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Módulo 04 -FATEPA (Faculdade Teologica -Pan-Americana) - Pentateuco

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FEMICJP.COM 1 
 
MÓDULO 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATÉRIA: PENTATEUCO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FEMICJP.COM 
FEDERAÇÃO DOS MINISTROS DE 
CAPELANIA E JUSTIÇA DE PAZ 
 
CNPJ MANTENEDORA: IDE-MUNDIAL 
10.242.375/0001-11 
CURSO MÉDIO E BACHAREL EM TEOLOGIA 
FEMICJP.COM 2 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
 
 
A Bíblia dos Hebreus 
 
Neste capítulo, apresentaremos algumas informações gerais sobre o Pentateuco. 
Essas informações são importantes porque nos ajudam a entender um pouco da estrutura 
deste conjunto de livros, de algumas das características que lhes são próprias e das 
articulações de seu conteúdo consigo mesmo e com o restante do Antigo Testamento. 
 
Para tanto, discutiremos neste capítulo os seguintes tópicos: a relação do Pentateuco 
com o Antigo Testamento; uma visão panorâmica do Pentateuco (tabela comparativa entre 
os cinco livros) e, por fim, a importância da Torá (Pentateuco) na expressão religiosa do 
Antigo Testamento. 
 
 
1.1 - A Relação do Pentateuco com o Antigo Testamento 
 
Para entendermos melhor a relação do Pentateuco com o Antigo Testamento, é 
necessário explicar que esse conjunto de livros foi organizado em quatro seções temáticas: 
Lei, História, Poesia e Profecia. Tal organização foi resultado do esforço de tradutores e 
editores que trabalharam muito tempo depois que o texto fora escrito, e assim foi feito para 
facilitar a compreensão, uma vez que os livros que possuem temáticas semelhantes seriam 
mais bem entendidos se agrupados na mesma seção. 
 
Observe na tabela abaixo que a Lei, que é o nosso foco, aparece na parte inicial do 
Antigo Testamento, fazendo a abertura das Escrituras. 
 
Tabela referente às divisões do Antigo Testamento em Categoria. 
 
 
Lei – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. 
 
 
História –Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II 
Crônicas, Esdras, Neemias, Ester. 
 
 
Poesia – Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos. 
 
 
Profecia – Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, 
Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, 
Malaquias. 
 
 
FEMICJP.COM 3 
 
 
1.2 - Considerações gerais sobre o Pentateuco 
 
A lei, por ser a primeira parte da Revelação escrita e por registrar fatos dos 
primórdios, ganhou profunda apreciação do crente hebreu e por essa razão estabeleceu uma 
estreita relação com as demais seções que formam o Antigo Testamento. É nessa primeira 
parte, também denominada Pentateuco, que começamos a perceber as primeiras in-
formações sobre a pessoa de Deus e sua atividade criadora, Gênesis 1, tema retomado em 
muitos outros livros do Antigo Testamento. 
 
Neste conjunto de livros, cuja contribuição foi fundamental para o desenvolvimento 
das demais escrituras, encontramos relatos sobre o plano que o Criador elaborou para a sua 
criatura, plano no qual o homem ocupa uma posição de relevância apesar de sua dureza e 
resis-tência. Também, nesse mesmo conjunto, há muitas histórias de pes-soas que 
conheceram a Deus de um modo especial. Histórias que nos trazem grandes ensinamentos e 
que nos tornarão, se aprendidas, tão excelentes como seus personagens, entre eles Abraão, 
José e Moisés. Os exemplos dados por esses personagens atrelados a orientações de como 
fazer o culto ao Senhor, de como se relacionar bem com o pró-ximo e de como lidar com os 
recursos materiais, transformam-se em uma poderosa ferramenta de influência espiritual. 
Observemos a se-guir, uma tabela comparativa, na qual estão relacionados os cinco livros 
do Pentateuco, contendo o título do livro, a ocasião em que foi escrito, a nota predominante 
que é o seu tema e a finalidade para a qual foi escrito. 
 
 
O gráfico acima, como podemos perceber, apresenta fatos ocorridos na Arábia Pétrea 
(Midiã, Sinai e Moabe) em datas que oscilam entre 1406 a.C e 1460 a.C, circunstâncias e 
locais ligados à experiência de Moisés, esse grande vulto da história bíblica. Tais 
conhecimentos fazem com que o judaísmo e os principais segmentos do cristianismo 
creditem a Moisés a autoria de todos esses livros, cujos títulos representam de modo geral 
uma síntese do conteúdo apresentado. Assim, foi dado o nome de Gênesis (começo) ao livro 
que relata a criação; de Êxodo (saída) ao livro que registra o maior fato histórico dos 
hebreus: a saída do Egito; de Levítico (dos levitas) ao texto que dá orientações aos 
sacerdotes; de Números (censo) àquele cuja ênfase está na contagem do povo e de 
Deuteronômio (literalmente, Segunda Lei) ao texto no qual está registrada a palavra de 
Moisés à segunda Geração. Entre esses livros, ressaltamos a inadequação do título Números 
por não ter sua ênfase no censo, mas na descrição das jornadas dos israelitas no deserto do 
Sinai, um palco de provisões e de tragédias que permitiu e que ainda permite a 
aprendizagem das profundas experiências com o Senhor. Essa tabela ainda nos possibilita a 
visualização geral do Pentateuco, a observação das peculiaridades de cada um de seus livros 
com as devidas articulações das idéias com as orientações e a percepção de como o fio 
histórico alinhava toda a trama bíblica dessa época. 
 
1.3 - A importância da Torá na expressão religiosa do Antigo Testamento 
 
A sociedade israelita foi formada basicamente a partir de sua visão religiosa, por isso 
não é possível separar o que era vida religiosa e o que não era, uma vez que em todas as 
dimensões da vida judaica havia um tom daquilo que era contado ou prescrito na lei. Como 
ilustração, citamos as comunidades orientais que, apesar de as considerarmos pagãs por 
questionarmos os fundamentos de suas religiões, apresentam princípios religiosos nos 
FEMICJP.COM 4 
 
diversos procedimentos adotados, tais como: alimentação, modo de vestir e tratamento dos 
animais. Israel teve melhor oportunidade em relação a outros povos, pois tinha recebido a 
Revelação do seu Criador, o Deus que fez o céu e a terra. Era intenção desse Deus que a 
comunidade israelita se tornasse um modelo para as demais comunidades no que se refere 
ao culto, à postura ética, aos compromissos sociais, ao modo de estruturar a família, ao jeito 
de administrar o dinheiro, à política e ao cuidado com a saúde. Para todas essas situações e 
muitas outras, havia uma abundância de orientação, e sempre que Israel atentou para isso a 
nação foi abençoada. 
 
O culto, exercício da dependência e da obediência ao soberano Senhor, ganhou uma 
atenção especial na Lei para que o povo hebreu, ao cultuar, assimilasse modos nobres para 
sua prática de vida. Os símbolos e representações utilizados eram levados ao altar com o 
objetivo de fazer com que o povo percebesse a presença de Deus cotidianamente e 
relacionasse essa presença com as diversas atividades executadas. Assim, cada vez que as 
pessoas levavam ofertas ao altar, tinham a oportunidade de lembrar que o Senhor era o Deus 
da provisão e da sobrevivência. Essa verdade era evidenciada em todos os trabalhos 
ocorridos no Tabernáculo (casa de Deus) através do ministério dos sacerdotes, os 
interlocutores de um povo agradecido, de uma gente que dependia plenamente do cuidado 
do Todo Poderoso. 
 
De acordo com a orientação de Deus registrada na Torá, o povo deveria ter 
procedimentos humanos e humanitários. O ideal de sociedade justa e igualitária deveria ser 
perseguido com muita seriedade para que a sociedade não fosse dividida e que não houvesse 
“bolsões” de pobreza e miséria. Todos esses cuidados seriam evidências de uma 
espiritualidade sadia e a garantia da continuidade da presença de Deus no meio do povo. 
 
No tocante aos demais aspectos da expressão religiosa, vale salientar que Deus 
prescreveu uma alimentação adequada para a manutenção da saúde do povo de Israel e 
estabeleceu normas para os procedimentos sexuais, objetivando a saúde da mulher e sua 
capacidade de procriação.Consideremos, como exemplo, a recomendação da circuncisão 
que, embora tivesse um sentido religioso e fosse símbolo do pacto entre Deus e seu povo, 
contribuiu para que as mulheres não sofressem com doenças em seu aparelho reprodutor. 
Esses fatos, descobertas recentes que ganham espaço no dia a dia dos que trabalham na área 
da saúde, permite-nos perceber a dimensão do cuidado de Deus para com seu povo e 
compreender melhor as orientações de Deus reveladas através das Escrituras. 
 
 
A partir do que foi exposto, podemos concluir que o Pentateuco, embora se constitua 
nos fundamentos históricos e doutrinários da fé judaica, é a porta de entrada da revelação 
divina que auxilia a compreensão de outros temas importantes encontrados nos demais 
livros da Bíblia. Também é necessário atentar para o fato de que essa introdução da Bíblia, 
ao contrário do que muitos acreditam, apresenta ensinamentos fundamentais para o 
exercício da fé cristã. 
 
Questão para reflexão. 
 
Como tem sido explanado, são encontrados muitos princípios e valores nas histórias 
e ensinamentos do Pentateuco. Tais princípios e valores foram fundamentais para o 
FEMICJP.COM 5 
 
desenvolvimento da vida e da fé do povo de Israel. Podemos aplicar os princípios bíblicos 
presentes no Pentateuco aos diferentes aspectos de nossa vida? Exemplifique. 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
 
 
O Começo de Tudo 
 
Este capítulo trata de fatos primordiais que envolveram a raça humana no seu todo, 
isto é, nos diferentes aspectos apresentados pelas Escrituras Sagradas, referentes à Criação. 
Esses fatos vão desde a preparação da “estrutura” pelo Senhor Criador para a chegada da 
humanidade, criação do céu e a Terra (Gn 1.1), até o momento em que se tornaram visíveis 
os resultados funestos da desobediência dos primeiros habitantes da terra (Gn ). 
 
2.1 - A criação do universo e do homem 
 
Nossa capacidade de investigação não dá conta de perceber a magnitude da criação 
do universo e da existência da vida, por isso é de fundamental importância que olhemos 
para esse fato com os olhos da fé como orienta o escritor da epístola aos hebreus que “pela 
fé entendemos que o universo foi feito pela palavra de Deus, de sorte que aquilo que é 
visível, não foi feito do que é aparente!” (Hb 11.3). Para facilitar o entendimento, tratare-
mos desse assunto observando três aspectos específicos: a pessoa do Criador, a criação do 
universo e, por fim, a criação do homem. 
 
2.1.1 - O Senhor Criador 
 
A Bíblia diz que “No princípio criou Deus...” Gn. 1.1. Deus é o sujeito da criação. 
Esta narrativa firma uma tremenda verdade: existe um Deus e todas as coisas foram feitas 
por Ele. Quando paramos para pensar sobre essa verdade somos remetidos a refletir sobre a 
natureza do Criador. Na linguagem teológica, isso é tratado por atributos, isto é, aquelas 
qualidades que são próprias da pessoa de Deus. Dentre as qualidades de Deus que se 
destacam nessa narrativa, queremos notar o seu poder, sua racionalidade e sua bondade. 
Seria impossível pensar na natureza em sua vasta dimensão e diversidade, incluindo o 
mundo animal, vegetal e mineral, sem supormos que, de uma forma maravilhosa e através 
de alguém muito poderoso, isso viesse a acontecer. 
 
As informações que temos é que tudo foi acontecendo através do poder da Palavra de 
Deus: “Haja luz” (v.3); “Haja expansão” (v.6); “Ajuntem as águas” (v.9); “produza a terra” 
(v.11); “Haja luminares” (v.14); “Produzam as águas” (v.20); “frutificai e multiplicai”, 
v.22. O Salmo (33.6,9) revela: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o 
exército deles pelo espírito da sua boca; porque falou e tudo se fez; mandou e logo tudo 
apareceu!” O poder divino evidenciou-se na sua palavra de comando. O universo e toda 
criatura são frutos da ação poderosa do Senhor Criador através da Sua Palavra. Também 
ficou evidente no Ato Criador de Deus a sua bondade: “E viu Deus que era bom” (v. 10, 12, 
18 e 21). Acerca da criação do ser humano, temos em Gênesis (1.31): “E viu Deus que tudo 
FEMICJP.COM 6 
 
quanto tinha feito, e eis que era muito bom”. Tudo isso nos permite perceber que, apesar de 
lidarmos com desafios e tragédias, a obra prima do Senhor Criador foi marcada com sua 
bondade, uma bondade que traz sabor ao paladar, prazer aos olhos e alegria à vida. 
 
O Criador é um Deus racional que pensa antes de suas ações, que age com 
planejamento e ordem e que tem propósitos bem definidos. Ele fez a Terra para produzir; 
fez os animais, plantas e peixes para sustentar o homem; e fez o homem para cuidar da 
terra. Prova dessa capacidade de Deus é que em sua criação tudo ocorreu com cuidado, 
atenção e apreciação. 
 
 
2.1.2 - O Universo e a Terra 
 
O universo e a terra foram feitos antes que o homem fosse criado (Gn 1.27). O 
Criador preparou a estrutura depois criou o homem para realizar o Seu propósito. Essa 
estrutura foi feita gradativamente, ao longo da “Semana Magna”, isto é, a semana da 
criação (Gn. 1.5,8, 13, 19, 23 e 3 ). Por ordem, depois de dar existência à Luz, que é o 
começo de toda atividade criadora, o Senhor fez o dia e a noite (v.5); distinguiu a Atmosfera 
(ar) da Litosfera, isto é, da crosta (v.8); separou terra dos mares, permitindo a porção seca 
(v. 10); criou os luminares, o sol, a lua e as estrelas (v.16); criou os animais e peixes (v.21). 
 
Algumas considerações especiais devem ser feitas. A primeira, sobre a qualidade do 
verbo empregado na língua hebraica para criar (bará), Gn 1.1,21 e 27 que pode significar 
“criar a partir do nada”, isto é, sem ter matéria-prima, e também pode significar que não 
havia precedente, ou seja, algum modelo para referência. Em ambos os casos, Deus é 
exaltado, tanto em seu poder, quanto em sua criatividade. A segunda consideração se refere 
à luz, tanto no primeiro quanto no quarto dia já existia luz. 
 
2.1.3 - A obra-prima: O homem 
 
O homem é considerado a coroa da criação, não por ter sido o último a ser criado, 
mas pelo grau de importância no contexto de toda a obra de Deus. Em Gênesis (1.26), 
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine...”, podemos 
observar que o Criador não somente fez o homem de um modo especial para realizar uma 
missão especial como também utilizou a Si mesmo como referência para essa criação. É 
preciso observar que essa referência não está relacionada a uma aparência corporal, mas 
espiritual. João (4.24) revela: “Deus é espírito e importa que os verdadeiros adoradores o 
adorem em espírito e em verdade”. Quando a Bíblia menciona braços, mãos e ouvidos do 
Senhor, vale-se de um recurso de linguagem para falar do modo de Deus nos tratar. Esse 
recurso, na teologia, é chamado de antropomorfismo (atribuição de características humanas 
a Deus). 
 
A imagem de Deus na vida do homem está nas qualidades — espiritualidade, 
racionalidade e afetividade — que o diferencia dos animais que vivem norteados por seus 
instintos. Deus é espiritual, logo, por sermos à Sua imagem, cultuamos, adoramos e oramos. 
O Criador pensa, planeja e exerce sua capacidade de criatividade, ações que também fazem 
parte do modo de agir do ser humano. Ser imagem de Deus é sentir, ter prazer, alegrias, 
tristezas, é ter emoções. É evidente que Deus percebe isso em um universo diferente do 
nosso e que Seus sentimentos não podem ser dimensionados por nossa inteligência. 
FEMICJP.COM 7 
 
Também é verdade que toda essa semelhança do homem com o Criador ficou 
comprometida após o pecado, um ato que fez com que o homem passasse a usar sua 
criatividade pró-destruição, produzindo, entre outras coisas, armas e bombas. Porém, 
apesar de tudo isso, Deus foi misericordioso e enviou seu próprio filho com o propósito de 
restaurar a humanidade. 
 
 
 
2.2 - Tentação e Queda: O momento da desintegração 
 
A tentação proposta ao primeiro casal deveria ter sido uma oportunidade relevante 
paraele; os protótipos da humanidade poderiam ter crescido em santidade e dedicação 
pessoal ao Senhor, pois se crê que o Criador ao fazê-lo sua imagem, investiu na criatura 
uma capacidade espiritual que poderia assegurar-lhe um relacionamento correto com o 
Todo Poderoso. Porém, ao contrário do que poderia ter sido, o homem, influenciado por 
Satanás, inimigo de Deus, abriu mão dessa possibilidade e resolveu percorrer o caminho da 
desobediência. 
 
Satanás, para atingir seu objetivo, influenciar o homem e atrapalhar o projeto de 
Deus para a humanidade, utilizou a figura da serpente (Gn 3.1) para fazer a proposta do 
pecado e direcionou essa proposta maligna para áreas estratégicas da estrutura do homem, a 
da concupiscência. I João (2.16) registra: “tudo que há no mundo, a concupiscência da 
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não são do Pai, mas são do mundo”. 
Gênesis traz a seguinte revelação: “vendo a mulher que aquela árvore era boa para se 
comer, e agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, 
e comeu, e deu a seu marido, ele comeu com ela” (Gn 3.6). No paralelo entre essas duas 
citações bíblicas, temos a explicação do comportamento do primeiro casal ao ceder à 
tentação. Ao perceber o fruto, sentiram a vontade de comer, foram possuídos pelo desejo de 
usufruir, concupiscência da carne; ao olharem e terem prazer, o desejo de possuir invadiu 
seus corações, concupiscência dos olhos; ao pensarem na possibilidade de experimentar, o 
desejo de serem iguais a Deus, a soberba da vida. 
 
As consequências foram inevitáveis e seus efeitos estão espalhados por entre todos 
os povos e dentro de cada ser humano. Deus tinha dito em Gênesis (2.17) que o homem 
morreria se num ato de desobediência comesse o fruto da árvore proibida; e isso aconteceu. 
A morte entrou no mundo, manifestando-se inicialmente com o rompimento da comunhão 
com Deus – o casal escondeu-se da presença do Senhor (Gn. 3.8,9). Posteriormente, a morte 
aconteceu de forma real e concreta (Gn. 4 e 5). Se isso não bastasse, foi incorporada ao jeito 
de viver do homem a tendência ao pecado, que muitas vezes no Novo Testamento é 
denominada de cobiça, carne ou concupiscência da carne. Apesar desse triste episódio, 
Deus fez promessa de restauração. Gênesis (3.15) registra: “da semente da mulher nasceria 
um que esmagaria a cabeça da serpente”. Abstrai-se daí que a semente é o Senhor Jesus que, 
através da sua obra redentora, acabaria com a força do inimigo e restabeleceria a beleza e a 
harmonia deste universo criado por Deus para um propósito especial. 
 
É de suma importância que as pessoas tenham conhecimento desse propósito 
especial de Deus para ter a tranquilidade na mente e no coração e não incorrer no fatalismo 
de que não existe uma razão especial para se viver e que um dia tudo vai acabar. 
 
FEMICJP.COM 8 
 
 
Questão para reflexão. 
 
A História da criação é um dos mais encantadores temas encontrados nas Escrituras 
Sagradas, principalmente no que diz respeito à criação do ser humano. Em seu modo de 
pensar, qual foi o maior legado do criador à sua criatura? 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
 
 
 
Os Juízos Universais 
 
Os juízos divinos sobre a humanidade, os quais estão muito relacionados às 
ocorrências que marcaram o início da raça humana, levam muitas pessoas a acreditarem que 
esses atos divinos foram ações negativas, punitivas e desagregadoras. Mas, ao contrário do 
que muitos pensam, as Escrituras Sagradas nos revelam que o Juízo de Deus foi sempre um 
ato para o recomeço, para a reconstrução e para a retomada de seu projeto original; um 
modo para permitir que o homem pudesse voltar a cultuá-Lo e amá-Lo. Foi isso o que 
aconteceu nas duas histórias que compõem este capítulo: O Dilúvio e a Torre de Babel. 
 
3.1 - O Dilúvio: A Primeira grande catástrofe natural da história. O Dilúvio, palavra 
hebraica que significa “Grande Enchente”, primeira catástrofe natural da história, ceifou a 
vida de quase toda humanidade. Dessa catástrofe, sobreviveram apenas Noé e sua família, 
oito pessoas que, obedecendo à voz de Deus, abrigaram-se dentro de uma 
 
“Arca”, uma grande embarcação. 
 
O livro de Gênesis (6.1,2 e 4) traz algumas indicações a respeito das razões para essa 
grande enchente: 
 
“Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasce-ram filhas, vendo os 
filhos de Deus, que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para mulheres, as que, 
entre todas, mais lhes agradaram... Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também 
depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram 
filhos; estes foram valentes, varões de renome, na Antigüidade”. Gn 6.1,2 e 4. 
 
Como podemos observar, os versículos acima revelam pelo menos dois problemas 
básicos que fizeram parte do cenário antidiluviano. O primeiro, foi a controvertida questão 
do casamento entre os filhos de Deus e as filhas dos homens. O segundo, a proliferação de 
gigantes, isto é, pessoas valentes. Há aqueles que afirmam que o livro de Gênesis (6.1) faz 
menção de relações sexuais que anjos (filhos de Deus) mantiveram com as mulheres bonitas 
da época, filhas dos homens. Essa argumentação é curiosa, porém desprovida de 
fundamentos bíblicos, pois nosso Senhor, quando falava sobre a vida na ressurreição, 
afirmou que “nela seremos como os anjos que nem se casam e nem se dão em casamento” 
(Mt 22.30). Isto significa que os anjos são seres com uma natureza diferenciada da natureza 
humana, sem chance de reprodução biológica e prazeres dessa natureza; são seres 
FEMICJP.COM 9 
 
assexuados. Assim, resta-nos a clássica e coerente argumentação de que a expressão “filhos 
de Deus” é uma referência aos descendentes de Sete, que formavam uma linhagem piedo-
sa, e a expressão “filhas dos homens”, às mulheres descendentes de Caim, geração ímpia, 
que usava a sensualidade como ferramenta para atrair os crentes setistas (descendentes de 
Sete). De acordo com Gênesis ( ), os descendentes de Sete (O , por não resistirem às 
tentações, mantiveram relações sexuais com as moças caimitas, descendentes de Caim (Gn 
4.17-26) e desses casamentos surgiram gigantes, aberrações genéticas na formação física 
desses mestiços. 
 
Esses gigantes, ao serem mencionados em Gênesis, capÓUVMP 4, têm sua 
estatura gigantesca associada a um caráter violento. Esse fato permite-nos abstrair que isso 
tornou um sério problema para aquela sociedade. Também fez parte dessa geração o 
orgulho exacerbado. A Bíblia, versão revista e corrigida, chama esses gigantes de famosos, 
na versão revista e atualizada, chama-os de afamados, e isso parece revelar que esses 
gigantes davam grande importância ao prestígio e 
 
à reputação. O orgulho, atrelado à violência, colocava naquela sociedade 
pessoas que abusavam do poder, apelando para a agressão como ferramentas de comando. 
 
 
Além desses problemas, Gênesis (6.5) registra um outro: “Viu o Senhor que a maldade do 
homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente má a intenção do seu 
coração”. Por todo lugar havia maldade. As pessoas nutriam prazer pela desobediência e 
pela sensualidade. Isso causou tão grande tristeza em Deus que O levou a planejar a 
extinção daquela geração. O Eterno não suporta o mal, pois Ele é o Sumo Bem e todo o seu 
projeto está fundamentado na qualidade que traz alegria para todos nós. O Senhor Criador 
foi o maior interessado nessa situação; seu arrependimento, que não deve ser entendido 
como mudança de idHia, mas sim como entristecimento, estabeleceu uma mudança, visando 
à construção de um novo cenário para a humanidade. 
 
3.1.1 - Como ocorreu o Dilúvio 
 
É impossível pensar ou falar sobre Dilúvio sem associá-lo a Noé, uma figura 
muito importante para o seu tempo e para a história bíblica. Esse herói da fé, cujo nome 
significa descanso, talvez tenha tido, já por ocasião do seunascimento, sua indicação 
profética sobre a nova ordem que seria estabelecida a partir da eliminação daqueles 
pecadores obstinados. 
 
Em Hebreus (11.7) encontramos o relato sobre algumas qualidades espirituais desse 
principal protagonista dessa história: “Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de 
acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a 
salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem 
pela fé”. Esse texto nos permite perceber que Noé foi um homem que viveu pela fé e que 
rendeu sua vontade à vontade do Criador, obedecendo à Sua palavra de comando. Tinha 
grande temor a Deus, não medo, mas reverência e respeito, uma atitude que lhe permitiu 
ouvir a voz do Senhor com muita clareza e ter entendimento dos acontecimentos futuros. 
Através da história, também temos conhecimento de que esse temente a Deus se dispôs ao 
trabalho da preparação da arca, uma tarefa não só difícil e demorada como também 
FEMICJP.COM 10 
 
ignorada por aquela sociedade. Toda essa dedicação resultou em salvação para sua casa, 
juízo aos pecadores e fez dele “herdeiro da justiça que vem pela fé”. 
 
II Pedro (2.5), um texto do Novo Testamento, refere-se a Noé como um pregador: 
“Deus não poupou o mundo antigo, mas preservou a Noé, pregador da justiça, e mais sete 
pessoas, quando fez vir o Dilúvio sobre o mundo dos ímpios”. Não temos o registro de 
nenhum de seus discursos e não somos informados acerca de “cruzadas evangelísticas” 
promovidas por esse servo de Deus, mas com certeza sua vida foi uma mensagem. Noé 
viveu de modo diferente em meio àquela sociedade. O fato de construir “algo estranho”, 
com certeza deve ter levado aquelas pessoas a alguns questionamentos e isso foi a prova de 
que pregou, que comunicou uma mensagem à sua geração. 
 
Pensar na construção de um navio em época tão remota é admitir uma sabedoria 
especial fruto de uma intervenção divina. Gênesis (6.15) diz-nos “deste modo a farás: de 
trezentos côvados será o comprimento, de cinqüenta a largura e a altura de trinta”. O 
côvado, unidade de medida da época corresponde a 45 centímetros. Sendo assim, a Arca 
tinha 135 metros de comprimento, 22,5 metros de largura e 13,5 metros de altura. Foi por 
essa razão que tantas espécies puderam ser abrigadas. Essa embarcação possuía três 
pavimentos (Gn 6.16) construídos de uma madeira resistente à água e era calafetada com 
betume por dentro e por fora (Gn 6.14). Para Noé executar essa obra foram necessários 
muitos anos de trabalho, talvez um século, pois a informação que temos em Gênesis (5.32) 
é que seus três filhos já haviam sido gerados, e que Noé, ao iniciar a obra, estava com 500 
anos. Em Gênesis (7.6), temos a informação de que quando o dilúvio das águas veio sobre 
a terra, ele já estava com 600 anos. Se foi um século, foi um tempo considerável para 
aquela geração ouvir a pregação da palavra e se arrepender de sua maldade (ver I Pe 3.20). 
E quando a arca ficou pronta, o Senhor Deus moveu o instinto dos animais para que, de 
forma organizada, entrassem na arca (Gn 7.8,9). Noé e sua família também entraram e a 
partir desse momento as águas começaram a encher a terra (O . Deduz-se das 
informações encontradas em Gênesis (8.2) que “a grande enchente” ocorreu devido às 
chuvas e ao rompimento dos lençóis freáticos. 
 
 
O dilúvio aconteceu ao longo de um ano e um mês. A Bíblia registra que era o ano 
600 da vida de Noé, quando as águas começaram a aumentar, e o ano 601, quando esse 
herói da fé retomou a vida fora da arca. Temos detalhes acerca desses 394 dias, pouco mais 
de um ano, que são distribuídos da seguinte forma: 40 dias, inundação de toda a terra e 
extinção de todo ser vivente (homens e animais); 150 dias, permanência das águas sobre a 
terra (nesse momento o Senhor Deus fechou as “torneiras” das águas); mais 150 dias, 
diminuição das águas; nos outros 40 dias, houve o envio de um pássaro para verificar a 
existência de terra; 7 dias depois, o envio de uma pomba e o retorno dessa com uma folha 
de oliveira e Noé demorou ainda uma semana para sair da arca. Esse tempo, no modo 
hebraico de contar, corresponde a 14 meses. A seguir, apresentaremos uma tabela alusiva ao 
tempo do Dilúvio. 
 
Tabela sobre o tempo do Dilúvio. 
 
Dias O que aconteceu Texto bíblico 
 
1-40 Toda terra é inundada pelas águas Gn 7.13 
FEMICJP.COM 11 
 
 
41-190 As águas prevalecem sobre a terra Gn 7.24 
 
191 – 340 As águas diminuem Gn 8.3 
 
341 – 380 Os montes são descobertos Gn 8.6 
 
381 – 387 A Terra fica seca Gn 8.10 
388 – 394 Última semana na Arca Gn 8.12 
 
 
Após a execução do juízo, o cenário estava pronto para o recomeço, mas Noé ainda 
não sabia o que deveria fazer naquele novo momento. Na primeira fase, ele havia percebido 
a maldade de sua geração (Gn 6.8e 9); na segunda, trabalhado na Arca e pregado o 
“evangelho” (Gn 6.22), porém, naquele momento, ao sair da Arca (Gn 8.18), precisava de 
norte para seus últimos 350 anos. Assim, Noé cultuou a Deus (Gn 8.20), o Senhor dos 
Pactos, que veio ao seu encontro para ministrar sua bênção a ele e à sua família (Gn 9.1) e 
estabelecer normas para a convivência entre homens e animais, dando especial atenção ao 
ambiente humano com a proibição do homicídio (Gn 9.2-6). Naquele momento, o Eterno 
convocou a família à missão de repovoar a terra através da procriação multiplicadora (Gn 
9.7) e fez um pacto, evidenciado nas cores do Arco, de não mais extinguir a humanidade 
através de enchentes (Gn 9.8-17). 
 
Apesar das diversas referências bíblicas a respeito do dilúvio, alguns se esforçam em 
defender a parcialidade dessa enchente, restringindo-a à região da Mesopotâmia (região 
entre o Tigre e o Eufrates) e afirmando ser esse o espaço povoado naquela época. Outros, 
apoiando-se em textos bíblicos, asseguram que o dilúvio atingiu todo planeta e os seres que 
nele existiam. Polêmicas à parte, consideremos o que Paul Hoff afirma: 
 
“(...) tem sido encontradas em diferentes continentes, tradições que aludem a um 
grande dilúvio, inclusive detalhes da destruição de toda a humanidade, exceto uma única 
família e a escapatória em um barco. A famosa epopeia de Gilgames, poema babilônico, 
contém muitas semelhanças com o relato bíblico, embora seja politeísta em seu enfoque. 
Parece que o dilúvio deixou uma impressão indelével na memória da raça, e que as 
tradições, por mais corrompidas que estejam, testificam do fato que houve um dilúvio”. 
(Hoff, 1983, p.39) 
 
Essas afirmações confirmam a possibilidade do dilúvio ter caráter abrangente e 
mostram que essa catástrofe marcou tão profundamente a humanidade que, em todas as 
culturas, contavam essa história. 
 
3.1.2 - Os resultados do Dilúvio para a humanidade 
 
Como afirmamos anteriormente, o recomeço foi marcado pelo relacionamento 
especial de Noé com o Senhor Criador, que fez um pacto com a humanidade e traçou um 
plano para o repovoamento da Terra. Nesse plano, o herói da fé deveria formar uma nova 
linhagem de piedosos, e isso foi possível através de seu filho Sem (Gn 9.26). No pro-
nunciamento de Noé, há afirmações de que seu filho Cam teria maus descendentes e que os 
descendentes de Jafé seriam os hospedeiros dos Semitas. Fica evidente na palavra de Noé 
FEMICJP.COM 12 
 
(Gn 9.26-29) que Sem foi o progenitor da linhagem piedosa, tendo em vista a sua 
genealogia (registro dos descendentes) nos conduzir até Abraão (Gn 11.10-31), homem 
escolhido por Deus para formar uma nação especial. 
 
O Dilúvio tornou-se modelo da ação divina, tanto no modo de castigar o pecador por 
sua insistência no pecado e falta de quebrantamento, quanto na maneira de recompensar 
aquele que é piedoso (I Pe 3.20,21). A arca, de acordo com versículos referidos, é uma 
figura de Cristo, porque representa o escape para fugirmos da ira do Todo Poderoso; as 
águassubmergiram o pecado, mas a arca elevou-os a um relacionamento mais próximo com 
o Senhor por um livramento especial, evidenciando a verdade de que o Eterno tem sempre 
um povo que O ama e que realiza seus propósitos. 
 
Em Mateus (24.38, 39) está escrito: “assim como foi nos dias anteriores ao dilúvio, 
comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, 
e não perceberam, até que veio o Dilúvio, e os levou a todos, assim será a vinda do Filho do 
Homem”. Estas palavras mostram o valor profético do Dilúvio. Se esse juízo é figura da 
salvação, também é indicador da indiferença espiritual característica da geração que estiver 
na terra por ocasião da vinda do Senhor. Aquela geração se apegou às coisas temporais, tais 
como: comida, casamento e festas. Coisas legítimas, porém não prioritárias no 
relacionamento com Deus. É isso que tem ocorrido em nosso tempo. As pessoas são 
materialistas, valorizam demasiadamente o “aqui e o agora” e não se preocupam com os 
ensinamentos de Deus, com o viver correto. Ignoram que, brevemente, “o Filho do Homem 
virá à hora em que não penseis” (Mt. 24.44). 
 
3.2 - A torre de Babel e o surgimento das Etnias 
 
Após o Dilúvio a população da terra cresceu e formou três grupos distintos a partir 
dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. 
 
Esses troncos já existiam em potencial, porém a terra toda era de uma mesma língua 
(Gn 11.1). No capítulo anterior (Gn 10.5,20 e 31), há referências aos grupos étnicos, com 
suas respectivas línguas, mas isso se tornou realidade só depois da confusão das línguas em 
Babel (Gn 11). Esse novo juízo mostra o cuidado de Deus em levar adiante seus projetos. 
Ficou evidente para os sobreviventes do Dilúvio, com quem o Senhor fizera um pacto, que a 
humanidade deveria se multiplicar e povoar a terra. Mas, ao contrário do que deveriam 
fazer, decidiram ficar juntos e construir um edifício, a Torre de Babel. Vejamos o que a 
Bíblia registra sobre esse intento: 
 
“E aconteceu que partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinear, e 
habitaram ali. E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi 
lhes o tijolo por pedra e o betume por cal. E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e 
uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome para que não sejamos 
espalhados sobre a face de toda terra”. Gn 11.2-4. 
 
Esse texto nos revela que eles não desejavam ser espalhados pela terra. No tratado 
que fizeram sempre usaram os verbos na primeira pessoa do plural: façamos, queimemos 
(v.3); edifiquemos, façamos, sejamos (v.4). A resolução era conjunta, porém feria 
diretamente a orientação do Criador quando dissera no pacto, “mas vós frutificai e 
multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra e multiplicai-vos nela” (Gn 9.7). 
FEMICJP.COM 13 
 
Estabelecidos em uma mesma localidade, a missão não seria cumprida, pois o planeta não 
seria povoado. A segunda informação que esse texto nos traz é a de que a torre funcionaria 
como “Memorial da Humanidade”. No projeto deles, a preocupação era “fazer um nome 
para não serem espalhados sobre a terra”, um ato não apenas de desobediência, mas também 
de soberba. A última informação sobre a torre e que merece nossa atenção é que, com a 
construção, queriam “tocar os céus” (v.4). Tais atitudes talvez tenham sido incitadas por 
Ninrode, homem influente da época, acerca de quem a Bíblia diz que foi “o primeiro grande 
conquistador do mundo” (Gn 10.8). 
 
Ninrode fundou um reino com oito cidadesestado (Gênesis 10.10-12), que remonta 
às primeiras civilizações da Mesopotâmia. Entre essas cidades está Babel (local do projeto 
da torre), cujo nome posteriormente veio a ser Babilônia, o berço da astrologia, um 
procedimento espiritual fundamentado nos astros como recurso para a orientação humana, o 
qual continua a ser praticado nos dias atuais. Essa região, após a “confusão das línguas”, 
também foi marcada pelo surgimento dos Zigurates, prédios feitos para observação dos 
astros. Deus, ao tratar com o seu povo, sempre teve o cuidado de adverti-lo acerca destas 
práticas, pois elas roubam o espaço da legítima orientação de Deus (Is 47.13, II Rs 17.16). 
 
 
3.2.1- Babel e Pentecostes 
 
Babel e Pentecostes, embora sejam acontecimentos bastante distintos, apresentam 
um ponto em comum, o fenômeno linguístico (Gn 11 e At 2). Babel, pelo aparecimento das 
línguas como ferramentas de comunicação entre homens, e Pentecostes, pelo surgimento 
das línguas como instrumento de comunicação com Deus, sinais de Deus para os homens. 
Em Babel, a humanidade se rebela para construir o seu próprio projeto e Deus os impede. 
Em Pentecostes, os crentes se humilham para a construção do projeto divino e Deus, com 
Sua presença, alavanca a missão. Na primeira, língua aparece como castigo, como 
dificuldade; na segunda, língua é uma bênção, um louvor e expressão da glória de Deus. 
 
É necessário estarmos atentos para o modo de Deus agir e lembrar que as 
Escrituras nos contam acerca dos Juízos que executou sobre a humanidade. Sempre que 
toma essa decisão, assim faz para resgatar a legitimidade de seu projeto para as suas 
criaturas amadas. 
 
Questões para reflexão. 
 
1- De acordo com afirmações feitas nesse capítulo, ficou claro que o Dilúvio foi uma 
intervenção divina através da manifestação de Seu juízo para redirecionar a história da 
humanidade. Você pode alistar as razões básicas para o juízo através do Dilúvio? 
 
2- A lógica humana reluta em admitir que situações dolorosas possam desempenhar 
um papel importante na experiência humana. É possível explicarmos a manifestação da 
misericórdia de Deus no episódio do Dilúvio, visto que tantas coisas foram destruídas e 
tantas pessoas foram mortas? 
 
3- A história é uma fonte de lições. Diz-se que podemos aprender até mesmo com os 
erros dos outros. O Dilúvio foi um fato que estampa lições até os dias atuais. Aliste alguns 
ensinamentos a partir do Dilúvio. 
FEMICJP.COM 14 
 
 
 
4- Aparentemente o projeto de construção de uma torre não possui nada de errado, 
afinal as pessoas são livres para realizarem o que entendem ser necessário e prazeroso. O 
que estava errado com a geração de Babel ao realizar aquele projeto? 
 
 
 
 
CAPÍTULO 4 
 
 
 
Gente Antiga e Importante 
 
Os patriarcas, Abraão e Isaque, as primeiras pessoas a serem usadas por Deus para a 
formação da importante nação de Israel, deixaram como maior herança a seus descendentes 
a espiritualidade e o relacionamento com o Deus eterno. Suas histórias de lutas e desafios, 
de vitórias e conquistas permitem um fortalecimento da fé, pois possibilita a reflexão sobre 
a grandeza do projeto que o Grande Yahweh tem para com a humanidade. Para 
entendermos melhor a importância desses heróis da fé para o projeto divino, analisaremos 
neste capítulo os aspectos que marcaram a vida desses homens e os tornaram tão impor-
tantes na realização do plano de Deus para a nação de Israel e também para a humanidade. 
 
 
4.1 - Abraão, o amigo de Deus 
 
Por volta de 2.000 a.C., em Ur dos caldeus, uma das mais prósperas cidades da 
Mesopotâmia, hoje sul do Iraque, teve início a intrigante e significativa história dos hebreus. 
Abraão, cujo nome significa pai de uma grande nação, foi chamado por Deus. Nesse 
chamado Deus disse: 
 
“Ora, o Senhor disse a Abrão: sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu 
pai, para a terra que mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e 
engrandecerei o teu nome e tu serás uma benção. E abençoarei os que te abençoarem e 
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Gn 
12.1-3. 
 
Essa convocação divina, como encontramos em Atos 7.2-4, teve seu cumprimento 
em duas fases distintas. A primeira, quando Abraão deixou a cidade de Ur com toda sua 
família. A segunda, quando Deus ordenou-lhe que fosse à terra de Canaã. O cumprimentodesse propósito ocorreu assim porque, à medida que tinha novas experiências espirituais, 
avançava um pouco mais, executando os projetos de Yahweh. Era de fundamental 
importância que Abraão saísse de Ur dos caldeus e fosse a Canaã, pois era ali que 
demonstraria a sua fé e firmaria as raízes para a formação de seu povo. 
 
 
A história de Abraão, que faz parte da história da nação de Israel, foi significativa 
porque, dentro do plano elaborado por Deus para abençoar as outras nações, ela foi a 
FEMICJP.COM 15 
 
principal ferramenta. Apesar de muitas vezes incompreendido e hostilizado, o povo hebreu, 
representante do Criador, recebeu uma revelação especial. Nessa revelação, havia uma 
proposta de vida melhor do que aquelas ligadas a outros sistemas religiosos, a qual serviria 
para as nações futuras. Deus precisava forjar um modelo nesse momento e colocá-lo em um 
lugar estratégico, de onde o testemunho do Senhor fosse visto e compreendido. Pela 
disposição que Abraão teve em ouvir o Senhor e se envolver no projeto que lhe fora 
apresentado, Deus o teve na mais alta consideração, chamando-o de amigo (Tiago 2.23). 
Essa amizade permitiu a Abraão falar com Deus, ser visitado por Ele, e ouvir, de primeira 
mão, planos especiais que o Senhor tinha consigo e com a sua descendência. 
 
Canaã, na época de Abraão, era habitada por sete nações: heteus, jebuseus, 
girgaseus, amorreus, heveus, cananeus e perizeus, povos pequenos e sem força política, que 
muitas vezes estavam sob o controle de povos mais poderosos como os babilônicos e 
egípcios, os quais tinham grande interesse naquele território, por esse estabelecer ligação 
entre os três continentes mais antigos: Ásia, Europa e África. Dessa forma, em termos 
geográficos, a Terra de Canaã tornava-se o centro do mundo conhecido, aspecto muito 
importante no plano estratégico de Deus, que era o de alcançar e abençoar todas as etnias 
da terra. Essa ação abençoadora de Deus implicava usar um povo especial em um local que 
permitisse fácil contato com os povos antigos. 
 
Abraão, desde sua saída de Ur (sul do Iraque), sua passagem por Harã (5VSRVJB) e 
peregrinações na terra de Canaã, nunca possuiu terra nenhuma, exceto o terreno onde foi 
sepultada sua esposa Sara, no túmulo de Macpela. Porém, enquanto fazia essa história, com 
desdobramentos significativos, nutria a esperança de que um dia a promessa do Senhor se 
realizasse de forma integral em sua vida. Em Hebreus (11.8) seu escritor diz que “(...) 
sendo chamado obedeceu, indo para um lugar que haveria de receber por herança”. 
 
Do capítulo 12 ao 25 do livro de Gênesis, temos o relato dos principais fatos ligados 
à história do patriarca Abraão. Podemos ver como foi a sua chamada e suas primeiras 
peregrinações por Canaã (Gn 12); seu envolvimento solidário na defesa do território de 
Canaã e o seu encontro com o sacerdote e rei Melquisedeque (Gn 14); o recebimento dos 
anjos em sua casa e sua intercessão pelas cidades pecadoras, Sodoma e Gomorra (Gn 18); o 
cumprimento da promessa de recebimento de um filho, nascimento de Isaque (Gn 21) e sua 
resistência diante da prova de oferecer seu filho em sacrifício (Gn 22). 
 
A história de Abraão foi tão forte que é do interesse das três religiões monoteístas do 
mundo: o judaísmo, o islamismo e o cristianismo. O local onde passou uma boa parte de sua 
vida e onde foi sepultado, Hebrom, hoje conta com o interesse e a apreciação de adeptos 
desses diferentes segmentos, existindo, nesse local, mesquitas muçulmanas, sinagogas 
judaicas e templos cristãos. 
 
4.1.1 - A fé de Abraão 
 
Abraão, também chamado de “o pai da fé” e o “pai dos crentes” (Gl 3.7,9 e 29), foi 
um homem que teve uma vida dedicada a crer em Deus, a obedecer-Lhe e a relacionar-se 
com Ele. Essa figura de vida exemplar enfrentou grandes desafios ao cultuar o Deus certo 
em meio aos pagãos e ao acreditar na realização de uma promessa feita pelo Senhor. Para 
isso, precisou ter muita fé, coragem e determinação. 
 
FEMICJP.COM 16 
 
Esse homem manifestou uma grande fé para cultuar o Deus certo em meio aos 
pagãos. As culturas da época eram marcadas por procedimentos religiosos que mais 
retratavam a malícia e maldade humana do que a genuinidade e pureza da fé. Tanto a 
religião de Ur dos caldeus como a dos cananeus tinham como pilar o culto aos deuses; 
ambas contavam com panteões bem compostos e articulados, cujos deuses brigavam entre 
si, praticavam atos violentos e imorais na defesa de seus interesses, e muitos deles 
promoviam orgias e liberações sexuais. Também esse último segmento (cananeu) 
incentivava sacrifícios humanos e a prostituição como expressão de adoração nos templos. 
Essas sociedades possuíam ídolos, rituais e objetos que caracterizavam o modo de viver dos 
seus membros. Tudo girava em torno de uma religiosidade criada para satisfazer o ego das 
pessoas, para permitir-lhes um prazer barato e descompromissado. Foi nesse contexto que a 
fé desse grande homem ganhou forma, pois seguiu o caminho que não era o da maioria, 
recebeu uma revelação pessoal do projeto do Deus Todo Poderoso e esforçou-se para 
expressar a fé na orientação que a revelação lhe trouxe. Em diversas partes da Bíblia, 
encontramos relatos sobre a construção de altares por Abraão dedicados ao Deus Todo 
Poderoso e, em momento algum, cultuando nos altares pagãos. (Gn. 12.7,8; 21.33 e 22.9). 
Devido a esse zelo devocional, foi o precursor do monoteísmo para o segmento judaico-
cristão. Sua fé foi fundamental nesse momento para o resgate do culto certo, o culto ao 
Deus criador dos céus e da terra. 
 
 
 
Por fim é necessário ver como Abraão se relacionou com a promessa feita pelo 
Senhor à sua vida. Ao tratá-lo, Deus apresentou-lhe um plano e fez esclarecimentos sobre a 
concretização desse plano. Yahweh disse que esse plano incluía uma descendência, uma 
terra e uma bênção (Gn 12.1-3; 14.13-17; 15.5-7; 17.1-8). Essas promessas, sérias e 
significativas, pareciam impossíveis de serem concretizadas, pois como um casal de 
estrangeiros, idosos e com dificuldades de procriação poderia ter uma descendência 
numerosa, ser proprietário de uma terra e receber uma bênção especial para terem a missão 
de influenciar outros povos, visto que ainda não possuíam sequer descendentes. Ali estava o 
desafio da fé, e, apesar das crises e dificuldades, o nosso patriarca abraçou essa promessa e, 
em momento algum, abriu mão da esperança, antes treinou o coração desejando ver seu 
cumprimento (Hb 11.8-10). 
 
Essa fé foi imprescindível à missão de Abraão, principalmente, quando, em um teste 
de fé, Deus lhe pediu o sacrifício de seu único filho. Esse homem, sem perder a confiança 
em Deus, acreditou que seu filho ressuscitaria dos mortos (Gn 22 e Hb 11.17 
1 ) e multiplicaria seus descendentes a ponto de serem numerosos como “as estrelas 
dos céus” (Gn 15.5). Com relação à possessão da terra, houve muitas lutas e disputas 
decorrentes: da cobiça de Ló (Gn 13); das invasões dos reis vindos da Mesopotâmia (Gn 
14); da força dos filisteus (Gn 21.25) e da destruição das cidades Sodoma e Gomorra, que 
foram incendiadas pelo Justo Juiz (Gn 19.24-29). 
 
A fé não teve pressa, pois garantias havia acerca da possessão de Canaã. Deus havia 
dito a Abrão em Gênesis (15.13-16) que seus descendentes seriam peregrinos na terra e que 
400 anos mais tarde ocupariam permanentemente aquela nesga (tira), que vai desde o 
Líbano até o Egito. Isso aconteceu e é um fato histórico até nossos dias. Por 
aproximadamente 100 anos Abraão peregrinou na terra de Canaã (Gn 16.3 e 25.7) e em 
FEMICJP.COM 17 
 
seus dias nada possuiu, senão o campo onde estava o sepulcro onde fora sepultado (Gn 
23.16 
 1 e 25.7 e 8). Não obstante, creu e quem viveu depois viu como a fé de Abraão 
virou história; os hebreus marcaram as civilizações antigas, cumpriram o propósito de Deus 
revelado a Abraão e aquelabênção que foi prometida ao patriarca e à sua descendência nos 
alcançou, pois Jesus, o descendente direto de Abraão, foi enviado pelo Pai para salvar 
pessoas de todas as nações da terra. 
 
 
 
 
4.2 - Isaque, o Filho da promessa. 
 
Isaque foi personagem importante na construção da base progenitora da nação de 
Israel. Não teve a mesma notoriedade de seu pai Abraão, porém manteve-se com o mesmo 
compromisso e fé que tivera seu pai. Sua história, embora singular e simples, foi marcada 
por fatos significativos e relevantes àqueles que estudam as marcas da fé na antiga aliança. 
Ao pensarmos em Isaque, o filho da promessa, devemos lembrar do esforço de Abraão e 
Sara para ver nascer um descendente. Essa necessidade ficou mais evidente com o apareci-
mento de Ismael, gerador de crises dentro da casa patriarcal. Outro momento que merece 
observação é aquele quando Isaque se torna o protagonista principal de um dos episódios 
mais comentados do livro dos Começos – o sacrifício de Isaque. Na sequência desses 
momentos vividos por esse personagem, encontramos relatos de como a fé esteve presente 
na formação de sua família, em especial, em seu casamento, e no modo de enfrentar seus 
desafios. 
 
4.2.1 - Alguns desafios 
 
Assim como Abraão, Isaque enfrentou alguns desafios, que, direta ou indiretamente, 
solidificaram sua fé e o levaram para mais perto da promessa feita a ele por Deus (Gn 21.12 
e 26.3-5). O primeiro grande desafio enfrentado por esse herói foi o “problema Ismael”, que 
decorreu da sugestão de Sara para que Abraão tivesse um filho com Agar, uma escrava (Gn 
16.3). Essa atitude permitida e bastante comum naquela sociedade só passou a ser um 
problema quando Sara se percebeu grávida (Gn 16.4). Nesse momento, o nascimento de 
Isaque, seu filho, passou a ser motivo de escárnio e de zombaria, atitudes que contribuíram 
para que Abraão despedisse Ismael e sua mãe Agar (Gn 21.9,14 a 21). A existência de 
Ismael ajudou a construção da identidade de Isaque como o sucessor legítimo da promessa, 
pois foi dito pelo próprio Senhor: “Em Isaque será chamada a tua descendência.” (Gn 
21.12). Toda essa história possibilitou ao novo patriarca a percepção do teor do projeto que 
se realizava em sua família e o conhecimento do Deus que conduzia esse momento da 
história. 
 
O segundo desafio de Isaque, registrado em Gênesis 22, refere-se à história do seu 
sacrifício, ou melhor, de seu “quase” sacrifício. Esse fato ocorreu em um momento especial 
da família patriarcal, quando Deus submeteu seu servo Abraão a uma prova: o sacrifício de 
Isaque (Gn 22.2). Essa não era prova apenas para Abraão, mas também para Isaque, pois 
este já não era mais uma criança, mas um jovem (Gn 22.5,12). Ele sabia perfeitamente o 
que Deus estava propondo ao seu pai e como isso resultaria em sofrimentos e dificuldades 
para si. Apesar disso, submeteu-se totalmente a Deus, exercitando-se na mesma fé que seu 
FEMICJP.COM 18 
 
pai possuía como fundamento (Hb 11.18-20). O final dessa história mostra a aprovação de 
Deus a esses fiéis e a substituição de Isaque por um carneiro, que apareceu como ‘provisão’ 
para que a promessa fosse concretizada (Gn 22.13 e 14). 
 
O terceiro desafio de Isaque foi seu casamento. Esse lindo episódio ocorreu algum 
tempo depois da morte de Sara, fato que lhe trouxe um vazio (Gn 24.63). Nesse contexto, o 
servo principal de Abraão foi orientado a ir até Harã, norte da Mesopotâmia, (hoje 
5VSRVJB) para buscar uma esposa para o jovem patriarca. Cada etapa desse grande 
desafio foi marcada com fé, oração (Gn 24.2-4, 11-14 e 60) e milagres especiais (Gn 24.15-
21). Ao fim dessa etapa, a escolhida, Rebeca, uma mulher movida pela fé, deslocou-se de 
sua terra, casou-se com Isaque, mostrou-se uma esposa querida e se transformou em um 
importante elo na história dos hebreus (Gn 24. 60 
6 ). 
 
O quarto e último desafio está relacionado ao seu conflito com os filisteus (Gn 26). 
Naquela terra de peregrinações, Gerar, os nativos dificultavam a estada de Isaque e de sua 
família, entulhando os poços que eram fontes de recursos para a sobrevivência desses (Gn 
26.15-22). Diante daquela situação, Isaque teve uma atitude de fé, coragem e confiança 
naquele que disse: “Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas porque eu sou contigo, e 
abençoar-te-ei e multiplicarei a tua semente por amor de Abraão, meu servo” (Gn 26.24). 
Isaque não ressentiu e nem ficou desanimado, pois outros poços foram abertos, permitindo 
assim a continuidade de seus projetos naquela terra. 
 
Diante do que foi exposto, podemos perceber a importância da história de Isaque, um 
homem que guardou a fé que recebeu de seu pai Abraão e prosseguiu na mesma direção da 
promessa. Suas lutas se constituíram em oportunidades para cultivar o relacionamento com 
Yahweh e não permanecer à sombra da fé de seu pai, uma atitude que deu prosseguimento 
a solidificação do propósito de Deus para a humanidade. Entre suas lições, passadas através 
de sua própria história, está a de confiar em Deus mesmo que as circunstâncias sejam 
totalmente contrárias, um procedimento que deve ser sempre mantido pelo crente. O cristão 
deve sempre ter em mente que precisa caminhar por fé, não por vista, e lembrar que 
grandes resultados sobrevirão àqueles que assim procederem. 
 
 
Questões para reflexão. 
 
1- Percebe-se que Abraão foi um herói da fé, uma pessoa muito importante em um 
projeto que atendia aos interesses de Deus. Por essa razão, esse patriarca cultivou valores e 
princípios que contribuíram para a realização de sua missão. Que lições práticas podemos 
extrair da vida de Abraão para aplicar em nossas vidas? 
 
 
2- Todo e qualquer projeto, grande ou pequeno, implica desafios. Muitas vezes, os 
desafios enfrentados por uma pessoa são semelhantes aos enfrentados por outra pessoa. Em 
que sentido os desafios de Isaque foram semelhantes ao de seu pai Abraão? 
 
 
CAPÍTULO 5 
 
FEMICJP.COM 19 
 
 
 
Os Continuadores da Promessa 
 
O sólido projeto estruturado em Abraão e Isaque, que visava a formação das bases da 
nação de Israel, ganhou continuidade em Jacó e José. Nessa continuidade do projeto, 
assunto deste capítulo, observaremos a importância de Jacó e seu filho José para a 
solidificação do plano feito por Deus, o qual só seria possível se esses descendentes 
mantivessem seus olhos na Promessa feita por Deus aos seus pais Abraão e Isaque. 
 
Jacó e seu filho José foram homens que enfrentaram grandes desafios e que, por 
diversas vezes, foram incompreendidos e até mesmo maltratados. Esses homens 
vivenciaram momentos que aos olhos humanos pareciam ser o fim, mas foram corajosos e 
exercitaram a fé, realidade em seus ancestrais. Abordaremos esses indivíduos a partir 
daquilo que foi a marca principal em sua experiência de vida; em Jacó olharemos para a sua 
transformação e em José para sua fidelidade e confiança no Deus todo poderoso. Jacó e José 
unem-se aos dois primeiros patriarcas, estudados anteriormente, formando o time dos 
progenitores da nação de Israel, o povo que foi chamado por Deus para ser “luz para os 
gentios”, isto é, para testemunhar de Deus dos Seus feitos e ensinos às outras nações. Ao 
pensarmos neles, observaremos como o Senhor dirige a história daqueles que, apesar de 
seus limites e desafios, contam com a graça e o poder de Deus. “Pela fé, Jacó, próximo da 
morte, abençoou cada um dos filhos de José e adorou encostado à ponta de seu bordão. Pela 
fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de 
seus ossos” (Hb 11.21,22). 
 
5.1 - A Luta de Jacó com Deus e com os homens 
 
Jacó é dos personagens do Antigo Testamento cuja história é uma das mais 
tumultuadas. Sua história, registrada a partir de Gênesis 26, mistura-se com a de seu pai 
Isaque e de seu filho José. Apesar de muitos dos fatos e experiências desse patriarca estarem 
relacionados asua vida familiar e a seu relacionamento com seus pais e com seu irmão, há 
também uma experiência no exterior onde conheceu suas mulheres e onde trabalhou para a 
sustentação de sua família. 
 
A vida desse servo de Deus pode ser olhada em três momentos especiais: primeiro 
em Canaã; depois em sua estada em Padã-Harã e, por fim, em seu retorno a Canaã. O 
primeiro momento se refere à construção da base de seu relacionamento familiar; o 
segundo, à sua experiência com o trabalho e formação de sua família; e o terceiro ao 
momento do encontro e reconciliação com seu irmão. Podemos perceber em sua história, 
um crescente desenvolvimento em sua vida espiritual desde o 
 
momento em que vivia à sombra da experiência de seus antepassados até o momento 
em que teve profundas experiências com o Senhor, quando O adorou em altares dedicados a 
Yahweh. 
 
 
A vida desse patriarca apresenta-nos lições importantes, verdades profundas que 
devem ser consideradas e seguidas por aqueles que se sentem chamados ao projeto do Todo 
Poderoso. Entre essas lições, destacamos: a não preferência por determinado filho; a não 
FEMICJP.COM 20 
 
utilização de meios ilícitos para conquistar o que se deseja; o pedido de perdão, quando 
necessário; a não permissão da preservação de sentimentos negativos; a oração e a busca da 
presença de Deus em épocas difíceis; e a construção de altares como marcos em nossa vida 
devocional. 
 
5.1.1 - A experiência familiar de Jacó 
 
Temos um breve, porém significativo relato sobre a experiência familiar de Jacó, um 
importante momento de sua vida. Esse relato, registrado no livro de Gênesis, desde o 
capítulo 25, versículo 21 até o capítulo 28, versículo 5, traz informações pertinentes ao seu 
nascimento, seu relacionamento com os pais, a disputa pela primogenitura e a bênção 
recebida. Fatos que culminaram no rompimento com a casa dos pais e na busca de um novo 
espaço. Esse rompimento ocorreu principalmente por dois fatores: a importância dada por 
Yahweh à família e a preferência filial. 
 
A Família, uma das instituições mais sagradas e encantadoras, por ser um espaço de 
ação pensado e escolhido pelo Senhor Yahweh para realizar seu maravilhoso plano, em 
diversos momentos da história, sofreu, sérios ataques e enfrentou grandes desafios. Com a 
família de Jacó não foi diferente. Seus pais, Isaque e Rebeca, estavam no lugar certo, na 
hora certa, e com uma promessa certa, todavia a arte de construir o lar, não foi aprendida 
muito cedo. Cedo sim começaram a aparecer os desafios, e o primeiro foi a presença da 
preferência filial. Gênesis (25.28) diz-nos que “Isaque amava a Esaú, porque a caça era do 
seu gosto; mas Rebeca amava a Jacó”. Esse amor dividido entre filhos não contribuiu em 
nada para o fortalecimento daquela casa, ao contrário, foi abertura para a entrada da 
competição, disputa e rivalidade entre os irmãos. 
 
Com o passar do tempo esse amor preferencial por um filho em detrimento do outro, 
foi fertilizando terras que muito rápido começaram a frutificar. Não demorou muito até que 
surgiu o primeiro grande conflito, a tomada da Primogenitura. Primogenitura era a condição 
estabelecida por direito ao filho primogênito, isto é, o primeiro filho de sexo masculino 
nascido na família. A ele eram dados alguns privilégios e também algumas 
responsabilidades. Teria ele a maior parte da herança da família, o direito a uma bênção 
especial e à autoridade, transferida pelo pai, dando status e nome. Era também seu dever 
assistir seus pais em idade avançada, dando-lhes toda assistência e amor. Gênesis (25.29- 
 
34) registra que Jacó sendo o irmão mais novo (como gêmeo de seu irmão, nasceu 
por último) foi oportunista, tomando de seu irmão Esaú esse privilégio, oferecendo-lhe em 
troca um prato de sopa. Por conta dessa fragilidade de Esaú, o escritor da epístola aos 
Hebreus (12.16), de profano, dizendo: “e ninguém seja fornicador ou profano, como Esaú, 
que por um manjar, vendeu seu direito de primogenitura”. Apesar da atitude do irmão não 
ter colocado ressentimento em seu coração, foi uma abertura para que em outro momento 
sua fragilidade fosse novamente explorada, levando-o à perda da bênção. 
 
A bênção era uma oração especial feita pelo pai um pouco antes de sua morte, 
fazendo atribuições especiais ao filho primogênito, invocando uma graça especial, para que 
esse filho ocupasse um lugar de distinção no plano de Deus. Muitas vezes ocorriam 
profecias especiais que previam bênçãos e prosperidades, falando de um futuro promissor, 
quando seus descendentes viriam a construir uma história bonita e abençoadora. Existia a 
previsão de uma bênção que Isaque repassaria a Esaú, mas quem de fato foi abençoado foi 
FEMICJP.COM 21 
 
Jacó. Novamente o irmão mais velho é esvaziado de um dos seus direitos. O velho pai 
estava bem idoso e, por sensibilidade espiritual, percebeu que sua partida estava chegando 
(Gn 27.1 e 2). Então, chamou Esaú e pediu-lhe que fizesse um jantar especial para 
celebrarem a transmissão da bênção (Gn 27.3 e 4). Rebeca escutou a conversa e orientou 
Jacó a enganar seu pai, passando-se por Esaú, podendo assim receber aquela impetração 
especial, retirando de seu irmão também esse precioso bem espiritual. Jacó foi abençoado 
em lugar de Esaú, quando Isaque disse: “Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus e das 
gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto. Sirvam-te povos, e nações se encurve a 
ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvam a vós. Malditos sejam os 
que te amaldiçoarem e benditos sejam os que te abençoarem” (Gn 27.28,29). Essa bênção 
referia-se a provisões, incluindo a fertilidade da terra e o sustento para casa; ao domínio 
sobre pessoas e povos; e, por último, à garantia de segurança para obtenção de vitória e de 
superação sobre os inimigos. 
 
A perda da bênção trouxe muita amargura para o coração de Esaú, pois o 
pronunciamento de Isaque a ele foi vazio, pois apenas disse que seria pai de uma nação e 
que se alimentaria das gorduras da terra. Isaque não fez menção de um propósito especial 
de Deus para si e seus descendentes (Gn 27.39 e 40), como havia feito quando abençoou 
Jacó. O sentimento foi crescendo e amadurecendo em seu interior, e por essa razão 
“aborreceu Esaú a Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e 
Esaú disse em seu coração; chegar-se-ão os dias de luto de meu pai, então matarei a Jacó 
meu irmão” (Gn 27.41). A inimizade estava viva e arraigada em Esaú. Rebeca percebeu a 
situação e orientou Jacó a viajar para o exterior, indo à 5VSRVJB, a uma região chamada 
Padã-"rã, à casa de parentes para safar-se da fúria do irmão lesado e irado. Esse contexto 
apresentado é o pano de fundo para uma história marcada por profundas experiências com 
Deus. É bom lembrarmos que a movimentação na história desse indivíduo não foi 
BQFOBT resultado de erros cometidos por seus pais, um casal piedoso, o qual possuía a 
promessa de descendentes e orava acerca dessa promessa, mas a oportunidade de Jacó para 
ter suas próprias experiências e caminhar nos propósitos do Senhor. Jacó teve boas 
oportunidades para rever seus conceitos e para organizar-se dentro de um programa 
espiritual que fora pensado para ele. Percorreu caminhos difíceis, mas isso lhe ensinou 
preciosas lições; e aprendeu a importância do culto, por causa disso, foi um construtor de 
altares. Essa espiritualidade permitiu-lhe que se tornasse mais fraterno e humilde e que 
tivesse a força do perdão e a constante presença de Deus em sua vida. O conhecimento 
desses fatos nos permite concluir que as crises 
 
são momentos especiais que permitem o amadurecimento do caráter e 
o aprofundamento das experiências com o grande Deus. 
 
5.1.2 - Os altares na experiência espiritual de Jacó 
 
Os altares, memoriais para os adoradores da velha aliança, eram lugaresconsagrados 
ao Senhor para oferendas. Construídos com pedras que permaneciam no local por séculos, 
transformavam-se em pontos de adoração coletiva e centros de decisões nacionais a partir 
de experiências especiais marcadas pela presença de Deus. Jacó teve a oportunidade de 
construir diversos altares em sua trajetória de fé, porém três deles se destacam por terem 
sido construídos em momentos de enormes desafios para esse patriarca. São eles, Betel, 
Peniel e El-Betel. 
 
FEMICJP.COM 22 
 
5.1.2.1 - Betel 
 
O primeiro altar, Betel, cujo significado é casa de Deus, está intim-mente ligado à 
fuga da presença do furioso Esaú (Gn 28). O momento era de lutas internas, temores e 
expectativas. Jacó saiu em direção à casa dos parentes de sua mãe (Padã-"rã) e naquela 
primeira noite, Deus apareceu a ele através de uma visão. Na visão, havia uma escada que 
ligava a terra aos céus e através dela os anjos transitavam (Gn28.12,13). Deus, com essa 
visão, queria mostrar a Jacó que existia um caminho mais excelente que ele poderia 
percorrer, o caminho do relacionamento com Yahweh, o Deus que havia chamado Abraão e 
Isaque e que desejava relacionar-se também com Jacó. Ao percorrer esse caminho, teria 
condições suficientes para enfrentar novos desafios e também contaria com a garantia de 
uma cobertura espiritual para sua vida ao formar sua nova família em Padã-"rã. Na casa de 
Deus, o patriarca fugitivo ganhou suporte. Estava no relento, mas se sentiu aconchegado nos 
braços do Senhor, tendo a percepção de que o céu era o lugar do trono de Deus e a terra o 
estrado de seus pés. Jacó viu o interesse divino por sua vida e ali fez um voto. Um voto que 
o vinculava a uma esperança, que o fazia crer em um futuro abençoado. Assim disse: “Se 
Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e roupa 
para vestir e em paz tornar a casa de meu pai, Yahweh será o meu Deus!” (Gn 28.20 e 21). 
Apesar do histórico religioso, somente naquele momento é que começou a priorizar os 
interesses do Eterno Senhor. Os próximos capítulos de Gênesis (29-31) relatam milagres 
financeiros e estruturação de uma grande família, porém algumas coisas ainda estavam por 
acontecer. 
 
 
5.1.2.2 - Peniel 
 
O segundo altar foi Peniel – a face de Deus. Jacó estava retornando ao seu antigo 
lar, Canaã, com recursos financeiros, família e promessas do Senhor a respeito de um plano 
especial naquela terra. Ao retornar, teria de resolver um grande problema: conseguir o 
perdão de seu irmão e reconciliar-se com ele. Enquanto refletia sobre isso, um ser an-gelical 
MVUPV DPN FMF, bem de madrugada (Gn 32.24). Esse ser fez uma ministração ao 
coração de Jacó, tocando no seu ponto nevrálgico, sua deficiência de caráter. Jacó, cujo 
nome tornou-se sinônimo de enganador, havia enganado pessoas a sua volta, por isso 
deveria sofrer uma mudança de nome e uma transformação em seu caráter. A partir daquele 
momento, Jacó passou a se chamar Israel, príncipe de Deus. Essa experiência foi uma 
preparação para encontrar-se com seu irmão: “Esaú correu-lhe ao encontro e abraçou-o e 
lançou-se sobre o seu pescoço e beijou-o, e choraram” (Gn 33.4). O nó estava sendo 
desatado, os canais desobstruídos e as feridas curadas (O 
 
Como aconteceu com Jacó, temos preciosas oportunidades quando podemos refletir 
sobre nossas posturas, repensar nossos valores e resgatar o que tínhamos de mais importante 
– o relacionamento com nossos irmãos. O culto ao Senhor nos ajuda nessa caminhada, a 
caminhada da confissão e do perdão; a caminhada da transformação de nosso caráter. 
 
5.1.2.3 - El-Betel 
 
El-Betel é o último altar (Gn 35.7) Esse terceiro altar retrata uma espiritualidade 
mais amadurecida. Os momentos anteriores tratam de conversão e cura (Betel e Peniel), 
mas El-Betel, de gratidão. Jacó fez um retrospecto e tributou ao Senhor adoração. Uma 
FEMICJP.COM 23 
 
adoração não apenas por Suas obras, mas por Sua própria essência. O foco era Deus, não 
sua face ou sua casa. 
 
5.2 - José, um homem de fidelidade e obediência. 
 
Em um contexto muito distante de nós, por volta dos anos 1800 aC., sobre o solo de 
Israel e do Egito, ocorreu a linda história de José. O José que virou filmes e livros; o José 
que sempre é lembrado em pregações e estudos, não por erros ou deficiências, mas por seu 
caráter forjado em meio a grandes desafios. Esse homem que tem, no livro de Gênesis (37-
50), 14 capítulos destinados ao relato de sua história, uma parte maior do que aquela 
destinada ao registro dos fatos pertinentes aos primórdios da humanidade, submeteu-se, por 
causa de um sonho, a grandes provações. Nessas provas, ao mesmo tempo que sofreu, 
nutriu a esperança da realização de um grande projeto de Deus em sua vida e reorganizou o 
seu modo de ser e de agir. Uma das expressões que marcam o relato de sua vida é a de que 
“Deus estava com José” (Gn 39.2 e 23). Foi exatamente essa presença que deu o tom em 
toda sua trajetória. José foi um homem de sonhos realizados. Sonhos que marcaram sua vida 
e que proporcionaram a muitas pessoas momentos de bênçãos e provisões. 
 
Ao observarmos a história desse valoroso servo de Yahweh, procuremos aplicar à 
nossa experiência, princípios que regeram seu relacionamento com Deus e também com as 
pessoas. Paremos para lembrar que história bonita não se faz com ‘passe de mágica’, mas se 
constrói com esforço e determinação, sempre com o olhar voltado para o propósito do 
Soberano para a nossa vida. 
 
 
5.2.1 - A trajetória da humilhação 
 
A primeira fase da vida desse herói da fé, Hb 11.22, foi marcada por muitos desafios 
e sofrimentos, incompreensões, perseguições e humilhações. Foi um tempo marcado por 
uma caminhada de rebaixamento desde o momento em que vivia desfrutando do prestígio 
paterno (Gn 37.3) até o momento em que mofava em um cárcere cruel (Gn 39.20). A 
humilhação faz bem à alma, ela permite sermos mais sensíveis a Deus, pois a Bíblia diz 
que a “tribulação produz a paciência e a paciência produz a experiência e a experiência a 
esperança, e a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus foi derramado em 
nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5.3-5). De fato o que veremos, ocorreu 
paulatinamente e dentro de um processo espiritual que tinha por finalidade moldar esse 
homem para uma grande obra. 
 
A inimizade dentro da casa de Jacó foi o começo do problema. A família era 
numerosa, com 12 filhos e uma filha. José estava entre os mais novos, porém o 
procedimento dos mais velhos gerava preocupação a Jacó (Gn 37.2). Por conta disso Jacó se 
valia do bom rapaz para fiscalizar o procedimento dos seus filhos mais velhos. Com isso, 
fez grandes atribuições a José, a ponto de dar-lhe uma roupa especial que o distinguia de 
seus irmãos Gn 37.3. Isso aguçou a maldade de seus irmãos que começaram a maltratá-lo 
Gn 37.4. Além disso, José contou-lhes dois sonhos que tinha tido. Sonho que falava de uma 
possível subordinação de toda a sua família a si (Gn 37.5-11). A reação foi certa. À 
medida que ouviam os sonhos, sentimentos negativos e punitivos começaram a emergir. O 
texto diz que aborreciam a José, que brigavam através de palavras e que sentiam inveja em 
seus corações (Gn 37. 5,8, e 11). 
FEMICJP.COM 24 
 
 
O coração do homem é mal, dizia o profeta Jeremias, é como cisterna que jorra 
pensamentos, sentimentos e imaginações perversas. Nessa história, cada vez que os filhos 
de Jacó viam José com aquela roupa especial, lembravam de seus sonhos e desejavam 
eliminá-lo, matando-o e simulando que uma fera o tinha devorado (Gn 37.20-23). Na ver-
dade, esse plano foi barrado por Rubem, sendo sucedido por outra maldade, pois o 
lançaram em uma cisterna sem água (Gn 37.23 e 24). A presença de alguns beduínos 
mudou a sorte de José, colocando-o a caminho do Egito, após ter sido tirado daquele 
buraco desconfortável, Gn 37.25-28.O Egito naquela época era o centro econômico e político mais importante do mundo. 
Contava com uma agricultura e arquitetura bem avançada. Desenvolvia técnicas de 
irrigação e fazia grandes colheitas nas terras que margeavam o Rio Nilo, principalmente 
àquelas mais próximas de sua foz. O Egito agora era o novo lar de José. Com certeza um lar 
não muito aconchegante, pois ao chegar trazido pelos beduínos, fora colocado à venda no 
comércio escravagista. Gn 37.36 nos diz que “fora vendido a Potifar, um alto funcionário na 
corte egípcia”. José estava em pleno processo de humilhação, pois perdera a capa de honra 
dada por seu pai, para vestir a roupa de serviçal, trabalhando em casa de gente estrangeira. 
Todavia encontramos o seguinte esclarecimento: “E o Senhor estava com José, e foi varão 
próspero; e estava na casa de seu senhor... José achou graça aos olhos de Potifar e servia-o; 
e ele pôs sobre a sua casa e entregou na sua mão tudo que tinha”, Gn 39.2 e 4. 
 
Administrar negócios pessoais não é tarefa fácil, muito mais complexo é administrar 
o que é de outrem. Foi essa a habilidade que José precisou desenvolver nesse novo desafio. 
Apesar de acertar no que fazia (Gn 39.3), correu sérios riscos. Foi vítima de uma terrível 
acusação, pois a esposa de Potifar o acusou de ter atentado ao pudor, quando de fato o que 
tinha acontecido fora o esforço de proteger sua integridade e também de zelar pela honra de 
seu patrão, rejeitando manter relações sexuais com sua patroa, Gn 39.8 e 9. Mesmo assim 
 
 
a acusação resultou-lhe em perda de sua liberdade, indo para a prisão. Todavia 
sua prisão foi diferente, pois novamente teve a oportunidade de manifestar habilidades onde 
estava. Gênesis (39.22 e 23) nos diz que o “carcereiro-mor entregou na mão de José todos 
os presos que lá estavam, não tinha nenhuma preocupação, porquanto o Senhor estava com 
José e o Senhor prosperava tudo o que fazia”. 
 
 
Às vezes, nós não entendemos algumas circunstâncias pelas quais passamos e 
perguntamos por quê. Fazemos assim porque não entendemos a finalidade da prova. 
Ficamos sensibilizados com a dor do sofrimento e não conseguimos enxergar o que está 
pela frente. José vivenciou com tranquilidade aquela situação. Lá chefiou a cadeia e pôde 
ser interpretador de sonhos. Gênesis (capítulo 40) diz de dois presos que tiveram seus 
sonhos interpretados por José. Com o cumprimento do sonho do copeiro-mor, sendo 
restituído à antiga função no governo, faz a ponte para trazer José ao centro decisório 
daquela época. Um novo capítulo começou na vida desse servo de Deus. A humilhação, 
marcada por dependência em Deus, frutificou, dando lugar a reconhecimento e prestígio. 
 
 
5.2.2 - Reconhecimento e exaltação 
FEMICJP.COM 25 
 
 
A segunda fase da vida de José foi marcada por ascensão e destaque. José saiu 
daqueles longos anos de lutas e aborrecimentos para uma posição de reconhecimento e 
coroação, mas também de trabalho e influência. Essa ascensão o permitiu fazer parte da 
estrutura de comando daquele país (Egito), pois Deus estava criando a ocasião para fazer 
crescer os descendentes de Jacó, formando um povo numeroso, para realizar o plano de ser 
nação modelo e abençoadora para todos os povos. José foi a pessoachave para que isso 
viesse a acontecer. José teve uma participação especial em um tempo de bonança, 
administrando sabiamente os recursos do Egito, para que nos próximos anos, tempos de 
crises, o país não viesse à falência. Foi na fase final desse período que voltou a ver sua 
família, podendo abraçar seus irmãos e trazer todo o clã para a terra das provisões. Pôde 
também construir uma família e ter filhos, filhos que foram abençoados, tornando-se 
posteriormente cabeças de tribos, príncipes entre os maiorais de Israel. No final da sua 
história, refletindo sobre os tempos de lutas marcadas pela hostilidade fraterna, disse: “Vós 
bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste 
dia, para conservar em vida a um povo grande”, Gn 50.20. José compreendeu o curso de sua 
história e pôde ver o seu sonho tornar-se realidade. 
 
 
5.2.2.1 - A chegada de José ao governo 
 
A chegada de José ao governo aconteceu de forma sobrenatural, pois o próprio Deus, 
com sua sabedoria, foi conduzindo a situação. 
 
 
Ainda na cadeia, o jovem patriarca interpretou sonhos, e essa notícia chegou ao 
palácio em um dia que o faraó da época estava preocupado com um sonho enigmático que 
havia tido durante a noite. José interpretou o sonho do faraó, o “sonho das vacas gordas e 
das vacas magras”, Gn 41.1-37 e por conta dessa demonstração de sabedoria foi promovido 
a governador do Egito, vejamos o que o próprio rei falou: 
 
“Acharíamos um varão como este, em quem há o Espírito de Deus? Depois disse 
faraó a José: Por que Deus te fez saber tudo isso, não há ninguém tão inteligente e sábio 
como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo; 
somente no trono eu serei maior que tu. Vês aqui, te tenho posto sobre toda a terra do 
Egito. E tirou faraó o anel da sua mão e o pôs na mão de José, e o fez vestir de roupas de 
linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço, e o fez subir no segundo carro que tinha, 
e o aclamaram todo o povo, e assim foi posto sobre toda a terra do Egito”, Gn 41.3 -43. 
 
José tinha mais que a aprovação popular e oficial, tinha a sabedoria de Deus para 
administrar naquele momento. O Deus que estivera consigo nos tempos críticos, também 
estava presente nesse momento. José não abriu mão da graça de Deus por conta da força da 
sedução mundana, política e material. Ele nos dá o exemplo de que é possível estar com 
Deus em todos o momentos de nossa história sem abrir mão das coisas espirituais. 
 
 
5.2.2.2 - A reconciliação 
 
FEMICJP.COM 26 
 
Na história de José, temos uma situação semelhante àquela que houve na história de 
seu pai Jacó: a necessidade de parar para reconciliar-se com seus irmãos. De Gênesis 42 ao 
45, temos os irmãos de José descendo de Canaã ao Egito em busca de alimentos por causa 
de uma grande fome e, para surpresa deles, quem encontraram no comando e administração 
dos armazéns egípcios foi José, o irmão hostilizado. Aos poucos José buscou informações 
em seus irmãos e também lhes informou acerca da sua vida, mas não de uma vez. Foi 
estratégico, criando vínculos sem assustá-los e sem perdê-los de vista. Montou estratégias a 
que voltassem ao país da fartura para novas compras. Enquanto isso, fazia a mobilização 
para o grande momento do reatamento da amizade e do perdão. Gênesis 45 diz-nos que José 
deu-se a conhecer aos seus irmãos. Fez assim, não para realçar a malignidade que imperou 
em seus corações em anos passados. Mas fê-lo porque precisava de reaproximação e de 
liberação de perdão àqueles que eram seus pares na formação de um povo especial. A Bíblia 
diz que foi um momento de grande comoção: “Levantou a sua voz com choro, de maneira 
que os egípcios o ouviram e até no palácio chegou aquele som”, Gn 45.2. José viu o seu 
sonho sendo concretizado, não com arrogância em seu coração, mas na função de 
abençoador; cumpria-se ali o significado do seu nome egípcio, Zafenate-PanHia, que é, 
salvador do mundo. José aproveitou o momento para dizer-lhes que não existia amargura ou 
ressentimento, mas que Deus o tinha conduzido por caminhos difíceis. 
 
“Ele disse: Eu sou José, vosso irmão a quem vendestes para o Egito. Agora pois, não 
vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque 
para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face. Porque já houve dois anos 
de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem 
colheita. Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão na 
terra e para guardar-vos em vida por um grande livramento. Assim, não fostes vós que me 
enviastes

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