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30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO

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Supremo Tribunal Federal
Ministro José Antonio Dias Toffoli, Presidente
(23-10-2009)
Ministro Luiz Fux, Vice-Presidente
(3-3-2011)
Ministro José Celso de Mello Filho, Decano
(17-8-1989)
Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello
(13-6-1990)
Ministro Gilmar Ferreira Mendes
(20-6-2002)
Ministro Enrique Ricardo Lewandowski
(16-3-2006)
Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha
(21-6-2006)
Ministra Rosa Maria Pires Weber
(19-12-2011)
Ministro Luís Roberto Barroso
(26-6-2013)
Ministro Luiz Edson Fachin
(16-6-2015)
Ministro Alexandre de Moraes
(22-3-2017)
Apresentação
Em 5 de outubro de 1988, chegava a seu ápice o intenso processo constituinte brasileiro – era promulgada a atual Constitui-
ção da República Federativa do Brasil, a sétima da história da Nação e a sexta da era republicana. Trinta anos depois, a Constituição 
de 1988 continua vigente, sendo, portanto, a mais longeva depois da Constituição Imperial de 1824 (vigorou por 65 anos) e da 
Constituição Republicana de 1891 (vigorou por 43 anos). O País vivenciou, nesse período, profundas mudanças e um processo 
contínuo de amadurecimento e fortalecimento de suas instituições e de sua democracia.
A consolidação do sistema democrático inaugurado em 1988 se deve a vários fatores, entre os quais a atuação de um Judiciário 
consciente de seu papel garantidor da rule of law. A independência e a autonomia de que esse Poder foi dotado pela Constituição 
Cidadã, somadas aos instrumentos postos a seu dispor pela própria Carta Política, garantiram-lhe o papel de instituição central da 
democracia e legitimaram o desempenho de funções essenciais à manutenção da ordem constitucional.
Nesse contexto, o Supremo Tribunal Federal tem ocupado posição de suma relevância, quer por sua condição de órgão máximo 
do Judiciário, quer por sua atribuição precípua de proteger a Constituição (art. 102, caput) e os bens jurídicos mais caros à coletividade.
No julgamento das grandes causas constitucionais que vêm a seu exame, o Supremo Tribunal tem sempre se esmerado na 
defesa dos direitos fundamentais, da dignidade humana, da segurança das relações jurídicas e da conservação do equilíbrio entre 
os Poderes. Todas essas tutelas, alinhadas aos melhores valores de justiça e equidade, garantem a pacificação da sociedade e dão a 
medida da importância da Corte Suprema como instituição imprescindível à preservação do estado de direito constitucional, no 
qual se funda a república democrática brasileira.
Há muito a se celebrar nesses trinta anos de vigência e “vigor” da Constituição de 1988 e, como em todo aniversário, não 
se poderia deixar de relembrar o passado, em toda a sua complexidade, a fim de compreender o presente e planejar o futuro. Este 
catálogo resgata parte da história de nosso país. Revisita o contexto dos regimes constitucionais que antecederam o presente e ree-
xamina, em toda a sua magnitude, a Assembleia Nacional Constituinte, traçando breves biografias de alguns de seus protagonistas, 
antes de deter-se, por fim, na culminância de nosso processo democrático – a promulgação da Constituição Cidadã.
Permeado por registros fotográficos e documentais, o catálogo reúne dados e informações sobre a trajetória e o funciona-
mento do Supremo Tribunal Federal em seu mister de proteger a Lei Maior de nosso país.
Eis, desse modo, o caráter da obra que ora trazemos a público – um mural dos tempos idos em que podemos distinguir 
traços, períodos e fisionomias de nossa vida constitucional.
Vida longa à Constituição Federal de 1988!
Brasília, outubro de 2018.
Ministro Dias Toffoli
Presidente do Supremo Tribunal Federal
Constituições antecedentes
Constituição de 1824
Constituição de 1891
Constituição de 1934
Constituição de 1937
Constituição de 1946
Constituição de 1967
Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988)
Constituição de 1988
Perfis
Moreira Alves
 Presidente do Supremo Tribunal Federal na ocasião da instalação da Assembleia 
Nacional Constituinte
Rafael Mayer
 Presidente do Supremo Tribunal Federal na data da promulgação da Constituição 
Federal de 1988
Ulysses Guimarães
 Presidente da Câmara dos Deputados e da Assembleia Nacional Constituinte
José Sarney
 Presidente da República
Fotografias
Jornal da Constituinte
Sumário
10
12
16
20
24
28
32
36
39
41
42
44
46
48
51
77
Constituição de 1988
Constituição Federal de 1988
Principais inovações da Constituição Federal de 1988
O Guardião da Constituição
Processo histórico de instituição do Supremo Tribunal Federal
Casa da Suplicação (1808 a 1828)
Supremo Tribunal de Justiça (1828 a 1889)
Supremo Tribunal Federal (1890 até os dias atuais)
O Supremo Tribunal Federal na Primeira República
A Era Vargas e o esvaziamento do Poder Judiciário
A redemocratização do Brasil, a Constituição de 1946 e a retomada da dignidade 
político-institucional do Supremo Tribunal Federal
Transferência da sede do Supremo Tribunal Federal para Brasília
O Supremo Tribunal Federal durante o regime militar
O caso Mauro Borges e a defesa das liberdades políticas
A Constituição de 1988 e o fortalecimento institucional do Supremo Tribunal 
Federal
Curiosidades sobre as primeiras sessões após a promulgação da Constituição de 1988
Ação Direta de Inconstitucionalidade 1
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 1
Mandado de Injunção 1
Funcionamento da Suprema Corte
Sistema de Controle de Constitucionalidade
Controle abstrato de constitucionalidade
Controle difuso de constitucionalidade
Singularidades do sistema de convivência entre os modelos difuso e concentrado de 
controle de constitucionalidade
Frases
Referências
100
102
104
108
110
110
112
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150
150
156
158
165
191
Constituições antecedentes
1824
CONSTITUIÇÃO DE 1824
Nome: 
Constituição Política do Império do Brasil
Classificação quanto à origem: 
Outorgada
Data da outorga: 
25 de março de 1824
Chefe de Estado/Governo da época: 
Imperador D. Pedro I
Quem elaborou: 
Conselho de Estado, após a destituição da Assembleia Constituinte de 1823
Período de vigência: 
65 anos, 7 meses e 20 dias1 
DESTAQUES:
 ■ Definiu a monarquia como forma de governo (art. 3º).
 ■ Instituiu quatro Poderes de Estado: o Poder Moderador, o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário 
(art. 10).
 ■ O imperador não estava sujeito a qualquer responsabilidade (art. 99).
 ■ Ao imperador – que era chefe do Poder Executivo (art. 102, caput) – foi delegado também, em caráter privativo 
(art. 98), o Poder Moderador, sendo-lhe assegurada, entre outras competências, a autoridade para prorrogar ou 
1 Apesar de a Constituição seguinte ter sido promulgada apenas em 1891, o Decreto 1, de 15 de novembro de 1889, proclamou a República 
como forma de governo e revogou tacitamente a Carta Imperial.
adiar a Assembleia Geral e para dissolver a Câmara dos Deputados (art. 101, V), bem como para perdoar ou reduzir 
sanções impostas por sentença (art. 101, VIII).
 ■ O Poder Legislativo foi delegado à Assembleia Geral – composta por Câmara dos Deputados e Senado –, ficando as 
espécies legislativas sujeitas à sanção do imperador (art. 13).
 ■ O Poder Judiciário era composto por jurados – com atribuição para se manifestarem sobre os fatos – e juízes – aos 
quais competia a aplicação da lei (arts. 151 e 152); por Relações, nas províncias do Império – para julgar as causas em 
segunda e última instância – (art. 158); e pelo Supremo Tribunal de Justiça, sediado na capital do Império (art. 163).
 ■ Foi estabelecido o voto censitário – baseado na renda – (art. 94, I).
 ■ Reconheceu o catolicismo como religião oficial do Estado, confiando às demais crenças o culto em ambiente 
privado (doméstico ou em templos) (art. 5º).
 ■ Admitiu a alteraçãode parte de suas normas por processo legislativo ordinário, sendo considerados constitucionais 
apenas os preceitos concernentes aos Poderes de Estado, aos direitos políticos e aos direitos individuais (art. 178).
“Elaborada após o encerramento da assembleia constituinte de 1823, a Constituição imperial foi a resposta possível a um 
clima de impasse. De um lado, liberais escravagistas eram também defensores do federalismo com um poder central fraco. De 
outro, conservadores – muitos deles antiescravagistas, como José Bonifácio de Andrada – eram favoráveis a uma monarquia 
centralizada, a única resposta contra os movimentos separatistas que mostrariam suas garras no período da Regência. Um 
exemplo desse equilíbrio paralisante está na escravidão, que se manteve no Brasil a despeito de não figurar no texto constitu-
cional. Apesar de sua origem autocrática, foi a Constituição votada em todas as Câmaras Municipais brasileiras, como bem 
recorda Paulo Bonavides, e não se pode negar que foi um texto jurídico de grandes qualidades técnicas, conferindo ao Brasil a 
estabilidade necessária para atravessar o conturbado século 19.” (Ministro Dias Toffoli, em 25 de março de 2014.)
14 15
1891
CONSTITUIÇÃO DE 1891
Nome: 
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil 
Classificação quanto à origem: 
Promulgada
Data da promulgação: 
24 de fevereiro de 1891
Chefe de Estado/Governo da época: 
Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do governo provisório
Quem elaborou: 
O projeto foi elaborado por comissão nomeada pelo governo provisório e revisado por Ruy Barbosa. O texto 
final foi aprovado pela Assembleia Nacional Constituinte, presidida por Prudente de Moraes.
Período de vigência: 
43 anos, 4 meses e 21 dias2 
DESTAQUES:
 ■ Definiu o federalismo como forma de Estado e a república como forma de governo (art. 1º).
2 Embora o Decreto 19.398, de 11 de novembro de 1930, que instituiu o governo provisório de Getúlio Vargas (1930-1934), afirme expres-
samente no art. 4º que a Constituição Federal continuava em vigor, é possível a interpretação de que houve sua revogação tácita nessa data. 
O art. 1º do decreto estabelecia que o governo provisório exerceria “discricionariamente, em toda sua plenitude, as funções e atribuições, 
não só do Poder Executivo, como também do Poder Legislativo”, até que, eleita a Assembleia Constituinte, ela estabelecesse a reorganização 
constitucional do país. O art. 5º, por sua vez, suspendeu as garantias constitucionais e excluiu a possibilidade de apreciação judicial dos atos 
do governo provisório ou dos interventores federais “praticados na conformidade da presente lei ou de suas modificações ulteriores”. Se o 
entendimento for de que houve revogação tácita, deve-se considerar que o período de vigência da primeira Constituição republicana do 
Brasil foi de 39 anos, 8 meses e 17 dias.
 ■ Adotou o sistema de governo presidencialista (art. 41).
 ■ Instituiu a tripartição dos Poderes de Estado: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário (art. 15).
 ■ Reservou à União uma faixa de terra no planalto central brasileiro, “para nela estabelecer-se a futura Capital federal”, 
normatizando a aspiração de interiorizar o progresso no país (art. 3º).
 ■ Estabeleceu os 21 anos para o início da capacidade eleitoral ativa (art. 70).
 ■ Afirmou a separação entre Estado e Igreja (art. 11, 2º) e oficializou a liberdade religiosa, sendo assegurado o livre 
exercício de cultos nos espaços públicos inclusive (art. 72, § 3º).
 ■ A instituição do júri foi inserida em seção da Constituição destinada à declaração de direitos do cidadão (art. 72, § 31).
 ■ Conferiu status constitucional ao habeas corpus, prescrevendo seu cabimento “sempre que o indivíduo sofrer ou 
se achar em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder” (art. 72, § 22). 
A Emenda Constitucional 3/1926 alterou a redação original do dispositivo para explicitar o cabimento da ação 
constitucional somente para proteção do direito à liberdade de locomoção.
 ■ O vice-presidente da República desempenhava a função de presidente do Senado, na qual exercia somente o voto de 
qualidade (art. 32).
 ■ Relativamente à responsabilidade do presidente da República, prescreveu a sujeição das acusações à aprovação da 
Câmara dos Deputados e a submissão a processo e julgamento perante o Supremo Tribunal Federal (nos crimes 
comuns) e perante o Senado (nos crimes de responsabilidade) (art. 53).
 ■ Instituiu o Supremo Tribunal Federal como órgão do Poder Judiciário da União (art. 55).
 ■ Instituiu a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos como garantia aos magistrados 
(art. 6º, II, i).
 ■ Instituiu o cargo de “Procurador-Geral da República”, o qual seria designado pelo presidente da República dentre os 
membros do Supremo Tribunal Federal (art. 57, § 2º).
 ■ Assegurou foro especial aos “militares de terra e mar”, para julgamento de crimes militares (art. 77), instituindo o 
Supremo Tribunal Militar.
“Está feita a evolução republicana no Brazil. Agora cumpre e urge constituir definitivamente, em firmeza do bem-estar 
social, a republica com a autoridade da nação e do melhor modo possivel para sua felicidade. A nova constituição reclama 
o concurso patriotico de todos os brazileiros. (...) na constituição da republica brazileira, ha demais a corrigir os vicios cos-
tumeiros e de perniciosos effeitos na pratica de preceites similares da extincta monarchia representativa. (...) promovendo a 
melhor elaboração constitucional, o governo provisorio coroará sua benemerencia ao depôr, no fim de sua grave missão, as 
redeas do poder nas mãos do constituido pela nação.” (Andrade Pinto, ministro do Supremo Tribunal de Justiça entre 
1891 e 1894, em 1890.)
18 19
1934
CONSTITUIÇÃO DE 1934
Nome:
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil
Classificação quanto à origem:
Promulgada
Data da promulgação:
16 de julho de 1934
Chefe de Estado/Governo da época: 
Getúlio Vargas
Quem elaborou: 
Assembleia Constituinte convocada pelo chefe do governo provisório, Getúlio Vargas, por meio dos Decretos 
21.402, 22.040 e 22.621, que a regulamentaram.
Período de vigência: 
3 anos, 3 meses e 24 dias
DESTAQUES:
 ■ Estabeleceu a idade de 18 anos para o início da capacidade eleitoral ativa (art. 108), sendo o voto obrigatório (art. 109).
 ■ Conferiu status constitucional ao direito das mulheres ao voto (art. 108).
 ■ Estabeleceu a educação como “direito de todos” (art. 149), bem como a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino 
primário, “extensivo aos adultos” (art. 150, parágrafo único, a).
 ■ Prescreveu direitos do trabalhador, entre os quais o salário mínimo de caráter regional (art. 121, b), e proibiu o 
trabalho infantil (art. 121, d ).
 ■ Previu o mandado de segurança como remédio constitucional contra violação ou ameaça de lesão a direito por “ato 
manifestamente inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade” (art. 113, 33), assegurando a aplicação do rito 
do habeas corpus (cujo cabimento manteve-se nos casos referentes ao direito à liberdade de locomoção).
 ■ Constitucionalizou a Justiça Eleitoral, instituída pelo Decreto 21.076/1932 (Código Eleitoral de 1932) (arts. 82 e 83).
 ■ Instituiu a Justiça do Trabalho, “[p]ara dirimir questões entre empregadores e empregados, regidas pela legislação 
social”, a qual não compunha o Poder Judiciário, não lhe sendo estendidas, portanto, as garantias e vedações 
constitucionais aplicadas aos membros desse Poder (art. 122).
 ■ Instituiu a obrigatoriedade de maioria absoluta dos votos dos membros de tribunal para a declaração de 
“inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Público” (art. 179).
 ■ Determinou que a decisão da Suprema Corte de declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato governamental 
fosse comunicada ao SenadoFederal (art. 96), a fim de que sua eficácia fosse suspensa, integral ou parcialmente 
(art. 91, IV).
 ■ Fez referência expressa à instituição do Ministério Público – em capítulo reservado aos “Órgãos de Cooperação nas 
Atividades Governamentais” (arts. 95 a 98).
 ■ Instituiu a escolha do procurador-geral da República “dentre cidadãos com os requisitos estabelecidos para os 
Ministros da Corte Suprema”, ficando a nomeação pelo presidente da República sujeita à aprovação do Senado 
Federal (art. 95, § 1º).
“As Constituições que pretendem viver não dispensam a unidade de um sistema: porque elas mesmas são um complexo 
de normas políticas, cuja eficácia consiste precisamente na sua harmonia. (...) Se a Constituição deixa de ser um sistema, a 
ordem jurídica perderá a sua harmonia, a condição precípua da estabilidade. Os varios dispositivos passam a não coexistir fa-
cilmente, pela ausencia dos vinculos indispensaveis á sua contextura.” (Prado Kelly, constituinte e posteriormente ministro 
do STF, em discurso proferido na Assembleia Nacional Constituinte em 24 de março de 1934.)
22 23
1937
CONSTITUIÇÃO DE 1937
Nome: 
Constituição dos Estados Unidos do Brasil
Classificação quanto à origem: 
Outorgada
Data da outorga:
10 de novembro de 1937
Chefe de Estado/Governo da época: 
Getúlio Vargas
Quem elaborou: 
O principal autor foi o jurista Francisco Luís da Silva Campos, ministro da Justiça no Estado Novo. 
O texto foi aprovado pelo presidente da República, Getúlio Vargas, e pelo ministro da Guerra, 
general Eurico Gaspar Dutra.
Período de vigência: 
8 anos, 10 meses e 7 dias
DESTAQUES:
 ■ Preceituou a submissão da Constituição de 1937 a “plebiscito” (art. 187), ficando assegurada a renovação do 
mandato de Getúlio Vargas (na condição de presidente da República em exercício na data da outorga do diploma) 
até sua realização (art. 175).
 ■ Dissolveu a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as assembleias legislativas dos estados e as câmaras 
municipais e conferiu ao presidente da República a função de convocar “[a]s eleições ao Parlamento Nacional”, 
atribuição essa que deveria ser exercida após a aprovação da Carta pelo voto popular (art. 178).
 ■ O plebiscito jamais chegou a ser convocado e, por consequência, não ocorreram eleições para os Poderes Executivo 
e Legislativo previstos na Carta de 1937.
 ■ Na composição do Poder Judiciário (art. 90), omitiu a Justiça Eleitoral, a qual foi extinta, sendo suas atividades 
restabelecidas somente após a alteração constitucional implementada pela Lei Constitucional 9/1945 e a edição do 
Decreto-Lei 7.586/1945.
 ■ Extinguiu a Justiça Federal, tendo prescrito que as causas em curso nessa Justiça bem como os processos em trâmite 
no Supremo Tribunal na data da outorga da Carta teriam o julgamento “regulado por decreto especial” (art. 185).
 ■ Prescreveu o funcionamento do Ministério Público Federal junto ao Supremo Tribunal Federal e estabeleceu a livre 
nomeação e demissão do procurador-geral da República pelo presidente da República (art. 99).
 ■ Instituiu a pena de morte para crimes políticos (art. 122, 13).
 ■ Estabeleceu a censura prévia à arte e aos meios de comunicação (art. 122, 15, a).
 ■ A greve e o locaute foram declarados “incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional” (art. 139).
 ■ Ficou conhecida como Constituição “Polaca”, por ter inspiração na Carta Magna polonesa então vigente, de índole 
política autoritária.
“Toda Constituição é um instrumento. Todo instrumento depende dos que o manejam, e o manejo de todos os instrumen-
tos tem a sorte que lhe dão a coragem e a eficiencia daqueles mesmos a quem são entregues.” (Pontes de Miranda, em palestra 
proferida no Departamento de Propaganda, em 25 de novembro de 1937.)
26 27
1946
CONSTITUIÇÃO DE 1946
Nome: 
Constituição dos Estados Unidos do Brasil
Classificação quanto à origem: 
Promulgada
Data da promulgação:
18 de setembro de 1946 
Chefe de Estado/Governo da época: 
Marechal Eurico Gaspar Dutra
Quem elaborou: 
Assembleia Constituinte, instalada em 2 de fevereiro de 1946. O poder constituinte fora atribuído ao 
parlamento eleito em 2 de dezembro de 1945, conforme previsão das Leis Constitucionais 13 e 15 de 1945. 
A redação final coube a Prado Kelly, e a revisão ao filólogo José de Sá Nunes.
Período de vigência: 
20 anos, 5 meses e 24 dias, se considerada como norma revogadora a Constituição de 1967, que entrou em 
vigor em 15 de março de 19673
DESTAQUES:
 ■ Marcou o fim do Estado Novo (1937-1945) e o início da redemocratização do País.
 ■ Revigorou o federalismo como forma de governo, restabelecendo a autonomia dos estados.
3 Apesar de o art. 1º do Ato Institucional 1, de 9 de abril de 1964, afirmar expressamente a manutenção da Constituição Federal de 1946 com 
as modificações constantes desse ato, é defensável ter havido revogação tácita por norma incompatível para modificar o texto constitucional 
vigente. Com base nessa interpretação, assim como ocorreu com a Constituição de 1891, o período de vigência da Constituição de 1946 
seria abreviado para 17 anos, 6 meses e 21 dias.
 ■ Recompôs o equilíbrio entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (art. 36).
 ■ Reinstituiu o exercício do Poder Legislativo federal pela Câmara dos Deputados e pelo Senado (art. 37).
 ■ A instituição do júri foi inserida em capítulo “dos direitos e das garantias individuais”, garantindo-se “o sigilo das 
votações, a plenitude da defesa do réu e a soberania dos veredictos” e prescrevendo-se a obrigatoriedade de sua 
competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida (art. 141, § 28).
 ■ Assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, asseverando, entretanto, a possibilidade de censura de 
“espetáculos e diversões públicas” (art. 141, § 5º).
 ■ Extinguiu a pena de morte, ressalvadas “as disposições da legislação militar em tempo de guerra com país 
estrangeiro” (art. 141, § 31).
 ■ Reconheceu o direito de greve (art. 158) e conferiu anistia “aos trabalhadores que tenham sofrido penas 
disciplinares, em consequência de greves ou dissídios do trabalho” (ADCT, art. 28).
 ■ Fixou em 5 anos o mandato de presidente da República (art. 82) e manteve a vedação de reeleição (art. 139, I).
 ■ Incluiu “Tribunais e Juízes do Trabalho” entre os órgãos que integram o Poder Judiciário, constituiu o Tribunal 
Federal de Recursos (atribuindo-lhe competências recursais até então exercidas pelo Supremo Tribunal Federal) e 
reinstituiu a Justiça Eleitoral (art. 94).
 ■ O Ministério Público foi referido em título próprio (arts. 125 a 128).
“Depois de termos atravessado uma longa estrada sombria, de indecisões e incertezas de um período ditatorial, é com 
grande alegria que o país readquire o seu poder de Nação livre regido por normas puramente democráticas.” (Ministro José 
Linhares, então presidente do Supremo Tribunal Federal, na sessão de 20 de setembro de 1946, primeira após a promul-
gação da Constituição.)
30 31
1967
CONSTITUIÇÃO DE 1967
Nome: 
Constituição da República Federativa do Brasil
Classificação quanto à origem: 
Formalmente promulgada4
Data da promulgação: 
24 de janeiro de 1967, com entrada em vigor em 15 de março do mesmo ano
Chefe de Estado/Governo da época: 
Humberto de Alencar Castello Branco
Quem elaborou: 
Uma comissão de juristas instituída pelo presidente da República e composta por Levi Carneiro – que a 
presidiu de acordo com o art. 2º do Decreto 58.198/1966 –, Orozimbo Nonato, Miguel Seabra Fagundes 
e Themistocles Cavalcanti elaborou o anteprojeto e submeteu-o à consideração do presidente da República 
(Decreto 58.198/1966, art. 3º).
Período de vigência: 
21 anos, 6 meses e 19 dias
DESTAQUES:
 ■ Elaborada sob a égide do Regime Militar, apresentou grande preocupação com a “segurança nacional”,normatizando-a em seção exclusiva, na qual se atribuiu a “toda pessoa natural ou jurídica” o dever de zelar pela 
segurança nacional e se institucionalizou o “conselho de segurança nacional” (arts. 89 a 91).
4 Apesar de o art. 189 da Constituição afirmar que “Esta Constituição será promulgada, simultaneamente, pelas Mesas das Casas do Congres-
so Nacional e entrará em vigor no dia 15 de março de 1967” e de o AI 4/1966 convocar o Congresso Nacional para se reunir extraordinaria-
mente, de 12 de dezembro de 1966 a 24 de janeiro de 1967, para discussão, votação e promulgação do projeto de Constituição apresentado 
pelo presidente da República, a doutrina constitucionalista nacional classifica a Constituição de 1967 quanto à origem como outorgada, 
pois a reunião do Congresso constituinte não se deu em clima de liberdade política para se afirmar que resultou de uma assembleia popular.
 ■ No primeiro artigo das disposições gerais e transitórias, recepcionou os atos praticados pelo “Comando Supremo da 
Revolução de 31 de março de 1964”, os atos institucionais aprovados até então e os atos que dele decorreram.
 ■ Embora tenha previsto a independência e a harmonia entre os Poderes (art. 6º), teve como diretriz a centralização 
do poder no Executivo. São exemplos das prerrogativas reservadas ao presidente da República: competência para 
expedir decretos-leis sobre os temas “segurança nacional” e “finanças públicas” (art. 58) e competência privativa 
para decretação do estado de sítio, antes mesmo de ouvido o Congresso Nacional (art. 83, XIV).
 ■ Quanto ao Poder Legislativo, previu a possibilidade de, perante o Supremo Tribunal Federal (art. 151), ser 
processado o parlamentar que abusasse dos seus direitos políticos ou de congressista “para atentar contra a ordem 
democrática ou praticar a corrupção”.
 ■ Relativamente ao Poder Judiciário, promoveu ampliação dos poderes da Justiça Militar e permitiu a extensão de sua 
jurisdição aos civis, nos casos expressos em lei, para a repressão “de crimes contra a segurança externa do país ou as 
instituições militares” (art. 108).
 ■ Quanto aos cidadãos, seus direitos políticos poderiam ser objeto de suspensão ou de perda, por decretação do 
presidente da República (art. 144).
 ■ Foi modificada pelo Ato Institucional 5, em 13 de dezembro de 1968, com nova ampliação do protagonismo 
do presidente da República, que pôde decretar recesso do Congresso Nacional por tempo indeterminado (Ato 
Institucional 5, art. 2º), providência que, adotada, culminou na edição da Emenda Constitucional 1/1969.
 ■ As mudanças introduzidas pela Emenda Constitucional 1/1969 foram extremamente amplas e implicaram extensão 
das medidas centralizadoras, tais como mandato de 5 anos para o presidente da República (art. 75, § 3º), após 
eleição indireta por um colégio eleitoral (art. 74).
 ■ Diferentemente das demais Constituições promulgadas ao longo da história do País, que foram assinadas ao final 
de seus textos pelos constituintes, recebeu a firma tão somente das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal.
“Violou-se o processo constitucional e usurpou-se o poder. Tivemos que enfrentar situações de absoluto desprezo pelo regime 
das liberdades públicas. A partir daí, tivemos uma Carta em 1967. (...) [a Emenda Constitucional 1 de 1969] é uma Carta 
Constitucional envergonhada de si própria, imposta de maneira não democrática e representando a expressão da vontade 
autoritária dos curadores do regime.” (Ministro Celso de Mello, em 4 de outubro de 2008.)
34 35
Assembleia Nacional Constituinte
198 7-1988
As primeiras manifestações em favor de uma Constituinte datam de 1971, quando o Movimento Democrático Bra-
sileiro (MDB) pediu a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para o ano de 1974. A Assembleia passou 
continuamente a constar da pauta dos grandes temas nacionais, ante a necessidade de restaurar as instituições democrá-
ticas, que haviam perdido força ao longo do regime ditatorial instaurado em 1964. 
Em 1985, o presidente da República eleito, Tancredo Neves, convocou todo o país para um debate constitucional. 
Após sua morte, coube ao sucessor, José Sarney, realizar a transição para o regime democrático. Em 28 de junho de 1985, 
em mensagem enviada ao Congresso Nacional, Sarney propôs a concessão de poderes constituintes aos deputados e se-
nadores que seriam eleitos em 15 de novembro de 1986. Foi a primeira constituinte na República em que os analfabetos 
tiveram direito ao voto, concedido pela Emenda Constitucional 25, de 15 de maio de 1985. Acatando a proposta, em 27 
de novembro de 1985, as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal promulgaram a Emenda Constitucional 
26, que convocou a Assembleia Nacional Constituinte e regulamentou sua instalação e composição.
As eleições ocorreram, e, em 1º de fevereiro de 1987, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Carlos 
Moreira Alves, instalou a Assembleia Nacional Constituinte, integrada por 559 constituintes, oriundos de 13 partidos.
Logo na primeira sessão ordinária, os constituintes foram chamados a decidir sobre a participação ou não na Assem-
bleia dos 23 senadores que haviam sido eleitos em 1982. Com 394 votos favoráveis, esses senadores tornaram-se consti-
tuintes. Em seguida, na eleição do presidente da Assembleia, o deputado Ulysses Guimarães obteve a vitória.
De acordo com o Regimento Interno da Constituinte, os trabalhos de elaboração constitucional seriam organiza-
dos em um sistema de comissões e subcomissões, com a participação de todos os parlamentares e observada a represen-
tação partidária. Também houve a previsão de participação popular direta, que seria garantida por meio de audiências 
públicas e da iniciativa popular. Um cidadão poderia apresentar emendas ao projeto de Constituição, desde que contasse 
com o apoio de trinta mil eleitores e o respaldo de três entidades. Ao final do processo de elaboração, os textos seguiram 
à Comissão de Sistematização, a qual foi incumbida da tarefa de compatibilizá-los em um único projeto. As subcomis-
sões funcionaram de 7 de abril a 25 de maio de 1987, com intensa participação dos constituintes e da população. Foram 
realizadas 182 audiências públicas, encaminhadas 11.989 propostas e apresentadas 6.417 emendas.
Seguiram-se tempos de muita discussão, pressão política e confronto de ideias. Antes de tornar-se definitivo, o texto 
foi denominado de “Projeto Zero”, “Substitutivo I” e “Substitutivo II”. Em 18 de novembro, foi apresentado o “Projeto 
de Constituição A”, com aproximadamente 1,8 mil dispositivos e 335 artigos, dos quais 271 nas disposições permanentes 
e 63 em disposições transitórias.
O primeiro turno de votação ocorreu apenas em 5 de julho de 1988, e dele resultou o “Projeto de Constituição B”. 
O segundo turno ocorreu em 2 de setembro. 
Finalmente, em 5 de outubro de 1988, em sessão solene, foi declarado promulgado, nas palavras do presidente da 
Assembleia, deputado Ulysses Guimarães, “o documento da liberdade, da dignidade, da democracia, da justiça social 
do Brasil”.
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Nome: 
Constituição da República Federativa do Brasil
Classificação quanto à origem: 
Promulgada
Data da promulgação: 
5 de outubro de 1988
Chefe de Estado/Governo da época: 
José Sarney
Quem elaborou: 
Assembleia Nacional Constituinte, instalada em 1º de fevereiro de 1987
38 39
Perfis
MOREIRA ALVES
PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
NA OCASIÃO DA INSTALAÇÃO DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE
“Ao instalar-se esta Assembleia Nacional Constituinte,
chega-se ao termo final do período de transição com que, sem ruptura constitucional, 
e por via de conciliação, se encerra ciclo revolucionário.”
Nome: 
José Carlos Moreira Alves
Data de nascimento:
19 de abril de 1933
Local de nascimento:
Taubaté/SP
Formação acadêmica:
Bacharelou-seem Direito pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro/RJ, em 1955; 
concluiu o curso de doutorado (Seção de Direito Privado) na mesma Faculdade, em 1957.
Trajetória profissional:
 ■ Dedicou-se ao magistério e à advocacia, lecionando Direito Civil e Direito Romano na Faculdade de Direito da 
Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro (1957 a 1964), e Direito Romano na Faculdade de Direito Cândido 
Mendes (1960 a 1968).
 ■ Foi catedrático interino da cadeira de Direito Civil no curso de doutorado da Faculdade Nacional de Direito da 
Universidade do Brasil (1968). Lecionou, como professor catedrático, Direito Civil na Faculdade de Direito da 
Universidade de São Paulo. Em 1974, cedido pela Universidade de São Paulo, tornou-se professor da Universidade 
de Brasília.
 ■ De janeiro de 1969 a julho de 1970, foi membro do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo, como 
representante da Congregação da Faculdade de Direito.
 ■ Chefiou o gabinete do ministro da Justiça de junho de 1970 a março de 1971.
 ■ Exerceu o cargo de procurador-geral da República de 24 de abril de 1972 a 19 de junho de 1975.
 ■ Nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal por decreto de 18 de junho de 1975, do presidente Ernesto 
Geisel, para a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Oswaldo Trigueiro, tomou posse no cargo no dia 20 do 
mesmo mês.
 ■ Desempenhou as funções de presidente do Supremo Tribunal Federal no período de 25 de fevereiro de 1985 a 10 de 
março de 1987. Nessa condição ocupou a Presidência da República, de 7 a 11 de julho de 1986, em substituição ao 
presidente José Sarney.
42 43
RAFAEL MAYER
PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
NA DATA DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
“Eu jurei fidelidade à Constituição em nome do Poder Judiciário
e eu me emociono em me lembrar daquele momento até hoje. Marcou muito. 
A gente passa por essa vida, deixa algumas marcas e leva muitas saudades. Essa é uma delas.”
Nome: 
Luiz Rafael Mayer
Data de nascimento:
27 de março de 1919
Local de nascimento:
Monteiro/PB
Formação acadêmica:
Em 1939, ingressou na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1943.
Trajetória profissional:
 ■ Foi prefeito do município de Monteiro/PB de 1944 a 1945 e promotor de justiça do estado de Pernambuco de 
1945 a 1955.
 ■ Exerceu o cargo de subprocurador-geral do estado de Pernambuco de 1955 a 1966.
 ■ Lecionou no magistério superior, tendo sido professor da Escola de Serviço Social de Pernambuco e das Faculdades 
de Ciências Econômicas e de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.
 ■ Nomeado por decreto de 13 de dezembro de 1978, do presidente da República general Ernesto Geisel, para exercer 
o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga decorrente do falecimento do ministro Rodrigues 
Alckmin, tomou posse em 15 de dezembro de 1978.
 ■ Foi eleito para a Presidência do Supremo Tribunal Federal em sessão de 10 de dezembro de 1986 e a exerceu no 
biênio de 10 de março de 1987 a 10 de março de 1989.
44 45
ULYSSES GUIMARÃES
PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
E DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE
“Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora.
Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai 
caminhar e abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros e ignorados da miséria.”
Nome: 
Ulysses Silveira Guimarães
Data de nascimento:
6 de outubro de 1916
Local de nascimento:
Rio Claro/SP
Formação acadêmica:
Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Trajetória profissional:
 ■ Elegeu-se deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD) para compor a Assembleia Constituinte de 
São Paulo.
 ■ Foi deputado federal pelo estado de São Paulo durante onze mandatos consecutivos, de 1951 a 1992, ano em que 
faleceu.
 ■ Concorreu ao governo de São Paulo em 1959.
 ■ Exerceu o cargo de ministro da Indústria e Comércio em 1961, no gabinete do primeiro-ministro, Tancredo Neves.
 ■ Exerceu a presidência da Câmara dos Deputados em três períodos (1956-1957, 1985-1986, 1987-1988).
 ■ Foi candidato à Presidência da República nas eleições de 1989.
46 47
JOSÉ SARNEY
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
“A Constituição nasce com um País em paz.
Sem prontidão militar, repressão ou sombras institucionais. As instituições consolidaram-se. Mas cumprimos um 
longo caminho. Tão seguro e rápido que muitos não tomaram conhecimento de sua grandeza e profundidade.”
Nome: 
José Sarney
Data de nascimento:
24 de abril de 1930
Local de nascimento:
Pinheiro/MA
Formação acadêmica:
Bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Maranhão, em 1953.
Trajetória profissional:
 ■ Exerceu as funções de oficial judiciário e diretor da secretaria do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão antes 
de dar início a sua carreira política.
 ■ Lecionou noções de Direito na Faculdade de Serviço Social da Universidade Católica do Maranhão a partir 
de 1957.
 ■ Exerceu sucessivos mandatos de deputado federal pelo Maranhão de 1955 a 1966 e governou o estado de 1966 
a 1970.
 ■ Foi vice-líder da UDN na Câmara dos Deputados, no biênio 1959-1960, e vice-presidente nacional de 1961 a 1963.
 ■ Candidatou-se para o Senado e assumiu o cargo nos mandatos de 1971 a 1978, pela Aliança Renovadora Nacional 
(ARENA), e de 1979 a 1985, pelo Partido Democrático Social (PDS).
 ■ Foi eleito para a presidência da Arena em 1979 e nomeado presidente do recém-criado PDS em 1980.
 ■ Tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras no mesmo ano.
 ■ Filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), candidatando-se, na chapa de Tancredo 
Neves, a vice-presidente da República, em 1985.
 ■ Assumiu interinamente a Presidência da República em 15 de março de 1985 e efetivamente no dia seguinte ao 
falecimento do presidente eleito, Tancredo Neves, ocorrido em 21 de abril do mesmo ano.
 ■ Após o término do mandato presidencial, foi novamente eleito senador, assumindo mandatos sucessivos de 1991 
a 2015.
 ■ Foi presidente do Senado por quatro mandatos: 1995-1997, 2003-2005, 2009-2011 e 2011-2013.
48 49
Fotografias
Sessão de instalação da Assembleia Nacional Constituinte, 
com a presença dos chefes dos três Poderes da República, 1º-2-1987
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Moreira Alves, 
em revista às tropas no dia da instalação da Assembleia Nacional Constituinte, 1º-2-1987
52 53
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Moreira Alves, 
chegando à sessão de instalação da Assembleia Nacional Constituinte, 1º-2-1987
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Moreira Alves, e o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, 
deputado Ulysses Guimarães, na sessão de instalação da Assembleia Nacional Constituinte, 1º-2-1987
54 55
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Moreira Alves, 
concedendo entrevista por ocasião da instalação da Assembleia Nacional Constituinte, 1987
Os chefes dos três Poderes na instalação da Assembleia Nacional Constituinte. Da esquerda para a direita: o presidente 
do Senado, senador Humberto Lucena; o presidente da República, José Sarney; o presidente do Supremo Tribunal Federal, 
ministro Moreira Alves; e o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Ulysses Guimarães, 1º-2-1987
56 57
Entrega das emendas 
populares patrocinadas 
pela Igreja Católica, 
29-7-1987
Entrega da Emenda das Donas de Casa, 4-8-1987
58 59
Manifestação de estudantes, 17-5-1988Manifestação pela reforma agrária, 5-10-1987
60 61
Crianças brincando em frente ao Congresso Nacional, 24-5-1988
Manifestação do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, 24-5-1988
62 63
Grupo de deputadasconstituintes, s/d
O deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, 
recebendo do presidente da OAB Nacional, Márcio Thomaz Bastos, manifesto de apoio à “Constituição Cidadã”, s/d
64 65
Mesa da Assembleia Nacional Constituinte na madrugada do dia 2-9-1988, 
após o encerramento da votação do texto constitucional
Plenário da Assembleia Nacional Constituinte na madrugada do dia 2-9-1988, 
após o encerramento da votação do texto constitucional
66 67
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Rafael Mayer, conversando com o presidente da Assembleia 
Nacional Constituinte, deputado Ulysses Guimarães, e o presidente da República, José Sarney, antes da sessão de 
promulgação da Constituição Federal, 5-10-1988
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Rafael Mayer, entre o presidente da 
Assembleia Nacional Constituinte, deputado Ulysses Guimarães, e o presidente da República, José 
Sarney, no dia da promulgação da Constituição Federal, 5-10-1988
68 69
Entrada dos chefes dos três Poderes da República no Congresso Nacional, 5-10-1988 Sessão de promulgação da Constituição, 5-10-1988
70 71
Composição plenária do Supremo Tribunal Federal na época da Assembleia Nacional Constituinte.
Sentados, da esquerda para a direita: ministros Décio Miranda (vice-presidente), Djaci Falcão, 
Moreira Alves (presidente), Cordeiro Guerra e Rafael Mayer. Na mesma ordem, em pé: ministros 
Sydney Sanches, Aldir Passarinho, Néri da Silveira, Oscar Corrêa, Francisco Rezek e Octavio 
Gallotti, e o procurador-geral da República, Dr. Inocêncio Mártires Coelho, 25-2-1985
Composição plenária do Supremo Tribunal Federal na época da promulgação da Constituição Federal da República. 
Da esquerda para a direita, sentados: ministros Néri da Silveira (vice-presidente), Djaci Falcão, Rafael Mayer 
(presidente), Moreira Alves e Oscar Corrêa. Na mesma ordem, em pé: ministros Carlos Madeira, Sydney Sanches, 
Aldir Passarinho, Francisco Rezek, Octavio Gallotti e Célio Borja, e o procurador-geral da República, Sepúlveda 
Pertence, 1988
72 73
Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia, consolidou-se como 
uma liderança fundamental no processo constituinte. Conduziu 
negociações e acordos, posicionou-se perante a sociedade em todos 
os momentos críticos e conferiu firmeza ao trabalho parlamentar 
para garantir a conclusão da nova Carta, cunhando a expressão 
de que aquela era uma “Constituição Cidadã”.
74 75
Jornal da 
Constituinte
A Assembleia Nacional Constituinte desejava tornar públicas as atividades por ela 
desenvolvidas. Criou, então, o Jornal da Constituinte, veiculado semanalmente e distribuído a 
todos os estados, com o intuito de oferecer à sociedade uma visão ampla do trabalho da Assem-
bleia. Além disso, o periódico procurava incentivar a participação dos cidadãos, que podiam 
enviar críticas e sugestões, como ressaltado por Ulysses Guimarães logo no primeiro número, 
em artigo intitulado “Mutirão para construir”:
“Está provado que a Constituinte está trabalhando. Você, como eu, poderá dis-
cordar de algumas decisões tomadas até agora e suscetíveis de reformulação em vota-
ções posteriores. Democracia é isso mesmo. Não é o regime em que as decisões conten-
tam a todos, mas todos podem participar, discordar, reformular e, principalmente, 
fiscalizar. (...) Este jornal quer diálogo e não monólogo. Espera resposta, aguarda 
retorno. Você não pode ficar mudo. Leia, passe adiante, debata. A Constituinte é de 
todos, para beneficiar a todos. Você está convidado para esse mutirão. É o mutirão 
para construir a casa do Brasil.”
Os 63 volumes e 1 encarte especial publicados, com artigos como “Está nascendo a nova 
Carta”, “559 constituintes e quatro milhões de brasileiros emendam nosso país” e “Sempre há 
tempo para negociar”, são ricas fontes históricas da elaboração da Constituição brasileira de 1988. 
7978
1º a 7 de junho de 1987 – n. 1
8 a 14 de junho de 1987 – n. 2
80 81
22 a 28 de junho de 1987 – n. 4
6 a 12 de julho de 1987 – n. 6
82 83
27 de julho a 2 de agosto de 1987 – n. 9
5 a 11 de outubro de 1987 – n. 19
84 85
1º a 7 de fevereiro de 1988 – n. 34
7 a 13 de março de 1988 – n. 38
86 87
28 de março a 3 de abril de 1988 – n. 41
11 a 17 de abril de 1988 – n. 42
88 89
11 a 17 de abril de 1988 – n. 42 11 a 17 de abril de 1988 – n. 42
90 91
23 a 29 de maio de 1988 – n. 48
4 a 10 de julho de 1988 – n. 54
92 93
11 a 17 de julho de 1988 – n. 55 22 a 28 de agosto de 1988 – n. 59
94 95
22 a 28 de agosto de 1988 – n. 59 12 a 18 de setembro de 1988 – n. 62
96 97
5 de outubro de 1988 – n. 63
98
Constituição de 1988
Constituição de 1988 exposta no Salão Branco do Supremo Tribunal Federal
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Esta Carta é nossa! Essa foi a manchete publicada em 5 de outubro de 1988, na última edição do Jornal da 
Constituinte5. A referência à Constituição como Carta6 reflete a influência do Brasil que dava seus últimos suspiros sobre 
o Brasil que nascia.
A penúltima manchete do mesmo jornal anunciava: “O Brasil começa dia 5”. Se 5 de outubro de 1988 foi o dia do 
nascimento, o dia 26 de novembro de 1985 marcou o início da gestação da Constituição Cidadã. Nessa data foi aprovada 
a Emenda Constitucional 26, segundo a qual “os membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-iam 
em Assembleia Nacional Constituinte, livre e soberana”. Essa forma atípica de instalação de uma Assembleia Nacional 
Constituinte não representou embaraço para um Estado que estava sendo ordenado por uma Constituição que de modo 
também atípico havia sido integralmente alterada pelo mesmo instrumento normativo, a Emenda Constitucional 1/1969.
Dando cumprimento à determinação do art. 1º da Emenda Constitucional 26/1985, em 1º de fevereiro de 1987 
o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Moreira Alves, instalou a Assembleia Nacional Constituinte e dirigiu 
a sessão de eleição do seu presidente (art. 2º). O deputado Ulysses Guimarães, que fora o principal líder parlamentar de 
oposição aos governos militares, venceu as eleições. “Da constituinte participaram os parlamentares escolhidos no pleito 
de 15 de novembro de 1986, bem como os senadores eleitos quatro anos antes, que ainda se encontravam no curso de 
seus mandatos. Ao todo, foram 559 membros – 487 deputados federais e 72 senadores –, reunidos unicameralmente.”7 
A apreciação do texto final estava prevista para 30 de outubro de 1987 8, mas as discussões e votações se estenderam 
por quase mais um ano. Somente em 5 de outubro de 1988, a materialização do reordenamento jurídico do país ocorreu, 
em sessão realizada no plenário da Câmara dos Deputados. Com a presença do presidente da República, José Sarney, do 
presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Rafael Mayer, e de deputados, senadores, ministros, governadores, 
delegações estrangeiras e representantes do corpo diplomático, proclamou-se:
5 Órgão oficial de divulgação da Assembleia Nacional Constituinte.
6 As constituições outorgadas são também chamadas pelos doutrinadores de “cartas” constitucionais.
7 BARROSO, Luís Roberto. Vinte anos da Constituição brasileira de 1988: o Estado a que chegamos.
8 Jornal da Constituinte, n. 1, p. 14.
Muda Brasil! Com esse grito de fé e de esperança, o presidente Ulysses Guimarães entregou ao Brasil a Cons-
tituição que ele batizou de cidadã. Em seu último pronunciamento na condição de presidente da Assembleia 
Nacional Constituinte, ele falou do país que começou com a nova Carta e deixou uma série de advertências, 
entre elas a de que “a moral é o cerne da pátria”.9
9 Jornal da Constituinte, n. 63, p. 4.
102 103
A Constituição Federal de 1988 é a sétima na história do Brasil desde a declaração de independência de Portugal. 
Ela marcou o fimde um regime militar e a reinstalação democrática como um dos maiores princípios do Estado brasileiro. 
É considerada a mais completa entre todas as Constituições brasileiras, sobretudo no que diz respeito aos direitos do 
cidadão. Traduziu as ambições do povo, que finalmente ingressou com protagonismo na vida política do Estado. Com 
esse lastro de legitimidade sem precedentes na história brasileira, a Constituição Cidadã, por meio da busca da efetivação 
das liberdades e garantias fundamentais, apresentou várias inovações em relação às experiências constitucionais anteriores.
PRINCIPAIS INOVAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Uma das principais novidades do Texto Constitucional de 1988 foi sutil, mas impactante: a mudança topográfica 
das normas sobre os direitos e garantias fundamentais. Tradicionalmente arrolado na parte final das constituições, pela 
primeira vez o tópico que resguarda os indivíduos veio ocupar posição de destaque no texto, logo após o preâmbulo e os 
princípios fundamentais, com relevo para as pessoas que compõem o Estado, antes mesmo da parte que regulamenta a 
estrutura estatal.
Quanto aos direitos políticos, o voto passou a ser facultativo aos 16 anos e continuou obrigatório a partir dos 
18. As pessoas que não sabiam ler e escrever poderiam votar (art. 14, § 1º). Todavia, o direito político mais representativo 
para o povo brasileiro foi o retorno do voto direto para o cargo de presidente da República (art. 77)10, transformado em 
cláusula pétrea (art. 60, § 4º, II). Também houve a redução do mandato presidencial de cinco para quatro anos (art. 82) e a 
previsão de dois turnos na hipótese de nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação (art. 77, §§ 2º e 3º).
A censura prévia a que os jornais, livros, revistas, televisão e outros meios de comunicação eram submetidos pas-
sou a ser proibida (art. 220, § 2º). A liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação 
tornou-se garantia fundamental, independentemente de censura ou licença (art. 5º, IX). Os perseguidos políticos foram 
anistiados e tiveram direito a receber indenização pelos danos causados à sua vida pela perseguição (ADCT, art. 8º).
Os municípios foram incluídos como entes federativos (art. 18, caput), e ficou definido que os que contavam com 
mais de 20 mil habitantes deveriam aprovar um plano diretor (art. 182, § 1º). No dia da promulgação da Constituição de 
1988, também foi celebrada a criação de três estados brasileiros: Amapá, Roraima e Tocantins (art. 14). Os dois primeiros 
já eram territórios, criados em 1943 e em 1962, respectivamente, e foram elevados à categoria de estado pela Constituição. 
Já Tocantins foi criado a partir da divisão do estado de Goiás (ADCT, art. 13).
10 Durante o regime militar, o presidente da República era eleito por um colégio eleitoral (CF/1967, art. 74, redação da Emenda Constitucional 
1/1969).
O ingresso no serviço público passou a ser exclusivamente por concurso público (art. 37, II), surgindo pela 
primeira vez a previsão de cotas para pessoas com deficiência (art. 37, VIII).
A nova Constituição também apresentou uma série de mudanças no campo dos direitos trabalhistas. Fixou 
jornada de trabalho máxima de 44 horas semanais (art. 7º, XIII), criou o seguro-desemprego (art. 7º, II), aumentou a 
licença-maternidade para 120 dias (art. 7º, XVIII) e garantiu o direito de greve (art. 9º). Para os servidores públicos, esse 
direito teria de ser regulamentado por lei (art. 37, VII), o que não ocorreu até hoje. O trabalhador rural passou a contar 
com todos os direitos assegurados ao trabalhador urbano (art. 7º, caput).
Dos ramos do direito, o que passou com mais intensidade por processo de constitucionalização e inovação de 
suas normas foi o direito civil, em especial o direito de família. A Constituição proibiu qualquer designação discrimina-
tória relativa à filiação, de modo que todos os filhos, tidos fora do casamento, ou por adoção, passaram a ter os mesmos 
direitos e qualificações (art. 227, § 6º); antes, apenas os filhos legítimos, havidos na constância do casamento, tinham 
direito à herança, por exemplo. Essa nova orientação manteve coesão com o mandamento do dever de toda a sociedade 
assegurar às crianças e aos adolescentes, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além 
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227, 
caput). Até o advento da Constituição de 1988, essa responsabilidade era exclusiva das famílias.
A união estável foi reconhecida como entidade familiar (art. 226, § 3º); antes, o casamento era a única institui-
ção jurídica geradora de direitos e deveres, tais como herança e pensão alimentícia. Além da união estável, a nova ordem 
igualmente passou a reconhecer a reunião de apenas um dos pais e seus filhos, a família monoparental (art. 226, § 4º).
Também houve ampliação significativa na seguridade social. A garantia à saúde passou a ser mais efetiva com 
acesso universal e igualitário de todos os cidadãos, brasileiros ou não, ao Sistema Único de Saúde (art. 196). Anterior-
mente, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) atendia apenas as pessoas vinculadas 
à Previdência. O resto da população dependia de entidades beneficentes, como as santas casas.
As proteções de assistência social também foram dilatadas. Garantiu-se um salário mínimo de benefício mensal 
à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovassem não terem meios de prover a própria manutenção ou de 
tê-la provida por sua família, conforme disposição legal (art. 203, V).
Com a Constituição Cidadã, os índios passaram a ter mais cidadania. Em um capítulo dentro da ordem social 
(arts. 231 e 232), foi-lhes reconhecida sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, além dos direitos 
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupassem, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar 
todos os seus bens. Assim, foi admitido seu direito à diferença, ou seja, o direito de permanecer como índios.
A proteção dos grupos sociais passou a ter status constitucional. O racismo tornou-se crime inafiançável e sujeito 
a reclusão (art. 5º, XLII). No regime constitucional anterior, era equivalente a uma contravenção penal.
104 105
A Constituição de 1988 redefiniu profundamente o papel, a posição e a identidade do Poder Judiciário brasileiro 
na organização tripartite dos Poderes da República. 
De fato, nenhuma Constituição anterior assegurou tão ampla independência ao Judiciário em nosso país, não 
apenas conferindo-lhe autonomia administrativa e financeira mas também fortalecendo as garantias funcionais dos juízes 
brasileiros para o exercício independente e imparcial de suas funções. 
Ante a relevância da justiça para a cidadania, a estrutura judiciária passou por profundas modificações, a começar 
pelo órgão de cúpula do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal, cuja competência foi repartida com o Superior 
Tribunal de Justiça, criado pela nova ordem jurídica. Ao Superior Tribunal de Justiça coube a uniformização da inter-
pretação das leis federais (art. 105, III), e ao Supremo, prioritariamente, a guarda da Constituição (art. 102, caput e III).
Além disso, a nova Carta consagrou como direitos fundamentais o livre acesso ao Judiciário, ao prever que a lei não 
excluirá da apreciação judicial lesão ou ameaça de direito (art. 5º, XXXV); a garantia do juízo natural (art. 5º, XXXVII e 
LIII); a criação e o funcionamento dos juizados de pequenas causas (art. 24, X); e a assistência jurídica integral e gratuita 
para as pessoas que comprovarem insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV).
A constitucionalização dos juizados especiais(art. 98, I) impulsionou a cidadania, na medida em que possibilitou 
o acesso ao Poder Judiciário aos que até então, embora não formalmente impedidos, se viam faticamente impossibilitados 
de pleitear solução jurídica a eventuais demandas. Por meio dos juizados especiais, que são estruturas desburocratizadas 
e dinâmicas, garantiu-se também maior agilidade da resposta do Poder Judiciário aos jurisdicionados, uma vez que os 
processos de sua competência, seguindo os preceitos da Lei 9.099/1995, se orientam pelos critérios da oralidade, simpli-
cidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando-se, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
Outro passo significativo na história do Judiciário foi o reconhecimento da Defensoria Pública como instituição 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe “a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a 
defesa, em todos os graus de jurisdição, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados”. 
Mais uma vez a Constituição Federal amplia o acesso dos cidadãos à Justiça, uma vez que as defensorias viabi-
lizam a invocação do Estado-Juiz para concretizar direitos e liberdades. Sua atuação como instrumento democrático 
fundamental do estado de direito é assegurada pela imposição, no Texto Constitucional, da obrigação do poder público 
de lhes promover a organização e o aparelhamento.
O acesso ao Poder Judiciário ampliou-se também porque a Constituição de 1988 instituiu um dos mais abran-
gentes sistemas de controle de constitucionalidade do mundo, o qual combina características do controle difuso, exercido 
por juízes e tribunais, e do controle concentrado, exercido por meio de ações abstratas de competência exclusiva do STF. 
Por essas e outras significativas mudanças, a Constituição de 1988 representou um marco na história do Brasil.
Todas as Constituições têm o objetivo de instaurar um processo de mudança, de recomeço em relação ao que havia 
sido juridicamente estabelecido, mas a de 1988, até mesmo pelo modo como foi concebida e pelo momento histórico em 
que isso ocorreu, revolucionou a história jurídica do Brasil. 
“A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. 
Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da pátria. Conhecemos o cami-
nho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para 
a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia.” (Ulysses Guimarães, 
presidente da Assembleia Nacional Constituinte, em 5 de outubro de 1988.)11
11 Jornal da Constituinte, n. 63, p. 4.
Edifício-Sede do Supremo Tribunal Federal, Brasília/DF
106 107
O Guardião da Constituição
PROCESSO HISTÓRICO 
DE INSTITUIÇÃO DO 
SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL
CASA DA SUPLICAÇÃO (1808 A 1828)
A história da criação de um órgão de cúpula do Poder Judiciário 
no Brasil começa com a vinda da família real portuguesa para cá em 1808. 
Naquele ano, o príncipe regente, Dom João VI, mediante Alvará Régio de 
10 de maio, transformou o antigo Tribunal da Relação do Rio de Janeiro 
em Casa da Suplicação do Brasil, última instância do Poder Judiciário, 
para onde as Relações Provinciais enviavam recursos e apelações. 
Instalada em prédio da rua do Lavradio e com atribuição de 
ultimar todas as demandas judiciais, por maiores que fossem as causas ou 
os valores em questão, a Casa da Suplicação do Brasil compunha-se de 23 
juízes, distribuídos em duas turmas de julgamento, então chamadas de 
Mesa da Ouvidoria do Crime (apelações criminais) e Mesa dos Agravistas 
(apelações cíveis). Acima dessas duas Mesas, funcionava a Mesa Grande 
(Pleno), assim denominada porque reunia os magistrados de ambas as 
turmas, cujos trabalhos eram conduzidos pelo regedor, no caso o presi-
dente da Casa da Suplicação. 
Consta como primeiro regedor titular da Casa da Suplicação 
brasileira o português Francisco de Assis Mascarenhas (Conde de Palma 
e depois Marquês de São João da Palma). O primeiro brasileiro a ocupar 
o cargo foi João Ignacio da Cunha (Barão e depois Visconde de Alcân-
tara), cuja posse se deu em 1824, com o Brasil já não mais na condição 
de Colônia. Convém lembrar que o segundo cargo mais importante da 
Casa da Suplicação era o de chanceler, o qual, na ausência do regedor, 
exercia suas funções.
Francisco de Assis Mascarenhas, primeiro 
regedor da Casa da Suplicação 
José de Oliveira Pinto Botelho e Mosqueira, 
chanceler da Casa da Suplicação. Embora 
não fosse titular do cargo, desempenhou as 
funções de regedor de 1808 e 1821
Prédio onde funcionou a 
Casa da Suplicação 
de 1808 a 1829
Alvará Régio de 10 de maio de 1808
“Regula a Casa da Supplicação e dá providencias a bem da administração da Justiça.
(...)
IV. A Casa da Supplicação do Brazil se comporá além do Regedor que eu houver por bem 
nomear, do Chanceller da Casa, de oito Desembargadores dos aggravos, de um Corregedor de 
Crime da Côrte e Casa, de um Juiz dos Feitos da Coroa e Fazenda, de um Procurador dos Feitos 
da Coroa e Fazenda, de um Corregedor do Civil da Côrte, de um Juiz da Chancellaria, de um 
Ouvidor do Crime, de um Promotor da Justiça e de mais seis Extravagantes.”
110 111
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
(1828 A 1889)
Com a independência do Brasil, sobreveio a criação do Supremo 
Tribunal de Justiça. Embora previsto na estrutura do Poder Judiciário 
desde a Constituição de 1824, sua instauração somente ocorreu após a 
Lei Imperial de 18 de setembro de 1828. A Casa da Suplicação do Brasil 
foi, assim, extinta, e a Relação do Rio de Janeiro retornou à condição 
anterior, de tribunal local.
Com sede na Capital do Império, o Supremo Tribunal de Justiça, 
nos termos do art. 164 da Constituição Política do Império do Brasil, 
ficou constitucionalmente incumbido de: 
“I – Conceder, ou denegar Revistas nas Causas, e pela maneira, que 
a Lei determinar.
II – Conhecer dos delictos, e erros de officio, que commetterem os 
seus Ministros, os das Relações, os Empregados no Corpo Diploma-
tico, e os Presidentes das Provincias.
III – Conhecer, e decidir sobre os conflictos de jurisdição, e compe-
tencia das Relações Provinciaes.”
Conforme estabelecia a Lei de 1828, o presidente do Supremo 
Tribunal de Justiça era nomeado pelo imperador, com mandato de três 
anos. Em sua ausência, era substituído pelo ministro mais antigo. José 
Albano Fragoso foi o primeiro juiz a presidir o Tribunal.
Ministro Albino de Oliveira, com a toga 
da época. Presidiu o Supremo Tribunal 
de Justiça de 1880 a 1882
Ministro José Albano Fragoso, 
primeiro presidente do Supremo 
Tribunal de Justiça
Palácio do Conde dos Arcos, 
prédio onde funcionou o 
Senado do Império. 
Foi sede provisória do 
Supremo Tribunal de 
Justiça de 1829 a 1891
Lei de 18 de setembro de 1828
“Crêa o Supremo Tribunal de Justiça e declara suas attribuições.
CAPITULO I
DO PRESIDENTE E MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Art. 1º O Supremo Tribunal de Justiça será composto de dezasete Juizes letrados, tirados das 
Relações por suas antiguidades, e serão condecorados com o titulo do Conselho; usarão de béca, e 
capa; terão o tratamento de excellencia, e o ordenado de 4:000$000 sem outro algum emolumento, 
ou propina. E não poderão exercitar outro algum emprego, salvo de membro do Poder Legislativo, 
nem accumular outro algum ordenado. Na primeira organização poderão ser empregados neste 
Tribunal os Ministros daquelles, que se houverem de abolir, sem que por isso deixem de continuar 
no exercicio desses Tribunaes, em quanto não forem extinctos. 
Art. 2º O Imperador elegerá o Presidente d'entre os membros do Tribunal, que servirá 
pelo tempo de tres annos. No impedimento, ou falta do Presidente, fará suasvezes o mais antigo, 
e na concurrencia de dous de igual antiguidade a sorte decidirá.”
112 113
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (1890 ATÉ OS DIAS ATUAIS)
Com o fim do regime monárquico e o início da era republicana, o sistema judiciário foi reorganizado. O Decreto 
848/1890, editado pelo Governo Provisório e ratificado pela Constituição de 1891, instituiu a Justiça Federal e o Supremo 
Tribunal Federal, que substituiu em nome e com funções ampliadas o Supremo Tribunal de Justiça como órgão de cúpula 
da Justiça nacional.
Em sessão plenária presidida pelo ministro Sayão Lobato, a 28 de fevereiro de 1891, o Supremo Tribunal Fe -
deral foi instalado, originalmente com quinze membros. Os ministros eram nomeados pelo presidente da República após 
aprovação do Senado Federal, sendo-lhes exigidos notável saber e reputação, além da idade mínima de 35 anos. Na mesma 
sessão, foi eleito o primeiro presidente do Tribunal, ministro Freitas Henriques.
Nos termos da Constituição de 1891, competia à Corte Suprema:
“Art. 59. (...)
I – Processar e julgar originaria e privativamente:
a) o Presidente da Republica nos crimes communs e os Ministros de Estado nos casos do art. 52;
b) os ministros diplomaticos, nos crimes communs e nos de responsabilidade;
c) as causas e conflictos entre a União e os Estados, ou entre estes uns com os outros;
d) os litígios e as reclamações entre nações estrangeiras e a União ou os Estados;
e) os conflictos dos juizes ou Tribunaes Federaes entre si, ou entre estes e os dos Estados, assim como os dos juizes e tribunaes 
de um Estado com os juizes e tribunaes de outro Estado.
II – Julgar, em gráo de recurso, as questões resolvidas pelos juízes ou Tribunaes Federaes, assim como as de que tratam o 
presente artigo, § 1º, e o art. 60.
III – Rever os processos findos, nos termos do art. 81.
§ 1º Das sentenças das justiças dos Estados em ultima instancia haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal:
a) quando se questionar sobre a validade ou applicação de tratados e leis federaes, e a decisão do tribunal do Estado for 
contra ella;
b) quando se contestar a validade de leis ou de actos dos governos dos Estados em face da Constituição, ou das leis federaes, 
e a decisão do Tribunal do Estado considerar validos esses actos, ou essas leis impugnadas.
§ 2º Nos casos em que houver de applicar leis dos Estados, a justiça federal consultará a jurisprudencia dos tribunaes locaes, 
e vice-versa, as justiças dos Estados consultarão a jurisprudencia dos Tribunaes Federaes, quando houverem de interpretar 
leis da União.”
Decreto 848, de 11 de outubro de 1890
“Organiza a Justiça Federal.
CAPITULO II
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Art. 5º O Supremo Tribunal Federal terá a sua séde na capital da Republica e compor-se-
-ha de quinze juizes, que poderão ser tirados dentre os juizes seccionaes ou dentre os cidadãos de 
notavel saber e reputação, que possuam as condições de elegibilidade para o Senado.
Paragrapho unico. Os parentes consanguineos ou affins, na linha ascendente e descen-
dente e na collateral até ao segundo gráo, não podem ao mesmo tempo ser membros do Supremo 
Tribunal Federal.”
“Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil
SECÇÃO 
DO PODER EXECUTIVO
CAPITULO III
DAS ATTRIBUIÇÕES DO PODER EXECUTIVO
Art. 48. Compete privativamente ao Presidente da Republica:
(...) 
12. Nomear os membros do Supremo Tribunal Federal e os ministros diplomaticos, sujei-
tando a nomeação à approvação do Senado.
Na ausencia do Congresso, designal-os-ha em commissão, até que o Senado se pronuncie;
(...)
SECÇÃO III
DO PODER JUDICIARIO
Art. 56. O Supremo Tribunal Federal compor-se-ha de quinze juizes, nomeados na fórma 
do art. 48, n. 12, dentre os cidadãos de notavel saber e reputação, elegiveis para o Senado.”
114 115
Ata de instalação do Supremo Tribunal Federal, em 28 de fevereiro de 1891 Ministro Freitas Henriques, primeiro presidente do Supremo Tribunal Federal
116 117
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
NA PRIMEIRA REPÚBLICA
O início do período republicano no Brasil foi marcado por momentos de tensão e instabilidade que afetaram 
em maior ou menor grau as instituições políticas do país. O Supremo Tribunal Federal, como órgão de cúpula do Poder 
Judiciário, também ficou vulnerável às tensões que marcaram a história nacional, sobretudo nas primeiras décadas do 
século XX.
Em diferentes momentos da Primeira República (1889-1930), o Supremo enfrentou dificuldades para consoli-
dar os poderes a ele atribuídos na qualidade de guardião da constitucionalidade e defensor dos princípios insculpidos na 
Constituição. Período marcante foi a presidência do marechal Floriano Peixoto, que governou o país de 1891 a 1894, em 
um contexto de conflitos de significância histórica, como a Revolta da Armada. À época, o Supremo Tribunal Federal 
precisou ser perseverante na defesa do direito às liberdades e garantias constitucionais em meio à crise que se impunha 
à República. 
Entre os temas levados ao exame do órgão máximo do Judiciário brasileiro nessa fase, destaca-se o da expulsão 
de estrangeiros após os meses de exceção. No julgamento do Habeas Corpus 520, o Tribunal concluiu que o Executivo 
federal não poderia expulsar estrangeiros em tempos de paz “por simples medida política e mera fórmula administrativa”, 
uma vez que a Constituição lhes assegurava, como residentes no país, liberdade e segurança invioláveis. 
Trecho do acórdão prolatado nos autos do Habeas Corpus 520
Alguns anos mais tarde, já no governo do marechal Hermes da 
Fonseca (1910-1914), o Supremo foi novamente chamado a se manifestar 
sobre ingerências do Poder Executivo. No que ficou conhecido como caso 
do Conselho Municipal do Distrito Federal, foram impetrados ao Tribunal 
várias habeas corpus. Em um deles, o Habeas Corpus 2.990 (rel. min. Pedro 
Lessa, j. 25-1-1911), o impetrante, Ruy Barbosa, defendia os direitos dos 
intendentes (vereadores) do Conselho contra ato do presidente da República, 
que dissolvera o órgão e chamara novas eleições após decretar estado de sítio 
originado pela Revolta da Chibata. 
Ao analisar o feito, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o 
Decreto 8.527/1910, no qual se apontavam tais vícios, constrangia ilegalmente 
os impetrantes e concedeu a ordem, “a fim de que os pacientes, assegurada a 
sua liberdade individual, possam entrar no edifício do Conselho Municipal, 
e exercer suas funções até à expiração do prazo do mandato, proibido qual-
quer constrangimento que possa resultar do decreto do Poder Executivo 
federal”. Contrafeito, o presidente não cumpriu a decisão e, em mensagem 
ao Congresso Nacional, expôs que a questão era exclusivamente da alçada 
política, e não jurisdicional. 
Não obstante o desfecho, esse caso acabou por proporcionar um 
aprofundamento das questões que culminariam na chamada doutrina 
brasileira do habeas corpus. Esta consistia em dar maior amplitude de 
aplicabilidade ao instituto, para além das situações estritas de liberdade 
de locomoção. Os atores mais lembrados na construção dessa doutrina 
são Ruy Barbosa, no papel de advogado, e o próprio Tribunal, incumbido 
da jurisdição, domínio em que os ministros Pedro Lessa e Enéas Galvão 
exerceram maior protagonismo. 
A Revisão Constitucional de 1926 pôs fim a esse entendimento, 
restringindo o emprego do habeas corpus aos casos específicos de liberdade de 
locomoção. Segundo a nova redação ao § 22 do art. 72 da Constituição 
de 1891: “Dar-se-ha o habeas-corpus sempre que alguém soffrer ou se achar 
em imminente perigo de soffrer violencia por meio de prisão ou constran-
gimento illegal em sua liberdade de locomoção”.
Ruy Barbosa, defensor de maior amplitude à 
aplicação do habeas corpus
“(...) o habeas-corpus hoje não está circuns-
crito aos casos de constrangimento corporal; o 
 habeas-corpus hoje se estende a todos os casos em 
que um direito nosso, qualquer direito, estiver 
ameaçado,manietado, impossibilitado no seu 
exercício pela intervenção de um abuso de poder 
ou de uma ilegalidade. Desde que a Constitui-
ção (...) não particularizou os direitos que, com o 
 habeas-corpus, queria proteger contra a coação 
ou contra a violência, claro está que o seu propó-
sito era escudar contra a violência e a coação todo 
e qualquer direito que elas podiam tolher e lesar 
nas suas manifestações.” (Ruy Barbosa)
118 119
“Algumas vezes, entretanto, a illegalidade de 
que se queixa o paciente, não importa a comple-
ta privação da liberdade individual. Limita-se a 
coacção illegal a ser vedada unicamente a liber-
dade individual, quando esta tem por fim proxi-
mo o exercicio de um determinado direito. Não 
está o paciente preso, nem detido, nem exilado, 
nem ameaçado de immediatamente o ser. Apenas 
o impedem de ir, por exemplo, a uma praça pu-
blica, onde se deve realisar uma reunião com in-
tuitos politicos; a uma casa commercial, ou a uma 
fabrica, na qual é empregado; a uma repartição 
publica, onde tem de desempenhar uma funcção, 
ou promover um interesse; á casa em que reside, 
ao seu domicilio.” (Ministro Pedro Lessa)
“(...) a circunstância de não se achar o pa-
ciente ameaçado de prisão ou de ser obstado de 
locomover-se livremente, mas de se lhe vedar a 
entrada no edifício destinado à residência do 
presidente do Estado para exercer as funções des-
se cargo, não pode ser alegada sob fundamento 
de impropriedade do recurso intentado, porque 
as expressões do texto constitucional, mais am-
plas que as empregadas na lei ordinária para 
definir a garantia da liberdade individual, com-
preendem quaisquer coações, e não somente a 
violência do encarceramento ou do só estorvo à 
faculdade de ir e vir.” (Ministro Enéas Galvão)
A ERA VARGAS E O ESVAZIAMENTO 
DO PODER JUDICIÁRIO
Instaurado o Governo Provisório de Getúlio Vargas no final de 1930, além de deposto o presidente da República, 
foram dissolvidos o Congresso Nacional e os Poderes Legislativos estaduais e municipais. A Constituição de 1891 foi 
cassada, e Getúlio Vargas, com amplos poderes, passou a governar por decretos. 
Quanto ao Poder Judiciário, consta do Decreto 19.398/1930, que instituiu o novo governo, a seguinte disposição: 
“Art. 5º Ficam suspensas as garantias constitucionais e excluída a apreciação judicial dos atos do Governo Provisório ou 
dos interventores federais, praticados na conformidade da presente lei ou de suas modificações ulteriores”.
O Decreto 19.656/1931 viria a se ocupar especificamente da Suprema Corte, conforme assinalado na ementa: 
“Reorganiza provisoriamente o Supremo Tribunal Federal e estabelece regras para abreviar os seus julgamentos”. Entre as 
disposições apresentadas, ressalta-se a redução de quinze para onze ministros na Corte e sua divisão em duas Turmas de 
cinco juízes cada. Essa composição seria mantida em julgamentos de feitos que não envolvessem questão constitucional; 
em caso contrário, dois julgadores imediatos em antiguidade deveriam ser acrescidos em cada turma. Ao Tribunal Pleno 
caberia julgar os embargos. Dispôs-se, ainda, que o presidente do Supremo Tribunal Federal não poderia mais figurar na 
linha sucessória para o exercício da presidência da República.
Quanto ao funcionamento do órgão, o decreto definia a realização de, pelo menos, quatro sessões semanais, 
podendo as duas Turmas funcionar concomitantemente. Os processos deveriam ser julgados, em cada sessão e em cada 
classe, por ordem de antiguidade, contada da entrada no Tribunal, e o estudo de cada feito não poderia exceder a trinta 
dias, prazo a valer tanto para os ministros quanto para o procurador-geral da República. 
O Decreto 19.711/1931 aposentou compulsoriamente seis ministros: Godofredo Cunha (então presidente do 
Tribunal), Muniz Barreto, Pires e Albuquerque, Pedro Mibieli, Pedro dos Santos e Geminiano da Franca. Para seus lugares 
Vargas nomeou juízes afins ao governo. 
Todas essas medidas resultaram em constrangimento e perda de autonomia por parte do Tribunal, que, para 
além de constituir-se como um dos três Poderes da República, vinha atuando de maneira decisiva na defesa das liberdades 
fundamentais e manutenção da ordem jurídica.
À esquerda, jornal da época 
publica, na íntegra, a petição do 
Habeas Corpus 3.536, impetrado 
pelo senador Ruy Barbosa ao ter 
censurada pelo Poder Executivo a 
publicação de discurso que proferira 
no Senado Federal. Esse habeas 
corpus ilustra como o remédio 
constitucional poderia ter maior 
alcance. No caso, foi o deferimento 
da petição que garantiu a 
publicação do discurso na imprensa. 
Abaixo, página do acórdão do 
Supremo Tribunal Federal.
120 121
Com o fim do Governo Provisório, em 1934, a Assembleia 
Nacional Constituinte formada promulga uma nova Constituição e 
elege Getúlio Vargas para Presidência do Brasil. Entre as inovações 
da Carta de 1934, estão o voto secreto, obrigatório para homens e 
mulheres, e o mandado de segurança . 
O Supremo Tribunal Federal passou a denominar-se Corte 
Suprema, e seu presidente pôde voltar à lista de sucessão presiden-
cial. A composição permaneceu com onze ministros, nomeados 
pelo presidente da República com aprovação do Senado Federal. A 
Corte reassumiu atribuições de controle constitucional, expressa-
mente por via recursal extraordinária . Foram, ainda, instituídas 
aos membros da magistratura a vitaliciedade (com aposentadoria 
compulsória aos 75 anos), a inamovibilidade e a irredutibilidade 
de vencimentos.
Em 1937, porém, com a instauração do Estado Novo, que 
duraria até 1945, Vargas impõe uma nova Constituição, de viés 
autoritário, que lhe permite governar de forma ditatorial. Entre 
os motivos arrolados para a decretação da nova Carta, destaque é 
dado “ao estado de apreensão criado no país pela infiltração comu-
nista, que se torna dia a dia mais extensa e mais profunda, exigindo 
remédios de caráter radical e permanente”. Tal receio tem base nos 
eventos que marcaram a Intentona Comunista (1935), ou Revolta 
Vermelha, insurgência que teria também motivado a criação do 
Tribunal de Segurança Nacional, órgão de exceção instituído pela 
Lei 244/1936 com a atribuição de julgar crimes políticos e contra 
a economia popular. 
Autoridade suprema do Estado, conforme expresso na 
própria Constituição de 1937, o presidente Getúlio Vargas passou 
a ter poderes para, entre outros, sancionar e promulgar leis, expedir 
decretos-leis, indicar seu sucessor, dissolver a Câmara dos Deputados 
e nomear os membros do Conselho Federal (órgão que substituiu 
o Senado Federal).
Nesse contexto, o mandado de segurança deixou de ter previsão constitucional, passando a ser regido por decre-
to-lei, no caso o DL 6/1937, em cujo art. 16 se estabeleceu a impossibilidade de o mandamus ser interposto contra ato 
do presidente da República, de ministros de Estado, de governadores e de interventores. Consoante o mesmo decreto, 
ficou extinta a Justiça Federal, em replicação do que já havia disposto a Constituição de 1937, cujo art. 90 não a havia 
registrado entre os órgãos do Poder Judiciário. Apenas em 1965 essa esfera da Justiça seria recriada. 
No tocante à Corte Suprema, a Carta de 1937 devolveu-lhe a denominação anterior, de Supremo Tribunal Federal 
(art. 90, a). Embora a composição permanecesse com onze ministros (art. 97), a idade limite para permanência no cargo 
foi abreviada para os 68 anos, regra aplicável aos juízes em geral (art. 91, a). 
Ainda durante o período do Estado Novo, outro ato de subtração de poder à Corte Suprema seria implementado 
pelo Decreto-Lei 2.770/1940, editado por Vargas e seu ministro da Justiça, Francisco Campos: a nomeação do presi-
dente e do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal seria feita pelo chefe do Executivo e não mais pelos membros 
do Tribunal mediante eleição.
“Art. 113. A Constituição assegura a bra-
sileiros e a estrangeiros