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Ciência Política e Teoria do Estado Prof.: André Ricci de Amorim Ideologias Políticas e o Estado Basicamente, o presente tópico busca analisar as ideologias que foram desenvolvidas entre o início do século XVIII e meados do século XX, destacando-se: o conservadorismo moderno, o liberalismo, o nacionalismo e o nazismo/fascismo. Conceito de Conservadorismo: constituiu-se como sistema de ideias e posições políticas marcadamente antimodernas, antirrepublicanas e antiliberais; em síntese, antiburguesas. É possível caracterizá-lo como uma reação ideológica e política aos avanços da modernidade (Jamerson Souza). Não haveria, portanto, a busca por uma ruptura revolucionária. Conservadorismo - Alguns nomes de destaque: Jüstus Möser, Edmund Burke, Alexis de Tocqueville e François-René de Chateaubriand; - O tradicionalismo abarca a forma de governo tal como ele se mantém, o sistema jurídico, ordem social, etc. - As leis do Estado deveriam nascer de “modo orgânico”, a partir dos costumes do seu povo, e não de “modo artificial”, imposta pelo legislador “convencido de que detém o monopólio das luzes da razão” (Möser). - Para Burke, conservadorismo não significa evitar as mudanças, tampouco ressuscitar o passado, mas, sim, caminhar à luz dos conhecimentos acumulados, manter vivo o potencial pedagógico da tradição. Conservador vs. Reacionário Os termos não são sinônimos. O reacionário se opõe a aspectos que não necessariamente se relacionam com aspectos políticos de uma sociedade. O reacionário idealizaria o passado, considerado como o momento da plena realização da felicidade humana. Já o conservador não tem aversão às mudanças desde que não representem uma revolução, uma ruptura repentina, e estejam ligadas com as experiências acumuladas. Conservadorismo vs. Progressismo Progressista seria o oposto ao conservador. Mas note que progresso, neste caso, não necessariamente significa mudar para melhor. Na origem: girondinos e jacobinos. Liberalismo Surge no século XVII com John Locke e adota 3 princípios: - Público é público e privado é privado. A esfera pública é o espaço da regulação, da autoridade dos poderes legitimados socialmente. A esfera privada é o espaço das liberdades domésticas, da autoridade da casa, em que os governantes não podem interferir. - Livre direito ao culto privado; - A propriedade privada é um bem tão sagrado quanto a vida. Logo, o Estado é um mal necessário. Liberalismo e Utilitarismo Destaque: Jeremy Bentham (1748-1832); Stuart Mill (1806-1873). - Para Bentham o objetivo maior da moral é maximizar a felicidade, assegurando a hegemonia do prazer sobre a dor. A coisa certa a se fazer é aquele que maximizará a utilidade (qualquer coisa que produza prazer ou felicidade e evite dor ou sofrimento). - Todo argumento moral deve inspirar-se na ideia de maximizar a felicidade. - Não existe distinção qualitativa: prazer é prazer e dor é dor. Não há juízo de valor. A única coisa que se reconhece é que existem prazeres que são mais elevados por produzirem efeitos mais intensos e mais duradouros. Liberalismo e Utilitarismo - Objeções: a) Não considera direitos individuais, pois há a ideia de proporcionar a felicidade ao grupo majoritário; b) As preferências de todos têm o mesmo peso, não distinção valorativa das preferências. Por isso a crítica: não há como transformar em moeda corrente valores de naturezas distintas. Geralmente isso implica em “valores morais vs. termos monetários”. Liberalismo e Utilitarismo Stuart Mill - Aprimorou e criticou a teoria utilitarista de Bentham no sentido de que ele não atribuiu o devido valor à dignidade humana e aos direitos individuais e reduziu equivocadamente tudo que tem importância moral a uma única escala de prazer e dor. - Seu princípio central é o de que as pessoas devem ser livres para fazer o que quiserem, contanto que não façam mal aos outros. Assim, a máxima é “desde que eu não esteja prejudicando o próximo, minha independência é, por direito, absoluta”. - Isso porque, permitir que a maioria imponha suas vontades ou censure as minorias pode maximizar a utilidade hoje, porém tornará a sociedade pior (menos feliz) no longo prazo. Liberalismo e Teoria Libertária Os libertários defendem que o Estado deve participar minimamente nos assuntos, principalmente na manutenção da paz e defesa da propriedade privada (Robert Nozick). O que passar disso é moralmente injustificável. Rejeição: a) Leis Paternalistas (ex.: protegem o indivíduo dele mesmo, como obrigação de uso do capacete para pilotar uma moto, proibição do uso de entorpecentes, etc); b) Leis Morais (ex.: leis que expressam as convicções morais da maioria, como proibido cuspir no chão – Cingapura - proibir a prostituição, etc); c) Lei de Redistribuição de Renda ou Riqueza, ou seja, deve ser facultativo, não imposto pelo Estado. Se a riqueza tem origem lícita, não seria admissível coagir o indivíduo a dividir a sua renda em razão da liberdade que faz jus. Só poderia redistribuir se a origem for ilícita, pois seria uma forma de reparar os erros do passado. Liberalismo e Teoria Libertária - Os libertários seguem a máxima de que o indivíduo é dono de si mesmo e é livre para fazer o que bem entender desde que não prejudique os outros. - Já os anarquistas apoiam a ausência completa da figura estatal na sociedade. - A distinção entre a teoria libertária e os liberais reside na questão dos libertários serem mais radicais quanto à impossibilidade de interferência estatal, ao passo que os liberais conseguem ter uma melhor aceitação da participação do Estado, principalmente na economia. Liberalismo e Teoria Libertária - O liberalismo entra em contrariedade com o libertarianismo, pois este não admite a presença de uma justiça social, ao contrário daquele que preconiza um caráter moral. - Robert Nozick justifica a sua posição contra a filosofia distributiva de John Rawls (1921-2002). Rawls argumenta ser a favor de uma justiça igualitária, pois minimizaria as desigualdades sociais à medida em que houvesse uma distribuição de riqueza. - Na concepção de Nozick cada cidadão tem posse absoluta de seus bens e a desigualdade social é um fenômeno inevitável. Contato: andre.ricci@estacio.br Obrigado!
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