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Resumo Direito Civil III TEORIA GERAL DOS CONTRATOS O contrato é um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas declarações de vontade, cujo objetivo é a criação, a alteração ou até mesmo a extinção de direitos e deveres do conteúdo patrimonial. O código civil de 2002 conceitua as figuras contratuais, mas não diz o que é o contrato, alguns autores resolveram então resolver essa lacuna deixada pela lei, conceituando contrato como, por exemplo: Maria Helena Diniz: É o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. Para autores pós- modernos esse conceito pode sofrer alterações, como por exemplo, para Paulo Nadim, que afirma: O contrato constitui uma relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade constitucional, destinada a produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante terceiros. O contrato em 3 passos está: 1. Amparado em Valores Constitucionais 2. Envolvido em situações existenciais das partes contratantes 3. Gerando efeito entre terceiros Deve-se lembrar de que um contrato deve ter: 1. Alteridade – Constituição do contrato por pela presença de pelo menos duas pessoas; Obs: É vedada a auto contratação ou celebração de um contrato consigo mesmo salve o artigo 117 que afirma: Salvo se permitir s lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o represente, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. 2. Formação pela composição de interesses contrapostos, mas harmonizáveis. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO O negócio jurídico será dividido em 3 planos: 1. Plano da Existência: Aqui estão os pressupostos para um negócio jurídico (seus elementos mínimos), seus pressupostos fáticos, enquadrados dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. Nesse plano estão os elementos que formam o suporte fático ( agente, vontade, objeto e forma) 2. Plano da Validade: Aqui as palavras indicadas à cima vão ganhando classificações, o agente deve ser capaz, a vontade livre (sem vícios), o objeto, lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei. Obs: O objeto que não se enquadra nesses elementos da validade, havendo vícios ou defeitos quanto a estes, é, por regra, nulo de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta. 3. Plano da eficácia: Nesse plano estão às questões relativas às consequências e os efeitos gerados pelo negócio jurídico em relação às partes e em relação aos terceiros. Para que um contrato ou negócio jurídico sejam eficazes, devem ser existentes e totalmente válidos, em regra. Para serem válidos devem também existir , toda via, é possível que um contrato ou negócio jurídico exista, seja inválido e esteja gerando efeitos. O esquema apresentado à cima é referente à escada pontiana de Pontes de Miranda PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES CONTRATUAIS 1. QUANTO OS DIREITOS E OS DEVERES DAS PARTES ENVOLVIDAS OU QUANTO À PRESENÇA DO SINALAGMA: O contrato pode ser dividido em: 1. UNILATERAL: Aquele onde apenas um dos contratantes assume deveres em face do outro, apesar da presença de duas vontades, apenas uma será devedora, não havendo contra prestação. Exemplo: Contrato mutuo (empréstimo de bem fungível para consumo) e comodato (empréstimo de bem infungível para consumo). 2. BILATERAL: Quando os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores uns dos outros, produzindo no negócio, direitos e deveres para ambos, de forma proporcional (também chamado de contrato sinalagmático). Exemplo: O vendedor tem o dever de entregar a coisa e tem o direito de receber o preço. 3. PLURILATERAL: É aquele que envolve várias pessoas, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos na mesma proporção. Exemplo: Seguro de vida em grupo e consórcio. 2. QUANTO AO SACRIFÍCIO PATRIMONIAL DAS PARTES Com relação ao sacrifício patrimonial das partes contratuais, se classificam em: 1. ONEROSOS: São aqueles que trazem vantagens para ambos os contratantes, pois ambos sofrem o mencionado sacrifício patrimonial, ambas as partes assumem deveres obrigacionais, havendo um direito subjetivo de exigi-lo. Há uma prestação e uma contra prestação. Exemplo: Contrato de compra e venda Obs: SÃO BILATERAIS 2. GRATUITOS OU BENÉFICOS: São aqueles que oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem sem qualquer contra prestação. Exemplo: Doação pura ou simples Obs: SÃO UNILATERAIS Lembrando que isso funciona como regra, mas existem exceções, como por exemplo, o contrato de mútuo de dinheiro sujeito a juros (mutuo fenerático), pelo qual, além da obrigação de restituir a quantia emprestada (contrato unilateral), devem ser pagos os juros (contrato oneroso). Sobre os contratos onerosos, a onerosidade não pode ser excessiva de forma a gerar o enriquecimento sem causa de uma parte em relação à outra. 3. QUANTO AO MOMENTO DE APERFEIÇOAMENTO DO CONTRATO No que se refere ao momento de aperfeiçoamento dos contratos, eles podem ser: 1. CONTRATOS CONSENSUAIS: São aqueles negócios que tem aperfeiçoamento pela simples manifestação de vontade das partes envolvidas. Exemplo: Compra e venda adoção, locação e mandato. 2. CONTRATOS REAIS: São aqueles que penas se aperfeiçoam com a entrega da coisa, de um contratante para o outro. Exemplo: Comodato, mútuo, contrato estimatório e depósito. Obs: Nessas figuras contratuais, antes da entrega da coisa, tem-se apenas uma promessa de contratar e não um contrato perfeito e acabado. Não se pode confundir o aperfeiçoamento do contrato (plano da validade) com o seu cumprimento (plano da eficácia). 4. QUANTO AOS RISCOS QUE ENVOLVEM A PRESTAÇÃO Aqui ao se tratar de contrato oneroso será cumulativo ou pré-estimado quando as partes já souberem as prestações. Em alguns negócios jurídicos não existirá o fator risco, visto que as prestações serão certas e determinadas, usamos como exemplo aqui a compra e venda ( contrato cumulativo). No contrato aleatório, a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do negócio jurídico pelo fato de pender da sorte, da álea, que é um fato desconhecido, vai se subdividir em: a) CONTRATO ALEATÓRIO EMPTIO SPEI: É a hipótese em que um dos contratantes toma para si o risco relativo à própria existência da coisa, sendo ajustado um determinado preço, que será devido integralmente, mesmo que a coisa não exista no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da outra parte. Obs: Aqui temos um risco maior. b) CONTRATO ALEATÓRIO EMPTIO REI SPERATAE: O contrato será dessa natureza se o risco versar somente em relação à quantidade da coisa comprada, pois foi fixado pelas partes um mínimo como objeto do negócio. Obs: Nesse contrato à um risco porém esse risco passa a ser menor. 5. QUANTO À PREVISÃO LEGAL Aqui vamos subdividir os contratos em: 1. TÍPICOS: Aqueles que possuem uma regulamentação própria 2. ATÍPICOS: Se regulamentação própria, e podem ser: a) Singulares: Figura totalmente nova Exemplo: Nova forma de garantia b) Mistos: É a soma dos elementos: o CONTRATO TÍPICO + ELEMENTO TÍPICO EX: GARAGEM o CONTRATO ATÍPICO + ELEMENTO ATÍPICO EX: NOVA GARANTIA PELA INTERNET o CONTRATO TÍPICO + ELEMENTO ATÍPICO EX: VENDA PELA INTERNET 6. QUANTO A NEGOCIAÇÃO DO CONTEÚDO PELAS PARTES. O CONCEITO DE CONTRATO DE ADESÃO. DIFERENÇAS EM RELAÇÃO AO CONTRATO DE CONSUMO. Aqui encontramos os contratos de adesão, denominados por Maria Helena Diniz como contratos por adesão, já que se constitui pela adesão da vontade de um oblato ( a pessoa a quem é direcionada a proposta de um contrato) indeterminado à oferta permanente do proponente ostensivo. O conceito geral do contrato de adesãodiz que, é aquele em que uma parte, o estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à outra parte, o aderente, duas opções, aceitar ou não o conteúdo desse negócio. 7. QUANTO A PRESENÇA DE FORMALIDADES Aqui se encontra dos conceitos: 1. SOLENIDADE: É a necessidade do ato público ( escritura pública) GÊNERO 2. FORMALIDADE: Exigência de qualquer forma apontada pela lei Exemplo: Forma escrita Espécie 8. QUANTO A INDEPENDÊNCIA DO CONTRATO. CONCEITO DE CONTRATOS COLIGADOS Os contratos podem ser: 1. PRINCIPAIS OU INDEPENDENTES: São aqueles que existem por si sós, não havendo qualquer relação de dependência em relação ao outro pacto. Exemplo: Contrato de locação de imóvel urbano 2. ACESSÓRIOS: São aqueles que a validade depende de outro negócio, o contrato principal. Exemplo: Contrato de finança Seguimos o princípio da gravitação jurídica, onde o acessório segue o principal, tudo que ocorre no contrato principal, repercute no acessório. Desse modo, sendo nulo o contrato principal, nulo será o acessório, sendo anulável o principal o mesmo ocorrerá com o acessório ocorrendo prescrição da dívida do contrato principal, o contrato acessório estará extinto e assim sucessivamente. O contrato acessório não pode trazer mais obrigações do que o contrato principal, pois haveria violação aos princípios constitucionais da isonomia e proporcionalidade. 9. QUANTO AO MOMENTO DO CUMPRIMENTO Podem ser: 1. EXECUÇÃO INSTANTANÊA OU IMEDIATA: Tem aperfeiçoamento e cumprimento de imediato. Em regra os contratos já cumpridos não podem ser alterados por fato superveniente, seja por meio da revisão por imprevisibilidade ou da revisão por simples onerosidade excessiva. Exemplo: Compra e venda com pagamento a vista 2. EXECUÇÃO DIFERIDA: Tem o cumprimento previsto de uma vez só no futuro Exemplo: Compra e venda pactuada com cheque pré-datado ou pós-datado. 3. EXECUÇÃO CONTINUADA OU DE TRATO SUCESSIVO: É aquela onde o cumprimento é visto de forma sucessiva ou periódica no tempo Exemplo: Compra e venda que o pagamento deve ser feito por meio de boleto bancário. 10. QUANTO A PESSOALIDADE Os contratos pessoais, personalíssimos ou intuitu personae são aqueles em que a pessoa do contratante é um elemento determinante de sua conclusão, diante deste fato o contrato não pode ser transmitido por ato inter vivos ou mortis causa, ou seja, pelo falecimento das partes. Ocorrendo a morte do contratante que assumiu uma obrigação infungível, insubstituível, ocorrerá a extinção desse contrato pela cessação contratual. Exemplo: Contrato de fiança, uma vez que a condição de fiador não se transmite aos herdeiros, mas somente as obrigações vencidas e não pagas enquanto era vivo o fiador e até o limite da herança. Os contratos impessoais, são aqueles em que a pessoa do contratante não é juridicamente relevante para a conclusão do negócio. 11. QUANTO AS PESSOAS ENVOLVIDAS Podem ser: 1. CONTRATO INDIVIDUAL OU INTERSUBJETIVO: É aquele que conta apenas com um sujeito em cada polo da relação jurídica. 2. CONTRATO INDIVIDUAL PLÚRIMO: É aquele que conta com mais de um sujeito em um ou em ambos os polos da relação jurídica. 3. CONTRATO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO: É aquele realizado por uma entidade, com autorização legal, para representar os interesses de pessoas determinadas, cujos direitos são predeterminados ou preestabelecidos, havendo uma relevância social. 4. CONTRATO COLETIVO: É aquele que possui, ao menos em um dos polos, uma entidade autorizada pela lei para a defesa dos interesses de um grupo, classe ou categoria de pessoas indeterminadas, porém determináveis, vinculadas por uma relação jurídica base. 5. CONTRATO DIFUSO: É aquele que possui, ao menos em um dos polos, uma entidade que tenha autorização legal para a defesa dos interesses de pessoas indeterminadas, vinculadas por uma situação de fato. 12. QUANTO A DEFINITIVIDADE DO NEGÓCIO Podem ser definidos como contratos preliminares ou pré-contratos onde o primeiro é o negócio jurídico onde tendem à celebração de outros que são chamados de definitivos, que não tem qualquer dependência futura.
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