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Fisiologia do Sistema Reprodutor Masculino

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Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Fisiologia do Sistema Reprodutor Masculino 
FUNÇÃO REPRODUTIVA 
A função reprodutiva não é vital para o indivíduo, 
mas é fundamental para a perpetuação da 
espécie. Sendo que, a atração entre macho e 
fêmea para a procriação (prazer) se deve a uma 
complexa atividade neuroendócrina e 
comportamental, mediada, principalmente, pelo 
hipotálamo e pelo sistema límbico. 
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL 
A diferenciação sexual é um processo complexo 
que se inicia no momento de fertilização e 
continua até o início da vida adulta, sendo 
determinada por aspectos genéticos, hormonais, 
anatômicos e também comportamentais. 
TIPOS DE SEXO 
1. Sexo Genético ou Cromossômico 
É determinado na época da fertilização e 
depende do cromossomo sexual existente no 
espermatozoide. 
Cada célula humana apresenta 23 pares de 
cromossomos, sendo 22 pares de autossomos e 1 
par de cromossomo sexual. Portanto, cada 
gameta contém 22 pares de autossomos e 1 
cromossomo sexual devido à meiose, a qual gera 
espermatozoides contendo cromossomo X ou Y e 
óvulos contendo somente o cromossomo X. 
Por isso, o homem é caracterizado pelos 
cromossomos sexuais X e Y, enquanto as 
mulheres são pelos cromossomos sexuais X e X. 
2. Sexo Gonádico 
Até a 6a semana de gestação, a gônada ainda é 
indeterminada, ou seja, pode ocorrer o 
desenvolvimento do testículo ou do ovário. 
Se o feto, na 6a semana, apresentar o 
cromossomo Y, a gônada começa a se 
transformar em testículo, sendo que, na 8a 
semana, as células de Leydig aparecem e 
garantem a diferenciação da genitália masculina 
devido à produção de testosterona e do 
Hormônio Inibidor Mülleriano (MIH). 
Se o feto, na 6a semana, apresentar os 
cromossomos XX, a gônada começa a se 
transformar em ovário na 9a semana, sendo que 
há diferenciação da genitália feminina devido à 
ausência de hormônios e, ainda, a partir da 25a a 
30a semana, inicia-se a oogênese. 
3. Sexo Genital ou Fenótipo 
Na 7a semana de gestação, o feto contém os 
primórdios dos ductos genitais para homem 
(ducto de Wolf) e mulher (ducto de Müller). 
Se o feto for masculino, o ducto de Wolf se 
desenvolve, formando o epidídimo, o canal 
deferente, as vesículas seminais e o ducto 
ejaculador devido a ação da testosterona, 
enquanto ocorre a regressão do ducto de Müller 
devido a ação do MIH. Então, posteriormente, há 
a formação da genitália externa na 10a semana. 
Se o feto for feminino, o ducto de Müller se 
desenvolve, formando as trompas de falópio e o 
útero devido a ausência de hormônio, enquanto 
ocorre a regressão do ducto de Wolf. Então, 
posteriormente, há a formacao da genitália 
externa na 10a semana . 
4. Sexo Comportamental ou Psicológico 
Na criança, a diferenciação psicossocial é 
estabelecida pela família com relação à 
orientação sexual, uso de roupas, comparação 
com outras crianças ou adultos, hábitos gerais, 
convívio, brincadeiras e cultura de uma 
sociedade. Já, na puberdade, com a maturação 
sexual, ocorrem grandes alterações hormonais, 
características sexuais e comportamentais. E, 
por fim, no adulto, o aspecto comportamental se 
sobrepõe. 
 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
MATURAÇÃO DO SNC 
No período fetal, a presença ou ausência de 
androgênios promove o padrão de liberação de 
GnRH pelo hipotálamo – o que é chamada de 
impressão (“imprint”) ou maturação do SNC 
(hipotálamo). 
O homem apresenta um padrão acíclico de GnRH 
devido a presença de androgênico, enquanto a 
mulher apresenta um padrão cíclico de GnRH 
devido a ausência de androgênios. 
Além disso, há evidências que o número de 
conexões sinápticas hipotalâmicas são maiores 
na mulher devido a ciclicidade hormonal em 
relação ao homem, que apresenta padrão 
acíclico. 
ANATOMIA FUNCIONAL 
Basicamente, o sistema reprodutor masculino 
consiste em: 
• Gônadas = testículos; 
• Glândulas Acessórias = próstata, vesículas 
seminais e glândulas bulbouretrais; 
• Ductos = epidídimo, canal deferente, ducto 
ejaculatório e uretra; 
• Genitália Externa = pênis e sacro escrotal. 
 
GÔNADAS 
O homem apresenta duas gônadas 
denominadas de testículos, as quais estão 
localizadas fora da cavidade abdominal, pois 
necessita de uma temperatura de 1ºC menor que 
a corporal para a espermatogênese. 
Cada testículo pesa cerca de 40g, sendo formado 
por um conjunto de túbulos e ductos que 
produze os espermatozoides e hormônios. Ainda, 
recebem grande vascularização e inervação. 
Obs.: Criptorquismo = permanência dos 
testículos na cavidade abdominal. 
GLÂNDULAS ACESSÓRIAS 
Próstata: Secreta um líquido fino, leitoso e 
alcalino, que contêm íons, enzima coagulante e 
profibrinolisina. Ainda, aumenta o volume do 
sêmen e sua alcalinidade, e impede a micção 
durante a ejaculação. 
Vesículas Seminais: Secretam grandes volumes 
de líquido com frutose e nutrientes para os 
espermatozoides, assim como prostaglandinas e 
fibrinogênio, sendo encontradas ao lado da 
próstata. 
Glândulas Bulbouretrais: Secretam líquido com 
a finalidade de lubrificação e alcalinização da 
uretra, como as pequenas glândulas de Littré. 
DUCTOS 
Epidídimo: Tubo envelopado, com cerca de 6 
metros, que corresponde ao local onde o 
processo da espermatogênese termina, sendo 
que esse foi iniciado nos túbulos seminíferos. 
Canal Deferente: Via de transporte dos 
espermatozoides desde o testículo até o ducto 
ejaculatório. 
Ducto Ejaculatório: Local de armazenamento 
dos espermatozoides antes de passar pela 
próstata. 
Uretra: Via de passagem do sêmen e urina para 
o meio externo (nunca simultaneamente), 
estando localizada no pênis. 
GENITÁLIA EXTERNA 
Pênis: Órgão masculino, sendo constituído por 
duas partes: (1) corpo esponjoso, no qual há a 
passagem da uretra, e (2) corpo cavernoso, que 
corresponde ao tecido erétil para cópula. 
- Ereção: ação parassimpática devido a 
dilatação das artérias penianas e constrição 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
das veias, que resultam no enchimento dos 
corpos cavernosos. 
- Emissão e Ejaculação: ação simpática. 
Saco Escrotal: Tem como finalidade manter os 
testículos fora da cavidade abdominal, sendo 
constituído em grande parte por musculatura 
lisa. 
ESPERMATOGÊNESE 
CARACTERÍSTICAS GERAIS 
A espermatogênese é o processo da formação 
dos espermatozoides que acontece a partir de 
uma célula germinativa – as espermatogônias 
existentes na membrana basal dos túbulos 
seminíferos. 
Esse processo ocorre nos túbulos seminíferos 
durante a vida sexual ativa, como resultado da 
estimulação pelos hormônios gonadotrópicos da 
adenohipófise, começando, aproximadamente, 
aos 13 anos e continuando pela maior parte do 
restante da vida, mas se reduzindo 
acentuadamente na velhice. 
Túbulos Seminíferos 
O testículo é constituído por quase mil túbulos 
seminíferos enovelados, cada um com cerca de 
50 a 100 cm, apresentando três tipos de células: 
• Espermatócitos: em diferentes estágios de 
maturação. 
• Células de Leydig: secretam a testosterona, 
sob ação do ICSH, estando localizadas no 
interstício dos túbulos seminíferos. 
• Células de Sertoli: são células grandes, que 
estão localizadas no epitélio germinativo com 
muitos receptores para o FSH; são 
importantes na espermatogênese, pois 
promovem a nutrição e sustentação dos 
espermatócitos, contribuem na espermiação, 
secretam o hormônio inibina e pouco 
estradiol, a partir da testosterona, além da 
proteína fixadora dos androgênios. 
O processo demora 74 dias, sendo que, a partir 
da puberdade, é produzido cerca de 200 milhões 
de espermatozoides por dia. Ainda, a geração em 
forma de ciclos ocorre a cada 16 dias. 
ETAPAS 
As espermatogônias são células germinativas 
que estão localizadas em duas ou três camadas 
da borda externa dos túbulos seminíferos. À 
medida que se desenvolvem, migram entre as 
células de Sertoli, que apresentam um envoltório 
citoplasmáticoexuberante, o qual envolve a 
espermatogônia em desenvolvimento durante 
todo o trajeto em direção ao lúmen central dos 
túbulos seminíferos. 
Portanto, a espermatogônia A (indiferenciada e 
diploide) forma a espermatogônia B (pouco 
diferenciada). Destaca-se que a diferenciação 
inicial depende das células de Sertoli devido aos 
efeitos aparentes do FSH e, ainda, cada 
espermatogônia formará 16 espermatozoides. 
A espermatogônia que cruza a barreira até a 
camada das células de Sertoli é 
progressivamente modificada e alargada, 
visando a formação dos grandes espermatócitos 
primários. Cada espermatócito primário passa 
por divisão meiótica para formar dois 
espermatócitos secundários, sob ação da 
testosterona. E, poucos dias depois, estes se 
dividem formando as espermátides, que são, 
eventualmente, modificadas transformando-se 
em espermatozoides. 
LEMBRAR: Durante as transformações do 
estágio de espermatócitos para o de 
espermátides, os 46 cromossomos (23 pares) do 
espermatócito se dividem, e então 23 
cromossomos vão para uma espermátide e os 
outros 23 vão para a outra espermátide. Além 
disso, os genes cromossômicos também se 
dividem e, portanto, somente metade das 
características genéticas do possível feto é 
fornecida pelo pai, enquanto a outra metade 
provém do oócito fornecido pela mãe. 
Quando as espermátides são inicialmente 
formadas, elas ainda apresentam as 
características usuais de células epitelioides e, 
portanto, apresentam maturação bem lenta. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Após, ocorre a formação dos espermatozoide, os 
quais são lançados no lúmen tubular 
(espermiação). 
A maturação final dos espermatozoides ocorre 
no epidídimo, tendo uma duração de 1 a 20 dias, 
sendo que, posteriormente, são lançados no 
canal deferente onde se tornam viáveis e móveis. 
Ainda, podem ser armazenados por até vários 
meses. 
O movimento de vaivém da cauda (movimento 
flagelar) permite a mobilidade do esperma, 
sendo que a energia para esse processo é 
fornecida pelo ATP, o qual é sintetizado pelas 
mitocôndrias no corpo da cauda. O esperma 
normal se move em meio líquido com uma 
velocidade de até 5 cm/min, o que faz com que ele 
se mova, através do trato genital feminino, em 
busca do óvulo e, além disso, ele é viável por até 
2 dias no trato reprodutor feminino. 
 
FATORES HORMONAIS 
QUE ESTIMULAM A ESPERMATOGÊNESE 
1. Testosterona: É fundamental para o 
crescimento e a divisão das células germinativas 
testiculares, que se constituem no primeiro 
estágio da formação do esperma. Esta é 
secretada pelas células de Leydig, localizadas no 
interstício do testículo. 
- Sobre o transporte de testosterona no 
plasma, este pode ocorrer de várias formas: 
livre no plasma – forma ativa (3%); ligado à 
globulina transportadora de esteroides 
sexuais (42%); ligado à albumina (39%); 
ligado a outras proteínas (16%). 
2. Hormônio Liberador das Gonadotropinas 
(GnRH): Estimula a secreção do FSH e do ICSH, 
uma vez que age nos gonadotrofos, sendo 
secretado pelo hipotálamo. 
3. Hormônio Folículo-Estimulante (FSH): 
Estimula as células de Sertoli, sendo secretado 
pela adenohipófise. Destaca-se que, sem essa 
estimulação, a conversão das espermátides e 
espermatozoides (processo de espermiogênese) 
não ocorre. 
4. Hormônio Estimulante das Células 
Intersticiais (ICSH): Estimula as células de Leydig 
a secretar a testosterona, sendo secretado pela 
adenohipófise (é o LH em homens). 
5. Estrogênios: São fundamentais para a 
espermiogênese, sendo formados a partir da 
testosterona pela células de Sertoli, quando 
estimuladas pelo FSH. 
6. Hormônio do Crescimento (GH): É necessário 
para controlar as funções metabólicas basais 
dos testículos. Especificamente, promove a 
divisão precoce das espermatogônias e, 
portanto, em sua ausência, a espermatogênese é 
severamente deficiente ou ausente, causando a 
infertilidade. 
FATORES DA INFERTILIDADE 
• Orquite (caxumba); 
• Ausência de GH; 
• Elevação da temperatura dos testículos; 
• Número reduzido de espermatozoide ( < 20 
milhões/ml); 
• Imobilidade. 
EFEITOS FISIOLÓGICOS DA 
TESTOSTERNA 
NO FETO: 
• Desenvolvimento dos ductos de Wolf; 
• Formação da genitália masculina; 
• Maturação do SNC; 
• Descida do testículo para o saco escrotal. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
NA PUBERDADE: 
• Crescimento ósseo e muscular; 
• Espessura da pele; 
• Timbre de voz; 
• Crescimento dos órgãos sexuais internos e 
externos; 
• Início da espermatogênese. 
NO ADULTO: 
• Manutenção dos efeitos sexuais secundários; 
• Aumento do metabolismo; 
• Síntese proteica muscular; 
• Aumento do hematócrito; 
• Aumento do consumo de oxigênio. 
MECANISMOS DE RETROALIMENTAÇÃO 
O controle da função reprodutora masculina se 
faz por retroalimentação negativa, envolvendo a 
participação dos hormônios GnRH, FSH, ICSH, 
testosterona e inibina. 
 
INIBINA = hormônio que atua na adenohipófise, 
inibindo a liberação de FSH, através de um 
mecanismo de feedback negativo.

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