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2018 Contabilidade e Finanças PúbliCas Prof.ª Carla Moser Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Profª Carla Moser Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: M899c Moser, Carla Contabilidade e finanças públicas. / Carla Moser – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 224 p.; il. ISBN 978-85-515-0218-1 1.Finanças públicas - Contabilidade. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 351.72 III aPresentação Caro acadêmico, Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade e Finanças Públicas. Vamos conhecer um pouco da Administração Pública, as regras das suas finanças e a Contabilidade Pública, que é o mecanismo de geração das informações financeiras para seus diversos tipos de usuários. Vamos entender que a gestão financeira dos administradores públicos e demais pessoas que trabalham na Administração Pública é mais eficiente e transparente através da Contabilidade Pública. Neste caderno, você, acadêmico, encontrará informações para reconhecer os aspectos teóricos que envolvem o cotidiano dos ingressos e saídas dos recursos públicos pelos cofres dos órgãos estatais e as regras que devem ser seguidas para a realização de uma gestão responsável e transparente. Na Unidade 1 iniciamos nossos estudos com a abordagem sobre o setor público destacando a Administração Pública e suas peculiaridades. Após conhecermos o campo de aplicação da Contabilidade Pública, podemos entender a sua origem e evolução histórica. Neste contexto é importante compreendermos os conceitos e o funcionamento do sistema contábil governamental, bem como dos procedimentos contábeis básicos para a elaboração do orçamento público, de acordo com a Lei federal nº 4.320/1964. Continuamos a Unidade 1 com os estudos dos princípios de uma importante lei que veio regulamentar os dispositivos gerais sobre finanças públicas, descritos na nossa Constituição Federal CF/88, a Lei de Responsabilidade Fiscal, mais conhecida como LRF. As questões que envolvem o orçamento público e suas características são objeto da Unidade 2, com destaque aos instrumentos de planejamento orçamentário (Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual), a execução orçamentária e os controles contábeis necessários para o regime de adiantamentos, os créditos orçamentários e créditos adicionais. Caberá à Unidade 3 apresentar as receitas e despesas públicas sob o aspecto orçamentário: a classificação, codificação e etapas, tanto das receitas como das despesas públicas. Também vamos conhecer os sistemas de execução e acompanhamento da gestão pública através do Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO e do Relatório de Gestão Fiscal – RGF. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! Lembre-se: este caderno é apenas um dos meios de você alcançar o conhecimento. O mais importante é aguçar seu instinto de pesquisa para complementar sua formação. Outra fonte para atingir seu objetivo, “o conhecimento”, é através da leitura de jornais, revistas e livros. Bons estudos, será um prazer estar com você! Profª Carla Moser NOTA V VI VII UNIDADE 1 – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA .................................. 1 TÓPICO 1 – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA BRASILEIRA .............. 4 2.1 O ESTADO BRASILEIRO ............................................................................................................... 4 2.2 OS PODERES NO BRASIL ............................................................................................................. 6 2.2.1 Poder legislativo ..................................................................................................................... 7 2.2.2 Poder executivo ....................................................................................................................... 7 2.2.3 Poder judiciário ....................................................................................................................... 8 2.3 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL ................................................... 9 2.3.1 Administração direta .............................................................................................................. 10 2.3.2 Administração indireta .......................................................................................................... 10 2.4 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL ................................................................................. 11 2.5 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ....................................................................... 12 3 O CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA ............................................... 13 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 – A CONTABILIDADE PÚBLICA BRASILEIRA .......................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE PÚBLICA ............................. 20 2.1 DEFINIÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA ......................................................................... 21 2.2 USUÁRIOS DA CONTABILIDADE PÚBLICA ........................................................................... 21 2.3 INFORMAÇÃO CONTÁBIL .......................................................................................................... 22 3 CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO ............................................................... 23 3.1 OBJETO E OBJETIVO ...................................................................................................................... 24 3.2 ORGANIZAÇÃO DA CONTABILIDADE ...................................................................................24 3.3 PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS BÁSICOS PARA A ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO DE ACORDO COM A LEI Nº 4.320/64 ........................................... 25 4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL GOVERNAMENTAL ........................................... 25 4.1 PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO – PCASP ....................................... 26 4.2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES ..................................................................................................... 29 4.2.1 Informações patrimoniais ...................................................................................................... 29 4.2.2 Informações orçamentárias ................................................................................................... 29 4.2.3 Informações de controle......................................................................................................... 29 4.3 REGIMES CONTÁBEIS .................................................................................................................. 30 4.3.1 Regime de caixa ...................................................................................................................... 31 4.3.2 Regime de competência ......................................................................................................... 31 4.3.3 Regime misto ........................................................................................................................... 31 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 33 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 34 sumário VIII TÓPICO 3 – A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF ................................................... 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35 2 A LRF E AS FINANÇAS PÚBLICAS ................................................................................................. 36 2.1 ORIGEM DA LRF ............................................................................................................................ 37 2.2 OBJETIVOS E ABRANGÊNCIA .................................................................................................... 38 2.3 PRINCÍPIOS ..................................................................................................................................... 40 2.4 A LRF E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ...................................................................................... 41 2.5 A LRF E A LEI FEDERAL Nº 4.320/64 .......................................................................................... 44 3 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO, TRANSPARÊNCIA, FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NA LRF ........................................................................................................................... 46 3.1 A LRF E O PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO .................................................................... 46 3.2 TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO DOS RECURSOS FISCAIS .................................................. 50 3.3 A FISCALIZAÇÃO E O CONTROLE DA GESTÃO FISCAL .................................................... 53 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 58 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63 UNIDADE 2 – O ORÇAMENTO PÚBLICO E SUAS CARACTERÍSTICAS ............................... 65 TÓPICO 1 – ORÇAMENTO PÚBLICO ............................................................................................... 67 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67 2 CONCEITO E FINALIDADE ............................................................................................................. 68 3 BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA .................................................................................................... 69 4 ESPÉCIES DE ORÇAMENTO ............................................................................................................ 71 4.1 ORÇAMENTO TRADICIONAL .................................................................................................... 72 4.2 ORÇAMENTO ATRAVÉS DE PROGRAMAS OU ORÇAMENTO-PROGRAMA................. 73 4.3 NOVO ORÇAMENTO DE DESEMPENHO ................................................................................ 75 4.4 ORÇAMENTO BASE ZERO .......................................................................................................... 75 4.5 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO .................................................................................................. 76 5 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ................................................................................................... 77 5.1 UNIDADE OU TOTALIDADE ...................................................................................................... 78 5.2 UNIVERSALIDADE ........................................................................................................................ 79 5.3 ANUALIDADE OU PERIODICIDADE ........................................................................................ 79 5.4 EXCLUSIVIDADE............................................................................................................................ 80 5.5 ORÇAMENTO BRUTO ................................................................................................................... 81 5.6 LEGALIDADE .................................................................................................................................. 81 5.7 PUBLICIDADE ................................................................................................................................. 82 5.8 TRANSPARÊNCIA .......................................................................................................................... 82 5.9 NÃO VINCULAÇÃO ...................................................................................................................... 82 5.10 EQUILÍBRIO ................................................................................................................................... 83 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 85 TÓPICO 2 – PLANO PLURIANUAL – PPA ...................................................................................... 87 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87 2 CONCEITO E OBJETIVOS DO PPA ................................................................................................ 88 3 A ESTRUTURA DO PPA ..................................................................................................................... 90 3.1 DIRETRIZES DE GOVERNO ......................................................................................................... 90 3.2 PROGRAMAS .................................................................................................................................. 92 3.3 OBJETIVOS .......................................................................................................................................94 3.4 AÇÕES ............................................................................................................................................... 94 3.5 METAS ............................................................................................................................................... 95 IX RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................96 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................97 TÓPICO 3 – LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO ..................................................99 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................99 2 CONCEITO E FINALIDADE ...........................................................................................................100 3 COMPETÊNCIAS DA LDO..............................................................................................................102 4 RISCOS FISCAIS, PRIORIDADES E METAS FISCAIS.............................................................104 4.1 ANEXO DE RISCOS FISCAIS ......................................................................................................104 4.2 ANEXO DE PRIORIDADES E METAS .......................................................................................105 4.3 ANEXO DE METAS FISCAIS .......................................................................................................106 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................110 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111 TÓPICO 4 – LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA .....................................................................113 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113 2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ..............................................................................................114 2.1 NORMAS LEGAIS APLICÁVEIS ................................................................................................115 2.2 TIPOS DE ORÇAMENTO QUE COMPÕEM A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ..............116 2.2.1 Orçamento fiscal ...................................................................................................................117 2.2.2 Orçamento de investimentos ..............................................................................................118 2.2.3 Orçamento da seguridade social ........................................................................................119 3 CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS ....................................................................................................120 3.1 CONCEITO .....................................................................................................................................120 3.2 CRÉDITOS ADICIONAIS .............................................................................................................121 3.2.1 Créditos suplementares .......................................................................................................123 3.2.2 Créditos especiais .................................................................................................................123 3.2.3 Créditos extraordinários ......................................................................................................124 3.2.4 Fontes dos créditos adicionais ............................................................................................124 4 CICLO ORÇAMENTÁRIO E SUAS ETAPAS ...............................................................................126 4.1 ELABORAÇÃO ..............................................................................................................................127 4.2 ESTUDO E APROVAÇÃO ............................................................................................................129 4.3 EXECUÇÃO ....................................................................................................................................130 4.4 CONTROLE E AVALIAÇÃO .......................................................................................................131 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................132 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................135 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................136 UNIDADE 3 – AS RECEITAS E AS DESPESAS PÚBLICAS SOB O ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO ................................................................................137 TÓPICO 1 – RECEITAS PÚBLICAS E DESPESAS PÚBLICAS ...................................................139 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139 2 RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS E EXTRAORÇAMENTÁRIAS ..............................................140 2.1 RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS ..................................................................................................142 2.2 RECEITAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS .....................................................................................143 3 ETAPAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA...................................................................................145 3.1 PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO ......................................................................................146 3.1.1 Previsão ..................................................................................................................................147 3.2 EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO .................................................................................................148 3.2.1 Lançamento ...........................................................................................................................148 3.2.2 Arrecadação ...........................................................................................................................149 X 3.2.3 Recolhimento .........................................................................................................................149 4 DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS E EXTRAORÇAMENTÁRIAS .............................................150 4.1 DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS..................................................................................................152 4.2 DESPESAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS ....................................................................................153 5 ETAPAS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA ..................................................................................155 5.1 FIXAÇÃO DA DESPESA ..............................................................................................................156 5.2 DESCENTRALIZAÇÕES DE CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS .............................................157 5.3 PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA ........................................................158 5.4 PROCESSO DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO ....................................................................159 5.5 EMPENHO ......................................................................................................................................159 5.5.1 Empenho estimativo .............................................................................................................161 5.5.2 Empenho global ....................................................................................................................1615.5.3 Empenho ordinário ..............................................................................................................162 5.6 EM LIQUIDAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA .............................................163 5.7 PAGAMENTO ................................................................................................................................164 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................166 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................167 TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DAS RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS ........................................................................................................................169 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................169 2 CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS ..........................................................................170 3 CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA PELA NATUREZA DAS RECEITAS ........................171 3.1 CATEGORIA ECONÔMICA DAS RECEITAS ..........................................................................173 3.2 ORIGEM DAS RECEITAS.............................................................................................................174 3.3 ESPÉCIE DAS RECEITAS .............................................................................................................175 3.4 DESDOBRAMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA .176 3.5 TIPO .................................................................................................................................................176 4 FONTES OU DESTINAÇÃO DE RECURSOS .............................................................................177 5 CLASSIFICAÇÃO PARA APURAÇÃO DO RESULTADO PRIMÁRIO .................................178 6 CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA....................................................................................................180 6.1 CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL .........................................................................................181 6.2 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL ................................................................................................182 6.2.1 Função ....................................................................................................................................186 6.2.2 Subfunção ..............................................................................................................................186 6.3 CLASSIFICAÇÃO POR ESTRUTURA PROGRAMÁTICA .....................................................187 6.3.1 Programa ................................................................................................................................187 6.3.2 Ação ........................................................................................................................................188 6.4 CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA .........................................................................................189 6.4.1 Categoria Econômica ............................................................................................................191 6.4.2 Grupo de Natureza da Despesa..........................................................................................193 6.4.3 Modalidade de Aplicação ....................................................................................................193 6.4.4 Elemento de Despesa ...........................................................................................................195 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................199 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................200 XI TÓPICO 3 – ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO PÚBLICA ...................................................203 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................203 2 CONTROLE E ACOMPANHAMENTO DAS FINANÇAS PÚBLICAS ..................................204 2.1 DEFINIÇÃO ....................................................................................................................................205 2.2 RESULTADOS FISCAIS ................................................................................................................206 3 RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA .............................................207 4 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL ................................................................................................210 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................214 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................217 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................219 XII 1 UNIDADE 1 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a origem, abrangência, objetivos e princípios da LRF; • compreender o papel da LRF na gestão das finanças públicas; • identificar quem compõe a administração pública direta e indireta; • conhecer e distinguir as entidades do setor público que utilizam a contabilidade pública; • evidenciar pontos relevantes da evolução histórica da contabilidade pública nacional; • reconhecer a importância da contabilidade pública como fornecedor de informações sobre finanças públicas; • entender e distinguir os tipos de controles, tais como: controle interno e controle externo. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TÓPICO 2 – A CONTABILIDADE PÚBLICA BRASILEIRA TÓPICO 3 – A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1 INTRODUÇÃO O setor público brasileiro vem evoluindo para uma administração gerencial, sabe-se que este progresso não surgiu da boa vontade dos gestores, mas da aprovação de leis mais rígidas e com regras transparentes para a utilização dos recursos públicos. Nesse contexto, podemos citar a Constituição Federal de 1988, a Lei Federal nº 4.320, de 1964, e a Lei Complementar nº 101, de 2000, como exemplos de normas a serem seguidas em relação às finanças públicas. O processo de gerenciamento das finanças públicas deve ser amparado por informações concretas, fidedignas, claras e, principalmente, em tempo real para a tomada de decisões. Essas informações podem ser conseguidas por várias formas, contudo o meio mais eficaz é através da contabilidade pública. Para identificarmos a composição da Administração Pública, neste Tópico 1 vamos estudar a estrutura e organização político-administrativa brasileira. Entenderemos a formação do Estado, quais são seus poderes e quem faz parte da administração pública direta e indireta é o primeiro passo para uma boa compreensão do tema. Continuamos este tópico com os estudos voltados à controladoria governamental, dando foco ao sistema de controle interno, aos princípios da administração pública e à identificação do setor público. Você estará aptoa conhecer e distinguir as entidades do setor público que utilizam a contabilidade pública. Vamos juntos, nessa caminhada de conhecimentos. Aos estudos! UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 4 2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO POLÍTICO- ADMINISTRATIVA BRASILEIRA A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CF/88, mais conhecida como Constituição Federal, é a nossa lei maior, onde encontramos as normas para a composição do Estado, bem como a divisão dos poderes, a forma de governo, as competências de cada ente da federação. Ensina o pesquisador Dantas (2011) que o Brasil é um Estado do tipo federativo, segundo ordenamento da nossa Constituição Federal. Já a organização político-administrativa compreende os seguintes entes autônomos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. No Brasil, nosso país, a União, os Estados e o Distrito Federal possuem competências para exercerem atividades legislativas, judiciárias e executivas com exceção dos Municípios brasileiros, que mesmo fazendo parte do pacto federativo não possuem o poder judiciário (FACHIN, 2008). O governo, através dos seus gestores, eleitos pelo povo, determina os caminhos da Administração Pública. O fluxo financeiro do Estado é gerido na Administração Pública Direta e Indireta. Seguindo o norteamento federal, que criou a estrutura da administração através do Decreto-Lei nº 200/1964, tanto a União, os Estados, como os Municípios possuem administração pública direta e indireta (PISCITELLI; TIMBÓ, 2010). 2.1 O ESTADO BRASILEIRO A formação do Estado, composto pelo seu povo, território e soberania, surge da necessidade que o homem individual tem de defender a si, aos seus e ao seu patrimônio (SILVA, 2011). Já na concepção dos autores Alexandrino e Paulo (2011, p. 13), os três elementos povo, território e soberania são indissociáveis e indispensáveis, verifique: O Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e governo soberano. Esses três elementos são indissociáveis e indispensáveis para a noção de um estado independente: o povo, em um determinado território, organizado segundo sua livre e soberana vontade. O Estado é formado pelo território, povo e soberania, já para exercer esta soberania a sociedade busca governantes que irão compor a administração pública. Dentre a conceituação de vários dicionários, apresentamos as definições de Estado do autor Cunha (2007, p. 122): TÓPICO 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 5 Estado – 1. Comunidade humana que se atribui o monopólio legítimo da violência física, nos limites de um território definido [...]. 2. Organização que detém a soberania na unidade territorial onde é sediada. 3. A sociedade (1) como organização política. 4. Personalização do governo da sociedade soberana. 5. Aquilo que é visto ou tomado como representação jurídica da sociedade soberana. v. nação, país, pátria, poder público. Seguindo os ensinamentos de Cunha (2007), verificamos que toda a estrutura político-administrativa é consequência do exercício da soberania, através de poderes, em proveito do seu povo com a organização territorial. O Estado se estrutura conforme as funções principais e acessórias ou preponderantes e específicas que deve exercer. Na visão de Silva (2011), cada poder foi criado para desempenhar sua função principal, porém, na constância das suas atividades, acaba tendo que desenvolver funções típicas de outros poderes. Confira no quadro a seguir: QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES FUNÇÕES PREPONDERANTES FUNÇÕES ESPECÍFICAS Legislativa Principal Normativa Acessórias Administrativa Judicativa Controle Interno Executiva Principal Administrativa Acessórias Normativa Judicativa Controle Interno Judiciária Principal Judicativa Acessórias Administrativa Normativa Controle Interno FONTE: Silva (2011, p. 3) “Na busca de atender ao interesse coletivo, o Estado se organiza de tal forma que possa cumprir com suas principais funções, que são: a Legislativa, a Judiciária e a Executiva” (VEIGA, 2011, p. 17). Acadêmico, perceba que o Estado brasileiro possui várias funções para desempenhar e que suas atividades são destinadas ao bem comum do povo. Assim, compreendemos que há necessidade de uma estrutura para gerir os recursos recebidos e dispensados nessas atividades. UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 6 2.2 OS PODERES NO BRASIL Sobre a separação dos poderes, Dantas (2011) afirma que a Constituição Federal adota um sistema de mecanismos para limitar o poder do Estado, já que o cidadão deve ser resguardado de eventuais arbitrariedades. Corrobora estes ensinamentos Carvalho Filho (2013), quando afirma que a independência e a harmonia entre os poderes vêm da Constituição, que exige uma estrutura própria e determina suas funções. A separação dos poderes se fundamenta nos seguintes elementos, segundo Dantas (2011, p. 221): A chamada separação dos poderes está fundamentada em dois elementos essenciais: o primeiro é a especialização funcional, significando que cada órgão é especializado em uma função estatal; o segundo, a independência orgânica, que exige que cada um daqueles órgãos possa exercer sua função especializada de forma verdadeiramente independente, sem qualquer subordinação aos demais. (grifos do autor) Desde a promulgação da nossa Carta Maior, houve mudanças nas instituições que representam os poderes no nosso país. O autor Barroso (2016) comenta que, pelo Brasil ter uma essência presidencialista, o Poder Legislativo sofreu uma crise de identidade; já o Poder Judiciário, na nossa história recente, teve uma ascensão institucional, com influência em vários processos criminais de agentes políticos. Consoante as orientações da escritora Veiga (2011, p. 22), cada poder institucional tem suas atribuições específicas: A cada um destes Poderes é atribuída uma função precípua. Ao Poder Legislativo é atribuída a função normativa de elaboração da lei; ao Poder Executivo é atribuída a função administrativa de aplicar a lei e zelar pelo cumprimento da mesma; ao Poder Judiciário é atribuída a função judicial que é a aplicação coativa da lei aos litigantes. Em seguida, vamos visualizar os poderes que cada ente da federação possui para desempenhar as funções de governo necessárias em sua área de competência: QUADRO 2 – ENTES FEDERATIVOS E PODERES ENTE FEDERATIVO PODERES UNIÃO Legislativo Executivo Judiciário ESTADOS Legislativo Executivo Judiciário DISTRITO FEDERAL LegislativoExecutivo MUNICÍPIOS LegislativoExecutivo FONTE: A autora TÓPICO 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 7 Sobre a disposição dos poderes na capital brasileira, orienta o estudioso Fachin (2008, p. 381) que: “O Distrito Federal tem poderes Legislativo e Executivo próprios. O Poder Judiciário que atua no Distrito Federal é organizado e mantido pela União”. Acadêmico, entenda que é saudável a independência entre os diversos poderes. Desta forma evitamos que haja arbitrariedades ou até abuso do poder em relação às funções principais dos diversos órgãos públicos. Agora vamos estudar as particularidades do Legislativo, do Executivo e do Judiciário. 2.2.1 Poder legislativo A Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 44, prescreve como deve ser a organização dos poderes: quando tratamos do Poder Legislativo Federal, nos deparamos com a instituição do Congresso Nacional, que é formada por duas casas, a dos senadores e a dos deputados federais. Também é na nossa Lei Maior que encontramos o processo legislativo federal, como são propostas, votadas e sancionadas as nossas leis. Diferente da União, nos Estados, Distrito Federal e Municípios, este poder é desempenhado pela Assembleia Legislativa de cada estado federado e do Distrito Federal; já nos municípios, pela Câmara de Vereadores. De acordo com o entendimento do escritor Barroso (2016, p. 508), o Legislativoatualmente teve uma crise institucional perante o envolvimento de parlamentares em escândalos, verifique: No que toca ao Poder Legislativo, cabe assinalar a recuperação de suas prerrogativas dentro do novo quadro democrático, embora permaneça visível o decréscimo de sua importância no processo legislativo. É certo, contudo, que, como contrapartida, expandiram-se suas competências de natureza fiscalizatória e investigativa. Merecem registro, também, algumas disfunções estruturais e funcionais do sistema político brasileiro, que têm comprometido a representatividade e a legitimidade da classe política. Consoante as orientações de Barroso (2016), o Legislativo, que tem a prerrogativa de propor, alterar e votar as leis, atualmente assume um papel mais investigativo devido ao aumento de denúncias voltadas aos políticos e governantes. 2.2.2 Poder executivo A função administrativa é predominante no Poder Executivo, porém, como nosso modelo constitucional não é rígido, tanto o Judiciário e o Legislativo desempenham estas funções em seu dia a dia (ALEXANDRINO; PAULO, 2011). UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 8 A representatividade do Poder Executivo brasileiro é apresentada pelo estudioso Slomski (2003, p. 362), observe: O Poder Executivo, na União, é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado [...]. Nos Estados e no Distrito Federal, é exercido pelo Governador, auxiliado pelos Secretários de Estado. Nos Municípios, é exercido pelo Prefeito Municipal, com auxílio de Secretários Municipais. Explica o pesquisador Dantas (2011) que a competência do Executivo é o efetivo governo, cabendo ao representante da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, instituir as políticas públicas necessárias. 2.2.3 Poder judiciário Ao Poder Judiciário cabe exercer a pacificação social através da solução das ações impetradas na sua organização, este é o entendimento do autor Dantas (2011). Na Constituição Federal, artigo 92, encontramos disposta a organização deste poder. Explica Slomski (2003, p. 362) a composição deste poder: O Poder Judiciário é composto pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Superior Tribunal de Justiça, pelos Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais, pelos Tribunais e Juízes do Trabalho, pelos Tribunais e Juízes Eleitorais, pelos Tribunais e Juízes Militares e pelos Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional. Acadêmico, perceba que nos Municípios não há o Poder Judiciário. Nem por isto não seja executada a justiça, já que, dependendo da lide, poderá ser resolvida a ação na justiça mais adequada. IMPORTANT E Acadêmico, você sabe qual o sentido objetivo e a abrangência da Administração Pública? Em relação ao sentido objetivo e a abrangência da Administração Pública, a autora Di Pietro (2013, p. 55) ensina: “[...] abrange o fomento, a polícia administrativa e o serviço público. Alguns autores falam em intervenção como quarta modalidade, enquanto outros a consideram como espécie de fomento”. (grifos do autor). Fonte: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2013. TÓPICO 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 9 2.3 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL A Administração Pública, segundo orientações dos estudiosos Alexandrino e Paulo (2011), é o conjunto de órgãos, entidades, pessoas jurídicas e agentes que desempenham a função administrativa. Dependendo da sua estrutura jurídica, pode dividir-se em administração direta e administração indireta. Em relação à abrangência da Administração Pública, o autor Slomski (2003, p. 359) ensina que: “A administração pública é exercida pelos órgãos da administração direta, pelos órgãos da administração indireta e polos órgãos da administração delegada”. Os escritores Alexandrino e Paulo (2011, p. 18) orientam que a conceituação de Administração Pública pode ser considerada sob a ótica do sentido amplo e do sentido estrito, como podemos observar: Administração pública em sentido amplo abrange os órgãos de governo, que exercem função política, e também os órgãos e pessoas jurídicas que exercem função meramente administrativa. [...] em sentido estrito só inclui os órgãos e pessoas jurídicas que exercem função meramente administrativa, de execução dos programas de governo. Ficam excluídos os órgãos políticos e as funções políticas, de elaboração das políticas públicas. (grifos dos autores) A Administração Pública pode ser considerada como todo o aparelhamento do Estado, sua organização, para que possamos ter serviços públicos adequados a todas as políticas públicas (SLOMSKI, 2003). Caro acadêmico, o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, tem como objetivo dispor sobre a organização e estabelecer diretrizes para a Administração Federal. Em seu artigo 4º determina que a Administração Pública divide-se em Administração Pública Direta e Indireta. Vamos entender esta divisão! DICAS Acadêmico: Para saber mais sobre fomento, polícia administrativa, serviço público e intervenção, sugerimos a leitura complementar do livro: Direito administrativo descomplicado, na página 21. Fonte: ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 19. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 2011. UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 10 2.3.1 Administração direta Para determinar quem faz parte da Administração Direta, explica o escritor Slomski (2003, p. 359) que: “A administração direta compreende a organização administrativa do Estado” (grifo do autor). Segundo a escritora Di Pietro (2013), a administração direta é a centralização dos serviços públicos, conforme a competência de cada ente da federação. No mesmo sentido explica que quando há distribuição interna, dentro da mesma pessoa jurídica, dessas competências, ocorre a desconcentração. Quando falamos de organização hierárquica, onde vários órgãos subordinam-se dentro da mesma estrutura da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, estamos falando da administração direta. 2.3.2 Administração indireta Encontramos no Decreto-Lei nº 200/67 que a Administração Indireta compreende as diversas categorias de entidades com personalidade jurídica própria, conforme segue: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. Em relação à abrangência da Administração Indireta, orienta o escritor Slomski (2003, p. 360) que: “A administração indireta é a atividade administrativa caracterizada como serviço público, deslocado do Estado, para outra entidade por ele criada” (grifos do autor). Nesse sentido, explica Di Pietro (2013) que a administração indireta é um exemplo de descentralização dos serviços públicos, já que estavam concentrados na administração direta. Esta cria outra pessoa jurídica, com personalidade própria, para desempenhar as atividades estatais ou não. IMPORTANT E Acadêmico, você sabe o que é Administração Pública delegada? Sobre a Administração Pública delegada, o autor Slomski (2003, p. 360) orienta: “[...] é a que descentraliza a atividade do Estado para a órbita privada. Essa consiste na delegação do exercício de encargos públicos a terceiros, por meio de concessão (com contrato) ou permissão (sem contrato)”. FONTE: SLOMSKI, Valmor. Manual de contabilidade pública: um enfoque na contabilidade municipal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. TÓPICO 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 11 2.4 CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL A gestão pública mundial segue um processo que visa substituir a administração burocrática e ultrapassada pela gerencial, com foco na prestação de serviços públicos eficientes e com maior abrangência (TCE/SC, 2002). A controladoria governamental é a procura da eficiência e eficácia naAdministração Pública, já que sugere um funcionamento orquestral entre os diversos órgãos que compõem esta administração, com o intuito de produzir políticas públicas adequadas à população (SLOMSKI, 2009). No setor público podemos entender a controladoria como controle interno, em seus vários sentidos, sistema ou órgão central. O controle interno é o realizado diretamente pelos funcionários públicos, através de um sistema de controle interno ou de uma estrutura organizacional de controle interno. Orienta o estudioso Albuquerque (2008, p. 391) que: “O Controle Interno é aquele realizado por estruturas organizacionais instituídas no âmbito da própria entidade controlada, compreendendo um conjunto de atividades, planos, métodos e procedimentos estruturados e integrados”. De acordo com os escritores Cruz e Glock (2003, p. 20), controle interno pode ser entendido da seguinte forma: A expressão controle interno pode ser entendida como a conjunção de todos os procedimentos de controle exercidos de forma isolada ou sistêmica no âmbito de uma organização, contrapondo-se ao termo controle externo. Já a conjunção controles internos passa a ideia de um conjunto ou parte de tais procedimentos. (grifos dos autores) A finalidade do controle interno está determinada na Constituição Federal (BRASIL, 1988), no Art. 74, incisos I ao IV: Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 12 O controle interno desempenha várias funções para atender sua finalidade constitucional, tais como: orientação, fiscalização, avaliação, entre outras atividades. Resumem estas atividades os estudiosos Soares e Moser (2011, p. 95-96): Portanto, podemos destacar que o órgão de controle interno é aquele que efetivamente orienta, fiscaliza e ajuda o administrador público na gestão. E que, ainda, é o responsável direto pelo controle das contas públicas e deverá orientar todos os setores da administração para o pleno atendimento da legislação e o cumprimento das metas planejadas. Consoante as orientações de Albuquerque (2008), a LRF estabeleceu funções adicionais para os controles internos, a assinatura e a fiscalização dos Relatórios de Gestão Fiscal, bem como a verificação do cumprimento das metas da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Acadêmico, segundo os autores apresentados, nós podemos observar que a controladoria tem participação especial no desenvolvimento de uma gestão responsável e vem ao encontro do estabelecido, como objetivo, da LRF. 2.5 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Na atuação da Administração Pública é necessário seguir os fundamentos elencados na nossa Constituição Federal no caput do artigo 37, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A legalidade fundamenta-se no dever de a atuação administrativa estar restrita ao ordenamento jurídico vigente. Praticar, na atividade funcional, apenas o que a lei determina é o intuito deste princípio (GRANZIERA, 2002). Para o pesquisador Carvalho Filho (2013), impessoal ou impessoalidade é o que não se refere a uma pessoa determinada ou em especial. Então conclui- se que nas atividades funcionais ou decisões deve o administrador pensar no coletivo como um todo, jamais a pessoas específicas. Não devemos confundir com ações para determinados grupos especiais, por exemplo, a construção de rampas para cadeirantes (grifo nosso). A autora Di Pietro (2013, p. 382) entende que: “O princípio da moralidade, [...], exige da Administração comportamento não apenas lícito, mas também consoante com a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade”. Para garantir o acesso à informação e a participação popular, tanto para opinar como para impugnar as ações públicas, há necessidade de que os atos públicos respeitem o princípio da publicidade. Esse princípio é tão imperioso que, dependendo do ato administrativo, se comprovada a falta de publicidade, poderá deixar de produzir efeitos (GRANZIERA, 2002). TÓPICO 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 13 Em relação ao princípio da eficiência, o texto constitucional objetiva que, na área pública, em todo seu aparato de serviços no atendimento aos contribuintes e na manutenção das atividades do governo prevaleça a economicidade, a redução de recursos públicos, a qualidade dos serviços, o rendimento funcional. Para isso é necessário que o serviço seja prestado por pessoas capazes, no menor tempo possível, da forma mais econômica e que satisfaça a necessidade do usuário (CARVALHO FILHO, 2013). Podemos observar que no desempenho das atividades da Administração Pública deve-se respeitar no mínimo os princípios constitucionais. Então você, acadêmico, fiscalize os serviços públicos e, caso encontre alguma irregularidade, sempre denuncie. 3 O CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA Sobre o campo de aplicação da contabilidade pública, o estudioso Andrade (2013, p. 15-16) esclarece que: “[...] a contabilidade pública é utilizada pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, tanto na administração direta quanto na administração indireta”. Entretanto, Andrade (2013) relembra que na administração pública indireta apenas as fundações públicas, as autarquias e as estatais dependentes são obrigadas a utilizar a contabilidade pública. Explica que as estatais independentes (empresas públicas e sociedades de economia mista) devem utilizar da contabilidade específica ao seu ramo de atividade porque concorrem com o mercado comum. Conforme o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público – MCASP (2017, p. 24), o setor público deve utilizar obrigatoriamente a contabilidade pública para registrar os atos e fatos que alteram ou venham a alterar o patrimônio público, verifique quem deve cumprir estas regras: As normas estabelecidas no MCASP aplicam-se, obrigatoriamente, às entidades do setor público. Estão compreendidos no conceito de entidades do setor público: os governos nacional (União), estaduais, distrital (Distrito Federal) e municipais e seus respectivos poderes (abrangidos os tribunais de contas, as defensorias e o Ministério Público), órgãos, secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações (instituídas e mantidas pelo poder público), fundos, consórcios públicos e outras repartições públicas congêneres das administrações direta e indireta (inclusive as empresas estatais dependentes). No art. 1º, § 2º e § 3º, da LRF, fica claro que os RELATÓRIOS DE GESTÃO FISCAL E O RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA devem contemplar, obrigatoriamente, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na sua administração direta e indireta. A exceção fica com as estatais independentes, empresa pública e sociedades de economia mista que não dependam de recursos públicos (grifos nossos). UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 14 É importante destacar que, para compor os relatórios exigidos na Lei de Responsabilidade Fiscal, deve-se utilizar da contabilidade pública, tanto com o sistema de informações patrimonial, orçamentário e de controle. DICAS Acadêmico: Os contadores públicos contam com um órgão federal para buscarinformações sobre a Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Leia com atenção MCASP (2017, p. 416): A Secretaria do Tesouro Nacional (STN), na condição de órgão central do Sistema de Contabilidade Federal, atua junto aos entes da Federação de modo a normatizar procedimentos que possibilitem a evidenciação orçamentária e patrimonial do setor público. Propicia, assim, uma harmonização contábil de toda a Federação, atendendo à base legal, aos princípios da ciência contábil e aos esforços de convergência às Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público, em atendimento à Portaria MF nº 184/2008 e ao Decreto nº 6.976/2009. FONTE: MCASP. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 7. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2017. Disponível em: <https://www. tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/563508/MCASP+7%C2%AA%20 edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Republica%C3%A7%C3%A3o+2017+06+02. pdf/3f79f96f-113e-40cf-bbf3-541b033b92f6>. Acesso em: 19 jul. 2018. 15 Neste tópico, você aprendeu que: • O Estado Brasileiro é formado pelos entes federados, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Para a organização de seus serviços, conta com três poderes independentes e harmônicos entre si, que são Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário. • A Administração Pública pode ser Direta (concentração de serviços) e Indireta (descentralização de serviços). • A Administração Pública deve seguir no desempenho de suas atividades a princípios constitucionais que estão no Artigo 37, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. • A controladoria governamental é fundamental para que o gerenciamento das finanças públicas seja efetivo e que sejam respeitados os princípios norteadores da Administração Pública. • A contabilidade pública é o meio de gerar informações sobre o patrimônio público e sua evolução. Por este motivo, a LRF relaciona quem deve utilizar esta contabilidade e, consequentemente, integrar os relatórios bimestrais e quadrimestrais de execução e gestão fiscal. • O setor público é o campo de aplicação da contabilidade pública. RESUMO DO TÓPICO 1 16 Prezado acadêmico, para que possamos avaliar a compreensão dos conteúdos a que tivemos acesso até o momento, o convido a responder aos questionamentos dispostos a seguir: 1 Na República Federativa do Brasil encontramos três poderes independentes e harmônicos entre si, que são: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Cada poder desempenha nas suas atividades funções típicas e atípicas. Assinale a alternativa em que o(s) ente(s) da federação não conta(m) com Poder Judiciário próprio: a) ( ) Municípios. b) ( ) Estados. c) ( ) União e Estados. d) ( ) Estados e Municípios. 2 A Lei de Responsabilidade Fiscal veio estabelecer normas relacionadas às finanças públicas com o intuito de impor responsabilidade na gestão fiscal e preencher a lacuna, existente, entre a Constituição Federal e a Lei nº 4.320/64. Nos artigos 1º e 2º, determinou quem deve utilizar contabilidade pública. Assinale a alternativa CORRETA que corresponde a todas entidades obrigadas a utilizarem a contabilidade governamental: a) ( ) Toda a administração pública indireta. b) ( ) Toda a administração pública direta e indireta. c) ( ) Apenas a administração pública direta. d) ( ) Toda a administração pública direta e indireta, exceto as estatais independentes. 3 Um dos passos importantes para o controle das finanças públicas é controlar o fluxo de atividades desde a geração das receitas e despesas até a execução final. Quando este processo é realizado pelos envolvidos em cada área em que acontecem as atividades, chamamos de sistema de controle interno. Já quando houver um setor, departamento ou profissional destinado a determinar, auditar e controlar, chamamos de controladoria ou controle interno: a) ( ) Verdadeiro. b) ( ) Falso. AUTOATIVIDADE 17 4 A Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 37, determina que as atividades funcionais dos gestores e do funcionalismo público devem seguir princípios. Esses princípios servem como pilares no desempenho das atividades da administração pública direta e indireta, todos os serviços públicos devem ser realizados utilizando essas premissas. Identifique os referidos princípios: a) ( ) Legalidade. b) ( ) Moralidade. c) ( ) Publicidade. d) ( ) Eficiência. e) ( ) Especialidade. f) ( ) Impessoalidade. 18 19 TÓPICO 2 A CONTABILIDADE PÚBLICA BRASILEIRA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A contabilidade é uma ciência social que traduz em informações a evolução do patrimônio de uma entidade. Quando tratamos do nosso país, esse patrimônio pertence a todos os cidadãos brasileiros. A contabilidade pública é a responsável pela geração de informações voltadas à evolução do patrimônio do setor público. Para reconhecermos a importância da contabilidade pública, como fornecedora de informações sobre finanças públicas, há necessidade de conhecermos a origem e evolução histórica desta ciência no Brasil. Além da origem e evolução da contabilidade pública brasileira, neste Tópico 2 vamos estudar a sua definição, bem como conhecer os tipos de informações geradas pelo sistema de informação contábil governamental. Este tópico traz, para você, informações que vão lhe permitir conhecer e distinguir o objeto, o objetivo e a organização dos serviços da contabilidade pública. Também serão apresentados os procedimentos contábeis básicos para a elaboração do orçamento público, conforme a Lei Federal nº 4.320/64. Vejamos, a partir de agora, como a contabilidade pública pode auxiliar na gestão dos recursos financeiros da Administração Pública! Aos estudos! UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 20 2 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE PÚBLICA A contabilidade surgiu com a necessidade de o ser humano conhecer e quantificar o que se tem, não se tem registro de quem a inventou, porém, o primeiro registro de um sistema completo de escrituração, por partidas dobradas, foi o dos arquivos municipais de Gênova, na Itália, em 1340. O primeiro livro impresso que trata das partidas dobradas foi publicado em 1494 com autoria do Frei Luca Pacioli (SLOMSKI, 2003). Complementa os ensinamentos o estudioso Carvalho (2008, p.1), observe: O orçamento na Administração Pública representa um dos mais antigos instrumentos de planejamento e execução das finanças públicas. Mesmo que de forma rudimentar, o planejamento sempre se fez presente na história da humanidade [...]. No Brasil, segundo Slomski (2003), a contabilidade pública aparece quando D. João VI veio com a família à nossa terra e instalou seu governo provisório, isso em 1808. Já para Carvalho (2008, p. 1): “Desde a Constituição de 1824, até a atual, 1988, alguns artigos foram dedicados às finanças públicas (orçamentos), [...]”. Encontramos no MCASP (2017, p. 21) o referencial para a convergência da contabilidade pública às normas internacionais, verifique: [...] primeiro marco histórico foi a edição da Lei nº 4.320/1964, que estabeleceu importantes regras para propiciar o controle das finanças públicas, bem como a construção de uma administração financeira e contábil sólida no país, tendo como principal instrumento o orçamento público. Deste modo, o orçamento público ganhou significativa importância no Brasil. Como consequência, as normas relativas a registros e demonstrações contábeis, vigentes até hoje, acabaram por dar enfoque sobretudo aos conceitos orçamentários, em detrimento da evidenciação dos aspectos patrimoniais. Outro importante avanço na área das finanças públicas foi a edição da Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que estabeleceu para toda a Federação, direta ou indiretamente, limites de dívida consolidada, garantias, operações de crédito, restos a pagar e despesas de pessoal, dentre outros, como intuito de propiciar o equilíbrio das finanças públicas e instituir instrumentos de transparência da gestão fiscal. Atualmente, foi instituída a Secretaria do Tesouro Nacional – STN para normatizar e informar a classe contábil pública sobre os instrumentos e mudanças no setor público. A STN e o Conselho Federal de Contabilidade – CFC trabalham em conjunto para convergir todas as normas contábeis às normas internacionais. TÓPICO 2 | A CONTABILIDADE PÚBLICA BRASILEIRA 21 2.1 DEFINIÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA Através dos ensinamentos do escritor Silva (2011, p. 43), extraímos que: [...] a contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação e controle relativas aos atos e fatos administrativos, e a Contabilidade Pública é uma especialização voltada para o estudo e a análise dos fatos administrativos que ocorrem na administração pública. Já o autor Andrade (2013) ressalta que a contabilidade pública é a destinada a registrar e demonstrar as alterações do patrimônio público, levando em consideração todas as mutações ocorridas no processo de gestão deste patrimônio. No entendimento de Angélico (2009, p. 107-108), “[...] Contabilidade Pública é a disciplina que aplica, na administração pública, as técnicas de registros e apurações contábeis em harmonia com as normas gerais do Direito Financeiro”. Corrobora com os mesmos ensinamentos o autor Carvalho (2008, p. 149) sobre essa definição: “[...] é o ramo da Contabilidade que estuda, orienta, controla e registra os atos e fatos da administração pública, demonstrando o seu patrimônio e as suas variações, bem como acompanha e demonstra a execução do orçamento”. Acadêmico, perceba que são diversas as definições desta ciência, entretanto todas esclarecem que é voltada ao patrimônio público, aos registros dos fatos e atos, acompanha as finanças públicas através do orçamento público. 2.2 USUÁRIOS DA CONTABILIDADE PÚBLICA Em relação aos usuários da contabilidade pública verificamos que há uma gama muito grande de interessados nas informações. A NBCTSPEC (2016) não identifica os usuários da contabilidade pública apenas interpreta que devemos preparar as informações conforme a necessidade de quem solicita as informações (independente de quem sejam), destaca que as informações sejam organizadas com o objetivo de prestar contas, permitir o controle e facilitar a tomadas de decisões. Já vários autores, como Slomski (2003), Silva (2011), Andrade (2013), comentam em suas obras a questão de usuários internos e externos, para prestação de contas, controles, pesquisas e tomadas de decisões. UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 22 Em relação aos usuários da contabilidade pública, o autor Silva (2017, p. 1) revela o interesse de três usuários: Os cidadãos, pois estes são os principais financiadores dos gastos realizados pelo governo. Os órgãos de controle, sejam eles de controle externo, como o Poder Legislativo e os tribunais de contas, ou mesmo de controle interno, no caso as controladorias governamentais. As instituições financeiras, pois se utilizam da informação contábil para identificar a capacidade de pagamento dos entes governamentais. (grifo do autor) Acadêmico, concluímos que os usuários da Contabilidade Pública são muitos e com diversos objetivos. Como usuários internos, podemos citar o controle interno, o gestor, o funcionário público, o representante do Legislativo. Já como usuário externo, podemos exemplificar como os Tribunais de Contas, o Ministério Público, os agentes financeiros, os cidadãos, entre outros, que, por motivos específicos ou não, necessitam das informações públicas. IMPORTANT E Acadêmico: Você já se questionou quais as informações que gostaria de obter da Administração Pública? Pesquise nas páginas do governo federal, estadual ou municipal, da rede mundial de computadores, e confirme se estas informações estão disponíveis. 2.3 INFORMAÇÃO CONTÁBIL A informação contábil no setor público está voltada às variações do patrimônio público, contudo são necessárias, também, as informações orçamentárias, bem como as de controles ou compensação. As decisões da formatação das informações, segundo o MCASP (2017), devem contemplar: As decisões sobre a seleção, a localização e a organização da informação são tomadas em resposta às necessidades dos usuários pela informação sobre os fenômenos econômicos, financeiros, orçamentários e de outra natureza. Na prática, essas decisões estão interligadas e podem ter implicações sobre o conteúdo do relatório e a forma de como ele é organizado. Conforme a NBCTSPEC (2016, p. 5), a maioria das entidades do setor público tem como objetivo produzir serviços à população sem a obtenção de lucro. Nesse sentido, necessita prestar contas dos recursos que captou dos contribuintes TÓPICO 2 | A CONTABILIDADE PÚBLICA BRASILEIRA 23 IMPORTANT E Acadêmico, você sabe onde e como consultar as normas de contabilidade pública já convergidas às normas internacionais? É simples, confira na legislação publicada pelo Conselho Federal de Contabilidade, na sua página na rede mundial de computadores, lá estarão as normas convergidas. e aplicou na sociedade. Veja como esta norma interpreta as necessidades dos usuários dos RCPGs – Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público: Portanto, os usuários dos RCPGs das entidades do setor público precisam de informações para subsidiar as avaliações de algumas questões, tais como: (a) se a entidade prestou seus serviços à sociedade de maneira eficiente e eficaz; (b) quais são os recursos atualmente disponíveis para gastos futuros, e até que ponto há restrições ou condições para a utilização desses recursos; (c) a extensão na qual a carga tributária, que recai sobre os contribuintes em períodos futuros para pagar por serviços correntes, tem mudado; e (d) se a capacidade da entidade para prestar serviços melhorou ou piorou em comparação com exercícios anteriores. Contudo, entendemos que as informações contábeis devem ser apresentadas, conforme as orientações de Machado Jr. e Reis (2011), através de relatórios oficiais, como o Relatório de Gestão Fiscal, o Relatório Resumido de Execução Orçamentária, o Balanço Patrimonial, o Balanço Orçamentário, entre outros explícitos na legislação, bem como com relatórios elaborados especificamente para as necessidades de cada usuário. 3 CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO Acadêmico, a contabilidade aplicada ao setor público é a contabilidade pública. Compreendemos como setor público toda a administração direta e indireta. Porém, na administração pública indireta, apenas as estatais independentes não são obrigadas a utilizar esta contabilidade. Vamos entender agora o seu objeto, objetivo, a organização dos serviços contábeis e os procedimentos contábeis básicos para a elaboração do orçamento público de acordo com a Lei nº 4.320/64. UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 24 3.1 OBJETO E OBJETIVO O objeto da contabilidade é o patrimônio, no setor público e na contabilidade aplicada nesta área; no sentido mais amplo, é o patrimônio público que é composto por seus bens, direitos e obrigações (CARVALHO, 2013). Em relação aos objetivos da contabilidade pública, podemos utilizar como parâmetro as instruções do Conselho Federal de Contabilidade – CFC e as normas da Secretaria do Tesouro Nacional – STN. A Norma Brasileira de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – Estrutura Conceitual – NBCTSPEC, aprovada em 23 de setembro de 2016 pelo CFC, determina que: “Os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil estão relacionados ao fornecimento de informações sobre a entidade do setor público que são úteis aos usuários dos RCPGs para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão” (grifo nosso). Para melhor entendimento dos objetivos dainformação contábil, entenda que o significado da sigla RCPGs é Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público. Continuando com as orientações do NBCTSPEC (2016), os objetivos da informação contábil, pública, são determinados nas necessidades dos usuários dos RCPGs. 3.2 ORGANIZAÇÃO DA CONTABILIDADE A Lei Federal nº 4.320/64, a partir do artigo 83, regulamenta a contabilidade pública. Ensinam os estudiosos Machado Jr. e Reis (2011) que a contabilidade pública deve ser organizada de tal forma que possa respeitar as normas da Lei Federal nº 4.320/64. Nesse sentido, tal organização deverá proporcionar a visualização da situação de qualquer pessoa que arrecade receitas, efetue despesas, administre ou guarde bens que pertençam ao setor público. Encontramos no MCASP (2017) que tal contabilidade deve organizar- se para produzir informações com características qualitativas aos seus usuários. Essas informações devem adequar-se às necessidades do requerente, contudo é imprescindível que sejam: relevantes, com representação fidedigna, compreensíveis, tempestivas, comparáveis e verificáveis. A organização da contabilidade governamental, pelos ensinamentos de Andrade (2013), deve contemplar o desempenho de funções específicas, como: o registro dos atos e fatos, o fornecimento de informações interpretadas, o controle dos métodos de acompanhamento e fiscalização das demonstrações financeiras e a análise com eficiência dos registros patrimoniais, orçamentários e de controle. TÓPICO 2 | A CONTABILIDADE PÚBLICA BRASILEIRA 25 3.3 PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS BÁSICOS PARA A ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO DE ACORDO COM A LEI Nº 4.320/64 A Lei Federal nº 4.320/64 continua sendo, juntamente à LRF, a lei que trata de vários procedimentos básicos para a elaboração do Orçamento Anual da administração Pública. Nesse sentido encontramos no artigo 32 e 33 orientações sobre a elaboração da lei do orçamento. A Constituição Federal, as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios determinam o prazo para o envio do projeto de lei da Lei Orçamentária Anual – LOA. A Lei Federal nº 4.320/64, no artigo 32, determina como o Poder Legislativo deve agir caso não receba a proposta do chefe do Poder Executivo. A referida lei de finanças públicas, também, no seu artigo 33, cria regras em relação ao tipo de emendas legislativas que não poderão alterar a LOA: Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente. Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orçamento que visem a: a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo quando provada, nesse ponto, a inexatidão da proposta; b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja aprovado pelos órgãos competentes; c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não esteja anteriormente criado; d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados em resolução do Poder Legislativo para concessão de auxílios e subvenções. Acadêmico, verifique que o Poder Legislativo está limitado no seu poder de legislar perante este instrumento de planejamento financeiro. Vale ressaltar que cabe ao chefe do Poder Executivo elaborar e enviar para o Legislativo o projeto de lei da LOA. 4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL GOVERNAMENTAL Através do registro contábil, utilizando a ordenação de contas do plano de contas, obtemos a informação que o usuário espera. Utilizamos justamente o PCASP para que possamos apresentar em relatórios as informações segmentadas sob a natureza patrimonial, orçamentária e de controle (SILVA, 2011). UNIDADE 1 | A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GERENCIAMENTO DAS FINANÇAS ATRAVÉS DA CONTABILIDADE PÚBLICA 26 A contabilidade pública deve contemplar subsistemas de informações, por determinação da Lei Federal nº 4.320/64, contudo, com a convergência às normas internacionais e o STN como elo para orientar os contabilistas, agregou-se o subsistema financeiro ao patrimonial e o de compensação ao de controle. O sistema de informações da contabilidade pública é formado por subsistemas de informações quanto à natureza das contas elencadas no PCASP. Veja o quadro a seguir: QUADRO 3 – ESTRUTURA DO CÓDIGO DA CONTA CONTÁBIL PCASP Natureza da informação Classes Patrimonial 1. Ativo 2. Passivo 3. Variações Patrimoniais Diminutivas 4. Variações Patrimoniais Aumentativas Orçamentária 5. Controles da Aprovação do Planejamento e Orçamento 6. Controles da Execução do Planejamento e Orçamento Controle 7. Controles Devedores 8. Controles Credores FONTE: MCASP (2017, p. 343) IMPORTANT E Acadêmico, é importante que você conheça e entenda o PCASP. Sugerimos a leitura da Parte IV do MCASP. FONTE: MCASP. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 7. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2017. Disponível em: <https://www. tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/563508/MCASP+7%C2%AA%20 edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Republica%C3%A7%C3%A3o+2017+06+02. pdf/3f79f96f-113e-40cf-bbf3-541b033b92f6>. Acesso em: 19 jul. 2018. 4.1 PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO – PCASP As informações que a contabilidade pública deve gerar são organizadas e estruturadas através de um conjunto de contas padronizado que se chama Plano de contas aplicado ao setor público – PCASP. O conceito de plano de contas, segundo o MCASP (2017, p. 340), é: Plano de contas é a estrutura básica da escrituração contábil, formada por uma relação padronizada de contas contábeis, que permite o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade de maneira padronizada e sistematizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis de acordo com as necessidades de informações dos usuários. TÓPICO 2 | A CONTABILIDADE PÚBLICA BRASILEIRA 27 Para o pesquisador Silva (2011), o plano de contas tem a função de apresentar o elenco de contas, qual a função individual de cada conta e como a conta se movimenta, ou seja, o seu funcionamento. A estrutura do código das contas do PCASP está dividida em sete níveis de desdobramento, confira como está formada, no quadro a seguir: QUADRO 4 – ESTRUTURA DO CÓDIGO DA CONTA CONTÁBIL X . X . X . X . X . XX . XX 1º Nível – Classe (1 dígito) 2º Nível – Grupo (1 dígito) 3º Nível – Subgrupo (1 dígito) 4º Nível – Título (1 dígito) 5º Nível – Subtítulo (1 dígito) 6º Nível – Item (2 dígitos) 7º Nível – Subitem (2 dígitos) FONTE: MCASP (2017, p. 343) Agora vamos compreender como fica o PCASP estruturado com as contas já determinadas pelo STN até o segundo nível, confira no quadro a seguir: QUADRO 5 – PCASP SETOR PÚBLICO SEGUNDO NÍVEL PCASP 1 – Ativo 1.1 - Ativo Circulante 1.2 - Ativo Não Circulante 2 – Passivo e Patrimônio Líquido 2.1 - Passivo Circulante 2.2 - Passivo Não Circulante 2.3 - Patrimônio Líquido 3 – Variação Patrimonial Diminutiva 3.1 - Pessoal e Encargos 3.2 - Benefícios Previdenciários e Assistenciais 3.3 - Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital Fixo 3.4 - Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras 3.5 - Transferências e Delegações Concedidas 3.6 - Desvalorização e Perda de Ativos e Incorporação de Passivos 3.7 - Tributárias 3.8 - Custo das Mercadorias Vendidas, dos Produtos Vendidos e dos Serviços Prestados 3.9 - Outras Variações Patrimoniais Diminutivas 4 – Variação Patrimonial Aumentativa 4.1 - Impostos,
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