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Identificar conceitos e contextos históricos da biodiversidade

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` 
!Identificar conceitos e contextos históricos 
da biodiversidade 
Por	William	Barreto-	Acadêmico	de	Ciências	Biológicas. 
CONCEITO DE BIODIVERSIDADE 
Biodiversidade é a variedade de seres vivos (Plantas, animais, fungos e microrganismos.) da 
Terra, considerando todas as suas formas e interações. E= uma das caracterı́sticas mais 
complexas e vitais do nosso planeta, e talvez por isso não haja consenso entre os especialistas 
quanto a esse termo. 
Biodiversidade é um termo essencial na ecologia e apresenta-se basicamente em três nı́veis: 
I 
DIVERSIDADE GENÉTICA 
Foto: Shutterstock.com. 
DIVERSIDADE DE ESPÉCIES 
Foto: Shutterstock.com. 
DIVERSIDADE DE ECOSSISTEMAS 
BIODIVERSIDADE EM NÚMEROS 
Em nı́vel mundial, já foram catalogadas cerca de 1,8 milhões de espécies de plantas, fungos, 
animais e bactérias. Entretanto, estima-se que existam cerca de 8 a 10 milhões de espécies. 
POR QUE EXISTE DIFERENÇA ENTRE O CATALOGADO E O ESTIMADO? 
Essa diferença reside na carência de pesquisas de exploração dos diferentes ambientes da 
Terra para catalogação da vida existente. O mais preocupante é que, enquanto isso, muitas 
espécies são perdidas principalmente em razão da ação do homem. 
Foto: Alexasokol83/ Shutterstock.com. 
! EspéciescatalogadasexibidasnoMuseuSenckenberg. 
DISTRIBUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO PLANETA 
A maior biodiversidade do nosso planeta está nos trópicos, próximo à Linha do Equador. 
Quanto mais afastados dos trópicos estivermos, menor ela será. Em regiões temperadas, a 
biodiversidade também é baixa, diminuindo gradativamente em direção aos polos. Ela 
também diminui com o aumento da latitude. Portanto, as espécies estão distribuídas em 
nosso planeta de acordo com gradientes latitudinais de diversidade. 
Em relação à distribuição da diversidade ao redor do globo, conhecida como padrões de 
diversidade , observa-se que as comunidades das regiões temperadas apresentam espécies 
dominantes com uma grande quantidade de indivı́duos da mesma espécie. Já nas regiões 
tropicais, existem muitos indivı́duos de diferentes espécies. Há também uma tendência no 
aumento do número de espécies em regiões de baixas latitudes diminuindo em direção as 
latitudes mais elevadas. 
Um exemplo é a distribuição de corais ao longo do globo. Há uma diversidade de corais em 
função do gradiente latitudinal. Note que, nas baixas latitudes (próximo à Linha do Equador), 
as temperaturas são mais elevadas. 
Imagem: Fischer (1960, p. 66). 
! Diversidadedecoraisemfunçãodogradientelatitudinal. 
DISTRIBUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL 
O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo, com cerca de 12% de toda a vida natural 
do planeta. Nosso paı́s tem proporções continentais com diferentes zonas climáticas, 
variando entre semiárido, tropical úmido até áreas temperadas. Isso possibilita a formação 
de diversas zonas biogeográficas, tais como: 
Foto: Shutterstock.com. 
CAATINGA 
Foto: Shutterstock.com. 
CERRADO 
Foto: Shutterstock.com. 
MATA ATLÂNTICA 
Foto: Shutterstock.com. 
CAMPOS SULINOS OU PAMPAS 
Foto: Shutterstock.com. 
PANTANAL 
Foto: Shutterstock.com. 
FLORESTA AMAZÔNICA 
Além disso, nosso paı́s apresenta uma grande costa com enorme variedade de ecossistemas 
associados, tais como lagoas, lagos e manguezais. 
O BRASIL TEM 7.637KM DE LITORAL, QUE ABRIGA UMA ENORME FLORA E FAUNA 
LITORÂNEA. COM EXTENSOS ESTUÁRIOS, LAGOAS COSTEIRAS E MANGUES, MAIS DE 
3.000KM DE RECIFES DE CORAL E HABITATS BENTÔNICOS QUE ATRAVESSAM 
AMBIENTES TROPICAIS, SUBTROPICAIS E TEMPERADOS, O BRASIL TEM ENFRENTADO 
SIGNIFICATIVOS DESAFIOS NA SUA CONSERVAÇÃO. 
(BRANDON et al., 2005, p. 8). 
AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE 
Há décadas discutem-se problemas ambientais, em especial aqueles ligados à perda de 
biodiversidade. A drástica queda da biodiversidade está diretamente associada à perda 
acelerada do número de espécies vegetais, animais e de fungos, em especial nos paı́ses 
tropicais. 
O PLANETA VIVE UMA CRISE DE BIODIVERSIDADE, CARACTERIZADA PELA PERDA 
ACELERADA DE ESPÉCIES E DE ECOSSISTEMAS INTEIROS. ESSA CRISE AGRAVA-SE COM 
A INTENSIFICAÇÃO DO DESMATAMENTO NOS ECOSSISTEMAS TROPICAIS, ONDE SE 
CONCENTRA A MAIOR PARTE DA BIODIVERSIDADE. NO BRASIL, A PERDA E A 
FRAGMENTAÇÃO DE HABITATS AFETAM TODOS OS BIOMAS. ELA É MAIS GRAVE NA 
MATA ATLÂNTICA, ONDE A VEGETAÇÃO NATIVA FICOU RESTRITA A PEQUENOS 
FRAGMENTOS, MAS TAMBÉM ATINGE EXTENSAS ÁREAS NO CERRADO, NO PAMPA E NA 
CAATINGA. 
(GANEM, 2011, p. 7) 
Foto: Shutterstock.com. 
A diversidade se reflete na capacidade de os organismos sobreviverem após e durante um 
perı́odo não favorável ou adverso que altera as condições climáticas do planeta, modificando 
também a flora, a fauna e a micota. 
A GRANDE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES FOI O QUE PERMITIU A RECUPERAÇÃO DA VIDA 
EM NOSSO PLANETA APÓS AS VÁRIAS CRISES PELAS QUAIS ELE PASSOU; MUDANÇAS 
CLIMÁTICAS GLOBAIS, MOVIMENTOS DE CONTINENTES, ERUPÇÕES VULCÂNICAS, 
CHOQUES DE METEOROS, ENTRE OUTROS FATORES QUE ALTERARAM E AINDA 
ALTERAM DRASTICAMENTE A VIDA SOBRE A TERRA. 
(ANDREOLI et al., 2014, p. 444) 
O desmatamento contribui de forma significativa para a perda de habitat e as mudanças 
climáticas. Nesse sentido, as alterações climáticas, tais como o aquecimento global, 
contribuem para a perda de habitat de várias espécies. O mamı́fero pangolim, nativo de 
florestas tropicais africanas, por exemplo, está ameaçado de extinção por conta da caça 
furtiva e da perda de habitat natural. O desmatamento e a exploração madeireira em 
florestas tropicais contribuem para a perda de habitat e as mudanças climáticas. 
Foto: Shutterstock.com. 
! Pangolim,mamı́feroafricanoameaçadodeextinção. 
Foto: Shutterstock.com. 
! Ursospolaressãoestenotérmicos. 
As mudanças climáticas, por sua vez, afetam a vida na Terra. As espécies que mais sofrem 
com essas alterações são as denominadas estenotérmicas (Seres vivos que não toleram 
grandes variações de temperatura.) , tais como os ursos polares, diferentemente de outros 
seres vivos, como o salmão, que são chamados eurialinos (Seres vivos que suportam grandes 
variações de salinidade.) . Evidentemente, seres vivos capazes de viver apesar das grandes 
oscilações ambientais têm vantagens adaptativas em relação àqueles que não são capazes. 
" VOCÊ SABIA 
A maioria dos peixes é estenoalina, o que significa que ou eles vivem na água salgada ou na 
água doce. 
Em relação às expectativas para um futuro nem tão distante, estima-se que cerca de 50% 
das espécies de mamı́feros, aves e répteis sejam perdidos nos próximos 300 a 400 anos. 
Essa tendência indica que o desaparecimento de populações é o prelúdio para a extinção de 
espécies. 
PERDA DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL 
No Brasil, atualmente, um dos maiores problemas é o desmatamento. Entre julho e agosto 
de 2020, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou um 
aumento de 34% na taxa de desmatamento da Amazônia nos últimos 12 meses. Foram mais 
de 9,2 mil km2 de florestas derrubadas. O mesmo perı́odo em 2018/2019 já tinha registrado 
um aumento de 50% em relação ao ano anterior. 
Gráfico: Terrabrasilis/INPE/ CC BY-AS 4.0. 
! 
Gráficocomparativodosanosde2015/2016a2019/2020emrelaçãoaodesmatamentodaAmazôni
a. 
Segundo um levantamento feito pelo projeto MapBiomas Alerta, mais de 99% dos 
desmatamentos registrados no Brasil em 2019 tiveram algum tipo de irregularidade, ou 
porque o desmatamento foi feito sem autorização legal ou porque avançou sobre alguma 
área proibida, como Unidades de Conservação (UC), terras indı́genas e A= reas de Preservação 
Permanente (APPs). 
O desmatamento em florestas tropicais do Brasil causa perda de biodiversidade no planeta. 
O impacto do desmatamento continuado em áreas com poucos remanescentes florestais e 
altos nı́veis de endemismo, como a Mata Atlântica,é muito maior. 
Foto: Joa Souza/Shutterstock.com. 
! 
ExtraçãoilegaldemadeiranaReservaNaturaldaMataAtlântica,nomunicı́piodeItabela,suldaBahia. 
O vı́deo a seguir apresenta informações importantes sobre as diversas ameaças à nossa rica 
biodiversidade. Assista! 
BIODIVERSIDADE MARINHA X BIODIVERSIDADE TERRESTRE 
 
Biodiversidade marinha é o termo usado para se referir à variedade de organismos que 
vivem em ambiente marinho. Fauna, flora, microrganismos (fitoplâncton e 
zooplâncton) e ecossistemas marinhos associados, tais como manguezais, também 
compõem a biodiversidade de ambientes de água salgada. 
zooplâncton) e ecossistemas marinhos associados, tais como manguezais, também 
compõem a biodiversidade de ambientes de água salgada. 
 
Imagem: Shutterstock.com. 
A biodiversidade marinha é maior que a terrestre. Temos que levar em consideração 
que dois terços da superfı́cie do planeta são cobertos por mares e oceanos. Outro fator a 
ser considerado é que a vida no ambiente terrestre só teve inı́cio cerca de 3,5 bilhões de 
anos depois do surgimento de vida nos mares. 
Parece difı́cil conceber que há maior variedade de vida nos oceanos do que na Floresta 
Amazônica. Isso porque não conhecemos os mares, e mesmo para a ciência o ambiente 
marinho permanece um mistério. 
# SAIBAMAIS 
A vida nos ecossistemas terrestres depende muito dos ecossistemas aquáticos. A 
manutenção de elementos essenciais, como carbono, nitrogênio e fósforo, depende 
dos ciclos biogeoquı́micos que ocorrem predominantemente nos mares e oceanos, 
auxiliando a preservação e o equilı́brio no planeta. 
A perda da biodiversidade marinha não se dá somente pela poluição dos mares. No Brasil, 
cerca de 95% do comércio exterior é transportado via marı́tima. A água de lastro é 
responsável pelo transporte de animais exóticos nocivos. Esses organismos podem causar 
tanto o desequilı́brio de ecossistemas marinhos quanto afetar diretamente a saúde humana. 
Um exemplo é o caso do Vibrio cholerae. Essa bactéria se espalhou pelo mundo e afetou 
atividades de pesca e maricultura (Cultura em ambiente marinho, por exemplo, cultura de 
camarão, mexilhão e de peixes como a tilápia. ) , provocando diversos casos de cólera. 
Fonte: Shutterstock.com. ! Vibriocholerae. 
$ EXEMPLO 
Outro tipo de animais exóticos nocivos que causam distúrbios em ecossistemas no Brasil 
são os mexilhões dourados. Eles podem se incrustar sobre conchas e partes moles de 
moluscos bivalves e gastrópodes, eliminando as espécies nativas e contribuindo para a 
perda da biodiversidade nos oceanos. Além disso, causam grandes prejuı́zos econômicos, 
pois se incrustam em tubulações e bombas de captação e tratamento de água e também 
em sistemas de resfriamento de hidrelétricas e de barcos, aumentando os custos com 
manutenção de equipamentos e maquinário. 
CONCEITOS DE ESPÉCIE 
Não existe um único conceito de espécie. Os diversos conceitos não se excluem, não se 
invalidam. São abordagens diferentes que levam em consideração distintos aspectos 
biológicos, como veremos a seguir. 
A diversidade da vida deve ser estudada em todos os seus nı́veis: diversidade genética, 
diversidade de espécies, diversidade de ecossistemas. Contudo, a diversidade de espécies é, 
sem dúvida, a mais estudada. O conceito de espécie sofre grande influência do 
conhecimento de genética, assim como dos processos evolutivos. 
CONCEITO MORFOLÓGICO DE ESPÉCIE 
Nesse conceito, admite-se que uma espécie é um conjunto de seres com as mesmas 
caracterı́sticas morfológicas, ou seja, os seres assemelham-se entre si. Esse conceito não é 
bem aceito pela comunidade acadêmica, pois apresenta alguns problemas. Vamos citar, por 
exemplo, as espécies crípticas e politípicas, que apresentam dimorfismo sexual ou grande 
plasticidade fenotı́pica. 
CRÍPTICAS POLITÍPICAS 
CRÍPTICAS 
São espécies morfologicamente muito semelhantes entre si (somente o especialista no 
grupo é capaz de separá-las), mas que apresentam pequenas diferenças morfológicas ou 
fisiológicas e comportamentais, como as aranhas do gênero Paratrechalea. 
POLITÍPICAS 
Grupo de indivı́duos que apresentam diferenças nos padrões de pelagem, ou cor das asas, 
mas que são da mesma subespécie (ou raça geográfica), como as borboletas Heliconius 
erato. 
Foto: Shutterstock.com. 
Em casos de dimorfismo sexual, como na imagem acima, por exemplo, os machos da 
espécie Tragelaphus angasii são morfologicamente diferentes das fêmeas, apresentando 
diferentes padrões de coloração, ornamentos (como chifres) e tamanho dos indivı́duos 
adultos. Segundo o conceito morfológico de espécies, eles não poderiam se enquadrar como 
uma espécie. 
Um exemplo muito extremo de dimorfismo sexual é o caso do peixe-diabo (Melanocetus 
spp.). Enquanto as fêmeas são grandes (18cm), os machos não ultrapassam os 3cm de 
comprimento. Os machos dessa espécie vivem como parasitas no corpo da fêmea, retirando 
os nutrientes necessários para a sua sobrevivência. A fêmea possui uma antena 
bioluminescente em sua cabeça e, dessa forma, atrai presas para se alimentar. Esses peixes 
vivem em grandes profundidades, chamadas de zonas abissais. 
Imagem: Shutterstock.com. 
! Peixe-diabofêmeacomdoispeixes-diabomachosagarradosaoseucorpo. 
CONCEITO EVOLUTIVO DE ESPÉCIE 
Segundo esse conceito, as espécies são linhagens (Linhagens são sequências de populações 
ancestrais que geram os descendentes atuais.) com tendências evolutivas próprias que 
evoluem a partir de outras linhagens. O grande problema desse conceito é conhecer a 
temporalidade, ou seja, como as diferentes linhagens evoluı́ram ao longo de determinado 
espaço de tempo. 
Imagem: Shutterstock.com. 
! Evoluçãodocavalonosúltimos55milhõesdeanos. 
CONCEITO FILOGENÉTICO DE ESPÉCIE 
Esse conceito estabelece a definição de espécie como o menor grupamento que compartilha 
caracterı́sticas derivadas — esse grupo compartilha uma história evolutiva. As 
caracterı́sticas derivadas estão presentes nos grupos mais recentes, ou seja, são 
caracterı́sticas novas. Diferem, portanto, das caracterı́sticas primitivas que estão presentes 
nas espécies mais antigas, “ancestrais”. 
& COMENTÁRIO 
O problema desse conceito é que não fica clara a delimitação dos caracteres que são 
caracterı́sticos das espécies, além de ser um conceito em que se deve levar em 
conta a temporalidade. 
CONCEITO ECOLÓGICO DE ESPÉCIE 
Nesse conceito, as espécies são consideradas conjuntos de indivı́duos que ocupam a mesma 
zona adaptativa. Eles são minimamente diferentes de outros indivı́duos semelhantes e os 
grupamentos de indivı́duos evoluem separadamente. 
Os problemas associados a esse conceito são a necessidade do fator temporal e a definição 
adicional do termo “zona adaptativa”. 
CONCEITO BIOLÓGICO DE ESPÉCIE 
Segundo esse conceito, espécie é definida como grupamentos de indivı́duos capazes de se 
intercruzar e gerar descendentes férteis. Esses grupos de indivı́duos são isolados do ponto 
de vista reprodutivo de outros grupos de organismos semelhantes. 
Assim como nos outros casos, esse conceito apresenta problemas, como, por exemplo, 
exigir muitos conhecimentos da biologia dos organismos e a aplicação restrita a indivı́duos 
que realizam fertilização cruzada. 
Os mecanismos de isolamento reprodutivo podem ocorrer por barreiras pré-zigóticas ou 
pós-zigóticas. 
O conceito biológico de espécie reconhece que tanto indivı́duos quanto populações podem 
variar na aparência e ainda pertencerem à mesma espécie, desde que possam se 
reproduzir dando origem a descendentes férteis. No caso de alguns vegetais e 
microrganismos, esse conceito não se aplica, porque podem apresentar sistemas 
reprodutivos diferentes entre os indivı́duos. Dessa forma, o conceito de espécie biológica 
baseado na capacidade de intercruzamento nãofunciona. 
Para contornar esse problema, atualmente, o conceito de espécie biológica se baseia em 
diferenças genéticas e na morfologia externa mais do que na separação reprodutiva. 
% ATENÇÃO 
A maneira mais fácil de verificar a diversidade de determinada região é listar e contar as 
espécies existentes. Para alguns vegetais e microrganismos, o que contamos são formas 
distintas e não exatamente espécies biológicas. Por isso, a diversidade apresenta distintos 
significados para os grupos de plantas, animais e microrganismos. 
MOVIMENTOS PELA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E CONTEXTOS HISTÓRICOS 
ASSOCIADOS 
A origem da biodiversidade atual é explicada pela teoria desenvolvida pelo geógrafo Aziz 
Ab'Saber (1924-2012), conhecida como Teoria dos Refúgios. Segundo ela, a fauna ficou 
isolada em ilhas de vegetação (perı́odo de retração da flora) e sofreu o processo de 
especiação biológica. Milhares de anos depois, as florestas se expandiram novamente e a 
fauna já estava diversificada. No perı́odo de retração, fauna e flora passaram pelo processo 
de especiação e produziram novas espécies, diferentes daquelas que existiam 
anteriormente. 
A biodiversidade é responsável pelo equilı́brio, pela dinâmica e estabilidade dos 
ecossistemas. E= usada com base em atividades humanas, tais como agrı́colas, pecuárias, 
pesqueiras, florestais e para a indústria da biotecnologia como fonte de intenso uso 
econômico. 
Um exemplo de equilı́brio e estabilidade na dinâmica de ecossistemas com interferência 
antrópica é a visita excessiva de turistas em uma ilha, que pode gerar degradação 
ambiental. Um ecossistema aberto, como uma ilha, é capaz de se autorregular por meio da 
homeostase. Na Ilha do Mel, no Paraná, existe um controle sobre o número de visitantes. 
Assim, mantendo o baixo fluxo de pessoas, a ilha consegue realizar a sua autorregulação, o 
que contribui para a homeostase local. 
Foto: Shutterstock.com. 
! NaIlhadoMel,ocontroledevisitantespossibilitarealizaraautorregulaçãolocal. 
O SURGIMENTO DO AMBIENTALISMO NO MUNDO E A BIODIVERSIDADE 
No pós-guerra mundial, na Europa e América das décadas de 1950, 1960 e 1970, surgiram 
muitos movimentos sociais que pregavam a paz e o amor. Esses movimentos defendiam 
objetivos diferentes, mas tinham em comum a percepção de que os princı́pios de 
desenvolvimento do capitalismo seriam insustentáveis para o meio ambiente a longo prazo. 
Imagem: Shutterstock.com. 
Nos anos iniciais da década de 1980, diversos estudos começaram a evidenciar o 
preocupante aumento da perda de espécies e ecossistemas e a analisar como esse 
fenômeno poderia modificar drasticamente a estrutura e o funcionamento da biosfera. 
O termo biodiversidade foi empregado oficialmente pela primeira vez em 1986, mas 
foi idealizado um ano antes por Walter G. Rosen durante o planejamento do Fórum sobre 
Diversidade Biológica (National Forum on BioDiversity) que ocorreu nos EUA. Ali foram 
discutidas e apresentadas questões relevantes a respeito da conservação da natureza, 
destruição de habitats e extinção de espécies vegetais e animais. 
MARCOS DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL E NO MUNDO: CONFERÊNCIA RIO-92 E 
CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA (CDB) 
Na década de 1990, diversas iniciativas internacionais concentraram-se em questões 
especı́ficas sobre como a diversidade impacta diretamente os ecossistemas. Neste cenário, 
surgiu a Conferência Rio-92, também conhecida como Eco-92 ou Cúpula da Terra, 
ocorrida no Rio de Janeiro, que mudou completamente o modo de a humanidade enxergar 
a diversidade biológica. 
A diversidade biológica, antes considerada um conceito puramente teórico utilizado 
estritamente por ecólogos e ativistas ambientais de forma bastante técnica, passou a ter 
grande interesse público e foi alvo de diversos debates polı́ticos. 
Na Eco-92, foi assinada a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB). Esse é um 
dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente tratados 
pela Organização das Nações Unidas. 
A convenção está embasada em três pilares: a conservação da diversidade biológica, o 
uso sustentável dessa biodiversidade e a repartição justa e igualitária dos benefícios 
resultantes da utilização de recursos genéticos provenientes da biodiversidade. 
Vinte anos depois da Eco-92, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre 
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, também na cidade do Rio de Janeiro, com o 
objetivo de definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. 
Foto: Blog do Planalto/wikimedia Commons/CC BY-AS 2.0. ! 
Lı́deresmundiaisreunidosnaRio+20. 
Apesar desses esforços, quase todos os indicadores de diversidade biológica estão indo na 
direção contrária ao esperado, como a gradual perda de habitats, os impactos das espécies 
invasoras e a degradação dos ecossistemas. O baixo orçamento destinado à proteção da 
natureza por parte das entidades governamentais e o não cumprimento das metas da 
Convenção sobre a Diversidade Biológica estão entre os principais fatores desse fracasso. 
MEGADIVERSIDADE E MENSURAÇÕES DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA 
“Paı́s de megadiversidade” é a expressão utilizada pela Conservation International (CI) para 
denominar os paı́ses mais ricos em biodiversidade do mundo. Para avaliar a 
megadiversidade de um paı́s, levam-se em conta o número de plantas endêmicas e o 
número total de anfı́bios, répteis, aves e mamı́feros. 
O Brasil está entre os 17 paı́ses mais megadiversos do mundo, assumindo nesse ranking a 
posição número 1. 
Nossa posição de primeiro colocado no ranking se deve ao elevado número de espécies 
nativas. São aproximadamente 1.026 anfı́bios, 684 répteis, 1.796 aves e 701 
mamı́feros em todo o território brasileiro. 
Em relação ao número de endemismos, são 19.731 espécies de plantas, 373 de algas e 48 
de fungos (FLORA DO BRASIL, 2020). 
A flora brasileira também é riquı́ssima e conta com cerca de 38.760 espécies de plantas, 
6.320 de fungos e 4.993 de algas (FLORA DO BRASIL, 2020). Esses resultados indicam que 
o Brasil é o paı́s com o maior número de plantas do mundo — é considerado o mais rico 
em plantas vasculares (Pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.) (35.745). Alguns 
exemplos de nossa megadiversidade: 
Foto: Shutterstock.com. 
A Arara-Azul (Anodorhychus hyacinthinus) 
Foto: Shutterstock.com. 
Flores e folhas de pau-brasil (Paubrasilia echinata), endêmico do litoral do Brasil. 
COMO MEDIR A DIVERSIDADE BIOLÓGICA 
A diversidade biológica pode ser calculada utilizando-se diferentes ı́ndices. Entre eles, 
temos o índice de dominância de Simpson, que evidencia a “concentração” de espécies 
dominantes, ou seja, quanto maior o valor, maior será a dominância por uma ou poucas 
espécies. Esse ı́ndice é reconhecido por atribuir um peso maior às espécies comuns. 
D = ∑[
ni (ni −1)
] 
N (N −1) 
 Fórmula referente ao ı́ndice de Simpson (D), onde: 
ni = número de indivı́duos na espécie i 
N = número total de indivı́duos da comunidade 
O índice de Shannon também é bastante utilizado. Ele considera um peso igual para as 
espécies raras e as abundantes. Dessa forma, o valor H é diretamente proporcional à 
diversidade existente na comunidade em estudo. 
H = − ∑ 
S
i = 1 
p i l o g b p i

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