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Disciplina: Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Carga horária: 40 H/A Turma:1º período Material de apoio 03 * Material extraído integralmente do livro: MANDUCO,Alessandro. Ciência Política. São Paulo: Saraiva, 2011. ESTADO O termo Estado advém do substantivo latino status, relaciona-se com o verbo stare, que significa estar firme. Uma denotação possível, por tanto, é que Estado está etimologicamente relacionado à ideia de estabilidade. Daí que o conceito de Estado chegou a ser utilizado para designar a sociedade política estabilizada por um senhor soberano que controla e orienta os demais senhores. Historicamente, o termo Estado foi empregado pela primeira vez por Nicolau Maquiavel, no início de sua obra o Príncipe, escrita em 1513 e publicada em 1932. CICCO; GONZAGA, 2013, p.47. ESTADO “Uma definição abrangente que apresentamos de Estado seria “uma instituição organizada política, social e juridicamente, ocupa um território definido e na maioria das vezes, sua lei maior é uma constituição escrita. É dirigido por um governo soberano reconhecido interna e externamente, sendo responsável pela organização e controle social, pois detém o monopólio legítimo do uso da força e da coerção”.” CICCO; GONZAGA, 2013, p.47. Origens do Estado e breve evolução histórica*. O entendimento sobre as origens do fenômeno estatal e o questionamento sobre o fundamento da obrigação política implica basicamente recorrer a duas grandes perspectivas. Origens do Estado*. A primeira perspectiva é a tentativa de explicação da origem do Estado e da Sociedade tratam de teoria orgânica, naturalista ou do impulso associativo. Essa tese sustenta a condição natural dos homens em viver em sociedade, ou seja, concentra-se em explicar que, dirigidos por uma força ou instinto natural, os homens são motivados a viver de maneira associada. Origens do Estado*. Teoria orgânica, naturalista ou do impulso associativo. A causa para a agregação encontra-se numa disposição natural que conduz os homens a procurar o apoio comum, a convivência mútua. Ao conceber o elemento natural como decisivo na emergência do Estado, repete-se a afirmação de Aristóteles contida em seu livro A POLÍTICA, do século IV a.C., na qual “o homem é naturalmente um animal político”. Entre esses pensadores que atestam e confirmam a tese aristotélica estão Cícero e SãoTomás de Aquino. Origens do Estado*. Teoria orgânica, naturalista ou do impulso associativo. Entende-se, portanto, essa visão que o homem sempre é encontrado em estado de convivência e combinação com os outros; assim, o homem é sempre social. O homem que deixasse de viver em sociedade seria considerado um ser diferente, haja vista que esse instinto é inerente a todos os seres humanos. A vida isolada somente se dará em casos excepcionais, pois essa escolha seria praticamente impossível de ser levada a diante pelo homem. Origens do Estado*. Teoria orgânica, naturalista ou do impulso associativo. Assim, acredita-se que a vida em sociedade e, por conseguinte, a emergência da sociedade, bem como do Estado decorrem de um impulso natural. Dessa reunião de pessoas se verifica a cooperação, que auxilia o indivíduo a atingir seus objetivos com a ajuda daqueles que compõem uma determinada sociedade. Nessa sociedade haverá uma relação de troca e ajuda recíproca, em relação aos conhecimentos e experiências compartilhados e, com essa ajuda, o homem atingirá seus objetivos e finalidades. Origens do Estado*. teoria contratualista A segunda perspectiva anuncia a teoria contratualista. Nessa, explica-se a formação e a existência da sociedade conforme um acordo de vontades, celebrado entre os membros que decidem viver juntos. Em oposição à tese do elemento natural e associativo, a formação da sociedade e do Estado são reconhecidos como criações artificiais e produtos da razão humana que, por meio do consenso, num acordo tácito ou expresso, instaura uma nova ordem tanto social quanto política. Origens do Estado*. teoria contratualista Essa teoria desqualifica o elemento natural e a ideia de um instinto de sociabilidade instaurador da convivência mútua. O fenômeno social e por conseguinte a formação das sociedades políticas decorrem da escolha do homem que opta por viver em sociedade e não de modo isolado. Nessa visão, é o homem por meio de suas ações que cria e inventa a sociedade e próprio Estado. Os motivos pelos quais seria firmado esse acordo de vontades mudam de autor para autor, contudo, todos apontam a inexistência de um impulso natural pelo qual o homem acabaria por, necessariamente, formar a sociedade. Origens do Estado*. teoria contratualista O contratualismo é, acima de tudo, uma teoria prescritiva acerca da melhor ordem política. A ideia do contrato como instituidor da relação social e, portanto, expressão do vínculo necessário entre os indivíduos foi discutida e defendida por vários pensadores. Origens do Estado*. teoria contratualista Um dos autores mais expressivos da teoria contratualista é THOMAS HOBBES, que explica em seu livro LEVIATÃ, publicado em 1651, que há um estado, momento e situação anteriores a qualquer tipo de sociabilidade no qual os homens vivem em estado de natureza, possuindo características como o egoísmo, a maldade, a crueldade, a agressividade, que ocasionam constantes guerras. A violência se generaliza e a guerra de todos contra todos é insustentável. Origens do Estado*. teoria contratualista Diante desse quadro, a vontade e a racionalidade humana atuam no sentido de firmar um pacto com o objetivo de minorar e diminuir a tensão do estado de natureza, dando espaço e vida ao estado social. A concretização e a manutenção dessa nova ordem dependem da existência de um poder absoluto que imponha e controle as ações dos homens. Esse poder é o Estado que, dotado de força, tem a prerrogativa de limitar as vontades particulares. Armado da espada, o Estado, o Leviatã, o Deus Mortal manda, determina e a todos obriga. Origens do Estado*. teoria contratualista Esse grande poder, mediante castigos, força a obediência dos homens pelo temor das penalidades. As ideias e a perspectiva hobbesiana acabaram por legitimar e justificar a prática do absolutismo, entendido como um sistema de governo em que o poder do soberano deve ser absoluto, ilimitado e inconteste. O momento e os valores do absolutismo começaram a ser contrariados a partir do final do século XVII. Origens do Estado*. teoria contratualista JOHN LOCKE, em seu SEGUNDO TRATADO SOBRE O GOVERNO CIVIL, expressa uma visão diferente na qual os homens, em seu estado de natureza, possuíam intrinsecamente a razão e, dessa forma, viviam pacificamente cada qual com seus bens. Nessa situação anterior a qualquer sociabilidade, os homens nascem e possuem direitos naturais: vida, liberdade e propriedade. A necessidade de superar inconvenientes decorrentes do estado de natureza leva os homens a se unirem estabelecerem livremente entre si o contrato social. Origens do Estado*. teoria contratualista Esse contrato é formador da sociedade civil que visa preservar e consolidar os direitos naturais. Por serem anteriores ao Estado, estão livres de qualquer ação e intervenção estatal e no estado civil são inalienáveis. No contratualismo lockeano é possível identificar a possibilidade de resistir ao governo, isto é, quando este deixa de cumprir como fim a que se destina – proteção e garantia da propriedade – torna-se despótico e, portanto, passível de ser enfrentado pro meio da resistência popular. Origens do Estado*. teoria contratualista O também contratualista JEAN JACQUES ROSSEAU, em seu CONTRATO SOCIAL, afirma que o homem é essencialmente bom e convive me estado de plena paz, retirando da natureza todo o seu sustento. Contudo, no momento que o primeiro homem cerca um terreno e anuncia ser seu tem início a história da servidão humana. A origem da desigualdadenasce e decorre da apropriação e do uso individual da natureza, isto é, do que é coletivo. Dividindo e separando tudo em meu e teu, todos se transformam em escravos. Origens do Estado*. teoria contratualista O também contratualista JEAN JACQUES ROSSEAU, em seu CONTRATO SOCIAL, afirma que o homem é essencialmente bom e convive me estado de plena paz, retirando da natureza todo o seu sustento. Contudo, no momento que o primeiro homem cerca um terreno e anuncia ser seu tem início a história da servidão humana. A origem da desigualdade nasce e decorre da apropriação e do uso individual da natureza, isto é, do que é coletivo. Dividindo e separando tudo em meu e teu, todos se transformam em escravos. Origens do Estado*. Crítica ao contratualismo Se o Estado fosse uma associação voluntária dos homens, cada um teria o direito de sair dela, e isso seria a porta aberta à dissolução da social e à anarquia. Se a vontade geral, criada pelo contrato, fosse ilimitada, seria criar o despotismo do Estado, ou melhor, das maiorias, cuja opinião e decisão poderia arbitrariamente violentar os indivíduos, mesmo aqueles direitos que Rosseau considerava invioláveis, pois, segundo o pitoresco raciocínio, o que discorda da maioria se engana e ilude, e só é livre quando obedece a vontade geral. Origens do Estado. UBI SOCIETAS, IBU JUS. O Homem sempre viveu em sociedade. A sociedade só sobrevive pela organização, que supõe a autoridade e a liberdade como elementos essenciais, a sociedade que atinge determinado grau de evolução, passa a constituir Estado. Para viver fora da sociedade o homem precisaria estar abaixo dos homens ou acima dos deuses, como disse Aristóteles, e vivendo em sociedade, ele natural e necessariamente cria a autoridade e o Estado. Teoria da origem familiar do Estado: As mais antigas teorias sobre a origem do Estado veem nele o desenvolvimento e a ampliação da família. A sociedade em geral, o gênero humano, deriva necessariamente da família, é fora de toda dúvida e por isso se diz com razão que a família é a célula da sociedade. Não se pode, porém, aplicar o mesmo raciocínio ao Estado. Teoria da origem familiar do Estado: Sociedade humana e sociedade política não são termos sinônimos. Exatamente quando o homem, pela maioridade, se emancipa da família, é que de modo consciente e efetivo passa a intervir na sociedade política. Esta tem fins mais amplos do que a família e nos Estados modernos a autoridade política não tem sequer analogia com a autoridade do chefe de família. O Estado, além disso, é sempre a reunião de inúmeras famílias. Teoria da origem familiar do Estado: Finalmente, a teoria patriarcal é puramente conjectural, não tem confirmação alguma na experiência e, do ponto de vista lógico, radica no equívoco a que aludimos: confunde-se a origem da humanidade com a origem do Estado. Formação jurídica do Estado: Desde o momento em que a coletividade estatal se organiza e possui órgãos que querem e agem por ela, o Estado existe. Não influem sobre a sua existência as transformações posteriores da Constituição ou forma de governo: o Estado nasce e permanece através de todas as mudanças (Carré de Malberg). Outros preferem considerar como nascimento jurídico do Estado o momento em que ele é reconhecido pelas demais potências, o que é matéria de direito internacional. No entanto, os dois pontos de vista são úteis e não se contradizem. Formação histórica do Estado: São basicamente três modos pelos quais historicamente se formam os Estados: 1. Modos originários 2. Modos secundários 3. Modos derivados. BIBLIOGRAFIA BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001. MALUF, Sahid.Teoria geral do estado. 28. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2008.MULHER,Friederich. BOBBIO, Norberto. Estado, governo sociedade: para uma teoria geral da política. 15. ed. WOLKMER, Antônio Carlos e outros. Teoria do Direito e do Estado. Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris Editor, S.A. REALE, Miquel. Teoria do Direito e do Estado. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 1994. AZAMBUJA, Darcy. Introdução à Ciência Política. 15. ed. São Paulo: Globo, 2003. AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 4ª ed. São Paulo: Globo, 2008. MENEZES,Anderson de. Teoria Geral do Estado. 8ª ed. Rio de Janeiro, 2009. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999. CUNHA, Alexandre Sanches. Teoria Geral do Estado – Coleção Saberes do Direito. v. 62. São Paulo: Saraiva, 2013 SOARES, Mauro Lúcio quintão. Teoria do Estado: introdução. 2. ed. rev. atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. * Material extraído integralmente do livro: MANDUCO,Alessandro. Ciência Política. São Paulo: Saraiva, 2011.
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