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Inovação e Psicopedagogia Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Luiz Lana Coelho Revisão Textual: Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital Inovação em Educação Inovação em Educação • Compreender a relação entre inovação e educação; • Entender os princípios básicos de uma pedagogia voltada à inovação; • Dominar as questões relativas às tecnologias e os novos paradigmas educacionais; • Compreender como se dá o desenvolvimento cognitivo na aprendizagem voltada para a inovação. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Inovação em Educação. UNIDADE Inovação em Educação Inovação em Educação Caro aluno, nesta primeira unidade vamos dar um passeio pelo universo da ino- vação na educação. Veremos quando inovar é uma obrigação e quando é uma con- sequência. Veremos também a relação entre a formação cognitiva e o uso de tec- nologias em sala para, por fim, aplicarmos esta nova abordagem em uma prática tecnológica. Boa viagem! A aprendizagem e o desenvolvimento do indivíduo na contemporaneidade, em que as informações e o conhecimento acontecem de maneira rápida e hábil, em decorrência das conquistas nas áreas científicas e tecnológicas, têm mostrado novas provocações à prática pedagógica e também à participação e modificação da socie- dade pelo indivíduo. Seja no campo social, ambiental, físico, seja mental, é imperativo reparar que a tecnologia altera toda a relação do indivíduo com o mundo. Segundo Maturana (1983, p. 152), uma democracia desejável é aquela que fornece ao cidadão as ferra- mentas para um trabalho independente, social e responsável, por isso, percebemos na educação o papel de permitir uma alteração na forma de como estes indivíduos escutam, veem e agem em sociedade, ao mesmo tempo que ajuda a transpor barrei- ras culturais e classes econômicas. Assim, a educação colabora com a estruturação de uma “psique democrática” ao tratar todos como iguais e apresentar um espaço reflexivo que favorece a elaboração de um projeto comum. Figura 1 Fonte: Getty Images O professor de Tecnologias Educacionais, Jorge Farias, fala sobre o Módulo Eletivo Missão Impossível, em que alunos criam um sistema de segurança para proteger um objeto de valor. Inovar para Educar | Educar para Inovar. Disponível em: https://youtu.be/8kdgwQp1l-w 8 9 O princípio do pensamento de Vygotsky (1989), que está estruturado no fun- damento de que o desenvolvimento do indivíduo acontece em decorrência de um processo sócio-histórico e cultural, destaca o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento à medida que este indivíduo se relaciona com o meio, quer dizer, a criança se desenvolve à medida que se aproxima da cultura criada pela hu- manidade. Neste caminho, o desenvolvimento acontece no processo de educação e ensino, sendo ambos, pois, inseparáveis. Saiba mais sobre a síntese do pensamento de Lev Vygotsky no livro: “Vygotsky: uma síntese”, disponível no Google Books para consultas em: https://bit.ly/31Uqdrw Figura 2 – Lev Vygotsky (1896-1934) Fonte: Wikimedia Importante É fundamental que o professor conheça os objetivos daquilo que está propondo, das características do contexto social que atua, mas, também, das particularidades do indivíduo para quem está ensinando. Pois, só assim poderá selecionar metodologias e recursos convenientes a essas práticas. A tecnologia, associada aos desafios contemporâneos da educação, favorece o surgimento de metodologias que constroem um novo ambiente de ensino-aprendiza- gem interativo que fornece novas soluções aos problemas educacionais. Além disso, estes recursos oportunizam ao professor, um ambiente para fortalecer sua função, ao entregar novas extensões e possibilidades para seu trabalho. 9 UNIDADE Inovação em Educação Para que o indivíduo se desenvolva, as trocas com o outro é fundamental, afinal, é dela que insurgem os signos e sistemas de símbolos que trazem consigo as estruturas da cultura (VYGOTSKY, 1989). Atualmente, teorizar sobre os processos de desenvolvimento cognitivo do indiví- duo, implica obrigatoriamente analisarmos a importância das tecnologias no nosso meio. Por isso, é fundamental entender como funcionam estes instrumentos e que influência exercem no processo de ensino-aprendizagem. Vygotsky (1989) nos mostrou que, na perspectiva do indivíduo, o desenvolvimen- to acontece à medida que existe troca com o meio e com outros indivíduos a partir da internalização e da externalização (dialética) de signos e sistemas de símbolos que, por sua vez, são acometidos pela interferência do próprio meio. Por isso, se admitir- mos que para Vygotsky o meio tem papel preponderante na formação do indivíduo, devemos considerar o papel da escola na sociedade atual, que, as tecnologias, têm lugar de destaque na formação dos indivíduos sociais. Figura 3 Fonte: Getty Images Neste caminho, a participação da escola é fundamental para criar o ambiente onde o aluno construirá o conhecimento e os valores que estão ligados ao atual panorama social, além de promover a utilização das tecnologias como ferramentas acessórias às práticas pedagógicas, com o objetivo de gerar interação, cooperação, comunicação e motivação para diversificar e potencializar as relações inter e intrapessoais. As tecnologias, associadas aos novos paradigmas de educação, favorecem que aplicações educativas sejam criadas e, assim, um ambiente de ensino-aprendizagem interativo com novas soluções para os problemas educacionais emerja. Além disso, ajudam a evidenciar que estas novas aplicações revigoram o papel do professor, tra- zendo novas dimensões e perspectivas para o seu trabalho. Podemos entender a interatividade como as interligações entre o homem e a máquina, o homem e o homem e ainda, a máquina e a máquina. Uma aprendizagem interacionista que deve ser o resultado da participação de alunos, professores e pesquisadores. 10 11 Figura 4 – Referência ao quadro “A Criação de Adão”, de Michelangelo Fonte: warosu.org Mas, isso não quer dizer que o ensino deva ceder à novas tecnologias, nem que tenha papel secundário, mas sim utilizá-las para acrescentar mais valor ao processo de ensino-aprendizagem. Crescer e inovar são conceitos que se transformaram em modelos; arquétipos para o ensino moderno. Ainda assim, para Borba e Penteado (2003), o mundo da educação desenvolve-se defensivamente, numa velocidade incapaz de desafiar os complexos problemas de nosso tempo. Para os autores: (...) as inovações educacionais, em sua grande maioria, pressupõem mudança na prática docente, não sendo uma exigência exclusiva daquelas que envol- vem o uso de tecnologia informática. (BORBA; PENTEADO, 2003, p. 56) Borba e Penteado (2003) parecem querer nos chamar atenção para a desseme- lhança que existe entre a escola e a realidade, pois, para eles, a escola não tem conseguido acompanhar a tecnologia e a ciência e, em decorrência disso, ela nem sempre consegue preparar o aluno para os desafios da contemporaneidade. Ainda assim, é inegável reparamos que existe um esforço na direção de alterar este panora- ma, visando trazer novas tecnologias com propósito de produzir conhecimento. Esta disciplina, inegavelmente, é um exemplo. Uma vez que a escola deve agir na direção das necessidades do grupo social que atende, obviamente, as tecnologias devem integrar o ambiente educacional e com as atividades pedagógicas. Esse esforço cria a necessidade de professores e educadores repensarem suas práticas e metodologias. O desenvolvimento tecnológico se constitui em um processo de contínuo apren- dizado por parte do professor. Já que a sociedade nunca para de criar novos instru- mentos e recurso tecnológicos, o professor precisa se apropriar destes instrumentos e assimilá-los às suas práticas docentes, na perspectiva de criar novos ambientes 11 UNIDADE Inovação em Educação interativos que promovam a aprendizagem e o potencial de cada aluno. Neste en- tendimento, o professor é influenciado pelo meio e, em decorrência disso,está em processo de desenvolvimento. Figura 5 Fone: Getty Images Em síntese Um ambiente interativo e tecnológico de aprendizagem não precisa, necessariamente, possuir um quadro hiper-tecnológico como na figura acima, ele pode ser entendido como o local onde todos podem falar, expressar ideias, levantar hipóteses, discutir e ter autonomia para planejar e executar suas ações, conduzindo seu aprendizado e desenvolvimento. Na década de 1980, Savani (1980) nos apresentou os quatro níveis de inovação no âmbito educacional. Apesar dessas proposições terem quarenta anos, elas con- tinuam absolutamente atuais e servem para pensarmos inovação na educação até hoje. Segundo sua proposta, quando pensamos a respeito de inovação, não deve- mos deixar de lado que uma concepção filosófica a orienta. Para cada vertente de pensamento há um modus operandi próprio e uma finalidade para a educação. a) São mantidas intactas a instituição e as finalidades do ensino. Quan- to aos métodos, são mantidos no essencial, sofrendo, no entanto, retoques superficiais; b) São mantidas a instituição e as finalidades do ensino. Os métodos são substancialmente alterados; c) São mantidas as finalidades do ensino. Para atingi-las, entretanto, a par das instituições e métodos convencionais, retocados ou não, utilizam-se formas parainstitucionais e/ou não-institucionalizadas; d) A educação é alterada nas suas próprias finalidades. Buscam-se os meios considerados mais adequados e eficazes para se atingir as novas finalidades. (SAVIANI, 1980, p. 26) 12 13 Agora, como o discurso da inovação chega à educação? Segundo Messina (2001), a inovação foi assumida como fim em si mesma e como solução para problemas educacionais estruturais e complexos. A consequência disso foi que, em nome da inovação, se legitimou propostas ainda conservadoras, homogeneizando políticas e práticas, além de promover a repetição proposta que ignora a diversidade dos con- textos sociais e culturais. Inovar é opor-se ao arcaico, ao superado, ao desuso. As novas tecnologias eletrô- nicas e digitais simulam o que a inovação representa para o “mundo do mercado”. Nele, inovar é manter-se vivo, não inovar é morrer. Nesta perspectiva, qual sentido se quer para educação? Messina (2001) propõe que a mudança na educação pode ser entendida como parte de um processo social de modificação acelerada. A representação da mudança social como elemento de diferenciação da sociedade moderna é o contexto no qual está imerso qualquer menção ao imperativo e à pertinência da mudança educacional. Inovação é um termo comumente usado para referirmos a algo novo. Quando essa dinâmica da “novidade” acontece, paralelamente relacionamos que alguma coi- sa boa aconteceu, ou está para acontecer. Etimologicamente, a palavra tem origem no latim, innovatio, significando renova- ção; entretanto, o prefixo “in” encontrado no início da palavra assume a função de ingresso, ou seja, algo novo pode acontecer, algo que não foi antes; uma novidade. Figura 6 – Inovar x solucionar problemas Fonte: vanzolini.org Para Carbonell (2002, p. 20) a inovação educativa, em algumas situações, se inte- gra à renovação pedagógica. Ele, contudo, separa inovação de reforma, dizendo que tem a ver com a magnitude da mudança que quer atentar. A mudança relaciona-se com o interior da escola, enquanto a reforma diz respeito a estrutura do sistema edu- cativo em seu conjunto, esta não é “[...] sinônimo de mudança, melhoria ou inovação. Estas podem provocá-la, mas também paralisá-la e sufocá-la”. 13 UNIDADE Inovação em Educação O autor ainda estipula inovação como um conjunto de, [...] intervenções, decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e sistematização, que tratam de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas pedagógicas. E, por sua vez, introduzir, em linha reno- vadora, novos projetos e programas, materiais curriculares, estratégias de ensino e aprendizagem, modelos didáticos e outra forma de organizar e gerir o currículo, a escola e a dinâmica da classe. (CARBONELL, 2002, p. 19) Messina (2001) comenta que, [...] de acordo com a literatura sobre o tema, podem-se identificar dois com- ponentes que distinguem a inovação: a) a alteração, o de sentido a respeito da prática corrente e b) o caráter intencional, sistemático e planejado, em oposição às mudanças espontâneas. Também se enfatiza que atualmente a inovação é algo aberto, capaz de adotar múltiplas formas e significados, associados com o contexto no qual se insere. (MESSINA, p. 226) Inovar é mudar? Transformar? Agir com criatividade? Adotar outra postura? O que realmente deve ocorrer de diferente na escola, na sala de aula, com o professor, com o processo de ensino-aprendizagem para podermos afirmar que há inovação? Inovação tem a ver com moda, modismos? Até que ponto o discurso da inovação traz consigo algo novo e permanente que se distingue de outras ondas e modismos pedagógicos? Figura 7 Fonte: Getty Images A inovação está descrita na literatura sobre o tema como qualquer forma de pensar, criar e de usar nossos conhecimentos, métodos, técnicas e instrumentos que levem a práticas ou comportamentos diferenciados (CARVALHO, 2015). Entre os diferentes entendimentos que circulam sobre o tema, se destaca o de Carvalho (2015, p. 2) que pensa a inovação como dar novos usos e significados a instrumentos, ferramentas e objetos, “uma nova visão ou um olhar diferente”. Para ele, a inovação é invocada quan- do há necessidade de mudança. 14 15 A obrigação de inovar acontece como resultado natural de um ambiente de mu- danças e transformações no conhecimento. O caso da escola é particular e notó- rio, afinal, a escola trabalha com o conhecimento. O conceito mostrado por Xavier (2013) deixa claro a intencionalidade da inovação na educação. Diz ele, [...] concebemo-la como um pensar criativo do sujeito que se materializa em um fazer eficaz. Diante de uma necessidade ou movido por uma ins- piração, o sujeito consegue gerar a solução tão esperada ou antecipar a resposta a um problema por vir. (XAVIER, 2013, p. 46) A adaptação de um antigo objeto ou a invenção de um novo produto podem ser classificadas como inovação. Figura 8 Fonte: Getty Images Cunha (2008) identifica características das experiências educativas inovadoras, são elas: ruptura com a forma tradicional de ensinar e aprender; gestão participati- va; reconfiguração dos saberes; reorganização da relação teoria-prática; perspectiva orgânica no processo de concepção, desenvolvimento e avaliação da experiência desenvolvida; mediação e protagonismo. Nesta perspectiva, inovar em educação teria as seguintes características: a) traz algo de novo; b) envolve mudança intencional e evidente; c) exige um esforço deliberado e conscientemente adaptado; d) supõe persistência da parte dos atores; e) deseja o melhoramento da educação; f) mobiliza o sujeito à avaliação; g) provoca formação reflexiva – “investigação ação”. (CUNHA, 2008, p. 16) 15 UNIDADE Inovação em Educação Uma escola que quer inovar, deve manter a perspectiva vanguardista, entendendo o presente para, assim, podermos prospectar o futuro. Não se trata de querer fazer apologias ou adivinhações, mas pensar es- trategicamente e agir com rumo definido, pois, aqui cabe muito bem a máxima de que quem não sabe para onde vai todos os caminhos levam a lugar nenhum. Não se trata, portanto, de pensar o futuro, nem muito menos de prevê-lo, mas de pensar no futuro, o que é algo muito diferente. (ECHEVERRÍA, 2015, p. 38) Se pensarmos a inovação enquanto o uso de novas tecnologias, devemos tomar cuidado para não cairmos no discurso da salvação, da idolatria da tecnologia. Candido (2014) chama atenção para o fato de que inovar na educação não é o mesmo que simular computadores, lousas digitais e toda a parafernália tecnológica nas salas de aula e escolas. Inclusão digital no contexto da inovação é apenas um detalhe. Figura 9 – Ilustração do6º Seminário Nacional de Inclusão Digital – Cultura Digital na Educação, da Universidade de Passo Fundo, em Passo Fundo – Rio Grande do Sul Fonte: porvir.org É claro que, de maneira geral, a inovação tem relação com as tecnologias digitais da informação e comunicação. Afinal, a inovação tecnológica é uma forma poderosa de inovação pois não são” [...] simples ferramentas que ajudam a fazer estas ou aque- las coisas, senão que constituem mediações autênticas dessas ações, razões pela qual não seriam factíveis sem elas” (ECHEVERRÍA, 2015, p. 43). Para entendermos melhor, podemos recorrer à Sagan (1994) que nos ensina que: A sociedade cada vez mais exige por respostas inovadoras aos diferentes e complexos problemas que, de uma forma imprevisível, se colocam a cada instante. Particularmente nos nossos dias em que a espécie huma- na se tem de confrontar com problemas tão diferentes e complexos, ‘o desenvolvimento de um pensamento vasto e poderoso torna-se desespe- radamente urgente’. (SAGAN, 1994, p. 206) Em síntese A conclusão é que a educação tem papel de destaque no que diz respeito a inovação, seja no âmbito comportamental, seja no atitudinal. 16 17 Por isso, inovação não deve ser entendida como uma mudança qualquer. Ela deve ter caráter intencional, deliberada. Em educação, deve ter seu caráter de intenciona- lidade assumido e visar sempre a melhoria. A inovação não deve, nem ao menos, ser percebida como uma simples renovação, pois deve, necessariamente, implicar uma ruptura, mesmo que parcial, pois inovar supõe trazer à realidade educativa algo realmente novo. Figura 10 - Paulo Freire em uma turma de alfabetização no sertão do Rio Grande do Norte, na década de 60 Fonte: sindiedutec.org Na abertura deste texto recorremos à Maturana (1983) para dizer que a demo- cracia deve fornecer aos cidadãos, todos eles, os instrumentos para um trabalho independente, ou seja, educação e tecnologia devem visar também a inclusão. Nesta perspectiva, Paulo Freire, contestado por alguns e idolatrado por outros, pode ser visto como inovação em educação. Com foco na alfabetização, a pedagogia de Freire envolve não apenas ler a palavra, mas também ler o mundo. E isso envolve o desen- volvimento da conscientização do estudante. A ditadura militar, Karl Marx e Jesus Cristo. Entenda a trajetória e o pensamento do ‘patrono da educação brasileira’, um dos mais citados pesquisadores de ciências humanas no mundo. Quem foi Paulo Freire. E seu trabalho como professor. Disponível em: https://youtu.be/VjjV8ROzMho A formação da consciência crítica permite que as pessoas questionem a natureza de sua situação histórica e social – para ler seu mundo – com o objetivo de atuar como sujeitos na criação de uma sociedade democrática. Para a educação, Freire enfatiza a importante troca de conhecimentos entre pro- fessores e alunos, em que ambos aprendem, questionam, refletem e participam da construção de significado. Saiba mais sobre a relação entre Vygostky e Paulo Freire no artigo “Dialogando com Paulo Freire e Vygotsky sobre educação”, dos pesquisadores Luciana Pacheco e Carlos Alberto. Disponível em: https://bit.ly/2Z5x27w 17 UNIDADE Inovação em Educação Essa pedagogia começa com o professor se misturando na comunidade, fazendo perguntas às pessoas e reunindo uma lista de palavras usadas em suas vidas diárias. Por isso, o professor deve entender a realidade social das pessoas e desenvolver uma lista de palavras e temas geradores que poderiam levar à discussão nas aulas. Se navegarmos com Paulo Freire, ao tornar as palavras relevantes para a vida das pessoas, é feito o processo de conscientização, no qual a construção social da realidade poderia ser examinada criticamente. Neste sentido, o conceito de inovação é plural e mais abrangente que os de mudança e renovação. Por isso, a inovação pedagógica deve sempre trazer algo de novo; é uma mudan- ça, mas intencional e bem evidente; exige uma coragem resoluta e conscientemente assumida; demanda uma ação constante; propõe melhorar a prática educativa; o seu mecanismo deve ser avaliado; e para se poder constituir e desenvolver, requer componentes integrados de pensamento e de ação (CARDOSO, 1992). Ainda que a inovação seja percebida por todos como algo prioritário, é inevitável repararmos a lenta adaptação e transformação dos sistemas educativos. As inicia- tivas existem, são diversas e são louváveis, mas é importante percebermos que as escolas não acompanham a sociedade tecnológica. O que se pretende ao levantar estas questões, é realçar a complexidade própria ao processo inovador e, também, compreender a inovação pedagógica de uma forma abrangente. As possibilidades de investigação neste campo são vastas e diversificadas. Ainda há muito para refletir e investigar, seja em termos teóricos seja em termos práticos. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Movimento de Inovação na Educação https://bit.ly/31RNjik Vídeos As inovações educacionais pelo mundo! | Destino: Educação – Escolas Inovadoras https://youtu.be/ITnosmfvUGo Experiências inovadoras na educação: José Pachec https://youtu.be/reOEnY8jkjo Leitura As dez tendências inovadoras da educação https://bit.ly/2VWH3C2 Mapas mentais: como usar na sala de aula? https://bit.ly/3gygOda 19 UNIDADE Inovação em Educação Referências BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e educação Matemática. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. CANDIDO, J. P. Inovação na educação. Viva S/A. X São Paulo: Projeto Editora, ano 12, edição 152, jan. 2014. CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre: Artmed, 2002. CARDOSO, A. P. As atitudes dos professores e a inovação pedagógica. 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