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Conhecimento
Bruno Ryuiti Nagata
Inteligencia e
Gestao de
Contrainteligencia
Existe um universo paralelo onde tudo o que ocorre modifica, substancialmen-
te, a realidade que vivemos e percebemos. Esse é o universo da inteligência. 
Conhecimento é poder e, neste mundo competitivo, há uma busca 
desenfreada por qualquer forma de vantagem sobre a concorrência. 
Por isso, grandes empresas investem intensamente na área de inte-
ligência empresarial em busca de quantidades massivas de informa-
ção, aptas a trazer vantagens que resultem em ganhos de mercado. 
Esta obra é voltada a pessoas que estão ingressando na atividade de inteli-
gência, ou mesmo àquelas que já atuam na área, mas necessitam lapidar seus 
conhecimentos. O livro aborda conceitos e noções fundamentais da área de 
gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência, valendo-se das 
correntes teóricas e doutrinárias mais atuais e de exemplos e aspectos práticos 
que envolvem o uso da atividade de inteligência no dia a dia.
Código Logístico
59532
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6671-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 7 1 1
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Bruno Ryuiti N
agata
Gestão de 
conhecimento, 
inteligência e 
contrainteligência
Bruno Ryuiti Nagata
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: cono0430/Elena11/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
N141g
Nagata, Bruno Ryuiti
Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência / Bruno 
Ryuiti Nagata. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
154 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6671-1
1. Inteligência competitiva (Administração). 2. Gestão do conhecimen-
to. I. Título.
20-64953 CDD: 658.4038
CDU: 005.95
Bruno Ryuiti 
Nagata
Vídeo
Especialista em Direito Administrativo Disciplinar pela 
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e em Docência 
do Ensino Superior pela Faculdade de Ciências de 
Wenceslau Braz (Facibra). Graduado em Direito pelo 
Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba). Bacharel 
em Segurança Pública pela Academia Policial Militar do 
Guatupê, no Curso de Formação de Oficiais e Oficial da 
Polícia Militar do Paraná (PMPR). Formado no curso de 
Inteligência e Contrainteligência de Segurança Pública 
pela Escola de Inteligência em Segurança Pública do Rio 
de Janeiro (Esisperj). Atua no Sistema de Inteligência 
da Polícia Militar do Paraná (PMPR) e é instrutor de 
softwares de análise de vínculos e dados em massa.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Fundamentos de inteligência 9
1.1 A atividade de inteligência ao longo da história 9
1.2 Fundamentos éticos, morais e legais 12
1.3 Conceitos 17
1.4 Criação, desenvolvimento e aplicação da atividade de 
 inteligência 25
2 Fontes de informação 33
2.1 Fontes de informação 33
2.2 Ações de inteligência e técnicas operacionais de inteligência 38
3 Ciclo de produção de conhecimento 61
3.1 Noções fundamentais 62
3.2 Ciclo de produção de conhecimento (CPC) 68
3.3 Técnicas para elaboração de relatórios 75
3.4 Novos métodos e sua aplicação ao ciclo de produção de 
 conhecimento clássico 76
4 Análise de dados 84
4.1 Técnica de avaliação de dados 84
4.2 Metodologias de análise 94
4.3 Problemas comuns na análise de dados 101
5 Fundamentos de contrainteligência 106
5.1 Conceitos e fundamentos básicos 106
5.2 Segmentos da contrainteligência 111
5.3 Segurança orgânica 114
5.4 Contramedidas por meio do ciclo de contrainteligência 126
6 Gestão de conhecimento 129
6.1 Conceitos e definições 129
6.2 Métodos e técnicas gerenciais para fomento da produção de 
 conhecimento organizacional 133
6.3 Barreiras à criação do conhecimento 137
6.4 Métodos de promoção de conhecimento 139
6.5 Gestão do conhecimento (GC), gestão da informação (GI) e 
 inteligência competitiva (IC) 141
 Gabarito 147
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a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
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em QR code!
Existe um universo paralelo onde tudo o que ocorre modifica, 
substancialmente, a realidade que vivemos e percebemos. Esse é o universo 
da inteligência.
Conhecimento é poder e, no mundo competitivo em que vivemos, há uma 
busca desenfreada por qualquer forma de vantagem sobre a concorrência. 
Por isso, grandes empresas investem intensamente na área de inteligência 
empresarial em busca de quantidades massivas de informação, aptas a trazer 
vantagens que resultem em ganhos de mercado.
Esta obra é voltada a pessoas que estão ingressando na atividade de 
inteligência, ou mesmo àquelas que já atuam na área, mas necessitam lapidar 
seus conhecimentos. O livro aborda conceitos e noções fundamentais da 
área de gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência, valendo-se 
das correntes teóricas e doutrinárias mais atuais e de exemplos e aspectos 
práticos que envolvem o uso da atividade de inteligência no dia a dia.
No primeiro capítulo, apresentamos a atividade de inteligência, buscando 
compreender sua origem e importância no contexto mundial. Trazemos os 
limites éticos, morais e legais, bem como os conceitos e as características 
dessa fascinante atividade.
No segundo capítulo, estudamos as fontes de informação, aprendendo 
a identificá-las e obtê-las. Expomos, também, o planejamento de ações e as 
técnicas operacionais mais utilizadas para facilitar a atuação dos agentes de 
inteligência nas ações de busca em ambiente operacional.
O terceiro capítulo é um guia sobre como transformar dados e informações 
em conhecimentos úteis para assessorar o tomador de decisões e como se 
posicionar diante dos conteúdos coletados ou buscados. As metodologias 
empregadas no ciclo de produção de conhecimento e as técnicas mais 
recentes de produção de conhecimento também são abordadas, com base 
na metodologia empregada em combate pelo exército norte-americano.
O quarto capítulo tem o objetivo de aprofundar as técnicas de análise 
usadas no ciclo de produção de conhecimento, por meio do aprendizado das 
técnicas de avaliação de dados quanto ao julgamento da fonte e do conteúdo, 
de acordo com os padrões da Organização do Tratado do Atlântico Norte 
APRESENTAÇÃO
8 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
(OTAN). Complementarmente, estudamos as técnicas clássicas da Escola de 
Inteligência do Rio de Janeiro e apresentamos algumas técnicas de análises 
focadas em objetivos específicos, além de procurar entender quais são os 
problemas mais comuns encontrados na análise dos dados.
O quinto capítulo trata de como proteger todo o conhecimento produzido 
por meio do emprego da contrainteligência e de seus respectivos ramos. 
Aprendemos, ainda, a identificar focos de vulnerabilidade e como atuar 
para prevenir, detectar, obstruir e neutralizar inteligências e ações adversas, 
realizando breves estudos sobre segurança orgânica, segurança de assuntos 
internos e segurança ativa.O sexto e último capítulo é voltado às formas de utilização e gestão de todo 
o conhecimento produzido, compreendendo-os como forma de subsidiar o 
processo de tomada de decisão.
Boa leitura!
Fundamentos de inteligência 9
1
Fundamentos de inteligência
Neste capítulo, veremos o que é a atividade de inteligência e os 
fundamentos que a norteiam e compreenderemos quais são os 
limites de atuação de seus agentes.
As organizações lançam mão das ferramentas de inteligência 
para ganhar mais competitividade no mercado, protegendo o pa-
trimônio tangível e intangível das empresas. Conhecer o “inimigo” 
(no caso, o concorrente) é importante, e mais valioso ainda é saber 
quais são os recursos à sua disposição para que possa ser traçada 
a melhor estratégia de “batalha”. 
A inteligência é uma ferramenta utilizada há muito tempo e aju-
dou a escrever a história de sociedades inteiras e do mundo, como 
veremos na sequência.
1.1 A atividade de inteligência 
ao longo da históriaVídeo
O primeiro registro de ordem de busca de inteligência pode ser 
encontrado na Bíblia Sagrada, quando Moisés, seguindo as determi-
nações de Deus, envia espiões para realizar o reconhecimento e o 
levantamento de informações sobre o inimigo que estava em Canaã.
Enviou-os, pois, Moisés a espiar a terra de Canaã; e disse-lhes: 
Subi por aqui para o lado do sul, e subi à montanha: E vede que 
terra é, e o povo que nela habita; se é forte ou fraco; se pouco 
ou muito. E como é a terra em que habita, se boa ou má; e quais 
são as cidades em que eles habitam; se em arraiais, ou em for-
talezas. Também como é a terra, se fértil ou estéril; se nela há 
árvores, ou não; e esforçai-vos, e tomai do fruto da terra. (BÍ-
BLIA SAGRADA, Livro dos Números, 13:17-20, 2008, p. 189)
10 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
No curso da história, a inteligência foi amplamente utilizada e, 
a exemplo do que ocorreu com Moisés, o levantamento de infor-
mações era utilizado principalmente como ferramenta de estraté-
gia para a guerra. Com o general, estrategista e filósofo chinês Sun 
Tzu não foi diferente: sabiamente utilizou a informação e o conhe-
cimento antecipado como estratégia para vencer guerras, tendo 
materializado seu conhecimento no livro A arte da guerra, escrito 
no século IV a.C. Entre seus sábios ensinamentos, um merece des-
taque: “se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não pre-
cisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas 
não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também 
uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, 
perderá todas as batalhas” (TZU, 2000, p. 23).
Na era medieval, o filósofo Nicolau Maquiavel escreveu a obra 
O Príncipe, como forma de orientar reis e príncipes a governar seus 
principados. Esse filósofo, assim como Sun Tzu, não renunciou à in-
teligência como ferramenta essencial para o planejamento estraté-
gico, empregando-a como geradora de oportunidades: “na guerra, 
reconhecer a oportunidade e aproveitá-la vale mais que qualquer 
coisa” (MAQUIAVEL, 1996, p. 127).
Ao longo dos anos, a inteligência foi sendo aprimorada, alcan-
çando seu ápice e sendo largamente utilizada durante a Primeira e 
a Segunda Guerra Mundial e principalmente na Guerra Fria. Vários 
são os feitos da inteligência durante esse período, os quais reper-
cutem até a atualidade.
Agora, pensemos na atualidade: você acredita que a inteligência 
tem atuado com tanta força como durante as grandes guerras? Se 
você respondeu que sim, acertou! Um dos casos mais recentes foi 
em março de 2018, na Inglaterra, com o envenenamento do ex-mi-
litar e ex-agente de inteligência russo Serguei Skripal, que foi con-
denado na Rússia por repassar à inteligência britânica informações 
sobre a identidade de espiões russos que atuavam na Europa. Após 
uma série de negociações políticas, Skripal conseguiu se refugiar 
na Inglaterra. No entanto, o ex-agente e sua filha foram envenena-
dos em solo britânico, após almoçarem em um restaurante local. 
A reportagem 7 truques 
do Exército Fantasma dos 
EUA para enganar nazistas 
na 2ª Guerra, publicada 
pela BBC, conta truques 
das tropas americanas 
no período das guerras 
mundiais.
Disponível em: https://
www.bbc.com/portuguese/
internacional-42791949. Acesso 
em: 25 maio 2020.
Curiosidade
A reportagem A tropa 
de artistas que enganou 
Hitler na Segunda Guerra 
Mundial, publicada pelo 
jornal Operamundi, 
descreve como artistas 
participaram da estraté-
gia de guerra Ghost Army 
(exército fantasma).
Disponível em: https://
operamundi.uol.com.br/
politica-e-economia/29083/a-
tropa-de-artistas-que-enganou-
hitler-na-segunda-guerra-mundial. 
Acesso em: 25 maio 2020.
Curiosidade
Para saber mais sobre 
o envenenamento de 
Skripal, visite a página. 
Disponível em: https://www1.
folha.uol.com.br/mundo/2019/06/
inteligencia-militar-russa-
coordenou-envenenamento-
de-ex-espiao-diz-investigacao-
independente.shtml. Acesso em: 25 
maio 2020.
Saiba mais
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42791949
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42791949
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42791949
https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/29083/a-tropa-de-artistas-que-enganou-hitler-na-se
https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/29083/a-tropa-de-artistas-que-enganou-hitler-na-se
https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/29083/a-tropa-de-artistas-que-enganou-hitler-na-se
https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/29083/a-tropa-de-artistas-que-enganou-hitler-na-se
https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/29083/a-tropa-de-artistas-que-enganou-hitler-na-se
Fundamentos de inteligência 11
Dois agentes de inteligência russos e integrantes do Comando de 
Inteligência Militar Russa (GRU) foram presos suspeitos de estarem 
envolvidos no envenenamento de Skripal e sua filha; a Rússia ne-
gou envolvimento no ocorrido. 
O fato mais recente em que temos a atuação pesada da inteli-
gência ocorreu em 3 de janeiro de 2019, quando os Estados Uni-
dos da América (EUA), mediante emprego de Veículo Aéreo Não 
Tripulado (VANT), realizou um bombardeio na capital do Iraque 
(Bagdá) e terminou com a vida do general iraniano Qasem Solei-
mani, um dos homens mais fortes do aiatolá Khamenei e coman-
dante da força de elite Quds da Guarda Revolucionária. O general 
Soleimani era considerado um homem da espionagem e o mais 
poderoso membro da estrutura militar iraniana. O bombardeio 
foi preciso e acertou dois veículos, entre os quais o que transpor-
tava o general, que deixara o aeroporto logo após retornar de um 
voo da Síria ou do Líbano.
Agora, resta uma pergunta: como os Estados Unidos sabiam a 
hora, o local e os veículos exatos para que pudessem realizar o 
bombardeio? Imagine a estrutura de agentes de inteligência e in-
formantes empregada nessa operação. Os dados produzidos fo-
ram tão precisos que o ataque foi bem-sucedido.
Se pensarmos friamente sobre como o mundo se desenvolve, 
como grandes potências econômicas trabalham e, enfim, como 
tudo acontece ao nosso redor, corremos o risco de beirar a com-
pleta insanidade. O profissional de inteligência precisa estar atento 
para não desenvolver síndrome de perseguição e ficar pensando 
na teoria da conspiração como uma realidade constante. Para isso, 
é preciso analisar os fatos com a frieza dos dados e das informa-
ções, obtidos por meio de árduo trabalho, deixando de lado qual-
quer emoção e observando quais são os vínculos existentes entre 
as notícias e o histórico do que antecedeu esse acontecimento, em 
um processo de regressão dos fatos determinantes. Só então po-
deremos prever determinados eventos com probabilidades defini-
das por meio do que denominamos predição 1 .
Para instigar ainda mais a 
reflexão: o presidente rus-
so em exercício, Vladimir 
Putin, foi agente da KGB 
(Komitet Gosudarstvennoi 
Bezopasnosti – Comitê de 
Segurança do Estado Rus-
so) na década de 1990 e 
conhece o sistema de in-
teligência como ninguém.Provavelmente, Putin 
trabalhou com muitos 
dos agentes que foram 
capturados pela inteligên-
cia britânica. Conforme 
consta na reportagem do 
G1, em outubro de 2018 
Putin definiu Skripal como 
“canalha que traiu a pá-
tria”. Essa crítica de Putin 
é embasada no fato de 
que Skripal era um agente 
duplo que vendeu a iden-
tidade de vários agentes 
de inteligência russos 
para a Grã-Bretanha.
Disponível em: https://g1.globo.
com/mundo/noticia/2018/10/03/
putin-chama-ex-espiao-russo-
skripal-de-canalha-e-traidor.ghtml. 
Acesso em: 25 maio 2020.
Curiosidade
A pedição ocorre quando, após 
uma série de análises, os agen-
tes passam a prever o que pode 
ocorrer no futuro, determinando 
suas probabilidades.
1
12 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
1.2 Fundamentos éticos, morais e legais
Vídeo Conforme vimos anteriormente, a atividade de inteligência vem ga-
nhando cada vez mais destaque na sociedade, pois, na era da informação, 
quem tem informação tem poder. Observamos que as corporações preci-
sam se valer da atividade de inteligência para estudar o mercado, a concor-
rência, os colaboradores e tudo o que envolve as organizações, buscando 
identificar, acompanhar e avaliar as ameaças reais ou potenciais 3 às 
instituições. Todavia, essa busca desenfreada pela informação não pode 
sobrepor valores éticos, legais e institucionais, devendo ser limitada e para-
metrizada segundo esses valores.
Inicialmente, cumpre destacar a relação intrínseca entre ética e ati-
vidade de inteligência. Segundo Cotrim e Fernandes (2016, p. 88, grifo 
nosso): “A ética (do grego ethikos, ‘costume’, ‘comportamento’) é a disci-
plina filosófica que busca refletir sobre os sistemas morais elaborados 
pelos homens, buscando compreender a fundamentação de normas e 
interdições próprias a cada sistema moral”.
Cotrim e Fernandes (2016, p. 328, grifos do original) ainda definem 
o seguinte:
A ética investiga o que é moral, como ela se fundamenta e se 
aplica, estuda diversos sistemas morais, buscando fundamen-
tá-los e explicitar seus pressupostos.
[...]
O ser humano age no mundo de acordo com valores, isso é, 
a partir daquilo que tem maior importância ou é prioridade para 
ele segundo certos códigos morais. Isso significa que as coisas 
e as ações que um indivíduo realiza podem ser hierarquizadas 
conforme as noções de bem e de justo compartilhadas por um 
grupo de pessoas, em um determinado momento histórico. Em 
outras palavras o ser humano é um ser moral: um ser capaz de 
avaliar sua conduta a partir de valores morais.
Os valores éticos e morais, portanto, são uma construção de valores 
comuns para possibilitar a vida em sociedade, considerando determina-
do espaço e tempo, e servem para orientar nossa vida individual e possi-
bilitar o convívio manso e pacífico com outros seres humanos. Conforme 
definido por Cotrim e Fernandes (2016), esses valores contribuem para o 
desenvolvimento das faculdades mentais e favorecem a vida.
Os valores tendem a sofrer mudanças de acordo com o local e o 
passar dos anos, porém alguns são pétreos (imutáveis), principalmen-
Era da informação: nome 
dado ao período que vem 
após a era industrial, mais 
especificamente após a década 
de 1980, tendo ganhando força 
no século XX.
Glossário
Veremos neste capítulo que um 
dos ramos da inteligência é a 
contrainteligência. O conceito gri-
fado corresponde diretamente à 
atividade de proteção realizada 
pela contrainteligência.
3
Fundamentos de inteligência 13
te quando falamos dos valores justapostos à vida e à dignidade da 
pessoa humana.
Seguindo esse raciocínio, podemos observar diferenças culturais 
dentro do grande país que é o Brasil, onde temos costumes e valo-
res que variam de região para região. Os costumes e as expressões 
linguísticas de cada região são, por vezes, completamente diferentes, 
e devemos saber respeitar essa diferença multicultural, que torna nos-
so país cada vez mais rico e maravilhoso.
Uma breve diferenciação deve ser feita: a ética tem como finalidade 
principal realizar estudos em diversas áreas (econômica, política, cientí-
fica, entre outras), buscando identificar o que seria correto e o que se-
ria incorreto, o que seria justo ou injusto, e assim por diante. A moral, 
por sua vez, está relacionada às regras que já passaram por valoração 
ética e visa regulamentar o comportamento de uma pessoa em deter-
minada sociedade.
O ato de cumprimentar as pessoas é considerado eticamente bom em qualquer lu-
gar do mundo, sendo uma demonstração de educação e afetividade; no entanto, no 
campo da moral, observamos que a forma de cumprimentar varia de acordo com a 
sociedade. No caso dos povos latinos, é muito comum o aperto de mãos e a troca 
de abraços, independentemente do sexo da pessoa. Todavia, na cultura muçulmana, 
um homem é terminantemente proibido de abraçar ou beijar o rosto de uma mulher 
que não seja sua esposa, sendo, inclusive, causa de ofensa para as mulheres e para os 
que a circundam. Na cultura muçulmana, para que se possa ser eticamente educado 
e cumprimentar uma pessoa do sexo oposto, homens levam a mão a seu próprio 
peito ou erguem uma das mãos (como em um gesto de aceno) e dizem: “Salaam 
Aleikum”´(entendida como: que a paz esteja sobre vós). As mulheres repetem o 
gesto e respondem: “Aleikum Salaam”.
Assim, a atividade de inteligência deve saber respeitar os valores 
éticos e morais da sociedade, de modo que as informações coletadas 
não firam valores culturais e religiosos ou a dignidade da pessoa huma-
na. O ferimento desses valores poderá tornar inócuo o conhecimento 
produzido, desperdiçando todo o esforço empenhando para obtê-lo.
Um exemplo de conduta antiética e não ilegal é o caso de um agente 
de inteligência que é designado por seu chefe para buscar determinada 
informação e, ao retornar, após cumprir sua missão, repassa ao che-
14 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
fe informações completamente diferentes das coletadas em campo. 
No caso exposto, o agente foi antiético ao faltar com a verdade, fazen-
do com que seu chefe tomasse decisões com base em dados falacio-
sos. Essa atitude torna o agente e o conhecimento desnecessários para 
sua organização, pois ele deixará de cumprir os objetivos pelos quais 
fora contratado.
Casos como esse ocorrem muito comumente nas instituições com 
agentes responsáveis pela fiscalização dos demais trabalhadores. Du-
rante o exercício de sua atividade em campo, o agente constata um 
amigo ou conhecido praticando atos incompatíveis com as normas ins-
titucionais; visando proteger o amigo, o agente finge não ter visto o 
ocorrido e passa informações errôneas a seu superior, comprometen-
do a produtividade da organização.
As leis são resultado da positivação (escrita) dos valores éticos e 
morais da sociedade e são responsáveis por possibilitar o convívio em 
sociedade. Assim sendo, a prática de condutas imorais ou antiéticas 
acabará, em algum momento, por cruzar os limites de leis, normas ou 
regulamentos e, dessa forma, o agente de inteligência estará cometen-
do ilegalidades. 
A Constituição da República Federativa do Brasil (CF) de 1988, em 
seu artigo 5º, versa sobre os direitos e as garantias fundamentais que 
assistem a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país. Para 
nossa temática, merecem destaque os incisos II, III, X, XI e XII.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei;
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamen-
to desumano ou degradante;
[...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra 
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni-
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação;
(Continua)
Fundamentosde inteligência 15
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, 
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação ju-
dicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015)
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
municações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins 
de investigação criminal ou instrução processual penal. 
(BRASIL, 1988)
O título II da Constituição Federal vem materializar os direitos que 
permitem a concretização de um ideal de vida digno em sociedade, por 
isso os direitos e garantias mínimos existenciais se encontram inscri-
tos em nossa Carta Magna. Nessa senda, é importante destacar que a 
atividade de inteligência se encontra parametrizada, não podendo ex-
trapolar os limites legais. Portanto, no Direito, as informações em sede 
de investigação que forem obtidas por meio ilegal serão consideradas 
provas ilícitas, conforme consignado no art. 5º, inciso LVI:
“LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos (BRASIL, 1988).”
As informações ilícitas, quando identificadas pelo magistrado, são 
imediatamente afastadas do processo, não podendo servir de subsídio 
para valoração e formação de opinião do juiz.
Dessa forma, como é possível considerar verdadeira uma confissão 
obtida mediante tortura? Obviamente, uma pessoa que esteja em situa-
ção de quase morte irá realizar qualquer pronunciamento que a possa 
tirar daquela situação degradante, assumindo culpa – que às vezes não 
lhe cabe – e relatando fatos inverídicos que possam tão somente satis-
fazer às intenções do torturador, para que cesse aquela condição de so-
frimento. Ainda, após observarmos os relatos históricos no início deste 
capítulo, percebemos que, no atual estágio de evolução a que chegou a 
humanidade, é absolutamente repreensível e inaceitável, em qualquer 
lugar do mundo, a obtenção de informações mediante violação do direi-
to à vida e à integridade física ou mental de qualquer ser humano.
16 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
A Lei Federal n. 9.296, de 24 de julho de 1996, com redação alterada 
pela Lei Federal n. 13.869, de 2019 (Lei do Abuso de Autoridade), veio 
para regulamentar o inciso XII (que versa sobre a inviolabilidade do si-
gilo das comunicações), parte final, do art. 5º da Constituição Federal.
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comu-
nicações telefônicas, de informática ou telemática, pro-
mover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, 
sem autorização judicial ou com objetivos não autoriza-
dos em lei: (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
(Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019). (BRASIL, 1996)
Portanto, a interceptação de comunicações sem autorização judicial 
é considerada crime. Essa lei surge para regulamentar o artigo 5º da 
Constituição Federal, de modo que, ao criminalizar essa conduta com 
a pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, o legislador buscou 
demonstrar o quão valoroso é esse direito fundamental.
Igualmente, o Decreto-Lei n. 2.848 (Código Penal Brasileiro – CP ou 
CPB), de 7 de dezembro de 1940, regulamentou, em seu art. 154-A, 
a invasão de dispositivo informático, conforme descrito a seguir.
Invasão de dispositivo informático (Incluído pela 
Lei nº 12.737, de 2012)
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conec-
tado ou não à rede de computadores, mediante viola-
ção indevida de mecanismo de segurança e com o fim 
de obter, adulterar ou destruir dados ou informações 
sem autorização expressa ou tácita do titular do dispo-
sitivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem 
ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012). (BRASIL, 1940)
Essa lei proíbe que informações sejam obtidas mediante a utili-
zação de vulnerabilidades dos dispositivos informáticos, por meio 
da instalação de vírus (trojans, spams, worms, backdoors, spywares, 
rootkits, adwares etc.) em computadores, bem como por meio da inva-
são de dispositivos informáticos.
A Lei n. 12.737, de 30 de 
novembro 2012, ficou 
conhecida como Lei 
Carolina Dieckmann, e sua 
elaboração foi motivada 
após hackers enviarem 
um e-mail isca (conhecido 
como técnica phising), 
que, após ser aberto, 
instala um programa que 
permite a eles tomarem o 
controle do computador. 
Os hackers furtaram 60 
fotos íntimas de Carolina 
Dieckmann e, em seguida, 
passaram a chantageá-
-la, ameaçando divulgar 
essas fotos na internet, 
caso ela não pagasse o 
valor de R$ 10 mil. Os 
criminosos, autores do 
crime de extorsão, foram 
presos.
Disponível em: http://
g1.globo.com/rio-de-janeiro/
noticia/2012/05/suspeitos-do-
roubo-das-fotos-de-carolina-
dieckmann-sao-descobertos.html. 
Acesso em: 25 maio 2020.
Curiosidade
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de-carolina-dieckmann-sao-descobertos.html
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de-carolina-dieckmann-sao-descobertos.html
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de-carolina-dieckmann-sao-descobertos.html
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de-carolina-dieckmann-sao-descobertos.html
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de-carolina-dieckmann-sao-descobertos.html
Fundamentos de inteligência 17
O respeito à inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade está intrinsecamente ligado ao respei-
to à dignidade da pessoa humana, por isso a atividade de inteligência 
deve estar assentada no fiel cumprimento da lei e de todo o ordena-
mento jurídico.
Por fim, é válido constar os limites da política organizacional, pois, 
por vezes, as condutas praticadas podem não ferir princípios éticos, 
morais ou legais, mas podem incorrer no ferimento das políticas da 
instituição a que pertencem. Nesse caso, a não observação desses limi-
tes pode afetar a confiabilidade da qual goza a organização ou agência.
1.3 Conceitos
Vídeo Uma vez mencionados exemplos históricos em que a atividade 
de inteligência foi aplicada e definidos os limites a serem observa-
dos pelo agente de inteligência, começaremos a deslindar o véu que 
cobre esse misterioso serviço e passaremos a conceituar a atividade 
de inteligência.
Se, ao refletir sobre o assunto, surgem em sua 
mente as séries de filmes 007, com o agente secre-
to James Bond, Missão: Impossível, Sherlock Holmes 
e Bourne, entre tantas outras produções cinemato-
gráficas e literárias sobre o assunto, você está 
no caminho correto, pois todas se correlacionam ao 
fato de trabalhar com um bem valiosíssimo chama-
do informação.
Conhecimento é poder. Quem sabe mais, domina, e a atividade de 
inteligência tem sido empregada como ferramenta de análise, mitiga-
ção de riscos e redução de incertezas. Assim como no âmago da his-
tória, a inteligência foi empregada muito comumente em períodos de 
guerra. Atualmente, ela é utilizada nas relações interpessoais do dia a 
dia, no ambiente de trabalho, em que há um constante esforço para se 
galgar melhores posições dentro da empresa, especialmente aquelas 
que produzem tecnologias e precisam proteger seu patrimônio inte-
lectual da espionagem industrial. Chegamos, assim, à aplicação da in-
teligência para a proteção da soberania das nações de todo o mundo.
O que você entende por ativida-
de de inteligência?
Em que contexto a inteligência 
se aplica no seu dia a dia?
Qual é o objetivo da inteligência?
Desafio
18 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
O conceito que melhor define a atividade de inteligência foi conce-
bido pelo coronel Antônio FerreiraRomeu (2017b, p. 2): “inteligência é 
a produção de conhecimento”. A palavra inteligência tem sua origem no 
latim; conforme sua etimologia:
vem de INTELLEGENTIA, que significa “capacidade de enten-
der”, de INTELLIGERE, formada por INTER-: “entre” e LEGERE: 
“escolher”. Portanto, o vocábulo inteligência refere-se ao que se 
revela INTELLEGENS (inteligente), ou aquele que compreende, 
percebe, conhece e sabe discernir sobre determinadas ques-
tões. (GRAMÁTICA, 2020, grifo do original)
Inteligência é, portanto, conhecer/compreender, “saber discernir 
sobre determinadas questões”, uma ferramenta que deve ser utiliza-
da aliada a várias outras, como forma de assessorar o processo de-
cisório. Trata-se da produção de conhecimento com a finalidade de 
assessorar os tomadores de decisão para que possam decidir sobre 
determinadas questões.
Com base no artigo elaborado por Fernandes (2006), publicado pela 
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a atividade de inteligência en-
contra significado por meio da análise do seguinte tripé:
 • atividade;
 • produto da atividade;
 • unidade organizada para realizar tal atividade.
Atividade, conforme consta no dicionário Michaelis on-line (2015), “é a 
realização de uma função específica”; no caso, a atividade de inteligência 
é o exercício permanente para produzir informação “acionável” 4 , isto é, 
disponível, pois de nada adianta produzir uma série de informações que 
não possam ser acessadas pelos tomadores de decisão. Como regra, o to-
mador de decisões irá considerar um conjunto de informações para que 
possa optar pela melhor alternativa, por isso veremos que a informação 
deve estar sempre disponível e acessível.
O produto da atividade de inteligência é o conhecimento, que de-
corre da aplicação de um método específico para que os dados obtidos 
sejam processados adequadamente e possam alcançar o objetivo com 
efetividade, possibilitando a fundamentação de decisões precisas, re-
duzindo incertezas e eliminando o que não for relevante.
Quando a Abin se refere a uma unidade organizada para realizar a ativi-
dade de inteligência, está definindo as pessoas especializadas e orientadas 
Termo utilizado pela Abin.
4
Fundamentos de inteligência 19
a produzir conhecimentos oportunos 5 . Uma das características mais rele-
vantes dessa unidade é justamente o sigilo com que conduz suas rotinas. 
Por esse motivo, essas pessoas devem ser especialmente selecionadas em 
um processo de recrutamento administrativo (PRA) apropriado.
É importante ressaltar que a inteligência (produção de conhecimento) 
está inclusa no conceito de atividade de inteligência (exercício sistemático 
de produção de conhecimento por pessoal especializado). A fim de escla-
recer e diferenciar bem esses conceitos: inteligência é a produção de co-
nhecimento, já atividade de inteligência é a produção de conhecimento 
por pessoal especializado.
1.3.1 Características da atividade de inteligência
O coronel Ferreira (2017a, p. 2), da Escola de Inteligência de Segu-
rança Pública do Estado do Rio de Janeiro (Esisperj), define o termo ca-
racterística como “aspectos distintivos e particulares que identificam e 
qualificam a atividade de inteligência”. De acordo com a Esisperj (FER-
REIRA, 2017a) e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (BRASIL, 
2002), são dez as principais características da atividade de inteligência, 
conforme veremos a seguir.
 PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
É a reunião de dados, valores, fatos, bases, 
noções, conceitos e conhecimentos para se-
rem transformados em novos produtos da 
mente, com a finalidade de assessorar os 
usuários no processo decisório.
ASSESSORIA
A atividade de inteligência não se encerra em si 
mesma, de modo que o conhecimento produ-
zido permanece retido e adstrito a uma única 
pessoa, pois, conforme apontado ao longo 
deste capítulo, a atividade de inteligência tem 
a finalidade de produzir conhecimento para 
assessorar o tomador de decisões, portan-
to se presume a existência de no mínimo 
duas pessoas: a primeira é o tomador 
de decisões e a segunda, o agente de 
inteligência que buscará a informa-
ção solicitada por seu chefe.
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Veremos na sequência que 
a oportunidade é uma das 
características necessárias à 
informação: em uma compa-
ração simples, uma informação 
inoportuna é tão inútil quanto 
um jornal desatualizado.
5
20 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
VERDADE COM SIGNIFICADO
A inteligência busca incessantemente a verdade 
pura e simples com a comprovação dos fatos. 
O que trará maior ou menor assertividade a 
essa verdade é justamente o labor obstinado 
do agente de inteligência, que buscará com 
afinco o aprofundamento da informação 
produzida.
BUSCA DE DADOS
São as atividades desenvolvidas pelos agentes em 
campo adverso, com a finalidade de obter infor-
mações negadas ou protegidas em ambiente 
antagônico.
AÇÕES ESPECIALIZADAS
Para acessar, analisar e produzir o conhecimento, 
é necessário o emprego de mão de obra espe-
cializada nessa atividade, sendo imprescindível 
o estudo constante para que o agente se 
mantenha atualizado, bem como a dedica-
ção integral e o comprometimento.
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ECONOMIA DE MEIOS
O emprego da inteligência permite que a aplica-
ção de recursos humanos e materiais seja otimi-
zada mediante o uso preciso desses bens.
INICIATIVA
Deve ocorrer de maneira proativa, buscando an-
tecipar os riscos e propor contramedidas para 
mitigação dos resultados. Inclusive, a iniciativa 
permite que a informação produzida ocorra 
em período oportuno.
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Fundamentos de inteligência 21
ABRANGÊNCIA
 De acordo com a finalidade de assessoramento, 
a atividade de inteligência se faz necessária e 
indispensável para tomada de decisões em 
qualquer um dos cinco campos de poder: 
político, econômico, militar, psicossocial ou 
científico-tecnológico.
DINÂMICA
A inteligência é altamente adaptável a novas tecno-
logias, conceitos, técnicas e padrões, possibilitan-
do o amoldamento da atividade aos mais diver-
sos ambientes e organizações, acompanhando 
as transformações do mundo e da sociedade 
e se flexibilizando para rapidamente aten-
der aos papéis a que se destina e à produ-
ção de conhecimento.
SEGURANÇA
A inteligência tem como característica não so-
mente a produção do conhecimento, mas a sua 
proteção. Esse conceito abrange também uma 
análise de risco no que tange à exposição do 
agente para busca do conhecimento, deven-
do encontrar uma ponderação no binômio 
eficácia x segurança. Obviamente, de nada 
adiantaria conseguir uma informação 
que poderia custar a vida do agente 
ou até mesmo expor as intenções da 
agência e seus campos de interesse.
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É importante que os agentes de inteligência tenham em mente as 
características da atividade de inteligência, pois elas são propriedades 
distintivas fundamentais, de maneira que a ausência de quaisquer uma 
delas poderá apontar para um rumo qualquer diferente da atividade 
de inteligência.
1.3.2 Princípios
A palavra princípio merece importância, uma vez que está direta-
mente relacionada a gênese, bases e fundamentos, de sobremaneira 
que as demais criações encontram suporte e sustentação em seus va-
lores principais.
22 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
Nos termos da Esisperj (FERREIRA, 2017a, p. 4): “enquanto as carac-
terísticas conceituam e qualificam a atividade de Inteligência de Segu-
rança Pública (ISP), os princípios apontam-lhe e margeiam os caminhos 
a serem trilhados para que os objetivos sejam atingidos”. Os princípios 
mais importantes 6 são os da lista a seguir.
Precisão
O conhecimento produzido deve retratar a realidadeobservada e apontar fatos, datas, horas, nomes e 
locais corretos. O descumprimento desse princípio 
pode conduzir o gestor a decisões equivocadas.
Objetividade
O conhecimento produzido deve atender aos objetivos 
traçados pelo tomador de decisão, devendo o agente 
ser direto e focado em suas ações.
Imparcialidade
Ao produzir o conhecimento, o agente deve 
buscar expressar a verdade dos fatos, afastando, 
para tanto, suas emoções, seus interesses e seus 
preconceitos. Sua imparcialidade, assim como 
uma balança, não deve pender para nenhum dos 
lados, a fim de trazer maior credibilidade para o 
conhecimento obtido e maior reconhecimento 
para as agências que o produzem.
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Simplicidade
Tanto em campo quanto na elaboração de 
relatórios, o agente deve ser claro, preciso e 
conciso, devendo se abster de criar planos 
complexos e produzir informação desnecessária, 
materializando os resultados sem ser prolixo.
Oportunidade
Esse princípio pode ser resumido como tempestivo, 
útil e conveniente. No entanto, o conhecimento deve 
ser apresentado em tempo hábil para que possa ser 
útil. Uma analogia simples com um conhecimento 
inútil seria o ato de comprar hoje o jornal de ontem.
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A Sisperj foi muito sábia em 
tratá-los como “mais importan-
tes”, pois isso demonstra que há 
vários princípios que permeiam 
a atividade de inteligência. 
Apontamos os princípios éticos 
no início deste capítulo, mas há 
vários outros que poderiam ser 
citados aqui.
6
Fundamentos de inteligência 23
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Amplitude
O conhecimento produzido deve contemplar a 
totalidade dos fatos correlatos e que margeiam as 
apurações demandadas, não devendo sacrificar 
os princípios da objetividade, simplicidade e 
oportunidade.
Interação
Adaptando esse princípio utilizado na segurança 
pública, temos que a interação consiste na busca 
por organizações, pessoas e outros colaboradores 
em um sistema de cooperação mútua, no qual 
todos os produtores de informação atuam 
mutuamente para a produção do conhecimento. 
Um exemplo muito atual são os sistemas de 
SPC/Serasa, em que diversas empresas da 
iniciativa privada fornecem informações sobre 
seus respectivos consumidores e, após reuni-
las, desenvolvem bancos de dados para análise 
de concessão de crédito, combate à fraude, 
negativação de devedores, e assim por diante.
Permanência
A atividade de inteligência deve ser constante e 
contínua – recordemos o tripé da atividade de 
inteligência, no qual temos a unidade organizada 
(aqui, entenda-se especializada) para realizar essa 
atividade. Para que possa haver uma unidade 
especializada, é necessária a constância das 
atividades de inteligência, pois a perfeição só é 
adquirida com treinamento e muita prática, sendo 
impossível criar uma unidade de inteligência da 
noite para o dia. Igualmente, os agentes recrutados 
para a inteligência devem ser permanentes nesse 
setor, pois a experiência é desenvolvida ao longo 
de anos de prática. A troca constante de agentes 
inviabiliza o exercício da atividade de inteligência e 
aumenta o risco de vazamento de informações por 
agentes descontentes com as mudanças.
24 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
Controle
Mais do que qualquer outra função exercida na 
organização, a atividade de inteligência e seus 
agentes devem ser supervisionados e controlados 
com extremo rigor, pois tratam de informações 
sensíveis. Dessa forma, a fiscalização e o controle 
buscam detectar e corrigir possíveis desvios e 
vazamentos de documentos ou informações, 
por parte de agentes, que possam de alguma 
forma comprometer a integridade da atividade de 
inteligência.
Compartimentação
Esse princípio preza que somente as pessoas com 
real necessidade de conhecer tenham acesso a 
informações confidenciais, devendo estas serem 
restritas aos demais. A compartimentação permite 
que cada pessoa tenha apenas “uma peça do 
quebra-cabeças”, ou seja, um pedaço de informação 
apenas, de modo que pouquíssimas pessoas 
possam visualizar o cenário completo (geralmente 
as tomadoras de decisão), evitando que indivíduos 
mal-intencionados vazem informações estratégicas 
que possam afetar substancialmente a instituição.
Sigilo
O sigilo é imprescindível, pois sem ele a atividade 
de inteligência se torna impraticável. O sigilo se 
estende das informações produzidas até os agentes 
de inteligência, que devem ser protegidos contra 
pressões, ameaças ou até preconceitos dentro 
da organização. É, portanto, a não divulgação de 
informações de inteligência, a preservação de 
imagem, nome, identidade, funções dos agentes 
e modus operandi, entre outras informações 
consideradas relevantes.
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Os princípios são fundamentos, alicerces e pilares que vão efetiva-
mente apontar os rumos mais adequados a serem perseguidos pelos 
agentes de inteligência para que seja possível alcançar os objetivos 
da atividade de inteligência. O ferimento a um princípio pode tornar 
impróprio e ineficiente o conhecimento produzido e as atividades 
desempenhadas.
Fundamentos de inteligência 25
1.4 Criação, desenvolvimento e aplicação 
da atividade de inteligência 
Vídeo Inicialmente, é importante destacar que é necessário um árduo pla-
nejamento para que a atividade possa ser implementada com sucesso. 
Na fase de planejamento, é importante que o gestor responda, no mí-
nimo, aos seguintes questionamentos:
Quem serão os agentes recrutados para essa atividade?
Qual é o perfil dos agentes que eu desejo?
Como irão trabalhar?
Qual será o objetivo da agência de inteligência?
Quais são as informações de que necessito?
O que eu farei com a informação produzida?
Quais serão os recursos tecnológicos que poderei colocar 
à disposição dos agentes?
Obviamente, o gestor pode escolher outras perguntas que façam 
parte da implementação de novos projetos, porém, ao responder aos 
questionamentos apresentados, a exemplo do que ocorre com a ati-
vidade de produção científica, estaríamos definindo o objetivo geral, 
o objetivo específico e a metodologia. Primeiramente, são definidos 
os objetivos da agência, com suas respectivas finalidades, delimitando 
exatamente sua área de atuação. Em seguida, o gestor definirá quais 
serão os resultados pretendidos e, por fim, passará a definir a metodo-
logia que deverá ser aplicada por seus agentes.
A agência de inteligência tem uma peculiaridade definida por Platt 
(1974) como a “profissão de um só cliente”, ou seja, possui canal di-
reto com o tomador de decisões, para que possa assessorá-lo ade-
quadamente e permitir escolhas com precisões cirúrgicas. A exemplo 
do que ocorre na Segurança Pública, os órgãos de inteligência estão 
diretamente ligados aos chefes de Estado, ao chefe de governo, aos 
comandantes-gerais, aos diretores, e assim por diante. Por isso é impor-
tante submeter os agentes a um rigoroso processo de recrutamento.
26 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
Usando como base o livro de Platt (1974), discorreremos sobre as 
melhores estratégias para implementar e desenvolver a atividade de 
inteligência como profissão nas organizações.
A atividade de inteligência demanda muito estudo e pessoal alta-
mente especializado para desempenhar esse ofício, sendo necessária, 
assim como ocorre com outras profissões (medicina, advocacia, conta-
bilidade etc.), a existência de no mínimo três características: educação, 
fatores de estímulo/inspiração e espírito de corpo.
A educação, nesse caso, é sinônimo de formação profissional ade-
quada. Ocorre que não encontramos universidades com cursos de 
formação para agentes de inteligência, porém, há cursos presenciais 
e cursos a distância que versam sobre essaatividade e são capazes de 
trazer o conhecimento mínimo necessário para o desempenho das fun-
ções. Um ponto importante é que os estudos nessa área não devem se 
encerrar com os respectivos cursos, de modo que o aprimoramento do 
agente de inteligência deve ocorrer constantemente. Como estudamos 
anteriormente, uma das características da atividade de inteligência é a 
dinâmica, apresentando mudanças constantes. Por esse motivo, é ne-
cessário se adaptar às novas tecnologias e aos novos métodos, portan-
to, o estudo de atualização deve ser diário.
Os fatores de estímulo/inspiração são os que motivam determi-
nada pessoa a buscar a atividade de inteligência como ofício. A expe-
riência demonstra que os agentes de inteligência sofrem preconceito 
dentro de suas organizações, pois geralmente são associados ao “inves-
tigador dedo-duro do chefe”. Obviamente, a investigação de assuntos 
internos é um dos vários ramos que estão ligados à contrainteligência, 
porém, a atividade de inteligência, conforme brevemente explanado, 
tem uma função muito mais importante, que é a de assessorar o to-
mador de decisões. Em uma analogia com a navegação marítima, o to-
mador de decisões seria o capitão da embarcação, enquanto o agente 
de inteligência seria o prático 7 , sem o qual seria difícil a condução da 
embarcação em uma área de alto risco.
Por esses motivos, é importante que haja um estímulo para o agen-
te exercer essa atividade. Os administradores de empresas possuem 
vasta experiência nessa área, e uma das estratégias seria utilizar o 
princípio da Pirâmide de Maslow (Figura 1) para motivar seus agentes 
de inteligência.
O prático tem por finalidade 
possuir conhecimentos espe-
cíficos sobre ventos, correntes, 
marés, características meteoro-
lógicas e relevo submarino para 
assessorar o capitão a manobrar 
com segurança o navio em 
zonas portuárias. A falta de 
um prático em zonas de maior 
perigo pode ocasionar aciden-
tes, como encalhar o navio em 
bancos de areia ou, até mesmo, 
causar danos à embarcação e 
aos tripulantes.
7
Fundamentos de inteligência 27
Figura 1
Pirâmide das necessidades de Maslow
Fisiológicas
Segurança
Sociais
Estima
Realização 
pessoal
• Horário de trabalho
• Intervalo de descanso
• Conforto físico
• Trabalho seguro
• Remuneração e benefícios
• Permanência no emprego
• Amizade dos colegas
• Interação com clientes
• Chefe amigável
• Reconhecimento
• Responsabilidade
• Orgulho e reconhecimento
• Promoções
• Trabalho desafiante
• Diversidade e autonomia
• Participação nas decisões
• Crescimento pessoal
• Sono e repouso
• Comida
• Sexo
• Água
• Liberdade
• Segurança da violência
• Ausência de poluição
• Ausência de guerras
• Família
• Amigos
• Grupos sociais
• Comunidade
• Educação
• Religião
• Passatempos
• Crescimento pessoal
• Aprovação da família
• Aprovação dos amigos
• Reconhecimento da comunidade
Satisfação fora do trabalho Satisfação no trabalho
Fonte: Elaborada pelo autor.
Utilizando a Figura 1 como referência, é possível que o administrador 
busque motivar o agente de inteligência por meio de diferenciação no ho-
rário, benefícios na remuneração, tratamento diferenciado na instituição e 
reconhecimento profissional, bem como do próprio trabalho desafiador a 
ser desempenhado. A posição de agente de inteligência deve ser desejada 
dentro das organizações para que a pessoa perceba a importância de seu 
trabalho e se sinta reconhecida ao desempenhá-la.
Outra questão já apontada neste capítulo é o sigilo. A proteção dos 
dados e das informações que recobrem os agentes que prestam servi-
ço à inteligência e a confidencialidade sobre as funções exercidas são 
condições que podem evitar uma infinidade de dissabores no desem-
penho das atividades.
O espírito de corpo é facilmente compreendido nas instituições mi-
litares, que, diante das adversidades, praticamente obrigam o militar a 
creditar sua vida nas mãos de seu companheiro e vice-versa. Não só 
isso: esse conceito ensina as pessoas a amarem e respeitarem a organi-
zação a que pertencem e, a exemplo dos juramentos que ocorrem nas 
28 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
polícias, se necessário, a sacrificarem a própria vida para proteger a do 
próximo. Nas palavras do Exército Brasileiro (BRASIL, 2014):
é o orgulho inato aos homens de farda por integrar o Exército 
Brasileiro, atuando em uma de suas Organizações Militares, exer-
cendo suas atividades profissionais, por meio de suas competên-
cias, junto aos seus superiores, pares e subordinados. Deve ser 
entendido como um “orgulho coletivo”, uma “vontade coletiva”.
Portanto, os agentes de inteligência precisam ter amor, dedicação 
e orgulho de desempenhar essa fundamental atividade, sabendo pro-
teger uns aos outros e a instituição a que pertencem e sendo tratados 
praticamente como membros de uma mesma família que lutam para 
defender os interesses da corporação.
Ao iniciar a atividade de inteligência em determinada organização, 
é importante manter vívidos os pilares que sustentam a atividade no 
que tange às suas características, aos seus princípios e aos seus limites. 
Ao gestor, chefe ou diretor, é importante não esquecer do princípio do 
controle, para evitar desvios de conduta dos agentes que estarão tra-
balhando com informação sensível.
Você deve estar se perguntando em que contexto aplicaremos tudo 
o que aprendemos até o momento. A resposta é: em todas as situações 
em que você precisar de informação para decidir. Para facilitar, lista-
mos algumas áreas de atuação e aplicação da atividade de inteligência.
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Sh
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ck
Instituições financeiras
Em instituições financeiras que sofrem prejuízos bilionários cau-
sados por hackers que praticam fraudes bancárias pela internet, uma 
equipe de inteligência é capaz (se treinada e voltada para essa ativi-
dade) de identificar quais são os principais sites fontes de phishing e 
os números de telefone que enviam SMS falsos para clientes e, após 
árduo trabalho de compilação de dados, produzir conhecimento acer-
ca dos principais IP utilizados e das principais regiões de onde partem 
os ataques e golpes por internet e por telefone. A compilação de uma 
grande quantidade de dados pode possibilitar, em alguns casos, a iden-
tificação dos autores dos crimes. Pensando um pouco mais além, ima-
gine se as instituições financeiras passassem a cruzar as informações 
de seus bancos de dados de clientes – que incluem RG, CPF, endereço, 
telefone, contas bancárias, nome de cônjuge, nome de autorizados em 
phishing: do inglês fish 
(pescar); trata-se de um tipo de 
ataque virtual em que o hacker 
envia páginas e links de bancos, 
muito parecidos com os verda-
deiros, solicitando informações 
pessoais e bancárias. Assim que 
as informações são inseridas, 
são direcionadas para o hacker, 
que literalmente as pesca com 
uma “isca”.
Glossário
Fundamentos de inteligência 29
conta conjunta, identificação dos terminais de atendimento nos quais 
ocorrem saques e vários outros dados da seguinte forma:
 • banco de dados de clientes x número de telefones responsáveis 
por golpes;
 • banco de dados de clientes x IP de máquinas que utilizam inter-
net banking;
 • banco de dados de clientes x número de contas que receberam 
transferência de dinheiro das vítimas;
 • imagem dos terminais de atendimento x contas de destino dos 
fraudadores onde são depositados os saques.
Somente nessa área, é possível realizar uma infinidade de correla-
ções para identificar criminosos em fraudes eletrônicas, roubo, furtos 
ou estelionato nas agências. Dessa forma, a atividade de inteligência 
pode colaborar para que os bancos não sofram com enormes prejuízos 
financeiros.
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ck
Indústrias
Na era das indústrias 4.0 e conseguintes, observamos que as empre-
sas tem produzido conhecimento industrial em uma velocidade expo-
nencial, de maneira que em poucos dias um novo método é inventado, 
surgindo uma nova tecnologia, um novo design, um novo produto,uma 
nova receita, e assim por diante. Dessa forma, todo esse conhecimen-
to produzido precisa ser protegido. Podemos tomar como exemplo a 
empresa Coca-Cola, que guarda sua fórmula secreta em um cofre há 
mais de 125 anos. Cabe à contrainteligência auxiliar na proteção desse 
conhecimento; da mesma maneira, compete à agência de inteligência 
a responsabilidade de estar em constante monitoramento para identi-
ficar possíveis espiões infiltrados. 
Olhando para fora da indústria, encontramos um ambiente alta-
mente competitivo, portanto, gostaríamos de fazer uma pergunta: você 
já ouviu falar em espionagem industrial? Provavelmente, sim, pois as 
empresas estão constantemente buscando obter conhecimentos que 
as coloquem em vantagem política, econômica, tecnológica ou social 
sobre suas concorrentes. Esses conhecimentos podem ser cruciais 
para a arrecadação de mais clientes e, consequentemente, de mais di-
nheiro para a pioneira. Um exemplo ocorreu no ano de 2008, na Petro-
Vejo o vídeo Apenas 6 
pessoas sabem a fórmula 
da Coca-Cola!, publicado 
pelo canal The History 
Channel Brasil, para sa-
ber mais sobre o segredo 
da Coca-Cola.
Disponível em: 
https://www.youtube.com/
watch?v=F6jTeLp1E1I. Acesso em: 
26 maio 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=F6jTeLp1E1I
https://www.youtube.com/watch?v=F6jTeLp1E1I
30 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
bras, com o sumiço de notebooks e discos rígidos. O caso inicialmente 
foi tratado como furto, mas estrategicamente os equipamentos conti-
nham informações importantes sobre o recém-descoberto pré-sal. Va-
mos refletir um pouco sobre o caso Petrobras: quanto poderiam custar 
as informações do pré-sal para as principais potências produtoras de 
petróleo no mundo? 
No mundo da tecnologia informática, a espionagem é ainda mais 
acirrada. É o caso da antiga competição entre Apple (iOS) e Samsung 
(Android), ou iPhone e Galaxy, e entre Sony (PlayStation®) e Microsoft 
(Xbox). Observe que, nesses casos, a briga é por qualquer mero detalhe 
de informação, mas a competição principal é em relação à especifica-
ção técnica e aos componentes utilizados (processador, bateria, memó-
ria etc.). Por meio desses exemplos, podemos refletir sobre o que cada 
empresa está disposta a fazer para conseguir essas informações e o 
que cada uma faz para proteger seu conhecimento.
 • Inteligência
 • conceito: inteligência é a produção de conhecimento.
 • finalidade: assessorar o processo decisório.
 • Atividade de inteligência
 • limites: ética, moral e leis.
 • tripé: atividade, produto da atividade e unidade organizada 
para realizar a atividade de inteligência.
 • Regra dos 10 x 11
 • 10 características: produção de conhecimento, assessoria, 
verdade com significado, busca de dados protegidos, ações 
especializadas, economia de meios, iniciativa, integração e 
abrangência, dinâmica e segurança.
 • 11 princípios: precisão, imparcialidade, objetividade, simpli-
cidade, oportunidade, amplitude, interação, permanência, 
controle, compartimentação e sigilo.
Para saber mais sobre o 
caso Petrobras e outros 
casos de espionagem 
industrial, visite a página 
disponível em: https://
exame.com/negocios/10-
casos-de-espionagem-
industrial/. Acesso em: 26 
maio 2020.
Saiba mais
https://exame.com/negocios/10-casos-de-espionagem-industrial/
https://exame.com/negocios/10-casos-de-espionagem-industrial/
https://exame.com/negocios/10-casos-de-espionagem-industrial/
https://exame.com/negocios/10-casos-de-espionagem-industrial/
Fundamentos de inteligência 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a atividade de inteligência é extremamente importante 
na sociedade moderna, devendo ser aplicada nas mais diversas áreas. 
Na atualidade, torna-se praticamente impossível alcançar a efetividade 
no mundo empresarial sem uma equipe de inteligência assessorando o 
tomador de decisões.
É importante que os conteúdos vistos neste capítulo estejam consoli-
dados, pois a disciplina é organizada em um processo de construção de 
conceitos em que um conhecimento dá suporte aos vindouros. Os limites 
da atividade, os valores e os princípios devem ser fixados, pois servem para 
guiar a atividade de inteligência e direcionar corretamente seus agentes.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA. Antigo Testamento. Números. 92. ed. Tradução de José Simão. São Paulo: 
Ave Maria, 2013. 
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. 
Acesso em: 13 maio 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 13 maio 2020.
BRASIL. Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 25 jul. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9296.
htm. Acesso em: 13 maio 2020.
BRASIL. Ministério da Defesa. EB20-MF-10.101. O Exército Brasileiro. 1. ed. 
Brasília, DF: Ministério da Defesa, 2014. Disponível em: https://www.eb.mil.br/
documents/10138/6563889/Manual+-+O+Ex%C3%A9rcito+Brasileiro/09a8b0d2-81d0-
4a69-a6ea-0af9a53eaf45. Acesso em: 4 jun. 2020.
BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Introdução à atividade de inteligência. 
Brasília, DF: SENASP, 2002. Disponível em: http://bombeiros.rr.gov.br/down/CORREG/
ApostilaCIAI.pdf. Acesso em: 13 maio 2020.
COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de filosofia: manual do professor. 4. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2016.
FERNANDES, F. do C. Inteligência ou informações? Revista Brasileira de Inteligência, 
Brasília, DF, v. 2, n. 3, set. 2006. 
FERREIRA, R. A. Conceitos básicos da atividade de ISP: princípios. 2017a. Notas de aula.
FERREIRA, R. A. Curso de contrainteligência de segurança pública. 2017b. Notas de aula da 
disciplina de Conceitos Básicos de Inteligência de Segurança Pública. 
GRAMÁTICA. Conhecimento da Língua Portuguesa. 2020. Disponível em: https://www.
gramatica.net.br/. Acesso em: 9 jun. 2020.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Tradução de Maria Lucia Cumo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 2015. Disponível em: https://
michaelis.uol.com.br/. Acesso em: 3 maio 2020.
PLATT, W. Produção de informações estratégicas. Tradução de major Álvaro Galvão Pereira 
e capitão Heitor Aquino Ferreira. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército; Livraria Agir, 1974.
TZU, S. A arte da guerra. Tradução de Sueli Barros Casal. Porto Alegre: L&PM, 2000.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9296.htm
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https://www.eb.mil.br/documents/10138/6563889/Manual+-+O+Ex%C3%A9rcito+Brasileiro/09a8b0d2-81d0-4a69-a6ea-0af9a53eaf45
https://www.eb.mil.br/documents/10138/6563889/Manual+-+O+Ex%C3%A9rcito+Brasileiro/09a8b0d2-81d0-4a69-a6ea-0af9a53eaf45
https://www.eb.mil.br/documents/10138/6563889/Manual+-+O+Ex%C3%A9rcito+Brasileiro/09a8b0d2-81d0-4a69-a6ea-0af9a53eaf45
http://bombeiros.rr.gov.br/down/CORREG/ApostilaCIAI.pdf
http://bombeiros.rr.gov.br/down/CORREG/ApostilaCIAI.pdf
https://www.gramatica.net.br/
https://www.gramatica.net.br/
https://michaelis.uol.com.br
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32 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
ATIVIDADES
1. Quais são os limites da atividade de inteligência e por que é tão 
importante que os agentes tenham pleno conhecimento de seus 
limites de atuação?
2. Diferencie os conceitos de inteligência e atividade de inteligência e 
comente como a inteligência tem sido empregada pelos gestores.
3. De acordo com o conteúdo estudado, o que você entende por 
atividade de inteligência e quais são as três características estratégicas 
para desenvolvê-la comoprofissão? Explique cada uma.
Fontes de informação 33
2
Fontes de informação
Você se recorda do filme Matrix (1999)? No longa-metragem, 
o personagem principal toma consciência de que pode ver todas 
as informações da matrix escondidas por trás das paredes, portas 
e pessoas, ou seja, passa a ver que tudo é constituído por dados, 
continuamente escritos, que estão na essencialidade das coisas.
Neste capítulo, vamos “ler a matrix” de modo a identificar as 
fontes de informação, além de aprender algumas das principais 
técnicas operacionais para buscar as informações que necessita-
mos. São várias as técnicas e os métodos utilizados para buscar 
dados e informações, e eles levam uma vida inteira para serem 
estudados e aprimorados. O objetivo aqui não é debater todas as 
técnicas profundamente, pois são inúmeras, mas mostrar quais 
caminhos podem ser trilhados para que o agente inicie seu desen-
volvimento pessoal.
2.1 Fontes de informação 
Vídeo Observe a figura a seguir, relacionada ao filme Matrix. Ela nos ajuda 
a compreender a quantidade de informações que nos circunda.
Figura 1
Matrix
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34 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
Agora reflita: quais informações podemos extrair de uma porta? 
Pensou? Vamos realizar uma análise sobre o questionamento, para 
isso, pedimos que use sua imaginação para visualizar o que estamos 
propondo neste exemplo inédito.
Visualize uma porta. Em seguida, responda: de que material ela é feita (madeira 
oca ou maciça, metal ou vidro)? Qual é o acabamento da porta (pintada, rústica ou 
desgastada)? Qual é o tipo de fechadura utilizada (simples, tetra-chave ou fecha-
dura eletrônica)? É uma porta interna ou externa? Quais são os tipos de dobradiça 
utilizados (simples ou reforçados)? É utilizada para fechar qual ambiente? Possui 
alguma inscrição em sua superfície? Possui alguma digital deixada por alguém que 
a utilizou? Qual é a marca da empresa que a produziu? Onde foi comprada?
Uma série de questionamentos pode ser realizada para aprofun-
dar o estudo de uma simples porta, e cada questionamento gerado 
aprofunda ainda mais nosso conhecimento. No caso de uma porta 
de madeira, é possível saber, por exemplo, qual o tipo de madeira 
utilizada; se for uma porta interna ou externa, o requinte que apre-
senta pode apontar para a condição econômica de seu proprietário; 
se for uma porta de metal com dobradiças reforçadas e utilizada no 
interior de alguma construção, pode indicar que algo de valor está 
protegido naquele local; o tipo de fechadura utilizado pode ajudar a 
identificar quão importante é manter o conteúdo daquele ambiente 
protegido, como é o caso de uma porta com fechadura eletrônica 
controlada por senha ou digital. Portas existem com a finalidade es-
pecífica de limitar o acesso de pessoas a determinados ambientes, 
por isso precisam ser analisadas nesse contexto, uma vez que todas 
as portas guardam segredos.
Ao realizar a análise de uma foto ou adentrar em algum ambiente, 
o agente de inteligência deve observar o cenário com esse olhar críti-
co. Ocorre, por exemplo, quando acessamos o andar de uma empresa 
e rapidamente observamos que todos utilizam estações de trabalho 
abertas e facilmente fiscalizáveis, mas, por algum motivo, no canto há 
uma sala com paredes e uma porta. Isso indica que aquela é, possi-
velmente, a sala do chefe, onde informações, reuniões e decisões de 
caráter sensíveis ocorrem e, por esse motivo, precisa estar apartada 
do restante do ambiente por uma porta.
Apesar de ser uma ficção 
científica, o filme Matrix 
nos faz entender que 
o mundo é repleto de 
códigos sequenciais e 
que a consciência nos 
permite enxergar as 
informações escondi-
das por trás das coisas. 
Algumas pessoas tomam 
a pílula azul e aceitam o 
mundo exatamente como 
lhe é apresentado, outras 
(agentes de inteligência) 
tomam a pílula vermelha 
e passam a tentar ques-
tionar e a compreender 
tudo que nos circunda, 
buscando conhecimento 
verdadeiro.
O filme está disponível 
na íntegra no canal Gold 
Filmes, no YouTube.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=4G-
lB2tgxPI. Acesso em: 6 jul. 2020. 
Filme
https://www.youtube.com/watch?v=4G-lB2tgxPI
https://www.youtube.com/watch?v=4G-lB2tgxPI
https://www.youtube.com/watch?v=4G-lB2tgxPI
Fontes de informação 35
Mas, afinal, o que são fontes de informação? Consideram-se fon-
tes de informação toda e qualquer origem de dados ou informações 
que sejam relevantes para o processo decisório. Nessa esteira, várias 
são as possibilidades de fontes de dados: pessoas, imagens, sinais de 
radiotelefonia, equipamentos, organizações, documentos, ambientes, 
percepções sensoriais (visão, olfato, paladar, audição e tato), além de 
várias outras que podemos encontrar utilizando a criatividade.
Existe uma premente necessidade de classificar as fontes de infor-
mação para que se possa saber a melhor forma de obtê-las, ou seja, 
saber em que campo elas se encontram para traçar a melhor estratégia 
de obtenção dos dados. As fontes de informação são definidas ou qua-
lificadas de diferentes maneiras, por diversos autores. Obviamente, as 
classificações buscam se adaptar à realidade de cada um, em sua res-
pectiva área de atuação, por isso alguns classificam as fontes em pes-
soas, organizações e documentos, outros as definem como humanas 
ou cibernéticas, e assim por diante. Há autores que utilizam sinônimos 
para definir os mesmos conceitos, por exemplo, fontes cibernéticas, 
fontes virtuais ou fontes eletrônicas. No entanto, todas as diferentes 
formas de classificação são válidas e plenamente aplicáveis, pois, em 
panoramas gerais, circundam as mesmas ideias.
Após muito estudo e reflexão sobre os autores que versam sobre 
o assunto, procuramos unificar o conhecimento e classificar as fontes 
quanto à sua materialidade, originalidade, natureza e detenção, con-
forme discorreremos.
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Materialidade (ou corporificação)
Busca identificar quão “palpável” e perceptível ao tato é a fonte 
de informação, isto é, se a informação, no estado em que se en-
contra, existe de maneira corpórea ou não. Nesse caso, as infor-
mações podem ser:
 • tangíveis: informações que existem fisicamente; é o caso de 
documentos impressos, que podem ser facilmente carregados.
 • intangíveis: informações que não possuem forma física, 
portanto, não podem ser tocadas ou carregadas fisicamente; 
é o caso de dados informáticos, ideias e diálogos.
36 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligência
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Originalidade
Busca identificar se o conhecimento é original ou se foi 
alterado por meio do produto da percepção de outra 
pessoa, isto é, se é um conhecimento retransmitido ou 
que não seja “puro”. É o caso daquela brincadeira infantil, 
chamada telefone sem fio: quanto mais distante da fonte 
que originou a informação, maior é a probabilidade de ter 
sofrido alterações. Nesse quesito, as fontes de informação 
podem ser (SANTOS, 2015):
 • Primárias: são aquelas obtidas diretamente da fonte, 
portanto, são originais e sem qualquer tipo de manipulação. 
É o caso das informações obtidas mediante “entrevista” 
direta com o alvo, o qual transmite informações de 
“primeira mão”. É importante esclarecer que não se 
enquadra aqui a retransmissão de informação, o famoso 
“disse que me disse”.
 • Secundárias: são as informações que sofreram alguma 
modificação, muitas vezes em virtude da interpretação 
dada por quem as recebeu inicialmente, portanto, são 
consideradas “de ‘segunda mão’, editadas ou interpretadas” 
(PIERCE, 2008 apud SANTOS, 2015, p. 2.306). É o caso de 
dados obtidos pela imprensa, revistas, relatórios etc.
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Natureza da fonte
Tem por finalidade definir quão facilitado está o acesso às 
informações e o grau de dificuldade para acessá-las. Nesse 
caso, as informações podem estar em fontes abertas ou 
fechadas (FERREIRA,2017).
 • Fontes abertas: é toda informação que se encontra dis-
ponível para ser consultada ou acessada, independente-
mente de onde esteja localizada. É o caso de pesquisas 
realizadas em sites, reportagens, documentos públicos, 
arquivos de fácil acesso dentro da própria organização etc. 
Desse modo, não há qualquer barreira entre o agente e as 
informações, simples ações de coleta são suficientes para 
a obtenção dos dados.
Para conhecer mais sobre 
a brincadeira do telefone 
sem fio, assista ao vídeo 
descontraído de uma 
dinâmica de grupo com 
essa brincadeira.
Disponível em: hhttps://www.
youtube.com/watch?v=e3YtWL-
5p1_4&ab_channel=AlexGrigolli. 
Acesso em: 6 jul. 2020.
Vídeo
Fontes de informação 37
 • Fontes fechadas: é toda informação de acesso restrito 
que possua acesso não autorizado e, por algum motivo, 
protegido, impedindo ou dificultando seu acesso para 
quem tente obtê-la. É o caso de documentos guardados em 
cofres, gavetas trancadas, pen-drives protegidos por senha 
etc. A inteligência se refere a essas informações como dado 
protegido e dado negado; para o primeiro é necessário 
credenciamento (senha, por exemplo) para acessá-lo, quanto 
ao último, são necessárias ações operacionais para obtê-lo.
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Fonte de detenção
Busca identificar qual é a fonte detentora da informação, dividindo-se, 
principalmente, em fontes humanas, documentais e eletrônicas.
 • Fontes humanas: ocorre quando pessoas são as detentoras 
da informação. Nesse caso, o ponto focal de esforço para a 
obtenção dos dados é o ser humano, logo, utiliza-se informantes e 
entrevistas com alvos a fim de obter a informação.
 • Fontes documentais: ocorre quando as informações se 
encontram materializadas em um documento físico, por exemplo: 
cartas, relatórios empresariais impressos, revistas, jornais, livros, e 
assim por diante.
 • Fontes eletrônicas: ocorre quando as informações encontram-
se em ambiente virtual ou, nas palavras de Ferreira (2017, p. 7): 
“equipamentos eletrônicos [...] detentores dos dados obtidos 
através da inteligência de sinais, inteligência de imagens e 
inteligência cibernética”, como é o caso de interceptação 
de comunicações, imagens de satélites e bancos de dados, 
respectivamente.
 • Fontes baseadas em imagens: com base em imagens de 
satélites, veículos aéreos não tripulados (VANT), fotografias etc.
Como já mencionado, é imprescindível saber classificar a fonte de 
informação para que se possa traçar a melhor estratégia para conse-
gui-la. Se os dados são virtuais, será necessário enviá-los por e-mail ou 
transportá-los por meio de uma cópia feita em pen-drive; se físicos, pre-
cisam ser carregados; se em fontes humanas, é necessário saber a me-
lhor forma de abordagem para que se consiga os dados. Igualmente, é 
importante saber se os dados são abertos ou fechados para entender 
o grau de dificuldade que será enfrentado na missão.
38 Gestão de conhecimento, inteligência e contrainteligênciaNa
ttl
e/
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2.2 Ações de inteligência e técnicas 
operacionais de inteligência Vídeo
Após identificada a fonte de informação, os agentes passarão a 
utilizar-se das mais variadas técnicas e métodos para conseguir os da-
dos necessários à produção de conhecimento.
Antes de prosseguir, precisamos fazer uma importante diferencia-
ção entre os termos busca e coleta. A Coordenadoria-Geral de Inteligên-
cia da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) (BRASIL, 2002) 
as define da seguinte maneira:
 • busca: é a obtenção de dados não disponíveis.
 • coleta: é a obtenção de conhecimentos e/ou dados disponíveis;
Já a Escola de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio 
de Janeiro (Esisperj), conforme doutrina elaborada pelo Cel. Ferreira 
(2017, p. 2), as define da seguinte forma:
ações de coleta, ou simplesmente, Coleta, são todos os proce-
dimentos realizados, ostensiva ou sigilosamente, a fim de re-
unir dados cadastrados e/ou catalogados em fontes abertas, 
disponíveis, sejam elas oriundas de indivíduos, órgãos públi-
cos ou privados.
Ações de Busca, ou simplesmente, Busca, são todos os proce-
dimentos realizados pelo conjunto ou parte dos agentes do 
Elemento de Operações (ELO), envolvendo ambos os ramos da 
Inteligência de Segurança Pública (ISP) a fim de reunir dados ne-
gados, em um universo antagônico, de difícil obtenção.
Em ambas as definições, o ponto focal está 
na disponibilidade do dado ou da informa-
ção: se disponível e de fácil acesso, a 
ação será de coleta; se de difícil aces-
so ou protegido por algum motivo, 
teremos ações de busca.
Um exemplo lúdico para facilitar 
a compreensão é uma árvore fru-
tífera (Figura 2). Imagine que essa 
árvore frondosa possui galhos que 
produzem frutos, dentre os quais, al-
Figura 2
Árvore da coleta e da busca
Fontes de informação 39
guns estão ao alcance de um braço, enquanto outros encontram-se 
em galhos mais altos, que passam dos cinco metros. Podemos dizer 
que, ao estender o braço para pegar um fruto, você realizará a ação de 
coleta. Todavia, para alcançar os frutos nas derivações frutíferas mais 
elevadas, você precisará de uma longa ripa de madeira com um cesto 
coletor em sua ponta. Nesse caso, temos a ação de busca de frutos, 
pois esses estão inacessíveis por alguma razão.
São ações de coleta pesquisas em sites da internet e vídeos do You-
Tube, por exemplo; e, ações de busca a aplicação de técnicas de in-
teligência para a aquisição de dados, como informações confidenciais 
que estão em posse de determinada pessoa, sendo necessário realizar 
uma entrevista ou aplicar outras técnicas de inteligência para obter a 
informação, que em regra é negada ou está protegida em alguma sala 
trancada ou com senha em arquivos digitais.
2.2.1 Conceitos e terminologias operacionais
Para que possamos prosseguir, será necessário conceituar algu-
mas terminologias utilizadas na área de inteligência, de acordo com a 
Senasp (BRASIL, 2002). Definimos o seguinte:
 • Ação de busca: é uma ação limitada, planejada e executada com 
emprego de técnicas e meios sigilosos, com vistas à obtenção de 
dados específicos. Não deve ser confundida com investigação cri-
minal. É importante pontuar que na atividade de inteligência o 
que se busca é o dado ou a informação, não sendo necessário 
produzir provas dessa informação. Quando um informante diz 
que algo grave está para acontecer, não é necessário apresentar 
provas dos fatos, basta um simples relato. Após análise do agente 
de inteligência, checagem e confrontação de verossimilhança, ele 
relatará a seu chefe para que sejam tomadas as atitudes neces-
sárias para a mitigação dos riscos.
 • Investigação criminal: todo o conhecimento produzido visa sub-
sidiar o processo criminal, assim, tudo que for falado ou coletado 
em termo de declaração deverá ser provado, ou pelo declaran-
te (na condição de vítima, autor, testemunha ou informante), ou 
pela autoridade de polícia judiciária, que deve buscar elementos 
que possam sustentar as declarações prestadas, diferentemente 
do que ocorre em uma ação de busca.
O artigo 144 da Constitui-
ção Federal traz as com-
petências das polícias, ba-
sicamente, divididas em 
polícia judiciária e polícia 
administrativa. Resumida-
mente, compete à polícia 
judiciária a apuração de 
infrações penais, ou seja, 
investigar crimes e produ-
zir provas para subsidiar 
a ação penal, a exemplo 
do que ocorre com a Polí-
cia Federal e Polícias Civis 
dos estados. À polícia 
administrativa compete 
a preservação da ordem 
pública por meio do 
policiamento ostensivo 
preventivo, a exemplo da 
Polícia Rodoviária Federal 
e Polícias Militares dos 
estados.
Para mais informações, acesse: 
http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 6 jul. 2020.
Curiosidade
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
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