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4 1. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é um fenômeno que tem ocorrido em escala global e que vem se apresentando de maneira acelerada, principalmente nos países em desenvolvimento. Com o envelhecimento da população temos também o aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que estão entre as principais causas de mortalidade de adultos e idosos no mundo. A Diabetes mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) são consideradas problemas de saúde pública com alta prevalência em países subdesenvolvidos. (INSTITUTO DE SAÚDE et al., 2021) As Doenças Crônicas Não Transmissíveis são responsáveis por mais da metade do total de mortes no Brasil. Em 2019, 54,7% dos óbitos registrados no Brasil foram causados por doenças crônicas não transmissíveis, foram registrados mais de 730 mil óbitos por DCNT em 2019. Atualmente, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional. Já a Hipertensão Arterial, atinge mais de 38 milhões de pessoas no Brasil.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021) De acordo com Brasil (2001), tanto a diabetes mellitus quanto a hipertensão arterial, não tem cura, mas tem controle. Uma vez controladas, os portadores destas patologias poderão viver muito bem e com qualidade de vida. O uso de medicamentos e a adoção dos bons hábitos de vida - como exercícios físicos, alimentação regrada, sem cigarros e bebida alcoólica - são medidas a serem tomadas para o controle destas patologias, do contrário, as duas doenças costumam ter graves consequências. Desse modo, é justificável esse estudo por considerar as DCNT como Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial patologias graves e que necessitam de estudos contínuos para serem mais bem compreendidas, embora sejam patologias ainda incuráveis existe tratamento e a assistência da equipe de enfermagem tem um papel crucial nesse processo.(BRASIL, 2021) 5 2. METODOLOGIA Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica. A busca ocorreu nas bases de dados do Google, Google Acadêmico, PUBMED, SciELO e BVS Saúde a partir da busca das palavras chaves: “Diabetes Mellitus”, “Hipertensão Arterial Sistêmica”, “DM e HAS”, “Doenças Crônicas Não Transmissíveis”, “Saúde do Adulto e do Idoso” e “Ministério da Saúde: Cadernos de Atenção Básica”. Como critérios de inclusão foram selecionados artigos no idioma português que após a leitura inicial do título e resumo abordavam a temática deste estudo. 3. RESULTADOS No estudo, foram analisados 3 Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde que atenderam ao critério de inclusão estabelecido. A seleção final é apresentada no quadro 1 abaixo, seguindo a ordem: título, número, local, ano e resumo. Quadro 1: Síntese dos estudos analisados. TÍTULO NÚMERO LOCAL ANO RESUMO Hipertensão arterial sistêmica – HAS e Diabetes mellitus – DM Caderno de Atenção Básica nº 7 Brasília 2001 Caderno de Atenção Básica com o objetivo de auxiliar os profissionais de saúde da AB no processo de educação permanente, apoiando a construção de protocolos locais que organizem a atenção à pessoa com doença crônica. Aborda a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a Diabetes Mellitus. Aborda o conceito, diagnóstico, tratamentos entre outras coisas. Diabetes Mellitus Caderno de Atenção Básica nº 36 Brasília 2013 Caderno de Atenção Básica com o objetivo de auxiliar os profissionais de saúde da AB que atuam no acompanhamento do diabetes mellitus. Aborda o controle da glicemia e o desenvolvimento do autocuidado, o que contribui na melhoria da qualidade de vida, reduzindo assim a morbimortalidade causada pela patologia. Hipertensão Arterial Sistêmica Caderno de Atenção Básica nº 37 Brasília 2013 Caderno de Atenção Básica com o objetivo de auxiliar os profissionais de saúde da AB que atuam no acompanhamento da HAS. Aborda a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial. Trata da importância dos profissionais de AB nas estratégias de prevenção, diagnóstico, monitorização e controle da HAS. 6 4. DISCUSSÕES 4.1 - DIABETES MELLITUS 4.1.1 - CONCEITO A Diabetes Mellitus (DM) pode ser caracterizada como uma síndrome de etiologia variada, sendo decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por uma hiperglicemia crônica (níveis elevados de açúcar no sangue constantemente) como fator primário desencadeador das complicações da diabetes mellitus como os distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas. A DM pode ser classificada em tipo 1, tipo 2, diabetes gestacional e outros tipos. (FERREIRA et al., 2011) 4.1.2 - FISIOPATOLOGIA Na DM tipo 1 (DM1) o sistema imunológico do organismo destrói as células β pancreáticas, por meio de mecanismos auto imunes, mediados por células como linfócitos T e macrófagos. O processo de autodestruição pode se iniciar anos antes do diagnóstico clínico da doença e, dependendo do tempo antes do diagnóstico, cerca de 70 a 90% das células β podem ter sido destruídas. Portanto, o pâncreas passa a produzir pouca ou nenhuma insulina o que ocasiona a hiperglicemia e consequentemente a diabetes mellitus do tipo 1.(BRASIL, 2001) Na DM tipo 2 (DM2), o pâncreas costuma continuar a produzir insulina, às vezes até mesmo uma quantidade maior que a normal, no entanto, o organismo passa a criar uma resistência à ação da insulina, diminuindo a captação de glicose em tecidos insulina dependentes. Com o avanço do DM2, por causa da disfunção e redução das células β pancreáticas, a síntese e a secreção de insulina podem ficar comprometidas e o tratamento com a insulina passará a ser essencial. (FERREIRA et al., 2011) 4.1.3 - SINAIS, SINTOMAS E DIAGNÓSTICO Os sinais e sintomas de DM são classificados como clássicos ou menos específicos, entre os clássicos aparecem a poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso (conhecidos como os quatro “Ps" da diabetes) que podem estar presentes tanto na DM do tipo 1 quanto na DM do tipo 2. Outros sintomas menos específicos são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de 7 repetição. Entretanto, como já mencionado, o diabetes é assintomático em proporção significativa dos casos, a suspeita clínica ocorrendo então a partir de fatores de risco para o diabetes.(BRASIL, 2013) De acordo com Brasil (2013), o diagnóstico da DM é feita a partir da verificação do resultado de vários exames laboratoriais que avaliam a quantidade de glicose circulante no sangue, dentre eles temos: o exame de glicemia em jejum, o teste de tolerância à glicose (TOTG) e o teste de glicemia casual. O exame de glicemia em jejum é o exame mais solicitado pelo médico e a análise é feita a partir da coleta de uma amostra de sangue em jejum de pelo menos 8 horas ou de acordo com a recomendação do médico. No teste de tolerância à glicose, o paciente recebe uma carga de 75 g de glicose, em jejum, e a glicemia é medida antes e 2 horas após a ingestão. O teste de glicemia casual é feito sem a padronização do tempo desde a última refeição. A interpretação dos resultados dos exames para o diagnóstico da diabetes mellitus é apresentada na figura abaixo: Figura 1: Níveis de referência de glicemia para o diagnóstico de DM. Fonte: DB Diagnóstico, 2021. A confirmação do diagnóstico da DM pode ser feita diante das seguintes situações: 1) Sintomas clássicos de DM e valores de glicemia de jejum iguais ou superiores a 126 mg/dl; 2) Sintomas clássicos de DM e valores de glicemia realizada em qualquer momento do dia iguais ou superiores a 200 mg/dl; 3) Indivíduos assintomáticos, porém com níveis de glicemia de jejumiguais ou superiores a 126 mg/dl, em mais de uma ocasião; 4) Indivíduos com valores de glicemia de jejum menores que 126 mg/dl e, na segunda hora após uma sobrecarga com 75 g de glicose via oral, iguais ou superiores a 200 mg/dl. (BRASIL, 2021) 8 4.1.4 - TRATAMENTO 4.1.4.1 - TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO De acordo com Reis (2014), o tratamento dos portadores de DM deve ser individualizado, respeitando-se a idade do paciente, a presença de outras doenças, a capacidade de percepção da hipoglicemia, o estado mental do paciente e o uso de outras medicações. O tratamento não medicamentoso deve ser feito através das mudanças do estilo de vida. Dentre elas encontram-se: 1) Auxiliar o indivíduo a fazer mudanças em seus hábitos alimentares, favorecendo o melhor controle metabólico, do peso corporal e do nível glicêmico através de uma dieta balanceada e apropriada que supra as necessidades básicas do paciente; 2) Orientação sobre atividades físicas, que devem ser realizadas regularmente, após avaliação médica do adulto/idoso; 3) Interrupção do tabagismo e do etilismo, quando estiverem presentes. 4.1.4.2 - TRATAMENTO MEDICAMENTOSO De acordo com Brasil (2001), para a diabetes mellitus existem dois tipos de tratamentos medicamentosos indicados: os antidiabéticos orais e as insulinas. Os antidiabéticos orais devem ser utilizados, no caso de diabetes mellitus do tipo 2, quando não se atinge os níveis glicêmicos desejáveis após o uso do tratamento não medicamentoso. Cinco grupos de antidiabéticos orais estão liberados para uso comercial no Brasil: 1)Biguanidas: As biguanidas aumentam a sensibilidade à insulina no músculo esquelético, tecido adiposo e, especialmente, no fígado, reduzindo a gliconeogênese hepática e aumentando a captação periférica de glicose. 2) Sulfoniluréias: As sulfoniluréias reduzem a glicemia em especial pelo estímulo à secreção pancreática de insulina, bem como pelo aumento da sua sensibilidade nos tecidos-alvo. 3) Inibidores da α-glicosidase: competitivo da alfa-glicosidase intestinal, que reduz a absorção dos carboidratos de forma dose-dependente e, em conseqüência, a hiperglicemia pós-prandial. 4) Tiazolidinedionas: As tiazolidinedionas ou glitazonas ligam-se ao receptor nuclear PPAR-gama, aumentando a sensibilidade à insulina, em especial no músculo esquelético e tecido adiposo, com efeito menor no fígado. 5) Glinidas: As meglitinidas (repaglinida), derivadas do ácido benzóico, e a nateglinida, derivada da D-fenilalanina, estimulam a secreção de insulina pelas 9 células beta, são absorvidas de modo rápido e têm meia-vida curta. (BRASIL, 2001) A Tabela 1 sintetiza informações para a prescrição desses fármacos. Figura 2: Síntese dos antidiabéticos orais disponíveis no Brasil. Fonte: Liga interdisciplinar de Diabetes (2017). O tratamento com uso da insulina, deve ser utilizado de acordo com o tipo de diabetes que a pessoa possui, podendo ser indicada a aplicação da injeção todos os dias antes das principais refeições, no caso da diabetes do tipo 1, ou quando os 10 remédios antidiabéticos começam a não ter efeito, no caso da diabetes do tipo 2. (BRASIL, 2001) 4.1.5 - COMPLICAÇÕES A Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome metabólica decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos. No Brasil, são mais de quatorze milhões de pessoas que precisam viver com as diversas limitações impostas pela doença. Entre esses casos, a maior parte da população acometida é a de idosos. (SILVA et al., 2018) De acordo com Brasil (2021), o tratamento correto do diabetes significa manter uma vida saudável, evitando diversas complicações que surgem por consequência do mau controle da glicemia. O prolongamento da hiperglicemia (altas taxas de açúcar no sangue) pode causar sérios danos à saúde, entre eles temos: I. Retinopatia diabética: lesões que aparecem na retina do olho e que podem causar sangramentos e, como consequência, a cegueira. II. Pé diabético: ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma úlcera (ferida). Seu aparecimento pode ocorrer quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente pois quaisquer complicações podem levar à amputação do membro afetado. III. Infecções: o excesso de glicose pode causar danos ao sistema imunológico, aumentando o risco da pessoa com diabetes contrair algum tipo de infecção. Isso ocorre porque os glóbulos brancos (responsáveis pelo combate aos vírus, bactérias, etc.) ficam menos eficazes com a hiperglicemia. Diante desse problema, podemos notar a importância do reconhecimento destas complicações trazidas por essa patologia e que se não houver orientação adequada quanto ao tratamento ou até a não aceitação deste, por ocasionar sérios danos à qualidade de vida do portador desta doença. (SILVA et al., 2018) 4.1.6 - AÇÕES DE ENFERMAGEM De acordo com Neves (2019), a DM é uma patologia que modifica os hábitos de vida de um indivíduo, contribuindo para o crescimento de riscos de diversas 11 complicações, tanto agudas quanto crônicas. Diante desse quadro, os profissionais de enfermagem têm papel fundamental na prestação da informação ao paciente frente às medidas preventivas, tanto envolvendo as ações de prevenção primária – que incluem mudanças no estilo de vida da população saudável – e ações de prevenção secundária, que engloba a incorporação do tratamento diante do diabetes. Dessa forma, as ações de enfermagem ao paciente diabético devem incluir: Orientar o paciente portador do diabetes a mudar o hábito de vida , ou manter se já forem saudáveis a fim de diminuir a ocorrência de complicações . Orientar o paciente diabético tipo 2 à tomar vacina contra a influenza, uma vez que o índice de mortalidade cresce com a presença desse vírus nos portadores de diabetes; Monitorar o paciente e educar quanto ao tratamento farmacológico prescrito pelo médico; Educar e monitorar o paciente em uso de insulinoterapia, demonstrar a aplicação da insulina, fornecer esquema de rodízio ao paciente, instruir sobre como é realizada a aspiração das unidades de insulina e mesmo as complicações que podem ocorrer nos locais onde se aplica insulina, assim como o armazenamento, conservação e transporte. Fornecer informações sobre o uso dos instrumentos existentes para uso da insulina; Orientar o paciente a realizar a automonitorização e ensiná-lo a manusear o material e equipamento utilizado para tal. Nos casos em que o paciente não tem condições de realizar o procedimento em sua residência, o mesmo deve ser orientado a comparecer ao posto de saúde; Monitorar a participação dos pacientes nas consultas médicas conforme a pedido do médico de retorno ao consultório, realização de exames e participação nos grupos de diabéticos Participar de campanhas de rastreamento de casos de pacientes diabéticos e realizar os encaminhamentos necessários; 12 Prestar cuidados de enfermagem ao paciente diabético hospitalizado, como monitorar frequentemente a glicemia capilar, coletar dados do paciente sobre o esquema terapêutico que utiliza em domicílio e sempre registrar informações no prontuário. Assistir o paciente e monitorizar níveis de hipoglicemia nos pacientes hospitalizados e administrar medicações conforme a prescrição médica. Seguir ações de enfermagem específicas em cada complicação conforme citado no módulo; Interagir com a família do diabético para que a mesma compreenda certas manifestações do paciente e a correlação com a enfermidade; Questionar sempre ao paciente sobre questões que podem envolver sinais de complicações da doença; Promover ao máximo o autocuidado eficiente; Incentivar o paciente a manter uma boa higiene bucal e relatarquaisquer casos de hemorragias, edemas ou dores na gengiva; Manter uma boa higiene e cuidados com a pele, orientar o paciente para que realize em casa, e nos casos de pacientes hospitalizados realizar os cuidados; Auxiliar o paciente a manter níveis adequados de glicemia como forma de proporcionar uma melhor qualidade de vida; Participar da prestação do cuidado aos pacientes que tiveram complicações e interagir em sua reabilitação familiar e social. 4.1.7 - POLÍTICAS DE SAÚDE Atualmente, o Brasil possui a Lei nº 13.895, de 30 de outubro de 2019, que institui a Política Nacional de Prevenção do Diabetes e de Assistência Integral à pessoa diabética. Em seu Art.1º, afirma que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve adotar a Política Nacional de Prevenção do Diabetes e de Assistência Integral à Pessoa Diabética, em qualquer de suas formas, incluído o tratamento dos problemas de saúde com ele relacionados. A lei estabelece prevê a realização de campanhas 13 de divulgação e conscientização sobre a importância e a necessidade de medir regularmente os níveis glicêmicos e de controlá-los. (BRASIL, 2019) 4.2 - HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA 4.2.1 - CONCEITO A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma síndrome decorrente de vários fatores caracterizada pelas elevações sustentadas dos níveis de pressão arterial, sendo a pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg e pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg, sendo constantemente associada a alterações metabólicas e complicações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. (DA SILVEIRA, 2020) 4.2.2 - FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da hipertensão arterial, bem como o surgimento das crises hipertensivas se deve ao aumento abrupto da resistência vascular periférica. Quando a pressão arterial sobe ocorre vasoconstrição. Em pacientes hipertensos observa-se uma menor vasodilatação mediada pelo endotélio (camada celular que reveste interiormente os vasos sanguíneos e linfáticos) e isso faz com que pacientes hipertensos tenham maior resposta vasoconstritora que os normotensos. Outros fatores influenciam vascularmente, que são o remodelamento vascular e rigidez arterial. Essas alterações são a remodelação eutrófica interna e rarefação na microcirculação, que atuam aumentando a resistência vascular, a ação vasoconstrictora e reduzem a capacidade de regulação do fluxo sanguíneo. O remodelamento e enrijecimento promovem a reflexão de ondas de pressão, que levam ao aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso, e é a principal causa de HA em idosos. (DANTAS E PAULO, 2020) 4.2.3 - SINAIS, SINTOMAS E DIAGNÓSTICO A HAS é uma doença que em mais de 90% dos casos, é silenciosa, que pode estar presente durante anos sem provocar nem sequer um sintoma. Algumas pessoas, porém, podem apresentar sintomas, como dores no peito, cefaléia , tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal. Quando os sintomas ocorrem, geralmente estão relacionados a crises 14 hipertensivas, com aumentos importantes e súbitos da pressão arterial, situações que não são frequentes na maioria dos pacientes hipertensos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) A maioria dos pacientes hipertensos é assintomática. O diagnóstico de HAS é feito pela obtenção de medida da pressão arterial. A forma mais comum é a medida casual, feita no consultório com aparelhos manuais ou automáticos. Não é possível fazer o diagnóstico de hipertensão com uma única medida da pressão arterial, visto que há fenômenos como a hipertensão do jaleco branco, que podem elevar a pressão quando há presença de um médico ou outros fatores pontuais, como um pico de estresse, consumo de cafeína, entre outros. Assim, para o diagnóstico da HAS recomenda-se a realização de três medidas da pressão arterial, em momentos diferentes, para conclusão diagnóstica. Para isso, deve-se obter valores maiores ou iguais a 140/90 mmHg em todas as medidas, para pacientes que tenham mais de 18 anos, a fim de classificar o paciente como hipertenso.(NOBRE et al., 2013). A interpretação dos resultados para o diagnóstico da hipertensão arterial sistêmica é apresentada no quadro abaixo: Figura 3: Definições e classificações dos níveis da pressão arterial. Fonte: Sociedade Portuguesa de Hipertensão (2022). 4.2.4 - TRATAMENTO 4.2.4.1 -TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO O tratamento não medicamentoso para a HAS inclui a prática de atividade física, mudança de hábitos nutricionais, restrição ao consumo de álcool, cessação do tabagismo. Estas medidas têm como objetivo a diminuição da dosagem dos anti- 15 hipertensivos ou até mesmo sua suspensão. A atividade física deve ser de fácil realização, com exercícios de curta duração e baixa intensidade, visando desenvolver resistência, flexibilidade articular e força muscular sem provocar lesões, e pode ser fracionada ao longo do dia, com aumento gradativo do tempo e da intensidade do exercício. (GISMONDI, 2020) Os hábitos nutricionais devem visar à redução de sódio e ao controle de peso. Recomenda-se um programa de redução de peso que inclua atividade física e restrição de calorias para idosos com 10% acima de seu peso ideal, além de redução do sal da dieta para 2, 4 g de sódio ou 6 g de cloreto de sódio (correspondente a uma colher de chá).(BRASIL, 2013) 4.2.4.3 - TRATAMENTO MEDICAMENTOSO De acordo com Brasil (2013), os medicamentos que são utilizados no tratamento de hipertensão arterial são chamados anti-hipertensivos. Estão disponíveis seis classes de anti- hipertensivos: 1) Diuréticos: O mecanismo anti- hipertensivo dos diuréticos está relacionado, numa primeira fase, à depleção de volume e, a seguir, à redução da resistência vascular periférica decorrente de mecanismos diversos. 2) Inibidores adrenérgicos (os de ação central, os alfa-1 bloqueadores e os betabloqueadores): estimulam os receptores alfa2-adrenérgicos no tronco cerebral e reduzem a atividade do sistema nervoso simpático, reduzindo a pressão arterial. 3) Vasodilatadores diretos: Os medicamentos desse grupo, como a hidralazina e o minoxidil, atuam diretamente sobre a musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento muscular com consequente vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. 4) Inibidores da enzima conversora da angiotensina (eca): O mecanismo de ação dessas substâncias é fundamentalmente dependente da inibição da enzima conversora, bloqueando, assim, a transformação da angiotensina I em II no sangue e nos tecidos. 5) Antagonistas dos canais de cálcio: A ação anti-hipertensiva dos antagonistas dos canais de cálcio decorre da redução da resistência vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas vasculares. 6) Antagonistas do receptor da angiotensina ii: O mecanismo de ação dessas substâncias é fundamentalmente dependente da inibição da enzima conversora, bloqueando, assim, a transformação da angiotensina I em II no sangue e nos tecidos. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/hipertens%C3%A3o-arterial/hipertens%C3%A3o-arterial 16 . A hipertensão arterial pode ser controlada em quase qualquer pessoa, mas, o tratamento tem de ser adaptado ao indivíduo. (BRASIL, 2013). A Figura 4 detalha os anti-hipertensivos disponíveis no Brasil. Figura 4: Síntese dos anti-hipertensivos disponíveis no Brasil. Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, (2010). 17 4.2.5 - COMPLICAÇÕES De acordo com o Ministério da Saúde, um em cada quatro brasileiros vivem sob o risco de vida por causa da HAS. Por ser uma doença silenciosa, e o paciente sendo muitas vezes assintomático. Para Silva et al. (2018), a principal relevância da identificação econtrole da HAS reside na redução das suas complicações, tais como: I. Infarto agudo do miocárdio: Se a obstrução de uma ou mais artérias coronárias for maior que 90%, a quantidade de sangue que chega ao miocárdio torna-se tão pequena que o músculo cardíaco sofre necrose, e consequentemente o infarto do miocárdio. II. Insuficiência cardíaca: A hipertensão arterial aumenta o esforço do coração, pois o mesmo precisa bombear o sangue contra uma pressão maior. Ao longo dos anos, esse esforço excessivo vai provocando dilatação progressiva do coração, que torna-se mais fraco e incapaz de bombear o sangue adequadamente. III. AVC (derrame cerebral): A hipertensão aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e hemorrágico. O primeiro ocorre pela deposição de placas de colesterol nas artérias cerebrais; o segundo por tornar os vasos mais frágeis e propícios ao rompimento. Portanto, uma visita frequente ao médico, com diagnóstico precoce e adequado tratamento, pode evitar as suas temidas complicações. (SILVA et al., 2018) 4.2.6 - AÇÕES DE ENFERMAGEM Para Neves (2019), mais importante do que o diagnóstico do indivíduo com hipertensão é a avaliação dos seus riscos para a sua saúde. O cuidado ao paciente hipertenso também é realizado em hospitais, com o profissional de enfermagem tendo o contato quase direto com este paciente, tanto nos momentos de internação, como nos casos da realização dos procedimentos eletivos, como cirurgias e/ou exames diagnósticos. Portanto, os principais cuidados de enfermagem ao paciente hipertenso devem incluir: 18 Monitorização da Pressão Arterial: a monitoração deve ocorrer em intervalos frequentes , todos os dias . Este monitoramento deve ser feito em intervalos menores em pacientes que fazem uso endovenoso de medicação anti- hipertensiva, além de gestantes, emergências hipertensivas e pré- operatórios; Educação do paciente para o autocuidado : o objetivo do tratamento da hipertensão é a manutenção de uma pressão arterial adequada que não cause danos para o paciente. O tratamento inclui ações de mudança nos estilos de vida e a prescrição de medicamentos; Monitorização no uso de medicamentos: nos programas de saúde pública de atenção a pacientes hipertensos, as medicações são distribuídas gratuitamente. Verificação do peso e altura: importante mensuração que a enfermagem contribui realizando para verificar o peso do paciente e, assim, acompanhar o seu ganho ou perda de massa; Cuidados Hospitalares: é importante que ao paciente hospitalizado seja realizado perguntas sobre a medicação de uso contínuo ou não no momento da internação, antes da realização de exames diagnósticos, incluindo os contrastados, e antes da realização de intervenções cirúrgicas. O enfermeiro exerce papel importante dentro do contexto da hipertensão arterial, abrangendo aspectos que vão desde a participação em programa de detecção precoce, até o desenvolvimento de estratégias para garantir adesão ao tratamento. (NEVES, 2019) 4.2.7 - POLÍTICAS DE SAÚDE A HAS não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa Farmácia Popular. Para retirar os remédios, basta apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do prazo de validade, que são 120 dias. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do https://antigo.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/programa-farmacia-popular 19 SUS quanto por um médico que atende em hospitais ou clínicas privadas.( MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020) 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que vem se apresentando de maneira acelerada, principalmente nos países em desenvolvimento. Com o envelhecimento temos também o aumento da prevalência de doenças crônicas, tais como Hipertensão arterial e Diabetes mellitus, cuja idade é um dos principais fatores de risco para manifestação dessas doenças. A proposta desta pesquisa bibliográfica foi demonstrar a importância de se conhecer a diabetes mellitus e a hipertensão arterial, ressaltando ainda o quão importante é realizar um diagnóstico precoce, já que essas doenças atuam silenciosamente, sendo a maioria dos indivíduos acometidos por vários fatores de risco aglomerados em efeito cascata, gerando várias complicações. 20 6. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 13.895, de 30 de outubro de 2019. Política Nacional de Prevenção do Diabetes e de Assistência Integral à pessoa diabética. [S. l.], 30 out. 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/10/31/sancionada-lei-que- institui-a-politica-nacional-de-prevencao-do-diabetes. Acesso em: 15 abr. 2022. BRASIL, Ministério da Saúde. Diabetes (diabetes mellitus). [S. l.], 15 abr. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a- z/d/diabetes/diabetes-diabetes-mellitus. Acesso em: 1 abr. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes mellitus. Caderno de Atenção Básica nº 36. Brasília, DF, 2013. Disponível em: file:///C:/Users/55319/Downloads/CAB%20DIABETES_36.pdf. Acesso em: 02/04/2022. BRASIL, Ministério da Saúde. Hipertensão arterial: hábitos saudáveis ajudam na prevenção e no controle da doença. [S. l.], 15 abr. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/hipertensao-arterial-habitos- saudaveis-ajudam-na-prevencao-e-no-controle-da-doenca. Acesso em: 1 abr. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica – HAS e Diabetes mellitus – DM PROTOCOLO. Caderno de Atenção Básica nº 7. Brasília, DF, 2001. 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