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• Entidades de classe As entidades de classe são órgãos que têm interesses em comum dentro de um grupo de profissionais. Na enfermagem, temos três entidades, que são o conselho regional e federal, a Associação Brasileira de Enfermagem e os sindicatos. Apesar de todos serem para os profissionais de enfermagem, existem algumas diferenças no estatuto que regem essas entendidas, de acordo com os interesses e sua representatividade. A enfermagem é uma profissão regulamentada por uma lei federal, n. 7.498 de 25 de junho de 1986. Ela é fiscalizada pelos conselhos de classe regional, os quais iremos detalhar mais à frente. Além disso, o conselho regional tem o suporte do conselho federal, na fiscalização do exercício profissional de enfermagem. Qual o papel das entidades de classe na formação profissional? Os conselhos de enfermagem regional e federal só surgiram após quase trinta anos da promulgação da lei do exercício profissional. A Lei Federal n. 5.905, de julho de 1973, autorizou a criação desses dois conselhos, com o objetivo de disciplinar e fiscalizar o exercício profissional da enfermagem no Brasil. Antes do surgimento desses conselhos, a enfermagem tinha apenas entidades que davam suporte científico-cultural e órgãos de defesa da classe, como a Associação Brasileira de Obstetriz, União Nacional dos Auxiliares de enfermagem e os sindicatos. As entidades de classe são órgãos oficiais que têm como função a seleção, disciplina e fiscalização do desenvolvimento da atividade profissional da enfermagem, em todos os níveis auxiliar, técnico e superior. Essas entidades atuam no cadastramento do profissional, segundo a legislação vigente, avaliam os títulos e qual categoria o profissional pertence, fiscalizam e eliminam o exercício ilegal da profissão, fiscalizam o exercício profissional e o cumprimento do Código de Deontologia Profissional, punem infratores de acordo com o código de ética profissional e o tipo de infração cometida. Além disso, têm papel educativo, promovendo campanhas, cursos e eventos para atualização profissional dos enfermeiros em todos os níveis. Durante a formação acadêmica, os alunos podem ter acesso a essas entidades solicitando palestras, assim com os professores podem fazer esse contato. Anualmente, nas instituições, existe a semana de enfermagem, no mês de maio. Essa semana é organizada pela instituição em parceira com os professores e alunos do curso de enfermagem e tem uma programação didática diferenciada, voltada a assuntos atuais da enfermagem. Essa semana permite a realização da integração entre profissionais da prática profissional e os alunos em formação, troca de experiência, atualização sobre os diversos temas da enfermagem e ampliação das informações acerca da profissão de enfermagem. Nesse momento, é frequente que as entidades de classe participem diretamente de palestras, cursos, oficinas ou indiretamente fornecendo panfletos informativos e materiais com atualizações sobre a profissão. • Conselho Federal de Enfermagem Em 1926 foi criada a Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas, que, em 1954, passou a ser chamada de Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). A ABEn foi responsável pela organização da enfermagem por vários anos, organizando o exercício profissional, atendendo suas reivindicações e apoiando nas lutas da categoria. Uma das principais solicitações da enfermagem era a criação do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e dos Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren). A idealização dos conselhos pelos profissionais da enfermagem teve como principal objetivo regulamentar a atividade profissional em um órgão específico, evitando assim que outros profissionais exercessem a profissão sem a devida formação. Diante dessa demanda, em setembro de 1972 a presidente do ABEn, Glete de Alcântara, encaminhou ao Ministério do Trabalho e Previdência Social um projeto para a criação desses dois conselhos. O Conselho Federal de Enfermagem é um conselho autônomo federal. Ele é um órgão que tem como papel a disciplina dos profissionais de enfermagem no Brasil. O Cofen surgiu em 1973, sendo regulamentado pela Lei 5.905, que também criou os Conselhos Regionais de Enfermagem. Em relação a jurisdição do Cofen, ele é federal, ou seja, pode atuar em qualquer parte do território brasileiro. Atualmente a sua sede fica em Brasília, tendo atendimento ao público em horário comercial nos dias úteis. Ele é uma autarquia vinculado com o Ministério Federal. O Cofen é filiado ao Conselho Internacional de Enfermagem que fica em Genebra. As principais atividades desenvolvidas por ele são: • aprovar o regimento interno próprio e dos conselhos regionais de enfermagem; • elaborar e atualizar do Código de Deontologia de Enfermagem; • normatizar e orientar o funcionamento de todos os conselhos regionais para que ocorra um funcionamento padronizado, normatização do exercício dos profissionais de enfermagem em nível técnico e superior, • zelar pela qualidade do cuidado prestado; • garantir o cumprimento da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. Os representantes da diretoria do Cofen são escolhidos de três em três pelos enfermeiros, em nível auxiliar, técnico e superior, que podem votar virtualmente, sem precisar deslocar. O mandato tem duração de três anos, sempre iniciando no dia 23 de abril do ano da eleição e o mesmo grupo diretor só pode ser reeleito mais uma vez. Os membros efetivos são nove pessoas. Para ser candidato a participar do conselho, é preciso que o profissional de enfermagem seja adimplente, com inscrição regular e definitiva, não tendo nenhuma inelegibilidade que o impeça de ser candidato e de assumir qualquer cargo da diretoria. As condições de elegibilidade são: • ter nacionalidade brasileira; • estar em dia com o serviço militar para homens com até 45 anos de idade; • estar em dia com a justiça eleitoral; • estar com a inscrição ativa por no mínimo oito anos no conselho regional. Não podem concorrer pessoas que cumpririam o terceiro mandato consecutivo como efetivo ou suplente; tenha vínculo empregatício com o Cofen ou Coren; tenha tido o mandato cassado; tenha algum processo em julgamento ético, penal ou de impropriedade administrativa nos últimos cinco anos; tenha contas irregulares que foram julgadas pelo Coren ou Tribunal de Contas da União nos últimos cinco anos, carteira profissional vencida ou preste informações errôneas aos candidatos da chapa que está representando (COFEN, 2019). Os cargos da diretoria são presidente, vice-presidente, primeiro secretário, segundo secretário, sendo que esses cargos são privativos para enfermeiros. Os cargos de tesoureiro e segundo tesoureiro, devem ser ocupados preferencialmente por técnicos e auxiliares de enfermagem, porém se não houve nenhum candidato para esses dois cargos, pode ser eleito um enfermeiro. Existem ainda três membros do conselho que não têm nenhum cargo específico atribuído, totalizando os nove gestores. Os suplentes são mais nove profissionais de enfermagem (COFEN, 2019). Atribuição de cada membro do Cofen A lei n. 5.905, de 12 de julho de 1973 traz as atribuições de cada um dos dirigentes que constituem a diretoria do Cofen. Abaixo vamos descrever cada uma delas. O presidente do Cofen é responsável por supervisionar as atividades do Cofen e dos Corens, com base na legislação vigente e nas determinações do plenário e da diretoria. Ele deve zelar pelo livre exercício profissional da enfermagem, pela dignidade e independência dos conselhos federal e regionais. Deve representar os conselhos federal e regionais junto aos Órgãos Regionais Públicos e provados, porém no caso dos conselhos regionais isso só irá ocorrer quando ele abranger mais um Coren. O presidente deve prestar orientações aos presidentes dos Corens, quando for solicitado, além de preservar as resoluções, decisões e qualquer outra deliberaçãodo Cofen. Ele ainda é responsável por propor a política em relação a normatização, disciplinamento e fiscalização do exercício da profissão de enfermagem; convocar assembleia geral com os delegados regionais por deliberação do plenário; presidir as reuniões e convocar suplente para substituir faltas, impedimentos ou vacâncias no conselho. Em posse do cargo, ele é responsável por presidir e dar a posse para os profissionais eleitos para Conselheiros Federais, cargos da diretoria, integrantes de comissões de tomada de contas, conselheiros regionais ou federais designados. Em documentos oficiais como resoluções, decisões, portaria e atas, ele deve assinar junto com o primeiro secretário e as atas da diretoria devem ser assinadas por ele e pelo segundo secretário. Em relação à tesouraria, ele deve encaminhar junto com a primeira tesouraria projetos de orçamento do Cofen, eles também devem autorizar e supervisionar a execução do orçamento do Cofen. Os movimentos realizados pelo Cofen em contas bancárias, por exemplo, devem ter cópias de cheques e expedientes que foram direcionados a outra instituição, sendo esse movimento feito pelo presidente do Cofen e a primeira tesouraria. O presidente ainda decide ad referendum em casos de urgência que necessitem medidas imediatas, porém obrigatoriamente o ad referendum deve fazer parte da pauta da reunião subsequente. Por fim, o presidente, junto com o primeiro secretário, deve elaborar o relatório anual e apresentar ao plenário para aprovação até o dia 28 de fevereiro do ano subsequente. Outras atividades podem ser exercidas desde que determinadas pela legislação em vigor e pelo regimento interno. O vice-presidente pode substituir o presidente em faltas eventuais ou em algum impedimento que ele não possa estar presente. Ele atua colaborando nas atribuições das tarefas direcionadas ao presidente, pode dar posse à presidência reeleita, exerce as atividades que estão em sua competência no regimento vigente. O primeiro secretário pode assumir a presidência em caso de ausência concomitante do presidente e do vice, devido à falta ou algum impedimento eventual. Além de estar presente auxiliando o presidente em diversas atividades descritas anteriormente. O segundo secretário pode substituir o primeiro secretário em caso de falta ou algum imprevisto eventual. Ele deve secretariar reuniões da diretoria, elaborar as atas e assiná-las junto com o presidente e os demais conselheiros presentes nas reuniões. Além disso, deve auxiliar o primeiro secretário, quando solicitado, e pode exercer outras atividades determinadas no regimento vigente. O primeiro tesoureiro deve elaborar e apresentar para a diretoria, junto com a presidência a proposta orçamentária do Cofen. A movimentação bancária, assinatura de cheques e qualquer outro documento com finalidade bancária deve ser feita com a assinatura da presidência, e uma cópia deve ser retirada para manter em posse da tesouraria para prestação de contas. Toda a movimentação financeira é de sua responsabilidade, e ele pode solicitar ajuda do segundo tesoureiro. O segundo tesoureiro pode substituir o primeiro tesoureiro em faltas ou impedimentos eventuais, deve colaborar com o primeiro tesoureiro quando solicitado. Além disso, deve elaborar anualmente a relação de bens, providenciar o tombamento e a alienação deles, quando inservíveis à entendida. Todos os membros da diretoria devem trabalhar em conjunto e de forma colaborativa, para que tenham uma gestão tranquila, harmônica e transparente para a comunidade. Dessa forma, podendo lutar pelos direitos da enfermagem, bem como exigir que essa exerça sua função com qualidade e dentro da legislação. Competências do Cofen O Conselho Federal de Enfermagem é responsável pela aprovação dos regimentos dos Corens e do Cofen; decidem sobre a instalação ou desativação do Conselho Regional; elabora o Código de Ética e de Processos Éticos de Enfermagem, podendo alterá-los. Além disso, delibera sobre provimentos e instruções a serem baixados em relação a procedimento e regulação dos Corens; sobre os modelos de o modelo das carteiras profissionais; sobre os meios de colaboração entre Cofen e Corens; sobre a alteração, inovação e suplementação da legislação da Enfermagem em relação a assistência e ao ensino-pesquisa; sobre normas e disciplina do exercício profissional e ocupacional da enfermagem; sobre assuntos de interesse da enfermagem, promovendo a sua defesa e de quem exerce a profissão legalmente; sobre as normas das eleições dos Conselheiros e suplentes do Cofen e Corens; sobre valores das anuidades recolhidas; sobre eventos científicos e culturais voltados para a Enfermagem; sobre a criação de órgão oficial para publicação de documentos e atos dos Conselhos de Enfermagem e sobre a representação do Cofen e Corens frente ao Poder Público em solenidades e relação com terceiros. O Cofen ainda é responsável por estabelecer as diretrizes que disciplinam, normatizam e fiscalizam o exercício profissional da enfermagem; estabelece áreas de especialização da enfermagem e quais os critérios mínimos para obter o registro e inscrição de especialista; autoriza a criação de câmeras técnicas; aprova a previsão orçamentária anual dos conselhos; participa da elaboração e execução de políticas de saúde. O Cofen também auxilia os Corens em processos que requerem a cassação do exercício profissional e sempre que há qualquer necessidade de suporte para esses conselhos (COFEN, 2000). Resoluções do Cofen sobre o exercício profissional da Enfermagem O Cofen tem como uma das suas funções deliberar normativas e resoluções que visam a melhorar as condições de trabalho para o profissional da enfermagem assim como melhorar a qualidade da assistência prestada por ele. A seguir, vamos conhecer algumas dessas resoluções. A enfermagem, por muitos anos, como sabemos pela história da profissão realizou diversas técnicas que não eram regulamentadas, como a prática da sutura. Em 2003, o Cofen por meio da Resolução n. 278/2003 proibiu que o procedimento fosse feito profissionais de enfermagem, exceto em casos de risco iminente de morte e que não tenha possibilidade de o médico realizar o procedimento, como quando ele não estiver presente no local e não puder esperar a sua chagada devido a gravidade do paciente (COFEN, 2003). Nesse mesmo ano, a enfermagem foi proibida de auxiliar em procedimentos cirúrgicos, até então a prática ocorria com frequência, oferecendo risco ao paciente, devido à não capacitação dos profissionais para a auxiliar nos procedimentos (COFEN, 2003). Figura 1 – A resolução Cofen Nº278/2003 proibiu a realização de práticas cirúrgicas por enfermeiros. Em 2009, o Cofen regulamentou a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), através do Processo de Enfermagem em todos os ambientes que prestem assistência de enfermagem. Lembrando que essa a SAE só pode ser feita por enfermeiros, mas a sua implementação pode ter o auxílio do técnico de enfermagem. No ano de 2010, o Cofen aprovou a Resolução n. 370/2010 que trouxe o código de processo ético dos conselhos de enfermagem. Esse código deve ser aplicado por todos os conselhos de enfermagem do Brasil, sendo que ele tem como objetivo normatizar e sistematizar as normas a serem seguidas (COFEN, 2010). Em 2011, pela Resolução n. 388/2010, ficou normatizado que o acesso venoso, via cateterismo umbilical só pode ser realizado pelo Enfermeiro, ou seja, não mais pelo técnico de enfermagem. Essa mudança ocorreu, pois, esse procedimento demanda competência técnica e científica, sendo um procedimento complexo e que qualquer erro pode levar a consequências graves à vida criança (COFEN, 2011). Além disso, passou a ser função privativa do enfermeiro a punção para fins como a gasometria e a monitorização da pressão arterial invasiva. Até então, o técnico realizava o procedimento, que passaa ser realizado somente pelo enfermeiro a partir da Resolução n. 390/2011. Já em 2012, foram normatizados, pela Resolução n. 425/2012, os procedimentos de enfermagem para a contenção mecânica do paciente, que até então não tinha nenhuma norma que regulamentasse como fazer e quando deveria ser feito (COFEN, 2012). A contenção mecânica é um procedimento que deve ser evitada pelos profissionais de enfermagem, porém, em algumas circunstâncias sua realização é necessária. Se for o caso, o profissional deve estar atento, para que não decorra em nenhum dano ao paciente. Em 2016, foi publicado um guia com recomendações para o registro da enfermagem nos prontuários dos pacientes. Não é incomum ainda hoje encontrar prontuários com anotações pequenas, incompletas ou até mesmo a ausência dessas anotações. A anotação é importante não só pelo registro do que foi realizado, mas é uma fonte de comunicação entre os professionais de enfermagem e os outros profissionais que assistem o paciente, pois, muitas vezes, a leitura da evolução do plantão anterior determina as condutas que serão realizadas, além de permitir avaliar o progresso da saúde do paciente (COFEN, 2016). Essas resoluções são exemplos de algumas publicações que o Cofen fez para auxiliar, melhorar e a amparar a enfermagem durante o seu exercício profissional. Mas o profissional deve estar sempre atento a essas resoluções que passam por constantes atualizações e modificações, devido a estudos científicos que mostram a necessidade de mudanças para melhorar o atendimento prestado. Além disso, algumas resoluções podem ser inapropriadas com a prática, necessitando de adequações ao longo dos anos. • Conselho Regional de Enfermagem Os Conselhos Regionais de Enfermagem (Corens), são órgãos sediados em cada capital brasileira, que têm como ação a disciplina e fiscalização do exercício profissional da enfermagem, observando as diretrizes gerais emitidas pelo Conselho Federal de Enfermagem. Esse conselho tem, então, como objetivo principal zelar pela qualidade da assistência prestada pela enfermagem, respeitando o Código de Ética e cumprindo a Lei do Exercício Profissional. O Coren surgiu junto com o Cofen, em 1973, quando foram criados pela Lei n. 5.905. De acordo com essa lei, o Coren é responsável (BRASIL, 1973): • pela inscrição ou cancelamento dos profissionais de enfermagem; • pela disciplina e fiscalização do exercício profissional; • pela execução das instruções e provimentos do Cofen; • pela manutenção do registro dos profissionais de enfermagem na respectiva jurisdição; • por conhecer e decidir as penalidades sobre crimes de ética profissional; • por elaborar proposta orçamentária anual e o regimento interno submetendo-os ao Cofen para aprovação; • por expedir a carteira profissional; • por publicar anualmente relatório sobre o trabalho desenvolvido e o número de profissionais registrados de acordo com a categoria profissional; • por fazer propostas ao Cofen que visem à melhoria do exercício profissional; • por estabelecer o valor da anuidade; • por apresentar anualmente prestação de contas ao Cofen até o dia 28 de fevereiro. O conselho é coordenado pelos próprios inscritos, ocorrendo uma eleição direta em que o mandato é de três anos, podendo ocorrer uma reeleição. Como atua o Coren: O Coren tem unidade sediada nas capitais e tem como papel auxiliar o profissional em casos de dúvidas e até mesmo no registro de denúncias. Além disso, promovem cursos, palestras, boletins informativos para toda a comunidade da enfermagem. O enfermeiro deve procurar a unidade da sua jurisdição para realizar o registro e manter a anuidade em dia, para que seu registro não apresente nenhuma pendência. Em caso de mudança de nome, estado civil, endereço, mudança de categoria ou especialização, o profissional é responsável por avisar o Coren em que está inscrito para a atualização dos dados. Em algumas cidades, existe um escritório fiscal com representantes do Coren, que podem receber a documentação necessária para o registro profissional ou renovação, quando a cidade fica distante da sede, porém, o prazo para que ocorra toda a tramitação é maior, pois os documentos são levados para a sede, na capital, onde são analisados, a demanda é realizada e, depois, encaminhada para o município de origem. Em relação à fiscalização, ela ocorre com a finalidade de instruir as unidades de saúde, por meio de discussões técnicas baseadas na legislação vigente. Em relação às atividades de enfermagem, são observadas o exercício profissional, as condições de trabalho e se estão seguindo o código de ética profissional, bem com as legislações vigentes. Os conselhos regionais de enfermagem têm a fiscalização como sua missão principal, sendo uma atividade de suma importância para a sociedade, instituições de saúde e para os próprios profissionais de enfermagem. O papel dos Corens é prevenir o exercício ilegal do profissional de enfermagem, bem como evitar situações que decorram em desconformidade da ética profissional. Assim, os conselhos buscam promover as melhores condições de trabalho e segurança para o profissional da enfermagem. Além disso, ele deve fazer cumprir as legislações que visam a segurança a assistência enfermagem-paciente e o serviço de saúde. A fiscalização realizada pelo Coren tem um limite, que é estabelecido pela legislação de enfermagem. Ela fiscaliza, então, a enfermagem, portanto, o profissional deve estar atendo para não confundir por exemplo o papel de outras autoridades como vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, ministério do trabalho com o Coren, cada um tem sua competência na fiscalização. Algumas irregularidades comuns que o Coren encontra durante a fiscalização são, por exemplo, o dimensionamento dos profissionais de enfermagem em número insuficiente para atuar na demanda da instituição; ausência do enfermeiro como responsável técnico para o serviço de enfermagem. Além disso, exercício de atividades ilegais, como enfermeiros auxiliando em procedimentos cirúrgico, administrando medicamentos por ordem verbal em situações que não são de emergência. Também é comum encontrar problemas com os documentos, como a inexistência da certidão de responsabilidade técnica, ausência de instrumentos administrativos do serviço de pacientes ou quando existentes estão desatualizados. Outro problema comum são os registros da enfermagem no prontuário do paciente inexistente ou quando preenchidos são insuficientes e incompletos, o que está em desacordo com a legislação vigente. A fiscalização, portanto, tem o papel de notificar por escrito, verificando novamente se as condições foram alteradas. Em alguns casos as penalidades precisam ser reaplicadas de forma mais rigorosa, como multas e em alguns casos até a cassação do exercício profissional de enfermagem, quando ocorrem lesões graves ao paciente decorrentes da assistência inadequada prestada. Porém, devemos lembrar que o Coren não é um conselho meramente punitivo, ele tem caráter educativo. As punições irão ser aplicadas conforme as necessidades de cada situação, conforme o Código de Ética do Profissional de Enfermagem, que veremos mais detalhadamente nos próximos capítulos. Registro de Empresas ao Coren Em 2001, o Cofen aprovou a Resolução n. 578 de 12 de julho de 2001, que dispõe sobre as normas para o registro de empresas que tenham atividade de Enfermagem e as suas anotações referentes as atividades de enfermagem frente à responsabilidade técnica. Assim, todas as empresas que prestem serviços de enfermagem ou executem atividade básica na área da enfermagem mesmo que seja supervisão e treinamento de recursos humanos devem estar vinculadas ao Coren da região em que está atuando. O objetivo dessa norma é assegurar que as atividades exercidas por esses profissionais sejam compatíveis com a exigência ética do exercício da enfermagem(COFEN, 2001). Essa resolução considera como empresa todo empreendimento de enfermagem realizado em instituições de saúde, hospitalar ou não. Ela divide as empresas em classe A que são aquelas que desenvolvem ações de enfermagem ligadas à promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde: • A.1 Atividades de supervisão. • A.2 Atividades de prestação e/ou execução de serviços. • A.3 Atividades de treinamento de recursos humanos. Já a classe B desenvolve atividades que não são especificamente da enfermagem, mas têm ligação com a área: • B.1 Atividades de supervisão. • B.2 Atividades de prestação e/ou execução de serviços. • B.3 Atividades de treinamento de recursos humanos. Diante disso, essas empresas precisam de um enfermeiro responsável técnico por turno, ou seja, se funcionar 24 horas, um no período diurno e outro no período noturno. O registro deve ser solicitado ao Coren cabendo a ele avaliar se aceita ou não. A negativa pode ocorrer casos em que não haja um enfermeiro na direção dos serviços de enfermagem, os profissionais não sejam todos regularizados junto ao Coren ou não especifique – no contrato social, estatuto, regulamento, regimento ou instruções – as funções do enfermeiro assistencial e do enfermeiro responsável técnico. Quando ocorrer a recusa do registro, a empresa tem 60 dias para resolver as irregularidades, em caso de descumprimento o Coren pode aplicar punições (COFEN, 2001). Mas como é feito o requerimento? Vamos detalhar o passo a passo. Primeiramente, a empresa precisa requerer o registro em até 30 dias após o arquivamento de seus atos constitutivos nas repartições competentes. O pedido é feito em formulário específico, que conta nome ou razão social da empresa, número da inscrição estadual ou municipal, endereço do estabelecimento, nome e número da inscrição no conselho do enfermeiro dirigente pelas atividades de enfermagem na empresa, relação de nome e registro dos demais profissionais de enfermagem da empresa. Junto com essas informações devem ser anexados cópias do contrato social, estatuto todos registrados nas repartições competentes, ata de eleição ou designação dos atuais dirigentes, contrato firmado entre a empresa e o profissional de enfermagem especificando suas atividades e a responsabilidade técnica. Caso não tenha nenhum impedimento, o Coren libera por cinco anos a licença, a qual, ao fim desse prazo, pode ser renovada. Os dados do registro são enviados também ao Cofen (COFEN, 2001). A empresa deve ficar atenta, pois pode haver cancelamento do registro em casos de mudança de classe, encerramento da atividade, penalidades aplicadas à empresa e à falência. Quando o cancelamento for realizado até o dia 31 de março, a pessoa jurídica ficara livre do pagamento da anuidade do exercício profissional, mas, se for feito após essa data, a anuidade deverá ser paga proporcionalmente os meses transcorridos (COFEN, 2018). • Associação Brasileira de Enfermagem No ano de 1926, surgiu a Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas formada pela Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (Escola Ana Nery atualmente) no Rio de Janeiro. Dois anos depois, foi registrada com uma associação jurídica. Essa associação manteve o nome até o ano de 1954, quando passou a ser chamada de Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e manteve o nome até os dias atuais. A ABEn é uma associação cultural, científica e política. Ela é uma personalidade jurídica, com direto privado e que abrange todos os profissionais da enfermagem e alunos em formação no nível técnico ou superior. A ABEn ainda congrega cursos, associações ou sociedades de especialistas que se associam a ela sem fins lucrativos. Hoje, a ABEn tem um número ilimitado de associados, organizados por seções federadas em cada estado e uma diretoria nacional. Ela ainda tem um estatuto nacional e estatual que a rege. Ela foi reconhecida em 1952, por meio do Decreto n. 31.417 de setembro daquele ano, como uma associação de Utilidade Pública. A ABEn tem normativas próprias que regula a sua administração. O estatuto da ABEn traz que a sede principal está situada em Brasília, representação nacional e a representatividade estadual tem suas entendidas situadas capitais de cada estado. O estatuto define dezenove finalidades da ABEn, sendo elas reunir todos os profissionais de enfermagem de nível auxiliar, técnico e superior, bem como os estudantes dos cursos profissionalizantes ou de graduação em enfermagem; incentivar a cooperação e solidariedade entre os associados; promover o desenvolvimento técnico-cientifico e cultural dos profissionais de enfermagem; defender os interesses da enfermagem em relação as questões sociais, seguridade, saúde e educação. Além disso, articular e promover a troca de conhecimento entre instituições nacionais e internacionais, visando a melhoria e o desenvolvimento da enfermagem; outorgar título de especialista a enfermeiros que mostrem capacidade técnica-cientifica em processos avaliativos coordenados pela ABEn (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 2018). A ABEn busca representar a enfermagem de forma coletiva, promovendo o crescimento social, político e científico dos profissionais. Podem associar a ela enfermeiros, técnicos de enfermagem, estudantes como sócios especiais. A afiliação requer um pagamento anual que irá variar o valor em cada estado. A associação À ABEn não é obrigatória para o exercício profissional, como ocorre no Conselho de Classe Regional. Apesar de ser opcional, a vantagem de ser um associado é que permite uma melhor organização política em relação às questões de enfermagem. Os filiados podem participar de eventos com descontos, além de terem acesso aos eventos exclusivos da ABEn. Eles, ainda, são informados por boletins eletrônicos sobre atualidades na enfermagem, mantendo sempre atualizados sobre os principais temas e discussões da enfermagem e da saúde. Além disso, os associados podem obter títulos de especialistas em diversas áreas, a partir da realização de provas específicas que são organizadas por essa associação. A associação tem algumas condições para os sócios efetivos, como a obrigação de estarem cadastrados em uma jurisdição estadual ou na sede e comprovem pagamento integral da anuidade a ABEn; o sócio estudante precisa ter a mesma filiação e pagamento da anuidade, porém, é cadastrado como estudante, pois ainda não tem o registro profissional. Nem todos os estados têm uma representação da ABEn, por isso, para requerer a associação, nesses casos, o estudante ou profissional pode entrar em contato direto com a sede. Nos casos de não pagamento de anuidade ou de não preenchimento dos os requisitos, o indivíduo pode ter o pedido de associação negado ou, em alguns casos, se for filiado ele pode ser descredenciado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 2018). Os sócios efeitos podem votar, estar presentes em reuniões da ABEn, participar de reuniões e assembleias com direito ao voto, inscrever em eventos promovidos pela ABEn com valores diferenciados; participar de eventos internacionais que a ABEn esteja associada com condições especiais; inscrever em processos de obtenção de título de especialista conforme as normas de cada especialidade; participar de estudos e debates promovidos pela ABEn e eles ainda têm prioridade em programas e projetos que são desenvolvidos por essa associação. Porém, os sócios efetivos têm obrigações a seguir, como estar de acordo com o estatuto, regimento e resoluções da ABEn; recolher a contribuição destinada a ABEn; cooperar na divulgação de eventos da associação; representar a ABEn em eventos que for indicado e pautar sua conduta sempre nos princípios éticos e de solidariedade conforme o estatuto vigente (ABEn, 2018). Essa associação é constituída de órgãos estatuários com poder deliberativo que são a Assembleia Nacional de Delegados (AND)e o Conselho Nacional da ABEn (CONABEn). A AND é um órgão que tem poder máximo de deliberação da ABEn. Ela pode deliberar questões de interesse da ABEn, deliberar sobre o plano de trabalho da diretoria nacional e o relatório anual; fixar o valor da contribuição destinada a ABEn e o valor a ser repassado pelas seções; eleger conselho fiscal, deliberar sobre o estatuto da ABEn zelando pelo seu cumprimento; deliberar sobre venda ou compra de bens móveis ou imóveis entre diversas outras competências administrativas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 2018). Já a CONABEn é um órgão subordinado à AND, que tem como competência definir estratégias para políticas de trabalho da ABEn, de acordo com as diretrizes e deliberações da AND; deliberar sobre atividades definindo época, local e programação científica dos Congressos Brasileiros de Enfermagem e demais eventos nacionais ou internacionais no país; regular os critérios de filiação e desfiliação de escolas, cursos e unidades de enfermagem (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 2018).
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