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Resumo dos delitos e das penas

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Resumo do livro: Dos delitos e das penas - Cesare Beccaria ou Marquês de Beccaria
Introdução: é uma obra que se insere no movimento filosófico e humanitário da segunda metade do século XVIII. Na época havia grassado a tese de que as penas constituíam uma espécie de vingança coletiva; essa concepção havia induzido à aplicação de punições de conseqüências muito superiores e mais terríveis que os males produzidos pelos delitos. Prodigalizara-se a prática de torturas, penas de morte, prisões desumanas, banimentos, acusações secretas. Foi contra essa situação que se insurgiu Beccaria.
Início:
- Os princípios de moral e de política, aceitos entre os homens, derivam em geral de três fontes: a revelação, a lei natural e as convenções sociais. 
- A lei natural exige menos que a revelação, e as convenções sociais menos que a lei natural. Assim, é muito importante distinguir bem os efeitos dessas convenções, isto é, dos pactos expressos ou tácitos que os homens se impuseram, porque nisso deve residir o exercício legítimo da força, nessas relações de homem a homem, que não exigem a missão especial do Ser supremo. 
- A justiça divina e a justiça natural são, por sua essência, constantes e invariáveis, porque as relações existentes entre dois objetos da mesma natureza não podem mudar nunca. 
- a justiça política, não sendo mais do que uma relação estabelecida entre uma ação e o estado variável da sociedade, também pode variar, à medida que essa ação se torne vantajosa ou necessária ao estado social. 
I. INTRODUÇÃO:
- Segundo o autor as vantagens da sociedade devem ser igualmente repartidas entre todos os seus membros, porém percebe-se que os indivíduos de maneira consciente ou inconsciente tendem a acumular no menor número os privilégios, o poder e a felicidade, para só deixar à maioria miséria e fraqueza. Para impedir esses abusos só as boas leis seriam capazes, mas os homens abandonam a leis provisórias e à prudência do momento o cuidado de regular os negócios vistos como mais importantes. 
II. ORIGEM DAS PENAS E DIREITO DE PUNIR:
- As leis foram as condições que reuniram os homens, a princípio independentes e isolados sobre a superfície da terra. 
- Cansados de só viver no meio de temores e de encontrar inimigos por toda parte, fatigados de uma liberdade que a incerteza de conservá-la tornava inútil, sacrificaram uma parte dela para gozar do resto com mais segurança. A soma de todas essas porções de liberdade, sacrificadas assim ao bem geral, formou a soberania da nação; e aquele que foi encarregado pelas leis do depósito das liberdades e dos cuidados da administração foi proclamado o soberano do povo. 
- Só a necessidade constrange os homens a ceder uma parte de sua liberdade, cada um só consente em pôr no depósito comum a menor porção possível dela, isto é, precisamente o que era preciso para empenhar os outros em mantê-lo na posse do resto. O conjunto de todas essas pequenas porções de liberdade é o fundamento do direito de punir.
- Todo exercício do poder que se afastar dessa base é abuso e não justiça; é um poder de fato e não de direito, é uma usurpação e não mais um poder legítimo. 
- As penas que ultrapassam a necessidade de conservar o depósito da salvação pública são injustas por sua natureza; e tanto mais justas serão quanto mais sagrada e inviolável for a segurança e maior a liberdade que o soberano conservar aos súditos. 
No segundo capítulo, Beccaria afirma que as leis são as condições sob as quais os homens se unem em sociedade. Antes desta, os indivíduos viviam sem limitações, em um permanente “estado de guerra” e, como nessa situação eram totalmente livres, mas podiam ser atacados a qualquer momento pelos demais, sentiram a necessidade de sacrificar uma parte de sua liberdade para viver em paz e segurança. Dessa forma, visando a sua sobrevivência, os indivíduos depositaram uma porção de sua liberdade nas mãos de um soberano e o conjunto dessas porções formou a soberania da nação. Nas palavras do autor, não foi suficiente que as pessoas, para obter uma vida tranquila, apenas depositassem uma parcela de sua liberdade nas mãos de um administrador, pois também era necessário defender esse depósito contra atitudes dos próprios homens, que tentariam reaver sua porção de liberdade e até mesmo usurpar as dos outros. 
O autor destaca então que as penas, que ele define como “motivos que agridem os sentidos” (p. 12), precisaram ser criadas para impedir que o despotismo individual conduzisse a sociedade ao antigo estado de caos, e são necessárias por duas razões: (a) porque a experiência demonstra que as pessoas não adotam princípios de conduta; e (b) porque a sociedade pode evitar a sua dissolução apenas com meios que impressionem os sentidos e que, estando presentes na mente dos indivíduos, são capazes de contrabalançar interesses pessoais contrários ao bem geral, fazendo com que os homens restrinjam certos desejos ao analisarem suas vantagens e desvantagens. 
Neste capítulo, o autor faz uma ressalva quanto à necessidade das penas. Com base no ensinamento de Montesquieu, segundo o qual a pena que não for integralmente necessária é marcada pela tirania, Beccaria alega que “todos os atos de autoridade de um homem sobre outro, que não derivem de absoluta necessidade, são tirânicos” (p. 13). Na sequência, ele assevera que o direito de um soberano punir os crimes está fundado na necessidade de defender as parcelas de liberdade confiadas a ele e, diante dessa afirmação, conclui que as penas serão tão justas quanto mais sagrada e inviolável for a liberdade assegurada aos súditos, isto é, quanto mais livres e seguros forem os homens. De acordo com ele, os indivíduos não cederam sua liberdade em razão do bem público, mas por necessidade. 
Dessa forma, cada um abriu mão de uma parcela mínima da sua liberdade, suficiente apenas para incentivar os outros a defendê-lo, e da reunião dessas pequenas porções adveio o direito de punir. Todo exercício de poder que for além daquilo que fundamenta esse direito, isto é, que ultrapasse a necessidade de conservar o depósito de liberdades dos indivíduos, é abuso e não justiça. Ele adverte, então, que a “justiça dos homens”, que é diferente da Divina, faz referência ao laço que une os interesses individuais das pessoas, e “toda pena que excede à necessidade de preservar esse vínculo é, por natureza, injusta” (p. 14-15). Diante do exposto, observa-se que, embora para Beccaria as penas sejam em princípio necessárias, elas deixam de sê-lo e se tornam injustas quando excedem o direito de punir, formado pelas pequenas parcelas de liberdade cedidas pelos indivíduos para viver em harmonia, após terem constatado que estar totalmente livre, mas sem segurança, é inútil.
III. CONSEQUÊNCIAS DESSES PRINCÍPIOS (PRECEDÊNCIA): 
- 1° conseqüência desses princípios é que só as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer leis penais não pode residir senão na pessoa do legislador, que representa toda a sociedade unida por um contrato social. Portanto, o magistrado, que também faz parte da sociedade, não pode com justiça infligir a outro membro dessa sociedade uma pena que não seja estatuída pela lei.
- O juiz é injusto quando se torna mais sereno que a lei, pois assim injusto ele acrescenta um castigo novo ao que já está determinado, dessa forma um magistrado não pode aumentar a pena pronunciada e determinada contra o crime de um cidadão mesmo que haja com o pretexto do “bem público”.
A primeira consiste na conclusão de que somente as leis podem estabelecer qual será a punição para os crimes e apenas o legislador, que representa a sociedade, é autorizado a criar leis penais. Desse modo, não caberia aos magistrados, sob o argumento de zelo ou de bem público, impor uma pena que não está descrita na lei ou determinar um castigo maior que o previsto na legislação.
- 2° conseqüência é que o soberano, que representa a própria sociedade, só pode fazer leis gerais, às quais todos devem submeter-se; não lhe compete, porém, julgar se alguém violou essas leis. Porém, se houverum impasse entre o soberano que afirma que o contrato social foi violado e o o acusado nega essa violação cabe a uma terceira pessoa essa contestação, nesse caso o magistrado, cujas sentenças devem ser sem apelo e que deve simplesmente pronunciar se há um delito ou se não há.
A segunda é que o soberano possui a prerrogativa de elaborar leis gerais, que vinculam todos os súditos, mas não lhe cabe o papel de julgar se alguém infringiu essas normas. Nas palavras de Beccaria, quando existe a suspeita de que o pacto social não foi cumprido, o soberano acusa o indivíduo de ter violado as leis, e este, por outro lado, nega tê-las desrespeitado. Dessa forma, é necessário que um terceiro, isto é, um juiz, julgue se o acusado transgrediu as normas existentes, afirmando se houve ou não um delito. 
- 3° consequência que se fosse provada a inutilidade das penas severas, a crueldade constante nelas seria contrária à justiça, ao pacto social e às virtudes advindas de uma razão iluminada, que orienta o soberano a desejar governar homens livres e felizes. 
IV. DA INTERPRETAÇÃO DAS LEIS:
 - Os juizes dos crimes não podem ter o direito de interpretar as leis penais, pela razão mesma de que não são legisladores, uma vez que, os juizes não receberam as leis como uma tradição doméstica, mas sim da sociedade viva, ou do soberano que é a representante da sociedade.
- As leis emprestam sua força da necessidade de orientar os interesses particulares para o bem geral e do juramento formal ou tácito que os cidadãos vivos voluntariamente fizeram ao rei.
- Qual será, pois o legítimo intérprete das leis? O soberano, isto é, o depositário das vontades atuais de todos; e não o juiz, cujo dever consiste exclusivamente em examinar se tal homem praticou ou não um ato contrário às leis. 
- A maior deve ser a lei geral; a menor, a ação conforme ou não à lei; a conseqüência, a liberdade ou a pena 
- Com leis penais executadas à letra, cada cidadão pode calcular exatamente os inconvenientes de uma ação reprovável; e isso é útil, porque tal conhecimento poderá desviá-lo do crime. Gozará com segurança de sua liberdade e dos seus bens; e isso é justo, porque é esse o fim da reunião dos homens em sociedade. 
Beccaria entende que a interpretação das leis é uma função que cabe ao soberano e aos legisladores, cabendo ao juiz apenas o papel de analisar se o acusado cometeu ou não um crime. Os magistrados, ao se depararem com um delito, devem realizar um “silogismo perfeito”, em que a premissa maior deve ser a lei geral; a menor, a ação em contrariedade ou não com a lei; e a conclusão, a liberdade ou a punição do indivíduo. “Nada é mais perigoso do que o popular provérbio de que é necessário consultar o espírito da lei. Adotá-lo é abrir-se a uma torrente de opiniões” (p. 18). Explicando essa afirmação, ele detalha que cada homem tem seu ponto de vista e, em momentos distintos, pode observar os mesmos temas sob diferentes perspectivas, razão pela qual o chamado “espírito da lei” (isto é, o “sentido pensado para a norma”) será uma consequência do raciocínio do julgador, que pode ser bom ou mau, a depender dos interesses do magistrado, das relações existentes entre este e o acusado e de outras circunstâncias. Ele conclui, então, que é em razão do emprego da lógica pessoal do juiz que, nos mesmos tribunais, delitos são punidos de forma diferente, em épocas distintas. Dessa forma, posicionando-se contra a interpretação das leis penais pelos magistrados, ele enfatiza que: “quando os códigos de lei são fixados, devem ser observados no sentido literal, para que nada mais seja deixado ao juiz que determinar se uma ação está ou não em conformidade com a lei”.
V. DA OBSCURIDADE DAS LEIS:
- Colocai o texto sagrado das leis nas mãos do povo, e, quanto mais homens houver que o lerem, tanto menos delitos haverá; pois não se pode duvidar que no espirito daquele que medita um crime, o conhecimento e a certeza das penas ponham freio à eloqüência das paixões.
- sem um corpo de leis escritas, jamais uma sociedade poderá tomar uma forma de governo fixo, em que a força resida no corpo político e não nos membros desse corpo; em que as leis não possam alterar-se e destruir- se pelo choque dos interesses particulares, nem reformar-se senão pela vontade geral. 
- imprensa, que pode, só ela, tornar todo o público, e não alguns particulares, depositário do código sagrado das leis. 
O autor relata que a obscuridade e a interpretação arbitrária das leis constituem um mal, que será maior quando uma legislação não for escrita em uma língua conhecida pelos indivíduos. Se as leis forem redigidas em uma linguagem estranha ao povo, este, sem saber as consequências de suas ações, ficará dependente de uns poucos que estejam encarregados da interpretação dessas regras. Na sequência, ainda demonstrando a importância de leis claras, públicas e acessíveis, ele adverte que os crimes serão cada vez menos praticados conforme as normas sejam mais lidas e compreendidas pelos homens, pois é principalmente a ignorância e a incerteza das penas que contribuem para a instigação de interesses voltados à violação do pacto social. Por conseguinte, sem leis escritas, uma sociedade nunca terá uma forma fixa de governo, onde as leis sejam alteradas pela vontade da maioria e não possam ser corrompidas por interesses individuais. Por fim, considerando o papel da imprensa na divulgação do saber, ele destaca a utilidade dessa instituição, ressaltando que graças a ela o conhecimento das leis não é restrito a uma minoria e crimes desumanos estão sendo menos perpetrados em sua época.
VI. DA PRISÃO: 
- a lei deve estabelecer, de maneira fixa, por que indícios de delito um acusado pode ser preso e submetido a interrogatório. 
- a fuga, as confissões particulares, o depoimento de um cúmplice do crime, as ameaças que o acusado pode fazer, seu ódio inveterado ao ofendido, um corpo de delito existente, e outras presunções semelhantes, bastam para permitir a prisão de um cidadão. Tais indícios devem, porém, ser especificados de maneira estável pela lei, e não pelo juiz, cujas sentenças se tornam um atentado à liberdade pública, quando não são simplesmente a aplicação particular de uma máxima geral emanada do código das leis. 
VII. DOS INDÍCIOS DO DELITO E DA FORMA DOS JULGAMENTOS:
- Quando as provas de um fato se apoiam todas entre si, isto é, quando os indícios do delito não se sustentam senão uns pelos outros, quando a força de várias provas depende da verdade de uma só, o número dessas provas nada acrescenta nem subtrai à probabilidade do fato: merecem pouca consideração, porque, destruindo a única prova que parece certa, derrubais todas as outras. 
- Mas, quando as provas são independentes, isto é quando cada indício se prova à parte, quanto mais numerosos forem esses indícios, tanto mais provável será o delito, porque a falsidade de uma prova em nada influi sobre a certeza das restantes. 
- As provas de um delito podem distinguir-se em provas perfeitas e provas imperfeitas. As provas perfeitas são as que demonstram positivamente que é impossível que o acusado seja inocente. As provas são imperfeitas quando não excluem a possibilidade da inocência do acusado.
- Uma única prova perfeita é suficiente para autorizar a condenação; se se quiser, porém, condenar sobre provas imperfeitas, como cada uma dessas provas não estabelece a impossibilidade da inocência do acusado, é preciso que sejam em número muito grande para valerem uma prova perfeita, isto é, para provarem todas juntas que é impossível que o acusado não seja culpado. 
- Quando as leis são claras e precisas, o dever do juiz limita-se à constatação do fato.
VIII. DAS TESTEMUNHAS:
 - Todo homem razoável, isto é, todo homem que puser ligação em suas idéias e que experimentar as mesmas sensações que os outros homens, poderá ser recebido em testemunho. Mas, a confiança que se lhe der deve medir-se pelo interesse que ele tem de dizer ou não dizer a verdade. As leis não admitem em testemunho nem as mulheres, por causa de sua franqueza, nem os condenados,porque estes morreram civilmente, nem as pessoas com nota de infâmia.
- Disse eu que se podia admitir em testemunho toda pessoa que não tem nenhum interesse em mentir. 
- Uma só testemunha não basta porque, negando o acusado o que a testemunha afirma, não há nada de certo e a justiça deve então respeitar o direito que cada um tem de ser julgado inocente.
- o homem só é cruel por interesse, por ódio ou por temor. Todos os seus sentimentos são o resultado das impressões que os objetos causaram sobre os sentidos. 
IX. DAS ACUSAÇÕES SECRETAS:
- As acusações secretas são um abuso manifesto, mas consagrado e tornado necessário 
em vários governos, pela fraqueza de sua constituição. Tal uso torna os homens falsos e pérfidos. 
- Miserável governo aquele em que o soberano suspeita um inimigo em cada súdito e se vê forçado, para garantir a tranqüilidade pública, a perturbar a de cada cidadão! 
- Recusa a autorizar as acusações secretas.
X. DOS INTERROGATÓRIOS SUGESTIVOS:
- O único interrogatório deve ser sobre a forma do cometimento do crime e de suas circunstâncias. Quem se negar a responder o interrogatório ao juiz deve sofrer pena pesada estabelecida por leis; deve ser muito pesada devido a ofensa para a justiça. Assim como as confissões não são necessárias quando provas comprovam a autoria do crime; também não são necessários interrogatórios quando se foi verificado o crime.
XI. DOS JULRAMENTOS:
- OUTRA contradição entre as leis e os sentimentos naturais é exigir de um acusado o juramento de dizer a verdade, quando ele tem o maior interesse em calá-la.
- Consulte-se a experiência e se reconhecerá que os juramentos são inúteis, pois não há juiz que não convenha que jamais o juramento faz o acusado dizer a verdade.
- A razão faz ver que assim deve ser, porque todas as leis opostas aos sentimentos naturais do homem são vãs e conseguintemente funestas. 
O juramento é uma contradição entre leis e sentimentos naturais, não há como exigir de um acusado que diga a verdade, quando seu interesse é esconder. Destrói-se a força do sentimento religioso [ao jurar em nome de Deus]; por este motivo, entre outros, o juramento é uma mera formalidade, tanto é inútil que o juramento nunca faz com que o acusado diga a verdade. 
XII. DA QUESTÃO OU TORTURA:
- É uma barbaria consagrada pelo uso na maioria dos governos aplicar a tortura a um acusado enquanto se faz o processo, quer para arrancar dele a confissão do crime, quer para esclarecer as contradições em que caiu, quer para descobrir os cúmplices ou outros crimes de que não é acusado, mas do qual poderia ser culpado, quer enfim porque sofistas incompreensíveis pretenderam que a tortura purgava a infâmia. 
- Um homem não pode ser considerado culpado antes da sentença do juiz; e a sociedade só lhe pode retirar a proteção pública depois que ele se convenceu de ter violado as condições com as quais estivera de acordo. O direito da força só pode, pois, autorizar um juiz a infligir uma pena a um cidadão quando ainda se duvida se ele é inocente ou culpado.
- Um delito “certo” só deve ser punido com a pena fixada pela lei, e a tortura é inútil, pois já não se tem necessidade das confissões do acusado. Perante as leis, é inocente aquele cujo delito não se provou. 
- Qual o fim político dos castigos? o terror que imprimem nos corações inclinados ao crime.
- Um crime já cometido, para o qual já não há remédio, só pode ser punido pela sociedade política para impedir que os outros homens cometam outros semelhantes pela esperança da impunidade.
- O juiz que ordena a tortura expõe- se constantemente a atormentar inocentes. 
- A tortura é muitas vezes um meio seguro de condenar o inocente fraco e de absolver o celerado robusto.
- “De dois homens, igualmente inocentes ou igualmente culpados, aquele que for mais corajoso e mais robusto será absolvido; o mais fraco, porém, será condenado”
- Toda ação violenta faz desaparecer as pequenas diferenças dos movimentos pelos quais se distingue, às vezes, a verdade da mentira.
- Resulta ainda do uso das torturas uma conseqüência bastante notável: é que o inocente se acha numa posição pior que a do culpado. Com efeito, o inocente submetido à questão tem tudo contra si: ou será condenado, se confessar o crime que não cometeu, ou será absolvido, mas depois de sofrer tormentos que não mereceu. O culpado, ao contrário, tem por si um conjunto favorável: será absolvido se suportar a tortura com firmeza, e evitará os suplícios de que foi ameaçado, sofrendo uma pena muito mais leve. Assim, o inocente tem tudo que perder, o culpado só pode ganhar.
 A tortura é uma barbárie consagrada pelo uso na maioria dos governos até a época de Beccaria; porém, ela demonstra o direito da força, pois inflige pena ao cidadão quando não se sabe se é inocente ou não. Pode haver crime certo ou incerto, se é certo deve ser punido pela lei fixa, se não deve ser considerado inocente. Esta prática [tortura] assemelha-se ao ordálio, usado no direito divino (Direito Canônico na Idade Média), a única diferença é que o foco da tortura é a confissão, enquanto no ordálio as marcas eram provas de crime.
Este método faz o inocente “confessar” crimes também, ou seja, o meio de separação de inocentes e culpados une as duas classes. O resultado pode ser trágico quando o inocente fraco confessa e o culpado forte é tido como inocente. 
Portanto, o aquele está numa situação desfavorável; enquanto este, numa situação favorável.
Pode ser usado para conhecer cúmplices, pois quem acusa a si mesmo acusa a outros mais facilmente. Porém, o autor acreditava que, uma vez sob o risco de serem pegos, os cúmplices manteriam-se longe do crime e a sociedade de novos atentados. Há exemplos de que isso não acontece, como no caso de grupos criminosos, onde o réu, mesmo confessando, não acusa cúmplices por medo de sanção maior do grupo. Beccaria crê que a origem tenha sido religiosa, até pelo ato da confissão.
XIII. DA DURAÇÃO DO PROCESSO E DA PRESCRIÇÃO:
- Quando o delito é constatado e as provas são certas, é justo conceder ao acusado o tempo e os meios de justificar-se, se lhe for possível; é preciso, porém, que esse tempo seja bastante curto para não retardar demais o castigo que deve seguir de perto o crime 
- Cabe exclusivamente às leis fixar o espaço de tempo que se deve empregar para a investigação das provas do delito, e o que se deve conceder ao acusado para sua defesa. Se o juiz tivesse esse direito, estaria exercendo as funções do legislador. 
- Duas espécies de delitos. A primeira é a dos crimes atrozes, que começa pelo homicídio e que compreende toda a progressão dos mais horríveis assassínios. Incluiremos na segunda espécie os delitos menos hediondos do que o homicídio. 
- Nos grandes crimes, pela razão mesma de que são mais raros, deve diminuir-se a duração da instrução e do processo, porque a inocência do acusado é mais provável do que o crime. Deve-se, porém, prolongar o tempo da prescrição. Ao contrário, nos delitos menos consideráveis e mais comuns, é preciso prolongar o tempo dos processos, porque a inocência do acusado é menos provável, e diminuir o tempo fixado para a prescrição, porque a impunidade é menos perigosa. 
Para crimes hediondos não deve haver qualquer prescrição em favor do culpado.
O tempo que é empregado na investigação das provas e o que determina a prescrição não devem ser aumentados em virtude da gravidade do delito que se persegue. Separa- se então duas categorias de delitos: Grandes e Pequenos. São separados, dentre outros critérios, pela verossimilhança, sendo o primeiro menos verossimilhante e o segundo mais.
O princípio de um crime deve ser castigado, mas de forma mais branda, por se tratar da vontade de cometer um crime. Busca-se prevenir até tentativas iniciais do crime; porém, a punição deve ser mais branda para também fazer com que a pessoa que iniciou o crime não busque completá-lo.
XIV. DOS CRIMES COMEÇADOS; DOS CÚMPLICES; DA IMPUNIDADE:
Há tribunais que oferecem impunidade para cúmplice que trair seus colegas, considerado uma covardia do legislativoe, logo, do soberano, mas que pode funcionar. A impunidade pode encorajar o povo e prevenir grandes delitos; propõe que seja feita lei geral para isto, ao invés de declaração especial num caso particular.
A função dos castigos é de impedir o culpado de tornar-se futuramente prejudicial à sociedade, e afastar a sociedade do caminho do crime, ou seja, a função da pena é utilitarista. “Quanto mais terríveis forem os castigos, tanto mais cheio de audácia será o culpado em evitá-los. Praticará novos crimes, para subtrair-se à pena que mereceu pelo primeiro.
 
XV. DA MODERAÇÃO DAS PENAS:
“Historicamente, verifica-se que onde as penas foram mais cruéis, foram os lugares onde cometeu-se maior número de crimes hediondos. Nota-se que para surtir efeito, o mal causado pela pena deve superar o bem retirado pelo crime.
Porém, a crueldade das penas tem dois resultados: é difícil estabelecer proporção entre delito e pena, pois sempre haverá superação do limite humano; os tormentos mais terríveis podem provocar impunidade. O autor expõe que o rigor das penas deve estar de acordo com o atual estado do país.

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