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Gestão de Energia na Indústria Edson Fernando Escames APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Gestão de Energia na Indústria, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 7 1 FONTES NÃO RENOVÁVEIS DE ENERGIA ........................................................................... 11 1.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................15 1.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................15 2 FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA ........................................................................................ 17 2.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................21 2.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................21 3 ENERGIA NO MUNDO E NO BRASIL ....................................................................................... 23 3.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................33 3.2 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................33 4 ENERGIA E MEIO AMBIENTE ........................................................................................................ 35 4.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................39 4.2 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................39 5 HISTÓRIA DA ELETRICIDADE ...................................................................................................... 41 5.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................47 5.2 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................47 6 HIDRELETRICIDADE ........................................................................................................................... 49 6.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................56 6.2 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................56 7 TERMELETRICIDADE.......................................................................................................................... 57 7.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................65 7.2 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................65 8 TERMONUCLEAR ................................................................................................................................. 67 8.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................75 8.2 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................75 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 77 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 79 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 83 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Prezado(a) aluno(a), O objetivo geral deste curso é formar Engenheiros com capacidade para o planejamento, execu- ção, monitoramento e avaliação de sistemas de prevenção e controle da poluição ambiental e promoção da qualidade ambiental, através da aplicação de princípios tecnológicos, além de formar profissionais generalistas, com base científica e conhecimentos amplos e abrangentes, em todas as áreas da produção, considerando os aspectos humanos, sociais, econômicos, materiais, energéticos, tecnológicos e ambien- tais, para atender às demandas de empresas industriais e de serviços. Esta apostila e a disciplina Gestão de Energia na Indústria buscam favorecer o estudo do tema gestão de fontes de energia e a questão socioambiental, além de desenvolver os conhecimentos e ha- bilidades para usá-los com sabedoria no exercício da profissão de engenheiro ambiental. Ao término da disciplina o aluno deverá ser capaz de reconhecer as relações existentes entre as fontes energéticas, pro- cessos de transformação de energia, centrais energéticas e as alternativas energéticas conhecidas, bem como de refletir sobre os problemas e experiências no âmbito da engenharia. Dessa forma, o conteúdo está dividido em: fontes não renováveis e renováveis de energia, energia no mundo e no Brasil, energia e meio ambiente, história da eletricidade, hidroeletricidade, termeletricidade e termonuclear. Por fim, é realizada a conclusão e as sugestões de respostas para as questões (provocações) apresentadas ao longo da apostila. Será um prazer acompanhá-lo(la) ao longo desse caminho de aprendizado! Prof. Edson Fernando Escames APRESENTAÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 INTRODUÇÃO A demanda mundial por energia aumentou nos últimos 150 anos, acompanhando o desenvolvi- mento industrial e o crescimento populacional. Especialistas preveem que a procura por energia deve continuar a crescer em ao menos 50% até 2030, na medida em que países em desenvolvimento como a China, a Índia e o Brasil procurarem manter seu rápido crescimento econômico. Figura 1 – Demanda mundial por energia primária (equivalente embilhões de toneladas de petróleo). Fonte: IEA (2012). As maiores fontes da energia global (responsáveis por cerca de 80% da energia consumida no mun- do atualmente) são o carvão, o petróleo e o gás natural, os chamados “combustíveis fósseis”, por terem surgido séculos atrás a partir de restos de plantas e animais mortos, ricos em carbono. No entanto, essas fontes são limitadas e um dia vão se esgotar. Nas últimas décadas, também tem aumentado a preocupação sobre o impacto ambiental do uso desses combustíveis. Importantes cientistas especialistas em clima alertam que o aumento das emissões de gases do efeito estufa, criados pela queima de combustíveis fósseis e por outras atividades humanas, precisa ser revertido substancialmente para evitar mudanças climáticas perigosas e, pelo menos, reduzir a extinção e permitir a adaptação das espécies. A pressão para substituir o uso dos combustíveis fósseis colocou em evidência as chamadas “fontes renováveis de energia”, como, por exemplo, o Sol e o movimento dos ventos. Mas essas opções também enfrentam desafios: as tecnologias viáveis ainda estão sendo desenvolvidas, e os custos de instalação tendem a ser altos. Infelizmente, essas fontes de energia não devem conseguir uma fatia muito expressi- va do mercado nos próximos 25 anos. Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Figura 2 – Demanda mundial futura projetada por energia primária (equivalente em bilhões de toneladas de petróleo) Fonte: IEA (2005 apud BBC BRASIL, 2013). Histórico do uso da energia pelo homem O homem, ao longo de sua história, foi modificando a sua relação com os recursos naturais. Des- de o surgimento de nossos ancestrais, demorou muito para que houvesse um aumento do consumo energético, que foi se acelerando principalmente a partir do surgimento da agricultura, há 15.000 anos, e, depois, com a utilização de combustível fóssil, na Revolução Industrial, no século XVIII. Hoje, além do modo de vida moderno precisar de muito mais energia, a população mundial nunca foi tão grande, o que significa uma enorme pressão sobre os recursos naturais. Isso pode ser mais bem demonstrado na relação apresentada a seguir. A energia necessária para o ser humano adulto permanecer vivo é de 1.000 kcal, ou 240.000 joules. O homem primitivo (Leste da África, aproximadamente 1 milhão de anos atrás), sem o uso do fogo, dispunha apenas da energia de alimentos que ingeria (2.000 kcal/dia). O homem caçador (Europa, aproximadamente 100 mil anos atrás) dispunha de mais ali- mentos e também queimava madeira para obter calor e cozinhar (6.000 kcal/dia). O homem agrícola primitivo (Mesopotâmia, 5 mil anos atrás) utilizava a energia de animais de tração para semear (12.000 kcal/dia). O homem agrícola avançado (Noroeste Europeu, em 1400 d.C.) usava carvão para aqueci- mento, a força da água, do vento e o transporte animal (20.000 kcal/dia). O homem industrial (Inglaterra, em 1875) dispunha da máquina a vapor (77.000 kcal/dia). O homem tecnológico (EUA, em 1970) consumia 230.000 kcal/dia. Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Figura 3 – O progressivo uso da energia ao longo da história da humanidade. Fonte: Goldemberg e Lucon (2008). Energia e meio ambiente A questão energética tem um significado bastante relevante no contexto da questão ambiental e da busca do desenvolvimento sustentável. O suprimento eficiente de energia é considerado uma das condições básicas para o desenvolvimento econômico. A agenda estratégica pressupõe a questão ener- gética, o transporte e as telecomunicações. Além disso, os desastres ecológicos e humanos das últimas décadas têm relação íntima com o suprimento de energia. A Convenção do Clima tem uma importância muito grande e uma relevância particular para a ques- tão energética, pois a matriz energética mundial depende 80% de combustíveis fósseis, que emitem os gases de efeito estufa na atmosfera. O desenvolvimento sustentável considera que deve haver maior eficiência energética e uso de recursos primários renováveis. Além disso, devem existir políticas que tentem redirecionar as escolhas tecnológicas e os investimentos no setor tanto no suprimento quanto na demanda, bem como o com- portamento dos consumidores. O setor energético produz impactos ambientais em toda a sua cadeia de desenvolvimento, desde a captura de recursos naturais básicos para seus processos de produção até seus usos finais por diversos tipos de consumidores. A sociedade moderna tem como um dos principais constituintes a energia. A partir dela, foram possíveis as grandes transformações que ocorreram com a humanidade ao longo de milhares de anos, sendo a energia considerada uma das bases da civilização. É por meio do seu uso que se criam bens a partir dos recursos naturais, fornecendo muitos dos serviços dos quais a população tem-se beneficiado. Os seres humanos já dependeram muito de sua força muscular para gerar energia e conseguir realizar seus trabalhos. Porém, com o uso de recursos energéticos, tal situação mudou, sendo possível que esses trabalhos fossem ser realizados de forma mais produtiva. Com o passar dos anos, a energia assumiu um papel fundamental na substituição de homens e animais pelas máquinas (HINRICHS et al., 2010). A partir da Revolução Industrial, com o vertiginoso processo de industrialização, surgiu uma gran- de necessidade de energia e de novas fontes primárias que apresentassem maior densidade energética. No século XIX, a descoberta da eletricidade, a invenção de máquinas elétricas e o surgimento de veículos Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 automotores fizeram ressurgir a necessidade de outros combustíveis com maior poder energético, sendo o petróleo um deles. A partir daí, foram lançadas as bases para a introdução da moderna sociedade de consumo, caracterizada por uma enorme intensidade energética (SILVA et al., 2003). As transformações observadas ao longo das revoluções industriais foram seguidas de uma exi- gência progressiva de energia. Os acentuados crescimentos econômico e populacional intensificaram a busca de fontes de energia, sendo que as mais utilizadas foram e ainda são os combustíveis fósseis. Esses recursos energéticos são reservas ou fluxos de energia disponíveis na natureza, muito utilizados para atender às necessidades humanas. Todas essas atividades requerem energia, seja na forma de fluxos energéticos, como calor e energia elétrica, seja na forma de produtos e serviços (SANTOS et al., 2006). Assim, energia e meio ambiente são temas intrinsecamente relacionados, sendo que todas as formas de obtenção de energia implicam impactos ambientais. Após a Revolução Industrial, e particularmente no século XX, devido ao aumento populacional e ao do consumo per capita, houve grande intensificação da degradação do meio ambiente por causa de ações antrópicas. Os recursos naturais foram explorados desenfreadamente, a partir de tecnologia em larga escala para obtenção de energia, sem haver maiores preocupações com a consequência de tais atos (GOLDEMBERG; LUCON, 2008). Além disso, outro ponto relevante sobre a energia é o fato de ela ser fator primordial e limitante para se chegar ao desenvolvimento econômico. Esse desenvolvimento e altos padrões de vida podem ser alcançados pela disponibilidade de abastecimento adequado e confiável de energia (HINRICHS et al., 2010). E, para atender a essas questões, é importante que haja o planejamento energético, que é uma ferramenta que tem como objetivo identificar as alternativas mais adequadas para atender às deman- das da sociedade (SILVA; BERMANN, 2002). De acordo com Silva e Bermann, sua utilidade é assegurar o abastecimento e o suprimento de energia aos menores custos, riscos e impactos socioeconômicos e ambientais para a sociedade. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 FONTES NÃO RENOVÁVEIS DE ENERGIA1 Combustíveis fósseis Carvão Foio principal combustível associado à Re- volução Industrial e continua sendo uma fonte de energia importante no contexto mundial. A produção de carvão mineral em todo o mundo cresceu 65% nos últimos 25 anos. As reservas são abundantes, e estima-se que durem pelo menos mais 164 anos (mais do que o petróleo ou o gás natural). O carvão supre 24% das necessidades primárias de energia mundiais e é a maior fonte para a eletricidade no planeta (40%). No entanto, ele também é o combustível que emite mais ga- ses poluentes proporcionalmente à energia que produz (BBB BRASIL, 2013). Hoje, a principal aplicação mundial do car- vão mineral é a geração de energia elétrica por meio de usinas termelétricas. Em seguida, vem a aplicação industrial para a geração de calor (ener- gia térmica) necessário aos processos de produ- ção, tais como secagem, cerâmicas e fabricação de vidros. Um desdobramento natural dessa ativi- dade, e que também se tem expandido, é a coge- ração, ou utilização do vapor no processo indus- trial, também para a produção de energia elétrica. Figura 4 – Perfil esquemático do processo de produção de energia elétrica a partir do carvão mineral. Fonte: http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par3_cap9.pdf Petróleo Apesar de conhecido desde a Antiguidade, só começou a ser usado como combustível no sé- culo XIX e, em conjunto com as indústrias quími- ca, elétrica e do aço, marcou a segunda Revolução Industrial. Desde o desenvolvimento dos proces- sos de refinamento e o início do boom comercial, há 150 anos, o petróleo assumiu um papel central na economia mundial. Além de ser usado para http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par3_cap9.pdf Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 mover veículos (carros, aviões e navios) e aquecer habitações, ele também fornece matéria-prima para plásticos, produtos químicos, fertilizantes e tecidos, por exemplo. Responde por 6,9% da ge- ração de energia elétrica. Existe a tendência do aumento crescente da cotação do petróleo no mercado internacional, por causa da instabilida- de política em países onde ele é mais extraído e por sinais de que os suprimentos podem estar se esgotando (BBB BRASIL, 2013). Segundo Araújo e Ghirardi (1986), até o primeiro choque do petróleo (1974), o Brasil era bastante dependente da importação desse pro- duto. A situação foi agravada ainda mais a partir do segundo choque, que ocorreu em 1979. Esses eventos e a conjuntura internacional ameaça- ram a segurança do fornecimento para a econo- mia brasileira, elevaram opressivamente o custo das importações de petróleo, provocaram dese- quilíbrio nas contas e recessão econômica. Isso influenciou a política energética brasileira após 1974, que teve como eixo central a substituição do petróleo importado por fontes domésticas de energia, combinadas com esforços para melhor conservação de energia. A estratégia de substitui- ção foi baseada em dois pontos: no aumento da exploração e da produção doméstica do petróleo e, em segundo lugar, na promoção dos combus- tíveis não petrolíferos como uma alternativa para os setores industrial e de transportes, substituin- do, respectivamente, o óleo combustível e a gaso- lina. Foi nessa conjuntura que surgiu, entre outros programas, o Pró-álcool. No setor de eletricidade, o país continuou a implantação de grandes hidre- létricas e pós 1979: Olhando para trás, a característica mais extraordinária do período é que em- presas financeiramente sólidas, como a Petrobras e a Eletrobras, foram forçadas a contrair empréstimos não por necessi- dade própria, mas para suprir o governo com divisas fortes, assim enfraquecendo muito sua posição financeira, especial- mente no setor elétrico. Gás natural É encontrado em bolsões exclusivos (não associado) ou associado a depósitos de carvão ou petróleo. Sua combustão é menos poluente que a do petróleo e do carvão, pois produz menos po- luentes que esses outros combustíveis, principal- mente dióxido de carbono e material particulado. Sua contribuição para a demanda primária mun- dial de energia tende a subir em 25% até 2030. É uma importante fonte para a geração de energia e a produção industrial. O gás natural liquefeito e comprimido também é usado em veículos (BBB BRASIL, 2013). Segundo Hinrichs (2008), o gás natural é um combustível fóssil e não renovável, uma mistura de hidrocarbonetos leves, principalmente meta- no (CH4). É formado a partir da decomposição de matéria orgânica e pode ser encontrado mistura- do com petróleo (gás associado) ou sozinho em reservatórios (gás não associado). O gás natural é de baixo custo, tem queima relativamente lim- pa, alta disponibilidade na natureza e é um ótimo substituto do petróleo. Prates et al. (2006) afirma que, no mundo, as maiores reservas provadas de gás natural estão assim classificadas, em ordem decrescente: Rússia (27% do total mundial), Irã (15%) e Qatar (14%). Na América Latina, as maiores reservas estão loca- lizadas na Venezuela (2,4%) e na Bolívia (0,7%). O Brasil tem 0,2% do total das reservas provadas de Não deixe de assistir a alguns trechos da sé- rie completa A história do petróleo. Trata-se de um rico e indispensável documentário francês que, além de apresentar o histórico do “ouro negro”, mostra importantes fatos geopolíticos e a forma como a economia é influenciada por esse combustível. Fonte: http://www.youtube.com/ watch?v=1HwHkAaHis4 MultimídiaMultimídia Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 gás natural no mundo. Elas estão, em sua maio- ria, situadas no mar (77%) e principalmente na Região Sudeste (67%), próximas dos grandes cen- tros consumidores (São Paulo e Rio de Janeiro). A Região Norte apresenta uma grande reserva con- centrada na Bacia do Rio Solimões. Até os anos de 1990, as reservas brasileiras estimadas de gás, além de não serem representativas, eram pouco exploradas e concentravam-se em alto-mar, ge- ralmente associadas ao petróleo, sendo que a ex- ploração e a produção de gás natural eram mais para complementar e auxiliar a produção de pe- tróleo do que para suprir o mercado de gás. Em 1999, entrou em operação o gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), que permitiu complemen- tar a produção nacional de forma rápida e em grandes volumes, ou seja, de forma mais segura, com o fornecimento de combustível a partir de reservas não associadas da Bolívia. Além disso, nos últimos anos, houve crescimento das reservas de gás natural no Brasil, graças às descobertas de gás não associado na bacia de Santos. Observa- -se enorme vulnerabilidade na oferta de gás no mercado brasileiro: aproximadamente 50% é im- portado de um único país. Além disso, no Brasil, não há uma infraestrutura de gasodutos que per- mita a oferta equilibrada de gás em suas diversas regiões. Tudo isso leva ao risco de racionamento de gás, mesmo admitindo que as importações se mantenham estáveis (PRATES et al., 2006). Em 2005, o consumo de gás natural por seg- mento foi o seguinte: industrial (57%), geração e cogeração de eletricidade (27,1%), consumo au- tomotivo (13,2%), residencial (1,5%) e comercial (1,2%). O setor industrial apresenta estabilidade do consumo, porém varia de acordo com os pre- ços relativos dos combustíveis substitutos, como, por exemplo, o óleo combustível. O segmento au- tomotivo tem tendência de crescimento e é anco- rado e suscetível aos incentivos fiscais. A geração termoelétrica a gás apresenta uma grande varia- ção do consumo, pois é complementar à geração hídrica, devido à sazonalidade do setor elétrico brasileiro. Esse segmento é recente no país e tem uma contribuição ainda pequena para o sistema elétrico. A energia termelétrica é solicitada geral- mente em períodos de estiagem ou para atender à demanda de pico. O risco de déficit de energia diminui quanto maior for a participação termelé- trica na matriz (PRATES et al., 2006). Prates et al. (2006) conclui que o consumo degás natural apresentou grande crescimento nos últimos anos, deixando de ser um subprodu- to na produção de petróleo e de tornar-se uma alternativa para a diversificação da matriz ener- gética brasileira. Afirma, ainda, que houve duas grandes mudanças estruturais no país. A primeira foi a implantação do Gasbol, que proporcionou o aumento no consumo, mas que constituiu uma ameaça pela dependência de um único forne- cedor externo, a Bolívia. A segunda mudança es- trutural, que ainda se encontra em estágio inicial, talvez seja esta: A Petrobras – principal produtora de gás do país, que ao longo dos últimos anos passou a considerar o gás natural um pro- duto estratégico frente a um mercado em franca expansão – atualmente concentra seus esforços no aumento da produção nacional e na diversificação da importa- ção via gás natural liquefeito (GNL). As recentes descobertas de gás não asso- ciado na Bacia de Santos oferecem boas perspectivas para o aumento da partici- pação do gás nacional na oferta de gás. A combinação de gás nacional não-asso- ciado e importação de GNL para atender a demandas sazonais, como a geração termoelétrica, possibilita maior grau de flexibilidade no manejo da oferta. O gás natural pode ser utilizado de maneira a propiciar um desenvolvimento que beneficie e promova o equilíbrio social, pelo incentivo na ge- ração distribuída por meio de geradores elétricos do ciclo Otto, que poderia funcionar também na complementação da rede de energia elétrica e em substituição ao diesel, que, além de onerar a balança de pagamentos nacional, por ser impor- tado, é muito poluente em comparação ao gás natural (BRAGA et al., 2004). É também importante a disponibilização das novas jazidas de gás situadas no litoral da Re- gião Sudeste do país, para completar o gás dispo- Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 nibilizado pelo Gasbol, bem como a implantação da infraestrutura para permitir a utilização do gás natural liquefeito como opção para o mercado de energia brasileiro. Para completar essa ação, é im- portante a interligação e a complementação da rede de gás no território nacional, permitindo o equilíbrio no fornecimento regional e o desenvol- vimento dos diversos setores. Por fim, destaca-se que, para o melhor equi- líbrio entre oferta e demanda regional de gás na- tural, há a necessidade do desenvolvimento das malhas de gasodutos de transporte e de distribui- ção, pois sua extensão é muito limitada compara- da com a dimensão territorial do país. Os setores de termeletricidade, indústria e gás natural veicu- lar são estratégicos no desenvolvimento dessas malhas. Energia nuclear Fissão A fissão nuclear é a base do atual sistema de produção desse tipo de energia. Consiste na divisão dos núcleos de certos isótopos, como o urânio-235, durante a qual é liberada grande quantidade de energia. Reatores nucleares co- merciais começaram a funcionar na década de 1950, e, atualmente, os cerca de 440 que existem respondem por mais de 15% da energia global. Apesar de prometer energia limpa e abundante, a indústria nuclear enfrenta resistência por parte da opinião pública por causa de acidentes (como os dos reatores de Chernobyl, em 1986, e Fuku- shima, em 2011), dificuldades de lidar e impossi- bilidade da destinação ambiental adequada do lixo nuclear. Entretanto, com o aumento dos pre- ços dos combustíveis fósseis e a pressão cada vez AtençãoAtenção Não deixe de conferir a importância dos com- bustíveis fósseis na matriz energética mundial por meio do estudo do “Capítulo 3 – Energia no Mundo e no Brasil”. maior para que diminua a poluição, que agrava o desequilíbrio do efeito estufa, alguns países ainda contemplam a possibilidade de expandir sua ca- pacidade de produção desse tipo de energia (BBB BRASIL, 2013). Fusão Esse sistema parte do princípio da ener- gia liberada ao se forçar a união de dois núcleos atômicos com menor massa, em vez de dividir um núcleo maior. É o processo que cria a energia nas estrelas. Alguns acreditam que a fusão nu- clear irá um dia produzir uma alternativa limpa aos combustíveis fósseis, permitindo criar grande quantidade de energia utilizando combustíveis abundantes, como a água e o lítio, sem produzir rejeitos como poluentes. No entanto, ainda exis- tem muitas dificuldades científicas e técnicas a serem resolvidas antes de essa tecnologia estar disponível para uso comercial, o que não deve ocorrer antes de meados do século XXI (BBB BRA- SIL, 2013). Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 1.1 Resumo do Capítulo 1.2 Atividades Propostas Neste capítulo, foi apresentada a forma de energia que compõe amplamente a matriz energética mundial: os combustíveis fósseis. Além disso, foram apresentados os dois processos para aproveitamen- to da energia nuclear. Realize uma pesquisa e responda às questões a seguir: 1. Quais seriam algumas maneiras de aumentar a economia de combustível em um carro? Justi- fique cada melhoria proposta. 2. Quais são as vantagens e desvantagens da utilização do carvão mineral, do petróleo e do gás natural? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Sol, a origem energética O aproveitamento da energia advinda do Sol é considerado renovável, ou seja, inesgotável na escala terrestre de tempo. Tanto como fonte de calor quanto de luz, é uma das alternativas ener- FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA2 géticas mais promissoras para enfrentarmos os desafios socioambientais do século XXI. Vale lem- brar que o Sol é a origem de praticamente todas as outras fontes de energia, que são, em última instância, derivadas, em sua maioria, da energia do Sol. Veja a seguir. Figura 5 – Fontes de energia. Fonte: Miller (1985 apud INTRODUçãO à ENGENHARIA AMBIENTAL, 2005, p. 54). Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 É a partir da energia solar que se dá a eva- poração, que faz parte do ciclo das águas, que, por sua vez, possibilita o represamento para a ge- ração de eletricidade (hidreletricidade). A radia- ção solar também induz a circulação atmosférica em larga escala, originando os ventos (energia do movimento – energia cinética). Graças à energia do Sol, a biomassa, como, por exemplo, a cana- -de-açúcar, é capaz de se desenvolver, por meio da fotossíntese, para, posteriormente, ser trans- formada em combustível, como o etanol, nas usi- nas. Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) formaram-se a partir da biomassa e de resíduos de plantas e animais, os quais, originalmente, obtiveram a energia neces- sária ao seu desenvolvimento da radiação solar. As reações químicas às quais a matéria orgânica foi submetida, as altas temperaturas e pressões, por longos períodos de tempo, também ocorre- ram a partir do Sol como fonte de energia. Hidreletricidade É um dos mais eficientes tipos de aprovei- tamento, no caso, da energia potencial e/ou ciné- tica da água. Além disso, é a principal forma de produção de energia renovável atualmente. Fun- damenta-se no aproveitamento da força da água, que é conduzida e canalizada para movimentar uma turbina, transformando, dessa forma, ener- gias potencial e/ou cinética em mecânica e, por fim, em energia elétrica, por meio de um gerador. Existe um gasto significativo na construção da usina e da represa associada. Apesar disso, duran- te a operação, a energia hidrelétrica é barata, não tem a desvantagem de produzir altas concentra- ções de dióxido de carbono e não está sujeita a variação dos preços e da oferta de combustíveis. Em 2009, 2,3% da energia produzida no mundo vinha de usinas hidrelétricas. Enquanto no mun- do predomina a termeletricidade, a hidreletrici- dade consiste na principal forma de produção de eletricidade no Brasil (BBB BRASIL, 2013). Fontes de energia alternativa Existem outras formas de energia, denomi- nadas alternativas, que atualmente têm o papel de complementar qualquer sistemaprodutor. Elas são as também chamadas “tecnologias lim- pas”, por não produzirem impactos relevantes; entretanto, sua produção ainda é limitada, apesar do aumento do interesse graças à crescente preo- cupação com a questão ambiental. São pedagó- gicas para a formação da consciência ambiental, quanto à exploração equilibrada dos recursos na- turais quanto ao uso racional da energia. Energia solar É a energia da radiação proveniente do Sol e que pode ser utilizada para aquecimento, inclu- sive da água, ou para geração de energia elétrica por meio de células fotovoltaicas. A maior vanta- gem é que o Sol é uma fonte de energia não po- luidora e renovável. Energia solar fototérmica Está relacionada à quantidade de energia que um determinado corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação solar in- cidente nele. A utilização dessa forma de energia implica saber captá-la e armazená-la. Os coletores solares são equipamentos que têm como objeti- vo específico utilizar a energia solar fototérmica. Saiba maisSaiba mais Energia cinética significa tipos de energia. Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Não deixe de fazer uma consulta ao sítio da Socie- dade do Sol. É a oportunidade de saber como fazer o aquece- dor solar de baixo custo (ASBC). Fonte: http://www.sociedadedosol.org.br/ Energia solar fotovoltaica É a energia obtida por meio da conversão direta da luz solar em eletricidade. É aproveitada por meio das células fotovoltaicas. Instaladas em painéis, elas transformam os raios solares em ener- gia. Os painéis já estão instalados em telhados de muitas casas e estabelecimentos comerciais em todo o mundo. Esse tipo de recurso já é utiliza- do em países com menor incidência solar que o Brasil, como forma de minimizar a ampliação da exploração dos recursos naturais esgotáveis, bem como de atenuar os impactos crescentes sobre o meio ambiente. Em uma escala maior, sistemas de energia solar foram construídos e estão sen- do projetados em várias cidades de países como a Alemanha e os Estados Unidos. A energia solar fotovoltaica é possivelmente a forma mais cara de energia renovável. No entanto, os custos estão caindo, e, uma vez instalado o sistema, o custo de operação é baixo, e a energia é gratuita. Energia das marés Os oceanos têm um grande potencial ener- gético ainda não utilizado. Pouco conhecidas no Brasil, as tecnologias de energia maremotriz são relativamente novas e pouco usadas em compara- ção com as tecnologias para aproveitamento das energias solar e eólica. Os custos ainda são altos, o que significa que, pelo menos por enquanto, é improvável que essa tecnologia seja competitiva do ponto de vista econômico. Segundo o Depar- tamento de Energia dos Estados Unidos, o poten- cial energético das ondas nas áreas costeiras é de entre 2 e 3 milhões de megawatts. O Sul da África, a Austrália e o Norte do Canadá são algumas das regiões consideradas ricas em potencial maremo- triz (BBB BRASIL, 2013). A que está sendo mais realizada é a forma de energia advinda da movimentação das marés. A desvantagem de se utilizar esse processo é que o fornecimento não é contínuo e apresenta baixo rendimento. Além disso, ainda estão sendo pes- quisadas outras formas de aproveitamento das seguintes formas de energia: gradientes de salinidade (por exemplo) na foz dos rios; correntes marinhas; ondas. Existe ainda o potencial de produzir energia aproveitando-se a diferença de temperatura en- tre o fundo dos oceanos e a superfície, aquecida pelo Sol (gradiente térmico entre a superfície e o fundo). Há uma estimativa de que menos de 0,1% da energia solar dos oceanos poderia saciar mais de 20% da demanda diária de energia dos Esta- dos Unidos, por exemplo. Mas a tecnologia para aproveitar esse tipo de energia está, por enquan- to, num futuro distante (BBB BRASIL, 2013). Energia eólica Obtida por meio da ação do vento sobre sistemas de cata-ventos. A energia eólica é, atual- mente, a segunda mais comum forma de energia renovável, sendo superada somente pela hidrele- Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Para avançar no tema, vale a pena conhecer o pro- tótipo piloto de Geração de energia elétrica pelas ondas do mar, que está sendo realizado pelo Ins- tituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fonte: http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo. php?artigo=833. Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 tricidade. As turbinas são enormes e geralmente com dezenas de metros de diâmetro, produzem poucos impactos e são fáceis de ser montadas. Podem ser instaladas tanto em terra quanto no mar, mas a produção de energia depende da exis- tência de ventos. Os críticos também dizem que as turbinas prejudicam muito a paisagem. A Euro- pa é a região do mundo onde mais se aproveita a energia eólica (BBB BRASIL, 2013). Em algumas regiões brasileiras, há potencial para a instalação dessa forma de produzir energia. As desvantagens são o alto custo do equipamen- to comparado à energia gerada, a inconstância devido à falta de ventos e o impacto ambiental decorrente da interferência na rota migratória dos pássaros e nas ondas eletromagnéticas dos meios de comunicação e de televisão. Biomassa Um termo amplo, que abrange materiais não fósseis de origem biológica que constituem uma fonte de energia renovável. Esse material de origem vegetal ou animal pode ser convertido em combustíveis. Alguns tipos de biomassa são mais usados hoje em dia, como os óleos vege- tais, grãos e a cana-de-açúcar. Há cada vez mais veículos em todo o mundo movidos a biocom- bustíveis ou a uma mistura de biocombustíveis e combustíveis fósseis. O Brasil, desde a década de 1970 (primeira crise do petróleo), é o pioneiro mundial no uso do álcool combustível em larga escala (BBB BRASIL, 2013). Biogás O aproveitamento energético do biogás ocorre por meio da combustão do gás natural ob- tido da decomposição anaeróbica de matéria or- gânica (estrume de animais, resíduos domésticos, vegetais etc.). Biocombustível líquido Geralmente obtido a partir da fermentação e decomposição anaeróbica da biomassa (cana- -de-açúcar, lixo orgânico etc.). A energia desse combustível também é obtida por meio de sua queima. É um tema que tem monopolizado a aten- ção nos últimos tempos: o Brasil apresenta enor- me capacidade para produzir biocombustíveis. Já foram provados com o álcool os bons resultados das tecnologias baseadas em biocombustíveis e, agora, quem sabe, com o biodiesel. Biodiesel é um combustível diesel de queima limpa derivado de fontes naturais e renováveis, como os vegetais. É obtido principalmente de girassol, amendoim, mamona, sementes de algodão e de colza. É uma alternativa renovável que resolve dois problemas ambientais ao mesmo tempo: aproveita um re- síduo, aliviando os aterros sanitários, e reduz a poluição atmosférica. É uma alternativa para os combustíveis tradicionais, como o gasóleo, que não são renováveis. Algumas pesquisas suge- rem que o Brasil tenha potencial para sustentar o mundo a partir da biomassa. A desvantagem é que a priorização dessa forma de combustível pode aumentar a pressão para a devastação de florestas nativas e elevar o custo de grãos desti- nados à alimentação. Gás hidrogênio No meio científico, há grande expectativa quanto ao uso do gás hidrogênio em substituição ao petróleo e ao gás natural. Apesar de esse gás não estar disponível em grande quantidade na natureza, pode ser produzido por meio de proces- sos químicos que utilizam carvão mineral ou gás natural, calor e eletricidade. Além disso, é promis- sora a possibilidade de o hidrogênio ser obtido de água doce ou salgada. Ele pode ser queimado em uma reação com o oxigênio em termelétricas, veí- culos ou em uma célula combustível que conver-te energia química em eletricidade. Essas células, funcionando em uma mistura de hidrogênio e ar, têm um grau de eficiência de 60 a 80%. No en- Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 tanto, o grande problema para a utilização desse elemento é o alto custo de produção do gás (IN- TRODUçãO à ENGENHARIA AMBIENTAL, 2005). Energia geotérmica Provém do aproveitamento da energia tér- mica do interior da terra. Apresenta as seguintes vantagens: é inesgotável, não é poluente e não ocupa grandes áreas, como, por exemplo, a hidre- létrica, com suas represas inutilizando grandes ex- tensões. Pode ser construída nos grandes centros, dispensando as redes de transmissão de energia elétrica; é mais segura e de fácil manutenção. Conheça mais sobre os diversos aproveita- mentos da energia geotérmica na Islândia. Acesse o vídeo, de 5 minutos de duração: La energía geotérmica, um regalo de la Tierra. Fonte: http://www.youtube.com/ watch?v=O29g2vpScfk MultimídiaMultimídia AtençãoAtenção Para aprender mais sobre o conteúdo apresen- tado neste capítulo, é indispensável conferir o Atlas de energia elétrica, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Fonte: http://www.aneel.gov.br/visualizar_texto. cfm?idtxt=1689. 2.1 Resumo do Capítulo 2.2 Atividades Propostas Neste capítulo, foi apresentado o conceito básico da principal forma de energia renovável que compõe a matriz elétrica brasileira: a hidreletricidade. Também foi feita a apresentação básica das fontes renováveis alternativas de energia. Realize uma pesquisa e responda às questões a seguir: 1. Complete com os tipos de transformação de energia envolvidos em cada um destes dispositi- vos ou eventos: Riscar um palito de fósforo: Moinho de vento: Uma bola rolando sobre uma mesa e quicando no chão até parar: Lanterna de pilhas: 2. Cite as três maneiras de produzir energia usando o mar e explique cada uma. 3. Faça uma tabela listando os combustíveis de biomassa e seus possíveis usos. 4. Por que a maioria dos sítios geotérmicos se localiza em regiões de alta atividade vulcânica? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 A economia mundial está baseada na oferta de muita energia para funcionar e crescer. O desa- fio é o aumento da eficiência com que a socieda- de consome a energia disponível. A utilização de combustível fóssil ocupa a maior fatia da matriz energética mundial e tam- bém da matriz energética brasileira. ENERGIA NO MUNDO E NO BRASIL3 Matriz energética mundial A energia que predomina na matriz ener- gética mundial são os combustíveis fósseis, como pode ser observado na Figura 6, a seguir. Figura 6 – Oferta mundial de energia por fonte. Fonte: Brasil (2012a). Matriz energética brasileira Existe a impressão disseminada de que a matriz energética brasileira é predominantemen- te limpa, por conta da forte presença de hidrelé- tricas na produção de eletricidade. No entanto, mais da metade da energia ofertada em nosso país vem de fontes não renováveis (petróleo, gás natural, carvão mineral, urânio), que responde- ram por aproximadamente 56% da oferta interna de energia em 2011 (Figura 7). As fontes fósseis têm maior participação do petróleo e de derivados (39%) e a crescente dis- ponibilidade e utilização de gás natural (10%). O carvão mineral não tem alto teor energético e ocupa uma fatia menor (6,0%). Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Boa parte da energia renovável em nosso país advém da utilização de biomassa (26%). Uma parte dessa energia é considerada “biomassa ve- lha” (10%), como, por exemplo, a utilização de lenha e carvão vegetal, seja para uso doméstico, seja para uso industrial, como na siderurgia. A denominada “biomassa nova” é aquela derivada dos produtos da cana (16%), que tem uma parti- cipação muito parecida com a da hidreletricidade (15%) (Figura 7). Figura 7 – Repartição da oferta interna de energia brasileira. Fonte: Brasil (2012b). De qualquer maneira, se for realizada a comparação da matriz energética brasileira com a matriz energética mundial, percebe-se a grande Figura 8 – Participação das renováveis na matriz energética. Fonte: Brasil (2012b). Em 2011, apesar da redução da participa- ção de renováveis na matriz energética brasileira, devido à menor oferta de etanol, o Brasil mante- ve-se em uma situação notável (44%). Enquanto a vantagem nacional em relação à oferta de ener- gia renovável (Figura 8). média mundial de oferta de renováveis é de apro- ximadamente 13%, nos países mais ricos (Organi- zação para a Cooperação e Desenvolvimento Eco- nômico – OCDE), a proporção é ainda menor: 8%. Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Figura 9 – Oferta interna de energia elétrica por fonte – 2011. Fonte: Brasil (2012a). AtençãoAtenção Matriz elétrica brasileira Se for realizada a comparação entre a matriz de eletricidade, a condição é ainda mais favorável ao Brasil. A grande vocação nacional é a gera- ção de eletricidade por meio da fonte hidráu- lica (82%), como pode ser conferido na Figura 9, a seguir. As fontes renováveis de eletricidade resul- tam da somatória da fonte hidráulica (82%), da biomassa (7%) e da fonte eólica (0,5%) e corres- pondem a 89% da matriz elétrica brasileira, con- forme mostra a Figura 10. Figura 10 – Participação das renováveis na matriz elétrica. Fonte: Brasil (2012b). Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Planejamento energético no Brasil1 Em seguida, são apresentados um breve relato sobre os planos do governo e as fases do planejamento energético, o surgimento da Em- presa de Planejamento Energético (EPE), além de serem abordados o cenário atual e as tendências futuras. Dessa forma, este tópico tem como obje- tivo analisar o trabalho realizado pela EPE quanto ao que foi feito e ao que se pretende fazer sobre as questões energéticas do Brasil, dando enfo- que, principalmente, à hidreletricidade, já que ela apresenta grande participação na matriz elétrica brasileira. Para isso, serão analisados alguns pon- tos indicados pelo Plano Decenal de Expansão de Energia e pelo Plano Nacional de Energia (PNE). Afinal de contas, de que maneira é realizado o planejamento energético brasileiro? Analisar as últimas iniciativas governamentais, como a san- ção do Executivo à Lei nº 12.783, em meados de janeiro de 2013, dá pistas da forma como é trata- do o planejamento energético nacional. Por meio dessa lei, as concessões de geração e transmissão de eletricidade, que vencem entre 2015 e 2017, foram prorrogadas por mais 30 anos, com dimi- nuição de tarifas e receitas. Essa lei também reduz os encargos setoriais que incidem sobre a ener- gia elétrica. A partir de 2013, o abatimento para todos os consumidores será por volta de 20%. O quadro que se seguiu foi de receio e desconten- tamento por parte das empresas do setor e de crí- ticas de especialistas da área, prevendo a precari- zação dos serviços por causa da descapitalização das empresas, na maioria estatais. 1 A partir deste tópico, o conteúdo deste capítulo foi basea- do na obra de Cardoso (2013). Saiba maisSaiba mais Leia a apresentação A matriz energética e a sus- tentabilidade. Fonte: http://www.asec.com.br/000111201asec/ ArquivoAMR/EncontroTecnico/docs/Doc_Encon- tro09_EdsonEscames.pdf Repete-se, dessa maneira, a forma como o governo vem tratando questões que merecem o trato cuidadoso de planejamento, com resulta- dos que viriam a médio e longo prazos. Em vez disso, são tomadas medidas que buscam respos- tas econômicas e políticas de curto prazo, mais imediatas e com consequências negativas que, em geral, se manifestam em seguida. Além disso, há que se considerar algumas peculiaridades do planejamento realizado, buscando o atendimen- to da demanda, avançando e provocando perdas socioambientais, como a tradição de implantação de hidrelétricas na Amazônia, em vez de priorizara conservação de energia e a diversificação da matriz energética aproveitando o privilégio da oferta nacional de recursos naturais. Para o desenvolvimento deste capítulo, são descritas, a seguir, desde a relação energia/meio ambiente/sociedade até a importância da indús- tria da eletricidade no planejamento energético brasileiro. Energia, meio ambiente, sociedade e planejamento energético Bajay (1989) afirma que o planejamento energético deve promover a utilização racional das diversas formas energéticas e aperfeiçoar o suprimento dessas formas, dentro das políticas econômica, social e ambiental vigentes. É um pro- cesso contínuo ao longo do tempo, apropriando- -se de todas as fases de implantação do plano de suprimentos energéticos e de suas correções e atualizações. Ou seja, o planejamento energético apresenta grande importância, podendo resolver conflitos relacionados à oferta e à demanda de energia, ao meio ambiente e ao desenvolvimen- to, por meio da construção de cenários futuros sobre o comportamento das demandas (SILVA; BERMANN, 2002). No Brasil, atualmente, o governo faz uso de planos para formulação do planejamento energé- tico. Desde 2006, a cada ano, o Ministério de Mi- nas e Energia (MME), órgão responsável pela sua concepção, articulação e coordenação, publica um documento de auxílio a esse planejamento, o Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 chamado Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), que é subsidiado por estudos desenvolvi- dos pela EPE. Ele apresenta uma visão integrada da expansão da demanda e da oferta de diversos energéticos. O PDE mostra um panorama relati- vo a 10 anos, sendo um planejamento de curto prazo, que apresenta uma visão mais focada na programação de obras. Além do PDE, há o PNE, também elaborado pelo MME, que compreende um estudo integra- do do planejamento energético brasileiro, visan- do a um mapeamento do panorama da energia do Brasil, propondo orientações em relação às tendências e alternativas que devem ser tomadas para garantir a demanda de energia. É um pla- nejamento de longo prazo, 30 anos, que aborda uma visão estratégica, apresentando políticas e diretrizes sobre as questões energéticas. No Brasil, a energia elétrica é produzida principalmente por hidrelétricas. Comparado a outros países, apresenta uma significativa partici- pação de fontes renováveis em sua matriz ener- gética, sendo que 89% da eletricidade no Brasil é originada de fontes renováveis – destas, a parcela de energia hidráulica é de 81% (BEN, 2012). Por ser considerada uma fonte de energia limpa em relação a outras, como combustíveis fósseis, acre- dita-se que a expansão da indústria brasileira de eletricidade seja a melhor alternativa para suprir a demanda energética no país. Cenário atual apontado pelo PNE e pelo PDE Como já foi elucidado, o PDE indica a pro- gramação de construções de obras a fim de as- segurar a expansão equilibrada da oferta ener- gética do país. Nesse contexto, o PDE 2021, para realização da expansão da energia elétrica, indica a implantação de 34 usinas hidrelétricas (UHEs) por todas as regiões do país dentro dos próximos 10 anos. Dessa forma, serão acrescentados 42.041 MW de potência, instalados no parque hidrelétri- co brasileiro. As metas do PDE são apresentadas no Quadro 1. Quadro 1 – Metas do PDE. Período do PDE Potencial a ser instalado (MW) Quantidade de UHEs Situação 2012 a 2016 22.369 15 Com LP e em fase de implantação 2017 a 2021 19.672 19 Planejadas 2012 a 2021 42.041 42.041 TOTAL Fonte: Brasil (2012a). Dessas hidrelétricas planejadas, grande par- te concentra-se na Região Amazônica, tanto em números de projetos quanto em termos de po- tência instalada (86,5%). Essa região é caracteri- zada por apresentar grande potencial hidrelétrico ainda não explorado (Quadro 2). Esse cenário do aproveitamento hidrelétrico da Região Amazôni- ca também está inserido no PNE, que considera a instalação de 88.000 MW em usinas hidrelétricas entre 2005 e 2030, aproveitando grande parte do aproveitamento dessa região. Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Quadro 2 – Potencial hidrelétrico a ser explorado nas regiões Norte, Sul e Sudeste. Região Potencial hidrelétrico ainda não explorado (%) Norte 65 Sul 21 Sudeste 8 Fonte: Brasil (2012a). Os planos de governo apostam que até 2030 45% de toda a energia consumida no país será derivada de energia renovável, tendo como pontos estratégicos o aproveitamento energéti- co da cana-de-açúcar na produção de etanol e o potencial hidrelétrico da Amazônia (PNE). E, com os cenários apresentados, observa-se que tanto o PDE quanto o PNE adotam a hidreletricidade como a melhor alternativa para a ampliação do uso de energia renovável no país. Considerações sobre PNE e PDE Como foi apontado, no Brasil, o planejamen- to da expansão do Sistema Interligado Nacional busca aumentar a oferta de energia por meio de fontes renováveis, principalmente a hidreletri- cidade. Entretanto, é necessário redução da de- pendência em relação a essa fonte, visto que esse tipo de geração depende de vazões fluviais, que podem sofrer variações significativas, além de nas regiões Nordeste e Norte – esta última onde é planejado o aumento da expansão – haver acirra- mento de estiagens. Além disso, a diversificação da matriz é garantia de segurança ao sistema elé- trico. Uma prova de que essa dependência pode refletir negativamente na economia do país foi a crise energética, o chamado “apagão”, no ano de 2001, sendo necessário um racionamento de energia por parte da população e dos setores in- dustriais. Em relação à economia do Brasil, o PNE 2030 projeta o crescimento médio de 4,1% ao ano de 2005 a 2030 e, nos próximos 25 anos, um forte crescimento na demanda de energia primária. Em 25 anos, o consumo total de energia elétrica será de aproximadamente 1.200 TWh, ou seja, uma ex- pansão média de 4% ao ano desde 2005. Ainda considerando a demanda de eletricidade, o setor industrial continuará sendo o principal segmen- to do consumo. O setor residencial correspon- derá a 26% do consumo, e o terciário, a 25%, em 2030. Nesse cenário de aumento do consumo de eletricidade no país, muito se deve às indústrias eletrointensivas (aço, cimento, alumínio, química, papel e celulose). Atualmente, elas respondem por uma parcela expressiva do consumo de ener- gia, chegando a 40% do consumo industrial no caso da energia elétrica, conforme indica o PDE 2021 (EPE, 2012). Conforme indicam alguns pesquisadores, como Costa (2009) e Bermann (2012), o PDE apre- senta um caráter sempre baseado no atendimen- to da demanda, ou seja, atende preferencialmen- te os grandes consumidores, que são as indústrias eletrointensivas. Eles colocam em pauta que é necessário haver uma discussão sobre o destino da energia, e não só pensar em uma visão “ofertis- ta”; ou seja, o que ocorre é a adoção de medidas que visam aumentar a oferta de energia devido à necessidade de demanda exigida por alguns se- tores em detrimento de outros, que, nesse caso, são indústrias, caracterizadas pelo seu alto custo energético e ambiental. A presença dessas indústrias no país, por meio de suas exportações, contribui para au- mentar o Produto Interno Bruto (PIB). Entretanto, surge o questionamento: tantos investimentos nessas indústrias seria a melhor estratégia? O Bra- sil está inserido no mercado internacional como exportador de bens industriais primários. No en- tanto, nos últimos 10 anos, a primarização da eco- nomia brasileira está avançando, ou seja, cada vez mais são produzidos bens industriais primários. Estes são bens que consomem muita energia, Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 geram grandes impactos ambientais e poucos empregos. Além disso, são bens com baixo valor agregado que são exportados; posteriormente, esses produtos retornam ao país, por meio daim- portação, com alto valor agregado (BRUM, 2011). Consequentemente, o Brasil destina suas rique- zas minerais e energéticas para o exterior e acaba ficando com os problemas causados pela adoção desse tipo de produção industrial. Com esse cenário, é importante que en- trem em vigor políticas públicas que indiquem a redução do consumo de energia desse grupo de indústrias, incentivando a modernização de plan- tas produtoras e o surgimento de inovações que reduzam o consumo energético no processo de produção. Além disso, surge a necessidade do de- bate público sobre a política energética e indus- trial no país, visando a um modelo de desenvol- vimento com menor consumo de energia e com maior justiça social e ambiental (FEARNSIDE; MIL- LIKAN, 2012). Símbolo da divergência em relação à ex- pansão da matriz elétrica focada basicamente em hidreletricidade é a usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no rio Xingu, no estado do Pará. A polêmica em torno dessa usina dura mais de 20 anos, e esta hoje é consi- derada, pelo Governo Federal, a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A polêmica surge na questão da real necessida- de em se construir essa UHE, visto que acarretará enormes impactos ambientais e sociais. O Governo Federal afirma que Belo Monte é importante para que seja possível suprir a de- manda energética do país nos próximos anos, in- dicando que possa ocorrer novamente uma crise de energia elétrica, com apagões e racionamento de energia. Nesse contexto, Bermann (2012) afir- ma que o governo dissemina essa ideia de caos para conseguir legitimar a construção desses em- preendimentos hidrelétricos. É o que ele denomi- na de “síndrome do blecaute”. Ainda nessa ques- tão, com as notícias referentes ao aquecimento global dominando a mídia e o senso comum, o governo afirma que sem Belo Monte e sua capa- cidade de geração, o Brasil terá que investir em 19 usinas termelétricas, trocando a capacidade de gerar energia limpa por uma geração extrema- mente poluente, conforme afirmou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim (PORTAL BRASIL, 2012). Apesar de todo o debate sobre a sua edifi- cação, a usina de Belo Monte já está sendo cons- truída. Entretanto, muitos ainda duvidam de sua real necessidade e viabilidade econômica. Ber- mann (2012) coloca em questão o porquê de se construir um empreendimento desse porte, sen- do que na média anual ela vai operar com 4.300 MW, já que está inserida em uma região caracte- rizada por fortes períodos de estiagem. Assim, a capacidade instalada de 11.000 MW ficará inativa durante quatro meses do ano, devido ao seu re- gime hidrológico. Dessa forma, serão necessárias outras barragens à montante de Belo Monte para que essa potência instalada realmente possa exis- tir. Entretanto, foi acordado que essa usina seria a única da região. A falta de viabilidade econômica sem barragens à montante seria uma crise pla- nejada, e, assim, haveria uma justificativa para a construção de mais barragens em terras indíge- nas. Outra questão polêmica em relação a Belo Monte é que a sua implantação pode ser o cami- nho para a exploração de minerais, como o ouro, nessa região. Segundo Monteiro (2012), o gover- no tem planos para autorizar a extração de mi- nérios em terras indígenas. Na região do rio Xin- gu, em terras indígenas próximas aos canteiros de obras de Belo Monte, existem vários pedidos de autorizações de pesquisa e lavra de minerais, como ouro, diamante, cobre. Em relação à hidreletricidade, muitos pes- quisadores acreditam que ela seja a melhor forma de expandir a oferta de energia no país, consi- derando que esta é uma fonte de energia limpa comparada aos combustíveis fósseis; entretanto, como qualquer fonte de geração de energia, a hidreletricidade também gera impactos ambien- tais. Além disso, a ideia de energia limpa por não emitir gases de efeito estufa já está sendo con- testada. Estudos realizados por Phillip Fearnside (2009) indicam que há grande emissão desses ga- Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 ses nos primeiros anos de sua implantação, e, nos anos seguintes, o nível de emissão cairá, porém permanecerá mantido indefinidamente. Além do mais, hidrelétricas construídas em áreas tropicais, como Belo Monte, são as que mais emitem gases de efeito estufa. Analisando todas essas considerações, ob- serva-se que há um grande jogo de interesses em relação ao planejamento energético (ou a falta de) no Brasil, o qual atende e privilegia o governo, grandes empreiteiras, indústrias, não vislumbran- do um cenário realmente favorável para o desen- volvimento do país, com justiça social e preocu- pações ambientais. Segundo Carvalho (2012), a expansão do sistema elétrico deve ser baseada em critérios que considerem a realidade do país, como os re- cursos naturais, o desenvolvimento tecnológico e a capacidade econômica, em vez de em lobbies da indústria da energia nuclear, do carvão ou do gás natural. Ele pondera que, mesmo considerando mo- tivos de caráter social e ambiental , é possível re- formular a expansão do sistema elétrico e realizar o aproveitamento hidrelétrico na Amazônia, com soluções como o escalonamento de usinas ao longo dos rios e miniaproveitamentos com turbi- nas hidrocinéticas para pequenas cargas isoladas, evitando malhas de transmissão nas florestas. Propõe também que empreendimentos anômalos como os de Balbina e Samuel devam ser desativados e que a área dos reservatórios, depois de esvaziada, deva ser convertida em re- servas biológicas. A emissão de gases de efeito estufa pode ser mitigada pela prévia retirada da vegetação e de matéria orgânica antes do enchi- mento dos reservatórios e pelo manejo do lodo exposto quando da diminuição sazonal do nível d’água nesses lagos artificiais. Carvalho defende também a integração das hidrelétricas com as usinas eólicas, para compor um sistema “hidroeólico”, de forma a conservar uma parte da reserva hídrica, aproveitando o grande potencial eólico brasileiro. Dessa forma, esse sistema baseado em fontes primárias, limpas e sustentáveis faria uso simultâneo de termelétri- cas à biomassa (bagaço de cana). Seria lançada mão da reserva de segurança de termelétricas a gás natural, já existentes, somente em períodos hidroeólicos críticos. Por fim, a exemplo de experiências inter- nacionais, como os programas de estímulo para redução de custos do uso de fontes alternativas a níveis competitivos com fontes tradicionais, Car- valho (2012) apresenta a possibilidade de apro- veitamento do potencial fotovoltaico brasileiro, favorecido pelos recentes avanços tecnológicos nos campos dos semicondutores e das redes in- teligentes (smart grids), que pode desempenhar um papel importante, a médio prazo, no sistema elétrico brasileiro. Da mesma forma, ressalta a possibilidade do uso de resíduos sólidos urbanos como biomassa para a geração de energia terme- létrica. Dessa maneira, apresenta sugestões e alter- nativas para o atendimento da demanda energé- tica do país que possam ser uma solução para a construção de grandes obras na Amazônia. Mudança de rumo: a Lei nº 12.783/2013 Se, por um lado, o Brasil historicamen- te sempre careceu de um planejamento elétri- co adequado, que levou a diversos colapsos do sistema, os chamados “apagões”, ou black-outs, como os ocorridos em março de 1999, julho de 2001, novembro de 2009 e, mais recentemente, em outubro de 2012, por outro lado, o Governo Federal adota ações visando a resultados de curto prazo, como as tomadas para a redução da tarifa de energia elétrica. Em 2012, quando do tradicional pronun- ciamento na véspera do dia de comemoração da Independência, a Presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo iria reduzir as tarifas de energia elétrica em 16% para os consumidores re- sidenciais e em 28% para os consumidores indus- triais. Essa redução seria possível graças à elimi- nação de alguns encargos setoriais,como a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) e a Reserva Geral de Reversão (RGR), e à redução dos preços Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 da eletricidade gerada pelas concessionárias hi- drelétricas. O argumento é o de que esses inves- timentos já haviam sido pagos e não precisariam mais fazer parte das tarifas cobradas. Logo em seguida, por meio da Medida Pro- visória (MP) nº 579, de 11 de setembro de 2012, o governo detalhou as novas regras: antecipa- ção da renovação das concessões que venceriam no período 2015-2017, que corresponde a 18% da capacidade de geração (22.341 MW), 82% da transmissão (73 mil km de linhas) e 35% do mer- cado de distribuição (44 contratos). No dia 11 de janeiro de 2013, a MP foi convertida na Lei nº 12.783, que foi regulamentada pelo Decreto nº 7.891, de 23 de janeiro de 2013. O texto da Lei é praticamente igual ao da MP. Diante das novas regras legais estabeleci- das, se as empresas aceitassem a renovação das concessões, estas poderiam ser prorrogadas uma única vez pelo prazo de até 30 anos. Além disso, definia o prazo limite até 4 de dezembro de 2012 para que as empresas concessionárias aceitassem as novas regras e definissem quais empreendi- mentos teriam suas concessões renovadas. Foi instalado um grande conflito, devido ao valor das indenizações que o governo se dispôs a ressarcir. A ANEEL adotou a metodologia de con- tabilização denominada “Valor Novo de Reposi- ção” (VNR), que leva em conta do empreendimen- to no presente descontada a sua depreciação. As concessionárias de distribuição não fazem parte dessa remuneração de investimentos deprecia- dos, pois as suas tarifas são reguladas. As concessionárias de geração e transmis- são demonstraram descontentamento com o va- lor total de ressarcimento, de 21 bilhões de reais, anunciado pelo Governo Federal. Essas empresas anunciaram uma perda aproximada de 47,6 bi- lhões, somatória de 15,6 bilhões, perdas em ma- nutenção das geradoras e dos ativos de transmis- são que começaram a operação antes do ano de 2000 (nesse caso, a Lei não previa indenização), mais 30 bilhões relativos a perdas de receita e in- denizações que as empresas teriam direito de re- ceber até o fim das concessões, entre 2015 e 2017. Além disso, o governo anunciou o novo valor de tarifa, que inclui os custos regulatórios de operação, manutenção e administração, que compõe o cálculo do Custo de Gestão dos Ativos de Geração (GAG). Os valores seriam reduzidos, em média, de R$ 92/MWh para a tarifa média de R$ 12/MWh. As empresas alegaram que as tarifas, assim estabelecidas, não cobririam os custos ope- racionais, não permitiriam novos investimentos e impediriam a remuneração dos acionistas. Dessa forma, diversas empresas tiveram queda no va- lor das suas ações, com o argumento de que as empresas concessionárias estavam apresentando uma grande redução do seu valor de mercado decorrente dos efeitos da Lei. Conforme Bermann (2012), a apropriação da “renda hidráulica” cede lugar à lógica comercial ditada pelo “mercado”: o planejamento estratégico é substituído pelas controvérsias dos lucros e prejuízos sob a ação do capital especulativo. Ainda segundo Bermann (2012), “o principal efeito da MP nº 579 é a des- capitalização das empresas, que são patrimônio público – não nos esqueçamos disso. O resultado será a precarização dos serviços, com os anúncios de enxugamento de pessoal que estão sendo fei- tos”. Esse autor compara o atual quadro ao da precarização no processo de privatização das empresas elétricas no governo do Presidente Fer- nando Henrique Cardoso, em meados da década de 1990, que, no processo de “preparação para a privatização”, foi caracterizado por redução do quadro de funcionários, terceirização, principal- mente das áreas de manutenção, e perda de co- nhecimento técnico existente nas empresas. Acontece algo recorrente: o sistema elétrico brasileiro caracteriza-se por um quadro de insta- bilidade por causa da insegurança no suprimen- to, além da fragilidade operativa dos sistemas de transmissão e distribuição devido à falta de inves- timentos em manutenção. Além do fato de a ma- nutenção ficar a cargo de empresas terceirizadas, a ANEEL omite-se em fiscalizar o sistema de ma- nutenção, que exige investimentos para a subs- tituição de equipamentos obsoletos e melhoria dos sistemas de proteção, os quais apresentam Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 fragilidade e permitem a sequência de eventos “efeito dominó”, em que efeitos localizados se ex- pandem e afetam uma região ou atingem escala até nacional. Portanto, a descapitalização das empresas pode ter como consequência o aumento da fragi- lidade do sistema, com o aumento dos episódios denominados “apagões”; ou seja, no curto prazo, a população brasileira pagará menos pela energia elétrica, mas a consequência a médio e longo pra- zos será a crescente insegurança no suprimento de eletricidade. Além disso, há a crítica (BERMANN, 2012) de que a tendência será a do governo dificilmente conseguir manter a redução das tarifas. Apesar da imposição da diminuição do custo da energia das usinas hidrelétricas antigas, haverá a necessidade de equilíbrio das contas, graças ao aumento da participação das usinas termelétricas novas, que têm o preço de geração muito mais alto. É importante destacar também a posição da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP): a proposta de redução da conta de luz, lançada pelo Governo Federal, somou- -se à campanha “Energia a Preço Justo”, lançada pela FIESP em 2010. Essa instituição argumenta que, segundo a Carta Magna Brasileira, não há permissão para a propriedade privada dos ativos de infraestrutura no Brasil. Somente pode haver a administração pela iniciativa privada por meio de concessão, ou seja, a gestão e a exploração eco- nômica por um período de tempo estabelecido previamente. Agora, no momento da renovação das concessões, o custo de investimento realiza- do no momento da construção das usinas já está amortizado, o que viabiliza a redução da tarifa anunciada. Vale lembrar que, ainda no fim de 2012, as concessionárias de energia estatais ligadas a três Estados da Federação – São Paulo, Minas Gerais e Paraná – administradas por governos do partido de oposição ao Governo Federal decidiram não renovar a concessão conforme os critérios esta- belecidos. Dessa forma, passou a haver o embate entre a FIESP, defensora da nova lei de concessões do setor elétrico, e representantes do Governo do Estado de São Paulo. Conforme as regras anun- ciadas, as concessões não renovadas irão a leilão no fim do prazo de concessão, a maior parte em 2015. Dessa forma, o Governo do Estado de São Paulo, por exemplo, é denunciado por priorizar o interesse como acionista da Companhia Energé- tica de São Paulo em detrimento da não redução dos preços das tarifas, prejudicando o interesse da maior parte da população (CAVALCANTI, 2013). Conclusão Os Planos Decenais de Energia limitam-se à visão ofertista, ou seja, em vez do planejamen- to do lado da oferta, existe o atendimento das cargas futuras projetadas. O planejamento cede lugar ao atendimento de projeção de cargas fu- turas, norteado por interesses complexos de em- preiteiras, indústrias de equipamentos, empresas geradoras, comercializadoras, agências regula- doras, grupos políticos e econômicos, em meio a conflitos e disputas com governos em busca de vantagens políticas. Atualmente, o governo brasileiro tem uma postura autocrática e impositiva. Se até então era marcado pela falta de debate e diálogo com al- guns setores da sociedade, visto o direito e o inte- resse feridos das populações tradicionais afetadas pelas grandes usinas hidrelétricas, como as usinas do Rio Madeira e de Belo Monte, a partir das no- vas regras estabelecidas pela Lei nº 12.783/2013, essa postura foi ampliada para o conjunto das empresas públicasconcessionárias e seus fun- cionários, além da própria população, que, sob o argumento de uma redução de 20% na tarifa de energia, tem o aumento do risco no suprimento de energia para o sistema interligado nacional. Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Neste capítulo, é apresentada a comparação entre as matrizes de energia mundial e brasileira. Além disso, é demonstrada também a matriz elétrica nacional, que, assim como a matriz energética, tem ampla participação da energia renovável, situação privilegiada em relação à situação mundial. O texto ainda estabelece uma análise crítica sobre a importância do planejamento energético para o desenvolvimento social e a conservação dos recursos naturais. Em seguida, são apresentados a situação atual do planeja- mento e os cenários apontados pelos planos de energia, até a sanção da Lei nº 12.783/2013, que trata da antecipação da renovação das concessões dos serviços de eletricidade. 3.1 Resumo do Capítulo 3.2 Atividade Proposta Realize uma pesquisa e responda à questão: 1. Qual a principal diferença entre a matriz energética mundial e a brasileira? Explique por quê. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 É inegável a enorme vocação brasileira para a geração de energia hidrelétrica. No entanto, é um erro estratégico ficar dependente exclusiva- mente dessa fonte de energia elétrica, utilizando a energia termelétrica como complementação da geração quando os reservatórios d’água estão es- vaziados por causa dos outros usos múltiplos e do regime hídrico. Além disso, a energia hidrelétrica não é “limpa” e “barata”, como é divulgado. A hidreletri- cidade no Brasil tem um histórico de problemas sociais, como retirada de milhares de moradas lo- cais, inclusive de populações tradicionais, alaga- mento de regiões de vegetação nativa, de plan- tações, bem como de criações de animais e de comunidades. A usina de Balbina é um triste exemplo de baixíssima relação entre área alagada e energia efetivamente gerada, demonstrando inviabilida- de econômica e ecológica. A usina de Tucuruí, apesar de ser a melhor relação entre área do re- servatório e geração de energia, fornece eletrici- dade subsidiada para as indústrias eletrointensi- vas, como a indústria do alumínio. Dessa forma, a Amazônia é utilizada para a exportação de mi- nério e eletricidade, a preços baixos, sem quase nenhum benefício local. Atualmente, o governo continua a tradição de desprezo pela questão socioambiental, como pode ser constatado pelos empreendimentos das usinas do rio Madeira (Jirau e Santo Antônio), da usina de Belo Monte e dos empreendimentos hi- drelétricos nos países que fazem fronteira com o Brasil. A justificativa para a continuidade da cons- trução das “megaobras” está amparada no discur- so da “iminente” crise de suprimento, prestes a acontecer. ENERGIA E MEIO AMBIENTE4 Por meio da análise da matriz energética mundial é possível perceber a dependência do uso de combustíveis fósseis. Dessa forma, nota- -se a importância do desequilíbrio por causa do excesso da emissão dos gases do efeito estufa. Deve-se buscar a diminuição das fontes fósseis de energia. Para a diminuição do consumo de petróleo, Bermann também destaca a importância da efi- ciência energética, que deve ser entendida como mais uma fonte alternativa de oferta de energia, não se restringindo aos programas que apresen- tam restritos esforços, como o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Compet). Além disso, há que se privilegiar o transporte co- letivo de boa qualidade (metrô e transporte rápi- do de ônibus) em detrimento do transporte in- dividual, o que favoreceria a mobilidade urbana. Da mesma forma, a matriz de transporte (carga e passageiros) deveria privilegiar as vias fluvial e ferroviária. O transporte rodoviário seria, então, complementar. A energia tem participação significativa nos principais problemas ambientais da atualidade, tais como o aquecimento global, a chuva ácida, os resíduos radioativos, a poluição atmosférica, a emissão de metais pesados (chumbo na gasoli- na), a degradação dos solos e das fontes de água e também a poluição dos mares e rios. Em relação aos problemas relacionados à poluição do ar, vale notar que a atmosfera da Ter- ra tem 800 km de espessura, sendo que metade do ar se concentra nos primeiros 6 km, e 99% em uma faixa de 40 km. Dessa forma, 760 km são for- mados por uma atmosfera extremamente rarefei- Edson Fernando Escames Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 ta. O ar é uma mistura de nitrogênio (78,1%), oxi- gênio (20,9%), dióxido de carbono (0,03%), outros gases residuais e variáveis quantidades de vapor d’água. Apesar de o homem ser dependente des- se recurso, ele pode ser usado para descartar a maioria dos seus resíduos e contaminantes. Se esses contaminantes tiverem efeitos adversos, tais como prejudicar nossa saúde, reduzir a visibi- lidade, provocar danos às plantas e aos materiais, esses resíduos são chamados de “poluentes”. A natureza sempre foi capaz de dispersar a sua poluição natural, como a erupção de um vul- cão ou a queima de uma floresta. Com o aumento dos poluentes, causado pelo homem, a depura- ção natural do ar não foi mais suficiente, e a polui- ção chegou aos níveis atuais. Os poluentes do ar originam-se principal- mente da combustão incompleta de combustí- veis fósseis, para fins de transporte, aquecimento e produção industrial. Essas fontes são classifica- das como fontes móveis e estacionárias. O nosso sistema de transporte atual se ba- seia na queima de combustíveis; consequente- mente, a poluição do ar é um subproduto. Essas fontes de transporte incluem automóveis, ônibus, caminhões, aviões, equipamentos de fazenda, trens, navios etc. Devido ao grande número, os automóveis são a fonte principal dessa categoria. Os processos industriais têm grande parti- cipação na poluição no ar. Devido à tremenda di- versidade dos produtos das indústrias, seus pro- cessos geram uma grande taxa de poluentes. As principais indústrias que contribuem para a polui- ção do ar são as indústrias de petróleo e combus- tíveis, a de produtos químicos e a metalúrgica. As emissões provenientes da queima de re- síduos sólidos são relativamente pequenas, mas deverão cada vez mais aumentar a sua significân- cia, devido aos problemas da destinação de resí- duos sólidos. O maior problema é a poluição do ar urba- no, em razão do transporte e da produção indus- trial ligada ao uso da energia. As características das emissões dependem do tipo da usina terme- létrica e do combustível utilizado, que pode ser gás natural, carvão, óleo, madeira, nuclear etc. O funcionamento das termelétricas (produ- ção de eletricidade a partir de combustíveis fós- seis) está ligado à produção de óxido de enxofre (SOX), óxido de nitrogênio (NOX), dióxido de car- bono (CO2), metano (CH4), monóxido de carbono (CO) e partículas inaláveis. Gestão de Energia na Indústria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 AtençãoAtenção Combustíveis fósseis e os impactos ambientais Os impactos ambientais advindos da utilização de combustíveis fósseis podem ter a seguinte relação de escala e problemas ambientais: • locais – automóveis (inversão térmica); • regionais – chuva ácida; • globais – aquecimento global. Os três problemas acima relacionados podem ser assim descritos: Inversão térmica: os poluentes aumentam quando ocorre uma inversão térmica. Normalmente, a temperatura do ar decresce com o aumento da altitude. Entretanto, durante uma inversão térmica, a temperatura do ar au- menta com a altitude. Os poluentes emitidos em condições normais são mais quentes e menos densos que o ar a sua volta. Como resultado, eles sobem e são dispersos. Em uma situação de inversão, os poluentes sobem somente até o ponto onde encontram um ar que é mais quente
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