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05 Midrash Sefer Devarim

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Sefer Devarim 
44 – Parashá Devarim Deuteronômio 1:1-3:22
Moshê Reúne a Nação
Benê Yisrael atingiram o final de seus quarenta anos no deserto. 
Todos os homens da geração de Moshê haviam morrido, e seus 
filhos agora eram adultos. Acamparam nas planícies de Moav. 
Esta era a última parada antes de Êrets Yisrael.
Aharon e Miriam não eram mais vivos. Apenas Moshê 
sobrevivera: tinha 120 anos de idade. Mas parecia um homem 
jovem! Suas faces não eram encovadas, e não era enrugado. Seu 
rosto brilhava com os raios da Shechiná. Era forte e caminhava 
com os passos largos de um homem jovem.
Porém, Moshê estava ciente de que não cruzaria o Rio Jordão e 
não entraria em Êrets Yisrael. "Preciso falar com Benê Yisrael 
pela última vez," pensou ele. "Repetirei a eles a Torá e as mitsvot, 
para me certificar de que as aprenderam bem. Também os 
ensinarei novas mitsvot que ainda não aprenderam."
"Primeiro discutirei os pecados que seus pais cometeram no 
deserto. Isto os ajudará a fazer teshuvá e evitar transgressões 
similares. Sabendo que logo morrerei, certamente eles me darão 
ouvidos."
A primeiro de Shevat, em 2.488 (trinta e seis dias antes de sua 
morte), Moshê anunciou: "Todo o Povo de Israel deve se reunir e 
escutar minhas palavras!"
Por que Moshê desejava que cada judeu ouvisse seu discurso? 
Ele pensou: "Se alguém estiver ausente agora e mais tarde ouvir 
minhas palavras repetidas através de outros, poderá discordar de 
algumas partes. Isso de forma alguma deve acontecer! Deixe que 
todos estejam presentes agora e ouçam o que tenho a dizer. Se 
alguém achar que estou errado, poderá falar agora e esclarecerei 
minhas palavras!"
É difícil imaginar isto, mas o último discurso de Moshê durou trinta 
e seis dias! A cada dia, Benê Yisrael se reunia e escutava as 
palavras de Moshê e seus ensinamentos. Todo o Livro de 
Devarim é o discurso de Moshê!
Moshê Começa a Falar
A voz de Moshê não era alta o suficiente para atingir 600.000 
pessoas, mas ocorreu um milagre, e ele pôde ser ouvido por 
todos os judeus presentes.
Moshê Rabênu começou: "Falarei a vocês sobre seus pecados no 
deserto. Devem entender que a única razão pela qual lembro 
estes episódios é porque eu os amo. Quero ajudá-los a refinar-se 
e a fazer teshuvá."
"Um mês depois de começarmos a viajar no deserto, a massa que 
trouxemos do Egito acabou. Vocês se queixaram: ‘No Egito 
sempre tínhamos bastante para comer. Morreremos todos de 
fome! Queremos pão e carne!’
"Embora reclamassem ao invés de confiar em D’us, Ele foi 
misericordioso. Fez cair o maná do céu e também forneceu carne 
fazendo cair pássaros. D’us fez o maná cair diariamente por 
quarenta anos."
O povo ouviu estas palavras. Pensaram: "Como Moshê tem 
razão! Não confiamos em D’us. Em vez de reclamar, deveríamos 
ter tido fé. No futuro não mais reclamaremos, mesmo se as coisas 
ficarem difíceis."
Moshê esperou. Alguém iria discutir? Alguém o contradiria? Mas 
todo o Povo de Israel permaneceu em silêncio. Concordaram com 
Moshê e fizeram teshuvá.
 Isto é verdadeiramente espantoso. Se nós tivéssemos estado lá, 
certamente teríamos feito uma objeção: "Moshê, não reclamamos 
pela falta de comida. Nossos pais o fizeram!"
O pecado mencionado por Moshê havia acontecido quarenta anos 
antes, no início da caminhada pelo deserto. Naquela época, a 
geração que agora escutava Moshê ainda não havia nascido ou 
então eram criancinhas.
Mesmo assim, ninguém falou: "Não somos culpados!" Isto 
demonstra que a nova geração era de verdadeiros tsadikim. 
Grandes tsadikim aceitam a responsabilidade até pelos erros de 
seus pais, como se fossem os seus próprios. O povo estava 
envergonhado e fez teshuvá pelas falhas dos pais.
Moshê continuou: "Lembram-se do que aconteceu nas planícies 
de Moav?"
Benê Yisrael curvou a cabeça, sentindo vergonha. Lembraram-se 
do pecado em Chitim, nas planícies de Moav, apenas uns poucos 
meses antes. Na maioria, apenas os membros da tribo Shimon 
havia pecado com as filhas de Moav. Haviam também servido ao 
ídolo Ba’al Peor. Os pecadores foram condenados por Moshê, e 
uma praga havia irrompido. Esta cessou apenas após Pinechás 
matar Zimri e rezar a D’us.Os ouvintes fizeram teshuvá por isto, 
também, embora não tivessem participado, e os verdadeiros 
culpados já tivessem morrido.
Novamente, foi ouvida a voz de Moshê:
"Como vocês se comportaram nas praias do Mar Vermelho, 
quando viram o exército do Faraó se aproximando de nós? 
Entraram em pânico! Alguns de vocês gritaram de medo: ‘Se ao 
menos tivéssemos morrido no Egito, ao invés de sermos mortos 
aqui pelo exército do Faraó!’
"Mesmo depois que D’us afogou o exército do Faraó, vocês não 
confiaram n’Ele. Pensaram que os egípcios tinham escapado do 
Mar Vermelho assim como vocês! Para provar que estavam 
errados, D’us ordenou que o mar jogasse os corpos dos egípcios 
nas praias. Apenas então acreditaram no milagre."
Novamente, Benê Yisrael concorda com Moshê e aceita os erros 
dos pais como se fossem seus.
Moshê continuou. "E recentemente – após a morte de Aharon – 
vocês reclamaram sobre o maná! D’us disse-lhes que deveriam 
se aprofundar no deserto, à terra de Edom. Vocês objetaram: ‘De 
volta ao deserto outra vez? Estamos fartos de sempre comer 
maná.’"
Uma vez mais, os ouvintes aceitaram as duras palavras de 
Moshê. Esta era de fato uma geração notável! Ninguém gritou: 
"Pessoalmente, não tenho culpa!"
Moshê ainda não terminara com a lista dos erros: "Todos se 
lembram do que aconteceu no deserto de Paran! Vocês enviaram 
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espiões! Mais tarde, quando se aproximaram de Chatserot, 
Côrach se rebelou!"
Finalmente, Moshê falou sobre o pecado mais grave de todos: o 
bezerro de ouro.
"Vocês estavam ricos com ouro quando saíram do Egito!" Moshê 
disse: "Porém, usaram-no para fazer um bezerro de ouro. Ao 
invés de terem sido destruídos, D’us ordenou que construíssem 
um Mishcan e perdoou-os pelo mérito do Mishcan."
Novamente, Benê Yisrael aceita a admoestação de Moshê. 
Fizeram teshuvá pelo pecado do bezerro de ouro.
O quê a Torá nos diz sobre estas falhas?
Se você abrir o Livro da Torá nesta parashá e tentar encontrar o 
discurso de Moshê, ficará surpreso. Não está lá!
Tudo que se pode encontrar na Torá são estas poucas palavras: 
"Moshê falou a Benê Yisrael sobre o que aconteceu nas planícies 
de Moav, no Mar Vermelho, no deserto"... E assim por diante. A 
Torá apenas menciona o nome de cada local onde um pecado 
aconteceu. Por que não há mais detalhes?
D’us queria poupar o povo judeu da vergonha de ter um grande 
número de falhas enumeradas no início de um novo Livro da Torá. 
Por consideração para com os judeus, a Torá Escrita apenas dá 
indícios do discurso de Moshê.
Moshê Abençoa Benê Yisrael
Moshê descreve o que acontecera no início da jornada pelo 
deserto:
"Fui designado não apenas como seu professor de Torá, como 
também para ser seu juiz. Como eu estava ocupado! Havia tantas 
discussões e disputas entre vocês. Eu me sentava e julgava por 
boa parte do dia, enquanto vocês freqüentemente esperavam por 
horas para ver-me. Vocês cresceram até tornarem-se uma imensa 
nação, e hoje são tantos como as estrelas do céu. Que D’us os 
multiplique mil vezes mais, dando-lhes filhos que sejam tsadikim 
como vocês. Que Ele os abençoe como prometeu a seus 
antepassados!"
Por que Moshê subitamente abençoou Benê Yisrael no meio de 
seu discurso? Uma explicação seria:
Moshê havia reclamado sobre como era difícil lidar com um povo 
tão numeroso. Mas não queria que o povo pensasse que estava 
infeliz por eles serem tantos. Por isso, rapidamente acrescentou 
uma bênção para que se tornassem ainda mais numerosos!
 O Midrash fornece outra explicação:
D’us disse a Moshê: "Veja como Benê Yisrael é justos! Poderia ter 
reclamado quando você lembrou de seus erros. Porém, aceitaram 
suas palavras e fizeram teshuvá. Por isto, mereciam ser 
abençoados." E assim, Moshê deu-lhes a berachá.
O Midrash nos diz:Benê Yisrael é Comparado às Estrelas, Areia e Pó da Terra
Moshê comparou Benê Yisrael às estrelas, mas na verdade D’us 
fizera uma promessa diferente a cada um dos antepassados:
•A Avraham: "Olhe para o céu. Tente contar as estrelas! Assim 
como esta tarefa é impossível, da mesma forma será impossível 
contar seus filhos!"
•A Yitschac: "Seus filhos serão tão numerosos como os grãos de 
areia na praia!"
•A Yaacov: "Seus filhos serão como o pó da terra."
Tentemos entender como os judeus são comparados - as 
estrelas, areia e pó:
•Estrelas – Cada estrela é importante para o universo. Se apenas 
uma estiver faltando, a criação de D’us é imperfeita. Da mesma 
forma, cada judeu também é de suma importância.
•Areia – Embora ondas poderosas quebrem contra a praia 
arenosa, a delicada areia é uma forte barreira. A água não pode 
passar por ela e carregá-la para longe.
 Similarmente, o povo judeu repetidamente sobrevive aos ataques 
das nações do mundo.
•Pó da terra – Plantas e árvores não cresceriam sem o solo. Benê 
Yisrael pode ser comparados à terra porque, pelo seu mérito, 
todas as nações são abençoadas.
 Na época de Moshê, D’us já tinha completado Sua promessa de 
que Benê Yisrael seriam como as estrelas. Apenas na época de 
Mashiach todas as promessas que D’us fez aos patriarcas serão 
totalmente cumpridas.
Como Moshê Escolhia os Juízes
Moshê continuou seu discurso:
"Disse-lhes que trouxessem a mim os homens justos que sejam 
sábios e compreensivos. Eu os escolheria como juízes.
"Ao ouvir este pedido, vocês deveriam ter respondido: ‘Moshê, 
preferimos que sejas nosso único juiz! Tu é quem recebeste os 
mandamentos diretamente de D’us. Os outros juízes são apenas 
teus alunos; não possuem todo o teu conhecimento.
"Mas vocês concordaram imediatamente. Pensaram: ‘Entre tantos 
juízes, alguns aceitarão suborno e nos favorecerão!’"
"Eu disse aos novos juízes: ‘Julguem todos os casos que 
puderem. Se um caso for muito difícil, tragam-no a mim.’"
Embora Moshê assim falasse, D’us mostrou-lhe que mesmo ele 
não conseguiria cuidar sozinho de todos os casos difíceis. 
Quando as filhas de Tselofchad (na parashá de Pinechás) vieram 
perguntar a Moshê se a herança paterna deveria ser-lhes 
concedida, Moshê não respondeu de imediato, consultando 
primeiro D’us. Moshê então repetiu ao povo as regras que havia 
ensinado aos juízes.
As Regras para os Juízes Judeus
•O mesmo tipo de problema pode ser trazido a vocês mais de 
uma vez. Da primeira, será novo para vocês, assim estudarão 
cuidadosamente a solução. Da segunda vez, vocês não estudarão 
tão detalhadamente. Quando ouvirem o problema pela terceira 
vez pensarão: "Por que deveria eu escutar estas leis novamente? 
Já conheço este caso." Mas estão errados! Devem revisar 
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cuidadosamente cada caso antes de tomar uma decisão, mesmo 
se acharem que lhes é familiar.
•Pode acontecer de lhe perguntarem sobre um caso a respeito de 
alguns centavos. Mais tarde, um caso envolvendo uma fortuna 
pode lhes ser apresentado. Não adiem a questão a respeito da 
pequena quantia, julgando o segundo em primeiro lugar. Devem 
ambos ter a mesma importância para você.
•Quando duas pessoas entrarem para julgamento, não pensem: 
"Esta pessoa parece ser um vigarista. O outro aparenta ser uma 
pessoa decente!"
•Ao contrário, ambas as partes devem parecer igualmente 
culpadas para vocês. Após aceitarem a decisão da justiça e 
saírem, ambos devem ser como tsadikim a seus olhos.
•Um pobre e um rico têm uma disputa. Não pensem: "Esta é uma 
boa oportunidade de ajudar o homem pobre! Farei com que o rico 
perca o caso, para que pague dinheiro ao outro. Desta maneira, 
ajudarei o homem pobre!" Isto não é permitido! Não podem 
também favorecer o homem rico. Ambos devem ser iguais para 
vocês.
•Nunca temam pessoa alguma. Se um rufião ameaçar: "Não ouse 
fazer-me perder, ou porei fogo em sua casa!" - não se deixem 
intimidar.
•Vocês devem ouvir cada caso diretamente das pessoas 
envolvidas e não através de um tradutor. Por esta razão, para ser 
um membro do Sanhedrin (Suprema Corte) era preciso saber 
muitos idiomas.
•Assuntos financeiros devem ser decididos por três juízes. Uma 
sentença de vida ou morte, porém, deve ser decidida por pelo 
menos vinte e três juízes.
 o Uma sentença de morte jamais pode ser pronunciada em um 
único dia. A decisão final deve ser tomada no dia seguinte.
Moshê Fala Sobre os Espiões
Moshê continuou suas palavras de admoestação a Benê Yisrael:
"Dois anos após deixarmos o Egito, poderíamos ter entrado em 
Êrets Yisrael. Mas devido ao espiões, D’us nos manteve no 
deserto por mais 38 anos.
"Na Outorga da Torá, vocês se comportaram respeitosamente. 
Mas quando vieram me falar sobre o envio de espiões a Êrets 
Yisrael, empurraram uns aos outros. As crianças abriam caminho 
empurrando os adultos, e os adultos eram desrespeitosos com os 
líderes, empurrando-os para o lado.
"Em seguida agiram enganadoramente. Pediram que 
‘mandássemos espiões para preparar o caminho para nossa 
conquista do país’. Mas esta não era a sua verdadeira intenção. 
Queriam evitar a luta com as nações que lá estavam. "Não 
confiaram na promessa de D’us de ajudá-los a conquistar as sete 
nações. Embora eu acreditasse em vocês, D’us entendeu suas 
verdadeiras intenções.
"Escolhi doze dos melhores homens entre vocês. Eram tsadikim. 
Mas ao começarem a viagem, maus pensamentos perturbaram 
suas mentes. Começaram a planejar um relatório falso. Temiam 
lutar contra os canaanitas. Por isto, tentaram impedir que Benê 
Yisrael se envolvessem numa guerra.
"Quando retornaram, apenas Yehoshua e Calêv louvaram Êrets 
Yisrael. Os outros falaram lashon hará sobre essa terra.
"Novamente agiram de forma imprópria. Em vez de cerrar fileiras 
com Yehoshua e Calêv, acreditaram nos dez espiões. D’us havia 
nos falado sobre como a terra era boa. Por que não acreditaram 
n’Ele?
"Vocês tinham medo de lutar contra as nações de Erets Yisrael. 
São realmente guerreiros poderosos, vivendo em cidades 
fortificadas até o céu. Há inclusive gigantes entre eles.’
‘Mas disse a vocês para não sentirem medo - D’us lutaria por 
vocês! Viram como Ele cuidou de vocês amorosamente no 
deserto? Por que, então, não crêem que Ele lhes concederia mais 
bondade?
"Após todo este comportamento impróprio, D’us ficou aborrecido: 
‘Os homens desta geração não verão a boa terra que prometi aos 
seus antepassados’, prometeu Ele. ‘Apenas Yehoshua e Calêv 
terão este privilégio’"
Moshê continuou:
"Após o pecado dos espiões, D’us ficou descontente comigo 
também. Pelos próximos 38 anos, a profecia de D’us não foi 
transmitida com o mesmo amor, como antes do incidente dos 
espiões. Este acontecimento também causou minha morte no 
deserto. Porque golpeei a rocha em Mê Meriva, D’us disse-me 
que Yehoshua lideraria Benê Yisrael à Terra Prometida."
Os Judeus e a Conquista da Terra de Israel
"Embora D’us tivesse falado que traria apenas a próxima geração 
a Terra Prometida, alguns entre vocês disseram: ‘Não queremos 
esperar. Queremos entrar em Êrets Yisrael agora! Pecamos 
quando nos recusamos a lutar contra os canaanitas. Agora 
compensaremos por isto.’
"Vocês prepararam suas espadas, e estavam prontos a escalar a 
montanha na fronteira de Êrets Yisrael. Mas D’us advertiu: ‘Diga-
lhes para não escalar! Não estou com eles! Serão derrotados!’ 
Mas vocês não deram ouvidos e mesmo assim foram para a 
batalha. Os emorim, que viviam na montanha, perseguiram e 
feriram vocês. Então aconteceu um milagre: qualquer emori que 
tocasse em vocês morria instantaneamente. Isto demonstrou 
como D’us controlava a situação."
Benê Yisrael Não Conquistaram Três Nações
Benê Yisrael estavam proibidos de conquistar três nações que 
faziam fronteira com Êrets Yisrael. As três nações eram:
1.Seir, onde os descendentes de Essav viviam. Um outro nome 
para este país é "Edom";
2.Moav;
3.Amon.
Por que Benê Yisrael foram proibidos de conquistá-los?
Benê Yisrael e Seir (Edom)
Moshê disse:...............................
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"Ao final de nossa caminhada, D’us nos ordenou rumar para o 
norte, em direção a Êrets Yisrael, e passar pela terra de Seir. D’us 
advertiu: ‘Os descendentes de Essav são seus irmãos! Não os 
ataquem. Nem ao menos passem pela terra deles sem permissão. 
Se quiserem alimentos ou água, paguem por eles. Dei a terra de 
Seir a Essav até a era de Mashiach.’"
D’us não permitiu que os judeus conquistassem Seir porque este 
país era a recompensa de Essav por honrar seu pai, Yitschac.
De que Modo Essav se Destacou por Honrar seu Pai?
Rabi Shimon ben Gamliel explicou:
"Quando servi meu pai, vestia roupas comuns. Quando estava 
pronto para sair, me trocava e vestia roupas melhores. Quando 
Essav servia seu pai, usava as melhores roupas. Considerava seu 
pai um rei. Aprendi com Essav o quanto deve-se honrar os pais."
Para não dar a Essav um espaço no Mundo Vindouro, D’us 
propositadamente concedeu a Essav a recompensa total por sua 
mitsvá neste mundo.
Moshê continuou: "Enviamos mensageiros ao rei de Seir, 
pedindo-lhe que nos deixasse passar através de seu país. Ele 
recusou. Então, passamos ao redor do país de Seir."
Benê Yisrael e Moav
"Então nos aproximamos de Moav. Novamente, D’us advertiu: 
‘Não podem conquistar Moav. Eu o dei aos descendentes de Lot 
até a era de Mashiach.’
Mesmo assim, D’us nos permitiu recolher os despojos deles. 
Foram eles que haviam contratado o mágico Bil’am para nos 
amaldiçoar e enviaram as suas filhas para nos fazer pecar 
(Parashat Balac)."
Por que D’us ordenou aos judeus que não atacassem Moav?
D’us previu que uma mulher notável nasceria em Moav. Tornar-
se-ia judia, desposaria Boaz e seria mais tarde a avó do Rei 
David. Por causa dela, o povo de Moav não foi destruído.
"Enviamos mensageiros ao rei de Moav, pedindo permissão para 
passar pelas suas terras. Mas ele também recusou, e então 
viajamos ao redor de Moav."
Benê Yisrael e Amon
"Quando nos aproximamos de Amon, D’us ordenou: ‘Benê Yisrael 
não podem lutar com os amonim. Nem ao menos lhes será 
permitido recolher os despojos deles. São descendentes de Lot, e 
receberam o país até que chegue a era de Mashiach.’"
Por que Amon foi poupado?
D’us previu que do povo de Amon nasceria uma mulher 
importante: Na’ama. Ela se tornaria judia e seria a mulher do Rei 
Shelomô. Seu filho, Rechavam, seria coroado rei após a morte de 
Shelomô.
Há uma outra razão pela qual D’us proibiu a conquista de Moav e 
Amon:
D’us poupou-os como recompensa pelo silêncio de Lot. Qual foi o 
mérito de Lot?
No livro de Bereshit, na parashá de Lech Lechá a Torá nos relata 
o seguinte: Quando Avraham viajou ao Egito, fingiu que Sara era 
sua irmã. Lot, o sobrinho de Avraham, os acompanhou nesta 
viagem e sabia a verdade: Sara era a esposa de Avraham! Ele 
podia ter contado ao Faraó que Sara era a mulher de Avraham. O 
que poderia acontecer a Avraham? O Faraó o teria matado para 
ficar com Sara. Quando Lot ficou em silêncio, salvou a vida de 
Avraham. Como recompensa, D’us poupou as vidas de seus 
descendentes, os moavim e amonim.
Por que Moshê lembrou aos judeus que D’us havia proibido a 
conquista de Seir, Amon e Moav?
Benê Yisrael poderiam perguntar um dia: "Será que o exército de 
Moshê era muito fraco para derrotar aquelas nações?" Moshê 
deixou claro: "Embora D’us tivesse prometido a Avraham que 
vocês conquistariam dez nações, Ele está dando a vocês agora 
apenas sete nações. As outras três – Seir, Amon e Moav – serão 
dadas a vocês apenas na era de Mashiach. Não porque sejam 
muito fracos para sobrepujá-los, mas porque D’us assim o 
ordenou. Ele está esperando o momento certo para entregar 
estas três nações em suas mãos."
Benê Yisrael Vencem Sichon e seu Exército
Moshê continuou: "D’us não nos permitiu conquistar Edom, Amon 
e Moav. Mas Ele deixou-nos conquistar a terra de Sichon, rei dos 
emorim."
Os emorim tinham tentado impiedosamente aniquilar os judeus. 
Ordenaram a seus soldados que se escondessem em cavernas 
na montanha, e atirassem suas flechas em Benê Yisrael enquanto 
estes estivessem passando por um estreito vale Emorita. Os 
judeus teriam sido destruídos se não fosse pela ajuda de D’us 
(veja Parashat Chucat).
Moshê disse: "Enviei mensageiros a Sichon, pedindo: ‘Por favor, 
deixe-nos passar por seu país! Se precisarmos de comida, a 
compraremos de vocês.’
"Sichon recusou-se a nos deixar passar. Mesmo assim, senti que 
havia agido corretamente em enviar-lhe mensageiros. Aprendi de 
D’us que mesmo aos perversos deve-se dar uma chance."
"Sichon mobilizou ser exército. Deixou a capital e marchou para 
atacar. Esta foi uma bondade especial de D’us. A capital de 
Sichon estava tão bem guarnecida que teríamos tido problemas 
em conquistá-la. Não tivemos que enfrentar diversos grupos de 
soldados espalhados em locais diferentes. O exército estava todo 
agrupado. Por isso, o capturamos rapidamente.
"Matamos Sichon, o poderoso gigante e seu filho. Desta maneira, 
conquistamos a terra dos Emorim."
A Derrota de Og
O gigante Og era meio-irmão de Sichon. Governava o reino 
Emorita de Bashan. Quem era Og?
O Midrash nos relata:
Como Og Sobreviveu Até a Época de Moshê
Todos os gigantes poderosos que viviam ao tempo de Nôach se 
afogaram no dilúvio. Apenas Og sobreviveu. Subiu por uma 
escada até a arca e implorou a Nôach: "Por favor, salve-me! Serei 
seu escravo para sempre,"
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Nôach refletiu: "Tantas pessoas tentaram salvar-se subindo na 
arca, mas nenhuma delas conseguiu. Como Og teve sucesso em 
chegar aqui, D’us provavelmente deseja que ele sobreviva!"
Assim Nôach fez um pequeno furo na arca e passava comida a 
Og todos os dias. Só esta tarefa já mantinha Nôach e seus filhos 
muito ocupados! Nossos sábios dizem que Og devorava incríveis 
quantidades de comida, e que bebia galões de água. Mesmo 
assim, Nôach o alimentou, e Og sobreviveu.
Por que D’us permitiu que vivesse?
D’us desejava que o mundo visse um gigante da época anterior 
ao dilúvio. O mundo aprenderia então que D’us destruiu até 
mesmo esta raça de gigantes, porque rebelaram-se contra Ele.
Og ainda estava vivo ao tempo de Avraham. Quando Lot, 
sobrinho de Avraham, foi capturado numa guerra, (Parashat Lech 
Lechá) Og pensou: "Vou correr e dizer a Avraham que seu 
sobrinho foi preso. Quando Avraham for resgatá-lo, será morto 
pelos captores de Lot. Poderei então casar-me com a linda Sara!"
D’us imediatamente prometeu: "Pelos esforço que fizeste para 
trazer a Avraham a mensagem, terás vida longa. Mas como 
desejaste que Avraham fosse morto, serás destruído pelos seus 
descendentes!"
Og era uma das pessoas convidadas ao berit milá de Yitschac. Os 
reis de Cnaan haviam sido convidados também. Os reis disseram 
a Og, "Você sempre chamou Avraham de ‘mula,’ dizendo que ele 
é como uma mula que não pode dar cria. Porém, veja, ele tem um 
filho, Yitschac!"
Og olhou para o bebê de Avraham, um menino. Naquela época, 
os bebês nasciam tão grandes que mesmo os recém-nascidos 
precisavam de uma cama de adulto. Yitschac foi o primeiro bebê 
a nascer pequeno e fraco, como os bebês atuais.
"Este bebê é tão pequeno que precisa de um berço!" - zombou 
Og. "Eu poderia matá-lo com um dedo!"
"É assim que você fala do filho que dei a Avraham?" D’us disse. 
"Você viverá para ver dezenas de milhares de descendentes 
deste bebezinho! E você cairá em suas mãos."
Quando Yaacov chegou ao Egito, Og estava visitando o Faraó.
O Faraó disse a Og: "Você sempre afirmou que Avraham nunca 
teria filhos! Mas aqui está o neto de Avraham, Yaacov, e ele 
trouxe setenta dos descendentes de Avraham com ele!"
Og ficou furioso. Desejou que todos os descendentes 
perecessem!
"Seu malvado!" - disse D’us. "Por que lhe deseja mal? No fim, 
você será destruído!"
Moshê contou a história: "Og tornou-se o governante de Bashan. 
Quando ouviu que havíamos conquistado Sichon, preparou seu 
exército para a guerra.
"Chegamos perto de Edrê, a cidade fortificada de Og. Lá 
acampamos para passara noite e preparamo-nos para invadir a 
cidade pela manhã.
"D’us disse-me: ‘Veja Og sentado sobre a muralha!’ Ele era tão 
imenso que quando sentava-se sobre a muralha, seus pés 
tocavam o solo.
"Eu estava com medo. Pensei: ‘Este é o malvado que zombou de 
Avraham e Sara. Disse que eles eram como árvores próximas da 
água, mas que não dão frutos.’ ‘Não o tema,’ disse-me D’us.
"Og apanhou uma enorme pedra para jogar em cima de nós. Mas 
D’us transformou-a em pedaços. Enquanto isso, apanhei um 
machado e atingi Og no calcanhar. Caiu para trás e morreu."
"Enfrentamos o exército de Og. D’us fez o sol ficar imóvel até que 
a batalha terminasse. Assim, o mundo inteiro soube desta guerra 
e de nossa vitória."
Derrotamos o exército emorita. Agora possuímos enormes lotes 
de terra a leste do Rio Jordão.Dividi a terra entre Reuven, Gad, e 
metade de Menashê. Ordenei então: ‘Embora já tenham recebido 
seu quinhão, devem acompanhar Benê Yisrael até Êrets Yisrael e 
ajudá-los a lutar. Depois, podem retornar à sua terra.’
"A Yehoshua, eu disse: ‘Você viu como D’us destruiu os 
poderosos gigantes Sichon e Og. Assim Ele destruirá todos os 
reis que vivem em Êrets Cnaan. Não tenha medo, pois D’us está 
lutando por você!’"
Uma Boca Humana Falando a Palavra de D’us
Por Eli Touger
No Jardim da Tora - Adaptado de Likkutei Sichos, Vol. IV, p. 
1087ff; Vol. XIX, p. 9ff 
A Singularidade de Devarim 
A leitura da Torá desta semana começa dizendo1: “Estas são as 
palavras que Moshê falou a todo o Povo Judeu”. Notando a 
diferença entre este livro e os quatro livros anteriores, que são 
todos “a palavra de D’us”, nossos Sábios explicam2 que Moshê 
recitou o Sefer Devarim “por sua própria iniciativa”. 
Isto não significa, D’us nos livre, que o Sefer Devarim seja 
meramente uma invenção humana. Nossos Sábios3 
imediatamente esclarecem que Moshê pronunciou suas palavras 
“inspirado por D’us”. Da mesma forma, quando o Rambam define 
a categoria “daqueles que negam a Torá”4, ele inclui: “aquele que 
diz que a Torá, mesmo um versículo ou uma palavra, não emana 
de D’us. Se alguém disser: ‘Moshê fez estas declarações de 
forma independente’, ela está negando a Torá”. 
Nem um único comentarista afirma haver qualquer diferença 
neste sentido entre o Sefer Devarim e os quatro livros 
precedentes. O Sefer Devarim não contém meramente as 
palavras de Moshê. A identificação de Moshê com a Divindade 
era tão grande que quando ele declara5: “Eu concederei a chuva 
da tua terra em sua época”, ele fala na primeira pessoa apesar do 
pronome “Eu” claramente se referir a D’us. “A Presença Divina 
falava de sua boca”6. 
Por outro lado, também é claro que o livro envolve o próprio 
processo de pensamento de Moshê. Para dar um exemplo, há 
uma diferença de opiniões entre nossos Sábios se a proximidade 
de dois assuntos na Torá Escrita é importante ou não7. Uma 
opinião diz que sim, enquanto a outra explica que apesar de que 
quando os mortais estruturam seus pensamentos, a ordem é 
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importante, mas, “Já que a Torá foi dada pelo Todo-Poderoso, a 
ordem de precedência não é importante”8. 
Em relação a Devarim, entretanto, todas as autoridades 
concordam com a importância da sequência dos assuntos. 
“Moshê abordou passagem após passagem com o único 
propósito de permitir extrapolações”. Porque Devarim foi recitado 
por iniciativa de Moshê, a compreensão deste livro exige que as 
regras da sabedoria humana sejam levadas em consideração. 
Acima do Limite da Criação 
A explicação dos conceitos acima depende da apreciação da 
relação entre a Torá e nosso mundo. Nossos Sábios afirmam: “A 
Torá precedeu o mundo”9. Aqui, o conceito de precedência não é 
cronológico, pois o tempo, assim como o espaço, é uma criação, 
relevante somente depois que D’us criou a existência. Em vez 
disso, o objetivo é que a Torá está em um nível de verdade 
espiritual que transcende nossa estrutura material de referência. 
Apesar da Torá “descer” e “se revestir” em nosso mundo, falando 
de assuntos aparentemente comuns - como as leis da agricultura, 
códigos para uma prática comercial justa, e a estrutura adequada 
do casamento e os relacionamentos familiares - esta não é sua 
essência. A essência da Torá é “a vontade de D’us e Sua 
sabedoria”, unida com Ele em perfeita unidade10. 
Já que a Torá está fundamentalmente acima de nossa estrutura 
mundana, para que ela seja revestida pelo mundo, ela deve 
passar através de um mediador conectado tanto com o núcleo 
espiritual da Torá quanto com nossa natureza mortal. Moshê, 
nosso professor, possuía este atributo. 
Por um lado, Moshê representava o máximo em anulação, 
humildade, dedicação abnegada a D’us, um compromisso que 
transcende o pensamento mundano. Ao mesmo tempo, ele 
representava a perfeição no intelecto, emoção e até na força e 
estatura física de um humano11. Como tal, ele era capaz de 
transmitir a verdade espiritual transcendental da Torá de uma 
forma que os mortais pudessem compreender12. 
Dois Padrões Contrastantes 
Em particular, o pensamento chassídico descreve duas formas 
nas quais funciona um mediador13: 
a) Derech ma’avir: o mediador age meramente como um funil. Ele 
não muda ou modifica a influência que recebe; ele meramente a 
transfere. Assim, mesmo quando uma mensagem é trazida a um 
plano inferior, ela permanece transcendental. 
b) Derech hislabshus: o mediador coloca o conceito em suas 
próprias palavras. Isto muda a forma de apresentação do conceito 
e, assim, permite que ele seja captado pelos ouvintes. 
E assim é em relação à Torá. Os quatro primeiros livros foram 
transmitidos através de Moshê sem qualquer interferência de sua 
parte; ele os transmitiu ao Povo Judeu da mesma forma como os 
recebeu14. Com o Sefer Devarim, ao contrário, a palavra de D’us 
se tornou parte essencial do próprio pensamento de Moshê. 
Baseado nesta explicação, nós podemos ver porque todas as 
autoridades concordam que é possível derivar questões da lei a 
partir da ordem de assuntos do Sefer Devarim. Em relação aos 
quatro primeiros livros da Torá, a ordem é estruturada pela 
sabedoria Divina, de acordo com um padrão além do pensamento 
humano15. Já que a interpretação da lei da Torá “não está no 
céu”16, mas foi entregue ao intelecto humano, existem opiniões 
que mantêm que a proximidade de passagens naqueles livros não 
serve como um guia. 
O Sefer Devarim, entretanto, foi filtrado através do intelecto de 
Moshê, e a ordem de seus versículos corresponde àquele do 
pensamento humano. Portanto, a proximidade de assuntos neste 
texto pode servir como uma base para a derivação das leis da 
Torá. 
Conhecimento Interiorizado 
Mas, por que o Sefer Devarim é necessário? Revestir a Torá no 
intelecto humano nada faz além de diminuir o seu conteúdo 
espiritual. Para que propósito isto é necessário? 
No entanto, esta é a intenção de D’us ao entregar a Torá: que ela 
permeie o pensamento humano e, assim, eleve a compreensão 
do homem. Sempre que uma pessoa estuda a Torá, 
independentemente de seu nível espiritual, ela está tornando a 
sua infinita verdade parte de sua própria natureza. 
Se existissem somente quatro livros na Torá, teria sido impossível 
para os nossos poderes de entendimento terem se unido 
completamente com a Torá. Foi somente por ter passado o Sefer 
Devarim através do intelecto de Moshê que este objetivo foi 
cumprido. Além disso, a revisão da Torá por Moshê no Sefer 
Devarim nos dá a capacidade de entender os quatro livros 
anteriores de uma forma semelhante. 
Elevando a Torá 
Revestir a Torá no intelecto humano não concede simplesmente 
ao homem a oportunidade de avanço, mas também introduz, por 
assim dizer, uma qualidade superior na própria Torá. Pois revestir 
a espiritualidade ilimitada nos confins do intelecto humano 
representa uma fusão de opostos que é possível somente através 
da influência da essência de D’us17. Porque sua presença 
transcende tanto a finitude quando a infinitude, ela pode fundir as 
duas, trazendoa verdade espiritual da Torá ao alcance dos 
mortais. 
Nas Margens do Jordão 
Moshê recitou o Sefer Devarim enquanto os judeus estavam às 
margens do Rio Jordão, preparando-se para entrar em Eretz 
Yisrael. O cruzamento do Jordão seria um movimento tanto 
espiritual quanto geográfico. Durante suas jornadas através do 
deserto, os judeus dependeram de expressões milagrosas do 
favor Divino: eles comeram o maná, sua água vinha da Fonte de 
Miriam, e as Nuvens da Glória preservavam suas vestimentas. 
Depois de entrarem em Eretz Yisrael, entretanto, o Povo Judeu 
viveria dentro da ordem natural, trabalhando na terra e comendo 
os frutos de seu trabalho. 
Para tornar esta transição possível, eles precisaram de uma 
abordagem da Torá que relacionasse o homem da forma que ele 
funciona dentro deste meio mundano. Foi para este propósito que 
Moshê ensinou o Sefer Devarim. 
Nisto reside uma conexão com os dias de hoje, pois nós também 
estamos “às margens do Jordão”, preparando-nos para entrar em 
Eretz Yisrael junto com Mashiach. É através da abordagem 
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enfatizada pelo Sefer Devarim, fundindo a palavra de D’us com a 
sabedoria humana18, que nós mereceremos a era em que “a 
ocupação de todo o mundo será somente para conhecer D’us”19, 
a Era da Redenção. 
NOTAS
1.Devarim 1:1.
2.Megilá 31b.
3.Tosafos, op. cit.
4.Mishnê Tora, Hilchos Teshuvá 3:8.
5.Devarim 11:13.
6.Ver Zohar III, p. 232a; Shmot Rabá 3:15.
7.Berachot 21b; Yevamos 4a.
8.Raaban (Rabbi Eleazar ben Nasan), seção 34.
9.Midrash Tehilim sobre 90:4; Bereishis Rabá 8:2. Ver também a 
explicação deste conceito no maamar Issa B’Midrash Tehilim, 
5653 [Sefer HaMaamarim 5708, p. 272ff, (o maamar recitado 
tanto pelo Rebe Rashab quanto pelo Rebe Anterior em suas 
celebrações de bar-mitsvá].
10.Ver Tanya, cap. 4.
11.Ver Shabos 92a, Nedarim 38a. Ver também o comentário da 
Mishná (Sanhedrin 10:1), que descreve Moshê como “o mais 
perfeito de toda a humanidade”.
12.Ver Avos 1:1.
13.Ver Tanya, Kuntres Acharon, p. 158a, Or HaTorá, Vayicrá, Vol. 
II, p. 468ff.
14.Ver o oitavo dos Treze Princípios da Fé do Rambam 
(Comentários da Mishná, Sanhedrin 10:1).
15.Ver Shelo 402b.
16.Devarim 30:12; cf. Bava Metzia 59b.
17. Ver Likutei Sichot, Vol. VI, p. 117-118, que explica que o 
número 5 reflete uma conexão com a essência de D’us. É 
Devarim, o quinto livro da Torá, que expressa esta dimensão da 
forma mais completa.
18. Isto também está relacionado à especial contribuição da 
Chassidut Chabad. Chabad é um acrônimo das palavras 
hebraicas que significam “sabedoria, entendimento e 
conhecimento”. Como indicado, os ensinamentos de Chabad se 
esforçam para transmitir as profundas verdades místicas de nossa 
Torá de uma forma que possa ser captada pelos mortais. Como o 
Baal Shem Tov ensinou (ver a famosa carta enviada a seu 
cunhado Reb Gershon Kitover, publicada em Ben Poras Yosef), 
quando as fontes destes ensinamentos se espalharem, Mashiach 
virá. Ver o ensaio intitulado “Bridging the Gap” (Timeless Patterns 
in Time, Vol. I, p. 101).
19. Rambam, Mishneh Torah, Hilchos Melachim 12:5.
Shabat Chazon: O Shabat da Visão
A Haftará desta semana é a terceira de uma série de três 
“Haftarot de aflição”. Estas três Haftarot são lidas durante as Três 
Semanas de luto por Jerusalém, entre os jejuns de 17 de Tammuz 
e de 9 de Av. 
Yeshayahu ( 1:1-27) transmite aos judeus uma visão Divina que 
ele teve, castigando os residentes de Judah e Jerusalém por 
terem se rebelado contra D’us, criticando-os por repetirem seus 
erros e não abandonarem seus caminhos pecaminosos – mesmo 
depois de terem sido repreendidos e punidos. “Desgraça para 
uma nação pecadora, um povo pesado em iniqüidade, semente 
da transgressão, filhos corruptos. 
Eles abandonaram D’us; eles provocaram o Santo de Israel”. 
Duras palavras são empregadas, comparando os lideres judeus 
aos reis de Sodoma e Gomorra. D’us declara seu desgosto por 
seus sacrifícios e oferendas que foram temperadas com costumes 
pagãos. “Como ela se tornou uma prostituta, uma cidade 
pecaminosa; ela já foi repleta de justiça, na qual a virtude se 
alojava, mas, agora, é uma cidade de assassinos...”. 
Yeshayahu então fala palavras mais gentis, encorajando o povo a 
se arrepender sinceramente e praticar atos de justiça e bondade 
para os necessitados, órfãos e viúvas, e prometendo-lhes o 
melhor da terra em troca de sua obediência. “Se vossos pecados 
se mostrarem como o carmesim, eles se tornarão brancos como a 
neve; se eles se mostrarem vermelhos como a tinta carmesim, 
eles se tornarão como a lã”. A Haftará conclui com uma promessa 
de que D’us novamente estabelecerá os juízes e os líderes de 
Israel, quando “Tzyión será redimida através da justiça e seus 
penitentes através da justiça”. 
A primeira palavra da Haftará é “Chazon” (“A visão [de 
Yeshayahu]”). O Shabat em que esta Haftará é lida, o Shabat 
anterior a Tishá beAv é, assim, chamado de “Shabat Chazon”, o 
“Shabat da Visão”. De acordo com a tradição chassídica, neste 
Shabat, a alma de todo judeu é presenteada com uma “visão” do 
Terceiro Templo Sagrado que será reconstruído com a chegada 
do Mashiach.
Devarim e Shabat Chazon
A Parashat Devarim é sempre lida no Shabat Chazon 
(literalmente: “o Shabat da Visão”), o Shabat que antecede Tish’á 
BeAv, o dia nove do mês judaico de Av. Como não há 
coincidências no judaísmo, tem de haver, portanto, alguma 
ligação entre Parashat Devarim e o Shabat Chazon. 
O Chumash Devarim é singular por ser o único dos cinco livros da 
Torá que foi transmitido por Moshê à geração dos judeus que 
estava prestes a entrar na Terra de Israel. 
A geração dos judeus que vagaram pelo deserto é conhecida 
como “a geração do conhecimento”. Por estarem num nível 
espiritual tão elevado, que chegava a ser proporcional ao de 
Moshê, puderam ter uma existência totalmente espiritual. A 
geração que entrou em Israel, porém, iniciou um capítulo 
totalmente novo na história judaica. Por ter de ocupar-se com 
assuntos mais mundanos, seu nível espiritual é considerado 
inferior ao da geração que a antecedeu. Apesar de tudo, foi 
justamente a geração que entrou em Israel que pôde realizar o 
plano Divino. 
D’us quer que O sirvamos dentro do contexto do mundo material, 
estabelecendo “uma morada” para Ele nos “mundos inferiores”. 
Por isso, embora os judeus que entraram em Israel fossem 
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inferiores, em termos espirituais, comparados a seus pais, tinham 
certa vantagem sobre eles: os judeus que entraram em Israel 
conseguiram alcançar um nível de “paz e segurança” que a 
geração anterior não conseguiu. 
Shabat Devarim é, portanto, a junção de dois opostos. Por um 
lado, a entrada dos judeus em Israel foi uma descida muito 
grande, pois significava contato diário com assuntos mundanos. 
Por outro lado, foi justamente por meio dessa descida que 
puderam atingir o mais elevado dos picos: o cumprimento do 
plano de D’us. 
O Shabat Chazon é, também, repleto de contrastes. É durante os 
Nove Dias, uma época em que estamos de luto pela destruição do 
Bet Hamikdash. Mas ao mesmo tempo, como o famoso Rabi Levi 
Yitschak de Berditchev explicou, no Shabat Chazon todo judeu 
tem uma visão do Terceiro Bet Hamikdash, uma construção que 
será infinitamente superior aos dois Templos Sagrados que o 
precederam. 
Portanto, o Shabat Chazon representa, como Devarim, o mesmo 
tipo de descida que leva a uma subida. É justamente através da 
descida que causou a destruição do Templo que chegaremos ao 
mais elevado dos pináculos: o estabelecimento do Terceiro Bet 
Hamikdash por Mashiach, que seja imediatamente. 
Adaptado de Likutê Sichot, vol. II. (Traduzido de “L’Chaim 
Weekly”)
O Lado Escuro da Lua
O Poder da Rejeição
Para ver realmente do que alguém é feito, observe a pessoa em 
tempo de crise. Moshê está nas notícias esta semana. 
Na porção desta semana da Torá lemos: Devarim – “estas são as 
palavras que Moshê falou…” Este é o início do quintolivro da 
Torá, que na sua totalidade documenta as palavras que Moshê 
disse ao povo nos últimos 37 dias de sua vida na terra. 
Sabendo que tinha pouco tempo de vida, Moshê revê todos os 
eventos que os judeus tinham vivenciado no decorrer dos últimos 
40 anos, desde que deixaram o Egito. Ele discute o 
relacionamento que os judeus tinham estabelecido com D'us, as 
instruções que D'us deu a eles, e os encoraja a cumprir esses 
ensinamentos nas gerações futuras. No Livro de Devarim, Moshê 
na verdade está deixando ao povo seu testamento e sua última 
vontade. 
De fato, em suas palavras imortais (Devarim), Moshê nos deixa 
mensagens eternas que são especialmente apropriadas para esta 
época do ano. 
Portanto não é coincidência que este período – quando lemos as 
palavras de Moshê no Livro de Devarim – coincida com a fase em 
que Moshê passou na montanha conversando com D'us. 
Tempo, segundo o pensamento judaico, é um fluxo espiral de 
energia que anualmente repete sua órbita. Os eventos na história 
são na verdade formas de energia-experiência que revivemos 
quando atingimos o mesmo ponto no tempo a cada ano. Portanto, 
embora Moshê tivesse subido a montanha 40 anos antes de falar 
suas últimas palavras, neste tempo a ‘energia’ prevalecente é a 
de Moshê e suas palavras. 
Isso também coincide com a parte mais triste do Calendário 
Judaico. No décimo terceiro dia da jornada de 40 dias de Moshê 
no Monte Sinai, entramos no difícil mês de Av.
Esse é o segundo segmento dos três períodos de 40 dias que 
Moshê passará na montanha, O primeiro período de 40 dias (6 de 
Sivan-17 de Tamuz) é quando Moshê recebe e lhe é ensinada a 
Torá inteira. Ele então desce, descobre o bezerro de ouro, o 
destrói, quebra as Tábuas, e então retorna à montanha para o 
segundo período de 40 dias (18 de Tamuz-29 de Av), implorando 
perdão a D'us. Sem ter sucesso, ele volta para um terceiro 
período de 40 dias (30 de Av-10 de Tishrei) e dessa vez é bem-
sucedido, e desce triunfante em Yom Kipur com as Segundas 
Tábuas nas mãos. 
Sabemos muito sobre o primeiro e o terceiro períodos de 40 dias. 
Ambos estão bem documentados na Torá. O primeiro – quando 
Moshê reeebe a Torá; o último quando D'us mostra a Moshê 
“Seus caminhos” e revela a ele os Treze Atributos Divinos de 
Compaixão. 
Em contraste, sabemos quase nada sobre o período intermediário 
de quarenta dias. Sabemos que são chamados dias de “ira” 
(Seder Olam cap. 6. Rashi Devarim 10:10), porque D'us não é 
receptivo às súplicas de Moshê (em contraste com o terceiro 
período de 40 dias, que são chamados “dias de compaixão”, 
quando D'us recebe bem as preces de Moshê). 
Como é comum, a curiosidade humana gravita para o 
desconhecido e misterioso. O que aconteceu nesse período 
intermediário de 40 dias? Como Moshê conseguiu encarar um 
D'us “furioso” por 40 dias no total? O que ele disse e o que ouviu? 
Acima de tudo, o que o fez insistir quando não estava recebendo 
qualquer resposta positiva? E como ele se aventurou a voltar pela 
terceira vez quando fora rejeitado por 40 longos dias e noites?
O que é tão intrigante sobre isso é que é um verdadeiro caso a se 
estudar – talvez o supremo – sobre a resistência e confiança 
humanas. Quando se deparam com um desafio formidável, e o 
sucesso parece impossível, de que as pessoas são capazes? 
Quando devemos desistir e quando devemos persistir? E acima 
de tudo, como seguimos em frente quando tudo ao nosso redor 
está desmoronando? 
Se Moshê tivesse conseguido receber o perdão de D'us com 
pouco ou nenhum esforço, não teríamos uma lição. Obviamente, 
o grande Moshê tem o ouvido de D'us, portanto não é surpresa 
que ele possa vencer qualquer porta. Mas e quanto a nós, 
pessoas comuns, – o que podemos realmente esperar conseguir 
quando tudo parece perdido? 
Isso traz à mente uma história, que pode ou não ser relevante 
aqui [mas, uma boa história sempre é oportuna…].
O Baal Shem Tov reuniu dez tsadikim para rezar por uma criança 
muito doente, mas foi em vão. Como último recurso, ele foi aos 
arredores da cidade e reuniu dez ladrões e pediu-lhes que 
rezassem pela criança. As preces ajudaram, e a criança se 
recuperou. Mais tarde, quando lhe perguntaram como as preces 
dos ladrões podiam conseguir aquilo que os tsadikim não 
puderam, o Baal Shem Tov respondeu com um sorriso: “Eu vi que 
todos os portões do céu estavam selados, e eu precisava de 
alguém para arrombar…” 
Porém, Moshê não conseguiu facilmente romper os portões do 
céu. Nesse período intermediário de 40 dias, todos os esforços 
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dele não produziram os resultados que ele esperava. E mesmo 
assim, é exatamente nessa rejeição que podemos aprender as 
mais profundas lições na vida. 
De fato, esta é a mensagem mais profunda do mês em que 
estamos entrando, Av. Na superfície, Av é o mês mais triste do 
ano, sendo o tempo em que trágicos eventos ocorreram na 
história, dos quais o maior é a destruição dos dois Templos 
Sagrados em Jerusalém. Os Nove Dias (de 1 a 9 de Av) são 
tradicionalmente uma fase de luto, quando evitamos celebrações 
e entretenimento. A tristeza se intensifica à medida que nos 
aproximamos de Tisha B’Av (9 de Av), até o nono dia, que é um 
jejum de 25 horas, quando amortecemos as luzes e sentamos 
“shiva” – em luto pelos Templos destruídos. O que devemos fazer 
nesses dias tristes? 
O Arizal nos diz que na angústia da tarde de Tisha B’Av, quando 
as chamas estiverem consumindo o Templo, nasce o Mashiach. A 
Redenção é concebida das cinzas da destruição. 
Nas trevas mais profundas está a luz mais poderosa. No entanto, 
com a nossa limitada perspectiva, somente podemos ver uma 
dimensão por vez; ou vemos escuro ou vemos luz. Alguém com 
profunda visão e concentração muito forte pode ver a luz dentro 
da escuridão. Moshê foi uma pessoa assim. Quando D'us o 
recusou durante o segundo período de 40 dias, Moshê não sentiu 
rejeição; ele viu oportunidade. Onde outros viram “ira”, ele viu 
desafio. Onde outros viam desesperança, ele viu potencial. 
Moshê teve essa visão porque tinha uma fé inabalável na 
bondade essencial de D'us e absoluta confiança de que o bem 
sempre iria prevalecer. Não havia a palavra “não” em seu 
vocabulário, nem a palavra “impossível” ou “desesperança”. 
Armado com tamanha confiança, nada, absolutamente nada, 
poderia abalar Moshê. Ele nem mesmo aceitou D'us dizendo-lhe 
que seu pedido era impossível. Moshê era supremamente 
resoluto, persistente – absolutamente seguro de que sua causa 
era certa, e que aquilo que é certo irá triunfar. 
Rabi Akiva foi outro homem assim, quando riu enquanto olhava 
para o Monte do Templo desolado. E também o Arizal, quando viu 
a redenção em seus momentos mais sombrios. 
Nossa visão pode não estar bem no nível dessas grandes almas. 
Porém, somos abençoados com a capacidade de olhar para a 
vida por intermédio dos olhos deles. Quando lemos as palavras 
de Moshê, estamos essencialmente recebendo o dom de ver a 
vida pelos seus olhos. O mesmo com Rabi Akiva, o Arizal e outros 
desse calibre. 
Pergunte a si mesmo: como você lida com a rejeição? Com 
desapontamento, com sonhos esfacelados e promessas 
quebradas? Como olhar para os momentos mais sombrios da 
vida, para as falhas e as perdas? 
A jornada aparentemente mal-sucedida de Moshê ao Sinai nesses 
dias na verdade foi muito bem-sucedida, na medida que nos 
permite ter um vislumbre sobre um homem de D'us sob pressão; 
nos habilita com a capacidade de ver o processo, não apenas os 
resultados. 
Acima de tudo: fez surgir a compaixão dos 40 dias seguintes, 
culminando com Yom Kipur. O Shaloh escreve que Aryeh (a 
mazal/sinal do mês de Av) é um acrônimo para Elul. Rosh 
Hashaná, Yom Kipur, Hoshaná Rabá. A compaixão de Elul; a 
renovação de Rosh Hashaná; o perdão de Yom Kipur; e o 
encerramento de Hoshaná Rabá – todos nasceram da energia de 
Av. 
É verdade que não estamos satisfeitos com esses 40 dias de “ira” 
– nem Moshê ficou: o que queremos é ter compaixão em nossas 
vidas, e sentirconscientemente o triunfo da esperança que foi 
finalmente atingido em Yom Kipur. Porém, ao mesmo tempo, o 
sucesso tardio de Moshê foi determinado por como ele lidou mais 
cedo com a rejeição, melhor dizendo: como isso o deixou 
inabalável, e mais resoluto que nunca. O ditado afirma: há 
pessoas que são como saquinhos de chá. Você não sabe como 
são fortes até que as coloca na água quente. Quando você pensa 
a respeito, não parece demais dizer que esse período de 40 dias 
encerra o segredo da vida, o segredo de Moshê, o segredo da 
eternidade. 
Sua maneira de lidar com crise, com rejeição, com fracasso, irá 
determinar o quanto você será bem-sucedido no final. Pode-se 
dizer que o sucesso na verdade nasce do fracasso. Algumas 
pessoas ficam desmoralizadas e esmagadas quando fracassam. 
Outras pemitem que o insucesso as eduque e as motive, para 
embutir nelas uma força mais profunda, que lhes dá o poder para 
sair-se bem no futuro. 
Sim, existem aqueles que veem este mês como Av – o mês mais 
triste no calendário. Alguns até mesmo dominaram os métodos 
para prantear e lamentar. Porém, existem outros que veem o 
Menachem (em) Av (o nome completo do mês) – eles veem o 
conforto e o consolo dentro da tristeza. 
Rabi Levi Yitschak de Berditchev nos diz que em Shabat Chazon 
(o Shabat anterior a Tisha B’Av) é mostrado a cada um de nós o 
Terceiro Templo a distância, a fim de evocar em nós o desejo de 
ter o Templo conosco. Daí, o nome Shabat Chazon – o Shabat da 
Visão. Existem aqueles que têm a visão de Yeshayáhu, que 
descreve a visão da destruição; e aqueles que veem o Terceiro 
Templo reconstruído. Temos o poder de escolher nossas visões. 
Por que você não seria um daqueles que veem o Menachem em 
Av?
A Herança Eterna do Povo Judeu
Em Tor@mail - (Ensaio baseado num discurso falado pelo 
Rebe de Lubavitch em 4 Av 5740, 17 de julho de 1980)
Na Parashá desta semana, Devarim, Moshé se despede de sua 
nação apenas algumas semanas antes de sua morte, e narra as 
experiências da jovem nação durante os quarenta anos de 
jornada no deserto do Sinai, no caminho para a Terra Santa. 
Durante essa longa caminhada: desde o Egito até as margens 
orientais do Rio Jordão, passando pela península do Sinai, os 
forçou a passar por vários países vizinhos, todos antagonistas ao 
povo de Israel. Moshé registra então as instruções que dá aos 
Israelitas de como tratar esses países vizinhos. Suas palavras são 
tanto chocantes como atordoantes; seu poder moral ecoa até os 
dias de hoje. 
“D’us disse a mim,” Moshé relembra, “Dê ao povo as seguintes 
instruções: ‘Vocês estão passando pelas fronteiras de seus 
irmãos, os descendentes de Essav, que moram em Seir-Edom 
[Sudeste de Israel]. Embora eles temam vocês, vocês devem ser 
muito cuidadosos. Vocês não devem provocá-los, pois não lhes 
darei nem uma porção de sua terra. Como herança para Essav já 
lhes dei o Monte Seir... 
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Vocês devem comprar comida deles pagando em dinheiro para 
que tenham o que comer; e água também vocês devem comprar 
pagando em dinheiro para ter o que beber.” 
Além de Edom-Seir essa mesma cena se repete com o povo de 
Moav e Amon (descendentes de Lot). D’us nos proíbe de tomar 
qualquer parte da terra de Moav e de Amon, assim como ordenou 
em relação a Seir. 
Essas palavras pronunciadas há mais de 3 mil anos são 
impressionantes. Quando o mundo ainda era um deserto moral, 
uma sociedade pagã e bárbara, os judeus foram impedidos de 
tomar mesmo um centímetro de terra dos territórios de Seir, Moav 
e Amon. 
Por que a Torá, um livro mais de ensinamentos morais do que de 
dados históricos, registra uma instrução aparentemente 
insignificante com relação ao encontro dos judeus com 3 países? 
Que relevância isso tem para nós hoje? 
A resposta é dramaticamente clara. A Torá está nos comunicando 
as circunstâncias ligadas à conquista e estabelecimento de nossa 
terra, Erets Israel, para que quando as Nações Unidas, a Côrte 
Internacional de Justiça, a Comunidade Europeia, os países 
Árabes etc. decretarem Israel como um estado que ocupa terras 
árabes anexadas de outros países, o povo judeu possa abrir sua 
própria constituição, a Torá, e mostrar a mensagem inabalável de 
verdade moral: 
“Ouçam bem, defensores da ‘moralidade e direitos humanos’! Não 
venham falar conosco sobre terra roubada. Numa época em que a 
maior parte das tribos e nações degolavam seus próprios filhos 
para deuses pagãos, onde pais praticavam infanticídio 
regularmente, canibalismo era a dieta diária, e a maior parte das 
pessoas nem tinha ideia do que era certo ou errado – o povo 
judeu aprendeu que não deveria tocar no que não era seu. 
Não podiam colocar o pé num território que não fosse seu. O 
mesmo D’us que os instruiu a não entrar em solo estrangeiro, lhes 
concedeu a Terra de Israel – todo o território da Jordânia ao 
Mediterrâneo – como Seu presente para o povo judeu. Não é terra 
roubada; é a herança eterna do povo judeu!” 
Israel se tornou uma nação em 1313 AEC, 2000 anos antes do 
Islã. 40 anos depois, em 1273 AEC os judeus conquistaram a 
terra de Israel e a dominaram por mil anos. Nesse tempo todo 
Israel contou com a presença contínua de judeus nos últimos 
3.300 anos. Chamar os israelenses de “ocupantes dos territórios 
da Margem Ocidental, Gaza e Jerusalém Oriental é como chamar 
os Franceses de ocupantes de Paris e Britânicos ocupantes de 
Londres. 
O conflito atual entre Israel e os países árabes não tem 
absolutamente nada a ver com qualquer ocupação. Em 1967, 
quando não havia nenhuma colônia judia e nenhuma ocupação, 
cinco países Árabes – Jordânia, Síria, Egito, Iraque e Líbano se 
juntaram à Arábia Saudita e criaram um plano para aniquilar Israel 
e “jogar os judeus no mar”. 
Yashiko Sagamori, um porta voz da “National Unity Coalition for 
Israel”, colocou muito bem num artigo: 
“Se você tem certeza de que a Palestina, o país, tem algum 
passado na história registrada, você deve responder algumas 
perguntas: “Quem fundou a Palestina e quando? Quais eram suas 
fronteiras? Qual era sua capital? Quais eram suas principais 
cidades? Que tipo de governo tinha? Qual era o idioma desse 
país? Qual era a religião principal? Qual era o nome de sua 
moeda? Escolha qualquer época da história e diga quanto essa 
moeda equivalia com relação ao dólar americano, marco alemão, 
yen japonês, yuan chinês etc. E, finalmente, já que não existe 
esse país hoje, o que causou sua derrubada e quando isso 
aconteceu? 
Na realidade, os palestinos são árabes normais, indiferenciáveis 
dos jordanianos, sírios, libaneses, iraquianos, egípcios etc. 
O principal erro estratégico e diplomático israelense provém da 
aceitação do pedido árabe por uma terra palestina. O mundo fica 
confuso: a posição árabe está clara para todos; a posição 
israelense está coberta em mistério. 
‘Afinal de contas, eles acreditam que aquela terra pertence a eles 
ou não? Se acreditam, que parem de dizer que consentem a 
criação de um estado palestino lá. E se não acreditam, porque 
continuam lá?’ Quando falamos a verdade, devemos ser firmes e 
resolutos.
Um Testamento de Amor
"Estas são as palavras que Moshê falou a todos de Israel além do 
Rio Jordão, no deserto, em Aravat, em frente ao Suf, entre Paran 
e Tofel, e Lavan e Chatzerot e Di-Zavah" (Devarim 1:1). 
Embora este versículo possa representar a abertura e introdução 
ao Sêfer Devarim, à primeira vista o versículo parece permeado 
de passagens problemáticas e expressões. O observador atento 
perceberá imediatamente que não apenas os judeus não foram 
localizados no deserto, como o versículo parece sugerir (eles 
estavam na verdade nas planícies de Moav), mas em lugar algum 
da Torá encontramos menção a locais como Paran, Tofel e 
Lavan. 
Rashi resolve o enigma com a explicação de que na realidade 
este versículo não tem intenção de informar-nos sobre a 
localização dos filhos de Israel. Ao contrário, estas frases são na 
verdade alusões a fatos e servem como continuação da primeirametade do versículo. Dessa maneira, o versículo poderia na 
verdade ser lido: "Estas são as palavras (de admoestação) que 
Moshê falou a todos de Israel," com o versículo continuando a 
delinear os vários pecados cometidos pelos judeus no deserto, 
cada "lugar" referindo-se a um mal diferente. 
Entretanto, deparamo-nos imediatamente com outra dificuldade: 
por que deveria Moshê mascarar suas palavras de repreensão 
com um manto de disfarce? Por que não simplesmente vir direta e 
claramente delinear os crimes do povo judeu? 
Uma vez mais Rashi vem em nossa ajuda, explicando que Moshê 
escolheu ocultar sua repreensão em pistas e alusões para não 
arriscar-se a insultar ou ofender o próximo judeu. Se nos 
detivéssemos apenas um momento para refletir sobre as palavras 
de Rashi, poderíamos facilmente dispensá-las e seguir adiante. 
Entretanto, o tempo empregado em mergulhar um pouco mais a 
fundo na interpretação de Rashi vale a pena, pois ela revela ser 
um tesouro notável. 
O Livro de Devarim representa a conquista final de Moshê como 
líder dos filhos de Israel. Ele guiou os judeus através do deserto 
por quarenta anos, agindo às vezes como pai e, em outras, como 
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mediador e negociador. Cuidou de tudo. Agora chegou a hora de 
Moshê pronunciar suas palavras finais de admoestação e 
encorajamento. É agora ou nunca; se os judeus não entenderem 
a mensagem desta vez, jamais o farão. 
Certamente, poder-se-ia esperar que Moshê desejasse que suas 
intenções ficassem tão claras quanto possível, a fim de não deixar 
margem para mal-entendidos. Entretanto, encontramos 
exatamente o oposto neste versículo, pois Moshê mascara sua 
mensagem com um véu de alusões e referências enigmáticas. 
E por qual razão? Para não ofender e embaraçar o judeu, o que 
poderia levar à desunião entre o povo. Moshê está disposto a 
correr o risco de que suas palavras finais de advertência possam 
ser mal interpretadas ou aplicadas erroneamente, a fim de manter 
a harmonia no acampamento de Israel. A demanda pela paz é tão 
grande que até mesmo supera a significativa mensagem de 
Moshê em seu discurso final. 
Na verdade, encontramos a mesma idéia nas palavras de nossos 
sábios a respeito do reino de Achav, um dos reis mais perversos 
que Israel teve. O Talmud (Tratado Yerushalmi Pe'ah) ensina que 
embora a prática de idolatria tenha engolfado praticamente toda a 
população judaica em Israel na época, mesmo assim os exércitos 
de Achav foram capazes de derrotar seus inimigos na guerra. Por 
quê? Por causa da unidade e harmonia que reinava entre os 
judeus, que suplantou mesmo o grave pecado da idolatria. 
A mensagem é clara – a necessidade de paz e solidariedade 
entre o povo judeu é da maior importância. Mesmo a última 
vontade e testamento de Moshê, ou o mal da idolatria, não podem 
minar a importância da unidade. Embora devamos estar sempre 
cientes desta realidade, o período no qual nos encontramos agora 
clama para que tenhamos mais atenção ainda com o assunto. 
Este intervalo entre Shivah Asar B'Tammuz e Tishah B'Av, 
conhecido simplesmente como "Três Semanas", comemora os 
acontecimentos que culminaram com e incluíram a real destruição 
dos dois Templos Sagrados em Tishav B'Av. O Talmud (Tratado 
Yoma 9b) ensina que a destruição do Segundo Templo foi 
provocada pelo mal do ódio injustificado para com outros. Foi a 
falha dos judeus daquela época em reconhecer a importância de 
respeitar e honrar as necessidades do irmão judeu que levou à 
infortunada destruição do Templo. 
Cabe a nós retificar esta omissão, levando a sério a importante 
lição oculta nas palavras de Rashi na porção desta semana da 
Torá. Pois assim como o Templo foi destruído por causa de ódio 
não justificado, assim também será reconstruído pela bondade 
não justificada.
O Presente da Identidade
Por Rabi Mordechai Gafni
O Sêder é uma noite mística, mágica.
Porém é muito mais que isso. É a noite em que os pais dão aos 
filhos o presente da identidade. Através desse rito de passagem, 
os pais transmitem ao filho uma certeza intrínseca sobre seu lugar 
no mundo. A criança aprende que é infinitamente valiosa e digna; 
entende intuitivamente que sua existência no mundo como judeu 
tem um significado e um propósito.
Como esta poderosa "certeza de ser" emerge de uma refeição 
festiva que celebra um antigo acontecimento histórico?
Na monotonia da vida diária, a certeza de ser parece eternamente 
ilusória. Parte do problema está na maneira pela qual vivenciamos 
o tempo. Com freqüência, vivemos segundo as palavras de um 
adágio medieval: "O passado não é mais, o futuro ainda não é, e 
o presente é um piscar de olhos." Nessa concepção, não temos 
uma âncora no fluxo torrencial do tempo. Todos os vestígios de 
uma identidade firme são varridos para longe. O presente fugaz 
está divorciado do passado e do futuro.
 Uma maneira radicalmente diferente de vivenciar o tempo é 
aquilo que chamo de "Tempo Pêssach" – um presente que 
encerra tanto o passado como o futuro. Prisioneiros que estiveram 
encarcerados durante décadas no gulag dizem que sua 
capacidade de sentir a vida através do prisma de suas memórias 
e sonhos foi uma âncora de esperança num presente intolerável. 
Foi sua capacidade de viver em "Tempo Pêssach" que lhe deu a 
força para enfrentar uma realidade que lhes negava dignidade e 
valor. Foi isso que lhes deu esperança.
A memória é a essência da esperança: este é o significado 
profundo do ensinamento de Rabi Nachman de Breslav, que 
quando um judeu acorda pela manhã, deve lembrar-se do mundo 
como poderia ser – como será um dia. Como escreve Gabriel 
Marcel – "A esperança é a memória do futuro." Em resposta à 
pergunta de "Quem sou eu?" o ser humano responde: "Sou minha 
memória e meus sonhos; sou minha história e minha esperança. 
Tanto o passado quanto o futuro vivem no presente e informam 
minha identidade interior. Sou a soma de minhas memórias do 
passado e do futuro. Eles dão à minha vida seu semblante, 
caráter e forma únicos."
Sob o ponto de vista judaico, a memória individual não está 
sozinha. Ela se funde com a memória do povo, à medida que o 
coletivo e o pessoal se juntam. A identidade de um judeu é 
formada pela simbiose da história de sua pessoa e a história de 
seu povo.
Em contraste com o judeu está Amalêc – um povo sem memória. 
Esta concepção sublinha o ensinamento cabalista de que Amalêc 
é igual a safec (incerteza).
Analise este exemplo histórico: Os Filhos de Israel deixaram o 
Egito. Enquanto viajam pelo deserto, "as nações estremecem". 
Ainda está fresca na memória a impressionante exibição do poder 
Divino que caracterizou o Êxodo. Não é para menos que todas as 
nações tenham evitado atacar Israel. Somente um país ataca: 
Amalêc. Por quê? Porque Amalêc não tem memória, vive numa 
realidade afastada do passado e do futuro.
É por este motivo que Amalêc é o símbolo bíblico do mal. Para os 
Gregos, o mal se origina na falta de conhecimento. Platão 
escreveu que a virtude é conhecimento, e a ignorância é a fonte 
do mal. Para os judeus, no entanto, a fonte primária do mal é a 
perda da memória, não a falta de conhecimento. 
Apropriadamente, Amalêc – o símbolo do mal nas fontes judaicas 
– é a pessoa ou o povo sem memória.
Uma das modernas encarnações de Amalêc foi o movimento 
nazista. Elie Wiesel tentou capturar a essência daquilo que o 
nazista disse ao judeu em seu discurso de aceitação do Prêmio 
Nobel.
 "’Esqueça. Esqueça de onde veio, esqueça quem você foi. 
Somente o presente importa.’" Os nazistas não apenas queriam 
matar os judeus, como queriam também destruir sua certeza de 
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identidade. Portanto, esse foi o método nazista: a destruição da 
memória.
Não é surpresa que a principal atividade intelectual dos 
simpatizantes contemporâneos do Nazismo seja o revisionismo 
histórico, ou a negação do Holocausto. Revisar a história é 
destruir a memória, o que equivale a assassinar mais uma vez. A 
redençãosegundo o modelo bíblico depende da erradicação de 
Amalêc. A redenção é a recuperação da memória. Assim, é 
correto que a resposta judaica a Amalêc seja: "Lembra-te do que 
Amalêc fez quando tu deixaste o Egito."
O Sêder de Pêssach é uma refeição da memória. Lembramo-nos 
e nos identificamos com a certeza que o povo de Israel sentiu na 
infância de sua nação. Os 40 anos no deserto são a "primeira 
infância" de Israel. D’us age no papel de um pai amoroso, 
concedendo a seus filhos o alimento (maná) e proteção contra o 
mal. Nós recordamos o amor incondicional que D’us tem por nós. 
No decorrer de toda a incerteza dos anos subseqüentes, é o 
poder deste amor incondicional que nos sustenta.
Terminamos o Sêder com um sonho para o futuro. No próximo 
ano em Jerusalém. Não apenas Jerusalém, a cidade física, mas 
Jerusalém, o símbolo de um amanhã melhor. No Sêder de 
Pêssach, damos aos nossos filhos a promessa de um sonho e o 
mais doce de todos os presentes: o dom da memória.
A Ciência da Sobrevivência Judaica
Por Dov Greenberg
Há mais de três mil anos, um grupo de escravos judeus foram 
libertados do Egito. Desde então, nessa época do ano, revivemos 
sua história em Pêssach, a Festa da Liberdade.
 Imagine que pudéssemos viajar de volta no tempo e dizer ao 
Faraó: "Temos boas e más notícias. A boa é que um dos povos 
que estão vivos hoje sobreviverá e mudará a paisagem moral do 
mundo. A má notícia é: não será o seu povo. Será aquele grupo 
ali de escravos hebreus, que estão construindo seus gloriosos 
templos, os Filhos de Israel."
Nada poderia ser mais ultrajante. O Egito do tempo dos faraós era 
o maior império do mundo antigo, brilhante em artes e ciências, 
formidável na guerra. Os israelitas eram um povo sem terra, 
escravos indefesos. De fato, já na antiguidade, aqueles no poder 
acreditavam que os israelitas estavam em vias de extinção. A 
primeira referência a Israel fora da Bíblia é um obituário do povo 
judeu. Está inscrito numa pedra grande de granito, que hoje se 
encontra no Museu do Cairo: Ali diz: "Israel acabou. Sua semente 
não existe mais."
A história da sobrevivência judaica é tão excepcional, vasta e sem 
paralelos que desafia a imaginação. Em nosso próprio século, as 
duas grandes potências que anunciaram: "Israel acabou" – o 
Terceiro Reich de Hitler e a União Soviética – foram esmagados e 
desmantelados. Porém o povo de Israel vive.
 Muitos pensadores e cientistas sociais tentaram, e ainda estão 
tentando, entender a sobrevivência de um povo, uma fé e um 
legado durante três milênios de condições históricas praticamente 
impossíveis. Blaise Pascal, o notável pensador, matemático, 
teólogo, físico francês do Século Dezessete, escreveu:
"Em algumas partes do mundo podemos ver um povo peculiar, 
separado dos outros povos do mundo, chamado de povo judeu… 
Este povo não apenas é de impressionante antiguidade como 
também tem perdurado por um tempo singularmente longo… Pois 
enquanto os povos da Grécia e Itália, de Esparta, Atenas, Roma e 
outros que surgiram muito depois pereceram há tanto tempo, este 
ainda existe, apesar dos esforços de tantos reis poderosos que 
tentaram uma centena de vezes acabar com ele, como seus 
historiadores atestam, e como pode ser facilmente julgado pela 
ordem natural das coisas no decorrer de tantos anos. Eles sempre 
foram preservados, no entanto, e sua preservação foi prevista… 
Meu encontro com esse povo me surpreende…"1
Este é um tributo comovente, mas exige explicações.
A Ciência da Sobrevivência
 Talvez possamos encontrar nossa resposta nos grandes 
pensadores empíricos de nosso tempo, os cientistas. Eles nos 
dizem que quando um cientista procura determinar as leis que 
governam um determinado fenômeno, ou descobrir as 
propriedades essenciais de um elemento da natureza, deve fazer 
uma série de experimentos sob as mais variadas condições para 
descobrir aquelas propriedades ou leis sob as quais todas as 
condições são as mesmas.
 O mesmo princípio poderia ser aplicado à sobrevivência judaica. 
É um dos povos mais antigos do mundo, começando sua história 
nacional com a revelação no Sinai há mais de três mil anos. No 
decorrer desses séculos, os judeus viveram sob condições 
extremamente variadas. Foram dispersos pelo mundo. Tiveram 
múltiplos idiomas, possuíram uma diversidade de culturas. Por 
exemplo, Rashi viveu na França cristã. Maimônides nasceu na 
Espanha islâmica. Rabi Akiva viveu sob o governo romano; os 
sábios talmúdicos sob a hegemonia babilônica. Suas sociedades 
foram totalmente diferentes. Tudo que os ligava no espaço e 
tempo eram uma fé, o estilo de vida de Torá.
 Nenhum outro povo sobreviveu durante tanto tempo sob tais 
circunstâncias. Se quisermos descobrir os elementos essenciais 
que formam a causa e a própria base da existência de nosso povo 
e sua força singular, devemos concluir que não foi sua terra, 
idioma, cultura, predisposição racial ou herança genética. O único 
fator constante que preservou nosso povo durante todas as 
vicissitudes é o tenaz apego ao nosso legado espiritual.
 Foi isso que tornou nosso povo indestrutível apesar de milênios 
de investidas contra o corpo e alma judaicos por bandidos e 
monstros de todas as espécies.
 O que a História Judaica nos diz é que a força do nosso povo 
como um todo, e de cada indivíduo, está num compromisso fiel à 
nossa herança espiritual, a base e essência de nossa existência.
O peixe e a raposa
 Ninguém expressou isso melhor que Rabi Akiva, o grande sábio 
do Segundo Século. O Talmud relata como Rabi Akiva ensinava 
Torá em público na época em que o governo romano, sob o 
Imperador Adriano, proibiu essa atividade. Outro sábio, Pappus 
ben Judah, advertiu-o de que estava arriscando a própria vida. 
Rabi Akiva respondeu com a seguinte parábola:
Uma raposa certa vez caminhava pela margem de um rio, quando 
viu peixes pulando de um local para outro. "Por que estão 
fugindo?" perguntou ela aos peixes. "Para escapar das redes do 
pescador." “Neste caso", disse a raposa, "venham viver na terra 
seca junto comigo."
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"Você é aquele que descrevem como o mais esperto dos 
animais?" disse o peixe. "Você não é esperta, mas tola. Se 
estamos em perigo dentro da água, que é onde vivemos, imagine 
em terra seca, onde certamente morreremos."2
 A Torá é para a sobrevivência judaica, disse Rabi Akiva, como a 
água para o peixe. Sim, estamos em perigo, mas se deixarmos a 
Torá, que sustenta nossa identidade, para entrarmos na terra 
seca dos Romanos, certamente morreremos.
 Esta não era meramente a convicção pessoal de um certo Rabi 
Akiva. É a própria história de Pêssach. Deixar o Egito foi apenas o 
início da liberdade, não o fim.
 Mas o que seria Pêssach sem sua conexão íntima com Shavuot? 
O que seria a liberdade israelita sem a Revelação no Sinai? 3 
Imagine a Bíblia como a narrativa de um mero grupo cultural ou 
étnico. Leríamos sobre a escravidão dos israelitas no Egito. 
Continuaríamos a ler com entusiasmo sobre como eles 
conquistaram sua liberdade e foram levados a uma terra própria. 
Depois leríamos sobre como eles se mesclaram à paisagem ao 
redor, casaram-se com canaanitas, jebusitas e os outros povos do 
antigo Oriente Próximo, e se evaporaram com o tempo, 
irrevogavelmente.
 Sobrevivemos porque levamos a Torá conosco até Israel. Somos 
quem somos por causa de uma fé importante, fé que se provou 
mais forte que os maiores impérios da história.
 O Antigo Egito e Roma construíram grandes monumentos para 
sobreviverem aos ventos e às areias do tempo. Aquilo que eles 
construíram está de pé e em alguns aspectos jamais foi superado. 
Porém somente a arquitetura permanece, não a civilização que 
uma vez lhes deu vida.
 O Antigo Israel se tornou construtor, também, mas não de 
monumentos em pedra. Em vez disso eles foram chamados ao 
Sinai para construírem um mundo de justiça, digno de ser a 
morada da Divina Presença. Suas pedras seriam suas ações 
sagradas, e sua argamassa o estudo de Torá e compaixão.Ao 
ensinar os israelitas que o Arquiteto desse mundo é D'us, os 
construtores são todos que desejam se tornar Seus "parceiros na 
obra da criação". Moshê transformou um grupo de escravos num 
povo eterno.
 Notas:
 1 - Pascal, "Pensees".
 2 - Talmud, Berachot 61b.
3 - Perante o Faraó, Moshê não exigiu simplesmente em nome de 
D'us: "Deixa Meu povo ir", mas "Deixa Meu povo ir; para que eles 
Me sirvam. (Shemot 7:16). veja também Sefer HaChinuch (Mitsvá 
306), que a razão de ser do Êxodo foi entrar num pacto com D'us 
que é nossa força de apoio. Então, Shavuot é a única festa que 
não tem data marcada no calendário. A Torá o designa como o 
50º dia após Pêssach. Como Shavuot é o complemento de 
Pêssach, o propósito do Êxodo foi concretizado somente no dia 
em que ficamos no Sinai.
Uma Missão Especial
Por Jay Litvin
"Tu nos escolheste dentre as nações" (Sidur). Os judeus são 
chamados de "Povo Escolhido". Muitos judeus se perguntam: 
"para que missão eu fui escolhido?"
A resposta está na passagem da Torá (Shemot 19:3-6), na qual 
D’us se dirige a Moshê logo depois de Sua revelação no Sinai:
Moshê subiu até D’us, e D’us o chamou da montanha, dizendo: 
"Assim dirás à Casa de Yaacov, e relata aos Filhos de Israel: 
‘Vocês viram o que Eu fiz ao Egito, e que Eu os conduzi nas asas 
de águias e os trouxe para Mim. E agora, se Me ouvirem e 
cumprirem o Meu pacto serão para mim um reino de sacerdotes e 
uma nação sagrada.’ Estas são as palavras que deves falar aos 
Filhos de Israel."
O propósito do judeu é levar D’us ao mundo e aproximar o mundo 
de D’us.
Estas palavras encerram o motivo pelo qual D’us "escolheu" os 
judeus; ou seja, para serem um "reino de sacerdotes e uma nação 
sagrada".
A referência feita a sacerdotes não se refere aos Cohanim, 
sacerdotes descendentes de Aharon o Sumo Sacerdote, pois 
obviamente todo Israel não é constituído de sacerdotes naquele 
sentido. Ao contrário, a referência aqui é à "função sacerdotal". A 
função sacerdotal é "levar" D’us ao povo, e elevar o povo para 
ficar mais perto de D’us. O propósito do judeu é levar D’us ao 
mundo e aproximar o mundo de D’us.
Em nossa associação com o mundo exterior cada um de nós – 
homem ou mulher – deve cumprir funções sacerdotais. A 
justaposição de um "reino de sacerdotes" e uma "nação sagrada" 
indica que sendo sagrados e dedicados à Torá e mitsvot em 
nossa vida privada, podemos ser embaixadores bem-sucedidos 
para o mundo exterior. Nosso impacto sobre o mundo exterior 
está relacionado com nossa dedicação à Torá e mitsvot. Esta 
"função sacerdotal" foi chamada pelo profeta Yeshayáhu de "uma 
luz entre as nações".
Onde quer que os judeus se encontrem, na Diáspora ou na Terra 
de Israel, até um único judeu num canto remoto da terra, cabe a 
todo judeu e a toda comunidade judaica lembrar que é uma parte, 
e um representante, de todo o povo judeu, e portanto encarregado 
desta tarefa. Mesmo quando se encontram na galut (exílio), 
somente o corpo judaico está no exílio. A alma judaica nunca é 
exilada e está isenta de qualquer subjugação externa. 
Conseqüentemente, embora no exílio, os judeus não devem 
ignorar sua tarefa, nem subestimar sua capacidade, não importa 
quão limitados possam ser os seus poderes materiais.
A extensão do dever da pessoa está na proporção direta à sua 
posição na vida. É maior no caso de um indivíduo que ocupa uma 
posição de certa proeminência que lhe dá oportunidade de 
exercer influência sobre outros, especialmente os jovens. Estas 
pessoas devem valorizar a responsabilidade que a Divina 
Providência investiu nelas para divulgar a luz da Torá e combater 
as trevas, seja qual for a forma que ela se apresente.
A alma judaica nunca é exilada e está isenta de qualquer 
subjugação externa.
Que ninguém pense: "Quem sou eu, o que sou eu, para ter 
tamanha influência?" Pois já vimos – para nossa consternação – o 
que mesmo uma pequena quantidade de matéria pode fazer em 
termos de destruição através da liberação da energia atômica. Se 
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tamanho poder está oculto numa pequena quantidade de matéria 
para destruição – contrariando o desígnio e o propósito da criação 
– muito maior é o poder criativo confiado a todo indivíduo para 
trabalhar em harmonia com o Divino propósito. Neste caso, a 
pessoa recebe capacidades especiais e oportunidades 
concedidas pela Divina Providência, para atingir a meta para a 
qual foi criada; a concretização de um mundo no qual "Cada 
criatura reconhecerá que Tu a criaste, e cada alma declarará: 
‘D’us, o D’us de Israel, é Rei, e Seu reinado é supremo sobre 
tudo’" (Preces de Rosh Hashaná).
Foi dada ao povo judeu a diretiva: "Não pela força ou pelo poder, 
mas pelo Meu espírito, diz D’us." Para o povo judeu e a 
comunidade judaica (até para o judeu como indivíduo), 
capacidades Divinas especiais foram concedidas para cumprir 
sua tarefa da maneira mais completa possível. Pois, seus poderes 
físicos estão conectados, e subordinados, aos seus poderes 
especiais, que são infinitos.
Um exemplo histórico disso é encontrado no tempo do Rei 
Shelomô, Salomão, quando o povo judeu se destacou entre as 
nações do mundo por ter atingido o mais alto grau de sua 
perfeição. Nossos Sábios, referindo-se a esse estado, o 
descrevem como "a lua em sua plenitude", pois, como se sabe, o 
povo judeu é comparado à luz, e eles "contam" seu tempo (meses 
do calendário) pela lua.
Uma das explicações para isso é que, assim como a lua passa 
por mudanças periódicas em sua aparência, segundo sua posição 
em relação ao sol cuja luz ela reflete, também o povo judeu passa 
por mudanças segundo a medida da luz de D’us que refletem, 
pois está escrito: "Pois D’us Elo-kim é sol e escudo."
Esta perfeição no tempo do Rei Shelomô (sem considerar o fato 
de que, mesmo então, os judeus constituíam numérica e 
fisicamente "a menor de todas as nações" expressou-se de 
maneira bem distinta nas relações entre o povo judeu e os outros 
países do mundo. A reputação da sabedoria do Rei Shelomô 
despertou um forte desejo entre reis e líderes de irem até ele, 
observar sua conduta e aprender com sua sabedoria – a 
sabedoria pela qual ele rezara e recebera de D’us – permeada 
com santidade.
E quando eles foram também viram como, sob a sua liderança, o 
povo vivia, até na vida material, "com segurança, todo homem em 
sua vinha e sob sua fogueira", numa terra onde "os olhos de D’us, 
seu D’us, estão constantemente sobre ela, do início ao final do 
ano." E foi isso que levou a paz entre os judeus e todas as outras 
nações.
Assim, fica claramente demonstrado que quando os judeus vivem 
segundo a Torá, atingem a verdadeira paz, e servem como uma 
luz guia para as nações – "as nações seguirão pela sua luz" – a 
luz da Torá e mitsvot.
A missão do judeu e da comunidade judaica não está limitada ao 
tempo em que estão como "lua cheia", mas também quando no 
exílio, "espalhados e dispersos entre as nações".
Tornar-se um povo sagrado aos olhos de D’us não é um título 
ganho em um sorteio ou concurso, mas na dedicação de anular-
se para cumprir a Sua vontade e tornar-se responsável e apto a 
levar seu papel adiante neste mundo e em todas as gerações.
Judeu, Quem é Você?
O que quer que você seja, sempre é e será um judeu.
 Homem ou mulher, jovem ou adulto, empresário, estudante, 
ecologista, você pode ser o que quiser, lembrando sempre que 
além disso você é judeu. Mesmo que queira deletar, existe 
sempre alguém que irá lhe lembrar.
O que é que o faz ser um judeu?
 Será que a pronúncia do seu nome ou sobrenome soando 
judaico faz de você um judeu? Ou por que gosta de varenikes e 
outros pratos tradicionais que o torna judeu? Ou talvez são seus 
traços físicos?
Obviamente, nada disto. Há mais de 3300 anos, nossos 
ancestrais foram escravizados pelos faraós no Egito. Seis milhões 
de nossos irmãos judeus foram massacrados pelos nazistas. 
Houveram os gregos, romanos, inquisidores, cruzados e 
cossacos, para mencionar e se você vivesse em qualquer um 
destes períodos,

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