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Monteiro Lobato: Um ícone da literatura infantil

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Prévia do material em texto

Monteiro Lobato 
Cintia Barreto
Monteiro Lobato 2
Sumário
Introdução ........................................................................................................ 03
Objetivos .......................................................................................................... 04
Estrutura do Conteúdo ................................................................................... 04
Monteiro Lobato 
Tópico 1: Monteiro Lobato ................................................................................ 05
Tópico 2: Sítio do Picapau Amarelo .................................................................. 08
Tópico 3: Personagens do Sítio ........................................................................ 11
Tópico 4: Os Filhos de Lobato .......................................................................... 14
Resumo ............................................................................................................ 18
Leitura Complementar .................................................................................... 19
Referências Bibliográficas ............................................................................. 20
Monteiro Lobato 3
Você está prestes a adentrar no mundo de Monteiro Lobato. Aqui, você conhecerá 
melhor Dona Benta, Tia Nastácia, Narizinho, Pedrinho, Emília e Visconde de Sabugosa. 
Além disso, reconhecerá a representatividade do “Sítio do Picapau Amarelo” como um 
Brasil utópico, rural. 
 A obra de Monteiro Lobato inspirou várias gerações de escritores. Suas contribuições 
foram tantas e tão preciosas que influenciaram desde a forma de produzir um livro até a 
temática apresentada. Lobato era um homem à frente de seu tempo e via a criança como 
um ser produtor de cultura. Não temia mostrar às crianças assuntos como o petróleo, 
por exemplo. 
Neste conteúdo, veremos quais autores foram influenciados por ele, sendo 
considerados, por isso, “Os Filhos de Lobato”, como Ana Maria Machado, Ruth Rocha e 
Sylvia Orthof. Além disso, conheceremos mais sobre as características da atual literatura 
produzida para crianças. 
Por fim, este conteúdo retoma as principais influências de Monteiro Lobato para o que 
hoje conhecemos como Literatura Infantil.
Monteiro Lobato 4
Estrutura do Conteúdo
Objetivo
sAo final desta apostila, esperamos que você 
seja capaz de:
1. Identificar a importância de Monteiro Lobato 
para a literatura produzida para crianças;
2. Reconhecer os personagens de Monteiro 
Lobato e o que representam;
3. Identificar as características da literatura 
infantil hoje.
Para melhor compreensão do conteúdo 
estudado, este material está dividido nos seguintes 
tópicos: 
1. Monteiro Lobato
2. O Sítio do Picapau Amarelo
3. Personagens do Sítio do Picapau Amarelo
4. Os Filhos de Lobato
Monteiro Lobato 5
1. Monteiro Lobato
Monteiro Lobato (1882-1948), um marco na literatura 
infantil, nasceu como José Renato Monteiro Lobato, 
em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. É 
curioso notar que, por causa de uma bela bengala do 
pai que continha as iniciais J.B.M.L., o menino Juca 
(apelido de Lobato) resolveu mudar o nome. Ele, então, 
passou a chamar-se José Bento Monteiro Lobato.
“Um país se faz com homens e livros.”
(LOBATO, 1932)
Filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Augusto Lobato, casou-se aos 26 
anos com Maria Pureza de Natividade, em 28 de março de 1908. Desse casamento, 
teve quatro filhos. Faleceu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos, em decorrência de um 
derrame. O Dia Nacional do Livro Infantil é comemorado no dia do nascimento do escritor, 
em sua homenagem.
Para mais detalhes sobre a vida de Monteiro Lobato, acesse 
o Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Conteúdo On-line
Monteiro Lobato foi muitos: escreveu para adultos, crianças, adaptou, traduziu e 
editou livros de forma revolucionária. Cidadão engajado politicamente, preocupou-se com 
assuntos como petróleo, reforma agrária, saúde e proteção ao meio ambiente. Além disso, 
gostava de pintar aquarelas e fotografar suas viagens e momentos em família.
Fonte: Wikipédia.
Monteiro Lobato 6
No entanto, foi escrevendo para crianças que ficou conhecido e é lembrado até hoje. 
Ao escrever para o público mirim, Lobato inaugura um olhar maduro em relação à infância. 
Ele acreditava que qualquer tema poderia ser apresentado aos primeiros leitores. Ele não 
infantilizou a criança, pelo contrário, tratou-a com respeito e proporcionou-a uma literatura 
de qualidade. 
Para atrair a atenção desse público, como editor, seduziu-o, tratando o livro como 
objeto de consumo que devia ser valorizado e apresentar uma produção gráfica atraente. 
Lobato escreveu, editou e vendeu seus próprios livros, revolucionando também o mercado 
editorial daquele momento. Com um projeto editorial voltado para a escola, revitalizou a 
prática da leitura com seus paradidáticos.
Lobato foi um intelectual que muito contribuiu para mudanças na produção da 
literatura voltada para crianças. Vários foram os escritores que se influenciaram pelas 
ideias dele e começaram a escrever para um público bem mais exigente. Os leitores de 
Monteiro Lobato não ficaram ilesos à sua mensagem, à sua literatura. Clarice Lispector, 
Ruth Rocha e Ana Maria Machado foram algumas autoras que deram continuidade a seus 
ideais, percebendo a criança como um ser pensante e integrado à sociedade.
Visite o site da escritora Ana Maria Machado e fique por dentro 
da biografia, curiosidades, obras da escritora. O link está disponível 
na seção “Leitura Complementar”, na página 19.
Monteiro Lobato 7
Conheça alguns títulos de Lobato
Infantil:
Reinações de Narizinho, Viagem ao Céu, O 
Saci, As Caçadas de Pedrinho, Memórias de 
Emília, O Poço do Visconde, O Picapau Amarelo, 
A Reforma da Natureza, O Minotauro, A Chave 
do Tamanho, Os 12 Trabalhos de Hércules.
Adulto:
Urupês, Cidades mortas, Negrinha, Ideias de 
Jeca Tatu, A onda verde e o presidente negro, Na 
antevéspera, O Escândalo do Petróleo e Ferro, 
Mr. Slang e o Brasil e Problema Vital, América, 
Mundo da Lua e Miscelânea, A Barca de Gleyre 
(1º tomo), A Barca de Gleyre (2º tomo), Prefácios 
e Entrevistas.
Paradidáticos: 
História do Mundo para Crianças, Emília 
no País da Gramática, Aritmética da Emília, 
Geografia de Dona Benta, Serões de Dona 
Benta, História das Invenções. 
Traduções:
Robinson Crusoé, de Daniel Defoe; Alice no 
País das Maravilhas, de Lewis Carroll; Memórias, 
de André Maurois.
Adaptações:
Hans Staden, Peter Pan, Don Quixote das 
Crianças, Histórias de Tia Nastácia, Fábulas.
Monteiro Lobato 8
2. O Sítio do Picapau Amarelo
Com o movimento modernista brasileiro, Monteiro Lobato publicou “A Menina do 
Narizinho Arrebitado” (1920). Dez anos depois, o autor publicou “Reinações de Narizinho”, 
no qual reúne a história revista do primeiro livro e outras histórias que havia escrito até 
aquele momento. Nesse livro, o escritor apresenta-nos os moradores do Sítio do Picapau 
Amarelo. Dona Benta, Tia Nastácia, Narizinho (Lúcia), Pedrinho, os bonecos Emília e 
Visconde Sabugosa são os personagens permanentes desse lugar que fica em algum 
canto do nosso Brasil.
O grande diferencial de Lobato foi misturar realidade e fantasia. Ele levou o maravilhoso 
para dentro do Sítio do Picapau Amarelo e rompeu o limite entre o mundo real (distópico) 
e o mundo ideal (utópico). No Sítio, é possível perceber um ambiente fabulesco, em que 
animais falam e agem como seres humanos; assim, são antropomorfizados os bonecos 
Emília e Visconde. Além disso, elementos folclóricos (como a Cuca, o Saci, a Iara), míticos 
(como o Minotauro) e da cultura pop (como o Gato Félix) também aparecem em várias 
histórias lobatianas. O Sítio do Picapau Amarelo simboliza o Brasil rural, ideal. Ele é o 
refúgio utópico da criança brasileira.
Monteiro Lobato 9
“O sítio de Dona Benta foi se tornando famoso tanto no mundo da 
verdade como no chamado mundo da mentira. O mundo de mentira, ou 
Mundoda Fábula, é como a gente grande costuma chamar a terra e as 
coisas do País das Maravilhas, lá onde moram os anões e os gigantes, 
as fadas e os sacis, os piratas, como o Capitão Gancho, e os anjinhos, 
como Flor-das-Alturas. Mas o Mundo da Fábula não é realmente nenhum 
mundo de mentira, pois o que existe na imaginação de milhões e milhões 
de crianças é tão real como as páginas deste livro. O que se dá é que 
as crianças logo que se transformam em gente grande fingem não mais 
acreditar no que acreditavam(...)
— Muito bem. Logo, o Mundo da Fábula existe, com todos os seus 
maravilhosos personagens.
— E tanto existe – declarou Dona Benta – que tenho aqui uma carta 
muito interessante, recebida hoje.
— É de mamãe, já sei! – exclamou Pedrinho, aborrecido, com medo 
que fosse carta de Dona Antonica chamando-o para a cidade.
— Errou, meu filho. A cartinha que recebi é do Pequeno Polegar(...)
‘Prezadíssima Senhora Dona Benta Encerrabodes de Oliveira:
Saudações. Tem esta por fim comunicar a V.Exa. que nós, os 
habitantes do Mundo da Fábula, não aguentamos mais as saudades 
do Sítio do Picapau Amarelo e estamos dispostos a mudar-nos para aí 
definitivamente. O resto do mundo anda uma coisa das mais sem graça. 
Aí é que é o bom. Em vista disso, mudar-nos-emos todos para sua casa 
– se a senhora der licença, está claro...’”
Monteiro Lobato 10
“O Rei Carol, depois de cochichar com o General De Gaulle, 
prosseguiu no seu discurso.
— Só conheço – disse ele – duas criaturas em condições de 
representar a humanidade, porque são as mais humanas do mundo e 
também são grandes estadistas. A pequena república que elas governam 
sempre andou na maior felicidade.
Mussolini, enciumado, levantou o queixo.
— Quem são essas maravilhas?
— Dona Benta e tia Nastácia – respondeu o Rei Carol – As duas 
respeitáveis matronas que governam o Sítio do Picapau Amarelo, lá na 
América do Sul. Proponho que a Conferência mande buscar as duas 
maravilhas para que nos ensinem o segredo de bem governar os povos.
— Muito bem! – aprovou o Duque de Windsor, que era o representante 
dos ingleses. – A duquesa me leu a história desse maravilhoso pequeno 
país, um verdadeiro paraíso na terra, e também estou convencido de 
que unicamente por meio da sabedoria de Dona Benta e do bom-senso 
de tia Nastácia o mundo poderá ser consertado. No dia em que o nosso 
planeta ficar inteirinho como é o sítio, não só teremos paz eterna como 
a mais perfeita felicidade.”
(Trecho de Reinações de Narizinho)
Monteiro Lobato 11
3. Personagens do Sítio do Picapau Amarelo
Emília
Boneca de pano da Narizinho feita pelas mãos prendadas 
de tia Nastácia. Representa os ideais lobatianos por ser uma 
boneca que se isenta de críticas mais mordazes e pode, assim, 
proferir suas “asneiras”. Na verdade, na voz de Emília, o autor 
profere suas próprias opiniões. 
Emília, enquanto representação da criança, surge muda e, 
assim como sugere a etimologia da palavra “infância”, “não possui 
voz”. No entanto, com a pílula falante do Dr. Caramujo, desata a 
falar e não para mais. Nesse momento, a boneca estimula uma 
nova perspectiva para criança: agora, não mais como um ser 
passivo, mas como um sujeito crítico e reflexivo, capaz de expor 
suas ideias e defendê-las a partir do discurso e da prática.
Dona Benta
Seu nome verdadeiro é Dona Benta Encerrabodes de 
Oliveira e é a proprietária do Sítio do Picapau Amarelo. Mora no 
Sítio com a neta e a cozinheira, Tia Nastácia. Nas férias, recebe 
a visita do outro neto, Pedrinho, primo de Narizinho. Assim como 
Emília, também representa os ideais de Lobato e carrega em seu 
nome, Benta, a marca de seu criador. Ela ocupa uma posição 
de matriarca no Sítio: cuida da educação, do bem-estar dos 
netos e promove o prazer da leitura na medida em que surge 
como exímia contadora de histórias. Dona Benta se assemelha à 
definição de velho do filósofo Mali Hampaté Bâ: “Quando morre 
um velho na África, é uma biblioteca inteira que se queima”. Dona 
Benta é uma senhora culta, conhecedora da cultura clássica. 
Simpática e à frente de seu tempo, é capaz de falar de assuntos 
como política, agricultura e economia. É ela quem gerencia o 
Sítio e o moderniza. Ela, sem dúvida, instaura um novo papel de 
velho ocidental e, principalmente, de mulher na literatura infantil 
Monteiro Lobato 12
Tia Nastácia 
Velha cozinheira do Sítio, medrosa e supersticiosa, 
representa a raça negra e a camada popular. É ela quem narra 
contos folclóricos às crianças no livro “Histórias de Tia Nastácia”. 
Simpática, amiga, de pouca instrução, mas muito habilidosa. É 
por suas mãos que surgem os bonecos Emília e Visconde de 
Sabugosa. 
Por Tia Nastácia ser descrita, muitas vezes, por Emília e 
pelo narrador como um estereótipo da cultura negra, Monteiro 
Lobato é visto, por muitos críticos, como racista, pois, com ela, 
as relações branco/patrão – negro/serviçal se mantêm. Porém, é 
preciso que sejam levados em consideração os valores da época 
que o autor retrata. É interessante notar que da mesma crítica 
sofre o célebre escritor Machado de Assis por não defender 
diretamente os ideais libertários da escravidão em seus livros. 
Não será possível criticar também algo, mostrando-o como se 
encontrava em uma época, trazendo à luz a reflexão?
Narizinho
Seu nome verdadeiro é Lúcia Encerrabodes de Oliveira. Vive 
com a avó Dona Benta no Sítio do Picapau Amarelo. Narizinho 
representa a criança feliz, dotada de imaginação criadora. Em 
“Reinações de Narizinho”, casa-se com o Príncipe do Reino das 
Águas Claras.
Monteiro Lobato 13
Pedrinho
Menino corajoso e aventureiro, é neto de Dona Benta e 
primo de Narizinho. Protagoniza o livro “Caçadas de Pedrinho”, 
no qual são apresentadas personagens lendárias como Iara. 
Ajudado pelo Saci, Pedrinho vive várias aventuras. 
Visconde de Sabugosa
Boneco feito de sabugo de milho, representa a sabedoria. 
Por poder ser consertado por Tia Nastácia, Pedrinho sempre 
o escolhe para participar de aventuras perigosas. Seu traje 
elegante, complementado por uma cartola, impõe o ar solene de 
sábio. Por meio desse personagem, Lobato critica os chamados 
“doutores” que acreditam ter resposta para tudo. Seu jeito 
atrapalhado provoca, muitas vezes, o riso.
Monteiro Lobato 14
Há outros personagens 
no Sítio, mas, aqui, 
selecionamos os 
personagens centrais 
da história lobatiana.
Aprofunde seus conhecimentos sobre o escritor lendo o texto 
de Dilma Castelo Branco Diniz. O link está disponível na seção 
“Leitura Complementar”, na página 19.
4. Os Filhos de Lobato
A influência da literatura e das ideias de Monteiro Lobato foram tantas, que muitos 
escritores brasileiros, como Ana Maria Machado e Sylvia Orthof, diziam abertamente 
serem “filhas de Lobato”, pois carregavam em suas produções os ideais revolucionários 
do escritor de Taubaté que modificou a forma de escrever para crianças. 
Em meio ao AI-5 (Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968), que impunha 
a censura de livros, revistas, peças teatrais, canções, entre outras ações, a Revista 
Recreio surge em 1969 e reúne escritores como Joel Rufino dos Santos, Ana Maria 
Machado, Ruth Rocha, Lygia Bojunga Nunes e, mais tarde, Marina Colasanti, todos 
escrevendo histórias, sobretudo, sobre liberdade e esperança. Vale lembrar que o AI-5 
durou exatamente dez anos.
Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem e leia o texto 
que traz um pequeno panorama histórico da literatura produzida 
para crianças na época da Ditadura Militar.
Conteúdo On-line
Monteiro Lobato 15
Como a literatura infantil não sofria nenhum tipo de censura ainda, os autores 
conseguiram propagar seus ideários de liberdade às crianças, formando, assim, novos 
cidadãos brasileiros e levando aos pais mensagens de atitudes democráticas.
Na década de 1970, ocorreu o que chamamos de boom da literatura infantil brasileira. 
Isso ocorreu como consequência do apoio governamental por meio de programas de 
incentivo à leitura, que ampliou o mercado editorial a fim de garantir grandesvendas para 
o governo distribuir gratuitamente para as escolas e bibliotecas públicas. Textos como 
“O Reizinho Mandão” (1978), de Ruth Rocha, fizeram circular ideias de liberdade e de 
destronamento de um poder ditatorial que a todos coagia e oprimia.
Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem e conheça a 
história de Marinho, o marinheiro que fala sobre a liberdade de 
expressão em tempos de ditadura.
Conteúdo On-line
Saiba mais sobre a vida e obra do escritor escritor Joel Rufino 
dos Santos. O link está disponível na seção “Leitura Complementar”, 
página 19. 
Monteiro Lobato 16
Características da Literatura
Infantil Brasileira Pós-Lobato
A linguagem é 
marcada pela 
oralidade.
A criança é crítica, 
agente produtor 
de cultura e 
contestadora.O humor e a ironia surgem 
como ferramentas para 
criticar os erros da sociedade. 
Encontramos muito isso 
em Sylvia Orthof.
A poesia para crianças, longe de estar 
presa a temas referentes ao moralismo, 
civismo e obediência, explora, agora, 
novas linguagens, com temas voltados 
ao universo da criança, por meio de 
brincadeira com as palavras e humor.
Os temas das narrativas trazem 
problemáticas referentes aos interesses 
das crianças, como o abandono, 
conflitos familiares, como separação 
dos pais, novas relações de gênero, 
preconceitos e diversidade cultural.
Monteiro Lobato 17
Características da Literatura 
Infantil Brasileira Pós-Lobato
As histórias se passam frequentemente em 
espaços urbanos. São comuns narrativas 
de suspense, com questões a serem 
resolvidas pelos leitores, como ocorre em 
“O Mistério do Coelho Pensante”, de Clarice 
Lispector, e também com finais abertos, 
como em “O Príncipe que Boce java”, de 
Ana Maria Machado. Busca-se, com isso, 
um leitor reflexivo, participativo e crítico.
Retomada do nacionalismo por meio de 
mitos, lendas e contos indígenas e africanos, 
revisitando e valorizando o folclore e 
as contribuições de negros e índios na 
formação do Brasil. A Lei nº 11.645/09 
colabora para o aumento da publicação de 
obras para crianças com essas temáticas.
A ilustração ganha papel fundamental nas obras, com novas propostas 
gráficas, intertextualidades e novos estilos: bricolagem, bordado, fotografia, 
entre outras técnicas. A ilustração ganha status de obra de arte, e o 
ilustrador não é visto como mero reprodutor do texto escrito pelo autor, 
mas estabelece um diálogo com a obra, sendo, assim, um coautor; seu 
nome deixou de figurar na parte interna do livro e surge em destaque na 
capa do livro. Leitores passam a conhecê-los pelos nomes e aumenta 
o número de obras sem texto escrito. Nestas, a narrativa ocorre apenas 
por meio de ilustrações – são os chamados “livros de imagens”.
Monteiro Lobato 18
Neste conteúdo, foi possível entrar em contato com o universo de Monteiro Lobato, suas 
personagens e seu Sítio idílico e utópico, a representação de um Brasil rural e moderno.
Foi relevante, ainda, reconhecer seu legado a outros escritores, como Ana Maria 
Machado, Ruth Rocha, Joel Rufino dos Santos, Lygia Bojunga Nunes, Sylvia Orthof, entre 
outros. 
Além disso, pudemos identificar as principais caraterísticas da produção para crianças 
hoje, como o perfil de criança crítica e contestadora, a retomada de contos e lendas 
indígenas e africanas, o gosto pelo humor e pelas aventuras e os conflitos familiares, 
temas antes não tratados com a interação das crianças.
Monteiro Lobato 19
Site de Ana Maria Machado
Disponível em: http://www.anamariamachado.com
DINIZ, Dilma Castelo Branco. Monteiro Lobato: o perfil do intelectual moderno. 1998.
Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/
emtese/article/view/2147/2087. Acesso em: 30 mar. 2015.
Site de Joel Rufino dos Santos
Disponível em: http://www.joelrufinodossantos.com.br.
Monteiro Lobato 20
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 
2000.
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira — história & 
histórias. São Paulo: Ática, 2003.
LOBATO, Monteiro. América. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1932.
SANDRONI, Laura. De Lobato a Bojunga: as reinações renovadas. Rio de Janeiro: Agir, 
1995.
ZILBERMAN, Regina. Como e Por Que ler a Literatura Infantil Brasileira. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2005.

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