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GUIA DA GENÉTICA APLICADA À PEDIATRIA Louyse Jerônimo de Morais Módulo MHA – 7 / 2021.2 Referência: aulas do prof. Henrique Gil 2 Louyse Jeronimo de Morais SUMÁRIO DISMORFISMO ....................................................................................................................... 3 ACONDROPLASIA.................................................................................................................... 8 CONDIÇÕES CRÍTICAS DE RISCO GENÉTICO-REPRODUTIVO .................................................. 13 SÍNDROME DE SECKEL .......................................................................................................... 19 SÍNDROME DE TREACHER COLLINS ....................................................................................... 24 SÍNDROME DE APERT ........................................................................................................... 30 RISCOS MÉDICOS DOS CASAMENTOS CONSANGUÍNEOS ...................................................... 36 SÍNDROME DE CROUZON ..................................................................................................... 41 HEREDOGRAMA ................................................................................................................... 45 SÍNDROME DE PRADER-WILLI ............................................................................................... 49 SÍNDROME DE ANGELMAN................................................................................................... 54 ACONSELHAMENTO GENÉTICO ............................................................................................ 57 SÍNDROME DE MARFAN ....................................................................................................... 61 SÍNDROME DE SOTOS ........................................................................................................... 67 HOMOCISTINÚRIA CLÁSSICA ................................................................................................ 72 SÍNDROME DE BLOOM ......................................................................................................... 75 ATAXIA-TELEANGIECTASIA OU SÍNDROME DE LOUIS-BAR..................................................... 79 DOENÇA DE VON RECKLINGHAUSEN OU NEUROFIBROMATOSE 1 ........................................ 82 SÍNDROME DE PIERRE ROBIN ............................................................................................... 87 EMBRIOPATIA TALIDOMÍDICA .............................................................................................. 90 SÍNDROME ALCOÓLICA-FETAL .............................................................................................. 94 SÍNDROME DE MORQUIO ..................................................................................................... 97 SÍNDROME DE HURLER ....................................................................................................... 102 3 Louyse Jeronimo de Morais Dismorfismo Referência: aula do prof. Henrique Gil Questões • O que são malformações congênitas? • Como são classificadas as malformações congênitas? • O que fazer diante de um RN malformado? • O que e como investigar um RN malformado? • Como caracterizar uma malformação congênita? • Qual a conduta diante da família com criança malformada? O que são malformações congênitas? • Sinonímia: malformações congênitas, anomalias do desenvolvimento, defeitos morfogênicos, defeitos congênitos, dismorfismos. Malformações congênitas [MC] se referem a uma anomalia estrutural. Defeitos enzimáticos também podem acarretar malformações congênitas, mas não obrigatoriamente. Quando se fala de MC, fala-se de defeito estrutural. Desenvolvimento humano – programação genética Quando uma criança nascia malformada antigamente, era natural que o médico ou a família procurasse uma explicação para aquilo, seja alimento, seja atitude religiosa ou étnica. Isso persiste até hoje. Com o conhecimento da genética molecular, sabemos que as malformações são alterações do desenvolvimento humano. Essas anomalias resultam de uma alteração do programa genético. Então, toda malformação é uma alteração de um programa, que está gravado no genoma humano, no DNA. Essa alteração do programa pode ocorrer em diferentes fases, pode ser herdada, pode ser durante a gestação – principalmente no primeiro trimestre, mas sempre é uma alteração do programa. Esse programa pode mudar, resultando na famosa mutação. Perturbação da programação genética A anomalia do desenvolvimento é sempre uma perturbação da programação genética do indivíduo. A primeira delas é pré-transcricional, em que a alteração é herdada de um dos pais ou dos dois. Também pode ser transcricional, que ocorre durante a transcrição. Geralmente o próprio DNA tem gravado informações para que as enzimas possam corrigir, o que é chamado de mecanismo de reparo, os quais atuam principalmente na fase de transcrição. Existem, ainda, alterações pós- transcricionais, seja de RNA mensageiro, transportador ou a própria proteína. Repercussão das anomalias do desenvolvimento • 1ª semana: proteção da totipotência • 2ª semana: letalidade • 3ª-8ª semana: máxima ação • 9ª-12ª semana: ação atenuada Existe uma tentativa de classificar o período gestacional, em que as alterações genéticas ocorrem com maior frequência ou grande potencialidade de ser corrigida. Existe um período em que não é corrigido, ocorrendo perda de células ou o organismo inteiro, o que chamamos de mutação letal. Se morrer após o nascimento, chamamos de mutação semiletal. A ação dessa repercussão vai da 9ª até a 12ª semana, que é uma ação atenuada da seleção natural. Toda essa interação – mutação e eliminação, é resultado da seleção natural. Então, nós estamos constantemente sobre a ação desse fenômeno. A expressão “defeitos congênitos” abrange malformações e erros inatos [defeitos funcionais]. Essa distinção é importante, sabendo que malformação está relacionada com anomalia morfológica, a qual geralmente é evidenciável ao nascimento [daí a expressão “congênito”], mas pode haver uma anomalia morfológica, principalmente de órgãos internos, que pode passar despercebido no termo. Teratologia O primeiro estudo registrado foi durante a idade média, que foi quando surgiu a teratologia, a qual se refere ao “estudo dos monstros”. É um termo totalmente inadequado, embora ainda hoje se use os adjetivos [agentes teratogênicos etc.]. Na idade média, semelhante ao que está ocorrendo agora nessa pandemia, a mortalidade era muito grande, e as condições sanitárias e de saúde eram precárias. Então, muita gente morria e muitos estudantes levavam os corpos para estudar anatomia e etc. Foi nesse período, pela abundância de grupos que estavam dissecando, que foram descobertas várias anomalias congênitas, daí o nome teratologia. Dismorfologia 4 Louyse Jeronimo de Morais Atualmente, o termo dismorfologia [morfologia anômala] estuda conceitos da genética, da embriologia clínica, da epidemiologia, da neonatologia e da pediatria. De um modo geral, é multidisciplinar. Epidemiologia das malformações congênitas • Aumento relativo progressivo • Observação: o Recém-nascidos [3%] o Crianças até 10 anos [6%] o Adolescentes [8%] Em relação à dismorfologia, há uma discussão de que há um aumento progressivo das malformações. Muitos querem argumentar que esse aumento seja devido ao grande número de substâncias teratogênicas e carcinogênicas atuais, as quais estão nos alimentos, na poluição do ar etc. Esse é um forte argumento, mas existe outro de que as novas tecnologias diagnósticas estão diagnosticando cada vez mais cedo e com mais precisão essas malformações, coisa que não acontecia no passado, em que os indivíduos iamà óbito por outras patologias mais frequentes. Do ponto de vista epidemiológico, é um percentual considerável de malformações. Uma boa parte, se não a maioria, é de malformações com pouca repercussão clínica, com impacto estético e não funcional. A morbidade e mortalidade devido aos defeitos congênitos aumenta proporcionalmente ao aumento do desenvolvimento socioeconômico de uma população. Contradição? Depende não só do desenvolvimento econômico, mas também das políticas de prevenção. Essa contradição diz respeito não só ao aspecto econômico, mas também à assistência social. O Brasil tem tido exemplos espasmódicos de excelência nessa área, com uma época em que a prevenção de doença era no período neonatal, na pediatria, na adolescência... então houve um período em que as políticas públicas do Brasil foram bastante resolutivas. Atualmente, é ao contrário. [seria Gil #ForaBolsonaro?] Como são classificadas as malformações congênitas? Classificação quanto a: 1. Natureza etiológica • Dismorfismo monogênico: apenas um gene, seja dominante ou recessivo. Um exemplo seria a acondroplasia. • Dismorfismo cromossômico: síndromes malformativas com comprometimento neurológico variável. • Dismorfismo multifatorial: implica na interação genética-ambiental. É necessário que, quando ocorre a mutação, haja uma interação com um agente teratogênico do meio ambiente. • Dismorfismo de etiologia desconhecida Sempre lembrar que malformação é resultado de alteração do programa genético. 2. Tipo histopatológico • Aplasia • Hipoplasia • Hiperplasia • Displasia • Agenesia • Hipertrofia • Atrofia • Hipotrofia • Distrofia Uma mesma doença pode apresentar mais de um padrão histopatológico. Ela não classifica um indivíduo, apenas um tipo específico de malformação. 3. Estágio de desenvolvimento • Malformação: toda anomalia estrutural do desenvolvimento, podendo ser única ou múltipla, unisistêmica ou multisistêmica. o Ex.: fissura maxilopalatina é um exemplo de malformação do tipo espectro, porque vai desde sinais frustros, como uma cicatriz congênita no sulco nasolabial até uma úvula bífida ou uma guela de lobo [abertura completa na linha média facial]. • Disrupção: defeito congênito causado por destruição de estruturas normais. Pode ser causada por compressão, isquemia, hemorragia ou adesão de estruturas. Nem sempre descobre o defeito primário que causou. o Ex.: fendas faciais por bridas amnióticas. • Deformação: anomalia congênita causada por distorção mecânica de estruturas anatômicas do feto [osso, cartilagem e articulação]. A maioria das deformações tem regressão espontânea. o Ex.: curvamento tibial e micrognatia. 4. Gravidade clínica • Anomalias Minor [menores]: normalmente não têm repercussão funcional, apenas estética. 5 Louyse Jeronimo de Morais Podem estar ligadas a grupos raciais, como depressão da ponte nasal e epicanto [Down, asiáticos etc.]. • Anomalias Major [maiores] Obs.: não deve ser usada os temos “anomalias principais” e “anomalias secundárias”, porque uma pode ser principal em um indivíduo e secundária em outro. 5. Vínculo associativo • Associação: associação de malformações. Ocorrência de duas ou mais anomalias não aleatória e não sequencial. Não é uma associação que tenha uma racionalidade, uma ligação. Apesar de não ter relação uma com a outra, é um padrão que aparece entre os indivíduos. o Ex.: associação CHARGE [coloboma da íris, cardiopatia congênita, atrésia das coanas, retardo do crescimento, malformações genitais, malformações de palvilhão auricular]. • Síndrome: conjunto de defeitos congênitos [estrutural e/ou funcional] com padrão constante e com etiologia específica. o Ex.: síndrome de Hurler. • Sequência: conjunto de defeitos congênitos decorrente de uma única malformação. Defeitos sequenciais. o Ex.: sequência de oligoidrâmnio e sequência de Moebius [relacionado com misoprostol]. • Anomalias de campo: conjunto de anomalias estruturais múltiplas originárias de um único campo do desenvolvimento. ACD politópico e ACD monotópico. o Ex.: síndrome oto-renal [relação entre malformação auricular com malformação renal], displasia ectodérmica [ectoderma dá origem ao sistema nervoso e à pele]. • Complexos: não temos grande entendimento. Anomalias estruturais localizadas em uma área anatômica específica geralmente resultam de anomalias vasculares. o Ex.: microssomia hemifacial. • Espectro: pode ser visto em uma população e em uma família, como o defeito de fechamento de tubo neural, que vai desde anencefalia até espinha bífida. Conjunto variável em gravidade e localização de malformações múltiplas de determinados sistemas. o Ex.: DFTN e FLMP. Período de investigação ou detecção • Pré-natal • Natal • Pós-natal: durante a infância e adolescência. Período de exuberância clínica é o nascimento, mas cada vez mais identificamos ainda no pré-natal. Conceitos modernos • Janela de dano: é um conceito que foi desenvolvido nos últimos anos e está relacionado principalmente com um agente teratogênico. Muitos genes só são mutados quando eles estão “abertos”, durante o desenvolvimento do primeiro trimestre. Hoje em dia, conseguimos identificar a janela de dano para várias substâncias e infecções. A talidomida, por exemplo, tem um período específico em que causa malformação. • Interação genético-ambiental: intimamente relacionada com a janela de dano. O que fazer quando a criança nasce malformada? 1. Estabelecer a gravidade clínica do quadro malformativo • Malformação gravíssima • Malformação grave • Malformação de moderada gravidade Muitas vezes, essa definição já está estabelecida no pré-natal. As principais anomalias cromossômicas podem ser diagnosticadas pela biópsia do vilo corial, ainda durante a gestação. No futuro próximo, o NIPT, que é a avaliação cromossômica através do sangue materno, poderá facilitar ainda mais esse diagnóstico. 1.1 Recém-nascido afetado por malformação gravíssima No caso de um RN afetado por malformação gravíssima [ex.: anencefalia], deve-se seguir protocolo da instituição [maternidade ou serviço de neonatologia]. Quando não tem o protocolo, a medida comum é: medidas de estabilização, medidas de manutenção de vida, medidas de avaliação específica [cardiorrespiratória, gastrointestinal, geniturinária]. Só depois disso é que vai caracterizar a malformação. 1.2 Recém-nascido afetado por malformação grave • Medidas de estabilização • Medidas de manutenção de vida • Medidas de avaliação específica: avaliação cardiorrespiratória, gastrointestinal, geniturinária • Caracterização da malformação. 6 Louyse Jeronimo de Morais Em um primeiro momento, não precisa estabelecer o diagnóstico, mas logo depois faz avaliação específica. Evidentemente que, em muitos casos, faz tudo junto. Depois de resolver esse estado de sobrevivência da criança, preocupa-se em caracterizar a malformação. 1.3. RN afetado por malformação minor • Caracterização da malformação: variação da normalidade, característica étnica ou familiar. • Verificar associação: se define um padrão conhecido ou não. Pode ser sinal de uma doença mais grave. • Orientar acompanhamento pós-natal: muitas vezes, não é possível estabelecer associação, sendo recomendável acompanhar no pós-natal. Não só puericultura, mas também essa observação se existe alteração metabólica ou alguma coisa que justifique doença maior. Quando o geneticista deve ser chamado para examinar o RN malformado? Só depois de resolvido esses problemas, após sair do hospital, ou quando tem dúvida no diagnóstico. Não adianta chamar durante o parto ou no pós-parto imediato. O que e como investigar um RN malformado? É outra questão que muitas vezes é deixada para o geneticista. Atualmente, o pediatrae os outros profissionais devem investigar. • Exposição a agentes teratogênicos: quando existe um pré-natal bem feito, o médico tem acesso a isso antes do parto. A magnitude da exposição é no primeiro trimestre. Isso ocorre porque uma boa parte das gestantes só toma consciência da gestação no final do primeiro mês, em pleno período de vulnerabilidade. • Indícios de anomalias cromossômicas: se o conjunto de malformações indica anomalia cromossômica ou não. • Consanguinidade • Casos semelhantes entre parentes: perguntar se tem casos parecidos na família. • Faixa etária e atividade ocupacional dos pais: antigamente avaliava apenas as mães. Mães a partir de 35 anos apresentam risco de anomalias cromossômicas por não disjunção e, a cada ano que passa, o risco vai aumentado. O risco é, exclusivamente, para não disjunção cromossômica, não para toda doença [Down, Patau, Edward... principalmente trissomias]. Quanto aos homens, agora mais recentemente se descobriu que, a partir da década de 50 a 60 anos, tem risco de mutação gênica dominante – doenças como acondropasia, por exemplo. Há uma concentração de pais “idosos”. Por fim, a atividade ocupacional se relaciona com exposição a agentes teratogênicos. Possível questão de prova: Qual o benefício mais impactante do planejamento da gestação? A prevenção de malformações congênitas. Como o primeiro trimestre é muito suscetível, porque os genes do desenvolvimento desse período não têm mecanismo de reparo, a exposição a teratogênicos pode gerar mutações que não são reparadas. Como investigar o diagnóstico do RN malformado? • Antecedentes médicos: deve ser dado ênfase, porque podem dar uma pista de herança familiar. o Antecedentes familiares o Antecedentes gestacionais o Antecedentes perinatais • Exame físico o Distinguir variações da normalidade: separar minor de major, gravidade clínica, extensão, enfim, características da malformação. o Caracterizar a malformação: caracterização de todos os aspectos, tais como gravidade clínica, extensão, associação etc. • Exploração complementar: a anomalia cromossômica, por definição está associada com comprometimento neurológico. o Exploração de imagens [RX, USG, TC, PET] o Cariótipo: é o exame ideal, pois permite fazer análise dos cromossomos. o Análise bioquímica: mostra erro inato de metabolismo, por exemplo, que pode ter malformação associada. o Análise molecular ou sequenciamento gênico: em caso de suspeita específica. • Interconsulta • Exame anatomopatológico [biópsia, autópsia]: orienta aconselhamento genético do casal. Situações apresentadas pelo RN que devem gerar uma investigação de um quadro malformativo amplo • Principais entradas de investigação de um quadro malformativo amplo: cardiopatia congênita [acompanha a maioria das doenças gênicas cromossômicas], hipotonia, dismorfismo crânio- 7 Louyse Jeronimo de Morais facial, defeitos de extremidades, pé torto congênito, fenda lábio-maxilo palatina [FLMP], anomalia do desenvolvimento sexual [ADS], defeito de fechamento do tubo neural [DFTN], defeito do fechamento da parede abdominal [DFPA]. Isso está relacionado com síndromes cromossômicas e gênicas, principalmente defeito metabólico. Como caracterizar uma malformação congênita? Investigação diagnóstica das malformações congênitas • Se a malformação é uma variação da normalidade. o Exemplo: macrogenitália, epicanto [indígenas, japoneses e coreanos tem epicanto], ponte nasal em sela [depressão da ponte nasal é comum em negroides]. • Se a malformação é única [isolada] ou múltipla: os espectros podem vir separados ou no conjunto de outras malformações. o Exemplo: síndromes cromossômicas, pé torto congênito, fenda lábio-maxilo palatina. • Se as malformações são compatíveis com um padrão conhecido ou não o Trissomias [13, 18, 21] o Displasias ósseas o Rubéola congênita o Embriopatia rubeolica Há situações com padrão malformativo, cuja suspeita pode aparecer ao nascimento ou logo após. Nem toda malformação tem um padrão. Qual a importância da formulação de uma suspeita diagnóstica? Progredir em direção a um: • Diagnóstico nosológico: conjunto de doenças que têm um ou vários sinais em comum. • Diagnóstico provisório • Diagnóstico exato Importância de um diagnóstico exato • Instituir conduta adequada • Prevenção de complicações graves • Estabelecer plano de seguimento • Conhecer o prognóstico: Vai crescer? Vai estudar? Vai poder praticar esporte? • Aconselhamento genético preciso • Prevenção de novos casos [recorrência] Qual a conduta do médico diante da família? Toda criança malformada gera nos pais e familiares muita ansiedade sobre a: etiologia, gravidade clínica e sobrevivência, diagnóstico e prognóstico. Recomendação ao médico diante de uma família de criança malformada: • Não minimizar nem maximizar o quadro clínico. • Conduzir o processo diagnóstico • Orientar o tratamento: não transferir para outro médico. • Apoiar psicologicamente [psicoterapia] • Orientar sobre medidas de proteção [protocolo de acompanhamento] • Informar sobre medidas de prevenção [aconselhamento genético] • Programas de prevenção das malformações congênitas • Educação reprodutiva • Políticas públicas de acesso aos meios diagnósticos e terapêuticos. 8 Louyse Jeronimo de Morais Acondroplasia Referência: aula da prof. HGNM Pra te animar no estudo desse assunto, lembre-se que essa é a doença do anão de Game of Thrones! [off: fariam???] Dados epidemiológicos • Incidência: 1/6.000 a 1/25.000 • ECLAMC: 0,5 a 1,5/10.000 • Distribuição universal • Razão de sexo: 1,0 • A mais frequente das displasias esqueléticas: porque uma parte deles reproduz, enquanto que muitas displasias param no indivíduo portador da mutação. • Idade paterna acima de 50 anos Os pais dos acondroplásicos geralmente são idosos, ou pelo menos com mais de 50 anos de idade. Enquanto a idade da mãe está relacionada com anomalia cromossômica, a idade do pai está relacionada com mutação gênica e geralmente dominante. O diagnóstico é feito ao nascimento e, habitualmente, pode ser feito no pré-natal. Modelo de herança • Herança autossômica dominante, com penetrância completa e expressividade pouco variável. • Mutações de novo: 80 a 90%. Isso significa que10 a 20% dos casos são transmitidos, sendo um dos genitores acondroplásico. Geralmente, é mutação nova [os pais são normais]. Uma curiosidade é que o quadro clínica varia pouco, então os indivíduos apresentam, praticamente, os mesmos sinais. Além disso, outra curiosidade é a penetração completa, ou seja, todo indivíduo que tem a mutação, vai ter o quadro completo – não existe mutação cega ou silenciosa. Genética molecular Essa estabilidade do quadro clínico ocorre por uma mutação da glicina para a arginina, na posição 1138, em 98% dos casos. • Gene FGFR3 [receptor 3 do Fator de Crescimento do Fibroblasto] • Mutações: o FGFR3: 1138 Transição G -> A [98%] o FGFR3: 1620 Como a mutação é a mesma, essa mutação de ponto é responsável pela estabilidade do fenótipo, porque em muitas doenças, o mesmo gene é afetado, mas em posições diferentes. Outra curiosidade da acondroplasia é que praticamente a mutação de ponto é exatamente no mesmo lugar. Tem um domínio, que é o receptor celular de controle da maturação da cartilagem óssea. Acredita-se que esse é o responsável pelo quadro clínico. Abaixo, temos a localização da mutação, que é no cromossomo 4, no braço curto, na banda 16 e na sub-banda 3, perto do telômero. Abaixo, vemos que o gene tem vários domínios. São várias mutações no mesmo gene. 9 Louyse Jerônimo de Morais Principais vias de sinalização do FGFR3 • STAT • MAPK • PLC-g • PI3K-AKT Esses receptores estãorelacionados com a sinalização que vai da membrana celular até a membrana nuclear. Então, essa comunicação ocorre através de uma cadeia de moléculas, relacionada com malformações e vários tipos de neoplasias. São as chamadas vias de sinalização intracelular, sendo a principal a MAPK. São ativadores de transcrição e transdução de sinal, por isso o quadro clínico é extenso, atingindo o esqueleto de forma geral. Critério mínimo diagnóstico • Nanismo micromélico: o nanismo é às custas do comprometimento dos membros. • Macrocefalia relativa • Mão em tridente • Fácies típica Formas clínicas • Heterozigotos: moderada a grave. • Homozigotos: letal e semi-letal. Como os portadores de acondroplasia estão convivendo entre si, está aumentando o número de homozigotos. Fenótipo geral • Nanismo o Estatura final ▪ Homens: 1,30 m ▪ Mulheres: 1,20 m • Macrocefalia o Perímetro cefálico ▪ Homens: 60 cm ▪ Mulheres: 58 cm • Rizomelia: encurtamento proximal dos membros • Anomalias craniofaciais: podem causar estenose do forame magno e fácies típica. • Fácies: bossa frontal, nariz em sela [depressão da ponte nasal], prognatismo [proeminência do mento], hipoplasia do andar médio da face, estenose do canal auditivo, apinhamento dos dentes. Acima, observar nariz em botão, implantação baixa da orelha, algumas anomalias de trago e ausência de lóbulo. Apesar do tronco cumprido, a caixa torácica é curta. Além disso, observar encurtamento proximal dos membros. No RN, uma característica são as pregas que ocorrem principalmente no segmento proximal dos membros. É como se o osso diminuísse, mas a pele continuasse com o tamanho normal – desaparece com a idade. Acima, observar aplanamento da crista orbitária e macrocrania com proeminência do frontal em relação ao tronco e resto do corpo. 10 Louyse Jerônimo de Morais • Anomalias das mãos: braquidactilia [mãos pequenas e largas], dedos fusiformes, mão em tridente. O quinto e o quarto dedo formam um conjunto, o terceiro e o segundo formam outro e, separadamente, temos o primeiro dedo. O leito ungueal é curto. 100% dos pacientes apresentam essa característica. Pode ter linha palmar completa ou não. Na radiologia, observa-se os ossos da mão progressivamente afilados. • Principais sinais do tronco: tronco longo, tórax estreito e largo na base [em sino], protusão abdominal. • Principais anomalias de coluna: vértebras em cunha, estenose do canal vertebral, cifose toracolombar, acentuada lordose lombo-sacra [pode ser progressiva, principalmente a partir da adolescência, mas tem crianças que a apresentam desde muito cedo]. A confirmação, após suspeita clínica, é feita com radiologia. Raramente precisa de diagnóstico gênico. 11 Louyse Jerônimo de Morais • Achados dismórficos da pélvis o Evidências radiológicas: pélvis estreita e disforme, hipoplasia e deformidade dos ossos pélvicos, displasia acetabular, cabeça do fêmur curta e retificada. o Limitação da extensão da articulação do quadril o Marcha anserina Muitas vezes é necessário cirurgia para colocar prótese no acetábulo ou na cabeça do fêmur. Abaixo, observar uma acondroplasia no recém- nascido, sendo possível visualizar macrocrania [conformação do crânio normal, porém grande] e hipoplasia facial do andar médio da face. A caixa torácica pequena vai resultar em redução do parênquima pulmonar, o que reflete na circulação cardiorrespiratória. Então pode ter pequenas complicações, principalmente quando há infecções, por isso tem que monitorar o cardiorrespiratório desses pacientes constantemente. Acima, visualizamos uma pequena chanfradura ciática e cótilos com teto horizontal; além disso, fêmures arqueados com irregularidades na metáfise proximal, que permanece na idade adulta. • Complicações: apneia do sono, má oclusão dentária, parestesias de MMSS e MMII por compressão, obstrução das VAS, pneumopatias, otite média recorrente até 6 anos de idade, surdez de condução. Diagnóstico diferencial • Hipocondroplasia o Mutações em FGFR3 [80%] o Quadro clínico definido aos 3 anos de idade A precocidade do quadro clínico é grande na acondroplasia. Nesta última, o RN nasce com uma riqueza muito grande de sinais e, além disso, o sistema nervoso não está comprometido. Nas outras, o quadro clínico é mais tardio e há comprometimento do sistema nervoso. • Pseudoacondroplasia o Mutações no éxons 8-14 e 15-19 do gene COMP o Quadro clínico sem dismorfismo facial A mutação é em outro gene. • SADDAN o Mutações em FGFR3 Investigação diagnóstica O problema maior, hoje em dia, é o controle das mutações, porque, como eles começaram a se organizar, ocorre essa conjunção de acrondoplásicos. Então, o número de acometidos está aumentando, por conta da mutação herdada. Quando dois heterozigotos se cruzam, há uma chance de 75% da criança herdar a mutação. 12 Louyse Jerônimo de Morais • Quadro clínico • Achados radiológicos • Análise molecular: consiste no sequenciamento do gene principal, mas pode fazer sequenciamento do genoma, para já pegar o diagnóstico diferencial. o Solicitação: pesquisa das mutações G1138A e G1138C no gene FGFR3. o Material: 3 ml de sangue periférico em EDTA, na temperatura ambiente. o Método: PCR Conduta terapêutica • Tratamento sintomático • Uso limitado de hGH: sem resultado significativo. • Monitoramento cardiorrespiratório e ortopédico: o principal é prevenir complicações. • Neurocirurgia descompressiva • Osteotomia corretiva • Alongamento cirúrgico dos ossos longos: foi tentado, mas gera muitas complicações. • Psicoterapia A inteligência dos indivíduos acometidos é normal, sendo a mortalidade aumentada devido a complicações. Há risco de morte súbita dos 6 meses até os 2 anos. Principais causas de morte • Infância: síndrome de compressão medular • Adulto: distúrbios respiratórios devido à deformidade torácica e neuropatias. • Idoso: cardiopatias. Prevenção e diagnóstico precoce • US mensal do crânio até o primeiro ano de vida • Profilaxia do DM e da obesidade • Aconselhamento genético: a mulher com acondroplasia é considerada gestante de alto risco. • Diagnóstico pré-natal 13 Louyse Jerônimo de Morais Condições críticas de risco genético-reprodutivo Referência: aula do prof. Henrique Gil Toda anomalia do desenvolvimento resulta de uma mutação, ou seja, um dano da informação genética. O desenvolvimento normal é um programa, que tem rotinas e sub-rotinas. Anomalias do desenvolvimento • Malformações múltiplas: síndromes malformati- vas. • Malformação única Síndromes malformativas • Gênicas • Cromossômicas • Multifatoriais Antes, não tínhamos essa ideia da natureza genética, hoje nós temos. Claro que tem situações que não estão muito claras. Malformações multifatoriais • Agentes químicos • Agentes físicos • Agentes biológicos Todos os agentes teratogênicos podem causar dano ao DNA, o que leva à mutação e malformação. Uma outra fonte de estudo dos últimos anos são as malformações preveníveis e não preveníveis. O grupo “não prevenível” não pode ter a prevenção da malformação. Ela ocorre por erros de reprodução, de replicação etc. Então, são erros no mecanismo de reparo ou mutações no próprio mecanismo de reparo. Não se tem, ainda, controle disso. Há um grupo em que se identifica o mecanismo, mas não se consegue agir sobre ele. Para nossa felicidade, a grande maioria das malformações congênitas é prevenível. Nessa aula, daremos ênfase às anomalias do desenvolvimento humano devido a fatores preveníveis. Risco potencial de deficiência física e mental por ação de agentes teratogênicos Agente teratogênico é um agente mutagênico. Nem toda mutação é teratogênica, mas toda teratogenicidadeé por mutação. Todas essas alterações dizem respeito à exposição da gestante. No passado, não se tinha uma noção muito clara de quando isso ocorria. Com o desenvolvimento da embriologia clínica, sabemos que o primeiro trimestre da gestação é crítico, com alto risco, na vigência de exposição a agentes teratogênicos. O começo da gestação é crítico, devido ao maior risco de teratogenicidade. Então, para que a gravidez seja melhor protegida, é necessário que ela seja planejada. No entanto, vê-se muitos casos de gestação casual. Isso é um problema, pois a falta de consciência da gestação no primeiro trimestre faz com que a mãe continue se expondo a bebidas, drogas etc., o que representa um risco ao concepto. Uma deficiência física ou mental resulta de uma composição complexa de diferentes riscos, cada um relacionado com um fator específico. São poucas as exposições que causam malformação depois do primeiro trimestre, um exemplo seria o álcool, que causa mais complicação a nível de sistema nervoso e cardiovascular, pois estes continuam se desenvolvimento após o terceiro mês. Cada fator de risco possui um limite crítico de susceptibilidade para produzir anomalias do desenvolvimento humano. • Defeitos congênitos • Neomortalidade • Natimortalidade • Perda fetal Isso tudo pode ser causado por fatores de risco, devido à exposição a agentes teratogênicos. Uma parte da ação teratogênica não é traduzida em malformações congênitas viáveis, mas em mortalidade precoce – morre após o nascimento, nasce morto ou tem perda fetal. Principais fatores de risco potencial • Período crítico do desenvolvimento: primeiro trimestre, quando ocorre embriogênese. • Predisposição genética crítica nos sistemas em desenvolvimento • Nível crítico de agentes químicos, físicos e biológicos capaz de ter efeito teratogênico Às vezes a mãe é exposta no primeiro trimestre, mas a criança nasce normal, isso ocorre por conta da predisposição genética. Alguns toleram e outros não. Isso depende de vários fatores. 14 Louyse Jerônimo de Morais O risco é uma composição dessas três situações, porque se não houvesse essa interação, a quantidade de criança malformada no mundo seria muito grande. Em populações de nível social baixo, a proporção de mulheres expostas a agentes teratogênicos no primeiro trimestre é muito grande. Sistema crítico • Período gestacional • Predisposição genética • Potencial mutagênico do agente teratogênico Em muitas mulheres, mesmo expostas, a criança nasce normal. Isso ocorre porque depende do período gestacional, da predisposição genética [alguns são mais predispostos do que outros] e do potencial mutagênico do agente teratogênico. A criança malformada sempre resulta desses três principais fatores. Existem outros, mas esses são os principais. Principais fatores de risco potencial área de interseção • Área não determinística • Área quase determinística • Área probabilística É uma área probabilística, ou seja, existe uma probabilidade que, em alguns casos, pode ser calculada. Alguns países indicam interromper a gestação a partir de determinada probabilidade. A área probabilística é a área crítica, situada no meio da interseção. Condições críticas que interferem na ação teratogênica • Estágio de desenvolvimento do concepto [janela] • Relação dose-efeito [dose limite] • Genótipo materno-fetal [limiar crítico SMF] • Propriedades do teratógeno [limite mutagênico] A explicação atual é que os genes do desenvolvimento têm um período muito curto. Alguns ficam abertos por horas e depois se fecham a vida inteira. É diferente de um gene metabólico [ex.: uma enzima do ciclo de Krebs], que apresenta mecanismo de reparo robusto. Os genes do desenvolvimento, no entanto, ficam abertos por algumas horas e não têm mecanismo de reparo ou o mecanismo é muito primitivo. Então, quando ocorre a mutação, ela não é reparada, mas se fixa. Por isso, o conceito de janela é muito importante. Fases da ação teratogênica • Estágio de desenvolvimento do concepto: o primeiro trimestre é crítico, mas mesmo nesse período, há o momento em que a janela fica aberta. • Janela de ação ou janela de dano: espaço de susceptibilidade específica durante o desenvolvimento. Cada teratógeno possui uma janela de ação. o Ex.: talidomina do 21º dia ao 36º dia [4ª até a 6ª semana]. Se a mulher tomar antes ou depois, não acontece nada, porque a janela se fecha. o Álcool abre a partir do 15º dia e nunca mais se fecha. É altamente teratogênico. O esforço atual é conseguir identificar o período em que as janelas se fecham e se abrem para cada agente teratogênico. Efeitos teratogênicos primários • Ação mutagênica: alteração direta do DNA, na informação genética. O DNA, como já se sabe, é um repositório de informação. Efeitos teratogênicos secundários Depois que a informação é processada de maneira normal, ela pode ser alterada adiante: • Crescimento celular • Proliferação celular • Migração celular • Diferenciação celular Todos esses processos são regulados por outros genes. É um complexo. O desenvolvimento das espécies envolve milhares de genes para seu processamento. Efeito teratogênico e seus resultados O efeito teratogênico apresenta resultado variável. Pode ocorrer desde a morte do organismo em desenvolvimento até inconsistências com pequeno impacto morfofisiológico ou não ser perceptível ao nascimento. Há uma variabilidade extensa no comprometimento do desenvolvimento humano. • Padrão específico de anomalias: cria uma síndrome, chamada de embriopatia. 15 Louyse Jerônimo de Morais • Padrão inespecífico de anomalias: geralmente por radiação. A radiação quebra vários cromossomos em vários pontos, envolvendo vários genes, então cada criança tem um padrão de malformação diferente. • Padrão similar à de síndromes malformativas: anomalia cromossômica, doença gênica. Classificação dos agentes teratogênicos • Biológicos [infecções] • Físicos • Químicos • Físico-químicos • Metabólicos Qualquer agente físico, químico, físico-químico, biológico, ou de outra natureza, que seja de origem exógena, presente durante o desenvolvimento embrionário ou fetal capaz de produzir uma anomalia estrutural ou funcional no concepto. Hoje em dia, sabe-se que alguns metabólitos endógenos podem ter efeito teratogênico. Então, essa definição de origem exógena não é 100%, embora seja a maioria. Ingestão de drogas pela gestante A ingestão de uma droga tem um efeito tóxico, podendo ser letal, mas também pode expor a efeitos teratogênicos e mutagênicos, os quais podem levar a um êxito letal não só da mãe, mas também do concepto. Efeitos da intoxicação [para quem está consumindo] • Reversível sem sequela • Reversível com sequela • Irreversível [óbito] Identificação dos agentes teratogênicos • Substâncias químicas de exposição humana: 6 milhões. Aparecem novas, mas outras são retiradas do mercado, por ineficiência ou toxicidade. • Substâncias testadas em animais: aproximadamente 1500. • Embriopatias específicas comprovadas aproximadamente: 50 [rubéola, toxoplasmose, zyka etc.] Os resultados de experimentação animal nem sempre podem ser transferidos para a espécie humana, por conta do sistema multifatorial de cada um tem. É importante para ver as lesões, mas do ponto de vista de precisão, não é necessariamente eficaz. Veja, abaixo, os diferentes graus de teratogenicidade observados na exposição gestacional de humanos e de animais de substâncias de uso terapêutico. Distribuição aproximada da etiologia das malformações congênitas em países desenvolvidos • 3 a 5% desconhecida. Esses 5% representam um dano no DNA, agora aonde foi e por quem, aí é outro problema. • 5 a 10% cromossômicas • 10 a 15% gênicas • 80 a 90% multifatoriaisCondições maternas de risco • Condições maternas prévias o Anomalias cromossômicas o Doenças metabólicas: diabetes, fenilcetonúria, tireoidopatias, deficiência de zinco, deficiência de folato. o Idade: > 35 anos o Doença de segregação familiar o Consanguinidade: comum na população rural. • Condições maternas pré-natais: ocorre durante a gestação. o Infecções o Doenças metabólicas: diabetes gestacional. o Hipertermia o Exposição a teratógenos químicos: abortivos, anestésicos, anoréxicos, antibiótico, anticoagulantes, anticonvulsivos, citotóxicos, 16 Louyse Jerônimo de Morais antipsicóticos, narcóticos, metais pesados [chumbo e mercúrio], hormônios, retinoides etc. Dos teratógenos químicos, os metais pesados são os mais comuns, em especial chumbo e mercúrio. O chumbo tetraetila, antigamente, estava na gasolina e os carros não tinham catalisador, então a fumaça dos carros era uma fonte de teratogenicidade. Hoje em dia, retirou- se esse metal da fabricação da gasolina e se obrigou os carros a saírem de fábrica com catalisador. Outras fontes de chumbo são as bebidas ilegais [uísque] e tintas. Na odontologia, usou-se muito metilmercúrio, embora, hoje em dia, esteja mais restrito às indústrias. Além disso, existe a contaminação de minas de ouro [especialmente na região Norte] e os mariscos contaminados – as gestantes não devem ingerir aqueles que não são de fazendas próprias, pois a maioria está contaminada. o Exposição a teratógenos físicos o Deficiência nutricional • Condições maternas perinatais o Exposição química o Traumatismos o Patologias agudas Indícios de dano genético-reprodutivo • Morte do concepto. Perda gestacional: aborto, natimorto, neomorto. • Concepto portador de malformações • Retardo do crescimento intrauterino [RCIU] • Deficiências funcionais [RDNPM e retardo mental] A ação teratogênica é por natureza multifatorial. As doenças sempre interagem com o meio ambiente. Então, esse processo relacionado às doenças teve um ponto de inflexão, quando houve epidemia de talidomida. Foi nesse momento que aconteceu uma grande discussão se haveria ou não uma relação genética na epidemia. Vários estudos foram feitos e foi provado que era devido a uma herança multifatorial. Antigamente, o nome era “herança poligênica”. Depois se observou que os poligenes, na realidade, não são genes diferentes, mas apenas um gene como qualquer outro, só que ele é responsável por uma parte de uma molécula, enzima ou proteína. Esse conhecimento terminou gerando uma tendência a medir a quantidade desses genes, daí veio o nome de herança quantitativa. No caso da medicina, a doença só aparecia quando havia uma determinada quantidade de poligenes mutados. Foi assim que esse modelo foi se estabelecendo na medicina e no estudo das doenças comuns. O modelo, na realidade, é uma aplicação da curva de distribuição de Gauss. Se há uma curva para um determinado sistema em uma determinada população, a distribuição vai ser de Gauss. Para um sistema poligênico, a quantidade de mutantes determina se um indivíduo vai ter uma doença ou não. Pensou-se que era a mesma quantidade, mas isso não foi comprovado. Cada sistema tem um ponto, chamado limiar, que corresponde à quantidade de gene mutado, a partir do qual a doença se expressa [fenótipo patológico]. A essa quantidade crítica, damos o nome de ponto limiar na distribuição normal – modelo multifatorial com limiar. A maioria da população está na média, isto é, tem 50% dos genes mutados, mas são normais. Na epidemia de talidomida, as gestantes estavam posicionadas muito próximas do limiar, então bastou ingerir um comprimido no primeiro trimestre, dentro da janela de dano, para a criança nascer malformada. Muitas mulheres, no entanto, tomaram talidomina na gestação inteira e a criança normal, então provavelmente a gestante estava no primeiro extremo. Assim, embora a talidomida tenha causado mutações, a criança nasceu normal. Cada indivíduo possui uma quantidade diferente de genes mutados. Essa quantidade é muito próxima da dos parentes de cada um, o que forma um grupo denominado cluster, o qual se desloca junto. Para que isso ocorra, é necessário que o sistema esteja exposto a um agente ambiental externo, que conhecemos hoje como agente mutagênico. Todo agente que causa mutação é 17 Louyse Jerônimo de Morais denominado mutagênico. Nós vivemos em um oceano de mutagênicos e teratogênicos. Estamos em um cluster familiar, compartilhando não só genes principais [mendelianos], mas também os poligenes. A família nada mais é do que um conjunto de pessoas que compartilham uma informação genética. É por isso que as famílias, apesar de todo o bombardeio em cima delas, elas são muito fortes, pois elas compartilham os mesmos genes. Se há uma família muito próxima do limiar, diz-se que ela é suscetível ou tem predisposição genética para determinada doença. No outro extremo, ela tem resistência. Esse fenômeno já tinha sido identificado pelos médicos egípcios, que perceberam que certas famílias tinham predisposição a apresentar determinada doença. Janela de ação É bastante recente e só veio isso com a genética molecular e embriologia clínica moderna, mostrando que os agentes teratogênicos tem um período de ação no primeiro trimestre muito específico, que é quando os genes estão abertos e sintetizando proteínas. Condições críticas que interferem na ação teratogênica 1. Estágio de desenvolvimento do concepto • Organogênese: período de diferenciação celular rápida e de migração celular. Período crítico. A vida média dos genes é muito curta, eles abrem por algumas horas e depois fecham para sempre então eles não desenvolvem mecanismo de reparo. • Período pré-implante. Período pré-diferenciação: baixo risco ou nenhum risco. Aproximadamente 15 dias após a fecundação. É um período de proteção. Quando sofre, a célula é eliminada. • Janela de ação ou janela de dano: espaço de suscetibilidade específica durante o desenvolvimento. Cada teratógeno possui uma janela de ação ou janela de dano. Ex.: talidomida do 21º dia ao 36º dia [4ª até a 6ª semana], álcool a partir do 15º dia. Se fizer uso de tais substâncias dentro da janela de dano, a criança tem um ALTO risco de nascer malformada. 2. Relação dose-efeito • Cada teratógeno possui um limiar de dose [limiar crítico], • Limiar de dose é a dose teórica abaixo da qual nenhum efeito é observado • O limiar de dose da maioria dos teratógenos é desconhecida. O problema é que, apesar de todos os estudos, não se conhece o limiar de dose da maioria dos teratógenos, principalmente por conta da herança multifatorial. 3. Genótipo materno-fetal • Os genótipos materno e/ou fetal estariam relacionados com mecanismos de inativação ou degradação dos teratógenos. • Provável existência de genes de degradação de substâncias tóxicas [genes Ahh]. A quantidade de criança malformada é muito menor do que a exposição de gestantes a agentes teratógenos. Descobriu-se que algumas mulheres tem capacidade de degradar os teratógenos. Isso é genético e variável de pessoa a pessoa. • Competência genética da gestante em metabolizar o teratógeno • Competência genética do concepto em metabolizar o teratógeno • Ação monogênica ou poligênica interferem no aumento da atividade das enzimas de degradação. Os genes de degradação são os mendelianos, mas se acredita que existem genes poligênicos de degradação, embora não tenham sido descobertos. • Nenhum teratógeno produz efeitos em 100% dos indivíduos expostos durante a gestação. Esse fato é compatível com o modelo multifatorial, bem como o ponto limiar e limiar crítico. 4. Propriedades do teratógeno • Especificidade do agente: padrão específico de malformações. o Talidomida: focomelia+ cardiopatias congênitas. 18 Louyse Jerônimo de Morais o Rubéola: catarata, surdez e PCA. • Tempo de exposição do agente/efeito cumulativo: para que ocorra um efeito teratogênico é necessário que o tempo de exposição [duração] atinja a janela de ação. o Janela estreita: talidomida o Janela larga: álcool o Efeito cumulativo: radiação ionizante – crianças com múltiplas malformações. Efeito clastogênico: causado por vírus e radiações; é uma mutação que quebra o cromossomo, mas não consegue reparar ou repara errado. As malformações são as mais variadas possíveis. • Associação de agentes: substâncias com caráter não teratogênico quando usadas separadamente, adquirem caráter teratogênico quando associadas. o Situações de risco: associação de medicamentos na gestação, garrafadas / coquetéis abortivos. Casos especiais • Gestante em tratamento com: anticonvulsivos, neurolépticos, antineoplásicos, hormônios. Novos riscos • Recém nascidos malformados resultantes de procedimentos da reprodução assistida • Idade materna • Indutores da ovulação • Congelamento de embriões Houve muitos trabalhos contraditórios. Hoje em dia, é relativamente seguro, mas a idade materna ainda é um risco razoável, principalmente em alguns países onde as mulheres iniciam a vida reprodutiva cada vez mais tarde. A vantagem é que podem usar reprodução assistida, mas é bom lembrar que idade materna é fator de risco de não disjunção cromossômica. Medidas de prevenção • Planejamento da vida reprodutiva: principal fator, independente da população e do nível socioeconômico de desenvolvimento. • Acesso ao pré-natal no início da gestação • Acompanhamento pediátrico de médio a longo prazo • Interrupção da gestação • Reprodução assistida • Adoção: quando o risco é muito alto. Sistema Nacional de Informação sobre Agentes Teratogênicos [SIAT] • Objetivos: prevenção de defeitos congênitos, captação de informações sobre agentes teratogênicos. • População-alvo: gestantes, médicos e pesquisadores, população geral. 19 Louyse Jerônimo de Morais Síndrome de Seckel Referência: aula do prof. Henrique Gil Essa síndrome apresenta retardo mental, ao contrário da acondroplasia, embora ambas sejam anomalias esqueléticas. Na prova, talvez, ele peça um quadro avaliativo para apontar as diferenças entre a síndrome e Seckel e a acondroplasia. Sinonímia • Nanismo com “cabeça de passarinho” • Nanismo primário microcefálico • Nanismo primordial com microcefalia • Nanismo nanocefálico • Síndrome de Virchow Seckel É um nanismo extremo e proporcional, pois todos os segmentos são igualmente pequenos. Desde sempre, tem sido registrada, não só pelos médicos, mas também nas artes. O quadro abaixo é o Caroline Crachami – 1826, feito pelo pintor John James Chalon [1778-1854]. É uma síndrome de Seckel típica. Durante muito tempo, as pessoas ganhavam dinheiro nos circos e exposições, como uma curiosidade. Hoje em dia, isso é considerado inadequado. Grupo nosológico É uma displasia esquelética, dentro dos nanismos hereditários, deficiências severas do crescimento, síndromes de nanismo primordial e síndromes de nanismo proporcional. Ao contrário da acondroplasia, a síndrome de Seckel tem uma instabilidade cromossômica. Isso significa que os cromossomos se quebram sob determinadas circunstâncias [geralmente neoplasias]. Também se relaciona com defeitos no mecanismo de reparo do DNA. É claro que não são todos, mas isso facilita várias outras patologias graves nesses pacientes. Epidemiologia • Doença rara: estatísticas escassas. • Distribuição universal, embora tenha maior incidência na Índia e Paquistão. • Razão de sexo: 1,0. o Prevalência: ligeiramente maior em meninas. As doenças raras são raras, mas os doentes com doenças raras são muito numerosos. Modelo de herança • Herança autossômica recessiva: os pais são heterozigotos. É por isso que muitos dos pais são consanguíneos. Consequentemente, a recorrência familiar é comum. • Expressividade variável: enquanto a acondroplasia não varia, na Seckel, é muito variável. • Heterogeneidade genética: coisa que não existe na acondroplasia • Instabilidade cromossômica [quebras e troca de cromátides irmãs] 20 Louyse Jerônimo de Morais • Heterogeneidade genética: são muitos genes envolvidos, sendo que o principal é o ATR. Cada gene é de um cromossomo diferente, e tem um quadro clínico ligeiramente atenuado. Família SKL: é uma denominação clínica. A forma completa é o SKL 1, que é a maioria dos casos. É uma mutação no gene ATR, especificamente no braço longo do cromossomo 3, na banda 22. Os outros vão atenuando. As mutações diferentes criam quadros clínicos diferentes e mais atenuados, o que responde pela grande variabilidade clínica da doença. Genética molecular • Gene SKL1:[3q22.1-q24]: principal forma clínica. Codifica a proteína ATR [ataxia-teleangiectasia e RAD3]. É uma proteína importante no reparo do DNA. • Principal forma clínica: SKL1 • Gene ATR: ATM [ataxia-teleangiectasia] e RAD3 [família SKL]. • Proteína: ATR serina/treonina quinase. Uma mutação na proteína ATR serina/treonina quinase causa problemas no reparo do DNA. Quando ele é danificado, desencadeia um processo de reparo, o qual pode ser integral ou então ocorre apoptose. Essa proteína também faz parte do replicon e reparon. Mutações em ATR senina/treonina quinase • Teleangiectasia cutânea familiar • Síndrome de predisposição ao câncer orofaríngeo • Síndrome de Seckel: diferentes genes e diferentes alelos. Existem dois tipos de heterogeneidade, a genética e a alélica. Então, diferentes genes causam síndrome de Seckel e diferentes alelos de um mesmo gene causando outras doenças. Isso tudo é por mutações de ATR, só que em lugares diferentes. • 2008: descoberto gene PCNT, que codifica a proteína pericentrina. Quando ocorre mutações no éxon 1, acontece duas doenças: o Nanismo primordial osteodispláico [retardo mental ausente ou leve a moderado] o Síndrome de Seckel [atenuada] • 2010: descoberto gene CEP 152, que codifica proteína 152 centrossômica [conservada no Chimpanzé e em outros]. Mutações nesse gene são encontradas em duas doenças: o Microcefalia primária isolada 21 Louyse Jerônimo de Morais o Síndrome de Seckel [SKL 5] • 2018: disseram que era um espectro clínico, com vários graus. Hoje em dia, sabemos que ela não é considerada um espectro no sentido em que nós conhecemos, a exemplo do defeito de fechamento de tubo neural. Este último é um mecanismo único, com graus variáveis. Período de manifestação ou diagnóstico Período pré-natal e ao nascimento Critério mínimo diagnóstico • Fácies peculiar [cabeça de pássaro] • Microcefalia severa • RCIU e RC pós-natal [baixo peso e baixa estatura ao nascer] • Retardo mental variável O que caracteriza mesmo é a fácies e o nanismo. É uma criança dócil, que frequenta escola no início e, como é hiperativa e dócil, é um sucesso no jardim de infância. Só que as outras crianças começam a crescer física e mentalmente, e ela fica parada. Invariavelmente, os pais têm que tirar da escola. Microcefalia severa Achados clínicos 1. Fácies de passarinho ou fácies Seckel Nos pacientes com mutação do gene ATR, todos apresentam os 10 sinais abaixo. Quando tem outras mutações, além de ser mais raro, é mais atenuado, mas a maioria dos casos é mutação em ATR. • Rotação posterior do frontal [crânio de chimpanzé]: o frontal fica como se tivesse deitado. • Protuberância dos olhos: é secundária, pois o teto da cavidade orbitária tende a ir para frente, devido ao frontal posteriorizado. Assim, o globo ocular fica projetado para fora. • Fenda palpebral antimongoloide: oblíqua para baixo. • Blefarofimose: estreitamentoda abertura palpebral • Hirsutismo facial • Nariz comprido, grande e em forma de bico • Micrognatia: redução da mandíbula. • Implantação baixa e displasia da aurícula • Ausência do lóbulo auricular • Anomalias dentárias Hirsutismo, micrognatia, implantação baixa da orelha, nariz comprido, rotação posterior do frontal e microcefalia Hirsutismo facial 22 Louyse Jerônimo de Morais Rotação posterior do frontal, nariz em bico e micrognatia Microcefalia e desproporção dos ossos da face Mutação SKL3 Mutação SKL2 Essas características estão presentes na maioria dos casos. Alterações dentárias e nariz grande 2. Principais anomalias esqueléticas • Clinodactilia do 5º quirodáctilos • Agenesia de costela [somente 11 pares] • Agenesia de epífises falangianas • Hipoplasia proximal da fíbula e do rádio • Luxação da cabeça do fêmur e do rádio • Pé torto congênito e pés planos • Espaçamento entre o 1º e 2º pododáctilos 3. Principais anomalias do SNC • Comprometimento mental: circunvoluções semelhantes às do chimpanzé; redução acentuada do encéfalo. • Agenesia do corpo caloso: por isso o retardo mental. • Paguirigia: espessamento das circunvoluções cerebrais, exceto do frontal. 23 Louyse Jerônimo de Morais 4. Principais anomalias de genitália • Masculina: hipospádia; criptorquidia. • Feminina: clitotomegalia. 5. Características do comportamento • Hipercinesia e falta de concentração [TDAH] • Docilidade 6. Associações clínicas: a falha de mecanismo de reparo no DNA gera outras anomalias. • Anomalias hematológicas [25%] • Pancitopenia • Leucemia mieloide aguda: por isso tem que monitorar. Diagnóstico diferencial • Estudo de Israel: relação com outras doenças. Existem 10 genes que podem ser responsáveis, relacionados com outras doenças e outras vias de sinalização. Investigação diagnóstica • Exploração clínica • Testes de instabilidade cromossômica • Avaliação hematológica • Sequenciamento gênico: para saber se é Secker e qual é o gene mutado. Conduta terapêutica • Tratamento sintomático • Monitoramento hematológico e oncológico • Cirurgia corretiva: em alguns casos, devido à displasia esquelética Prognóstico • Estatura final próxima de um metro • Dificuldades de locomoção • Retardo mental médio a grave • Sobrevida média: média populacional [quando não há complicações associadas]. Muitos chegam à idade adulta e são ativos nas associações de apoio, quando não há retardo mental acentuado. O retardo mental é acentuado na ATR; nos outros genes, o quadro clínico e retardo mental é mais atenuado. Prevenção • Monitoramento ortopédico, hematológico e oncológico • Aconselhamento genético: muitos dos pais são primos. Então, existe o risco de 25% de terem filhos com Seckel e de 12 a 15% de outras doenças recessivas graves. 24 Louyse Jerônimo de Morais Síndrome de Treacher Collins Referência: aula do prof. Henrique Gil da Silva Nunesmaia É a doença do livro/filme “Extraordinário” No passado, não se tinha um entendimento de como os doentes se comportavam e qual a sua variabilidade clínica. Hoje em dia, a grande maioria das questões já está bem estabelecida. Essa síndrome recebeu esse nome em homenagem ao oftalmologista inglês Edward Treacher Collins, no começo do século XX. Ele fez uma descrição detalhada, acompanhando vários casos da clínica dele e fez um estudo retrospectivo dos casos dos colegas. Apesar de a síndrome ter sido descrita por vários autores, a comunidade científica reconheceu o trabalho dele. Histórico Desde 1846 [Thomson], a doença vem sido estudada. • 1889: Berry • 1900: Treacher Collins • 1949: Franceschetti e Klein • 2004: Teber Sinonímia • Síndrome de Berry: primeiro a descrever. • Síndrome de Treacher Collins Franceschetti • Síndrome de Francheschetii-Zwahlen-Klein • Síndrome de Franceschetti-Klein • Displasia zigoauromandibular: usada pelos alemães. Os três elementos estruturais ósseos afetados pela síndrome – arco zigomático, aurícula e mandíbula. • Disostose mandíbulo-facial: usada pelos americanos. Grupo nosológico • Displasias esqueléticas [displasias médio facial]: grupo nosológico principal. • Displasia craniofacial • Síndromes do 1º arco branquial • Síndromes do 1º e 2º arcos branquiais • Anomalias de desenvolvimento da cristal neural: está relacionado com a migração de células do desenvolvimento para a crista neural. É a mais importante displasia craniofacial. Uma característica dela é que, apesar de ter deformidades muito acentuadas, mantém capacidade cognitiva aparentemente intacta. Epidemiologia • Incidência: 1:10 mil a 1:70 mil nascidos vivos. É algo variável, porque muitos tem um quadro aparentemente normal, embora haja a mutação. Então, acaba fugindo das estatísticas. • Distribuição universal • Razão de sexo: 1,0 Modelo de herança • Herança autossômica dominante • Penetrância completa: todo indivíduo com mutação tem manifestação clínica, mesmo que a mutação seja mínima. Os assintomáticos, quando faz estudo radiológico da face, descobre-se diminuição do tamanho dos ossos. • Expressividade altamente variável: mesmo dentro de uma família, existem casos graves, de média gravidade e assintomáticos. • Mutações novas: 60%; os pais são normais, mas a mutação nasceu na criança. O risco de 50% é para os filhos desse indivíduo. • Heterogeneidade genética: vários genes são responsáveis pela doença. • Heterogeneidade alélica: dentro de um gene, diferentes mutações causam quadro clínico diferente. Genética molecular • Gene principal: TCOF1 [26 éxons], de pequeno a médio. • Presente em 95% dos pacientes, é predominante. • Codifica proteína nucleolar TREACLE, a qual se relaciona com a função do nucléolo. Essas mutações criam proteína truncada [sem função ou com função distorcida] com haploinsuficiência. Este último conceito é quando um alelo normal de um 25 Louyse Jerônimo de Morais gene é insuficiente para manter a integridade da proteína ou enzima codificada. Assim, se tiver um alelo alterado, a proteína se altera por completo. Nas doenças recessivas, tem haplosuficiência, então o alelo não mutado compensa e o indivíduo heterozigoto passa como se fosse normal. Mutações na RNA polimerase causam a síndrome, só que a proporção é muito pequena, em torno de 1%. Existe, ainda, pacientes com quadro clínico clássico, mas que não apresentam gene conhecido [não descoberto]. Estão em cromossomos diferentes, são genes diferentes e a frequência é pequena. Quanto ao gene TCOF1, já foi descrito mais de 20 mutações, o que mostra, provavelmente, que a variabilidade clínica dos pacientes com mutação em TCOF1 é devido aos diferentes alelos e diferentes mutações no gene. Etiopatogenia Hipóteses moleculares atuais Anomalias no desenvolvimento dos ribossomos relacionadas com alteração do desenvolvimento dos ossos da face. Está restrito à face, tanto na parte óssea quanto de partes moles. Hipótese atual Mutações em TCOF1 [deleções, inserções etc.] leva à haploinsuficiência, redução na produção de Treacle alteração dessa proteína, redução do RNA ribossômico, com apoptose das células da crista neural e, por fim, anomalias do desenvolvimento dos ossos da face No caso das RNA polimerase, isso vai também alterar a migração para primeiro e segundo arco braquial, causando displasia, aplasia ou hipoplasia das estruturas derivadas do 1º e do 2º arcos branquiais. 6ª e 7ª semana do desenvolvimento embrionário [fase crítica] → mutações gênicas → células da crista neural são “impedidas” de migrarem para o 1º e 2º arcos branquiais → ocorrência de displasia, hipoplasia ou aplasia das estruturas derivadas do 1º e do 2º arcos branquiais. Gravidade clínica A expressividade gênicaé bastante variável, com alta variabilidade clínica. • Assintomática • Sintomático: leve, moderado, grave, gravíssimo. • Perda fetal / natimorto Recentemente, foi visto que essa classificação tem relação tanto com a mutação gênica quanto com a alélica. Formas clínicas 1. Forma leve Acima, paciente com microtia, fenda palpebral oblíqua [antimongoloide], malar. Esse problema existe porque a diminuição do assoalho do zigoma faz com que a 26 Louyse Jerônimo de Morais cavidade orbitária desça, então o globo ocular desce. Por isso tem afundamento e descida, porque o assoalho da cavidade orbitária desce. Então tem esse aspecto, em consequência à diminuição dos ossos da face. 2. Forma grave Obstrução de vias aéreas superiores dá necessidade de traqueostomia. Critério mínimo diagnóstico No mínimo um dismorfismo de no mínimo três de quatro tipos de anomalias: faciais, auriculares, oculares e bucais. • Anomalias craniofaciais [hipoplasia dos ossos da face]: às custas de hipoplasia do zigoma e da mandíbula, causando micrognatia e má oclusão. No osso temporal, tem estenose e atrésia do canal auditivo, que pode levar à surdez de condução, por dismorfismo dos ossículos do ouvido médio. • Anomalias auriculares: o mais comum é implantação baixa da aurícula, mas existem outras alterações, tais como displasia auricular, microtia, anotia, apêndice pré-auricular, fístula cega aurícula-comissura, pilificação pré-auricular. • Anomalias oculares o Fenda palpebral antimongoloide: oblíqua para baixo. o Coloboma da pálpebra inferior: ausência ou falha da pálpebra em uma região específica. o Aplasia parcial ou total dos cílios inferiores o Blefarofimose: estreitamento da abertura palpebral o Hipertelorismo ocular o Estrabismo o Diminuição da acuidade visual • Anomalias bucais o Macrostomia o Má oclusão o Fenda paliativa [não FLMP] o Anomalias dentárias: agenesia, apinhamento, agenesia de esmalte. Implantação baixa, má oclusão dentária, fenda antimongoloide Hiplasia da mandíbula bem acentuada, fenda antimongoloide, implantação baixa do pavilhão auricular 27 Louyse Jerônimo de Morais Microtia bem acentuada, blefarofimose, coloboma, ausência de cílios na pálpebra inferior e alterações dentárias Caso mais leve, com pilificação da região pré-auricular Afundamento da cavidade orbitária, por diminuição do assoalho Ausência dos cílios na pálpebra inferior e microtia Micrognatia acentuada e microtia com displasia auricular Irmãs: uma gravíssima e outra grave Achados clínicos com alta frequência • Fenda antimongoloide: 90% • Hipoplasia do zigome [malar]: 90% • Hipoplasia mandibular: 90% • Dismorfismo auricular: 80% • Coloboma de pálpebra inferior: 70% • Agenesia parcial ou total dos cílios inferiores: 60% • Anomalias dentárias: 60% Achados clínicos com frequência média • Surdez de condução: 40% • Anomalias visuais: 40% • FLMP: 30% 28 Louyse Jerônimo de Morais • Pilificação pré-auricular: 30% • Palato mole incompetente: 30%. Achados clínicos ocasionais • Dismorfismo nasal • Coloboma da pálpebra superior • Atresia das coanas • Hipoplasia de faringe • Microftalmia • Agenesia de parótida • Blefaroptose Diagnóstico • Investigação clínica • Investigação de imagem: radiologia é fundamental. • Investigação molecular: sequenciamento dos genes. Feito para aconselhamento genético. Investigação diagnóstica • Estudo radiológico de crânio e face • Radiografia panorâmica das arcadas superior e inferior • TC do osso temporal • Sequenciamento gênico: confirma o que a radiologia diz. 1. Investigação por imagem • Avaliação óssea e dentária • Cefalometria [medição dos ossos da face]: importante para identificar “assintomáticos”. • TC do temporal [avaliação da estenose ou atrésia do canal auditivo e anomalias dos ossículos do ouvido médio] • TC 3D reconstrução da face 2. Investigação molecular • Teste genético: painel NGSv1. Na USP já faz. 3. Diagnóstico pré-natal • US fetal confirmatório a partir da 20ª semana • Análise do DNA fetal através de amostra do vilo corial [mutações de TCF1] Critérios diagnósticos práticos • Anomalias do desenvolvimento concentradas na região craniofacial [estruturas derivadas do 1º e 2º arcos branquiais]. • Os dismorfismos são bilaterais e geralmente simétricos • Dismorfismo auricular não está associado à malformação renal • Os pacientes não apresentam retardo mental ou do desenvolvimento neuropsicomotor. A inteligência, portanto, está preservada. • Pacientes assintomáticos podem apresentar alterações radiológicas dos ossos da face, visualizadas na cefalometria, pois o gene tem penetrância completa. Diagnóstico diferencial • Síndromes do 1º arco branquial • Síndromes do 1º e 2º arcos branquiais • Síndrome de Goldenhar [síndrome oculoauriculo- vertebral]: esse é o principal diagnóstico diferencial. • Disostoses acrofaciais: face similar à TCS associado a defeitos de membros. • Síndrome de Nager • Síndrome de Miller Critérios clínicos de TESSIER • Fenda palpebral antimongoloide • Hipoplasia do zigoma • Dismorfismo auricular [anotia, microtia, displasia auricular] • Micrognatia • FLMP • Outros dismorfismos faciais Atualmente não é mais usado, por conta dos recursos da imagem, estudo radiológico e sequenciamento gênico. Conduta terapêutica Sintomático e predominantemente cirúrgico. No RN, nas formas grave e gravíssima, faz traqueostomia, a fim de se realizar correções das dificuldades respiratórias e alimentares. Além disso, deve-se corrigir a hipoacusia ou surdez, bem como a fenda palatina [a partir de 1 ano de idade] e reconstrução da face em vários tempos. Psicoterapia é importante, por conta da capacidade cognitiva preservada. Somado a tudo isso, fazer aconselhamento genético, porque é uma doença autossômica dominante, com penetração completa, então tem que investigar a família. Protocolo de acompanhamento 1. Três meses a 1 ano: cirurgias corretivas da fenda palatina. 2. Cinco a 8 anos: aumento da mandíbula 29 Louyse Jerônimo de Morais 3. Seis a 8 anos: reconstrução do ouvido externo, arco zigomático, paredes laterais e assoalho da caixa torácica, bem como das pálpebras. 4. Após cirurgia de mandíbula [14 a 18 anos]: adequação ortodôntica, septorinoplastia, cirurgias estéticas. Complicações • Complicações respiratórias devido a: micrognatia, lesões labiopalatinas, língua retroposicionada. • Surdez de condução [dificuldades da fala] • Complicações devido a: má oclusão, lesões lábio- palatinas, obstrução da rinofaringe. • Complicações visuais • Complicações cirúrgicas Prognóstico • Bom quando há diagnóstico precoce • Risco de complicações respiratórios e de surdez na infância • Reconstrução da face satisfatória • Sobrevida similar ao da população geral Prevenção • Diagnóstico precoce • Diagnóstico pré-natal • Aconselhamento genético 30 Louyse Jerônimo de Morais Síndrome de Apert Referência: aula do prof. Henrique Gil Introdução É uma displasia esquelética, com sinais craniofaciais associados com sinais de extremidade. Essas características são tão marcantes que, se ausentes, deve- se procurar outro diagnóstico. É muito variável na gravidade, mas o fato é que todos têm sindactilia. Então, há uma variabilidade da gravidade clínica. Histórico Eugene Charles Apert [1868-1940] foi um pediatra francês, aluno de Antoine BJ Marfan. Este último fez uma escola bem conceituada, com várias síndromes descritas. Abert fez um estudo retrospectivo e, com isso, fez uma descrição clínica, até hoje, considerada exemplar. Síndrome de Apert Sinonímia • Acrocefalosindactilia tipo I • Acrocefalosindactilia tipo II • Doença de Apert-Crouzon •Cefalodactilia de Vogt • ACS I Grupo nosológico • Displasias esqueléticas: é o grupo guardachuva, • Craniossinostose • Acrocefalosindactilia: é a principal. • Anomalias craniofaciais. 1. Craniossinostoses Trata-se de uma fusão prematura das suturas cranianas, sendo o diagnóstico diferencial é muito extenso. As suturas coronais e lambdoides são as mais afetadas, podendo causar acrocefalia e braquicefalia. Há uma variabilidade muito grande, desde pequenas alterações no formato do crânio até grandes alterações no crânio e na face. Características craniofaciais • Diminuição do diâmetro antero-posterior e aumento do biparietal: o aumento do diâmetro biparietal ocorre porque o conteúdo do encéfalo é o mesmo. • Achatamento acentuado do occipital • Alargamento e proeminência do frontal Essas alterações, devido ao fechamento da sutura precoce, terminam gerando uma série de anomalias craniofaciais. Acima, vemos bossa frontal e aplainamento da crista supraorbitária. Com esse achatamento, perde o aprofundamento da cavidade orbitária, a qual fica rasa e causa protusão do globo ocular. Além disso, observa-se depressão da ponte nasal, nariz em botão e implantação baixa do pavilhão auricular. Aplainamento occipital, protuberância do globo ocular e nariz em botão com narina antevertida 31 Louyse Jerônimo de Morais Início do fechamento das suturas cranianas Achados clínicos 1. Anomalias cranianas • Oxicefalia [coronal ou todas]: dimensão superior do encéfalo e da calota craniana. • Braquicefalia • Dolicocefalia Avaliação dos diâmetros da cabeça A síndrome de Apert é a mais importante das acrocefalopolisindactilias, além de ser a mais estudada, com maior repercussão e tratamento cirúrgico relativamente avançado atualmente. Dados epidemiológicos • Incidência: 1:50 mil a 1:100 mil. • Razão de sexo: 1,0 • Distribuição universal • Corresponde a 5 a 10% das craniossinostoses. Modelo de herança • Herança autossômica dominante • Expressividade variável • Heterogeneidade genética • Efeito paterno da idade [acima de 50-60 anos]. As mutações são de origem paterna. • Mutações novas: 98%. Isso significa que só 2% é herdado. Em alguns casos, a anomalia é tão leve que o indivíduo consegue se reproduzir, mas a grande maioria é mutação nova, que para ali mesmo. • Associação com anomalias cromossômicas Genética molecular • Gene FGFR2 [receptor 2 do fator de crescimento do fibroblasto] Esses genes fazem parte do estudo da cadeia de comunicação entre a membrana citoplasmática e a membrana nuclear. É a principal prova de que mutações de diferentes pontos de um mesmo gene podem gerar diferentes doenças. É o caso desses receptores. • Deleção e outras mutações no éxon 7 [98%] • Mutações o FGFR2: em 70% dos casos é uma mutação de ponto, que ocorre na posição 252, ocasionando troca da serina pelo triptofano. [S252W] o FGFR2: em 28% dos casos, ocorre troca da prolina pela arginina [P253R]. A grande maioria da síndrome ocorre por mutação de ponto no éxon 7 do receptor 2 do fator de crescimento do fibroblasto. Isso foi uma prova de heterogeneidade genética e alélica. Então, se diferentes genes causam mutações no éxon 7, com diferentes graus de gravidade clínica, isso demonstra que o quadro clínico está influenciado pelo tipo de mutação. Nesse mesmo éxon, dependendo da posição, pode aparecer Síndrome de Crouzon ou Pfeiffer e várias outras no mesmo éxon. Outros éxons também estão relacionados. Há doenças que têm mais de um gene mutado - genes diferentes causando a mesma doença, mas também há genes, como o FGFR2, em que diferentes mutações no 32 Louyse Jerônimo de Morais mesmo gene, às vezes o mesmo éxon, geram doenças diferentes. É o que chamamos de heterogeneidade genética. • Localização cromossômica: ocorre deleção do cromossomo 2, mas a alteração principal é no braço longo do cromossomo 10, na banda 26. • Síndromes com craniossinostoses com mutações em FGFR2: Síndrome de Apert, Crouzon, Pfeiffer, Jackson-Weiss, Muenke, Bare Stevenson, Crouzon com acanthosis nigricans. Síndromes relacionadas com mutações em FGFR2 • Síndromes com craniossinostoses • Síndromes dismórficas • Síndromes com neoplasias Critério mínimo diagnóstico • Craniossinostose • Sindactilia severa e simétrica de mãos e pés A anomalia grave [fusão óssea e membranosa da última falange] impede a preensão e tem dificuldade em relação a qualquer outra função da mão, é preciso fazer amputação da última falange. Tríade clássica [descrita em 1906] • Craniossinostose • Sindactilia • Hipoplasia da mandíbula Hoje, sabemos que o critério mínimo inclui que 100% dos casos tem craniossinostose, com malformações craniofaciais severas e sindactilia [geralmente grave, mas é variável]. Critério mínimo dos americanos • Craniossinostose • Hipoplasia médio-facial • Sindactilia • Alargamento da falange distal do polegar e do hálux Principais características do fácies Apert • Face plana • Hipertelorismo ocular: devido ao aumento do diâmetro biparietal. • Exoftalmia: protusão do globo ocular. • Estrabismo • Fendas antimongoloides: obliquas para baixo • Nariz em sela e narinas antevertidas • Comissura labial deprimida: antigamente chamado de boca de peixe. • Pavilhão auricular: implantação baixa e dismorfismo. • Palato alto ou fenda palatina • Úvula bífida • Anomalias dentárias • Apinhamento superior: é o que a maioria apresenta, mas pode ter diástase dentária. • Hipoplasia da face média • Prognatismo da mandíbula Fusão dos quatro quirodáctilos, com deformidade do polegar, alteração de fácies, fenda oblíqua para baixo, hipertelorismo, implantação baixa da orelha Protusão ocular, fenda palpebral antimongoloide, microstomia, protusão do frontal – bossa frontal central [pode aparecer até duas bossas frontais], implantação baixa da orelha 33 Louyse Jerônimo de Morais Microstomia, narinas antevertidas, blefarofimose discreta, protusão do frontal, diminuição da face média Depressão da comissura labial, nariz em botão, projeção do globo ocular, protusão do frontal, implantação baixa da orelha, ausência de lóbulo, hipoplasia de tragos, fácies de Apert Oxicefalia extrema chamada de turricefalia Protusão do globo ocular, bossa frontal acentuada, hipoplasia acentuada da face média, implantação baixa da orelha Principais características esqueléticas • Pescoço curto: fusão de vértebras cervicais [70%] comum C5-C6 • Membros curtos • Diminuição da mobilidade das grandes articulações: cintura escapular, cotovelos, joelhos, cintura pélvica. Principais características das mãos • Sindactilia severa e simétrica, cutânea ou óssea • Dedos curtos • Polegar e hálux alargados distalmente • Fusão parcial e completa dos quirodáctilos envolvendo o 2º e o 3º: mão em concha ou colher, mão de obstetra quando apenas o polegar é livre. • Sinoníquia: fusão de duas ou mais unhas numa só. Principais características da sindactilia • Variabilidade: óssea ou membranosa. • Constância: bilateralidade e simetria. A sindactilia é bilateral porque ocorre nos dois lados - nas duas mãos e nos dois pés-, e simétrica, porque o mesmo tipo que ocorre em uma mão ocorre na outra. Classificação dos quirodáctilos • Classe I: três quirodáctilos • Classe II: quatro quirodáctilos [mão do obstetra] • Classe III: cinco quirodáctilos [mão em concha ou colher; mão em botão de rosa]. Achados clínicos 34 Louyse Jerônimo de Morais Mão do obstetra Dedo curto e fusão dos quatro dedos Sinoníquia Acometimento dos pés Fusão membranosa e óssea Sindactilia em botão de rosa, com fusão da última falange Sindactilia completa dos pododáctilos 35 Louyse Jerônimo de Morais Formato de colher ou
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