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Literatura Infantil - Unidade 3

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introdução
Introdução
LITERATURA LITERATURA 
INFANTILINFANTIL
Me. Hellyery Agda Goncalves da Si lva
IN IC IAR
Olá, caro(a) aluno(a)! Mais uma vez, nos encontramos! Nesta parada, abordaremos as
produções literárias de autores brasileiros voltadas às crianças.
Iniciaremos com Monteiro Lobato, considerado por muitos críticos como o “pai da literatura
infantil do Brasil”. Esse autor construiu uma obra belíssima e extensa para as crianças, por
meio da criação de Sítio do Picapau Amarelo , lugar onde a magia misturava-se com o real,
sendo porta de entrada e saída para seres mágicos, imaginários e fantásticos. No sítio, tudo
podia acontecer, começando pelos seres que o habitavam. Em um segundo momento,
trataremos do realismo mágico presente nas obras de Monteiro Lobato voltadas à criança.
Adiante, descobriremos que Clarice Lispector também se dedicou à literatura infantil,
literatura essa que também podia ser lida pelos adultos, pois objetivava trazer
questionamentos como o ser e o estar no mundo, problematizando questões sociais por
meio da paródia e da intertextualidade, por exemplo, com os clássicos.
Por �m, veremos as contribuições de Cecília Meireles, poetisa brasileira que lutou por um
ensino de qualidade em seu período, chegando a assinar o Manifesto dos Pioneiros da
Educação em 1932 e fundando a primeira biblioteca infantil do país.
Esta unidade está imperdível! Conto com você nessa viagem pela trajetória da literatura
infantil do Brasil e seus desdobramentos. Vamos lá?
José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu na cidade de Taubaté, estado de São Paulo, no
ano de 1882. Tendo em vista os estudos, o prosador mudou-se para São Paulo, onde
estudou Direito. Concomitantemente, na Faculdade do Largo São Francisco, compôs o
grupo literário Minarete e iniciou algumas atividades ligadas à imprensa. Atuou, por um
tempo, como promotor em Areias, cidade interiorana do Vale do Paraíba. Após herdar uma
fazenda de seu avô, dedicou-se, também, à agricultura.
Em 1912, Monteiro Lobato publicou o artigo Velha Praga , no jornal O Estado de São Paulo , a
respeito das queimadas no campo, assunto que provocou grande polêmica e, ao mesmo
tempo, contribuiu para que o referido autor escrevesse outros artigos. Ainda neste ano, o
mesmo jornal lançou o conto Urupês , que trazia a personagem Jeca Tatu. Em 1918,
morando em São Paulo, Monteiro Lobato publicou seu primeiro livro ( Urupês ), comprou a
Revista do Brasil e fundou a primeira editora brasileira, a Monteiro Lobato & Cia. Em 1922,
publicou duras críticas à arte de Anita Malfatti, que se apresentou na Semana de Arte
Moderna de São Paulo.
Monteiro Lobato: Vida e ObraMonteiro Lobato: Vida e Obra
Figura 3.1 - Monteiro Lobato na década de 1920 
Fonte: Whooligan / Wikipédia.
No período de 1927 a 1931, Monteiro Lobato residiu em Nova Iorque. Ao regressar ao seu
país de origem, partiu para a exploração de recursos minerais e fundou o Sindicato do
Ferro e a Cia. de Petróleos do Brasil, provocando entraves com multinacionais e um certo
mal-estar no Governo. Nesse período, nasceu um livro-denúncia intitulado O Escândalo do
Petróleo , que culminou em alguns meses de prisão para o autor. Monteiro Lobato, por
vontade própria, exilou-se em Buenos Aires, por um tempo. Na cidade argentina, escreveu
artigos para jornais. No ano de 1948, morreu, abruptamente, em São Paulo.
Monteiro Lobato pode ser considerado um autor pré-modernista, pois, em sua obra,
aparecem temas que abordam o regionalismo, as mazelas e as desigualdades da sociedade
oligárquica da Primeira República. Na vertente regional, Monteiro Lobato apresenta o Brasil
rural do século XX, em especial da região do Vale do Paraíba, no interior do estado de São
Paulo. Em seus escritos, revela sátira, ironia e sentimentalismo em relação aos costumes e
ao povo da região.
No conto Urupês , por exemplo, Monteiro Lobato faz a caricatura do caboclo Jeca Tatu,
representante do homem interiorano. Jeca Tatu é o caipira que, marginalizado social e
historicamente, não tem direito à educação, vive mal e é passível de contrair doenças. Além
de denunciar a condição de alguns caipiras da região, o conto aborda, também, a situação
do negro após a abolição. Preocupando-se com o povo e com o seu desenvolvimento social
e mental, Monteiro Lobato passou a ser um grande divulgador da ciência e do progresso do
país.
Nas palavras de Zilberman (2005, p. 29-30), o escritor “[...] foi, desde os primeiros livros,
como Urupês , de 1918, um ferrenho crítico das mazelas nacionais; mas nunca deixou de
colocar o país no centro de seu pensamento, procurando veri�car o que era melhor para a
população”.
Sobre o estilo de sua prosa, pode-se a�rmar que é moderno no que se refere à ideologia. Já
no que diz respeito à forma, a sua narrativa apresenta objetividade, além de um
"vernaculismo camiliano", semelhante aos moldes naturalista e parnasiano.
Além do exposto, nas obras de cunho infantojuvenil há uma fusão entre a fantasia e o
pedagógico, tendo por característica o caráter moralista e doutrinário, bem como o re�exo
da sua luta pelos interesses nacionais. Uma das obras mais signi�cativas da Literatura
Infantojuvenil de Monteiro Lobato é Sítio do Picapau Amarelo, na qual o autor narra várias
aventuras, as quais ligam-se, metaforicamente, aos problemas do país.
Vejamos, a seguir, a produção literária de Monteiro Lobato:
Contos Romances
Literatura de ação
e artigos
jornalísticos
Literatura Infantil
Urupês (1918);
Cidades Mortas
(1919); Negrinha
(1920). 
O Presidente
Negro ou O
Choque das
Raças (1926). 
Ideias de Jeca Tatu
(1919); 
A Onda Verde (1921); 
Mundo da Lua (1923); 
O Macaco que se Fez
Homem (1923); 
Mr. Slang e o Brasil
(1929); 
Ferro (1931); 
América (1932); 
Na Antevéspera
(1933); 
O Escândalo do
Petróleo (1936); 
A Barca de Gleyre
(1944).
Em Obras Completas
V. 1 e 2: 
Nas Reinações de
Narizinho; 
Viagem ao Céu; 
O Saci; 
Caçadas de Pedrinho; 
As aventuras de Hans
Staden; 
História do Mundo
para Crianças; 
Memórias da Emília; 
Peter Pan; 
Emília no País da
Gramática; 
Aritmética da Emília; 
Geogra�a de Dona
Benta; 
Serões de Dona Benta;
Histórias das
Invenções; 
D. Quixote para as
Quadro 3.1 - Vitrine de obras de Monteiro Lobato 
Fonte: Elaborado pela autora.
É notório que Monteiro Lobato é um dos grandes autores de Literatura Infantil. Nas
palavras de Zilberman (2005, p. 26), o escritor pode ser considerado o “[...] primeiro grande
autor para a infância brasileira”, devido ao seu projeto literário. Em suas obras, é possível
veri�car a retratação de aspectos do nosso país, de cunhos geográ�cos, sociais e culturais.
Além das obras apresentadas, há adaptações de clássicos da literatura e de obras
estrangeiras, as quais eram destinadas à criança. Devido à grandiosidade, as obras de
Monteiro Lobato acabaram virando assunto de �lmes, peças de teatro, séries televisivas
etc.
Crianças; 
O Poço do Visconde; 
Histórias de Tia
Nastácia; 
O Picapau Amarelo; 
A Reforma da
Natureza; 
O Minotauro; 
Fábulas; e 
Os Doze trabalhos de
Hércules.
atividade
Atividade
Leia o trecho a seguir:
“Ao contrário dos clássicos estrangeiros, ele não recriou seus contos de outros; ele os criou.
Embora se utilizasse do rico acervo maravilhoso da Literatura Clássica Infantil de todo o mundo, a
inspiração maior e básica de Lobato foi a própria criança, os motivos e os ingredientes de sua
vivência: suas fantasias, suas aventuras, seus objetos de jogos e brinquedos, suas travessuras e
tudo o que povoa a sua imaginação... Reencontrou a criança, amealhou toda a riqueza e
criatividade de seu mundo maravilhoso e construiu um universo para ela, num cenário natural,
enriquecido pelo Folclore de seu povo, aspecto indispensável à obra infantil”.
CARVALHO, B. V. de. A Literatura Infantil : visão histórica e crítica. 2. ed. São Paulo: Edart, 1983, p.
133.
Considerando o excerto apresentado a respeito da literatura produzida por Monteiro Lobato,analise as a�rmativas a seguir:
I. Monteiro Lobato, além de escrever para as crianças, criou para elas um mundo repleto de
fantasia, personagens e histórias mágicas.
II. De modo geral, pode-se a�rmar que Monteiro Lobato preocupava-se com a renovação literária
do país.
III. Por conter o fantástico, a criança está isenta de imaginar, visto que os livros de Monteiro Lobato
já apresentam essa característica.
IV. As obras de Monteiro Lobato apresentam valores, comportamentos e relacionamentos entre as
personagens, elementos característicos de sua época.
Está correto o que se a�rma em:
a) I, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Quando abordamos a história da Literatura Infantil no Brasil, o autor Monteiro Lobato é
uma grande referência, visto que é considerado o precursor da literatura para crianças e,
até os dias de hoje, suas narrativas encantam o público infantil, por meio dos livros e de
suas adaptações.
No ano de 1920, o autor lançou a obra A menina do narizinho arrebitado , o primeiro livro
dos 17 voltados ao público infantil. Na época, o crítico Tristão de Athayde (pseudônimo de
Alceu Amoroso Lima) publicou n ’O Jornal do Rio de Janeiro a seguinte nota:
Por ele a criança criará gosto pela leitura, sentirá que o livro não é apenas um
instrumento de disciplina, mas um campo maravilhoso para expansão de um
mundo interior, reprimindo ou apenas pressentindo. É um livro que estimula a
vida, que fecunda a imaginação, que desperta a curiosidade (ATHAYDE, 1921
apud AZEVEDO; CAMARGO; SACCHETTA, 1997, p. 158).
O valor da invenção literária de Monteiro Lobato gira em torno de personagens e tramas
repletas de criatividade e humor. Além disso, há uma sintonia entre a matéria literária
concomitante aos valores, as ideias e o contexto em que a obra foi publicada.
Nas obras destinadas às crianças, há sempre um aspecto pedagogizante, e Sítio do Picapau
Amarelo tem o objetivo de educar, por meio de ensinamentos e instruções, ao mesmo
tempo em que suscita a brincadeira. Assim, as personagens são livres para viverem suas
experiências e existires. O sítio é local de encantamento, no qual a fantasia se une à
realidade. Nas palavras de Barbosa (1996, p. 85):
Monteiro Lobato e a Obra Monteiro Lobato e a Obra SítioSítio
Do Picapau Do Picapau AmareloAmarelo
Os livros com mais fabulação, com um predomínio do caráter �ccional da
narrativa, contêm também muita informação e elementos didáticos. E os livros
com um caráter mais didático também contêm um numeroso elemento
�ccional, seja sob forma e em modo de ações, seja sob forma e em modos de
diálogos. [...] A insistência e o senso de oportunidade com que Monteiro Lobato
intercala instrução e educação em suas narrativas, mesmo as menos propícias
a inserções didáticas, revelam, desnudam, esclarecem sua preocupação de
fazer de sua literatura para crianças e jovens um veículo de formação
intelectual e moral.
Monteiro Lobato tinha em vista um didatismo inteligente e, por meio de suas narrativas,
educava e incentivava a imaginação e o gosto pela leitura de seus leitores. Por meio de suas
histórias, o leitor encontrava conforto e mensagens positivas e alegres, as quais eram
transmitidas por personagens icônicos e distintos. 
Personagem Característica
Dona Benta
É a avó das crianças Pedrinho e Narizinho. Trata-se de uma
senhora inteligente, carinhosa e muito receptiva, que
acompanha de perto as aventuras dos netos.
Tia Nastácia
É a cozinheira e a empregada do sítio. Além dessas
demandas, é costureira e foi ela a responsável pela criação de
Emília, uma boneca feita de retalhos de panos.
Tio Barnabé
É um homem da roça que reside no sítio, auxiliando Dona
Benta com os afazeres. Além dos cuidados com propriedade,
ele ensinou Pedrinho a caçar Sacis.
Narizinho
É a neta de Dona Benta, uma menina de nariz arrebitado cujo
nome é Lúcia. Trata-se de uma menina inteligente, que adora
devorar jabuticabas. Além disso, é prima de Pedrinho e dona
e amiga de Emília.
Pedrinho
É o neto de Dona Benta que mora na cidade. Suas aventuras
acontecem quando passa as férias no sítio da avó. Trata-se de
um menino muito corajoso, mas que tem medo de
marimbondos. Costuma andar com o seu estilingue no bolso.
É o responsável pela criação de Visconde de Sabugosa, feito
de sabugo de milho.
Emília
É uma boneca que fala, feita de retalhos de pano. É a grande
amiga de Narizinho. Costuma ser irreverente, faladeira e
muito engraçada. Emília guarda consigo um baú repleto de
objetos e coisas singulares, advindas de suas aventuras.
Visconde de
Sabugosa
Foi criado por Pedrinho, que ganhou vida e tamanho após
tomar uma pitada de fermento, �cando do tamanho de uma
pessoa normal. É uma criatura muito sábia, que vive na
biblioteca do sítio. Costuma usar uma cartola na cabeça e um
paletó verde. Além de ler muitos livros, faz experimentos em
seu laboratório, e um exemplo desses experimento é o pó de
pirlimpimpim.
Quindim É um rinoceronte que fugiu do circo, onde sofria maus-tratos,
Quadro 3.2 - Principais personagens da obra Sítio do Picapau Amarelo 
Fonte: Elaborado pela autora.
As personagens criadas por Monteiro Lobato estão relacionadas ao folclore, aos mitos, e às
lendas que advêm da tradição oral. Com isso, o autor consegue aproximar o leitor de seu
universo fantástico, permitindo-lhe a formação de opinião e contribuindo para o
desenvolvimento psíquico e cognitivo do indivíduo.
Em A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim (1978) defende a importância da
fantasia e do fantástico para o desenvolvimento e o amadurecimento infantil. Com isso, em
nosso país,
e passou morar no Sítio do Picapau Amarelo . É um grande
amigo e protetor.
Marquês de
Rabicó
É um porco gordo e guloso, casado com a boneca Emília, que
só se casou com ele para se tornar marquesa.
Saci Pererê
De origem popular, trata-se de um menino de uma perna só,
que usa uma carapuça vermelha na cabeça, fuma cachimbo e
anda em redemoinhos de vento. É responsável por pregar
peças no pessoal do sítio. Tornou-se amigo de Pedrinho, após
o menino prendê-lo em uma garrafa.
Cuca
É uma bruxa com características que lembram um jacaré.
Costuma viver em uma caverna no meio do mato e fazer
maldades com os moradores do sítio. É a grande antagonista
da história.
Figura 3.2 - Ilustração das personagens da obra em uma edição russa da série 
Fonte: MarcFernando77 / Wikipédia.
[...] coube a Lobato a fortuna de ser, na área da literatura infantil e juvenil, o
divisor de águas que separa o Brasil de ontem e o Brasil de hoje. Fazendo a
herança do passado imergir no presente, Lobato encontrou o caminho criador
que a literatura infantil estava necessitando. Rompe, pela raiz, com as
convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e formas que
o novo século exigia (COELHO, 2009, p. 165).
Monteiro Lobato, considerando seu público-alvo, criou uma linguagem brasileira e popular,
tendo em vista as suas vivências residindo no interior de São Paulo. Além disso, suas
histórias são criativas, emocionante e irreverentes, pois trabalham com o imaginário
infantil, visto que há uma fusão entre o real e o imaginário.
No que diz respeito à obra Sítio do Picapau Amarelo , trata-se de um lugar independente e
autossu�ciente que não pode ser localizado no mapa. Lá, tudo pode acontecer. O sítio é o
próprio Brasil, visto que Monteiro Lobato preocupava-se com as questões nacionais.
Nas palavras de Zilberman (2005, p. 29-30), o sítio “[...] é brasileiro, como se fosse uma
representação idealizada de nossa pátria. Em outras palavras, é o Brasil conforme o desejo
de Lobato, um Brasil sonhado, mas sempre um Brasil”.
A Menina do Narizinho Arrebitado , de 1921, é o primeiro livro voltado para crianças; e Os
Doze Trabalhos de Hércules , de 1944, é o último. Após a publicação de sua última obra,
Monteiro Lobato dedicou-se a organizá-las, falecendo em 1948.
A Presença do Maravilhoso em Monteiro Lobato
Há muitos aspectos que podemos abordarna obra lobatiana, e focaremos, para este
estudo, na presença do maravilhoso. Monteiro Lobato foi o responsável pela criação de
reflita
Re�ita
“Quem começa pela menina da capinha vermelha pode acabar nos
Diálogos de Platão, mas quem sofre na infância a ravage dos livros
instrutivos e cívicos, não chega até lá nunca. Não adquire o amor da
leitura”.
Fonte: Lobato (1964, p. 253-254).
uma vasta e insigne produção literária, que é composta por distintos espaços, personagens
e “monstros”, os quais habitam o imaginário popular em diferentes regiões do país.
A respeito disso, a autora Eliane Yunes (1983, p. 18 e 47) menciona que, em relação à obra
de Monteiro Lobato,
[...] sua incursão pelo maravilhoso na obra infantil, não tem de ‘irracional’: ao
contrário, aproxima com habilidade insuperável o mágico e o real, fantasia e
realidade [...]. Em Lobato, a intertextualidade constante das formações
discursivas da história e da �cção anula as fronteiras entre o real e o sonho, o
que aliás a psicanálise freudiana pouco antes já enunciada.
Especi�camente na obra Sítio do Picapau Amarelo , há a presença do realismo mágico
voltado à infância, bem como do maravilhoso, que possibilita o exercício do pensamento
crítico.
saiba mais
Saiba mais
“Entre seus felizes habitantes, estão Emília, a boneca
de pano que diz tudo o que lhe passa na cabeça; o
Visconde de Sabugosa, o sábio de espiga de milho;
Pedrinho e Narizinho, eternas crianças sempre
abertas a tudo; Dona Benta, avó dos meninos,
contadora de histórias que aceita a imaginação das
crianças e admite as novidades que mudam o mundo;
Nastácia, a empregada que fez Emília, suas crendices
e seus quitutes. Nesse mundo, um pozinho mágico
(pirlimpimpim) rompe os limites do espaço e do
tempo, levando suas personagens a viverem as mais
incríveis façanhas. Essas maravilhas narrativas, às
quais não falta a preocupação de informar e educar,
têm encantado gerações e gerações de crianças
brasileiras”.
Fonte: Lobato (2000, p. 182).
As personagens Emília e Visconde de Sabugosa representam, por exemplo, a inserção do
mágico no real, pois aparecem nas narrativas, muitas vezes, questionando e
problematizando questões cotidianos que surgem no sítio. Vale pontuar que Monteiro
Lobato utiliza o maravilhoso de modo alegórico e o realismo materialista de modo objetivo,
para compor suas obras com questões voltadas à Moralidade, à Geogra�a Econômica, à
História, à Política, à Filoso�a e à Religião (YUNES, 1983).
Nas obras infantis de Monteiro Lobato, há uma retomada de personagens maravilhosos
presentes nos contos populares da Europa, como Barba Azul, Branca de Neve, Cinderela,
Chapeuzinho Vermelho etc., recriando e inserindo essas histórias em um novo contexto, no
qual as personagens do sítio estão presentes. Um exemplo dessa intertextualidade está
presente em O Picapau Amarelo , obra na qual Barba Azul é mencionado na conversa de
Pedrinho com Sancho Pança, retomada do romance de Dom Quixote:
Sancho logo fez camaradagem com Pedrinho, ao qual contou várias proezas de
seu amo que não �guram no famoso livro de Cervantes. 
– Ah! Menino, este meu amo é na verdade o herói dos heróis. Ainda há pouco,
ali na entrada das Terras Novas, espetou com a lança um homem muito feio,
de grandes barbas azuis. 
– De barbas azuis? Então era o Barba-Azul! Bem feito! Esse homem é o maior
especialista em matar mulheres. Já liquidou sete. Não estava de faca na mão? 
– Trazia na cintura uma enorme faca de ponta, sim. 
– Pois é isso mesmo. Com aquela faca o malvado já matou sete esposas – e
matará a oitava, se aparecer outra tola que se case com ele. 
– Pois �cou bem espetado pela lança de meu amo – continuou Sancho. – Quis
resistir; mas quando ia puxando a faca, foi alcançado no peito e derrubado
(LOBATO, 1956, p.31-32).
A presença do maravilhoso em Monteiro Lobato se constrói, também, a partir da
intertextualidade e da paródia dos contos de fada e da sua combinação com a obra Sítio do
Picapau Amarelo . Com isso, o autor revela sua consciência crítica e literária, tendo em vista
o panorama da literatura infantil brasileira, bem como a (re)leitura de obras estrangeiras
para a formação literária dos leitores do Brasil.
atividade
Atividade
Leia o trecho a seguir:
De acordo com Coelho (2010, p. 249), os leitores de Monteiro Lobato “[...] sentiam identi�cados
com as situações narradas; sentiam-se à vontade dentro de uma situação familiar e afetiva, que
era subitamente penetrada pelo maravilhoso ou pelo mágico, com a mais absoluta naturalidade.
Tal como Lewis Carroll �zera com Alice no País das Maravilhas, na Inglaterra de cinquenta anos
antes, Monteiro Lobato o fazia no Brasil dos anos 20: fundia o Real e o Maravilhoso em uma única
realidade”.
COELHO, N. N. Panorama Histórico da Literatura infantil/juvenil : das origens indoeuropeias
ao Brasil contemporâneo. 5. ed. São Paulo: Amarilys, 2010, p. 249.
Considerando o excerto apresentado a respeito do maravilhoso nas obras de Monteiro Lobato,
analise as a�rmativas a seguir:
I. Nas obras de Monteiro Lobato é por meio da fantasia que se instala o realismo, fantasia essa
que se une ao real.
II. Em suas obras, Monteiro Lobato utiliza o maravilhoso fantástico por meio da alegoria e o
realismo materialista por meio da objetividade.
III. A inserção do mágico no real pode ser visualizada em Sítio do Picapau Amarelo por meio das
personagens Boneca Emília e Visconde de Sabugosa.
IV. Utilizando a fórmula de Perrault e dos Irmãos Grimm, Monteiro Lobato criou suas histórias.
Está correto o que se a�rma em:
a) I, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Clarice Lispector (1920-1977) foi uma escritora e jornalista nascida na Ucrânia que se
naturalizou brasileira e pernambucana. Seu nome de batismo era Chaya Pinkhasovna
Lispector, e aqui ela adotou Clarice Lispector. A autora formou-se em Direito e colaborou
em jornais cariocas. Debruçou-se na escrita de diversos livros, e o primeiro deles foi Perto
do Coração Selvagem , publicado em 1944. 
Clarice Lispector publicou mais de 20 livros de diferentes gêneros, dentre eles romances,
contos, crônicas etc. No que se refere à literatura voltada ao público infantil, publicou seu
primeiro livro em 1967, intitulado Mistério do coelho pensante . Seguindo a linha infantil,
publicou em 1969 o segundo livro, chamado A mulher que matou os peixes . Em 1974, lançou
Clarice Lispector para asClarice Lispector para as
CriançasCrianças
Figura 3.3 - Clarice Lispector 
Fonte: Lucas Secret / Wikipedia.
a obra A vida íntima de Laura . Em 1978, publicou seu quarto livro infantil, intitulado Quase
de verdade . Por �m, publicou Como nascem as estrelas, em 1987.
A produção clariceana para crianças é composta por elementos de intertextualidades,
paródias e paráfrases; além disso, apresenta um aspecto inovador, uma vez que �rmou
uma linguagem nova para esse gênero, que é voltado para um público especí�co.
Os livros infantis agradam a todos os leitores, visto que utilizam como narrador um adulto
que dialoga com as crianças, deixando clara a sua condição e abordando temas pertinentes
a todas as idades, como a liberdade, o direito de ser, a morte, a alienação, a inexorabilidade
do tempo etc.
As obras literárias infantis de Clarice Lispector, nas palavras de Araújo (2013, on-line ), “[...]
sugerem que o adulto é que deve intrometer-se no mundo e nas sensações infantis para
compreendê-los, possibilitando, assim, novas propostas de relacionamento criança-adulto-
mundo”. Com isso, surge a presença de animais, os quais, muitas vezes, intitulam as
histórias e são livres para viver no mundo (remetendo-se àquela essência primitiva,
ancestral e inumana), livres da domesticação. Ao entrar na história, por meio da leitura, a
criança, no plano da alegoria, está lado a lado com os “bichos convidados” pela narradora.
Adentrando a obra A vida íntima de Laura , por exemplo, veri�camos que a personagem
galinha reforça alguns questionamentos,os quais aparecem em outras obras, como “[...] a
sinceridade no tratamento com a criança, o questionamento do próprio gênero ‘literatura
infantil’, o equilíbrio entre a realidade e a fantasia, o papel da mulher, da dona de casa e o
próprio absurdo desse cotidiano” (ARAÚJO, 2011, on-line ).
Temos que mencionar que a infância é uma temática que aparece com frequência na prosa
de Lispector, principalmente nos contos. Dentre as obras publicadas, as de literatura
infantil não são consideradas menores e estabelecem um diálogo com as obras destinados
ao público adulto. Podemos comparar e aproximar A vida íntima de Laura do conto clássico
reflita
Re�ita
“[...] na infância as descobertas terão sido como num laboratório onde se
acha o que se achar? [...] Mas como adulto terei a coragem infantil de me
perder? Perder-se signi�ca ir achando e nem saber o que fazer do que se
for achando”.
Fonte: Lispector (1998, p. 13).
Uma galinha , visto que ambos apresentam um tema semelhante: o ser feminino. Além
disso, os dois contos abordam a morte, porém de modo diferenciado, levando em
consideração a linguagem e o público leitor.
Em A vida íntima de Laura , a autora aborda as vivências e o dia a dia da galinha Laura, bem
como seus anseios e medos; por exemplo, tornar-se estéril e morrer. Essa temática
aparece, também, em Quase de verdade, quando a �gueira passa a re�etir acerca da
maternidade, da condição feminina etc. (ARAÚJO, 2013).
Em O mistério do coelho pensante há um mistério, característico do gênero policial, e o leitor,
ao longo da narrativa, vai recebendo pistas do narrador, as quais podem ser verdadeiras ou
falsas. No entanto, o narrador não sabe como resolver esse mistério. No texto, há uma
espécie de paródia, que questiona os códigos instituídos pelo gênero e os valores, fazendo
uma crítica aos modelos criando um novo modo de observar o objeto.
Há uma intertextualidade com Alice no país das Maravilhas , de Lewis Carroll, e, como
paráfrase de Alice, O mistério do coelho pensante rea�rma valores da literatura
infantojuvenil clássica, aquela que teve sua origem nas fábulas, nos mitos, nos contos de
fada, ou seja, histórias de tradição oral, nas quais os mistérios e as magias são
imprescindíveis para a sua existência.
Já a obra Como nasceram as estrelas trata-se de uma “coletânea” de histórias curtas,
destinadas à ilustração um calendário. Para cada mês do ano, há uma narrativa que
resgata elementos da cultura popular do Brasil, cujos protagonistas são: Saci-pererê,
Uirapuru, Curupira, Iara, Negrinho do pastoreio, curumins, animais (sapos, jabutis, onças,
macacos, jacarés), dentre outros, que lidam com as adversidades que colocam suas
qualidades à prova. Nessas narrativas, a autora, por meio da paródia, traz a metáfora da
perplexidade humana e de seus sentimentos diante dos fenômenos da natureza.
Quase de verdade , por sua vez, também traz alegorias de bichos, os quais apresentam tipos
humanos, por meio de sentimentos e ações. A temática existencialista é muito presente
nessa obra, uma vez que re�ete sobre o medo, a morte, a existência, as diferenças sociais e
individuais etc. Nessa obra, Clarice entende Ulisses, o cachorro, e digita as suas histórias
Já na obra A mulher que matou os peixes há uma personagem-narradora. Vejamos um
trecho, a seguir:
“Essa mulher que matou os peixes infelizmente sou eu. Mas juro a vocês que foi sem querer.
Logo eu! Que não tenho coragem de matar uma coisa viva! Até deixo de matar uma barata
ou outra. 
Dou minha palavra de honra que sou pessoa de con�ança e meu coração é doce: perto de
mim nunca deixo criança ou bicho sofrer. 
Pois logo eu matei dois peixinhos vermelhos que não fazem mal a ninguém e que não são
ambiciosos: só querem mesmo é viver. 
Pessoas também querem viver, mas infelizmente também aproveitar a vida para fazer
alguma coisa de bom. 
Não tenho coragem ainda de contar agora mesmo como aconteceu. Mas prometo que no
�m deste livro contarei a vocês, que vão ler essa história triste, me perdoarão ou não. 
Vocês hão de perguntar: por que só no �m do livro? 
E eu respondo: 
- É porque no começo e no meio vou contar algumas histórias de bichos que eu tive, só para
vocês verem que eu só poderia ter matado os peixinhos sem querer. 
Estou com esperança de que, no �m do livro, vocês já me conheçam melhor e me dêem o
perdão que eu peço a propósito da morte de dois “vermelhinhos” – em casa chamávamos os
peixes de “vermelhinhos”. 
[...] 
Eu sempre gostei de bichos. Tive uma infância rodeada de gatos. Eu tinha uma gata que de
vez em quando paria uma ninhada de gatos. E eu não deixava se desfazerem de nenhum
dos gatinhos”.
Fonte: Lispector (1999, s./p.).
Fonte: fonte da tabela
Considerando a literatura como um dos possíveis espaços para a experiência literária,
podemos conceber o texto clariceano como um entrelaçamento de in�ndos e delicados �os
constituídos por palavras, que são a matéria-prima da escrita (FERREIRA, 2016).
No que se refere aos textos da autora voltados ao público infantil, é possível observar que
há algumas mudanças nos paradigmas sociológicos e culturais, uma vez que, por serem
razoavelmente curtos, apresentam um efeito único, causando impressões positivas no
leitor, como uma participação ativa na construção dos sentidos do texto.
As narrativas, no que diz respeito à forma textual, rompem com dogmas, valores e certas
temáticas comuns em sociedade. Nas palavras de Walter Benjamin (1985 apud CARVALHO,
2006, p. 19-20), “[...] as mudanças dos mecanismos de produção [afetam] de maneira
decisiva a arte de contar histórias”. Desse modo, os textos de Clarice Lispector requerem
um leitor ativo, ou seja, aquele que pensa, discorda, confronta e negocia os sentidos
apresentados no texto.
“Ao fazer o uso de histórias próximas à realidade do leitor, Lispector idealiza um leitor que
se coloque em diálogo com as di�culdades presentes no texto” (CARVALHO, 2006, p. 81).
Assim sendo, culturalmente, as narrativas possibilitam e colaboram para a formação de
leitores críticos e preocupados com os sentidos implícitos e explícitos nos textos, desde a
tenra idade, correspondente à infância.
Ainda nas palavras da estudiosa, “[...] Clarice Lispector revoluciona a literatura ao criar essa
nova conduta de leitura, responsável pela formação de um leitor profícuo, capaz de
responder às exigências do estilo dialógico permeado de elementos metalinguísticos”
(CARVALHO, 2006, p. 82).
Vale pontuar também que, para Lispector, não há uma diferença entre textos para crianças,
jovens e adultos, visto que o mesmo texto se direciona a todos os públicos (QUEVEDO;
AQUINO, 2010).
saiba mais
Saiba mais
“[...] ‘tornar-se criança’ é a forma que permite ao
narrador clariceano afastar-se da hegemonia do olhar
adulto; ‘tornar-se bicho’ é também um dispositivo que
permite afastar-se da hegemonia do mundo racional
humano, é tentar aproximar-se da vida de uma forma
mais direta e instintiva. Expondo seu corpo aos
diversos �uxos que habitam o mundo dos bichos e
das crianças, o narrador, antes humano e adulto,
parece também querer falar de um lugar que rompe
com o mundo do racional e mesmo do pragmático.
Assim, a literatura infantil de Clarice Lispector não
quer dar lições de moral ou mesmo socializar a
criança, ela parece querer propor-lhe uma nova
aventura: a experimentação de um novo mundo que
pode ser constantemente recriado pela imaginação”.
Fonte: Dinis (2006, p. 155-156).
ACESSAR
A literatura infantil de Clarice Lispector, de modo similar à literatura destinada ao público
adulto, procura, por meio da palavra em sua função poética, criar um diálogo entre textos,
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0164.html
nos quais a vida, as relações sociais e os problemas do ser humanos podem ser
questionados pela fantasia, levando o leitor (pequeno ou grande) à re�exão.
atividade
Atividade
A respeito das obras clariceanas voltadas ao público infantil, leia o excerto a seguir:
“[...] emborao universo das crianças esteja em jogo, não se trata, em absoluto, de histórias
protagonizadas por elas. As crianças representadas nas histórias de Clarice aqui consideradas,
estando, ou não, inscritas de forma singularizada nos textos, certamente não podem ser
consideradas personagens centrais dos acontecimentos narrados. Podem, às vezes, estar
presentes em comentários digressivos que convidam o leitor para a cena da escrita, embora
fazendo parecer que estão chamados para integrarem os acontecimentos da história”.
BARBOSA, S. M. Clarice Lispector e a literatura infantil. Cadernos de Letras da UFF - GLC , n. 27, p.
141-157, 2003, p. 143.
A respeito disso, analise as a�rmativas a seguir:
I. Nas narrativas clariceanas há a presença de animais, que são como irradiadores das tramas.
II. Nos textos de Clarice Lispector, é possível traçar pontos intertextuais entre as narrativas adultas
e as narrativas infantis.
III. Por escrever textos voltados à criança, Clarice opta por isentar re�exões sobre os problemas do
ser humanos, privilegiando a fantasia.
IV. Como nas fábulas, nos contos de Clarice Lispector há uma moral da história explícita.
A partir das a�rmativas apresentadas anteriormente, podemos dizer que está correto o que se
a�rma em:
a) IV, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Iniciamos, caro(a) aluno(a), abordando alguns aspectos da vida de Cecília Benevides de
Carvalho Meireles (1901-1964), que foi poetisa, jornalista, professora e pintora. Foi uma das
principais autoras da literatura brasileira, pois publicou cerca de 50 obras. Estreou na
literatura com o livro Espectros . Embora mais conhecida como poetisa, debruçou-se,
também, na escrita de contos e crônicas.
Traçando uma linha do tempo, Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de
novembro de 1901. Perdeu o pai pouco tempo depois de nascimento e a mãe após
completar 3 anos de idade, sendo criada por sua avó materna, Jacinta Garcia Benevides.
Cursou o primário na Escola Estácio de Sá e recebeu das mãos de Olavo Bilac uma medalha
do ouro, por ter se destacado ao longo do curso.
No ano de 1917, formou-se professora na Escola Normal do Rio de Janeiro. Além disso,
dedicou-se à música, ao estudo de línguas e exerceu o magistério em escolas o�ciais do
estado. Era uma educadora.
A Literatura de Cecília MeirelesA Literatura de Cecília Meireles
para Criançaspara Crianças
Figura 3.4 - Cecília Meireles 
Fonte: Ederporto / Wikipédia.
Cecília Meireles envolveu-se com a pedagogia moderna, assumindo também uma coluna
diária no jornal Diário de Notícias do Rio de Janeiro , intitulada Comentário . Posteriormente,
dedicou-se também à Página da Educação , no mesmo jornal, entre 1930-1933, comentando
em crônicas sobre a árdua tarefa de produzir literatura infantil, visto que tal estilo requer
duas coisas ímpares: ciência e arte.
Concomitante a isso, especi�camente em 1932, assinou o Manifesto dos Pioneiros da
Escola Nova, quadro da renovação educacional do país. Vale comentar que, no ano de
1934, fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil, situada no Centro Cultural Infantil do
Pavilhão Mourisco, em Botafogo, no Rio de Janeiro. No mesmo período, viajou para
Portugal e apresentou nas cidades de Lisboa e Coimbra uma série de conferências que
abordaram aspectos da cultura, literatura e do folclore brasileiro.
Produziu, no período de 1942-1945, uma quantidade signi�cativa de crônicas, as quais
foram publicadas no jornal A Manhã , cujas temáticas giravam em torno da cultura e da
educação. Cecília Meireles envolveu-se muito com a educação e a docência, tanto que
ministrou, em Belo Horizonte, um curso para professores da prefeitura, no ano de 1948. Tal
curso resultou na publicação de Problemas da literatura infantil , no ano de 1952, obra na
qual havia um panorama histórico, feito por Cecília Meireles, que citava autores como La
Fontaine, Perrault, Fénelon, Júlio Verne, Defoë etc. (SILVA, 2013). Assim, ao longo desse
período, foram surgindo inspirações para uma literatura voltada à criança.
A educadora Cecília Meireles preocupava-se com a formação do leitor. Assim, conforme
pontuamos, a ciência requer uma formação pro�ssional, que é a Pedagogia, na missão de
elaborar textos voltados à criança, ou seja, é preciso conhecer o mundo infantil. Além disso,
alguém que tenha o dom de transformar linhas textuais em obra de arte, tendo em vista
um público especí�co, é imprescindível.
Assim, escrever para crianças requer um artista, visto que é ele que tem a sensibilidade e a
intuição para criar e a capacidade de sugerir a beleza estética e, ao mesmo tempo,
estimular a imaginação. No entanto, a capacidade artística deve estar de “mãos dadas” com
a ciência, ou seja, deve-se conhecer os interesses e os gostos das crianças. Desse modo, o
escritor saberá escolher e distribuir as palavras, as construções textuais e os assuntos, para
que possa escolher, distribuir, graduar e apresentar os assuntos.
Cecília Meireles respaldou-se na concepção de infância da Pedagogia Moderna, cujos
fundamentos �losó�cos se encontram em Jean Jacques Rousseau, o qual postula que a
infância só existe seguindo uma ordem natural. É preciso ser criança para ser “homem”,
uma vez que adultos e crianças observam e sentem o mundo de diferentes óticas, sendo
que esse olhar vai se aprimorando, conforme o amadurecimento do ser e a passagem do
tempo.
De acordo com a Pedagogia Moderna, o adulto deve conceder proteção e direção à criança,
e esta deve obedecer, visto que é concebida como um ser eticamente amoral, devido à
ingenuidade e à falta de consciência. Assim, há um contrato estabelecido: direcionamento
em troca de obediência.
Com a publicação do livro Criança, meu amor , no ano de 1924, Cecília Meireles deixa claro
esse contrato. Tal livro foi indicado como obra de leitura para as escolas públicas do
Distrito Federal. Nele, constam textos sob o título de Mandamento , os quais apresentam,
de modo acessível, os princípios de Jean-Jacques Rousseau. Por exemplo: “Mandamento II –
Devo amar e respeitar a professora como se fosse minha mãe. [...] Ela deseja ver-me
instruído e bom; e para isso trabalha [...]. A professora é a minha proteção e o meu guia
[...]” (MEIRELES, 1977, p. 35).
A Pedagogia Moderna, da qual Cecília Meireles faz parte, postula que a boa educação é
aquela que estimula o amor pelo conhecimento, bem como a sua busca, por meio de
métodos. Além disso, devia-se formar um homem novo, por meio de um humanismo
universal, e a literatura infantil auxilia neste processo.
Um livro de literatura infantil é, antes de mais nada, uma obra literária. Nem se
deveria consentir que as crianças freqüentassem obras insigni�cantes, para não
perderem tempo e prejudicarem seu gosto. Se considerarmos que muitas
crianças, ainda hoje, têm na infância o melhor tempo disponível da sua vida;
que talvez nunca mais possam ter a liberdade de uma leitura desinteressada,
compreenderemos a importância de bem aproveitar essa oportunidade. Se a
criança, desde cedo fosse posta em contato com obras-primas, é possível que
sua formação se processasse de modo mais perfeito (MEIRELES, 1979, p. 96).
Conforme bem expõe Corrêa (s./d., on-line ): “A função da literatura infantil é dar à criança o
acesso ao tempo da tradição, formando um humanismo básico e apontando para a direção
do homem de compreensão universal, base da fraternidade”. A literatura infantil, então,
deve trabalhar com o imaginário infantil, dar-lhe prazer espiritual e estético, além de
apresentar-lhe exemplos de moral.
As obras de Cecília Meireles são compostas por poesia e musicalidade, características
essenciais para se trabalhar a ludicidade em sala de aula. Sua obra infantil mais famosa é o
livro Ou isto ou aquilo , publicado em 1964, considerada um clássico da produção poética
para a infância. Trata-se de um livro de poemas, nos quais, por meio dos versos, o leitor
toma ciência de que a vida é feita deescolhas, que podem ser fáceis e difíceis. Para
conhecimento de sua poesia, vejamos um exemplo, a seguir.
Ou isto ou aquilo 
Ou se tem chuva e não se tem sol 
ou se tem sol e não se tem chuva! 
Ou se calça a luva e não se põe o anel, 
ou se põe o anel e não se calça a luva! 
Quem sobe nos ares não �ca no chão, 
quem �ca no chão não sobe nos ares. 
É uma grande pena que não se possa 
estar ao mesmo tempo em dois lugares! 
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, 
ou compro o doce e gasto o dinheiro. 
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... 
e vivo escolhendo o dia inteiro! 
Não sei se brinco, não sei se estudo, 
se saio correndo ou �co tranqüilo. 
Mas não consegui entender ainda 
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Fonte: Meireles (1993, p. 815-816).
Os poemas que compõem a obra Ou isto ou aquilo apresentam uma preocupação da autora
com a forma. Por isso, há ritmo, rimas adequadamente compostas, vocabulário seleto e a
presença de �guras de linguagem. Sua produção poética ultrapassa as fronteiras de espaço
e tempo, deixando um legado rico e signi�cativo para a educação brasileira no que se
refere à educação e à literatura.
Nas palavras de Kikuti (2009, p. 26),
[...] �ca claro que escrever para crianças nada tem em haver com simpli�cações
ou com algo que possa ser considerado como uma literatura que não mereça
prestígio e grande dedicação. Precisa-se, sim, de grandes poetas que, com a
sensibilidade que lhes é característica, escrevam para crianças, pois, por meio
de sua sensibilidade e de seu trabalho, conseguem captar a alma infantil.
Vale mencionar que a autora se dedicou a estudar o folclore. No período de 1920 até 1960,
aventurou-se em outros países, debruçou-se na escrita de crônicas e foi reconhecida pela
Academia de Letras, além de estar presente no rol dos grandes poetas do século XX. Nesse
intervalo de tempo, publicou obras voltadas à criança, como Giro�ê, Giro�á e A festa das
letras . Após sua morte, foram publicadas as obras Olhinhos de Gato , Os pescadores e suas
�lhas e O menino azul , apenas para citar alguns exemplos.
Cecília Meireles foi uma artista multifacetada, uma vez que articulou o literário ao
pedagógico, considerando o leitor e tendo em vista proporcionar uma apreciação estética
concomitante à experiência da imaginação e da ludicidade. Com isso, sua obra reforça que
leitura e a imaginação não devem perder o caráter educativo e devem estar presentes no
trabalho docente, em especial na educação infantil da contemporaneidade.
atividade
Atividade
Leia o seguinte trecho:
“Cecília Meireles debateu inúmeros assuntos relacionados à educação e à literatura em jornais e
conferências. Escreveu poemas e livros para crianças e livros didáticos adotados em escolas. Sua
atuação de educadora e escritora, envolvida com questões da infância, foi importante no
desenvolvimento da literatura infantil brasileira e nas discussões acerca da educação da criança”.
MELLO, C. S.; MACHADO, M. C. G. As contribuições de Cecília Meireles para a leitura e a literatura
infantil. Rev. Anu. Lit. da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, v. 13, n. 2,
2008, p. 2.
Considerando o excerto apresentado sobre a vida e a trajetória de Cecília Meireles enquanto
escritora e educadora, analise as a�rmativas a seguir:
I. Cecília Meireles, ao longo de sua carreira pro�ssional, preocupou-se com a formação do leitor e
com a leitura de qualidade.
II. A primeira biblioteca de literatura infantil foi implantada em decorrência de ações de Cecília
Meireles.
III. O escritor de literatura infantil, segundo Cecília Meireles, deveria dominar duas áreas: a ciência
e a arte.
IV. Cecília Meireles preocupava-se com a formação da criança na infância e pregava isso.
A partir das a�rmativas apresentadas anteriormente, pode-se dizer que está correto o que se
a�rma em:
a) I, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II, e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
indicações
Material Complementar
LIVRO
Reinações de Monteiro Lobato
Marisa Lajolo e Lilia Moritz
Editora: Companhia das Letrinhas
ISBN: 857-40-6857-8
Comentário: Trata-se de uma biogra�a completa de Monteiro
Lobato destinada às crianças, cujo narrador é o próprio Monteiro
Lobato, que conta ao seu pequeno leitor como a obra Sítio do
Picapau Amarelo , suas personagens e suas histórias foram
criadas.
FILME
Panorama com Clarice Lispector
Ano: 2012
Comentário: Pela TV Futura, o jornalista Júlio Lerner realiza uma
entrevista com Clarice Lispector, um pouco antes da morte da
escritora. Na entrevista, Clarice Lispector aborda o fazer poético e
discute literatura.
TRA ILER
conclusão
Conclusão
Caro(a) aluno(a), chegamos ao �m de mais uma unidade e de uma viagem pela história e os
desdobramentos da literatura infantil. Juntos, conhecemos um pouco da vida e da
dedicação literária de três autores muito importantes para o desenvolvimento da literatura
feita para crianças: Monteiro Lobato, Clarice Lispector e Cecília Meireles.
Veri�camos e compreendemos, ao longo destas páginas, os caminhos tomados por esses
autores para a criação de uma literatura, a seus modos, para crianças. Vimos que Monteiro
Lobato buscou inspiração nos clássicos, por meio do realismo mágico, e criou um lugar
onde tudo era possível acontecer: a obra Sítio do Picapau Amarelo , estando à frente do seu
tempo.
Já Clarice Lispector, seguindo uma vertente mais existencialista, aborda os sentimentos
humanos, utilizando simplicidade nas palavras, a �m de atingir seu público-alvo, que são as
crianças, por meio de diálogos, tendo em vista alcançar as necessidades afetivas e emotivas
de seus pequenos leitores.
Por �m, conhecemos a trajetória de Cecília Meireles, que, além de poetisa, atuou como
educadora. Veri�camos que foi uma autora preocupada com a formação do leitor e com os
rumos da educação, tanto que participou do Manifesto Escolanovista. Além disso,
questionava a questão da literatura feita para crianças. Desse modo, debruçou-se na
criação de obras voltadas ao universo infantil, com uma linguagem e temas pertinentes à
criança.
Espero, caro(a) aluno(a), que a viagem pelo trajetória da literatura infantil brasileira tenha
sido proveitosa.
Até mais!
f ê i
referências
Referências
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