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Antropologia Jurídica

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ANTROPOLOGIA
JURÍDICA
PROFESSOR: 
NELSON SENA
A A N TR OP OLOG I A E O E TN OCE N TR I SM O 
DI VE R SI DA DE C UL T UR A L E R E L A TI VI SM O C UL T UR A L
A A L TE R I DA DE 
A C ON STR U Ç Ã O DO C ON CE I T O DE C UL T UR A
O DE TE R M I N I SM O BI OL Ó G I C O E O DE TE R M I N I SM O C UL T UR A L
A N TR OP OLOG I A DO G Ê N E R O
O DI R E I T O E O R ACI SM O 
O DI R E I T O E A R E L I G I Ã O
DI R E I T O E M I N OR I AS 
DI R E I T O , C UL T UR A E F A M Í L I A 
DI R E I T OS SOCI A I S E AS LUTAS SOCI A I S P OR DI R E I T OS
DI R E I T O E O P LUR A L I SM O J UR Í DI C O
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 3
A P R E S E N T A Ç Ã O
Prezados estudantes,
Estudaremos nessa etapa, em nossa disciplina de Antropologia Cultural, temas 
importantíssimos, para sua vida acadêmica como também para sua vivência profissional e pessoal. 
Vamos abordar temas relacionados a construção de uma cidadania mais plena e inclusiva, um 
lugar sem preconceitos e sem tanto etnocentrismo. 
 Veremos como o mundo caminha para uma firmação antropológica do respeito ao 
outro, ao diferente e a procura de uma prática mais inclusiva. Inclusão e alteridade serão temas 
constantes na unidade. Assim podermos construir um país onde a igualdade e a fraternidade 
sejam temas comuns. 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 4
NELSON DE SENA FILHO
 Possui graduação em Geografia pela Fundação Educacional de 
Caratinga (1990), graduação em História pela Fundação Educacional de 
Caratinga (1990), especialização em Geografia Econômica pela Fundação 
Educacional de Caratinga (1995) , especialização em Análise Ambiental para 
Gerenciamento de Recursos naturais pela UFMG/ Fundação Educacional de 
Caratinga (1996, especialização em História Contemporânea pela Fundação 
Educacional de Caratinga (1991) , especialização em Teologia pela Escola de 
Educação Teológica das Assembleias de Deus (1992) Mestrado em História da 
Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001) e Doutorado 
pela Pontifícia Universidade Católica de MG. 
 Tem experiência na área de Geografia e História, atuando 
principalmente nos seguintes temas: Geografia da Percepção, Estudos 
regionais, História do Brasil, Geopolítica, História Regional e História da 
Ciência, além de estudar as relações entre Geografia e Guimarães Rosa. 
Faz parte do conselho editorial da “Revista Ensaios Científicos”, além de ser 
também avaliador de instituições de educação superior credenciado pelo 
MEC (conforme Ofício Circular MEC_INEP_DEAES_Nº 003454_2006). Possui 
vários livros publicados, dentre eles, “Morfologia das Cidades Médias”. tem 
orientado inúmeros trabalhos de graduação e pós-graduação. Foi Secretário 
Municipal de Cultura de Caratinga de 2012 a 2014. É pesquisador do Núcleo de 
Documentação e Estudo Históricos “Pe. Othon Fernandes Loures”, dedicando-
se a pesquisar documentos ligados a ditadura militar na região. Possui vasta 
experiência em Ensino a Distância, tanto como tutor como na elaboração de 
conteúdo. Atualmente é coordenador local de um Doutorado Inter institucional 
(DINTER) em Geografia, entre a PUCMINAS e o UNEC.
S O B R E O P R O F E SS O R ( A )
A AN TR OP OLOG I A E O E TN OCE N TR I SM O 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 6
 Antes de entrarmos propriamente no conteúdo desta aula é necessário considerarmos 
algumas questões preliminares.
 A primeira pergunta que se faz é: por que estudar Antropologia?
 Por que estudar Antropologia e não alguma matéria específica do curso? 
 Bem, existem algumas disciplinas que são essenciais para o desenvolvimento de 
qualquer acadêmico, seja das exatas, das humanas ou das sociais aplicadas. Essas disciplinas são 
obrigatórias e se constituem uma clara tentativa de criar um conceito de cidadania, tão carente 
em nossa sociedade. Assim, além de excelentes profissionais, precisamos também de cidadãos 
dispostos a mudar a história de nosso país. A Antropologia se preocupa em entender o outro em 
suas especifidades. 
IMPORTANTE:
 a Antropologia é exatamente isso: um olhar sobre o outro.
Por que existem tantas diferenças culturais?
Por que as pessoas possuem religiões e leis tão diferentes umas das outras?
Qual cultura afinal está correta?
Mas afinal, por que é necessário entender o outro?
Por que isso é essencial nos tempos que vivemos?
Eu serei um profissional melhor se eu estudar essa disciplina?
 Exatamente esse é o objetivo dessa disciplina: entender o outro não como adversário ou 
inimigo, mas como um ser humano com características, que, por sua história lhe são próprias. 
Esperamos que ao final do nosso curso essas perguntas tenham sido respondidas. 
 Afinal, o Direito é essencial para criarmos um mundo melhor, onde a justiça e a igualdade 
estejam presentes. 
Vamos exemplificar a importância de se entender o outro: 
EXEMPLIFICANDO:
Um bom exemplo disso foi o famoso 11 de setembro de 2001. Todos se 
lembram dos aviões se chocando sobre as torres, sendo que um dos 
choques transmitidos ao vivo para o mundo todo. Logo descobrimos 
que os atentados foram realizados por pessoas com uma religião, leis e 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 7
vivencias completamente diferentes das nossas. Ficamos assustados com 
o tamanho da tragédia. Aprendemos a ver os islâmicos, os “outros”, como 
terroristas fanáticos que queriam destruir o mundo. Criamos então um 
inimigo que justificou bombardeios, invasões etc.
 A Antropologia propõe que um olhar crítico sobre as práticas do outro, os seus motivos e, 
a partir daí tentar entender por que se deu tal fato. Por exemplo: 
	» Todos os islâmicos são terroristas? 
	» O islã realmente prega a destruição de quem não é de sua religião? 
	» Quando os Estados Unidos bombardeiam algum outro país, são cristãos que estão 
bombardeando? 
	» Pois bem, observe a charge abaixo: os dois estão falando a verdade ou os dois mentem? 
Ou só o islâmico que mente? 
Fonte: http://objetivoatualidades.blogspot.com.br/2015/09/aula-262015-estado-islamico-causa-fato.html.
 Dito isso, vamos iniciar vendo agora o que se entende por Antropologia.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 8
 Ela estuda, principalmente, por que toda sociedade age e pensa e formula suas leis, 
crenças etc. de uma determinada maneira e não de outra. Enfim, por existem sociedades tão 
diferentes da minha? 
Entender o outro é talvez o grande objetivo dessa disciplina. Afinal, se isso fosse levado a sério, 
talvez o mundo não tivesse visto duas guerras mundiais, não existiria o racismo, a homofobia, o 
preconceito... 
 Embora a Antropologia compreenda três dimensões básicas (biológica, sociocultural e 
filosófica), vamos nos deter em seu aspecto cultural pela importância para todas as áreas do saber. 
 Observe a charge abaixo: qual cultura está correta?Fonte: http://aulasdoaugusto.blogspot.com.br/2010/02/charge-o-olhar-antropologico.html.
 Para a Antropologia, não existem culturas certas ou erradas, existem apenas culturas 
diferentes. Nós pensamos e agimos, por causa de padrões que apendemos durantes séculos. 
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 Esta crítica acentuada a quem vive, pensa e age diferente de nós é chamada de 
etnocentrismo.
ETNOCENTRISMO:
 trata-se de uma visão que toma a cultura do outro, como algo menor, sem valor, errado, 
primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, 
entendendo que somente a sua referência cultural está correta. 
Observe estes textos: 
Além da fome, da miséria, das doenças, da desigualdade, um dos graves 
problemas que o mundo contemporâneo enfrenta é a intolerância 
entre os povos. A dificuldade em encarar a diversidade humana conduz 
à negação dos valores culturais alheios e supervalorização do ‘grupo do 
eu’, visão e atitude que chamamos de etnocentrismo, ou seja, uma visão 
do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e 
todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos 
modelos, nossas definições do que é existência. No plano intelectual, pode 
ser visto como a dificuldade de pensar a diferença; no plano afetivo, como 
sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. (ROCHA, 1994, p.7).
Podemos dizer que a dificuldade de convivência entre os povos 
remonta aos primórdios do homem. A história nos revela em todos os 
seus períodos exemplos da percepção negativa de um povo diante de 
outro. Independente de sua origem, africanos, americanos, asiáticos ou 
europeus, esta sempre foi uma atitude comum. Os gregos, por exemplo, 
chamavam de bárbaros aos povos que não partilhavam da cultura 
helênica; os europeus denominavam os nativos africanos e americanos de 
selvagens e posteriormente de primitivos; as comunidades do tronco Tupi 
que habitavam o litoral brasileiro referiam-se aos grupos que viviam no 
interior como Tapuias; o povo judeu, a maior vítima da intolerância entre 
os povos na modernidade, também designava de gentios outros povos 
numa referência depreciativa a quem não fazia parte do grupo dos ‘eleitos’ 
(ASSIS; NEPOMUCENO. Acesso em: dez. 2016). 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 10
 Portanto, o etnocentrismo é uma avaliação que fazemos pautada em juízos de valor 
daquela prática cultural que é considerada diferente. Vamos ver alguns exemplos. 
 Observe a figura abaixo. Certamente você sabe do que se trata: do Nazismo. Pautado por 
uma ideia extremamente etnocêntrica, este regime arrastou o mundo para uma guerra mundial 
e nos deixou perplexos com os campos de concentração espalhados pela Europa, onde milhares 
de pessoas morreram. 
Fonte: http://sociologia-agroindustria.blogspot.com.br/2010/08/etnocentrismo.html
 Vamos ver outro exemplo: O verdadeiro genocídio que sofreram os nativos das Américas. 
Milhões deles foram mortos e escravizados. Tiveram sua cultura totalmente destruída e foi lhes 
imposto novo modo de ver o mundo. Milhões de nativos foram massacrados em um dos maiores 
genocídios da história. 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 11
Fonte:http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2011/02/catequizacao-dos-povos-ndigenas.html.
 Mas, e hoje em dia? Em pleno século XXI existem práticas etnocêntricas? 
 Para encerrar nosso texto, vamos analisar a reportagem abaixo: 
Só de homofobia, são 98 investigações abertas por mês.
Com 191 casos, a agressão representa o terceiro crime mais cometido con-
tra o grupo LGBT - (Felipe Resk - O Estado de São Paulo, 20 nov. 2016). Foto: 
Evelson de Freitas/AE
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 12
Associação da Parada do Orgulho LGBT cobra criação de lei para combater 
intolerância. 
São Paulo registrou uma média de 98 crimes de homofobia a cada mês, 
segundo os dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Ao todo, 
foram 1.179 casos notificados entre novembro de 2015 e outubro deste ano 
- a maioria (62,7%) de injúria ou ameaça. 
Em julho, a dragqueenDindry Buck participou de um evento na Paróquia 
Nossa Senhora do Carmo, na zona leste da capital. Ela foi bem recebida 
pelos presentes, mas, quando a notícia chegou à internet, vieram as 
ameaças. “As pessoas diziam que eu ‘merecia levar uma surra’”, conta. 
Assustada, ela reuniu os relatos e foi à polícia. 
Não foi a primeira vez que Dindry Buck sofreu violência. Anos atrás, ela já 
havia sido surpreendida por um agressor no centro de São Paulo. Ele lhe 
desferiu um soco na boca e a derrubou no chão. “Veado tem de apanhar”, 
disse o criminoso.  
Com 191 casos, a lesão corporal representa o terceiro crime mais cometido 
contra o grupo LGBT. Em fevereiro, a transexual Melissa Hudson, de 22 
anos, recebeu garrafadas e pontapés na Rua Augusta, no centro. “Até hoje 
não entendi direito o que aconteceu. Eu queria saber o que fiz a essas 
pessoas”.
Segundo conta, foi cercada pelo grupo de madrugada. “Fui parar no chão. 
Eles gritavam que eu era um ‘traveco nojento’”, relata Melissa. À época, 
ela havia acabado de passar por uma cirurgia no rosto. Por causa das 
agressões, precisou refazer alguns pontos que arrebentaram. “Eu só queria 
Justiça”.
Melissa mudou de casa depois do episódio. “Hoje ando com medo na rua. 
Saio e não sei se vou voltar”, afirma. “Por mais que você seja uma pessoa 
comum, ser transexual é ter uma vida de risco”.
Na opinião da advogada Sylvia Amaral, a homofobia “se sustenta em erro”. 
“O homossexual é visto como se tivesse escolhido um caminho e, por 
isso, precisa aguentar as consequências”, diz. Para Fernando Quaresma, 
presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, é 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 13
necessário uma lei para esse tipo de intolerância. “Não há aumento de 
pena para o crime”.
A delegada Daniela Branco, da Decradi, diz ser preciso cautela para 
analisar cada caso. “Existe preconceito, mas nem todo homossexual foi 
morto por homofobia”. Segundo afirma, o último registro de homicídio, 
aparentemente por intolerância, foi em 2009. “Às vezes, o caso causa um 
alarde que não condiz com a realidade”.  
Daniela também destaca que crime de intolerância é difícil de prevenir. 
“Talvez o melhor método é não deixar passar. Ir na delegacia e fazer o 
registro, para que a pessoa seja identificada e punida”.
(Disponível em: <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,so-de-
homofobia-sao-98-investigacoes-abertas-por-mes,10000089469>).
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 14
RESUMO:
 Vimos em nossa primeira unidade que a Antropologia (Estudo do Homem) se interessa 
pelos estudos culturais e sociais, tentando entender a evolução do serhumano em sociedade e 
por que adota determinadas práticas. Estas práticas são responsáveis por definir por que alguns 
grupos sociais pensam e agem de determinada maneira. As leis, crenças, hábitos etc. são frutos 
desta evolução cultural. Vimos que determinados grupos, por não aceitarem práticas culturais 
diferentes das nossas, exercem um etnocentrismo, isto é, não aceitam o outro como ele é. O 
nazismo, o racismo, a homofobia são alguns dos exemplos desta prática. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BAHN, P.; RENFREW, C. Arqueología: teoria, métodos y práctica. Madrid: Tres Cantos, 1998. 
CHILDE, V. G. Introdução à arqueologia. Lisboa: Ed. EuropaAmérica, 1961. 
COLLINS, J. Práticas de letramento, Antropologia linguística e desigualdade social: caso 
etnográficos e compromissos teóricos. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 41,n. especial, p. 
1191-1211, dez. 2015.
 FUNARI, P. P. A. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2003.
 LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. 
MAGNANI, J. G. C. Etnografia como prática e experiência. Horizontes antropológicos. Porto 
Alegre, v. 15, n. 32, dez. 2009. Disponível em: . Acesso em: 24 ago. 2017. 
MARCONI, M. de A.; PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia: uma introdução. 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2010. 
OLIVEIRA, Roberto C. de. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo Quinze, São Paulo: 
Unesp, 1998. 
VITRAL, L. Princípios e parâmetros: pressupostos filosóficos da gramática gerativa. ln: BRITO, 
A. N.; VALE, O. A. (Org.). Filosofia, linguística, informática: aspectos da linguagem. Goiânia: 
UFGO, 1998.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 16
Olá,
 Sejam bem-vindos a mais uma unidade. Vamos estudar agora a importância de dois 
conceitos fundamentais para nossa disciplina: Os conceitos de Diversidade cultural e relativismo 
cultural. 
 Esses conceitos são fundamentais para que se entenda o outro em suas complexidade e 
diferenças. Representam uma boa forma de diluir o etnocentrismo e reafirmar valores tais como, 
inclusão, aceitação e alteridade. 
 Na aula de hoje vamos estudar um conceito muito importante para nossa disciplina: 
Relativismo cultural. Pois bem, este conceito é fundamental para se entender o objeto principal 
da Antropologia que é “o outro”. 
 Para os antropólogos, a ideia de relativismo surge quando se constata que os seres 
humanos nascem, crescem e morrem sob condições culturais completamente diferentes umas 
das outras. Por causa disso, eles desenvolvem valores e padrões completamente opostos dos 
outros. Em nosso texto de apoio, temos a seguinte definição de relativismo cultural: 
“O relativismo cultural é uma teoria que implica a ideia de que é 
preciso compreender a diversidade cultural e respeitá-la, reconhecendo 
que todo sistema cultural tem uma coerência interna própria” (ASSIS; 
NEPOMUCENO, 2008).
 Você já deve ter percebido que que a posição contrária do relativismo cultural, é o 
etnocentrismo. Isto significa que a proposta do relativismo cultural é: 
a) Compreender que a diferença deve ser tomada como sinônimo de diversidade e 
nunca de desigualdade; 
b) Não devemos usar os padrões da nossa própria cultura para julgar os padrões 
culturais de outros grupos; 
c) Perceber que o que caracteriza o homem “(...) é sua aptidão praticamente infinita 
para inventar modos de vida e formas de organização social extremamente diversas” (texto 
de apoio).
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Observe a charge abaixo: 
Fonte: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2010/09/charge-370/.
 A charge acima nos mostra como reagimos quando não se pensa sob uma posição 
relativista: achamos que nossa cultura (leis, sistema econômico, religião, crenças etc.) são melhores 
que a do outro. Muitas vezes nem percebemos o quanto nós mesmos utilizamos práticas que são 
daquela cultura que desprezamos. 
 Deve-se ressaltar que a ideia relativista surge quando se busca uma superação das ideias 
etnocêntricas. A ideia de que o mundo é plural e que vivemos em uma grande diversidade 
cultural levaram aos questionamentos dos pressupostos absolutistas, ou seja, daqueles que 
entendem existir apenas uma cultura “certa”. No mundo ocidental, por exemplo, ainda temos 
várias formas etnocêntricas de ver o mundo: o sistema capitalista é o correto, sendo os outros 
menosprezados; na prática sexual, a heterossexualidade é o “padrão”, sendo o diferente digno de 
repúdio; o cristianismo é a religiosidade “correta”, em detrimento de qualquer outra, e assim vai. 
Vamos assistir ao vídeo “Colonizado”, do grupo de humor Porta dos Fundos: 
https://www.youtube.com/watch?v=ViIBcsGdYDM
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 Pois bem, este vídeo, de forma bem-humorada, mostra a relação entre o colonizador e 
os nossos nativos. Como diz uma música bem conhecida: “[...] nos deram espelhos e vimos um 
mundo doente”. O genocídio americano é sem dúvida um dos maiores crimes da história da 
humanidade. Um exemplo de etnocentrismo e de completa falta de relativismo cultural. 
 De fato, o que ocorreu nas américas foi mesmo um “genocídio”. Este termo é utilizado para 
designar o “extermínio parcial ou total de algum grupo étnico, racial ou religioso”. Nas Américas 
o genocídio destruiu culturas inteiras. Todo um modo de vida foi destruído dando lugar a outro, 
“correto” dos europeus: Religião, linguagem, alimentação, crenças, vestimentas... tudo foi trocado 
pelos colonizadores. Observe a charge abaixo: 
Fonte:http://www.taquiprati.com.br/cronica/959-dois-presos-e-uma-medida.
 Foi realmente isto que aconteceu. Os nativos das três Américas tiveram suas terras 
tomadas, sua cultura usurpada e, quando fugiam, diziam que ele era preguiçoso. 
 Na verdade, se os europeus tivessem praticado o relativismo cultural, o mundo hoje seria 
ainda mais plural e diverso, como na foto abaixo: cada cultura tem sua maneira de se vestir, 
alimentar etc., sem que isso signifique que uma é a certa e a outra a errada, pois elas são apenas 
diferentes. 
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Fonte:http://www.stjobs.sg/career-resources/workplace-success/different-cultures-different-styles/a/100516
 Vamos ver agora nosso segundo conceito: diversidade cultural.
 A diversidade cultural é mais que uma concepção teórica, é a constatação de que somente 
assim poderemos ter uma sociedade com menos preconceito, maior tolerância e, principalmente, 
menos violência. 
 Apesar de que, desde os gregos antigos terem sido feitas várias tentativas de se explicar 
por que os homens possuem costumes tão variados, a regra era desqualifi car o diferente. Por 
isso era comum chamar de bárbaros (como os romanos) ou gentios (como os Judeus) quem não 
praticava a sua cultura, falava sua religião ou seguia seu deus.
 Na modernidade, começamos a perceber que a diversidade cultural era enorme, o 
que levou muitos pensadores a formular novas teorias que vissem a diversidade pela ótica do 
pluralismo e do relativismo e não do etnocentrismo. 
 Essa nova concepção do mundo fazia uma árdua defesa da diversidade cultural como única 
prática para que asidentidades culturais fossem preservadas e não aniquiladas, principalmente 
por causa da globalização atual. 
 Observe o desenho abaixo e veja como somos múltiplos: 
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Fonte:http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/a-diversidade-cultural-brasileira-sala-aula.
htm.
 Apesar de diversos somos parte do mesmo país, da mesma nação. Por isso, a aceitação do 
outro é a única garantia possível de que eu mesmo tenha o meu direito preservado. 
 Por exemplo: no início de nossa história, os católicos obrigavam os nativos a seguirem 
sua religião. Tempos depois foi a vez dos protestantes sofrerem perseguição religiosa em nosso 
país. E agora? Como está a intolerância religiosa em nosso país? Quem a pratica? Os grupos afro-
descentes possuem os mesmos direitos que as outras religiosidades? 
 O conceito diversidade cultural trata da  convivência  e interação que existe efetiva e 
satisfatoriamente entre diferentes culturas. A existência de diferentes culturas é considerada 
como importante patrimônio da humanidade, sendo, sem dúvida, uma forma de promover e 
expandir o conhecimento, o respeito e a tolerância, pois o fato de respeitar e tolerar o outro que 
não manifesta as mesmas crenças e não possui a mesma bagagem cultural, será sempre um 
passo à frente da humanidade. 
IMPORTANTE:
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência 
e Cultura), aprovou em 2001 a Declaração Universal sobre a Diversidade 
Cultural, um dos mais importantes documentos já elaborado por este 
organismo, no qual, além de assegurada a diversidade pessoal ou coletiva, 
a cultura é compreendida como “[...] conjunto dos traços distintivos 
espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 21
sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, 
os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as 
tradições e as crenças”.
 Vamos ler agora uma reportagem que mostra o perigo que éter uma visão fundamentalista 
da cultura. Em nome desta visão ocorrem, mortes, perversões, assassinatos, que são tidos como 
“normais”, por serem realizados em nome de uma divindade ou uma ideia. O relativismo e a 
diversidade cultural passam longe destas práticas. 
O DRAMA DAS ESCRAVAS SEXUAIS DO ESTADO ISLÂMICO
“Foram sete. Primeiro um egípcio, um marroquino, depois um palestino…”. 
Haifa, uma jovem iraquiana, conta em seus dedos o número e a 
nacionalidade dos combatentes do Estado Islâmico que, durante seus dois 
anos de cativeiro, a compraram e venderam como escrava sexual.
Haifa, de 36 anos, e sua família são parte dos milhares de integrantes 
da minoria yázidi, especialmente perseguida pelos extremistas quando 
tomaram o controle de inúmeros territórios no Iraque e na Síria.
Esta minoria que fala o idioma curdo professa uma religião pré-islâmica e 
o EI os considera hereges e politeístas, colocando-os no centro da mira dos 
extremistas. A ONU denunciou uma “tentativa de genocídio” contra seus 
membros.
“Havia uma espécie de mercado para onde levavam as mulheres yázidis 
para os combatentes escolherem. Um dia um deles comprou 21 mulheres”, 
relata à AFP a mulher que mantém sua identidade verdadeira sob o 
pseudônimo de Haifa.
Presa em sua região natal de Sinjar, ela foi levada para Mossul, reduto 
iraquiano do Estado Islâmico, e depois foi transferida para Raqqa, bastião 
na Síria.
“Nos tratavam muito mal. Nos fizeram sofrer coisas terríveis”, relata.
Milhares de mulheres ainda estão presas.
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Depois de duas frustradas tentativas de fuga, Haifa recuperou sua liberdade 
há alguns dias graças a quem ela define – de forma muito discreta – como 
“benfeitores”.
Algumas mulheres yázidis conseguiram escapar do Estado Islâmico. 
Outras foram “compradas” para depois serem libertas sem que o grupo 
soubesse.
O lançamento da ofensiva iraquiana para retomar Mossul em outubro 
reavivou a esperança de outras libertações. Estima-se que ainda restarão 
três mil homens, mulheres e crianças nas mãos dos fundamentalistas 
islâmicos, afirma Hussein al-Qaidi, que comanda uma oficina de ajuda 
a pessoas em cativeiro, em Dohuk, financiada pelas autoridades curdas 
iraquianas.
Pela regra geral diante das ofensivas iraquianas, os islâmicos saíam levando 
consigo os reféns yázidis. Porém, isso mudou desde que as tropas leais a 
Bagdá conseguiram interromper a rota que une Mossul ao território sírio.
“Fomos vítimas de uma campanha feroz, mas nosso povo está muito 
ligado a sua terra”, afirma Hussein al-Qaidi ao justificar suas esperanças de 
remontar sua comunidade.
Haifa ainda tenta superar o pesadelo que viveu durante dois anos. Exausta 
e doente, tem vergonha de contar a sua família o que teve que enfrentar.
Ela teme por sua irmã de 20 anos, que como muitas outras mulheres ainda 
está nas mãos do EI. E suplica: “Peço ao mundo inteiro que ajude a libertá-
las”.
(Fonte:<http://istoe.com.br/o-drama-das-escravas-sexuais-do-estado-
islamico/>)
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RESUMO
 Nesta unidade vimos dois importantes conceitos: a diversidade e o relativismo cultural. 
Vimos como estes conceitos podem contribuir para que as sociedades se respeitem e tenham 
uma convivência harmônica. Vimos como o conceito de diversidade cultural trata da convivência e 
interação que existe efetiva e satisfatoriamente entre diferentes culturas. A existência de diferentes 
culturas é considerada como importante patrimônio da humanidade, sendo, sem dúvida, uma 
forma de promover e expandir o conhecimento, o respeito e a tolerância, pois o fato de respeitar 
e tolerar o outro que não manifesta as mesmas crenças e não possui a mesma bagagem cultural, 
será sempre um passo à frente como pessoa. Vimos também que o relativismo cultural é uma 
teoria que implica a ideia de que é preciso compreender a diversidade cultural e respeitá-la, 
reconhecendo que todo sistema cultural tem uma coerência interna própria. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GEERTZ, C. Trabalhos e vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002.
MELO, N. V. A ética da alteridade em Emmanuel Levinas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
OLIVEIRA, R. C. de. O trabalho do antropólogo. 2. ed. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora 
Unesp, 2000.
SANTOS, B. de S. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Crítica de 
Ciências Sociais, n. 48, jun. 1997.
Referências complementares Infográfico Na Prática Dica do professor
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 Olá Bem-vindos a maisuma unidade de ensino. 
 Vamos estudar sobre a alteridade e seus efeitos no mundo atual.Veremos sua importância 
na compreensão do outro e seus aspectos fundamentais na compreensão da contemporaneidade. 
 O mundo atual, denominado as vezes, de “pós-moderno”, as vezes de “globalizado”, ao 
mesmo tempo que cria uma “aldeia global”, com variações culturais universalizadas, como por 
exemplo, os filmes de Hollywood, o show business norte-americano, também universalizou o 
preconceito e a xenofobia dentre outros problemas atuais. Por isso, no conturbado cenário do 
século XXI, a alteridade é, talvez, a palavra chave para a superação dos preconceitos e para a 
convivência pacifica entre os grupos humanos. 
 Mas afinal o que significa alteridade? 
 Observe a charge abaixo: 
 Fonte: http://sarauxyz.blogspot.com.br/2016/03/alteridade.html
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 27
Pois bem! Observe agora esse poema: 
Quando o português chegou 
Debaixo duma bruta chuva 
Vestiu o índio 
Que pena! 
Fosse uma manhã de sol 
O índio tinha despido 
O português.
(ANDRADE, Oswald. Obras completas. v. 6-7. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972).
 Tanto o poema quanto a charge falam do mesmo tema: como eu reajoao que é 
completamente diferente do que eu penso, que é diferente do meu modo de agir, das minhas 
leis, da minha religião etc.? 
 Existem duas maneiras de reagir a isso: agir etnocentricamente, como vimos na outra 
aula, ou agir de outra forma como veremos abaixo: 
 No nosso texto base, você perceberá que dentre os vários conceitos possíveis de alteridade, 
um deles se refere a ela como o “conceito que o indivíduo tem segundo o qual os outros seres 
são distintos dele. Contrário a ego”. Pode-se dizer também que vem do latim alteritas. Ser outro, 
colocar-se ou constituir-se como outro”. 
 Pois bem, a outra forma, sem ser a de julgar o outro, é tentar entender por que ele pensa assim. 
 Cada um pensa e age de determinada formaporque ele culturalmente aprendeu a agir assim. 
LEMBRE-SE: Portanto não existem culturas melhores ou piores, apenas diferentes.
 Se você quiser melhor se apropriar do conceito de Alteridade, sugerimos como leitura 
nosso texto para aprofundamento de estudo sob o título “Conceito de Alteridade” de autoria do 
sociólogo Lucas de Oliveira Rodrigues.
 No desenho abaixo, temos uma visão do que acontece quando vemos “um diferente” e 
olhamos de forma etnocêntrica para aquilo que é diferente. Nós vemos o outro e o julgamos de 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 28
acordo com nossos padrões de comportamento. 
Fonte: http://entrementes12c.blogspot.com.br/2013/03/atitudes-face-diversidade-cultural.html
LEMBRANDO: temos que nos colocar no lugar do outro para poder compreendê-lo. 
Observe a colocação precisa de Frei Beto que também está em nossa bibliografia: 
Só existe generosidade na medida em que percebo o outro como outro 
e a diferença do outro em relação a mim. Então sou capaz de entrar em 
relação com ele pela única via possível – porque, se tirar essa via, caio no 
colonialismo, vou querer ser como ele ou que ele seja como sou - a via 
do amor, se quisermos usar uma expressão evangélica; a via do respeito, 
se quisermos usar uma expressão ética; a via do reconhecimento dos 
seus direitos, se quisermos usar uma expressão jurídica; a via do resgate 
do realce da sua dignidade como ser humano, se quisermos usar uma 
expressão moral. Ou seja, isso supõe a via mais curta da comunicação 
humana, que é o diálogo e a capacidade de entender o outro a partir da 
sua experiência de vida e da sua interioridade.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 29
Agora! Observe a charge abaixo: 
Fonte:https://noticias.bol.uol.com.br/fotos/bol-listas/2015/12/12/22-memes-virais-e-outras-coisas-legais-que-
bombaram-na-web-e-no-whatsapp-em-2015.htm?cmpid=tw-bol#fotoNav=18
Você sabe quem é essa e o que ela tem a ver com nossa história? 
 Pois bem trata-se de uma das maiores escritoras de todos os tempos, Simone de Beauvoir. 
Há muito tempo atrás, ela afirmou que, “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Ela fazia um 
exercício de alteridade, para tornar as mulheres o que elas realmente são e não o que a cultura as 
tornava. Tentava mostrar que em uma sociedade machista como a que ela vivia e que vivemos 
até hoje, onde o homem é colocado em uma posição social superior e a mulher é considerada 
o “segundo sexo”, tem de seguir uma conduta já determinada para ser considerada mulher, 
como: ser frágil, delicada, submissa, mãe, esposa, bela, recatada e do lar. Simone de Beauvoir 
veio, com seu pensamento de que “era necessário que as mulheres se “tornassem mulheres” para 
enfrentarem o preconceito e conquistarem a igualdade de direitos com os homens, sendo livres 
para agir como quiserem, livres dos padrões da sociedade. Olhar as mulheres com alteridade é 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 30
deixar que elas sejam o que são em sua essência e não o que a sociedade espera delas. 
Veja como o G1 noticiou esse fato: 
24/10/2015 20h35 - Atualizado em 24/10/2015 21h44
Enem 2015: questão sobre feminismo é comentada nas redes sociais
GRUPOS FEMINISTAS COMENTARAM SOBRE A INCLUSÃO DA QUESTÃO 
NA PROVA. ‘TRISTE NOTAR QUE FRASE SEJA TÃO ATUAL’, AFIRMA 
ESPECIALISTA EM SEXUALIDADE.
Thaís Lima Do G1, em São Paulo
Uma questão da prova de Ciências Humanas do Enem 2015 chamou a 
atenção de grupos feministas e ativistas nas redes sociais. A pergunta traz 
a célebre frase de Simone de Beauvoir (“Não se nasce mulher, torna-se 
mulher”) e é citada em uma questão sobre as lutas feministas da metade 
do século XX. Elas publicaram reproduções da prova e comentaram sobre 
a inclusão do assunto no Enem.
A postagem sobre a questão na página “Empodere Duas Mulheres” no 
Facebook comemorou a inclusão do tema na prova. Até às 20h10 do 
sábado, o conteúdo teve mais de 12 mil likes e 3,5 mil compartilhamentos. 
“Acho de suma importância que esse debate tenha sido levantado lá, achei 
lindo demais”, conta a criadora da página MaynaraFanucci. Ela acredita 
que colocar Beauvoir na prova ajuda a jogar luz sobre o tema. “Ela, como 
uma das grandes teóricas sobre o feminismo atingindo nacionalmente os 
estudantes, ajuda a chamar a atenção pra esse assunto tão importante de 
ser debatido e associado ao nosso contexto atual”, afirma. 
Outros usuários também fizeram menção sobre a pergunta no Twitter. “Eu 
vivi pra ver um dia o Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM, perguntar 
sobre Simone de Beavoir e o feminismo”, afirma usuária. “Pego o caderno 
primeira questão que eu vejo FEMINISMO. Que delicia manda mais, que 
os machistas da minha sala vão tudo bombar no Enem”, comenta outro 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 31
perfil na rede social.
Frase ainda atual
Para a especialista em gênero e sexualidade e jornalista Nádia Lapa, a 
questão é adequada ao momento político atual, com a tentativa de retirada 
de direitos das mulheres. “O triste é notar que uma frase publicadaem um 
livro de 1949 ainda seja tão atual: nós não nascemos mulheres, nós nos 
tornamos mulheres porque a socialização feminina é cruel conosco, nos 
tratando como o tal produto intermediário citado pela autora francesa”, 
comenta.
A pergunta não cita a palavra feminismo em nenhum momento, porém 
Nádia acredita que isso não seja um revés. “Quem faz Enem deve estar 
preparada e preparado para questões atuais, e felizmente o feminismo é 
um movimento que vem tomando mais força e sendo revivido no Brasil”. 
A escritora e ativista Daniela Lima, que conseguiu recuperar fotos da 
pensadora francesa em suas passagens pelo Brasil, comenta que é 
importante ver uma autora no meio de tantas citações de pensadores 
homens. “Nas postagens que destacavam os textos de autores importantes 
presentes na prova, Simone era a única mulher. Ver autoras sendo citadas 
vai mostrando importantes avanços”, lembra.
(Fonte:<http://g1.globo.com/educacao/enem/2015/noticia/2015/10/questao-
sobre-feminismo-no-enem-2015-e-lembrada-nas-redes-sociais.html>.).
 Apesar disso, inúmeras pessoas, numa atitude clara de etnocentrismo, posicionaram-se 
contra a questão do Enem. Em um desconhecimento claro do que a filósofa disse, diziam ser um 
absurdo “torna-se mulher”. Que, afinal elas já nasciam mulher. Esse pensamento arraigado na 
sociedade mostra como ainda hoje, o machismo é um dos maiores entraves a alteridade. 
Observe as charges abaixo: 
Fonte: https://bloguniversidadelivrepampedia.com/2016/01/18/so-os-homens-podem-por-um-fim-no-
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 32
machismo/
 Fonte: https://peramblogando2.wordpress.com/category/mafalda/
 Fonte: http://filonamidia.blogspot.com.br/2012/05/desafio-1-ano-2-bimestre.html
Todas elas mostram, de maneira divertida um problema sério: o Brasil ainda é um país com um 
elevadíssimo número de assédios morais e sexuais, ainda é grande a violência contra a mulher, 
ainda recebem salários menores para a mesma função etc. 
IMPORTANTE:
Ainda estamos longe do dia que o exercício da alteridade será uma regra e não uma 
exceção.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 33
RESUMO
 Nesta unidade estudamos um dos conceitos chaves para o século XXI: o conceito de 
alteridade. Alteridade refere-se ao conceito que o indivíduo tem segundo o qual os outros seres 
são distintos dele. Contrário a ego. Pode-se dizer também que vem do latim alteritas. Ser outro, 
colocar-se ou constituir-se como outro. Em nosso país com o elevado índice de violência contra 
mulheres, dos recentes atentados a homoafetivos, conclui-se que a alteridade ainda está longe e 
se afirmar em nosso país. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Vídeo: CORTELLA, Mario Sergio. Visão de alteridade visão do outro. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=dLjuIjIUX0g>.
MELO, N. V. A ética da alteridade em Emmanuel Levinas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. • 
Referências complementares Infográfico Na Prática Dica do professor Saiba mais
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 34
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 36
 Olá, bem-vindo a mais uma aula!
 Hoje iremos estudar o conceito mais importante de nossa disciplina: o conceito de cultura. 
 De início, iremos trazer uma definição que, talvez seja a mais antiga efoi feita por Edward 
Burnett Tylor“[...] cultura é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, 
costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de 
uma sociedade”1. 
 Esta é sem dúvida uma bela definição de cultura: todos nós já a usamos em algum momento. 
Os conhecimentos dizem respeito àquilo que tradicionalmente aprendemos com as gerações 
anteriores, com a academia etc.; as crenças são claramente ligadas às culturas, pois uma criança 
que nasce na Arábia certamente será Islâmica e uma criança brasileira certamente será cristã; as 
leis dependem completamente do local onde são produzidas, como por exemplo podemos citar, 
o casamento monogâmico do mundo ocidental e o poligâmico do mundo oriental; os costumes 
são tão diversos quanto são os países do mundo. Um exemplo: a alimentação brasileira inclui a 
carne de vaca, enquanto na Índia ela é sagrada. 
IMPORTANTE:
Entendemos por cultura, tudo aquilo produzido pelo homem, que não é biológico. 
Isto significa que a cultura varia no tempo e no espaço.
 Ou seja, somente não é cultura aquilo que permanece desde as civilizações primitivas até 
hoje, e que são realizadas tanto no oriente como no ocidente: necessidades biológicas, tais como 
nascer, respirar, comer etc. Essas são comuns a todos os agrupamentos humanos em qualquer 
época e lugar de nossa história. O desenho a seguir mostra isso: 
1 TYLOR, Edward Burnett, citado por CANEDO, Daniele. Cultura é o quê? reflexões sobre o conceito de 
cultura e a atuação dos poderes públicos. Disponível em: <http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf>.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 37
Fonte: http://www.detectivesdelahistoria.es/el-hombre-llego-a-america-mucho-antes-de-lo-pensado/, 2015.
 Vamos identificar algumas formas de cultura bem diferentes das nossas:
 A Coréia e a China onde a população consome carne de cachorro, o que parece irracional 
para a cultura do ocidente; 
 Fonte: http://petsonline.com.br/petsonline/curiosidades/.
Fonte: http://perolasdowatsapp.blogspot.com.br/2015/06/china-lanca-o-festival-anual-do.html
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 38
Fonte: http://raposo.blogspot.com.br/2014/06/festival-de-carne-de-cachorro-comeca-na.html
 As mulheres girafas, na Tailândia, que espicham os próprios pescoços com aros de ferro 
deixando-os com mais de 30 cm; 
Fonte: http://www.tjfer.com/detail/g6322581244270313730/
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A Índia onde as vacas são veneradas e protegidas como animais sagrados;
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/113997434295603428/
 Na China, os insetos fazem parte da lista de iguarias caras e apreciadas na gastronomia; 
Fonte: http://istoe.com.br/98419_A+ONU+RECOMENDA+COMA+INSETOS/
Pois bem, vimos como as práticas culturais são as mais variáveis possíveis. São tantas religiões, 
crenças, leis, que mostram como o mundo é verdadeiramente plural e diverso. Isto nos leva a 
outro aspecto da cultura: 
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não existem culturas certas ou erradas, elas são apenas diferentes.
Cada um que a pratica entende como certa. O grande problema é quando não respeitamos a 
cultura do outro. Na história isso sempre deu errado. Como foi o caso do nazismo, do fascismo, 
das ditaduras miliares etc. 
Mas por que as pessoas possuem culturas tão diferentes? 
Durante muitos anos, supunha-se que fatores genéticos ou geográficos, como veremos adiante, 
eram os responsáveis por tal povo possuir uma determinada cultura. Essas teorias eram 
extremamente preconceituosas, chegando ao cúmulo de dizer que “[...] os povos dos trópicos 
eram fadados ao desaparecimento, por causa da miscigenação”.
 Em um dos textos de apoio, “A construção da Imagem de Dom Pedro II”, de Sena Filho, vemos 
como eram preconceituosos os europeus que vinham por aqui, nos oitocentos. Sem entender 
nossa cultura, diziam coisas absurdas sobre o Brasil. Leia algumas dessas frases, sempre se 
referindo ao brasileiro: 
“A mistura com o sangue dos negros e mulatos não poderia contribuir para o melhoramento da 
raça portuguesa.” 
“A catinga de milhares de negros” 
“Esquálidos habitantes que na imundície se criam”
“Vagarosos e amolenados pelo calor do clima” 
“Consideram o Rio como o mais imundo dos ajuntamentos de seres humanos debaixo do céu” 
Revoltante, não é? 
O pior é constatar que depois de tantos anos e de tantas lutas, nós mesmos, às vezes tratamos 
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dessa maneira que éramos tratados. Afinal, são comuns em nosso meio, o racismo, a homofobia 
o preconceito. 
Pois bem, devemos respeitar e não julgar quem tem uma cultura diferente da nossa. Afinal são 
inúmeras as manifestações artísticas, as expressões coletivas que não entendemos. 
Uma observação deve ser feita: 
Afinal todas elas possuem crenças, linguagens, leis etc. 
Agora vamos a letra de uma música sobre o tema
COMIDA
Bebida é água! 
Comida é pasto! 
Você tem sede de quê? 
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida 
A gente quer comida, diversão e arte 
A gente não quer só comida 
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida 
A gente quer bebida, diversão, balé 
A gente não quer só comida 
A gente quer a vida como a vida quer
Bebida é água! 
Comida é pasto! 
Você tem sede de quê? 
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comer 
A gente quer comer e quer fazer amor 
A gente não quer só comer 
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente não quer só dinheiro 
A gente quer dinheiro e felicidade 
A gente não quer só dinheiro 
A gente quer inteiro e não pela metade
Bebida é água! 
Comida é pasto! 
Você tem sede de quê? 
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida 
A gente quer comida, diversão e arte 
A gente não quer só comida 
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida 
A gente quer bebida, diversão, balé 
A gente não quer só comida 
A gente quer a vida como a vida quer
A gente não quer só comer 
A gente quer comer e quer fazer amor 
A gente não quer só comer 
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente não quer só dinheiro 
A gente quer dinheiro e felicidade 
A gente não quer só dinheiro 
A gente quer inteiro e não pela metade
Diversão e arte 
Para qualquer parte 
Diversão, balé 
Como a vida quer 
Desejo, necessidade, vontade 
Necessidade, desejo, eh! 
Necessidade, vontade, eh! 
Necessidade
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 A cultura é que dá significado a nossa existência. Por isso, ela é tão importante 
quanto a comida e a bebida.
 Como forma de melhor relacionar nossa discussão a uma atividade prática é assistir ao 
vídeo “Pais jogam bebês de torre em ritual para a sorte na Índia”, e a partir do seu sentimento ao 
assisti-lo, relacione-o com nossa aula. 
https://www.youtube.com/watch?v=IeBMDjmuZTc
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RESUMO
 Nesta unidade estudamos um dos mais importantes conceitos de nossa disciplina e 
base para quase todos os outros: o conceito de cultura. Vimos que existem algumas premissas 
básicas para definir o que é cultura: 
 Ela varia no tempo e no espaço.
 Não existem culturas melhores nem piores, apenas culturas diferentes. 
 Só não é cultura aquilo que é biológico. 
 A nossa maior dificuldade é entender por que as culturas são tão diferentes: em certos 
locais determinada alimentação é comum, em outras é tida como crime, como por exemplo 
alimentar-se de cachorros. Entender a cultura do outro é um exercício de alteridade que deve 
fazer parte de nosso dia a dia. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BECKER, H. S. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 
CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: Edusc, 1999. 
DIAS, R. Introdução à sociologia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. DUARTE, L. F. 
D. Antropologia é ciência? Disponível em: . Acesso em: 21 ago. 2017.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 46
 Olá! Bem-vindo a mais uma aula. 
 Hoje iremos estudar dois conceitos da Antropologia bastante antigos. Eles não são mais 
adequados para construirmos uma ideia sobre as relações entre os homens, porém, como toda 
tradição, eles possuem força suficiente para formar nossos pensamentos e preconceitos até hoje: 
são eles o determinismo biológico e o determinismo geográfico.
 O determinismo biológico acredita que a genética de um ser humano ou a sua “raça”, são 
capazes de determinar a sua cultura. 
São velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades 
específicas inatas a ‘raças’ ou a outros grupos humanos. Muita gente 
ainda acredita que os nórdicos são mais inteligentes do que os negros; 
que os alemães têm mais habilidade para a mecânica; que os judeus são 
avarentos e negociantes; que os norte-americanos são empreendedores 
e interesseiros; que os portugueses são muito trabalhadores e pouco 
inteligentes; que os japoneses são trabalhadores, traiçoeiros e cruéis; que 
os ciganos são nômades por instinto, e, finalmente, que os brasileiros 
herdaram a preguiça dos negros, a imprevidência dos índios e a luxúria 
dos portugueses” (LARAIA, 2001, p. 17).
 Considerar o determinismo biológico como verdade cria uma série de estereótipos de tipos 
físicos, como se todas as pessoas de um mesmo tipo genético, agissem de uma determinada 
forma. Esse tipo de pensamento pode levar a doutrinas perigosas, como o nazismo de Hitler, 
que pensava existir uma “supremacia branca”, grupos racistas, que consideram negros como 
inferiores, etc.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 47
 Assim, como muita gente acredita que homens são determinados a realizaremocupações 
específicas por serem homens, e mulheres devem realizar determinadas tarefas por serem 
mulheres, utilizando como base para o seu pensamento, o fator biológico, a genética de cada um. 
Ou seja, acreditam que o tipo físico de cada um, vai determinar sua forma de agir, sua cultura: 
esse é o determinismo biológico, um conceito que já foi superado pelos antropólogos atuais. 
IMPORTANTE:
O determinismo biológico, foi criado para justificar porque algumas etnias deveriam 
ser consideradas superiores às outras.
Observe o texto abaixo que desmistifica a ideia do determinismo biologico: 
A verificação de qualquer sistema de divisão sexual do trabalho mostra que 
ele é determinado culturalmente e não em função de uma racionalidade 
biológica. O transporte de água para a aldeia é uma atividade feminina 
no Xingu (como nas favelas cariocas). Carregar cerca de vinte litros de 
água sobre a cabeça implica, na verdade, um esforço físico considerável, 
muito maior do que o necessário para o manejo de um arco, arma de uso 
exclusivo dos homens. Até muito pouco tempo, a carreira diplomática, o 
quadro de funcionários do Banco do Brasil, entre outros exemplos, eram 
atividades exclusivamente masculinas. O exército de Israel demonstrou 
que a sua eficiência bélica continua intacta, mesmo depois da maciça 
admissão de mulheres soldados (LARAIA, 2001, p. 19).
IMPORTANTE: 
Carregar cerca de vinte litros de água sobre a cabeça implica, na verdade, um esforço 
físico considerável, muito maior do que o necessário para o manejo de um arco, arma 
de uso exclusivo dos homens.
 Houve um tempo em que mulheres não tinham direito a votar, a exercer determinadas 
profissões, que ela era considerada digna apenas se casasse, apenas pelo fato de serem mulheres 
e aos homens cabia “sustentar o lar”, ser durão, grosseiro, hoje em dia, as mulheres exercem todo 
tipo de trabalho, mesmo aqueles considerados “trabalho de homem”, além de poderem assumir 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 48
diferentes estilos de vida, que antes eram atribuídos ao homem, prova de que o fator biológico 
não determina nosso modo de agir. Vamos ler o artigo “O papel da mulher na sociedade”2. 
 O outro conceito que vamos aprender nesta aula é o determinismo geográfico. Essa teoria 
é parecida com o determinismo biológico, porém aqui, não é o fator biológico que vai determinar 
a cultura do homem e sim o fator geográfico. O determinismo geográfico considera que a cultura 
é determinada pelo ambiente físico das pessoas. As condições geográficas, como a temperatura, 
solo, vegetação, etc., determinam a cultura das pessoas que vivem no local. Acredita-se que 
essas forças naturais possam determinar a forma de agir dos homens. A ideia do determinismo 
geográfico também foi superada ao observarmos que os homens nem sempre agiam da mesma 
forma, por exemplo, “no interior de nosso país, dentro dos limites do Parque Nacional do Xingu. 
Os xinguanos propriamente ditos (Kamayurá, Kalapalo, Trumai, Waurá etc.) desprezam toda a 
reserva de proteínas existentes nos grandes mamíferos, cuja caça lhes é interditada por motivos 
culturais, e se dedicam mais intensamente à pesca e caça de aves. Os Kayabi, que habitam o 
Norte do Parque, são excelentes caçadores e preferem justamente os mamíferos de grande porte, 
como a anta, o veado, o caititu etc. (LARAIA, 2001, p.23).
 O Direito também acompanha essa mudança de pensamentos, deixando os resquícios de 
determinismo biológico presentes na lei para trás. Há pouco tempo atrás, no ano de 2016, uma lei 
que amplia a licença paternidade foi aprovada, aumentando o tempo de 5 para 20 dias. 
2 RIBEIRO, Paulo Silvino. O papel da mulher na sociedade. Brasil Escola. Disponível em: <http://
brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-papel-mulher-na-sociedade.htm>. Acesso em 22 de dezembro de 2016.
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 49
Navegue no link e saiba mais sobre esse assunto.: 
<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1747859-dilma-sanciona-aumento-
de-cinco-para-vinte-dias-de-licenca-paternidade.shtml>
 Enquanto a licença maternidade é de 120 dias, a licença paternidade era de apenas 5 
dias, direcionando os pais à atividade produtiva, e as mães, à atividade reprodutiva, de forma 
que somente estas precisam conciliar vida familiar e profissional. Além disso, a licença concedida 
aos pais provoca a imposição de papéis estereotipados no âmbito das famílias, dificultando e 
desestimulando a participação ativa dos homens na criação dos seus filhos. Os homens deviam 
ter o mesmo tempo de licença, para participarem da criação dos filhos da mesma forma que as 
mulheres, entretanto, podemos observar um avanço do direito ao aumentar a licença-paternidade 
mesmo que seja para 20 dias. Uma vez que o determinismo biológico não é mais considerado, 
podemos deixar para trás a ideia de que cabe à mulher cuidar dos filhos e ao homem trabalhar 
fora, cada pessoa pode agir de acordo com sua individualidade. Com a conscientização dos 
operadores do direito acerca de assuntos antropológicos e de diversidade familiar e cultural, 
poderemos construir leis mais justas e inclusivas. 
As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser 
explicadas em termos das limitações que lhes são impostas pelo seu 
aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da 
espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal 
frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e 
se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os 
ares; sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto 
porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura. Mas 
que é cultura? (LARAIA, 2001, p. 25). 
 Pois bem, não é preciso nem dizer que esses dois conceitos estão carregados de 
etnocentrismo e procuravam, na verdade, justificar a riqueza do norte e a pobreza do sul. Ao 
mesmo tempo justificavam a colonização e a exploração de nossas riquezas, pois eles estavam 
apenas “trazendo a civilização até esses povos bárbaros.
 Dois grandes nomes desse pensamento foram o Conde de Gobineau e o cientista Louis 
RodolpheAgassiz, célebres por seus posicionamentos sobre a desigualdade das raças. Ambos 
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estiveram no Brasil e deixaram relatosdesta experiência. Estes textos de Nelson de Sena Filho, 
estão em nossa bibliografia. E o que leremos é extremamente preconceituoso: 
 Agassiz: “aqueles que põem em dúvida os efeitos perniciosos da mistura de raças e são 
levados por falsa filantropia a romper as barreiras colocadas entre elas, deveriam vir ao Brasil. Não 
lhes seria possível negar a decadência resultante dos cruzamentos que, neste país, se dão mais 
largamente que em qualquer outro. Veriam que esta mistura apaga as melhores qualidades, quer 
do branco quer do negro, quer do índio e produz um tipo mestiço, indescritível, cuja energia física 
e mental se enfraqueceu”.
 O Conde de Gobineau, célebre teórico do “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas”, 
quando avista o Rio de Janeiro e sua natureza, diz achar “tudo isso encantador, chocante e 
milagroso ao extremo... (como) uma bonita donzela inculta e selvagem que não sabe nem ler 
nem escrever”. Apesar de ter se encantado com a beleza geográfica do lugar,achando, “tudo 
isso encantador, chocante e milagroso ao extremo”, não foge à regra de seus contemporâneos e 
quando descreve os brasileiros, diz que são, “uma população toda mulata, com sangue viciado, 
espírito viciado e feia de meter medo... nenhum brasileiro é de sangue puro... isto produziu nas 
classes baixas e altas, uma degenerescência do mais triste aspecto”.
 Segundo Heitor Lyra, Gobineau não gostou nada do Brasil, e “nada chocou tanto a sua 
sensibilidade e as teorias racistas que defendia como o caldeamento desordenado e ininterrupto 
que se processava entre as muitas raças povoadoras de nosso solo. A mestiçagem brasileira lhe 
causava verdadeira repugnância – dizia ser uma população marrom, fraca, amarelada”. Ainda, 
segundo Gobineau, os brasileiros eram, “todos mulatos, a escória do gênero humano. Eles foram 
pervertidos pela escravidão negra”. 
O interessante é, mesmo depois de tanto racismo contra nossa população, nós mesmos as vezes 
fazemos o mesmo. Afinal quem nunca ouviu:
- Índio é preguiçoso. Preto não toma banho. Nordestino não sabe votar. 
Mulher não sabe dirigir. Brasileiro é corrupto. 
 Pois bem, assim agindo estamos fazendo igual a esses preconceituosos que achavam que 
o Brasil não era viável como nação. 
 O determinismo biológico deu origem à teoria da Eugenia, que busca selecionar as pessoas 
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com base em sua genética, essa teoria foi base para o nazismo e outras formas de discriminação. 
 Vamos ler um texto publicado pela “Revista de História da Biblioteca Nacional” de 01 jan. 
2012. E a seguir, como nossa atividade avaliativa, que também abordará esse texto. 
 Ele foi publicado pela “Revista de História da Biblioteca Nacional” de 01 jan. 2012 - Racismo 
à brasileira, disponibilizado em seu Guia de Estudos. 
TEXTO:
RACISMO À BRASILEIRA
A EUGENIA E SEU PAR INSEPARÁVEL, O AUTORITARISMO, MARCARAM 
PROFUNDAMENTE A EDUCAÇÃO NO BRASIL NA PRIMEIRA METADE 
DO SÉCULO XX
*Sidney Aguilar Filho
Na Constituição brasileira de 1934, em seu artigo 138, está escrito que 
“Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos das leis 
respectivas: b) estimular a educação eugênica”. No Brasil das décadas de 
1930 e 1940, a “educação eugênica” foi aplicada às crianças, em especial 
aos filhos da classe trabalhadora mais empobrecida, sobretudo, nos 
termos da época, entre “órfãos e abandonados, pretos ou pardos, débeis 
ou atrasados”.
Nada menos que três dos ministros da Educação, durante a Era Vargas, 
identificaram-se com esse ideal de base racista. Francisco Campos 
(1891-1968), Belisário Penna (1868-1939) e Gustavo Capanema (1900-1985) 
defenderam abertamente concepções eugênicas, assim como outros 
intelectuais da Educação, na época, também defenderam argumentos 
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semelhantes. Lourenço Filho (1897-1970), por exemplo, concluiu com suas 
pesquisas que haveria uma relação entre velocidade de aprendizagem 
e “cor” – defendeu que as crianças pretas possuiriam um déficit natural 
em relação às brancas na capacidade de aprendizagem, e isso deveria 
ser levado em conta na composição das “salas seletivas” ou no “uso de 
mecanismos corretivos” no processo de aprendizagem. Ou ainda, Afrânio 
Peixoto, que, em sua obra Noções de História da Educação (1936), defendeu 
a segregação de crianças e adolescentes “degenerados” como forma de 
garantir a “saúde da Nação”.
Afrânio Peixoto defendeu a segregação de crianças e adolescentes 
“degenerados” como forma de garantir a “saúde da Nação”
O termo “eugenia” (“boa geração”) foi cunhado, em 1883, pelo antropólogo 
inglês Francis Galton. Eugenia seria a ciência que lida com todas as 
influências que supostamente melhoram as qualidades inatas de uma 
pressuposta raça em favor da evolução da humanidade. Na afirmação de 
Galton, os cérebros de uma “raça-pátria-nação” encontravam-se sobretudo 
em suas elites, e aí se deveria concentrar a atenção e os esforços para o 
aprimoramento. Seria estatisticamente “mais proveitoso” investir nas elites 
e promover o “melhor estoque do que favorecer o pior”. Galton procurou 
demonstrar que as características humanas (inclusive as intelectuais, 
culturais e morais) decorriam da hereditariedade mais que da própria 
história.
Ao longo das primeiras décadas do século XX, o pensamento eugenista 
tornou-se cada vez mais geneticista. O evolucionismo social procurou 
“mais na origem genética e menos nas alterações genéticas herdadas” 
as explicações e justificativas para “eugenia e disgenia”. A “pureza” da 
origem, ou a falta dela, ganhou status explicativo da “superioridade e da 
inferioridade” humana e da nação.
No Brasil, as relações socioeconômicas sustentadas na lógica eugenista 
foram profundamente marcadas pela história escravocrata. Durante 
o século XIX, a ideologia da eugenia expandiu-se no mais tardio reduto 
escravocrata do mundo. Para quem defendia o direito do proprietário 
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sobre uma propriedade humana, essa lógica chegou com a intenção de 
legitimar a escravidão ou, diante do seu fim, fortalecer a ideia de que 
a liberdade não seria acompanhada de igualdade. Os trabalhadores 
imigrantes europeus, que, no século XIX, haviam sido considerados até a 
“salvação da raça brasileira” pelos racistas de então, tornaram-se, na visão 
dos racistas da República, que engatinhava no início do século XX, cada vez 
mais estrangeiros sujeitos à xenofobia e a diversas formas de preconceitos, 
difundidos no cotidiano de maneira crescente. O imigrante pobre passou 
a ser associado à barbárie e sujeito às perseguições, em graus diferentes 
de opressão. Os japoneses e os médio-orientais, sobretudo muçulmanos 
ou judeus, foram unidos, por essa ideologia, aos trabalhadores nacionais 
identificados com a escravidão (pretos e pardos, na linguagem documental 
da época), tidos como mais degenerados e perigosos.
As defesas do bem comum e da coisa pública foram os argumentos 
sistematicamente utilizados por legisladores da Assembleia Constituinte 
de 1933-1934, em especial na bancada liderada por Miguel Couto (1865-
1934), como justificativa para a desigualdade de direitos com base na 
eugenia. Assim foram traçadas as políticas públicas na área da Educação. 
Formar o cidadão como um trabalhador perfeito a ser engrenado na 
máquina de produção, e educar o indivíduo para a vida da ação tornaram-
se ações centrais nas leis, discursos e práticas educativas, principalmente 
as escolares.
Os eugenistas tentaram “naturalizar” o processo histórico das sociedades 
nas quais se inseriam. No Brasil, criaram um plano teórico gelatinoso, 
modernizante-conservador, o qual subsidiou e influenciou a educação. 
Ideias que chegaram às leis e às políticas públicas. A sociedade brasileira 
era vista por esses grupos como um organismo vivo, único e coletivo, preso 
pela genética a determinações políticas, culturais e sociais. O determinismo 
biológico primava sobre as características históricas para fundamentar 
estratégias de controle e manipulação social.
O destaque dessa corrente de pensamento no país foi Oliveira Viana (1883-
1951), reconhecido por defender a existência de uma única “raça”, a “ariana”, 
e explicar todo o “restante” da humanidade pela “degenerescência”. A 
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concepção racista da “origem poligênica da humanidade” fora rejeitada 
por religiosos em virtude de contrapor-se ao criacionismo monoteísta. 
Oliveira Viana foi membro da Subcomissão do Itamaraty e, dentro dela, 
da comissão responsável pelos assuntos “Religião e Família, Cultura e 
Ensino Nacional, Saúde Pública e Colonização”, na qual nasceu o artigo 
138 da Constituição de 1934. Ele enxergava a história dos povos a partir 
de determinantes biológicos. Para ele, referir-se ao corpo da nação como 
um ser orgânico não era uma metáfora política roubada da biologia 
nem um corporativismo simplista, e sim uma realidade inexorável em 
sua visão determinista “histórico-biológica”. Viana, que clamava por uma 
“engenharia racial”, era chamado por Plínio Salgado (1895-1975) – o líder da 
Ação Integralista Brasileira – de “o maior dos sociólogos”.
Ao justificar a intromissão e a intervenção do Estado tanto na vida pública 
quanto na vida privada dos indivíduos, o pensamento eugenista revelava 
seu caráter autoritário. Intervenção no amor, no trabalho, na política, 
no conjunto das relações sociais, sem permitir qualquer liberdade de 
participação nas decisões, pois as justificativas estavam na pretensa 
verdade absoluta da ciência. As instituições autoritárias e as práticas de 
segregação se reforçaram mutuamente na área de Educação, pela prática 
da exclusão, da desigualdade de direitos de cidadania de crianças e 
adolescentes, pela condição econômica ou por sua “origem”.
Um olhar sobre o Brasil de Vargas (1930-1945) revela a segregação racial 
como política estatal, implodindo a teoria da “democracia racial” brasileira. 
Antes, ao contrário, confirmam o autoritarismo extremado do Estado 
brasileiro e de seus detentores contra setores específicos da sociedade. 
Os estudos mais recentes sobre a temática mostram, superando os 
desconfortos, que a segregação e a desigualdade de direitos entre cidadãos 
foram legalizadas, teorizadas e praticadas no país.
Ultrapassadas as teorias racistas, depois do holocausto produzido pelo 
nazismo, a lógica que divide a humanidade em raças hierarquizadas 
entre si felizmente conheceu seu declínio. Após a Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945), a temática da eugenia e de suas práticas no Brasil 
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foi transformada em tabu, e o mito da “nação sem preconceitos” se 
consolidou. A igualdade entre todos, mais do que realmente construída 
historicamente, foi presumida e auxiliada pelo esquecimento de um 
passado constrangedor. Na última década, no entanto, ressurgiram os 
debates a respeito do determinismo genético nos processos educativos e 
a crescente medicalização da educação escolar. Por isso, precisamos estar 
atentos a fim de evitarmos os “cochilos” da História.
*Sidney Aguilar Filho é autor da tese “Educação, autoritarismo e eugenia: 
exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil” 
(Unicamp, 2012).
Bons estudos e até a próxima aula!
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RESUMO
 O determinismo biológico é baseado em uma série de estereótipos, como por exemplo: 
todo asiático tem inteligência acima da média, negros são melhores em esportes e europeus são 
culturalmente mais elevados. Da mesma forma a ideia que o clima pode definir a personalidade 
ou a inteligência ou a propensão para o trabalho, reflete um preconceito, geralmente para ocultar 
formas de exploração. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Vídeo 1: NEDROLOGIA 163. A Ciência Nazista. Vídeo 7’08”. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=HelR0sMSWmc>.
LARRAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 
2001. Disponível em: <https://disciplinas.stoa.usp.br/mod/resource/view.php?id=41050>.
RIBEIRO, Paulo Silvino. O papel da mulher na sociedade. Disponível em: <http://brasilescola.
uol.com.br/sociologia/o-papel-mulher-na-sociedade.htm>.
AN TR OP OLOG I A DO G Ê N E R O
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 58
Olá pessoal, bem-vindos a mais uma aula. 
 Hoje vamos estudar sobre gênero. 
−	 O que é ser mulher?
−	 O que é ser homem?
−	 O que é ser do gênero feminino ou masculino?
−	 O que é gênero?
 O termo gênero é usado para substituir o termo “sexo”. 
 O termo “sexo” era utilizado para diferenciar homens e mulheres de forma biológica, de 
acordo com seus órgãos sexuais. O termo gênero veio substituir essa ideia de determinismo bio-
lógico, por uma ideia de construção social. Como já aprendemos em aulas anteriores, o determi-
nismo biológico é um conceito superado, precisamos pensar sobre a diversidade cultural, social e 
humana de forma ampla, além da ótica biológica.
 O sexo como uma noção apenas biológica, leva-nos a estabelecer diferenças como, por 
exemplo, apenas a mulher possui a capacidade de ser mãe. Enquanto o gênero vem retratar a 
construção social feita em cima disso, o que a sociedade espera da mulher por ela ser mulher, 
quais características sociais o homem deve apresentar para ser considerado homem, levando-nos 
a não fazer nenhuma diferenciação entre homens e mulheres. O gênero não é uma característica 
natural própria ao homem ou à mulher, é uma característica construída, aprendida durante o 
processo de socialização, uma característica cultural.
 Com a mudança da sociedade e a superação de conceitos antigos, hoje podemos rom-
per com a determinação biológica imposta pela sociedade e agir fora do antigo padrão social. 
Adquirir diferentes identidades de gênero, admitindo-se, por exemplo, que uma mulher decida 
não ter filhos, ou se casar, ou que um homem decida não ser viril ou sustentador do lar, e assim 
conquistar uma igualdade e liberdade de gêneros que estejam de acordo com nossos desejos e 
com o que realmente somos.
 O que é a igualdade de gênero? A igualdade de gênero nos permite enxergar as pessoas 
fora da visão determinista biológica, dando aos homens e mulheres liberdade de escolha em re-
lação ao seu papel na sociedade, não mais seguindo a determinação de que o homem trabalha 
fora e que a mulher cuida da casa. Não mais seguindo a determinação de que a mulher é o “sexo 
frágil” que precisa ser protegida pelo homem. 
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ANTROPOLOGIA JURÍDICA 59
https://pt.wikipedia.org/wiki/We_Can_Do_It!
 O Brasil foi civilizado pelo cristianismo católico romano, para o qual a família liderada pelo 
homem era sagrada, as mulheres só tinham valor quando se casavam e permaneciam na função 
de esposas e mãe. 
 A cultura cristã imposta a nós pela colonização ainda é muito forte entre nós, assim como 
a compreensão de gênero de forma desigual. A sociedade cristã ainda impõe ao homem e à mu-
lher um padrão social de família hétero, validado pelo casamento, onde o homem teria a função 
de sustentar a casa e a mulher a função de cuidar da casa e dos filhos. Ainda carregamos como 
tradição cultural a desigualdade de gênero e os estereótipos de homem e de mulher.
Submissão, fraqueza, dependência,

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