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Fundamentos de 
Biologia Molecular 
e Biotecnologia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Bruno Cavelheiro Araujo 
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
A Síntese Proteica
• Síntese Proteica
• Transcrição do DNA
• Processamento do RNA
• Tradução do mRNA
 · Proporcionar conhecimento específico sobre os mecanismos que con-
trolam a síntese proteica, principalmente relacionado aos processos 
de transcrição do DNA, síntese e processamento do RNA e tradução 
do RNA mensageiro.
 · Gerar conhecimento fundamental à compreensão da aplicação da 
Biologia Molecular na área da Biotecnologia.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Síntese Proteica
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE A Síntese Proteica
Contextualização
Considerada uma das disciplinas mais importantes na área da Biologia, 
principalmente pela sua aplicabilidade em diversos segmentos sociais, tais 
como agricultura, pecuária e saúde, Fundamentos da Biologia Molecular e 
Biotecnologia tem como objetivo principal fornecer uma visão global de como 
podemos utilizar diversas ferramentas moleculares para solucionar problemas reais 
da sociedade moderna, além de buscar otimizar diversos processos relacionados 
a esses e muitos outros segmentos. 
Assim, nesta Unidade abordaremos os principais mecanismos de controle da 
síntese proteica. Tais mecanismos são fundamentais para maior compreensão 
do funcionamento molecular da célula e, consequentemente, da sua aplicação 
na Biotecnologia.
8
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Síntese Proteica
Como já sabemos, as proteínas são moléculas extremamente importantes para 
todos os seres vivos, pois desempenham incontáveis funções consideradas es-
senciais para a manutenção da vida. Além disso, é a molécula mais abundante e 
diversa de todos os sistemas biológicos. Todas as proteínas possuem composição 
química similar e no geral são compostas por polipeptídios que, por sua vez, são 
compostos por suas unidades básicas, os aminoácidos. Apesar de desempenhar 
muitas funções específicas, a maioria das proteínas é formada pelos vinte amino-
ácidos comumente encontrados na natureza.
Desde as formas mais “simples”, como as bac-
térias, até as mais “complexas”, como mamífe-
ros, aves e répteis, as proteínas são sintetizadas a 
partir da informação genética contida nos Ácidos 
Desoxirribonucleicos (DNA) e em um processo 
altamente complexo. Tal informação é transcrita 
para um RNA mensageiro (mRNA) e pela ação do 
RNA transportador (tRNA) e do RNA ribossomal 
(rRNA), essa informação é traduzida em sequên-
cias de aminoácidos, formando os peptídios e, 
consequentemente, as moléculas proteicas. Esse 
processo é conhecido como o dogma central 
da Biologia Molecular (Figura 1). Assim, nesta 
Unidade abordaremos de maneira geral as eta-
pas da síntese de proteínas moduladas por RNA, 
ou seja, transcrição, processamento e tradução 
em eucariotos. 
Figura 1 – Representação do dogma 
central da Biologia Molecular
Fonte: Acervo do Conteudista
Transcrição do DNA
A transcrição é o primeiro passo para o processo de síntese proteica. Essa 
etapa está relacionada à síntese de uma molécula de RNA específica a partir da 
informação genética contida no DNA de um gene. Apesar de o produto final da 
síntese proteica ser a própria proteína, o processo de transcrição codifica apenas 
RNA. Todos os tipos de RNA da célula são originados a partir da transcrição.
A molécula que regula o processo de síntese proteica é a RNA Polimerase 
(RNAP). As RNAP executam cinco funções primordiais no processo de transcrição: 
i) reconhecem e ligam-se em sequências específicas do DNA; ii) separam a dupla 
hélice do DNA, expondo a sequência gênica que será copiada; iii) conferem 
estabilidade para a abertura da fita de DNA – mantendo-a aberta –, assim como para 
a ligação da fita híbrida de RNA:DNA; iv) renaturam o DNA para sua conformação 
estrutural inicial – dupla hélice –; v) completam a síntese de proteínas sozinhas ou 
9
UNIDADE A Síntese Proteica
com auxílio de proteínas específicas – essas cinco etapas serão detalhadamente 
descritas no decorrer deste Material teórico. 
A transcrição – primeira etapa da síntese proteica – seguirá sempre a regra do 
antiparalelismo, ou seja, seguirá direção de 3’ para 5’ na molécula de DNA molde 
e, inversamente, a molécula de RNA será formada a partir de sua extremidade 5’ 
até sua extremidade 3’. De maneira geral, a fita de RNA gerada é idêntica à que 
será base complementar da Adenina (A) (Figura 2):
Figura 2 – Esquematização do processo de transcrição, modulado pela enzima RNAP
Fonte: Adaptado de commons.wikimedia.org
Transcrição em Procariotos
A transcrição gênica em procariotos pode ser dividida em três etapas distintas: i) 
reconhecimento da molécula de RNAP pelo sítio promotor, originando o complexo 
de iniciação; ii) alongamento da cadeia de RNA – síntese –; e iii) terminação, 
quando a síntese é interrompida, liberando a molécula de RNA. 
Iniciação
Para que o processo de transcrição seja possível, são necessárias sequências 
na molécula de DNA, as quais atuem como fatores de iniciação. Essas sequências 
são conhecidas como promotoras – regiões que possuem aproximadamente 
setenta pares de bases e controlam o início da transcrição. Uma série de proteínas 
chamadas de fatores σ, guiam as polimerases até as regiões promotoras, indicando 
o local exato do início da síntese. As RNAP reconhecem essas regiões e se ligam, 
formando o complexo RNAP holoenzima.
A ligação de RNAP com o promotor promove a abertura de aproximadamente 
dez pares de bases da dupla hélice do DNA, dados pela quebra de suas pontes de 
hidrogênio, originando uma estrutura denominada bolha de transcrição – complexo 
aberto. Essa abertura expõe as sequências do DNA das duas fitas, no entanto, apenas 
uma das quais será transcrita.
A molécula de RNA que será gerada a partir da transcrição é composta por ribo-
nucleosídios trifosfato (ATP, UTP, CTP, GTP) presentes na célula. Esses ribonucleo-
sídios possuem grande afinidade e são complementares aos desoxirribonucleotídios 
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(bases A, T, C, G) do DNA. Com as bases do DNA expostas pela ligação do pro-
motor com as RNAP, uma primeira molécula de ribonucleosídio liga-se ao primeiro 
desoxirribonucleotídio do DNA.
Alongamento 
Após essa primeira ligação, outras ligações ocorrerão sequencialmente, de modo 
que o segundo ribonucleosídio trifosfato se ligará ao segundo desoxirribonucleotídiodo DNA e assim consecutivamente. Da mesma forma como ocorre na conformação 
estrutural da dupla hélice, os ribonucleosídios se ligarão na fita simples de DNA 
por complementaridade, formando uma ligação não covalente, no entanto, como 
dito, ao invés da Timina (T), será a Uracila (U) que se ligará à base Adenina (A) da 
molécula de DNA. 
Terminação
A transcrição é finalizada pela separação completa da fita de RNA sintetizada 
da fita de DNA molde, que recupera sua conformação estrutural original – dupla 
hélice. A informação referente ao término do processo de transcrição está presente 
em locais específicos do DNA que é transcrito e geralmente é composto por uma 
sequência de bases T. 
Enquanto a RNAP percorre a região da bolha de transcrição da fita híbrida 
de RNA:DNA, novos ribonucleosídios são alinhados, uma extremidade da bolha 
continua aberta para ser transcrita e a outra extremidade é renaturada, forçando o 
desligamento da molécula de RNA sintetizada – terminação. Além disso, o RNA 
sintetizado participa diretamente do término da transcrição através da formação 
de estruturas secundárias, ou até mesmo ligando-se em outros fatores, resultando 
em uma conformação estrutural em forma de gancho, que desestabiliza a ligação 
entre a fita de RNA e a de DNA molde, forçando sua separação, encerrando assim 
o processo de transcrição. 
Transcrição em Eucariotos
De forma geral, a transcrição em eucariotos é mais complexa que a de 
procariotos. Em eucariotos a molécula de RNA transcrita a partir do DNA possui 
regiões codificantes, os éxons, e as não codificantes, os íntrons (pré-mRNA). Por 
uma reação denominada splicing, os íntrons são removidos, restando apenas os 
códons (mRNA). Outro fato importante é que os eucariotos possuem três tipos 
diferentes de RNAP, enquanto que os procariotos apenas um tipo. A RNAPI que 
sintetiza apenas uma classe de RNA, geralmente muito longa e abundante na 
célula, é denominada pré-mRNA; as RNAPII são responsáveis, principalmente, 
pela síntese de mRNA e RNAPIII, que sintetizam rRNA, tRNA e RNA pequenos. 
As sequências reguladoras em eucariotos podem ser divididas em elementos 
promotores – upstream –, compostos por sequências consenso denominadas 
TATA box ou elemento TATA – região onde se inicia a transcrição – e elementos 
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UNIDADE A Síntese Proteica
reforçadores – enhancer –, que são sequências pequenas de DNA e que, no 
geral, aumentam a expressão de um determinado gene, independentemente 
de sua posição na molécula de DNA. Neste contexto, abordaremos apenas os 
mecanismos regulatórios que envolvem as RNAPII, já que está relacionada à 
transcrição do mRNA.
Complexo de Pré-Inicialização
Diferentemente ao observado em procariotos, as RNAP de eucariotos não 
estão envolvidas diretamente no reconhecimento e ligação da região promotora 
do DNA. Esta talvez seja a diferença mais importante no processo de transcrição 
entre esses dois grupos. As RNAP em eucariotos requerem mais de uma 
proteína para reconhecerem e se ligarem nas regiões promotoras (TATA box) e, 
consequentemente, desdobrarem a dupla hélice. Essas proteínas são denominadas 
fatores de transcrição. São os fatores de transcrição que inicialmente reconhecem 
as regiões promotoras, ligam-se e interagem com outros fatores, formando um 
complexo de iniciação, ou complexo transcricional, ao qual as RNAP se ligarão 
diretamente. Primeiramente, o TFIID, que é o maior fator de transcrição, liga-se 
à região TATA box do DNA através de um componente anexo denominado TBP. 
Posteriormente, os fatores de transcrição TFIIA e TFIIB juntam-se ao complexo, 
preparando o complexo transcricional para a ligação da RNAP. Com a junção 
de TFIID, TFIIA, TFIIB, RNAP e outros fatores, o complexo transcricional está 
pronto para o processo de iniciação e para realizar a sua função, recebe a energia 
proveniente da molécula de ATP.
Iniciação
A incorporação da RNAPII propicia a abertura da dupla hélice do DNA, expondo 
suas bases nitrogenadas a serem transcritas, originando a bolha de transcrição.
Alongamento
Como observado em procariotos, nesta fase diversas ligações sequenciais serão 
formadas, entre ribonucleosídios e desoxirribonucleotídios do DNA, de modo a se 
complementar (AU e CG) de forma antiparalela (5’ → 3”), formando a fita híbrida 
de RNA:DNA. 
Terminação
O processo de terminação em eucariotos é complexo e ainda pouco compreen-
dido. Diferente dos mecanismos observados em procariotos, que não possuem uma 
compartimentalização nuclear, em eucariotos o RNA funcional necessita obrigatoria-
mente atravessar a membrana nuclear até o local de ação. Com isso, a célula realiza 
uma espécie de “sistema de qualidade de mRNA”, do qual somente as moléculas de 
mRNA funcionais e que serão utilizadas, conseguem ultrapassar a membrana celular, 
enquanto que as moléculas defeituosas ou incompletas são prontamente eliminadas. 
Finalmente, o mRNA sintetizado pela RNAPII é clivado na extremidade 3’ e uma 
sequência denominada cauda poli (A) é aderida em sua sequência.
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Veja o processo de transcrição em eucariotos.
O processo de Transcrição
https://youtu.be/slOneovpOEk
Ex
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Processamento do RNA
Em eucariotos, as moléculas de RNA – todas as formas –, sintetizadas a partir 
da informação genética contida no DNA, muitas vezes não estão em suas formas 
biologicamente funcionais. Existem alguns tipos possíveis de modificações na 
molécula de RNA após sua síntese, dado pela adição, deleção ou alteração de 
nucleotídios, ou mesmo de regiões maiores. Por possuir um sistema mais complexo, 
as células eucarióticas apresentam maior nível de processamento de mRNA se 
comparado às células procarióticas.
RNA Mensageiro (mRNA)
O processamento do mRNA em eucariotos ocorre em três etapas principais: 
a remoção dos íntrons – splicing –, a agregação de duas estruturas denominadas 
cap e cauda poli A.
Importante!
Que a descoberta da presença de íntrons em um gene viral se deu pelos norte-americanos 
Philip Sharp e Richard Roberts, no ano de 1977? E que ambos foram premiados com um 
Nobel de Medicina em 1993?
Você Sabia?
Incorporação do Cap
O nome cap é dado para a agregação de um nucleosídio trifosfato, presente na 
extremidade 5’ da molécula de mRNA, a um nucleotídio metilado. Sua principal 
função é evitar a degradação por fosfatases e nucleases do mRNA durante o 
processo de remoção dos íntrons, além de ser importante na conexão do mRNA 
ao ribossomo durante o processo de tradução. Basicamente, o processo de adesão 
do cap na molécula de RNA é modulado por duas enzimas. Em um primeiro 
momento, uma enzima específica liga uma molécula de Guanosina Trifosfato (GTP) 
na extremidade 5’ do transcrito primário (mRNA) e, em seguida, uma enzima 
denominada metiltransferase incorpora grupos metílicos provenientes de uma 
molécula doadora no mRNA.
Incorporação da Cauda Poli A
A cauda poli A é uma estrutura formada por, aproximadamente, 250 adeninas, 
inserida na região 3’ do mRNA. Sua principal função é facilitar o transporte do 
mRNA para o citoplasma e gerar estabilidade para a molécula, já que com sua 
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UNIDADE A Síntese Proteica
presença o mRNA é mais lentamente degradado. A inserção dessa sequência na 
molécula de mRNA recebe o nome de poliadenilação e ocorre ao término do 
processo de transcrição.
Sabe-se que essa sequência de adeninas não é codificada pelo DNA e está 
presente apenas na molécula de mRNA. Diversos fatores específicos reconhecem 
no pré-mRNA uma sequência própria – sequência consenso – chamada de sinal 
de poliadenilação, formada pelos nucleotídios AAUAAA. Um desses fatores – 
endonucleases – cliva o pré-mRNA em, aproximadamente, vinte nucleotídios após 
o sinal de poliadenilação, liberando-o do DNA e uma enzima chamada poli A 
polimerase incorpora a sequência de 250 adeninas na extremidade 3’ do mRNA 
(Figura 3):
Figura 3 – Processo de incorporação da cauda poli A – poliadenilação – na molécula de RNA
Fonte: geneticavirtual.webnode.com.br
Splicing
Igualmente chamado de excisão– remoção – dos íntrons, o termo splicing 
refere-se ao processo de remoção das sequências presentes nos pré-mRNA que, 
no geral, não codificam proteínas, originando as moléculas de mRNA realmente 
funcionais, que são mais estáveis – por serem mais curtas – que sua precursora. 
De maneira geral, os íntrons são regiões conservadas – similares – no genoma de 
todos os grupos biológicos, apresentando regiões consenso que sinalizam a posição 
correta onde deve ocorrer o splicing – sítio do splicing. Algumas características 
são comuns nessas regiões, sendo observadas desde leveduras até mamíferos, como 
uma adenina localizada na mesma região (20 a 50 nt) próxima à extremidade 3’ 
do íntron, uma tendência a um maior número de pares de base do tipo pirimidinas 
(U, C) na região da extremidade 3’ e com raras exceções, os dois primeiros e dois 
últimos nucleotídios do íntron são, respectivamente, GU e AG
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O processo de splicing pode ocorrer basicamente de duas formas: mediado 
por spliceossomos – estruturas que modulam os processos de splicing –, ou por 
autosplicing – não é intermediado pela ação dos spliceossomos, ou seja, a própria 
molécula de RNA remove os íntrons. Para as duas formas a reação ocorre em duas 
etapas de transferência. Incialmente, ocorre uma transferência de um fosfato de um 
açúcar para outro e, posteriormente, a transferência de uma ligação fosfodiéster. 
Essas reações liberam os íntrons no formato característico de um “laço”, unindo 
os éxons (Figura 4):
Figura 4 – Processo de splicing mediado por spliceossomo
Fonte: geneticavirtual.webnode.com.br
Assista à animação apresentando o processo de splicing mediado pelo spliceossomo. 
Splicing do mRNA
https://youtu.be/bQvukfT3MJc
Ex
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Importante!
Que em alguns casos, o processo de splicing pode gerar proteínas diferentes, ou múltiplas 
proteínas codificadas por um mesmo gene, dado pela inclusão ou remoção de éxons do 
mRNA? E que neste caso denominamos splicing alternativo?
Você Sabia?
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UNIDADE A Síntese Proteica
RNA Transportador
O tRNA é uma molécula de baixo peso molecular – 74 a 95 nucleotídios em 
cadeia linear –, correspondendo a, aproximadamente, 10% do RNA total da célula, 
possui conformação estrutural em forma de trevo – essa conformação é dada devido 
aos quatro pares de base de sequências complementares que se emparelham – e 
suas principais funções são: alinhar os aminoácidos seguindo a ordem marcada 
pelos códons do mRNA e transportá-los para o processo de síntese proteica a ser 
realizado nos ribossomos. 
O processamento do tRNA é dado pela retirada de um único íntron, tornando-a 
uma molécula efetivamente madura. Diferentemente ao observado no mRNA, 
no tRNA não existem regiões consenso, sendo a própria molécula de pré-tRNA 
o elemento de reconhecimento para o processo de splicing. A maturação do 
tRNA é realizada em duas etapas distintas: inicialmente ocorre uma quebra nas 
extremidades 5’ e 3’ do íntron a ser liberado e como resultado dessa clivagem, o 
tRNA é dividido em dois éxons. Posteriormente, devido a interações bioquímicas 
– pareamento de bases –, essas duas metades são unidas pela ação de uma enzima 
específica, denominada RNA-ligase, formando o tRNA maduro – funcional. 
Cada tipo específico de tRNA sofre alterações pela substituição de nucleotídios 
comuns por nucleotídios considerados raros como, por exemplo, a substituição 
da base U pela base pseudouridina (ψ). Outro fato importante é a substituição 
dos trinucleotídios AAA – presentes na extremidade 3’ – de todos os tRNA pelo 
trinucleotídio CCA. 
RNA Ribossômico (rRNA)
O rRNA é o componente primário dos ribossomos e, assim como o mRNA e o 
tRNA, é transcrito a partir da informação genética contida no RNA. Entre todos é 
o RNA mais abundante nas células – aproximadamente 90% –, responsável pela 
estruturação dos ribossomos. O processamento, ou seja, a montagem do rRNA 
em ribossomo, é realizado no nucléolo e essa estrutura é formada por várias 
subformas do rRNA, como o pré-rRNA, os rRNA biologicamente funcionais 
– maduros –, além de outras enzimas e subunidades. Em eucariotos existem 
quatro tipos diferentes de rRNA, de acordo com tamanho e função: 5S, 5.8S, 
18S e 28S. 
O processo de maturação – processamento – é realizado por sucessivas clivagens, 
obedecendo uma ordem preferencial, no entanto, não obrigatória. Inicialmente 
ocorre a clivagem das estruturas denominadas espaçadores transcritos externos, 
seguida por duas clivagens que resultam na liberação do RNA 18S em sua forma 
biologicamente funcional. Posteriormente ocorrem três clivagens para a liberação 
da forma 5S e normalmente da forma 28S. A única exceção é com relação à forma 
5S, que é transcrita separadamente. Após essas sucessivas clivagens, o rRNA deixa 
o núcleo celular para compor a estrutura dos ribossomos. 
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Tradução do mRNA
A tradução é o processo final da síntese proteica. Todo o processo é mediado 
pelo tRNA, que conduzirá os aminoácidos presentes no citosol da célula para 
os ribossomos e os alinhará considerando a informação contida nos códons 
do mRNA. A informação genética contida no DNA é transcrita no mRNA, que 
mediará todo o processo. Como sabemos, a informação genética é formada por 
códons, compostos por três nucleotídios (A, U, C, G) cada, de modo que cada 
códon possui afinidade específica pelos vinte tipos de aminoácidos. O tRNA 
também é uma molécula específica e possui uma região que se liga diretamente 
aos aminoácidos – de acordo com sua especificidade – e outra que se liga aos 
códons do mRNA. O processo de tradução pode ser basicamente dividido em 
três etapas: iniciação, alongamento e terminação – processo esse representado 
resumidamente na Figura 5.
Importante!
Fique atento(a)! Não confunda essas etapas com as fases de iniciação, alongamento e 
terminação do processo de transcrição.
Importante!
Iniciação
Uma série de proteínas denominadas Fatores de Iniciação (IF) mediam essa etapa. 
Entre outras funções, os IF alinham a molécula de mRNA com uma subunidade menor 
que posteriormente formará o ribossomo. Essa subunidade percorrerá o mRNA até 
detectar um códon específico, denominado códon de iniciação, sempre represen-
tado pela sequência AUG. Uma região denominada anticódon no tRNA, contendo 
as bases UAC, ligar-se-á por complementaridade com a sequência AUG do códon de 
iniciação do mRNA. O tRNA com o anticódon contendo a sequência UAC carrega 
consigo, por uma série de interações bioquímicas, seu aminoácido correspondente 
que, neste caso, é a metionina. Após a ligação entre códon de iniciação do mRNA 
e anticódon do tRNA, a subunidade maior ligar-se-á a esse complexo para formar o 
ribossomo funcional, finalizando a etapa de iniciação.
Alongamento
Assim como no processo de iniciação, o alongamento é modulado pela ação de 
fatores, neste caso os Fatores de Elongação (EF). A formação do ribossomo dado 
pela junção da subunidade menor com a maior constitui dois sítios no interior do 
complexo denominado local Peptidilo (local P) e Aminoácilo (local A). O primeiro 
tRNA – ligado ao códon de iniciação – ocupará o local P, enquanto o segundo tRNA, 
com seu aminoácido correspondente e suas bases complementares ao segundo 
códon, ocupará a região A. A metionina presente no primeiro tRNA – localizado 
17
UNIDADE A Síntese Proteica
na região P –, instantaneamente é transferida e unida ao aminoácido do segundo 
tRNA – localizado na região A. Após essa transferência, o primeiro tRNA deixa o 
ribossomo, este então move-se pelo mRNA e o tRNA seguinte – complementar ao 
terceiro códon – entra no ribossomo. Com isso, o aminoácido do segundo tRNA 
é transferido e unido ao aminoácido do terceiro tRNA e assim sucessivamente, 
formando um peptídio extenso. À medida que o ribossomo se move pelo mRNA, 
o tRNA contendo o peptídio é deslocado para a região A, sendo esse movimento 
denominado translocação.
Terminação
Esta etapa da tradução é modulada por Fatores de Terminação (RF). Da mesma 
forma que o códon de iniciação,existe um códon que sinaliza o término da tradução, 
denominado códon de terminação, que é representado pelas trincas UAA, UGA 
ou UAG, sendo observado apenas um dos três códons no mRNA. Quando a região 
A do ribossomo passa e reconhece o códon de terminação no mRNA, o fator de 
terminação ocupa a região A, o peptídio – proteína – pronto é liberado juntamente 
com o último tRNA, de modo que as subunidades menor e maior se separam e o 
processo de tradução é finalizado. 
Cadeia Polipeptídica
(proteína)
Aminoácido
Anticódon
CódonSubunidade pequena
Subunidade 
grande
RNAm
RNAt
Figura 5 – Esquema geral do processo de tradução de proteínas
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
Assista ao processo de tradução de proteínas:
Tradução do mRNA
https://youtu.be/NZ9m4aydAn0
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Biologia Molecular da Célula
ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 5. ed. Porto Alegre, RS: 
Artmed, 2010.
Fundamentos de Biologia Molecular
MALACINSKI, G. M. Fundamentos de Biologia Molecular. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2005.
 Vídeos
Biologia
https://youtu.be/BTpVc8aNqgk
Processamento RNA
https://youtu.be/eWPOzNVyocs
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UNIDADE A Síntese Proteica
Referências
DE ROBERTS, E. M. F.; HIB, J. Base da Biologia Celular e Molecular. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MALAJOVICH, M. A. Biotecnologia 2011. Rio de Janeiro: ORT, 2012.
ZAHA, A. Biologia Molecular básica. 3. ed. Porto Alegre, RS: Mercado 
Aberto, [20--].
ZÁRATE, C. B.; SAHAGÚN, D. O.; BORUNDA, J. S. A. Biología Molecular: 
fundamentos y aplicaciones. Desarrollo Santa Fe: McGraw-Hill, 2009.
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