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Fichamento do artigo científico “Letramento e (Multi)Letramentos na prática docente: produção de leitura e interações sociais,” (parte VI) OZÓRIO, Cristina Aurélia Rezende e, SANTOS E SILVA Débora Cristina. O artigo está estruturado da seguinte maneira: introdução, letramento ou letramentos: enfoques, multiletramento e seus (multi)contextos, gêneros discursivos e contexto escolar, considerações finais e referências. A introdução do texto em análise (p. 139) traz como mote Bakhtin (2003, p.272), para se referir as diferenças nos valores que cada grupo de humanos dá aos eventos, às ações, às situações, e ainda, que tais valores podem se apresentar de forma contraditória. No contínuo do fluxo do agir e reagir, refletir e reflatar formam-se visões multiformes de mundo. (P.139) Sob a ótica de Bakhtin, Cristina Aurélia e Débora Cristina discorrem sobre como as práticas de letramento na sociedade contemporânea, permitem construções e desconstruções, o que estabelece novas formas de acesso ao conhecimento e produzindo grandes transformações no ensino. No campo digital, professores encontram uma variedade de ferramentas e recursos midiáticos que requer dos docentes o desenvolvimento de habilidades e competências específicas para lidar com o complexo universo de linguagens, de performances, de interações de mídias e interpretações de contextos que, para além dessa complexidade, o ciberespaço traz de maneira veloz novos recursos. (P.139 e 140) As autoras têm como meta, estabelecer uma reflexão sobre a multiplicidade das práticas de letramento, dentro do contexto escolar, por meio dos gêneros discursivos, no âmbito da cultura que é trazida pelos alunos e pelas instituições formais e não–formais do conhecimento. As autoras ressaltam que a pesquisa não está pronta, pois ainda se encontra na fase de finalização da revisão bibliográfica e da análise dos dados coletados, por isso, não são apresentados dados concretos. Discorrem que a proposta tem por objetivo clarificar o termo “multiletramento”, relacionando os enfoques e tipos de letramento envolvidos e quais benefícios podem trazer as atividades que lidam com a multimodalidade e o multiculturalismo, pois esses são fatores essenciais para o desenvolvimento da real produção de sentido e aprendizagem, envolvendo a leitura e a escrita. (P.140 e 141) A ideia é investigar os diferentes enfoques e os tipos de letramento que os docentes utilizam em sua prática, em sala de aula e, como tais práticas contribuem para o desenvolvimento da leitura e da escrita de seus alunos, em um contexto de relações interacionais na cibercultura, demonstrando assim que novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) podem transformar os hábitos institucionais de ensinar e aprender. (P. 141) Letramento ou letramentos: enfoques. Nesse tópico, Cristina Aurélia e Débora Cristina apresentam que ler e escrever ou tornar-se alfabetizado é adquirir uma nova tecnologia: a de codificar em uma língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita (ler), destacando que não basta apenas dominar a tecnologia da alfabetização, mas apropriar-se do letramento. (P.142) Para melhor compreensão do conceito de “letramento” ou “letramentos”, as autores recorrem a teóricos no assunto, são eles : Soares (1993) – Letramento é “O estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e suas práticas sociais”. Soares postula que o domínio do uso da leitura e da escrita dá oportunidade a indivíduos e grupos sociais de participarem ativa e competentemente em práticas de leitura e/ou escrita, de manter como os outros e com o mundo atual, globalizado, diferentes modalidades de interação; tais domínios são relevantes na aprendizagem de línguas. Tfouni (1995) – Para Tfouni, o letramento são as consequências sociais e históricas da introdução da escrita em uma sociedade: “as mudanças sociais e discursivas que ocorrem em uma sociedade quando ela se trona letrada”. Kleiman (1998) – Kleiman postula que as práticas e eventos estão relacionados com o uso, a função e o impacto social da escrita. Então, é no convívio e no hábito de ler e escrever, dentro de um contexto social, que a apropriação das técnicas de leitura e escrita ganha sentido para a vida do indivíduo. Rojo (2009) enfatiza que “trabalhar com a leitura e a escrita na escola, hoje, é muito mais que trabalhar com a alfabetização ou os alfabetismos: é trabalhar com os letramentos múltiplos, com as leituras múltiplas – a leitura na vida e a leitura na escola. A partir dessa ideia, que traz abaulada pelo enfoque sociocultural que o conceito de “gêneros discursivos” e suas esferas de circulação pode nos auxiliar na compreensão e na organização de textos, eventos e práticas de letramento. (P.142 e 143) Após a exposição preliminar, qual a definição de gêneros discursivos? Para responder tal pergunta, as autoras se valem do conceito de vários teóricos, a saber: Rojo (2010), “os gêneros discursivos são produzidos em esferas de comunicação ou de atividades humanas (doméstica, do trabalho, escolar, jornalista, burocrática, religiosa, entre outras)”; também de Bakhtin (2003) - “cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo eu isso denominamos gêneros do discurso”; Bazerman (1997, apud DIONISIO, 2006) – “gêneros são espaços familiares nos quais nós criamos ações comunicativas inteligíveis uns com os outros e são guias que usamos para explorar o não-familiar.”; Lopes-Rossi (apud KARWOSKI; GAYDEZKA; BRITO, 2006) – “é por meio dos gêneros discursivos que as práticas de linguagem incorporam-se nas atividades dos alunos”. As definições postuladas inferem que é por meio dos gêneros discursivos e das esferas de comunicação que, de forma natural, acontecem os eventos e práticas de letramento. Barton e Hamilton (apud DIONÍSIO, 2006) – Os eventos de letramento são atividades que utilizam textos escritos para serem lidos ou para se falar sobre eles. E práticas de letramento dão os “modos culturais gerais de utilizar o letramento que as pessoas produzem num evento de letramento”, como exemplo, o e-mail, que pode lido e comentado. (p. 143 e 144) A língua é compreendida como processo de interação entre sujeitos, processo em que os interlocutores vão construindo sentidos e significados ao longo de suas trocas linguísticas, orais ou escritas – sentidos e significados que se constituem segundo as relações que cada indivíduo mantém com a língua, com o tema sobre o qual fala ou escreve, ouve ou lê, segundo seus conhecimentos prévios, atitudes e preconceitos, segundo ainda as relações que os interlocutores mantêm entre si, segundo a situação específica em que interagem, segundo o contexto social em que ocorre a interlocução (GERALDI,1997). (p.144) Assim ocorrem as práticas de interação discursiva, produzidas por textos orais (falar, ouvir) ou textos escritos (escrever e ler) desenvolvidos dentro de variados tipos gêneros, sendo que, por meio do texto essas práticas de interações discursivas (sociais) ganham aperfeiçoamento. A ação de desenvolver as habilidades dos alunos, avaliando as condições de produção do texto aliada à ação de trabalhar a heterogeneidade das práticas sociais de leitura escrita e uso da língua, ganham valor quando se voltam para o caráter sociocultural e situado das práticas de letramento. (p.144 e 145) Segundo Dionísio (apud KARWOSKI; GAYDEZKA; BRITO, 2006) – Ganham espaço a combinação de materiais visuais com a escrita, o que torna a sociedade cada vez mais visual. Devido à combinação de linguagens, os textos que circulam na sociedade contemporânea se transformaram e deram espaço a um novo formato textual, denominado “hipertexto”. Para Lévy (1993) – a possibilidade de um gênero textual, ou “documento”, se relacionar com outro, por meio deum link, gera o hipertexto. Os hipertextos, hipermídias e hipersemioses se apresentam como reflexo de uma sociedade ciberestruturada, trazendo uma diversidade não-padrão na escrita, devido ao desenvolvimento tecnológico. Daí, a cibercultura: cultura promovida por relações estabelecidas através de redes informacionais, gerenciam as mais diversas ações humanas Costa (2002). O termo se refere às transformações que tiveram impacto considerável no comportamento das pessoas, em suas sensibilidades, criando novos padrões de relacionamento, valores e formas de representar seu estar no mundo. A consequência é que os habituais modo de ler um texto passa por constante re- elaboração, trazendo uma organização textual para imagem e palavras. (p.145) De acordo com a natureza de interação, os textos são produzidos em consonância suas finalidades e funções, definindo assim diferentes gêneros. Em (MARCUSCHI, apud KARWOSKI; GAYDEZKA; BRITO, 2006), cada gênero se realiza em sequências linguísticas e enunciativas que se concretizam em determinadas opções léxicas, sintáticas, predomínio de determinados tempos e modos verbais no interior dos gêneros. Esses tipos textuais geralmente se limitam a: descrição, narração, dissertação, argumentação e injunção. (p.146) Segundo as pesquisadoras, diferentemente dos tipos textuais, os gêneros textuais são variados, pois permitem infinitas possibilidades de interação. Também apresentam que outros pesquisadores da área não apoiam a tipificação textual pela limitação que ela traz consigo, pois esses preferem dar vazão apenas ao conceito de gêneros discursivos ou gêneros textuais. As autoras afirmam que é possível ter acesso ao modelo de letramento de um grupo quando se observa sua forma de ler e como constroem os significados do texto. Street (1993) considerou o letramento sob dois enfoques: o primeiro, de modelo autônomo e o outro de modelo ideológico. Esse último busca enfocar os usos e as práticas de linguagens (múltiplas semioses), para produzir, compreender e responder a efeitos de sentido, em diferentes contextos e mídia. Tem como objetivo garantir que o ensino desenvolva as diferentes formas de uso das linguagens (verbal, corporal, plástica, musical, gráfica, dentre outras) e das línguas (falar em diversas variedades e línguas, ouvir, ler e escrever). (p.147)O letramento de enfoque autônomo dominante, também denominado de logocêntrico. Na concepção de Street (1993), a escrita é considerada como um produto completo em si mesmo, independente do contexto social de sua produção. Tendo essa concepção por base, o contato com a leitura e a escrita, no próprio ambiente escolar, faria com que o indivíduo aprendesse gradualmente habilidades que o levariam a níveis universais de desenvolvimento, ou seja, a linguagem se estabelece sem contexto, do discurso autônomo e do pensamento analítico. (p. 147 e 148) De acordo com Moita Lopes (1998), o modelo autônomo anula a vida social do sujeito e separa a linguagem da sócio-histórica, como se o indivíduo não existisse além dos aspectos cognitivos necessários para a leitura de um texto. Nesse modo, não é considerado o contexto social, histórico e cultural das pessoas. Já os defensores do enfoque ideológico, garantem que as práticas de letramento estão “indissoluvelmente ligadas às estruturas culturais e de poder da sociedade e reconhecem a variedade de práticas culturais ligadas à leitura e à escrita em diferentes contextos” (STREET, 1993, apud ROJO, 2009). (p. 148) No modelo ideológico, as práticas de letramento tornam as pessoas criticamente reflexivas em relação à sua condição de ser social, “capazes de identificar, compreender e agir para transformar relações e práticas sociais em que o poder é desigualmente distribuído” (SOARES, 2003, p. 78). (p.148) Em Vygotsky (1991) encontramos a defesa de que não é só a exposição à língua que faz com que o conhecimento se desenvolva, ocorrendo a aprendizagem, pois a construção do significado e do conhecimento é um processo social, no qual os participantes, por meio do diálogo, constroem um conhecimento comum; essa ideias corroboram com o letramento de modelo ideológico. Ainda para Vygotsky, o desenvolvimento do pensamento inicialmente é originado dentro das relações sociais em determinado ambientes culturais. E a educação tem suas origens na sociedade e na cultura, sendo mediada pela linguagem, sendo dessa maneira, que o aluno, enquanto sujeito, constrói o seu conhecimento, bem como sua realidade social, através das interações. “cada função do desenvolvimento cultural da criança aparece duas vezes: primeiro no nível social e, depois, no nível individual (...) todas as funções mais complexas são originadas como relações reais entre indivíduos humanos.” (VYGOTSKY, 2002). (p.149) Cristina Aurélia e Débora Cristina, no tópico Multiletramentos e seus (multi)contextos, as autoras evocam o pensamento de Rojo e Moura (2012), trazendo multiletramentos dentro de um processo histórico de dois “multi” que compõem o conceito: a multiculturalidade (diferentes culturas locais vivem as práticas de letramento de maneira diferente) e a multimodalidade dos textos (interações entre oralidade e escrita, o verbal e o não-verbal). Devido a multiplicidade das práticas letradas, vários “multi” vão se incorporando ao letramento, termo que ganhou a marca da pluralidade e esse termo pode ser classificado em dois aspectos: a) letramentos dominantes ou institucionalizados – que estão associados a organizações formais e agentes cujo conhecimento é valorizado legal e culturalmente; b) letramentos locais ou vernaculares – típicos das culturas locais, da vida cotidiana, não controlados ou regulados por instituições, tais aspectos foram elencados por Rojo (2009). (p.150) Rojo ainda postula que os multiletramentos são híbridos, interativos e colaborativos, principalmente dentro da tecnologia digital e suas ferramentas e recursos multimediados. Trabalhar práticas pedagógicas que estão inseridas na cultura dos alunos, em gêneros, mídias e linguagens por eles conhecidos, é trabalhar os multiletramentos, tendo em vista a prática transformadora. Os multiletramentos devem envolver práticas comunicativas que incluam atividades sociais por meio das quais a linguagem ou a comunicação seja produzida. Street, 1995 afirma que “as práticas de letramento estão sempre embutidas em usos orais, e as variações entre cultura são geralmente variações na mistura entre os canais oral/letrado”. Outra questão discutida pelas autoras é a multimodalidade, ou seja, o estudo do texto verbal, que permite o trabalho com signos não-verbais. Segundo Dionísio (apud KARWOSKI; GAYDEZKA; BRITO, 2006) as ações sociais, assim como os gêneros textuais (quer orais e/ou escritos) são fenômenos multimodais, pois quando falamos ou escrevemos um texto, usamos no mínimo dois tipos de representação: palavras e gestos, palavras e entonações, palavras e imagens, palavras e formas tipográficas etc. São os arranjos, “as infinitas possibilidades de orquestração entre imagem e palavra, que surpreendem o leitor, agradando-o ou não”. (p.151) Mayer (2001) defende que “os alunos aprendem melhor através de palavras e imagens que de apenas palavras”. Segundo a Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia, a multimídia favorece fortemente a aprendizagem, uma vez que está presente no dia a dia da maioria dos alunos. Trabalhar com multimodalidade multimídia é uma tarefa complexa, tanto para professores quanto para alunos, pois é exigindo coordenação de diversas práticas de letramento para interagir com as várias linguagens, atividades e construir sentidos para o texto verbal oral, verbal escrito, visual, e muito mais para o próprio texto a ser construído pelo aluno. O mundo escolar contemporâneo exige esse conhecimento, então como preparar docentes e discentes para tais práticas?Para se trabalhar os multiletramentos, é necessário que seja desenvolvido um trabalho interdisciplinar e novas ferramentas. Quando se trata do multissemiótico, a leitura é abordada junto com a produção de texto em diversas linguagens e semioses (oral e escrita, plástica, musical, imagética, corporal e cinética, matemática, gráfica, digital etc.) tendo a consequência por um lado, enriquecer a prática do professor mais dinâmico, e por outro, desanimar professores com menos experiência e “intimidade” com as tecnologias hipermidiáticas a desenvolver trabalhos mais interativos. Importante ressaltar que o texto deve ser a unidade básica do ensino, porém ao lançar mão do trabalho multimidiático, ele pode ou não compor a espinha organizadora desse trabalho. (p.153) Para potencializar o diálogo multicultural, a escola precisa trazer para dentro dela vários tipos de letramento: o da cultura valorizada, dominante, canônica e o da cultura popular, local, da “cultura de massa”, promovendo uma interação entre a cultura local dos alunos à dos professores, tornando-as objeto de estudo, crítica e reflexão em sala de aula. (p.154) O letramento multicultural ou multiletramento, assim bem como o letramento crítico ou protagonista são de grande relevância para que os alunos se engajem no processo de ensino-aprendizagem. Para Rojo (2004), o letramento crítico não lida com textos e discursos alienados do mundo social do aluno, pois se assim o fosse os textos não fariam sentido em si mesmos. É preciso levar em conta os interlocutores. De forma prática o letramento crítico possibilita trabalhar pedagogicamente em sala de aula a partir de “uma visão de linguagem que fornece artifícios para os alunos aprenderem, na prática escolar, a fazer escolhas éticas entre os discursos que circulam” (Rojo 2004). Tendo essa teoria como base, o professor deve desenvolver estratégias que levem os alunos do conhecimento prévio à criação. (p.155) Gêneros discursivos e contexto escolar, nesse tópico, mais uma vez as autoras se valem de Bakhtin (2003) quanto à dinamicidade do universo das significações faz com que cada enunciado seja um elo na corrente complexamente organizada de outros enunciados. Não há enunciados únicos, mas sim memória discursiva, uma vez que cada enunciado é atravessado de outras vozes, e também, ocorre dentro da esfera discursiva. Existe a atribuição de diferentes valores pelos grupos, ou seja, todo e qualquer enunciado apresenta-se internamente dialogizado, sendo, portanto, heterogêneo (uma articulação de múltiplas vozes sociais). (p.155) Pelo que se percebe, a oralidade está bem mais presente nos contextos escolares e cotidianos do que é realmente enfatizado nas escolas e nos livros didáticos. Isso ocorre pelo fato da oralidade se constituir das múltiplas vozes que formam os enunciados com os quais a interação no dia a dia, ou seja, ela é uma das premissas para que o indivíduo atinja o letramento (apropriação das técnicas de leitura e de escrita que produzem sentido para a vida do indivíduo). Apesar de tantas transformações na sociedade midiática, as práticas de oralidade não têm o seu espaço de forma relevante nas práticas e eventos de letramento que as instituições de ensino priorizam. (p.156) As pesquisadoras defendem que as práticas pedagógicas devem fazer uso dos gêneros discursivos integrantes das diversas formas de oralidade às formas escritas e visuais, já que a sociedade faz uso contínuo e em larga escala delas. Para legitimar tais práticas, eles evocam as recomendações dos PCNs, pois esses trazem que o oral formal público seja tomado como objeto de ensino. (p. 157) O livro didático e, em especial a disciplina de Língua Portuguesa não prioriza a modalidade oral. Para uma ação prática, os gêneros textuais orais devem ser trabalhados em salas. Para que isso aconteça, é necessário abandonar as práticas tradicionais, como: leitura muito fragmentada, necessidade de vencer o conteúdo e cumprir o planejamento escolar; privilegiamento da leitura e escrita em detrimento dos textos orais, e por fim, o despreparo dos professores em trabalhar os gêneros orais em sala de aula. As autoras afirmam que uma simples prática pode trazer melhoramento para a produção escrita, que é substituir o conceito de “erro” por “adequação”, ou seja, trabalhar as situações de uso. Agindo assim, é possível trabalhar os gêneros orais de forma que contribuam com a produção de textos, a partir do conhecimento dos níveis de formalidade e complexidade do uso da língua, que vai do coloquial até o mais formal existente. (p.158) Nas considerações finais, as pesquisadoras esclarecem que a pesquisa se encontra em fase de finalização da revisão bibliográfica e início da coleta e da análise dos dados, por isso não é possível apresentar os dados concretos, no entanto, podem citar conclusões provisórias: a) Para se estabelecer o diálogo multicultural, a escola deve desenvolver em suas práticas pedagógicas, os vários tipos de letramento no sentido de que ela consiga potencializar o diálogo multicultural e integrar a cultura local dos alunos à dos professores, tornando-as objeto de estudo, crítica e reflexão em sala de aula. b) O trabalho com os multiletramentos é essencial para a integração de conhecimentos sistêmicos e a facilitação da aprendizagem, no sentido de mediação. c) O professor atual deve tornar-se “multifuncional” e provocar em seus alunos a percepção e a valorização do multiculturalismo, das multimídias, do letramento ideológico, crítico, protagonista e viabilize a ressignificação das suas vivências. d) As diversas experiências de leituras de textos e mídias devem ser levadas às salas de aula, levando em consideração a diversidade de contextos sociais e de gêneros textuais que formam essa sociedade “multiletrada”.