Ciências da Religião pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). 
Professora de Educação Religiosa na Educação Básica. Professora formadora e 
conteudista UAB/Unimontes.
Ricardo Wilame Santana de Almeida 
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) 
e em Ciências da Religião pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). 
Pós-Graduado em Didática e Metodologia do Ensino Superior (Unimontes). Pós-
Graduado em Ensino da Sociologia pelo Centro Universitário Campos de Andrade 
(UNIANDRADE) e Pós-Graduado em Ciências da Religião pela Faculdade de Educação 
e Tecnologia da Região Missioneira (FETREMIS). Atualmente Docente Formador 
do Departamento de Filosofia no Curso de Ciências da Religião pelo (CEAD - UAB/
Unimontes), e Professor de Sociologia, e Ensino Religioso na Secretaria de Educação 
de Minas Gerais. 
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Os Primórdios da Psicologia Científica e da Psicologia da Religião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 O Início da Psicologia Científica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
1.3 O Nascimento da Psicologia da Religião. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
1.4 Teorias Psicológicas de Freud e Jung . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .17
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
Aportes Teóricos da Psicologia: Experiência Religiosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Teorias Psicológicas sobre Experiência Religiosa: Abordagem de William James . . 23
2.3 A “Essência” da Experiência Religiosa de Karl Giergensohn: Abordagem 
“Introspeccionista” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
2.4 O Aspecto Intelectual da Experiência Religiosa, a Abordagem “Ideográfica” 
em Allport . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5 Abordagem de André Godin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.6 Clássicos: Estudos Psicológicos da Experiência Religiosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
2.7 Instituições de Ensino da Psicologia e seus Estudos sobre a Religiosidade no Brasil . .29
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Experiências Religiosas: Vertente Cultural e Psicológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
3.2 Transe, Êxtase e Possessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Psicologia e Religião: Fundamentalismo Religioso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Referências Básicas, Complementares e Suplementares . . . .43
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
9
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
Apresentação
Admilson Eustáquio Prates
Prezado(a)s acadêmico(a)s, este material de Psicologia da Religião tem como proposta ini-
cial compor o arsenal teórico acerca do fenômeno religioso. Nós sabemos que para estudar o 
fenômeno religioso é necessário entender a pisque humana e como essa categoria interfere e é 
influenciada pela cultura religiosa.
Dessa maneira, o material inicia-se apresentando a origem da Psicologia da Religião e al-
guns de seus teóricos clássicos, como Freud e Jung. Antes da exposição sobre a psicanálise e so-
bre a psicologia analítica, faz-se um sobrevoo em torno de Wilhelm Wundt, William James, Erich 
Fromm, Erik Erikson, Viktor Frankl.
Na sequência do material será discutida a categoria primordial que envolve o fenômeno re-
ligioso: a experiência religiosa. Esta, por sua vez, será refletida sobre a luz das teorias psicológicas 
referente a William James, Karl Giergensohn, Gordon Willard Allport e André Godin. Os teóricos 
serão apresentados de forma breve, mas sabemos que há muito o se que discutir sobre eles com 
relação às experiências religiosas. 
A próxima temática refere-se à dimensão do êxtase, transe, possessão. Para tanto, o autor 
discorre sobre o conceito de experiência religiosa e apresenta a diferença e as características de 
êxtase, transe, possessão. Nesse tópico do material é exposto também apontamentos sobre o 
fundamentalismo religioso, culpa e maturidade religiosa.
11
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
UniDADE 1 
Os Primórdios da Psicologia 
Científica e da Psicologia da 
Religião
Letícia Aparecida Rocha
1.1 Introdução
Prezado acadêmico, esta unidade tem como objetivo principal fornecer elementos concer-
nentes acerca do surgimento e desenvolvimento da Psicologia Científica e da Psicologia da Re-
ligião. O estudo sobre o surgimento da Psicologia Científica, apesar de não ser o nosso objetivo, 
será importante para a compreensão do nosso tema central, a Psicologia da Religião. Este estudo 
possibilitará a você ter um conhecimento da Psicologia da Religião, subdisciplina que compõe o 
arcabouço da Ciência da Religião. 
Façamos uma memória rápida do primeiro período do curso, em que estudaram a discipli-
na de Introdução à Ciência da Religião e puderam ver e discutir questões atinentes às origens, 
estatuto epistemológicos, objeto de estudo, as subdisciplinas que envolve essa ciência, entre ou-
tros assuntos que você recorda. É sabido que a Ciência da Religião tem como objeto de estudo o 
fenômeno religioso e suas várias facetas e representações, sobretudo no campo religioso brasi-
leiro, que é dinâmico e diverso. Essa ciência possui uma marca multidisciplinar no estudo desse 
fenômeno, devido a sua abrangência, amplitude e complexidade. Nessa perspectiva, a Ciência da 
Religião utiliza de outras ciências auxiliares que funcionam como lentes reveladoras no sentido 
de vislumbrar o fenômeno religioso e ampliar os horizontes, buscando a cientificidade necessária 
para afastar de convicções pessoais.
Iniciaremos nosso estudo evocando a definição de Psicologia Cientifica, uma vez que a Psi-
cologia da Religião é uma vertente dessa área do conhecimento. Munidos das considerações re-
ferentes à definição, origens, precursores e outras informações importantes sobre a Psicologia 
Científica, avançaremos no assunto propriamente dito deste estudo que é a Psicologia da Reli-
gião. Faremos as definições necessárias em torno do termo, falaremos em definição e não con-
ceito, uma vez que em Psicologia da Religião não se admite uma definição que seja definitiva 
para a religião. Também, conheceremos alguns autores e suas contribuições que são considera-
das importantes na construção desse campo do conhecimento. Para terminar a unidade, vere-
mos as teorias psicológicas de Sigmund Freud e Carl Gustav Jung, que foram e continuam sendo 
demasiadamente difundidas no mundo acadêmico. São as mais conhecidas e estudadas. Dessa 
forma, não podemos furtar nossa atenção desses dois teóricos. Sabemos que outros estudiosos 
também dedicaram seus estudos a essa área do conhecimento e com suas teorias deram uma 
contribuição ímpar ao estudo psicológico da religião, o que será trabalhado na Unidade 2. Por 
ora e momento, nos deteremos nestes já citados.
Assim entendidos, comecemos nosso itinerário em busca de compreensão dos principais 
aspectos, concernentes a essa subdisciplina que tem muito a nos dizer e a nos auxiliar na com-
preensão do fenômeno religioso nos diversos espaços da sociedade e, também, em meio aos 
educandos das escolas onde você atuará brevemente.
Bons estudos!
12
UAB/Unimontes - 5º Período
1.2 O Início da Psicologia Científica
Até o século XIX, a psicologia estava atrelada a ciência milenar da sabedoria, conhecida 
como filosofia, considerada uma ciência mãe, visto que se encontra como sustentáculo de to-
das as áreas do conhecimento, inclusive da psicologia. Vale lembrar que o mesmo ocorreu com a 
Ciência da Religião, antes de ser reconhecida como uma disciplina autônoma e acadêmica, tam-
bém esteve sob o aparato da filosofia e ainda, da teologia, conquistando autonomia na segunda 
metadedo século XIX. Faremos um breve retrospecto acerca dessa relação que se estabeleceu 
entre filosofia e psicologia. Acompanhemos!
A psicologia é uma ciência milenar, porém, esteve como serva da filosofia durante todos es-
ses períodos, sem força e autonomia. Aparece como tema da filosofia, por isso, nesse momento, 
torna-se importante um olhar mesmo que breve sobre a filosofia como primeira forma de desen-
volvimento do pensamento humano de forma racional, e raiz da psicologia. 
Os primeiros filósofos gregos, conforme veremos abaixo, envidavam esforços no sentido 
de compreender e sistematizar o pensamento acerca da pessoa humana. Para esses filósofos, 
o ser humano possuía algo além de um corpo com carne e ossos. Dessa forma, dedicavam-se 
ao estudo da alma, considerando que o ser humano era dotado de alma segundo os primeiros 
pensamentos da psicologia acerca do ser humano. Parece-nos interessante oferecer o significa-
do genuíno da palavra psicologia, para fazer uma breve e necessária digressão pela mitologia. 
O pensamento mítico perpassou e dominou o universo humano durante vários séculos (X a VII 
a.C.). O pensamento mítico foi utilizado para explicar as relações entre os seres humanos na so-
ciedade, a causa e a razão de existência das coisas, as origens de determinados fatos da natureza 
e outras ações que as pessoas não alcançavam resposta. Os mitos são formas de explicar e enten-
der as realidades e, por meio deles, muitas situações foram elucidadas e muitas gerações apren-
deram dessa forma. Queremos com essa explanação afirmar que a palavra psicologia emana da 
mitologia grega. Os autores Bock, Furtado e Teixeira salientam: 
O termo psicologia vem do grego PSYCHÉ, que significa alma, e de logos, que 
significa razão. A alma ou espírito era concebida como a parte imaterial do ser 
humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor, ódio, a irracionali-
dade, o desejo, a sensação e a percepção. O termo alma foi alvo de inúmeras dis-
cussões entre as pessoas uma vez que, queriam entender a função e a natureza 
deste elemento (BOCK; FURTADO E TEIXEIRA, 2008, p.33).
Nessa perspectiva, o significado de alma vai permear o pensamento dos pré-socráticos Ta-
les de Mileto, Pitágoras, Heráclito, Parmênides, que são conhecidos assim por precederem o 
filósofo Sócrates. Esses pensadores concebiam a alma como parte da realidade universal, uma 
abordagem racional, ou seja, que parte da razão. Seguindo esse raciocínio, a alma universal e 
a alma humana existem juntas numa relação intrínseca. Com esses pensadores adentramos na 
esfera da subjetividade humana, no sentido de voltar para o interior e entendimento da alma 
humana. O filósofo Sócrates avançou nessa discussão com entendimento de que o ser humano 
difere dos animais, ou seja, os humanos são dotados de razão e essa característica os distingue. 
Nesse sentido, Sócrates inaugura um caminho de teorização da consciência (BOCK; FURTADO E 
TEIXEIRA, 2008). 
Em Platão, o pensamento acerca da alma alcançou outras definições. Seu pensamento dife-
riu dos pré-socráticos e buscou avançar o pensamento de seu mestre Sócrates. Sua teoria inovou 
a forma de pensar tal questão e perdurou por longos anos, adentrou o pensamento cristão da 
Idade Média, influenciando os pensadores desse período. Esse filósofo divide o ser humano em 
corpo e alma. A alma é dotada de supremacia e domínio, é soberana ao corpo, assim, a alma car-
rega em si o verdadeiro conhecimento. Para Aristóteles, essas duas realidades não poderiam ser 
separadas, estariam justapostas. A alma pertence ao corpo, assim como o corpo pertence à alma. 
Na Idade Média, período de domínio e predomínio do cristianismo, surgem inúmeras correntes 
filosóficas com ideias diversas, cada uma delas contribuiu sobremaneira para fomentar a discus-
são acerca da alma. Mas foram as figuras de Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino que se 
destacaram nessa discussão. Santo Agostinho, como exímio cristão, acreditava que a alma está 
acima do corpo e de qualquer bem material, da ciência, da moral e também da razão, é a fonte 
primeira de sentido. Numa outra linha de pensamento, Santo Tomás de Aquino defendia que a 
alma é única e imortal e tende a voltar para Deus.
13
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
Caros acadêmicos, após falarmos do pensamento defendido na Idade Média sobre a alma, 
daremos um salto e passaremos para o Renascimento e a Idade Moderna. No Renascimento, 
dá-se um processo de valorização do ser humano, que passa a ser o centro do saber. Nesse 
momento surge o filosofo René Descartes que em muito contribuiu para o progresso da psico-
logia. Este rompe com as lógicas teológicas até então estabelecidas e alimentadas pelas esfe-
ras cristãs. Ele propõe a separação da mente (alma-espírito) e corpo. Ou seja, a parte pensante 
corresponde à alma. O corpo corresponde à biologia, a matéria. A parte de Deus corresponde 
à teologia. No pensamento de Descartes encontra-se a valorização da razão como fruto da mo-
dernidade. Nesse período, surge a figura de Auguste Comte, que inicia uma corrente filosófica 
intitulada positivismo, que busca ter um olhar sobre a pessoa partindo do impessoal, da in-
dividualidade. O positivismo acredita que o conhecimento está fora do ser humano. Utiliza o 
fato, o argumento para responder às questões. Esse pensamento influencia todas as formas de 
conhecimento a partir do século XIX. O conhecimento psicológico é fortemente influenciado 
pelo positivismo.
Depois dessa breve incursão pela filosofia, a 
fim de conhecermos os primórdios da ciência psi-
cológica, vamos agora entender o processo de re-
conhecimento da psicologia como ciência. 
A psicologia foi reconhecida como um cam-
po do conhecimento científico, na Alemanha no 
final do século XIX, na cidade Leipzig, com a fi-
gura de Wilhelm Wundt (1830-1920), que criou o 
primeiro laboratório de psicologia, em que se for-
maram um grande número de psicólogos. Com a 
criação desse espaço, a psicologia começa a au-
ferir autonomia, é o momento em que conquista 
seu status de ciência à medida que se afasta da 
filosofia e assume métodos próprios mais próxi-
mos à medicina. Assume seu objeto de estudo, 
nesse caso, o comportamento humano como 
objeto de análise. Com o status de ciência na Ale-
manha, logo ela se expande por outras partes e 
chega aos Estados Unidos. E é nesse país que 
essa ciência encontra berço fértil e os estudos 
avançam.
Nesse período surgem as primeiras correntes teóricas da psicologia que deram origem a 
inúmeras teorias que hoje existem nessa área (BOCK; FURTADO E TEIXEIRA, 2008). 
Vejamos as primeiras abordagens da psicologia:
•	 Funcionalismo – essa teoria foi desenvolvida pelo americano William James, como veremos 
à frente, teórico importante no estudo e no desenvolvimento da psicologia religião. Consi-
derada a primeira das abordagens psicológicas, consiste em entender o que faz o ser huma-
no e o porquê o faz. O principio dessa teoria é conhecer o funcionamento do organismo e 
como se adapta ao meio onde está. A atenção e preocupação dessa abordagem centra-se 
na consciência e, a partir dela, busca compreender o funcionamento no espaço em que se 
encontra.
•	 Estruturalismo - o funcionalismo e o estruturalismo buscam compreender o consciente do 
ser humano. Essa abordagem foi iniciada por Wilhelm Wundt, mas foi Titchener quem utili-
zou o termo estruturalismo pela primeira vez e o diferenciou do funcionalismo. Os estrutu-
ralistas se concentraram em estudar as estruturas elementares da consciência. Em outras pa-
lavras, o ser humano é entendido como que constituído por estruturas, isto é, inteligência, 
percepção e raciocínio. 
•	 Associacionismo - um dos expoentes dessa teoria é Edward L. Thorndike. Essa abordagem 
difere das anteriores no sentido de ser a primeira teoria sobre a psicologia da aprendizagem. 
Para Bock, Furtado e Teixeira (2008, p.42),“o termo associacionismo origina-se da concepção 
de que a aprendizagem se dá por um processo de associação de ideias”. Acredita-se que a 
pessoa aprende a partir das ideias mais simples as mais complexas.
Após, essa análise perguntamos a você: qual o objeto de estudo da psicologia? 
Se você pensou no ser humano, no seu comportamento, na sua psique, na sua consciência, 
concordamos com você, estamos falando na subjetividade da pessoa humana.
GLoSSáRio
Positivismo: Corrente 
filosófica criada pelo 
francês Auguste Comte 
que sustenta a ideia de 
unidade de todas as 
ciências e a aplicação da 
abordagem cientifica na 
realidade social huma-
na. Ou seja, toda ciência 
deve ser observável, 
poder ser verificada 
pela experiência. (GOL-
DENBERG, 2004)
◄ Figura 1: Foto de 
Wilhelm Wundt. 
Fonte: Blog Janet Lynn. 
Disponível em <http://
planetjanetlynn.blogspot.
com.br/2011/02/steer-clear
-of-religion-and-politics.
html>. Acesso em 03 mai. 
2015.
14
UAB/Unimontes - 5º Período
Em outras palavras, a psicologia carrega em si o status de ciência que estuda a subjetividade 
humana. Nesse sentido, essa ciência se interessa por estudar e conhecer a realidade introspectiva 
da pessoa e sua relação com o meio. Essa afirmação nos induz a pensar na religião como reali-
dade inerente ao ser humano, por isso a psicologia desde os inícios possui uma inclinação por 
investigar a experiência religiosa. Conforme aponta-nos Rodrigues e Gomes:
Já nos primórdios, a Psicologia encontra interesse no comportamento religioso, 
considerando-o decorrente dos sentimentos humanos. Wundt vê o comporta-
mento religioso destituído de aspectos intelectuais, mas carregado de conteúdo 
afetivo (RODRIGUES; GOMES, 2013, p.336).
De posse e conhecimento desses dados concernentes, as origens da psicologia científica, 
convido você, acadêmico, a continuarmos nosso estudo, e conhecer a Psicologia da Religião. 
Acompanhemos!
1.3 O Nascimento da Psicologia 
da Religião
Acima vimos que o precursor da psicologia científica Wilhelm Wundt teve uma participação 
importante na constituição da Psicologia da Religião. Nos estudos realizados em seu laboratório, 
ele não se dedicou à análise da experiência religiosa propriamente dita, mas a maneira como ele 
pensou e vislumbrou o comportamento do ser humano favoreceu o estudo psicológico da reli-
gião. Ávila (2007, p.22) menciona que, “para Wundt, a religião tem sua origem em processos emo-
cionais, principalmente o medo”. Por isso, o elemento afetivo no entendimento de nosso autor se 
faz importante no reconhecimento e no estudo da experiência religiosa das pessoas. A afirmação 
de que o medo é a origem da religião nos leva a entender que a experiência religiosa atravessa 
diversas etapas até alcançar um nível de compreensão e de maturidade por parte dos seres hu-
manos. É importante apresentar a definição de religião defendida por nosso autor Wundt, con-
forme nos apresenta Filoramo e Prandi (1999, p.159): “religiões são em sua gênese, como repre-
sentações fantásticas projetivas, ligadas a reações psicológicas diante do ambiente externo”. Para 
ele, as religiões não estão no nível do intelecto, mas do sentimento, por isso o comportamento 
religioso despertou interesse em seus estudos. Seu empenho em entender o comportamento 
religioso foi decisivo para instaurar os primeiros estudos da Psicologia da Religião. Seu método 
com base na Psicologia Científica com seus experimentos mensuráveis foi fundamental para que 
estudiosos da área da Psicologia da Religião empregassem no estudo do comportamento e da 
experiência religiosa os mesmos métodos utilizados por esse autor. Vale destacar nessa discus-
são que nos estudos da Psicologia da Religião encontram-se todas as tendências que existem na 
ciência psicológica, criadas por diversos estudiosos em todos os tempos. Cada uma tem sua fun-
ção em determinados casos e aspectos tratados.
Dito isso, vamos definir e conhecer o objeto de estudo da Psicologia da Religião, que é uma 
área de conhecimento da Ciência da Religião e também da Psicologia Científica, conforme vimos 
acima. A Psicologia da Religião carrega em si a interdisciplinaridade, uma vez que busca auxílio 
de outras ciências, como a filosofia, a sociologia e a teologia para compreender o objeto a qual 
se dedica. Ela destina-se a apreender a experiência religiosa dos adeptos das tradições religiosas 
e o que advêm dessa experiência. Também, podemos dizer que é a aplicação da ciência psicoló-
gica ao estudo do fenômeno religioso. Vejamos uma definição e a descrição do objeto de estudo 
da Psicologia da Religião proposto por Rodrigues e Gomes:
A Psicologia da Religião é o estudo do comportamento religioso pela aplicação 
dos métodos e teorias dessa ciência a este fenômeno, quer pelo aspecto social, 
quer pelo aspecto individual. Nesse sentido, seu objeto de estudo não se refere 
à prova da existência ou inexistência de um ser ou de seres supramundanos nos 
quais se crê, nem se trata da defesa ou crítica de alguma religião ou expressão re-
ligiosa específica; antes, é o estudo científico, descritivo e objetivo, do fenômeno 
religioso no que se refere ao comportamento humano – por excelência, o objeto 
e trabalho da psicologia (RODRIGUES; GOMES, 2013, p.333).
15
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
Em suma, a Psicologia da Religião funciona como uma lente reveladora no sentido de anali-
sar o comportamento e a conduta religiosa em todos os níveis e aspectos possíveis, como forma 
de entender a experiência religiosa das pessoas inseridas no meio religioso. Chamo a atenção de 
vocês para o objeto de estudo da Psicologia da Religião: o comportamento religioso ou tudo o 
que envolve tal conduta é tema de estudo desta área do conhecimento. Também não tem como 
parâmetro um “deus ou deuses”, ou ainda a ausência desses seres no substrato das tradições reli-
giosas. Os autores afirmam que é um estudo científico do fenômeno religioso, ou seja, é um estu-
do destituído do componente religioso, e a área do conhecimento do universo científico da Ciên-
cia da Religião trabalha com a mesma neutralidade. Embora a Psicologia da Religião tenha surgido 
no mesmo período em que surgiu a Psicologia Científica, a primeira não possui a mesma relevân-
cia e reconhecimento nas academias, devido ao seu objeto ser a experiência religiosa. Também se 
aponta como um complicador a variedade de referencial teórico e métodos utilizados que advêm 
da própria Psicologia Científica. Esses são alguns fatos 
que impedem o seu total reconhecimento. 
Uma vez definido e esclarecido o objeto de estu-
do da Psicologia da Religião e também de conhecer 
os seus desafios como “ciência jovem”, seguiremos 
nossa discussão conhecendo outros aspectos da 
ciência psicológica da religião.
Willian James (1842-1910), psicólogo, filósofo e 
professor, foi uma figura ímpar nos estudos da Psico-
logia da Religião e é considerado um dos seus clás-
sicos autores. Veremos brevemente alguns aspectos 
sobre seu trabalho, pois teremos oportunidade de ver 
com mais detalhes na próxima unidade, que versará 
sobre os teóricos. 
Para James, a experiência religiosa antecede a 
crença em determinado ser superior e encontra-se 
no nível dos afetos. Ávila (2007, p.27) afirma que “no 
pensamento de James há uma redução da religião ao 
exclusivamente individual”. As emoções, os sentimen-
tos e os afetos possuiriam maior importância do que a crença no pensamento desse autor. Esta 
tendência de estudar apenas a dimensão individual da pessoa humana se deve a sua própria ex-
periência religiosa que Ávila (2007, p.25) define como pessoa “um homem inquieto e instável, de 
uma personalidade complexa, com tendências depressivas, o que se reflete em seus estudos”. W. 
James é adepto da corrente filosófica surgida nos finais do século XIX, nos Estados Unidos, deno-
minada pragmatismo. Nesse sentido, assinala Hock:James é considerado um representante do pragmatismo religioso, o que tinha 
uma influência decisiva sobre o seu conceito psicológico-religioso: segundo ele, 
a pessoa humana procura insistentemente uma atuação que promova sua vida, 
e esse fenômeno encontra sua expressão também no meio de processos psico-
lógicos inconscientes ou pré-conscientes. Segundo James, a religião está sempre 
configurada na vida individual e, nesse sentido, é também apenas a religião do 
individuo, a religião subjetiva, “pessoal”, que pode se tornar objeto da Psicologia 
da Religião (HOCK, 2010, p.164).
Assim, ele emprega esse método no estudo da religião. Reiteramos que a experiência reli-
giosa para James está no âmbito restrito da subjetividade, em seu pensamento não coexiste a 
ideia de que a religião possui uma dimensão coletiva.
Esse método foi utilizado por James em sua célebre obra As variedades da experiência re-
ligiosa, publicado em 1902. James analisou a experiência religiosa vivida por ele e por outras 
pessoas religiosas. Ele presume que essa experiência pode ser benéfica ou patológica, tudo de-
pende do nível psicológico do indivíduo em questão. Dados autobiográficos de pessoas cren-
tes que, tiveram grandes experiências no âmbito religioso serviram de método para compor seu 
pensamento nessa obra. Tornou-se uma obra de referência no estudo da Psicologia da Religião.
Prezados acadêmicos, W. James é apenas um dos inúmeros nomes que construíram a histó-
ria dessa Psicologia. Ainda encontra-se em construção essa ciência, muitas foram as teorias cons-
truídas, no intuito de analisar o comportamento religioso das pessoas. 
Vamos conhecer outros três pensadores contemporâneos que concederam ímpar contribui-
ção aos estudos da Psicologia da Religião e que não podemos nos furtar de uma breve análise.
◄ Figura 2: Foto de 
William James 
Fonte: Disponível em 
<http://www.en.wikipedia.
org>. Acesso em 11 mai. 
2015.
16
UAB/Unimontes - 5º Período
O alemão Erich Fromm (1900-1980) pertence a uma família judaica. Essa tradição religiosa 
muito influenciou o seu pensamento. Ele estudou sociologia e psicanálise, e foi um dos psicana-
listas que mais se preocupou em entender a natureza humana. Essa preocupação encontra-se 
explícita em sua vasta obra, e aqui citamos algumas: O medo e a liberdade (1941), Ética e Psi-
canálise (1947), Psicanálise e Religião (1950), A arte de amar (1957). Seu pensamento e estudos 
estão em sintonia com os de Freud, e alguns estudiosos dizem que Fromm faz uma releitura do 
pensamento de Freud, porém difere desse autor, pois, no que concerne a religião, seu pensamen-
to está imbuído de uma espiritualidade religiosa. A religião para Fromm, segundo nos aponta 
Ávila (2007, p.59), é um “sistema de pensamento e ação, seja qual for, compartilhado por um gru-
po que dá ao indivíduo uma orientação e um objeto de devoção”. Assim, Fromm concebia a reli-
gião como um sistema portador de sentido e referência para as pessoas.
Erik Erikson (1902-1994) era também alemão. Estuda as fases da teoria psicanalítica para a 
formação da personalidade do ser humano. É considerado um dos grandes psicanalistas dos últi-
mos tempos. Em certa medida, poder ser chamado de psicanalista freudiano, pois evoca muitas 
das ideias e pensamentos desse autor, embora divergindo em alguns pontos. Em seu pensamen-
to, a vida é entendida como algo dinâmico. Assim, dedica-se de especial forma a analisar a dinâ-
mica da adolescência. Ele possui diversos artigos e livros sobre essa temática. O livro Infância e 
Sociedade (1982) é uma de suas obras mais conhecida e difundida, em que aborda extensamente 
a dinâmica vivida pelo ser humano, e ainda sinaliza para os oito estágios do desenvolvimento 
humano. Sobre a religião possui uma atitude crítica, advinda da psicanálise, porém, difere-se de 
Freud. Vejamos o que nos diz Ávila:
Aceita que a fé religiosa dos indivíduos é vulnerável a distorções patológicas e 
que as religiões aproveitaram-se da fragilidade humana e geraram intolerância, 
mas admite também, que em sua forma positiva e ativa é vital para a obtenção 
do amadurecimento humano (ÁVILA, 2007, p.63).
Viktor Frankl (1905-1997), austríaco, médico psiquiatria e judeu foi alguém que viveu as 
atrocidades dos campos de concentração nazista, durante a Segunda Guerra Mundial e isto o 
marcou profundamente, auferiu um modo de olhar a vida, o ser humano e também a religião. 
Nesses campos perdeu sua mãe, pai, um irmão e outros familiares. Ele mesmo experimentou na 
carne esse fato, por longos anos, foi prisioneiro e sofreu diversas privações. Os campos de con-
centração nazista foram espaços de não reconhecimento do humano como verdadeiramente 
humano. Frankl saiu do campo de extermínio cheio de rancor e amargura, porém, não perdeu o 
encanto e a esperança pela vida. Talvez inspirado por essa experiência limite, Frankl cria um mé-
todo de terapia chamado Logoterapia, que tem suas bases em elementos espirituais, se relaciona 
com a religião, uma vez que seu fundador a imbuiu de espiritualidade. Assim, tentou extinguir o 
abismo entre religião e ciência. Acompanhemos a definição de Logoterapia dado pelo próprio 
Viktor Frankl:
Uma tradução literal do termo “logoterapia” é “terapia através do sentido”. Na-
turalmente poderia ser traduzido também como “cura através do significado”, 
mas isso implicaria num tom religioso alto demais que não está necessariamente 
presente na logoterapia. Em todo caso, a logoterapia é uma (psico) terapia no 
sentido (FRANKL, 2005, p. 13).
Depreendemos que a logoterapia é a terapia do sentido, sentido da vida, é a busca pelo en-
tendimento dos “porquês”, relacionados à existência humana. Uma realidade subjetiva que não 
depende de um meio cultural. Nesse sentido, essa terapia está intrinsecamente relacionada com 
a filosofia e, por sua vez, com a teologia, pois com um olhar mais apurado percebemos que am-
bos se interessam em dar respostas à natureza humana.
É possível fazermos aqui uma comparação entre o pensamento de Frankl e de seu predeces-
sor Freud. Ambos fazem parte do círculo de estudos de Viena e buscavam compreender o sur-
gimento e a cura para neuroses. Mas cada um possuía uma visão distinta. Para Freud, a origem 
destas encontra-se nas desordens e desarmonias dos seres humanos, são causadas por ações in-
conscientes. Em contrapartida, Frankl encontra a origem das neuroses na inaptidão de encontrar 
o sentido da vida.
Citaremos abaixo, algumas das teorias mais recentes no estudo da Psicologia da Religião. 
Depois, analisaremos as teorias de Freud e Jung. Baseado nos escritos do psicólogo Geraldo Pai-
va (2013), apontaremos algumas teorias contemporâneas com o propósito de conhecer as ten-
dências futuras no campo da Psicologia da Religião.
17
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
BOX 1
Teorias contemporâneas da Psicologia da Religião
Psicologia narrativa: entende a vida psíquica como uma construção e reconstrução dos 
episódios vividos dentro de uma trama, em geral com começo, meio e fim. O sentido, que a 
maioria das pessoas procura para seu passado, para o presente e para o seu futuro encontra-
se na perspectiva dessa psicologia, muito mais no encadeamento de suas experiências do que 
numa relação de resposta a estímulos ou na expressão de impulsos em conflito. A narração 
supõe, o mais das vezes, um ouvinte.
Teoria da atribuição de causalidade: lida principalmente com uma especial forma de 
unidade cognitiva, a saber, a que estabelece unidade entre os disparatados fenômenos da 
percepção, graças à relação de causa e efeito. Os acontecimentos físicos e humanos, com efei-
to, ocorrem numa profusão tal que, não fosse a espécie dotada de filtros perceptivos, o mun-
do humano e físico seria vivido como um caos.
Teoria das representações sociais: proposta por Serge Moscovici, visa entender os va-
lores, ideias e práticas que orientam as pessoasem seu mundo material e social, e lhes possi-
bilitam controlar esse mundo e comunicarem-se umas com as outras, por meio de um código 
de nomeação e classificação dos vários aspectos desse mundo e de sua própria história indivi-
dual e grupal. É uma teoria psicossocial e não sociológica.
Psicologia cultural da religião: é uma proposta recente para o estudo psicológico da re-
ligião como fenômeno cultural. Como em qualquer ciência, uma proposta recente enraíza em 
posições teóricas mais antigas. O destacado proponente contemporâneo dessa perspectiva é 
Jacob Belzan, da Universidade de Amsterdam.
Fonte: PAIVA, Geraldo Jose de. Teorias contemporâneas da Psicologia da Religião. In: PASSOS, João Décio; USARSKI, 
Frank. Compêndio de Ciência da Religião. São Paulo: Paulinas, 2013.
É importante levar em consideração que as tendências recentes se entrelaçam e se interli-
gam com as mais antigas, coexistem juntas, por isso se faz necessário um olhar nas teorias atuais, 
mas também nas outras teorias clássicas. Após conhecermos algumas tendências contemporâ-
neas e com vistas ao futuro da ciência Psicológica da Religião, vamos avançar e conhecer nessa 
última parte da unidade o legado de dois grandes teóricos do estudo da Psicologia da Religião, 
que são: Sigmund Freud e Carl Gustav Jung.
1.4 Teorias Psicológicas de Freud 
e Jung
Para entrarmos nas teorias de Freud e Jung, faremos uma breve incursão pela Psicologia Pro-
funda, corrente de estudos de onde advêm os dois autores. Os estudos da Psicologia da Religião 
receberam uma grande influência e contribuição dessa vertente, intrinsecamente ligada às inves-
tigações no campo da psicanálise (é a ciência que visa ao estudo do inconsciente, e seu objeto de 
estudo é o inconsciente). A psicanálise é ao mesmo tempo um modo particular de tratamento do 
desequilíbrio mental e uma teoria psicológica que se ocupa dos processos mentais inconscientes. 
Freud é o seu fundador e idealizador. Voltemos à compreensão da psicologia profunda.
A Psicologia Profunda, conforme nos apresenta Ávila (2007, p.31), “defende a existência de 
uma dimensão inconsciente na personalidade, à qual se dá um papel primordial em sua dinâmi-
ca”. Com essa afirmação deduzimos que a Psicologia Profunda lança um olhar às realidades ditas 
inconscientes, ou seja, alheias a consciência, por exemplo: repressão, sexualidade, complexos e 
outros. Os estudos empreendidos por essa psicologia foram de fundamental importância para 
fomentar e alavancar a Psicologia da Religião, uma vez que as abordagens sobre religião e com-
portamento religioso se faziam necessárias pelo enfoque psicológico. 
Sigmund Freud (1856-1939) nasceu na cidade católica de Friburgo, na Morávia-Tchecoslo-
váquia. Havia oito irmãos, sendo ele o mais velho. Casou-se com Martha Bernays e tiveram seis 
filhos, a última chamada Ana Freud, que se tornou uma grande psicanalista, seguiu os passos do 
18
UAB/Unimontes - 5º Período
pai. Freud foi descendente de judeus, portanto, recebeu instruções e ensinamentos sobre essa 
tradição religiosa. Embora, conhecido por seu ateísmo e renúncia ao elemento religioso em sua 
vida, recebeu ensinamentos cristãos e judeus. Graduou-se em medicina e, logo, demonstrou in-
teresse pelo campo da psicologia, também transitou pela neuropatologia. Todas essas possibi-
lidades e experiências conduziram nosso autor a imiscuir no terreno das neuroses (doença que 
apresenta variações psíquicas na pessoa, como: depressão, ansiedade, fobias), buscou não so-
mente remediar, mas buscar as causas que geram essas doenças. Assim, começa a desenvolver a 
psicanálise. Os estudos empreendidos por Freud foram de fundamental importância para dar no-
vos direcionamentos às concepções acerca da sexualidade humana. Sigmund Freud considerava 
a sexualidade como base da vida psíquica, sendo assim, defende a sexualidade de forma ampla, 
não restrita sexo/genital. Freud retira a sexualidade do campo restrito genital para ser parte inte-
grante dos afetos e desafetos humanos, numa perspectiva mais ampla da pessoa.
Freudianamente falando, há libido (conceito aplicado por Freud para designar a sensação 
de prazer) em qualquer atividade praticada pelo ser humano, para além do desejo sexual, como 
dar aula, correr, dançar, bater papo, em um trabalho braçal, etc.
Essa teoria possibilitou, academicamente, uma ampla visão concernente à sexualidade hu-
mana. Assim, a teoria freudiana contribuiu para desmistificar esse imenso continente chamado 
sexualidade humana, auferiu novos significados às relações humanas, transformou a maneira de 
ver e conceber o termo em sociedade. A revolução sexual desencadeada em meados do século 
XX é atribuída aos estudos freudianos.
Seguiremos a partir de agora o pensamento de Freud atinente à religião e sua contribuição 
no campo da Psicologia da Religião. O assunto religião foi algo que permeou a vida de nosso au-
tor, conforme sinalizamos acima. Nesse sentido, escreveu várias obras sobre o tema e cada uma 
delas aborda determinados aspectos da religião. Citaremos as principais obras: a primeira – TO-
TEM E TABU – é considerada uma das suas maiores obras e trata da origem da religião, como o 
ser humano vê e desvela o universo, e também, o caráter coletivo da culpa que gera a religião 
segundo a visão freudiana. A segunda – O FUTURO DE UMA ILUSÃO – aborda a função da reli-
gião na vida do ser humano. Freud define-a como ilusão, no sentido de oferecer a pessoa conforto 
diante dos infortúnios provocados pela natureza humana e a vida social. A terceira – O MAL-ESTAR 
NA CIVILIZAÇÃO – e a anterior são consideradas obras de cunho sociológico, pois Freud analisa a 
religião tendo em vista a vida das pessoas na sociedade. Nessa obra, traça a origem e a função da 
religião na cultura atual e os impactos que ela causa sobre a vida humana. A quarta – MOISÉS E O 
MONOTEÍSMO – foi a última que escreveu antes de morrer e retoma as ideias já escritas em Totem 
e Tabu. As origens da religião, no entanto, buscam uma análise a partir do judaísmo e, após, no 
cristianismo. A temática da religião vista como uma neurose permeia esses quatro livros de Freud.
No pensamento de Freud, a religião é uma neurose universal, ou seja, de toda a humanida-
de. Essa tese é o fio condutor de todo o seu pensamento e não se afasta do mesmo. Mas vejamos 
em que consiste a neurose. Podemos definir a neurose como um conflito interior de um indiví-
duo, que remete ao recalque. O recalque em Freud conforme, apontado por Palmer:
 
É um mecanismo por meio do qual a mente impede que a experiência traumática 
passada ou as emoções a ela associadas passem do inconsciente à consciência. 
Nesse sentido, o recalque é uma espécie de esquecimento, um tipo de guardião 
ou de censor que posta diante da porta da consciência, impedindo a entrada 
na memória das reminiscências que julga dolorosas ou vergonhosas (PALMER, 
2001, p.28).
Outro ponto de fundamental importância no pensamento de Freud e que está em conso-
nância com o que expomos até o presente momento é a ideia de inconsciente. Recorremos uma 
vez mais a Palmer (2001) para definir esse termo empregado por Freud. 
Para Freud, o inconsciente é, por assim dizer, a parte inferior da consciência: é o 
campo extensivo e dinâmico da vida mental no qual estão as ideias e lembranças 
censuradas na mente consciente por meio dos fortes mecanismos do recalque 
(PALMER, 2001, p.125).
Em Freud, essa realidade é algo que remonta a hereditariedade e depende da experiência 
da pessoa. Esse ponto, ou seja, o inconsciente foi o aspecto que gerou a ruptura entre Freud e 
Jung, conforme veremos posteriormente ao falar sobre a teoria de Jung. Para entendermos as 
questões que foram lançadas se faz necessário, também, um olhar sobre a lenda Complexo de 
Édipo (lenda grega do rei Édipo, este matou seu pai e casou-se com sua mãe), que consiste na 
relação entre a ideia de libido no contato entrea criança e seus pais. Veja a lenda no box abaixo:
19
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
BOX 2
Complexo de Édipo
Quando o menino (a partir dos dois ou três anos) entra na fase fálica de seu desenvolvi-
mento libidinal, tem sensações agradáveis em seu órgão sexual e aprende a se proporcionar 
essas sensações à vontade através do estímulo manual. Nessa fase ele fantasia ser o amante 
da mãe. Ele deseja possuí-la fisicamente, tentando seduzi-la ao mostra-lhe o órgão masculino 
que tem orgulho de possuir. Sua masculinidade despertada busca tomar o lugar do pai ao 
lado da mãe; seu pai foi até então, um modelo invejado para o garoto, em decorrência da for-
ça física que este percebe nele e da autoridade de que o considera investido. Seu pai torna-se 
agora um rival que se põe em seu caminho e de quem ele gostaria de se livrar. Se enquanto 
o pai está ausente, ele puder partilhar o leito da mãe e se, quando do retorno do pai, banido 
dele, sua satisfação quando o pai desaparece e sua frustração quando ele ressurge são expe-
riências profundamente sentidas. Esse é o tema do complexo de Édipo, que a lenda grega tra-
duziu do mundo da fantasia de uma criança numa pretensa realidade. Sob as condições de 
nossa civilização, ele está invariavelmente fadado a um fim assustador.
 
Fonte: PALMER, Michel. Freud e Jung. Sobre a religião. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
Interessante apresentar tal conto para entendermos que a religião, no pensamento freudia-
no, parte da onipotência, da grandeza e também um sentimento de impotência diante da rea-
lidade vivida. A teoria freudiana da religião consiste no que apresenta Palmer (2001, p.27), “sig-
nificação de um complexo paterno para a origem da religião; o papel da religião na renúncia a 
prazeres instintuais e no grau até o qual ela proporciona segurança e proteção”. Para Freud, as 
origens da religião e das neuroses estão no Complexo de Édipo. Em outras palavras, a neurose 
é a sexualidade reprimida, assim, Freud 
acredita que a religião é uma neurose, nes-
se sentido, ele sexualiza a religião. Encerra-
mos esse exposto sobre Freud concordan-
do com a afirmação concedida por Palmer 
(2001, p.84), acerca da contribuição de 
Freud no campo da Psicologia da Religião, 
“a contribuição específica de Freud não 
está em afirmar que a religião é uma ilusão, 
mas em localizar a motivação dessa ilusão 
na história recalcada da primeira infância”. 
Carl Gustav Jung nasceu em 26 de ju-
lho de 1875, na Suíça, e morreu em 6 de 
junho de 1961. O ambiente familiar favo-
receu para que Jung recebesse sólida for-
mação acadêmica e religiosa. Seu pai foi 
um pastor protestante, sua mãe era filha de 
um vigário. Dos filhos que tiveram, seis tor-
naram-se teólogos. Jung casou-se em 1903 
com Emma Rauschenbach.
Em 1907, Jung encontra-se com Freud. Eis que começaram uma parceria que duraria apenas 
seis anos. Jung foi discípulo das teorias freudianas. Após esse período acabou a parceria por di-
vergências de pensamento. Posteriormente, voltaremos na ruptura entre Jung e Freud.
O assunto religião ocupa um lugar importante nas obras de Jung, quase todos os escritos 
tratam sobre tal temática. Vejamos a declaração de Jung sobre a Psicologia Médica que mostra 
também a sua percepção com relação à religião. Veremos o que no diz o próprio Jung:
Considero minha tarefa mostrar o que a Psicologia, ou melhor, o ramo da Psi-
cologia médica que represento, tem a ver com a religião ou pode dizer sobre a 
mesma. Visto que a religião constitui, sem dúvida alguma, uma das expressões 
mais antigas e universais da alma humana, subentende-se que todo o tipo de 
psicologia que se ocupa da estrutura psicológica da personalidade humana deve 
pelo menos constatar que a religião, além de ser um fenômeno sociológico ou 
histórico, é também um assunto importante para grande número de indivíduos 
(JUNG, 2008, p.7).
◄ Figura 3: Foto de 
Sigmund Freud. 
Fonte: Disponível em 
<http://www.horoscopo-
virtual.uol.com.br>. Acesso 
em 21 mai. 2015.
20
UAB/Unimontes - 5º Período
Sobre tal afirmativa podemos perceber que a religião para Jung exerce grande importância 
sobre a vida das pessoas e que a psicologia pode contribuir com elementos que lhe são próprios. 
Em outras palavras, Jung apresenta um conceito positivo de religião, sua visão é positiva diante do 
fato religioso. Em outro momento, na mesma obra, Jung (2008, p.10) detecta, “a religião como uma 
atitude do espírito humano”. Para Jung, o entendimento de religião está além de determinadas 
confissões religiosas. Em sua essência, são os seres humanos construtores do universo religioso. 
Avancemos em outros pontos que são primordiais no pensamento junguiano. Em uma obra 
intitulada Símbolos da transformação, lançada em 1911, e a outra parte em 1912, decisiva no pen-
samento de Jung por inovar o sentido de inconsciente já apontado por Freud, dando nome de 
inconsciente coletivo, na visão junguiana este significa uma camada mais profunda do incons-
ciente. Todos os seres humanos nascem com inconsciente coletivo, não é algo que é possível 
adquirir no curso da vida. Jung avança nessa discussão sobre o inconsciente coletivo ao apre-
sentar os conteúdos próprios do mesmo que concede o nome de arquétipos. Vamos entender o 
que Jung quer expressar com esse termo. Para 
Jung (1961, p.68), “os arquétipos são instintos 
que podem manifestar-se como fantasias e 
revelar, muitas vezes, a sua presença apenas 
através de imagens simbólicas”. As imagens 
simbólicas a qual se refere Jung é que são 
os arquétipos. Evocamos essas ideias para o 
campo das religiões. As religiões são ricas em 
fornecer imagens simbólicas a seus adeptos. 
As imagens religiosas, ou seja, os arquétipos 
considerados sagrados, em certa medida, são 
construídos coletivamente por seus agentes. 
Apresentaremos a relação entre Jung e Freud, 
conforme sinalizamos acima. Nessa questão 
encontra-se o maior mérito de Jung no estudo 
concernente à Psicologia da Religião.
Sobre a ruptura entre Freud e Jung, cons-
ta na bibliografia sobre ambos que Freud con-
siderou Jung seu fiel discípulo, alguém desti-
nado a levar a cabo sua obra no futuro. Freud 
nutriu e estabeleceu em relação a Jung uma 
interlocução que para muitos soava como possessiva. Jung sentiu que tal relação o privava de 
independência intelectual e que os sentimentos religiosos latentes em Freud haviam sido pro-
jetados em sua teoria da sexualidade. Jung não concordava que a religião poderia ser uma neu-
rose, acreditava que a ausência da mesma seria a causa da neurose. A ruptura definitiva entre os 
dois ocorreu quando Jung publicou a obra Símbolos da transformação. Anteriormente citamos a 
ideia de inconsciente coletivo que Jung lançou nesse livro que diferia do conceito freudiano. O 
segundo volume foi fator de desentendimento entre eles, pois Jung volta a rechaçar outro termo 
utilizado por Freud, e concede outras definições. Dessa vez foi a libido, para Jung, a libido é uma 
“energia psíquica”, energia, movimento, dinâmica. Ou seja, Jung retira a libido do âmbito estrito 
sexual e avança em tal ideia. Cada um a seu modo deu significativa contribuição aos estudos da 
Psicologia da Religião.
Referências
BOCK, Ana Mêrces Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias. Uma 
introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
FILORAMO, Giovanni. PRANDI, Carlo. As Ciências das Religiões. São Paulo: Paulus, 1999.
FRANKL, Viktor E. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. 14. ed. Aparecida: Idéias & 
Letras, 2005.
FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
DiCA
Para entender um pou-
co mais do pensamento, 
da criação da psicanáli-
se e também da relação 
de Carl Gustav Jung e 
Sigmund Freud, assista 
ao filme: Um Método 
Perigoso.
ATiviDADE 
Faça um paralelo entrea teoria Freudiana e 
a teoria Junguiana. 
Compartilhe no fórum 
correspondente.
Figura 4: Foto de Carl 
Gustav Jung 
Fonte: Disponível em 
<http://www.oarquetipo.
wordpress.com>. Acesso 
em 21 mai. 2015.
►
21
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
FREUD, Sigmund. Totem e Tabu. São Paulo: Saraiva, 2003.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa em Ciências So-
ciais. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. 
HOCK, Klaus. introdução à Ciência da Religião. São Paulo: Edições Loyola, 2010.
JUNG, Carl Gustav. o homem e seus símbolos. Nova Fronteira, 1961.
JUNG, Carl Gustav. Psicologia e Religião. 8. ed. Petropólis: Vozes, 2008.
PAIVA, Geraldo Jose de. Teorias contemporâneas da Psicologia da Religião. In: PASSOS, João Dé-
cio; USARSKI, Frank. Compêndio de Ciência da Religião. São Paulo: Paulinas, 2013.
PALMER, Michel. Freud e Jung. Sobre a religião. Edições Loyola, 2001.
RODRIGUES, Cátia Cilene L. GOMES, Antônio Maspoli de A. Teorias clássicas da Psicologia da Re-
ligião. In: PASSOS, João Décio; USARSKI, Frank. Compêndio de Ciência da Religião. São Paulo: 
Paulinas, Paulus, 2013.
23
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
UniDADE 2
Aportes Teóricos da Psicologia: 
Experiência Religiosa
Ricardo Wilame Santana de Almeida
2.1 Introdução
Prezado(a) acadêmico(a), nesta unidade serão 
pontuadas as teorias pragmáticas, introspeccionista, 
ideográfica e psicanalítica. O objetivo da unidade é o 
de levá-lo a compreender as relevâncias de teóricos 
renomados da psicologia, o que vai contribuir para os 
estudos da Psicologia da Religião. Dessa forma, nosso 
foco é prepará-lo para aprofundar os estudos relacio-
nados ao pragmatismo da experiência religiosa, na 
qual a psicologia será apresentada como teoria essen-
cial para esse estudo. Fecharemos a unidade tendo 
como principais norteadores os pesquisadores Edênio 
Vale e Antônio Ávila. 
2.2 Teorias 
Psicológicas sobre Experiência 
Religiosa: Abordagem de William 
James
Nessa aula, abordaremos os estudos clássicos, daremos ênfase aos teóricos e suas contribui-
ções para os estudos psicológicos. Assim, vamos fazer um breve relato da biografia do norte-ame-
ricano William James (1842-1910) que em Harvard trabalhou como professor ensinando fisiologia 
e filosofia. James deu projeção à filosofia norte-americana ao apresentar o conceito de experiên-
cia com uma amplitude que antes não lhe havia sido atribuída pelos estudiosos ingleses.
William James, em suas conferências sobre pragmatismo, faz questão de reiterar que o 
pragmatismo é “um novo nome para os velhos modos de pensar”. O pragmatismo guarda em 
sua essência a própria designação que os antigos dão à filosofia, ou seja, uma atividade inte-
lectual altamente comprometida com os temas e os problemas concretos da humanidade. Ele 
é claro e direto ao afirmar que “o modo pragmático de considerar a religião é o mais profundo” 
(VALLE, 1998, p. 76).
Em 1901 coube a William James dar as prestigiosas conferencia em Gifford em Edimburgo 
na Escócia, onde na ocasião falou sobre “As variedades da Experiência Religiosa”, escritas por ele 
em 1902 sendo então publicadas depois em um único volume pela The Modern Library em New 
York, em 1902. Nessa mesma ocasião, James profere uma palestra sobre a “filosofia”, em que mos-
tra a impotência da teologia e do idealismo para dar conta da vida em geral e da experiência mís-
DiCA
É possível dividir a obra 
de William James em 
dois momentos: um 
psicológico (que vai da 
década de 1870 à de 
1890) e outro filosófico 
(a partir de 1890). O 
primeiro período tem 
como marco inicial a 
criação de um pequeno 
laboratório de psico-
logia em 1875 na Uni-
versidade de Harvard; 
e o seu primeiro curso 
de psicologia, sobre 
“As relações entre a 
fisiologia e a psicologia”. 
Disponível em <http://
psicologado.com/psi-
cologia-geral/historia-
da-psicologia/william-
james © Psicologado.
com>. Acesso em 20 jul. 
2015.
◄ Figura 5: Onde religião 
e psicologia se 
encontram
Fonte: Disponível em 
<http://www.minutopsi-
cologia.com.br/uploads/
posts/91/onde-religiao-e
-psicologia-se-encontram.
jpg>. Acesso em 18 jul. 
2015.
24
UAB/Unimontes - 5º Período
tica em particular. William James é um dos pioneiros a tratar do assunto da religiosidade na pers-
pectiva psicológica.
Segundo Valle (1998), a psicologia, para James, tem três pontos de força principais: o prag-
matismo, a atenção dada à emoção individual e a variedade das formas as quais aparecem o (os) 
comportamento(s) religioso(s). 
Edênio Valle (1998) escreve ainda que James era consciente de que a religiosidade não é 
sempre algo sadio e construtivo em termos de concretude pragmática. Para James (1902), exis-
tem anomalias neurofisiológicas e patologias psíquicas que se evidenciam com facilidade em 
ambientes e em personalidades religiosas. James faz a distinção descrevendo dois tipos de reli-
giosidades: a doentia e a saudável.
Do ponto de vista do pesquisador Edênio Valle, a religião é um fenômeno humano universal 
de valor psicológico e cultural positivo. Ainda conforme o autor, o segundo ponto de força prin-
cipal na Psicologia da Religião de James é a emoção Individual como base para a religiosidade.
Edênio Valle (1998) esclarece que James usou materiais de pesquisas para estudar minu-
ciosamente casos e depoimentos de pessoas anônimas e de “santos” conhecidos, para chegar à 
conclusão de que são emoções poderosas que podem transformar por completo os rumores da 
vida de uma pessoa, o redimensionando inteiramente, de modo imprevisto e rápido, mas, muitas 
vezes, duradouro.
O terceiro e ultimo ponto de força principal na psicologia de James, “As variedades da ex-
periência religiosa”, aborda a experiência direta e imediata do religioso, só aí estaria à fonte do 
conhecimento psicológico da religiosidade humana. 
James (1902) teve grandes interesses pelos estudos das religiões, em especial o budismo, 
religião sem Deus. Ainda de acordo com Valle, todos os psicólogos se encontram, assim, antes 
um dilema: ou estudam caso por caso, sem a possibilidade de generalizar e comparar o que vai 
descrevendo, ou, então buscam evidenciar que na multiplicidade de formas existentes são verifi-
cáveis alguns núcleos comuns e privilegiados os que permitem certo tipo de generalização. 
Mesmo James (1902) sendo bem definido, ou seja, conhecedor do tema em questão, ele foi 
cauteloso na escolha do seu objeto de pesquisa. Na época, James se empenhou a estudar os fe-
nômenos do parapsíquismo, comprovando através de seus estudos fraudes de materiais escritos 
sobre os fenômenos parapsíquismo.
2.3 A “Essência” da Experiência 
Religiosa de Karl Giergensohn: 
Abordagem “Introspeccionista”
Karl Giergensonh nasceu em 1875 em Kaarma, Estônia. Depois de um breve período de 
estudo em Berlim, nos anos 1900 e 1901, Girgensohn concluiu seu doutorado em 1903 na Uni-
versidade de Tartu, onde trabalhou como professor de Teologia Sistemática. Após a declaração 
de independência da Estônia, em 1918, retorna à universida-
de tornando-se professor catedrático e reitor da Faculdade de 
Teologia de Tartu. Entre 1919 e 1922 foi professor na Universi-
dade de Greifswald, em 1922, e depois na Universidade de Lei-
pzig, onde morreu em 1925.
Giergensonh, em seus estudos, sofreu influências teóricas 
de vários outros pensadores, entre eles William James, e, assim 
como eles, enfatizou o lado místico-subjetivo da experiência. 
Karl Giergensonh foi um crítico de sua época, ele acreditava 
ser necessária a distinção entre moral, metafísica e religião. De 
acordo com Valle (1998), essas três dimensões estabelecem a 
relação do homem com o absoluto, mas com finalidades dis-
tintas e complementares. 
Karl Giergensohn, durante um período compreendido en-
tre os anos de 1910 a 1920, fez observações sobrea teoria hi-
GLoSSáRio
Pragmatismo: Segundo 
Mauro Junji Araki 
(2003), pragmatismo é 
“caracterizado princi-
palmente por defender 
que a verdade deve ter 
como critério sua efi-
cácia ou utilidade. Um 
conhecimento é verda-
deiro não só quando 
explica alguma coisa ou 
um fato, mas, sobretudo 
quando permite retirar 
conseqüências práticas 
e aplicáveis. William Ja-
mes (1842-1910) foi um 
dos principais represen-
tantes dessa corrente 
filosófica, e em uma sé-
rie de oito conferências 
proferidas entre 1906 e 
1907 ele caracteriza o 
que é o pragmatismo 
e algumas aplicações 
dessa teoria. O termo 
deriva da mesma pala-
vra grega prágma, que 
significa ação, do qual 
vêm as nossas palavras 
“prática” e “prático”. Em 
filosofia foi introduzida 
pela primeira vez por 
Charles Peirce, em 1878.” 
Disponível em <http://
www.ufscar.br/~bdsep-
si/175a>. Acesso em 20 
jul. 2015.
DiCA
O Funcionalismo foi uma 
consequência lógica da 
propagação do darwi-
nismo e sua doutrina de 
“sobrevivência do mais 
forte.” Psychological fun-
cionalismo sublinhou a 
importância de técnicas 
como a inteligência 
testes, controladas e ex-
perimentos para medir 
a capacidade de animais 
para aprender e resolver 
problemas (Galton expe-
riências). Disponível em 
<http://psicopsi.com/pt/
funcionais-de-william-
james/>. Acesso em 20 
jul. 2015. 
Figura 6: K. Girgensohn
Fonte Disponível em 
<https://www.google.
com.br/?gws_rd=ssl#-
q=imagem+de+K.+Gir-
gensohn&spell=1>. Acesso 
em 07 mai. 2015.
►
25
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
potética postulada por Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher. Segundo Valle (1998), Karl Giergen-
sohn via nessa teoria a “essência” da experiência religiosa no sentido de absoluta dependência 
que o ser humano tem do absoluto. Na Alemanha, Karl Giergensohn dava um conceito especial 
às fontes históricas e comparativas para chegar à natureza do fenômeno religioso.
Com suas pesquisas durante quase dez anos sobre a essência da experiência religiosa, Karl 
Giergensohn usou técnicas complexas e sofisticadas de suas observações para chegar aos seus 
resultados, entre uma delas a da “livre associação” (roteiro composto por textos poéticos, relatos 
e orações religiosas, como, por exemplo, a oração de São Francisco de Assis, na qual os sujeitos 
são apresentados e estimulados as suas livres associações). 
Com o resultado final de suas observações foi escrito um compêndio de 700 páginas que 
teve enorme interesse por parte de outros pensadores, mas também foi alvo de muitas críticas. 
Nas suas pesquisas, Karl Giergensohn identificou três elementos estruturais que comporiam a ex-
periência religiosa:
•	 Em primeiro lugar, existem os “sentimentos”, palavra genérica que designa 
diversos estados, sensações e instituições coligadas a sentimentos de bem
-estar/ou de mal-estar. Conectam-se, também, a “funções do ego”.
•	 Imagens ou representações, que Karl Giergensohn define como “reprodu-
ções de sensações físicas experimentadas como evidencias tangíveis”. 
•	 Processos da vontade, ou seja, “funções do ego combinadas com a cons-
ciência da liberdade e da autodeterminação direcionadas para um compor-
tamento específico” (VALLE, 1998, p. 83).
Outra forma alinhada são os fenômenos que trazem a evidência de que não é provável a fé 
religiosa e a tomada de costume do ego sem que haja elementos reais de referência na mente e 
no espírito da pessoa. 
Giergensonh foi um pensador de suma relevância pelas suas contribuições para a psicologia 
e principalmente para os estudos da experiência religiosa. 
•	 Os “sentimentos”, uma palavra compreendida como genérica, ao qual designa vários esta-
dos, sensações e intuições, conectada diretamente as funções do ego.
•	 As “imagens ou representações”, definidas como reproduções de sensações físicas experi-
mentadas como evidências que são consideradas tangíveis.
•	 A “vontade”, esta sendo uma junção combinadas entre as funções do ego junto à consciên-
cia da liberdade, chegando assim a um comportamento específico.
Dessa forma, suas observações o levaram a descobrir que o pensamento sistemático é de 
suma importância para a vida religiosa.
2.4 O Aspecto Intelectual 
da Experiência Religiosa, a 
Abordagem “Ideográfica” em 
Allport
A notória contribuição para a psicologia no campo da pesquisa se dá a partir de Gordon 
Willard Allport, nascido no ano de 1897 e falecido em 1967. O autor deixou seu legado à psico-
logia com a Escala de Allport, definida em seu livro A natureza do preconceito, de 1954. Nesse 
livro, o pesquisador deixa a fórmula para mensurar a extensão do preconceito numa determi-
nada sociedade. 
Allport (1954) trouxe uma importante contribuição à teoria motivacional, desvendando a 
sua natureza dinâmica. Para ele havia uma tendência em acreditar que a motivação seria estática 
e pouco interativa. Por essa razão, ele criou a teoria da autonomia funcional da motivação, ou 
seja, pode-se começar um comportamento com apenas uma motivação e, com o passar do tem-
po, ainda ter o mesmo comportamento, porém, por razões diferentes das iniciais. Allport (1954) 
GLoSSáRio
Parapsíquismo: É o 
sensitivo homem ou 
mulher que exerce o 
parapsíquismo ou fa-
culdade psicofisiológica 
parapsíquica de sentir, 
perceber ou captar a 
influência direta das 
dimensões extrafísicas e 
das consciexes, inclusive 
das consciências intrafí-
sicas projetadas do cor-
po humano ou soma. 
Disponível em <http://
parasinapse.blogspot.
com.br/2012/10/parap-
siquismo.html>. Acesso 
em 20 jul. 2015. 
ATiviDADE
Faça uma pesquisa na 
internet sobre a aborda-
gem introspeccionista 
de Karl Girgenhn, e 
discuta o resultado da 
pesquisa com seus cole-
gas no fórum desta uni-
dade. Obs. Citar a fonte 
da pesquisa conforme 
normas da ABNT.
26
UAB/Unimontes - 5º Período
aplicou conceitos e métodos das ciências sociais para estudos psicológicos e desenvolveu uma 
teoria original de personalidade, expostos em obras como Personalidade: uma interpretação psi-
cológica (1937).
O pesquisador Allport, segundo Valle (1998), é considerado um dos eminentes nomes da 
psicologia mundial do século XX, em função da sua preocupação com a visão integral da perso-
nalidade e do comportamento. Ele discute principalmente o aspecto intelectual da experiência 
religiosa, e da personalidade e da conduta humana, incluída a religiosa. Segundo Rosa (1971), a 
religião além de ser experiência tipicamente individual, pessoal e íntima, constitui-se como um 
fator de integração da personalidade do indivíduo.
Para Allport, a religião além de ser experiência tipicamente individual, pessoal 
e íntima, constitui-se como um fator de integração da personalidade do indiví-
duo. Nesse caso, assim como a personalidade só pode ser encontrada sob a for-
ma individual, muito embora seja um fenômeno universal; a religião também 
se constitui como uma experiência individual, mas ao mesmo tempo universal 
e por isso mesmo, a ciência precisa estudar o fenômeno religioso (OLIVEIRA, 
2010, p. 24).
Allport apresenta a personalidade como uma 
organização dinâmica de sistemas psicofísicos que 
determinam o comportamento e o pensamento do 
indivíduo, referindo assim à singularidade do sujei-
to. A personalidade apresenta-se na individualidade, 
é claro também que o homem é um ser dialético, ou 
seja, constitui-se nas relações com os outros, possibi-
litando, assim, a passagem do singular ao universal no 
interior de sua própria personalidade. 
Uma marca registrada de Allport foi a preocupa-
ção como uma visão integral da personalidade e do 
comportamento. Seu nome está intimamente relacio-
nado com o desenvolvimento da psicologia da perso-
nalidade, que desde 1920 foi estabelecida como uma 
disciplina autônoma psicológica.
No trabalho de Gordon Allporttem-se como des-
taque a singularidade do comportamento humano in-
dividual e crítica à teoria freudiana, ao behaviorismo e 
às teorias radicais de personalidade baseadas, em gran-
de parte, na observação do comportamento animal.
Também sublinha a consistência do comportamento e da importância dos determinantes 
conscientes. Ainda de acordo com Valle (1998), para uma boa compreensão da teoria psicológi-
ca da religião de Allport é importante conhecer seu modo de descrever a personalidade, assim 
como conhecer alguns dos seus conceitos centrais.
•	 A personalidade é uma organização dinâmica de tendências e caracterís-
ticas próprias (traits) parcialmente inconscientes, mas potencialmente di-
rigidas aos processos do ego. Sua evolução ideal conduz a uma passagem 
nem sempre harmoniosa da desorganização à organização emocional in-
telectiva e social. A criança é por definição “desorganizada”, egocêntrica, 
imediatista, inconsciente de seus impulsos, necessidades e motivações 
de base e, paralelamente, do mundo e das pessoas que a cercam. Isto já 
não acontece com o adulto que evolui no sentido de suas potencialidades 
biopsicossociais;
•	 Allport está interessado, antes de qualquer coisa, em captar o que constitui 
“o próprio” de cada indivíduo; não o que é comum e sim o que é singular. O 
objetivo do estudo da personalidade não pode deter-se nas leis gerais e de-
terminações “nomotéticas”, ou seja, ao que define característica e diferencia 
o modo peculiar do ser e do agir de cada um.
•	 O principio da autonomia funcional das motivações é o ponto-chave da teo-
ria allportiana sobre personalidade. É a chave também para analise de sua 
religiosidade. Como se disse acima, a motivação, como a própria personali-
dade, não é redutível a pulsões e reflexos orgânicos que tem total domínio 
do comportamento da criança em suas primeiras fases evolutivas (VALLE, 
1998, p. 90-91).
DiCA
Como suporte instru-
cional faça leitura dos 
livros: A natureza do 
preconceito (1995) e Filo-
sofia y Psicologia (1968). 
Não sendo possível o 
acesso a essas litera-
turas, buscar em sites 
especializados artigos 
com esses referenciais. 
Figura 7: Gordon Willard 
Allport
Fonte: Disponível em <ht-
tps://www.google.com.
br/?gws_rd=ssl#q=ima-
gem+de+Gordon+Willar-
d+Allport>. Acesso em 07 
mai. 2015.
►
27
Ciências da Religião - Psicologia da Religião
Uma pessoa que superou os estágios infantis é alguém determinado, pelas capacidades do 
ego mais que por forças inconscientes, às quais não tem acesso algum. Ainda de acordo com Val-
le (1998), o indivíduo tende a outros comportamentos habituais que o distinguem das pessoas 
infantilizadas. Nos documentos de pesquisa de Allport, três notas são identificadas: 
•	 Auto-aceitação que implica a tolerância à função, o bom humor e a segu-
rança emocional;
•	 Percepção não-fantasiosa das tarefas do cotidiano; 
•	 Last but not least, formação paulatina de uma filosofia unificadora de vida 
(VALLE, 1998, p. 93).
Segundo Ávila (2007) a religiosidade adulta não é precisamente a mais estudada, em função 
de ser uma fase estável e sem muitas mudanças importantes na personalidade. Ademais, não 
existe âmbito algum da personalidade religiosa, razão pela qual é precisamente aqui que deve-
mos contar com as maiores diferenças (VALLE, 1998, p. 93).
Ainda de acordo com Ávila (2007), a partir das pesquisas de Erikson, formulou sua concep-
ção da evolução da pessoa, segundo a qual existem três momentos no desenvolvimento adulto: 
um no começo da etapa, outro no meio e o terceiro no final da vida, que denomina, respectiva-
mente, de intimidade, generatividade e integridade.
Em sua trajetória de pesquisas, Allport analisa o problema da religiosidade subjetiva em fun-
ção de quatro elementos constitutivos que, de acordo com Valle (1998):
•	 Devem-se levar em conta, as necessidades físicas de base primeiramente 
“corpóreas”. Needs decorrentes da fome, de calor, proteção, bem como o 
medo e outras emoções primitivas extras corticais, podem ressurgi em si-
tuações que tornam vulnerável nosso organismo como um todo, provocan-
do mal-estar interior stress.
•	 Outro aspecto a considerar é o dos “componentes temperamentais”. Como 
lembrava W. James há indivíduos cujo tônus psicológico é de sofrimento e 
melancolia, enquanto outros se mostram permanentemente inclinados a 
ver o lado positivo, a ter segurança e esperar, mesmo em momentos adver-
sos e ameaçadores.
•	 Um terceiro componente a ponderar é o chamado por Allport de “valores 
psícógenos”. Com essa palavra ele quer dizer que as motivações corpóreas 
(“viscerogenéticas”) e temperamentais não bastam para uma justa com-
preensão da religiosidade. Fornecem, sim, satisfações orgânicas importan-
tes e podem, ao ser reprimido ou negligenciado, provocar uma série de dis-
torções que afetarão infalivelmente os valores psicogênicos.
•	 Mas existe um quarto componente, o “noético”. Substancialmente ele con-
siste na busca de significado. Os três fatores antes mencionados compõem 
o que se poderia chamar de dimensão “emocional”; este último, cognitivo. 
Não obstante essa distinção, Allport vê a vida psicorreligioso(a) como um 
tecido composto com fios de sentimento e de razão, de conhecimento e de 
afeto (VALLE, 1998, p. 95).
Allport conclui que o sentimento religioso em si mesmo já traz um singular valor explicati-
vo que para o individuo é mais pregnante e válido que complexos sistemas de conhecimento e 
crença de cunho racional.
2.5 Abordagem de André Godin
Para Godin, psicólogo de origem belga que se dedicou aos estudos da temática de expe-
riência religiosa, dois conceitos são essenciais para entender a experiência religiosa: o de “ilusão” 
e o de “desejo”. Um dos dois principais conceitos de Godin se refere às “ilusões”, este é comple-
mentado pelo conceito de “outro”, cunhado por Lacan. A esse entendimento do termo “outro”, o 
pesquisador Edênio Valle (1998) pontua que o outro é a realidade pessoal diferente do sujeito 
que deseja experimentar, com a qual o sujeito busca um relacionamento, consciente ou não. 
Para Godin, o sentido de “ilusão” produz-se logo que a pulsão sexual ou a pulsão de defesa hostil 
alimenta-se de fantasma inconsciente não verbalizado. 
Para Valle (1998), o desejo nasce da separação entre a necessidade, o pedido e suas realiza-
ções. No sentido psicanalítico, o desejo não se esgota no apelo ao outro nem em sua satisfação 
ATiviDADE
Formem grupos 
compostos por cincos 
membros, em seguida 
façam uma pesqui-
sa minuciosa sobre 
“religião” intrínseca e 
extrínseca, e em segui-
da exponha a pesquisa 
formatada em texto 
“doc.” especificamente 
no fórum de discussão 
desta unidade. Obs. Não 
deixe de mencionar as 
fontes e as suas próprias 
conclusões, tendo como 
análise o conteúdo até 
aqui estudado. 
28
UAB/Unimontes - 5º Período
sempre parcial. Valle lembrar ainda que um dos pontos original que Godin chegou, e foi superan-
do, foi à visão freudiana da experiência religiosa, vista apenas como ilusão.
Os psicólogos norte-americanos da religião sempre tiveram uma predileção pela quantifica-
ção e pelos números, os pioneiros não negligenciaram a elaboração de teorias qualitativas, preo-
cupavam-se apenas com questionários e tabulações. 
Valle (1998) explica que as técnicas estatísticas assumiram uma característica cada vez mais 
sofisticada com o avanço da análises de variação e da fatorial, cujos resultados eram alcançados 
com a ajuda dos computadores. Os americanos criaram uma psicologia especifica de natureza 
psicométrica, mesmo que muitos psicólogos “qualitativos” tenham ignorado. 
[...] os psicólogos, interessados em estabelecer correlações entre variáveis de-
pendentes e independentes que se cruzam na religiosidade das pessoas e dos 
grupos, não poupam esforços para determinar meios de “individuar”, “medir”, e 
comparar

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