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CIÊNCIAS DOS MATERIAIS Professor Leandro Cardoso da Silva 2 SUMÁRIO 1 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS ................................................................................................... 3 2 LIGAÇÕES ATÔMICAS ............................................................................................................... 13 3 ESTRUTURA CRISTALINA........................................................................................................... 24 4 NÃO METÁLICOS ...................................................................................................................... 40 5 ENSAIOS E CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS .......................................................................... 56 6 DIAGRAMA DE FASES ............................................................................................................... 69 3 1 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS Apresentação Os materiais utilizados em diversas aplicações técnicas são empregados em função das propriedades por eles exibidas. As propriedades dos materiais são decorrentes de sua composição química, tipo de ligações e consequente estrutura do material. Propriedades similares determinam uma classificação de materiais que facilitam o entendimento e aplicações destes. A seleção de materiais é parte estratégica no desenvolvimento de produtos e projetos da engenharia moderna, portanto, o completo entendimento dos fatores que determinam as propriedades dos materiais é fundamental na formação de futuros profissionais da área técnica. Há diversas classificações dos materiais atualmente utilizados nas mais distintas aplicações, porém a mais comum propõe a divisão dos materiais em cinco grandes grupos com propriedades distintas, a saber: Materiais Metálicos, Materiais Poliméricos, Materiais Cerâmicos, Materiais Semicondutores e Materiais Compósitos. Neste primeiro bloco são apresentadas as características de cada um dos grupos citados além das propriedades típicas de cada divisão. Para o pleno entendimento dos fatores que levam à classificação dos materiais é providenciado ainda uma revisão dos conceitos de atomística, especificamente no tocante aos modelos atômicos clássicos. 1.1. Tipos de Materiais: Estrutura e Propriedades A importância dos materiais para a civilização humana está intrinsicamente ligada a própria história da humanidade. Tamanha é a importância dos materiais que diversas eras da história são nomeadas em função dos principais materiais dos respectivos períodos. O domínio na extração ou produção de determinado material, seu 4 processamento e transformação em utensílio com uso definido por uma necessidade social da época conferiu a diversos grupos sociais, populações e nações os domínios político, econômico e bélico sobre outros grupos populacionais. Especificamente nesse aspecto, a importância dos materiais estende-se até os tempos atuais, ou seja, as nações mais poderosas da atualidade detêm o controle na extração, processamento e produção de artefatos relacionados a determinado material, o que lhes confere diversas vantagens competitivas sobre outras nações. A Figura 1.1 ilustra lanças com pontas feitas de diversos materiais representando a “alma” das eras históricas da humanidade. Figura 1.1: Pontas de Lanças de diversos materiais ilustrando a evolução dos materiais e das eras históricas A partir da determinação da importância dos materiais para a civilização humana, torna- se imprescindível o completo entendimento de todos os aspectos relacionados a esse tema, ou seja, a forma como a ciência moderna classifica os materiais, os tipos de materiais existentes e suas mais diversas aplicações. A correlação entre a classificação dos materiais, sua estrutura atômica e as diversas propriedades exibidas pelos respectivos materiais. A compreensão dos tipos de materiais e ligações atômicas está diretamente relacionada ao estudo da atomística onde nesse primeiro bloco são apresentados os diversos 5 modelos científicos produzidos por cientistas e pesquisadores ao longo da história com o objetivo de explicar fenômenos e propriedades exibidas por materiais dos mais diversos tipos. Para tanto, são apresentados os diversos modelos atômicos como o modelo de Dalton, também conhecido como modelo da “bola de bilhar”. Na sequência tem-se o modelo atômico de Rutherford que apresenta uma estrutura atômica divisível. Com a evolução dos estudos tem-se o modelo de Rutherford também conhecido como modelo “planetário” que está diretamente relacionado a trajetórias das partículas constituintes dos átomos. A evolução do modelo de Rutherford dá-se a través das pesquisas de Niels Bohr e seu modelo denominado modelo de Bohr, com trajetórias definidas por órbitas e a concepção de níveis de energia distintos entre as orbitas. Alguns pesquisadores denominam esse modelo coo de Rutherford-Bohr. Com relação aos modelos atômicos, somente na primeira metade do século XX com os estudos de Erwin Schrödinger fundamentado nas teorias de Louis De Broglie (dualidade onda-partícula) e de Werner Heisenberg (Teorias das Incertezas) desenvolveu-se um modelo atômico baseado nos conceitos propostos nos modelos anteriores, todavia alinhado com as novas teorias. Com isso, desenvolve-se um modelo que propõe regiões de máxima probabilidade de existência do elétron ao invés de trajetórias bem definidas do elétron. São lançadas as bases da denominada Mecânica Quântica e entendimento desse modelo fundamenta a correlação das ligações químicas dos elementos e ligas com as propriedades exibidas pelos referidos materiais. A Figura 1.2 ilustra os principais modelos atômicos responsáveis pelas propriedades dos materiais e sua respectiva classificação. Figura 1.2: Evolução dos Modelos atômicos Com a descrição dos diversos modelos atômicos até o início do século XX havia uma tênue percepção da correlação direta entre as diversas propriedades exibidas pelos 6 materiais e sua estrutura atômica. Esta relação confirma-se a partir do desenvolvimento do modelo de orbitais atômicos (Modelo de Schrödinger), onde os materiais passam a ser classificados em grandes grupos (Metálicos, Poliméricos e Cerâmicos em um primeiro momento), considerando-se o tipo de ligação entre os átomos e moléculas desses materiais e as características comuns entre materiais de um mesmo grupo. Atualmente os materiais são divididos em cinco grandes grupos, a saber: Materiais Metálicos Materiais Poliméricos Materiais Cerâmicos Materiais Semicondutores Materiais Compósitos Nesse primeiro bloco de conteúdos do tema realiza-se a apresentação dos diversos tipos de materiais atualmente empregados nas mais diversas aplicações da engenharia contemporânea. Dessa forma são descritos os materiais metálicos, poliméricos, cerâmicos, não-metálicos, semicondutores e compósitos. Cada uma dessas classes de materiais tem características próprias que se traduzem nas propriedades exibidas por esses materiais e estão diretamente relacionadas a sua composição e estrutura atômica. 1.1.1 Materiais Metálicos Os materiais classificados como metálicos podem ser puros ou a combinação de vários elementos metálicos. As propriedades características dos materiais metálicos são função dos elétrons, vários não localizados, ou seja, não ligados a qualquer átomo em particular. Os materiais metálicos possuem boa condutibilidade (térmica e de eletricidade), sendo não transparentes a luz visível. Com relação as propriedades mecânicas possuem elevada resistência mecânica e boa ductilidade o que lhes garante aplicações de caráter estrutural. A Figura 1.3 ilustra uma aplicação estrutural de materiais metálicos. 7 Figura 1.3: Aplicação Estrutural de Material Metálico (Torre Eiffel) 1.1.2Materiais Poliméricos Tem como característica predominante a existência de grandes estruturas moleculares. Alguns polímeros são compostos orgânicos baseados em Carbono e Hidrogênio e outros são elementos não-metálicos. A propriedades marcantes desses materiais são a baixa densidade e alta flexibilidade. A Figura 1.4 ilustra uma aplicação em impressora 3D com uso de material polimérico na confecção do protótipo. Figura 1.4: Aplicação de Material Polimérico em Impressão 3D 8 1.1.3 Materiais Cerâmicos Os materiais Cerâmicos são a combinação de materiais metálicos e não metálicos produzindo óxidos, nitratos e carbetos. Pode-se citar como principais propriedades dos materiais cerâmicos a elevada resistência a temperatura e a ambientes agressivos sob a ótica de corrosão. São excelentes isolantes térmicos e elétricos. A elevada dureza dos materiais cerâmicos resultam em fragilidade desses materiais. A Figura 1.5, ilustra uma aplicação de material cerâmico. Figura 1.5: Aplicação de Material Cerâmico. Fusíveis do tipo Diazed 1.1.4 Materiais Semicondutores Os Semicondutores são materiais que apresentam propriedades elétricas intermediárias entre os condutores elétricos e os isolantes. São extremamente sensíveis a presença de impurezas em sua composição. Os materiais Semicondutores são a base da eletrônica contemporânea sendo largamente empregados na produção de componentes eletrônicos como diodos, transistores, circuitos integrados e chips. A Figura 1.6, a seguir, ilustra um componente eletrônico produzido a partir de material semicondutor. 9 Figura 1.6: Componente eletrônico produzido a partir de Material Semicondutor 1.1.5 Materiais Compósitos São materiais constituídos por mais de um material desenvolvidos com o objetivo de apresentar as melhores características de cada um dos materiais constituintes. Por conta da combinação e materiais as propriedades dos materiais compósitos são anisotrópicas. A Figura 1.7, ilustra um componente de bicicleta produzido em material Compósito. Figura 1.7: Componente de bicicleta produzido a partir de Material Compósito 1.2. Processamento dos Materiais Nesse primeiro bloco também são apresentados os diversos tipos de processamento ao qual os materiais são submetidos visando sua posterior utilização nas mais diversas 10 aplicações. É fundamental compreender que o comportamento exibido pelos materiais durante seu processamento é fruto de sua composição química além da estrutura atômica de ligação entre os átomos componentes do material. A Figura 1.8, ilustra o processamento de material metálico através de processo siderúrgico. Figura 1.8: Processamento de Material Metálico A introdução de energia, muitas vezes na forma de trabalho, nos materiais durante seu processamento resultará em mudanças de determinadas propriedades originais do material. Tais mudanças em determinadas situações são esperadas para a obtenção de propriedades específicas de determinados materiais que servirão a aplicações específicas ou desenvolvimento de produtos onde tais propriedades são fundamentais. Aço O Aço é um dos materiais mais utilizados no mundo e seu processamento é oriundo do Ferro (Fe) com uma porcentagem de Carbono (C). Manipulando quimicamente outros elementos ao Aço, podemos obter resultados positivos na concepção da liga de Aço, como dureza, elasticidade, durabilidade etc. Para saber mais sobre o Aço, recomendamos o seguinte vídeo: Como é feito o aço. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IC- 81In72YI>. Acesso em: 21 mar. 2019. 11 Polímeros A família dos polímeros é das mais utilizadas no mercado de produtos em geral e suas soluções são diversas, como produção de garrafas PET, vasilhames, brinquedos etc. Existe uma grande variedade de processos envolvidos na fabricação de produtos advindos de polímeros. Os mais utilizados são extrusão, injeção, rotomoldagem, sopro e vacuum forming, ou termoformagem. Para saber mais sobre Polímeros, recomendamos o seguinte vídeo: Processos de fabricação Termoplásticos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7NkdKIRwKUQ>. Acesso em: 21 mar. 2019. Compósitos Atualmente muito utilizado para aplicações estruturais, os compósitos têm por definição serem a mistura de dois ou mais produtos para obtenção e melhoria de desempenho nas propriedades mecânicas, químicas e físicas do material de interesse para a aplicação na concepção de produtos. Para saber mais sobre Compósitos, recomendamos o seguinte vídeo: Processo RTM Light "The best case" em Português Fiberglass. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bKr91XoSuWA>. Acesso em: 21 mar. 2019. 1.3. Seleção de Materiais A partir da classificação dos materiais em grupos com propriedades similares em função das respectivas estruturas atômicas, pode-se definir critérios técnicos para desenvolvimento de novos materiais em função dos objetivos de aplicação propostos para o referido material. A partir dessa análise da relação entre materiais e as propriedades exibidas surge o conceito da Ciência dos Materiais. 12 A seleção do material mais adequado para determinada aplicação é fator estratégico no desenvolvimento de projeto e/ou produtos e, portanto, deve ser baseado em critérios técnicos, ou seja, diretamente relacionados as propriedades exibidas por determinados materiais. Conclusão Os materiais são classificados em função das propriedades exibidas sendo estas decorrentes da composição química e tipo de ligação interatômica. A classificação atual de materiais divide-os em cinco grandes grupos a saber: Metálicos, Poliméricos, Cerâmicos, Semicondutores e Compósitos. A seleção adequada de materiais é fator estratégico na competitividade das organizações globalizadas, todavia deve ser considerada em qualquer situação que se demanda análise técnica do componente ou projeto em desenvolvimento Os tipos de ligações químicas que constituem os diversos tipos de materiais serão tratados no bloco 2 desse conteúdo. Referências Bibliográficas CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. SHACKELFORD, J. F. Ciências dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 13 2 LIGAÇÕES ATÔMICAS Apresentação As ligações fazem parte do entendimento do profissional introduzido no setor de transformação, e a necessidade deste conhecimento está diretamente ligada ao desenvolvimento de novos produtos, processos e pesquisas, que trarão o desenvolvimento sustentável da empresa. Para entender sobre opções e fontes de materiais é preciso compreender sobre ligações atômicas. É o que veremos nesta unidade! Bons estudos! 2.1 Estrutura Atômica: Forças e Ligações As estruturas atômicas partem do conceito individual da estrutura interna dos átomos. Para que consigamos compreender melhor esta estrutura, devemos imaginar a estrutura interna atômica similar à estrutura dos planetas. O estudo sobre a união dos átomos traz a compreensão sobre forças interatômicas e propriedades dos materiais. Independentemente do segmento de atuação profissional, existirá sempre a necessidade de compreender esta relação atômica. O conceito aprendido durante nossa formação básica nas aulas de Ciências mostra o Sol como núcleo no sistema planetário e os planetas ao seu redor. Notavelmente é possível perceber, através da figura a seguir, que temos planetas mais próximos e planetas mais distantes do Sol. 14 Figura 2.1: Planetas ao redor do Sol Podemos explorar esta analogia para explicar a estrutura atômica. A estrutura atômica parte de um núcleo com prótons e nêutrons (neste caso, representado pelo Sol) que fica rodeado de elétrons (neste caso, os planetas). A seguir, temos a figura quedemonstra como fica a analogia transposta para a estrutura atômica. Figura 2.2: Estrutura Atômica A tabela periódica fornece, para cada um dos elementos, dados como peso atômico, símbolo e número atômico. 15 Figura 2.3: Tabela periódica Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Através da informação do número atômico de cada elemento obtido da tabela periódica e do diagrama de Linus Pauling é possível determinar a distribuição de elétrons na eletrosfera distribuída entre as sete camadas. Figura 2.4: Demonstração de eletrosfera e suas camadas Fonte: elaborada pelo autor. 16 Através do diagrama de Linus Pauling é possível determinar a distribuição de elétrons na eletrosfera distribuída entre as sete camadas. Podemos observar na figura o exemplo do Carbono (C) localizado na tabela periódica e sua distribuição de elétrons. Figura 2.5: Distribuição de elétrons Fonte: (adaptado de CALLISTER et al., 2018) Saiba Mais Estes cinco vídeos contribuirão para relembrar as aulas de Química do Ensino Médio, priorizando o entendimento da estrutura química, geometria molecular e a distribuição eletrônica através do diagrama de Linus Pauling. É importante notar a importância da definição do átomo para compreensão da disciplina Ciência dos Materiais. Química - Estrutura Atômica - Parte 1/4. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=n6RyHMAKBo0>. Acesso em: 21 mar. 2019. Química - Estrutura Atômica - Parte 2/4. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=femXZofczw0>. Acesso em: 21 mar. 2019. Química - Estrutura Atômica - Parte - 3/4. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3nsyQ2NUVl4>. Acesso em: 21 mar. 2019. Química - Estrutura Atômica - Parte 4/4: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9d7MSz3cdCM>. Acesso em: 21 mar. 2019. Distribuição eletrônica. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=H8Z3PuPbiB8>. Acesso em: 21 mar. 2019. https://www.youtube.com/watch?v=n6RyHMAKBo0 https://www.youtube.com/watch?v=femXZofczw0 https://www.youtube.com/watch?v=3nsyQ2NUVl4 https://www.youtube.com/watch?v=9d7MSz3cdCM https://www.youtube.com/watch?v=H8Z3PuPbiB8 17 2.2 Ligações Interatômicas Primárias As ligações interatômicas primárias são divididas em três tipos: Ligações iônicas Ligações covalentes Ligações metálicas Recomendamos a leitura das páginas 30 a 35 da seguinte obra: CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. p. 30-35. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521632375/cfi/6/26!/4/186/ 4/2@0:0>. Acesso em: 21 mar. 2019. 2.2.1 Ligações Iônicas As ligações, em geral, definem-se por somas e subtrações de elétrons no seu compartilhamento. Nesta interação entre átomos (neste caso em específico, entre um metal e um ametal, ou entre um metal e um hidrogênio) percebe-se que a participação dos elementos metálicos em sua interação atômica é imperativa. Os átomos metálicos têm por característica perderem elétrons de valência para comporem as últimas camadas dos ametais. Um exemplo clássico utilizado pelas literaturas para exemplificar esta situação é o famoso sal de cozinha (Cloreto de sódio – NaCl). Se notarmos o Sódio (Na) na tabela periódica, veremos que seu número atômico é 11, e o Cloro (Cl) tem número atômico 17. Através da distribuição eletrônica, o Sódio tem apenas 1 elétron na última camada de valência; ao reagir com o Cloro (Cl), que tem 5 elétrons na última camada de valência, o Sódio certamente doará este elétron. Assim, ambos irão modificar suas estruturas inicias, pois após a doação de elétron, o Sódio (Na) ficará com 6 elétrons na última camada de valência, e o Cloro (Cl) passará a ficar com 6 elétrons na última camada de valência, promovendo o equilíbrio químico da ligação iônica. 18 Figura 2.6: Exemplo de ligações iônicas Fonte: (adaptado CALLISTER et al., 2018) Com a perda de elétron do Sódio (Na) para o Cloro (Cl), a nova distribuição eletrônica passa a ser como demonstrado a seguir: 19 Figura 2.7: Exemplo de distribuição de elétrons após ligação iônica Fonte: elaborada pelo autor. Saiba Mais Este vídeo compartilha de forma prática e direta o conceito das ligações iônicas. Ligações Químicas: A Ligação Iônica. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JJt2UEBSvlw&t=43s>. Acesso em: 21 mar. 2019. 2.2.2 Ligações Covalentes As ligações covalentes trazem uma particularidade em relação à eletronegatividade entre alguns materiais. Esses materiais ficam próximos na tabela periódica e, diferente das ligações iônicas, não doam elétrons para buscar estabilidade na última camada de valência, pelo contrário, eles compartilham os elétrons para estabilizar a última camada. Como exemplo, podemos utilizar o Gás Hidrogênio (H) que, na tabela periódica, apresenta como número atômico 1. Para obtermos o produto H2, precisamos de duas moléculas de Hidrogênio; quando fazemos esta combinação, os átomos compartilham seus elétrons, conforme demonstrado a seguir. 20 Figura 2.8: Exemplo de ligações covalentes Fonte: (adaptado CALLISTER et al., 2018) Saiba Mais Este vídeo compartilha de forma pratica e direta o conceito das ligações covalentes. Ligações Químicas: A Ligação Covalente. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3jYy4XhtpxU>. Acesso em: 21 mar. 2019. 2.2.3 Ligações Metálicas As ligações metálicas concentram-se somente em materiais e ligas metálicas. Para entendê-las, no passado, foi proposto um modelo que se caracteriza por chuva ou nuvem de elétrons. Os elétrons de valência não ficam ligados a nenhum outro átomo; de certa forma, estão livres sobre o sólido, podendo se movimentar simultaneamente. Já os elétrons que não são de valência são chamados de núcleo iônico, são carregados positivamente e ficam espalhados entre os elétrons de valência, como demonstrado na figura a seguir: 21 Figura 2.9: Exemplo de ligação metálica Fonte: (adaptado CALLISTER et al., 2018) Os metais são excelentes condutores de calor e eletricidade, e a razão que os fazem obter esta característica é justamente os elétrons de valência espalhados sobre o sólido. Outras características, como ductibilidade e resistência à fratura, estão relacionados e podem ser explicados através das ligações metálicas. Saiba Mais Este vídeo compartilha de forma prática e direta o conceito das ligações metálicas. Ligação Metálica. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xb07lIWFnuE>. Acesso em: 21 mar. 2019. 2.3 Ligações Secundárias (Van der Waals) Caracterizadas por serem ligações fracas, as ligações secundárias ou de Van der Waals são ligações existentes entre os átomos devido à existência das ligações primárias (ligações fortes). As ligações secundárias (ligações fracas) passam a ser imperceptíveis quando ligadas ionicamente ou covalentemente. Essa ligação acontece através de dipolos atômicos ou moleculares. Devido à atração sofrida pelas extremidades positivas e negativas do dipolo e do dipolo adjacente, ocorre a ligação secundária ou de Van der Waals. 22 Figura 2.10: Exemplo de ligações secundárias Fonte: (adaptado CALLISTER et al., 2018) Essas ligações podem ser separadas de três formas: Ligações de Dipolo Induzido Flutuantes Ligações entre Moléculas Polares e Dipolos Induzidos Ligações de Dipolos Permanentes Recomendamos os seguintes vídeos, que tratam sobre os três tipos de ligações intermoleculares: Aqui, é explicado sobre ligações fracas ou ligações secundárias de Van der Waals: Ligações Químicas: Forças Intermoleculares (1/2). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yJN6a_mPe6A>. Acesso em: 21 mar. 2019. Aqui é explicado sobre dipolos permanentes: Ligações Químicas:Forças Intermoleculares (2/2). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Cl7Su7PesCE>. Acesso em: 21 mar. 2019. 23 Saiba Mais Neste vídeo, veremos um experimento que exemplifica a ligação secundária ou intermolecular. Ele utiliza água e álcool, e a marcação da quantidade utilizada torna-se fundamental para a percepção do experimento. O importante é notar que a atração dos dipolos positivos com os negativos de ambos os compostos será a reação que nos trará o entendimento sobre a teoria. Experiência, ligações intermoleculares. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gQIwuZ-gzEo>. Acesso em: 21 mar. 2019. Conclusão Para entendermos a estrutura dos materiais são imperativos o entendimento e a compreensão sobre as ligações atômicas. Isso contribuirá futuramente para a pesquisa de novos materiais, o desenvolvimento de novos produtos, a resolução de problemas existentes e, principalmente, para a proposição de soluções sustentáveis de consumo para o mundo. As ligações trazem os conceitos de Química do ciclo básico, demonstrando a importância das ligações primárias e secundárias. Isso tem implicação direta na compreensão atômica de funcionamento dos materiais, como por exemplo a família dos metais que, devido as suas ligações metálicas, desenvolvem propriedades de interesse, tais como boa condutividade, resistência à fadiga, ductibilidade, entre outros. Referências Bibliográficas CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. SHACKELFORD, J. F. Ciências dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 24 3 ESTRUTURA CRISTALINA Apresentação Neste bloco vamos compreender, através da estrutura cristalina, como se dá a construção da estrutura dos materiais. Você verá que certas propriedades que determinam a utilização e escolha de materiais para determinadas aplicações, como deformação plástica e deformação elástica, são constituídas a partir da estrutura destes materiais. Bons estudos! 3.1 Estrutura Cristalina: Conceitos Fundamentais, Polimorfismo e Alotropia Uma parte importante do desenvolvimento industrial está relacionada ao desenvolvimento dos materiais, e só conseguimos compreender sua forma interativa quando conhecemos a relação entre os átomos ou íons presentes em seus arranjos. A classificação dos materiais sólidos parte da regularidade de como os arranjos atômicos estão relacionados a outros arranjos atômicos. Esta relação citada pode ser definida por grandes distâncias atômicas, em que a ordem de relação e a posição dos arranjos atômicos determinarão os tipos de material que chamamos de material cristalino. Muitos materiais formam suas estruturas cristalinas após o processo de solidificação. A estrutura cristalina pode ser definida como a forma em que os átomos, íons e moléculas estão arranjados no espaço. Podemos afirmar que todos os metais, alguns cerâmicos e alguns polímeros formam estruturas cristalinas sob condição de solidificação normal. Sob esta condição de análise, podemos classificar as estruturas cristalinas de quatro maneiras: Estrutura Cristalina Cúbica de Faces Centradas (CFC) Estrutura Cristalina Cúbica de Corpo Centrado (CCC) 25 Estrutura Cristalina Célula Cúbica Simples (CS) Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta (HC) 3.1.1 Estrutura Cristalina Cúbica de Faces Centradas A Estrutura Cristalina Cúbica de Faces Centradas, também conhecida pelas suas inicias - CFC, tem a sua geometria em formato de cubo e seus átomos ficam localizados nos vértices e no centro das faces do cubo. A seguir, temos a figura que ilustra essa estrutura. É importante olharmos para esta figura como se todas as faces do cubo fossem rígidas e construídas com vidro transparente; isso certamente facilitará a identificação e localização dos átomos na Estrutura Cristalina Cúbica de Face Centrada. Figura 3.11: Estrutura Cristalina Cúbica de Face Centrada (CFC) Para calcularmos o número de átomos: 𝑁 = 𝑁𝑖 + 𝑁𝑓 2 + 𝑁𝑣 8 = 1 + 6 2 + 8 8 = 𝟒 Onde: 26 Ni = Número de átomos no interior da célula Nf = Número de átomos nas faces da célula Nv = Número de átomos nos vértices da célula Para definirmos o comprimento da aresta do cubo a, utilizamos a seguinte fórmula: 𝑎 = 2. 𝑅. √2 Onde: a = Comprimento da aresta R = Raio atômico Cálculo do volume da célula unitária CFC: 𝑉𝑐 = 𝑎³ = (2. 𝑅. √2) 3 = 𝟏𝟔. 𝑹³. √𝟐 Onde: a = Comprimento da aresta R = raio atômico Figura 3.12: Demonstração do Raio Atômico e do Comprimento de Aresta para Estrutura Cristalina CFC Fonte: (CALLISTER et al., 2018) O Fator de Empacotamento define o espaço ocupado pelos átomos em uma estrutura cristalina. A fórmula utilizada para calcular o nível de ocupação é: Fator de Empacotamento Atômico: 27 𝐹𝐸𝐴 = 𝑉𝑒 𝑉𝑐 = 4. 4 3 . 𝜋. 𝑅³ 16. 𝑅³. √2 = 𝟎, 𝟕𝟒 Onde: R = raio atômico Ve = Volume do átomo (𝑁(𝑛° 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠). 4 3 . 𝜋. 𝑅³) Vc = Volume total da célula unitária 3.1.2 Estrutura Cristalina Cúbica de Corpo Centrado A Estrutura Cristalina Cúbica de Corpo Centrado, também conhecida pelas suas iniciais - CCC, assemelha-se em sua estrutura com a Estrutura Cristalina CFC, por ter átomos em todos os vértices do cubo, com a diferença de ter um único átomo localizado no centro do cubo. Conforme figura a seguir é possível notar a distribuição dos átomos para a Estrutura Cristalina Cúbica de Corpo Centrado. Figura 3.13: Para a Estrutura Cristalina Cúbica de Corpo Centrado: (a) representação da célula unitária por meio de esferas rígidas, (b) célula unitária segundo esferas reduzidas e (c) agregado de muitos átomos Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Para calcularmos o número de átomos: 28 𝑁 = 𝑁𝑖 + 𝑁𝑓 2 + 𝑁𝑣 8 = 1 + 0 + 8 8 = 𝟐 Onde: Ni = Número de átomos no interior da célula Nf = Número de átomos nas faces da célula Nv = Número de átomos nos vértices da célula Para definirmos o comprimento da aresta do cubo, utilizamos a seguinte formula: 𝑎 = 4. 𝑅 √3 Onde: a = Comprimento da aresta R = Raio atômico Cálculo do volume da célula unitária CCC: 𝑉𝑐 = 𝑎³ = ( 4. 𝑅 √3 ) ³ = 𝟔𝟒. 𝑹³ 𝟑. √𝟑 Onde: a = Comprimento da aresta R = Raio atômico Fator de Empacotamento Atômico: 𝐹𝐸𝐴 = 𝑉𝑒 𝑉𝑐 = 2. 4 3 . 𝜋. 𝑅³ 64. 𝑅³ 3. √3 = 𝟎, 𝟔𝟖 Onde: 29 R = Raio atômico Ve = Volume do átomo (𝑁(𝑛° 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠). 4 3 . 𝜋. 𝑅³). Vc = Volume total da célula unitária. 3.1.3 Estrutura Cristalina Célula Cúbica Simples A Célula Cúbica Simples é formada por quatro átomos distribuídos nas arestas dos vértices do cubo. Figura 3.14: Exemplo de formação geométrica da célula unitária Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Para calcularmos o número de átomos: 𝑁 = 𝑁𝑖 + 𝑁𝑓 2 + 𝑁𝑣 8 = 0 + 0 + 8 8 = 𝟏 Onde: Ni = Número de átomos no interior da célula Nf = Número de átomos nas faces da célula Nv = Número de átomos nos vértices da célula Para definirmos o comprimento da aresta do cubo, utilizamos a seguinte fórmula: 30 𝑎 = 2. 𝑅 Onde: a = Comprimento da aresta R = Raio atômico Cálculo do volume da célula unitária CS: 𝑉𝑐 = 𝑎³ = (2. 𝑅)³ = 𝟖. 𝑹³ Onde: a = Comprimento da aresta R = Raio atômico Fator de Empacotamento Atômico: 𝐹𝐸𝐴 = 𝑉𝑒 𝑉𝑐 = 1. 4 3 . 𝜋. 𝑅³ 8. 𝑅³ = 𝟎, 𝟓𝟐 Onde: R = Raio atômico Ve = Volume do átomo (𝑁(𝑛° 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠). 4 3 . 𝜋. 𝑅³) Vc = Volume total da célula unitária 3.1.4 Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta A Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta, também conhecida por Estrutura Cristalina HC, tem sua geometria diferente das demais estruturas cristalinas.A simetria cúbica não é regra para todos os materiais, logo, existem materiais que, em sua estrutura cristalina, possuem a geometria de um hexágono. Suas características de aproximação e formação são similares a outras estruturas cristalinas, com a particularidade de compor seis átomos na parte superior e inferior, tendo um átomo central em cada uma de suas faces. A figura a seguir ilustra a sua forma geométrica e a distribuição dos átomos. 31 Figura 3.15: Para a estrutura cristalina hexagonal compacta: (a) célula unitária com esferas reduzidas (a e c representam os comprimentos das arestas menor e maior, respectivamente) e (b) agregado de muitos átomos Fonte: (CALLISTER et al., 2018) A estrutura HC tem em sua formação dois hexágonos sobrepostos e, em seu plano intermediário, existem três átomos; em seus vértices, existem seis átomos e um no centro. Para calcularmos o número de átomos: 𝑁 = 𝑁𝑖 + 𝑁𝑓 2 + 𝑁𝑣 6 = 3 + 2 2 + 12 6 = 𝟔 Onde: Ni = Número de átomos no interior da célula Nf = Número de átomos nas faces da célula Nv = Número de átomos nos vértices da célula Cálculo do volume da célula unitária HC: 𝑉𝑐 = 𝑎³ = 𝟐𝟒. 𝑹³. √𝟐 Onde: 32 a = Comprimento da aresta R = Raio atômico Fator de Empacotamento Atômico: 𝐹𝐸𝐴 = 𝑉𝑒 𝑉𝑐 = 6. 4 3 . 𝜋. 𝑅³ 24. 𝑅³. √2 = 𝟎, 𝟕𝟒 Onde: R = Raio atômico Ve = Volume do átomo (𝑁(𝑛° 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠). 4 3 . 𝜋. 𝑅³) Vc = Volume total da célula unitária Saiba mais Neste vídeo veremos a demonstração do cálculo do Fator de Empacotamento Atômico para as respectivas estruturas citadas neste bloco. Bons estudos! Fator de Empacotamento Atômico – FEA. Disponível: <https://www.youtube.com/watch?v=uZemT4YWo48>. Acesso em: 21 mar. 2019. 3.1.5 Cálculos da Massa Específica A massa especifica é a razão entre a massa de uma de uma substância e o volume por ela ocupado. Definindo a razão entre a massa e o volume de uma substância, podemos afirmar que, após o conhecimento sobre estruturas cristalinas, é possível calcular a sua massa especifica teórica. A seguir é demonstrada a fórmula que compreende este cálculo: 𝜌 = 𝑛. 𝐴 𝑉𝑐. 𝑁𝑎 Onde: https://www.youtube.com/watch?v=uZemT4YWo48 33 N = Número de átomos associados a cada célula unitária A = Peso atômico Vc = Volume da célula unitária Na = Número de Avogadro (6,022x1023 átomos/mol) 3.1.6 Poliformismo e Alotropia O poliformismo nada mais é do que a existência de mais de um tipo de estrutura cristalina presente nos metais e ametais. Figura 3.16: Microestrutura do ferro Fonte: (LIVRED.INFO, 2017) 34 Podemos afirmar, por exemplo, que o Ferro (Fe), entre aproximadamente 273°C e 912°C, possui Estrutura Cristalina CCC; entre aproximadamente 912°C e 1394°C, possui Estrutura Cristalina CFC e, entre 1394°C e 1539°C, ele volta a ter Estrutura Cristalina CCC. Esta presença de mais de uma estrutura cristalina geralmente é provocada pela aplicação de temperatura nos materiais sólidos, o que altera suas propriedades, formas e até mesmo características mecânicas de interesse para uma determinada aplicação. Quando temos a incidência de temperatura para propiciar estas modificações, chamamos de Alotropia. Figura 3.17: Transformação do estanho Branco em Estanho Cinza através do processo de resfriamento Fonte: (adaptado de CALLISTER et al., 2018) Saiba Mais Este vídeo trará uma revisão sobre Estruturas Cristalinas CFC, CCC, CS e HC, com exemplos ilustrados pelo autor. Bons estudos! 35 Células unitárias cúbicas CCC, CFC e CS, dedução de arestas e N° de coordenação. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2s_TjH1teOI>. Acesso em: 21 mar. 2019. 3.2 Pontos, Direções e Planos Cristalográficos Assim como em desenhos técnicos, plantas baixas e especificações de máquinas, nos materiais cristalinos também precisamos especificar pontos para determinar posições. No plano cristalográfico precisamos identificar os pontos para determinar suas respectivas localizações e direções. Todas as localizações são orientadas pelos eixos x, y e z, conforme figura a seguir. Figura 3.18: Definição dos eixos x, y e z Para melhor compreender sobre Coordenadas dos Pontos, Direções Cristalográficas e Planos Cristalográficos recomendamos a leitura das páginas 58 a 71 da obra abaixo. Para conseguir visualizar as figuras empregadas durante a leitura, as formas cúbicas estarão representadas nas direções x, y e z do plano cartesiano. CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. p. 58-71. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521632375/cfi/6/28!/4/206/ 2/4@0:0>. Acesso em: 21 mar. 2019. 36 Saiba Mais Neste vídeo teremos a visão detalhada e bem explicada sobre Pontos, Direções e Planos Cristalográficos, baseados na teoria clássica apresentada nos livros de ciências dos materiais. Pontos, Direções e Planos Cristalográficos. Disponível: <https://www.youtube.com/watch?v=uQF6gJoGA0U>. Acesso em: 21 mar. 2019. 3.2.1 Coordenada dos Pontos De acordo com Callister (2018), algumas vezes é necessário especificar uma posição na rede cristalina dentro de uma célula unitária. Isso é possível usando três índices de coordenadas de pontos: q, r e s. Esses índices são múltiplos fracionários dos comprimentos da aresta da célula unitária a, b e c, isto é, q é algum comprimento fracionário de a ao longo do eixo x, r é algum comprimento fracionário de b ao longo do eixo y e, de maneira semelhante, para s; ou: qa = Posição na rede cristalina em referência ao eixo x rb = Posição na rede cristalina em referência ao eixo y sc = Posição na rede cristalina em referência ao eixo z Para que possamos entender melhor, a figura a seguir demonstra a célula unitária com o sistema de coordenadas x, y e z, demonstrando o sistema de coordenadas localizado no vértice da célula unitária, partindo do ponto P. 37 Figura 3.19: Maneira segundo a qual são determinadas as coordenadas q, r e s do ponto P no interior da célula unitária. A coordenada q (que é uma fração) corresponde à distância qa ao longo do eixo x, para a qual a é o comprimento da aresta da célula unitária. As respectivas coordenadas r e s para os eixos y e z são determinadas de maneira semelhante. Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Saiba Mais Para fecharmos o entendimento sobre coordenadas, este vídeo apresenta de maneira detalhada e exemplificada como devemos representar as coordenadas nos planos cristalográficos. Posições cristalográficas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PDHk2yJfILs>. Acesso em: 21 mar. 2019. 3.3 Densidades Linear e Planar: Estruturas Compactas Anteriormente foram discutidas as direções nos planos cristalográficos que, de maneira relacionada, possuem equivalência direcional para determinados materiais. Esta relação para alguns materiais pode ser definida como densidade linear, por possuírem direções idênticas e equivalentes. 38 A densidade linear pode ser definida pelo número de átomos por unidade de comprimento, levando em conta o vetor direção para uma determinada direção cristalográfica. 𝐷𝐿 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜 Não muito diferente, a densidade planar é definida pelo número de átomos por unidade de área que estão centrados sobre um plano cristalográfico particular. 𝐷𝑃 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑢𝑚 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 Para maior entendimento do tema, recomendamos os seguintes vídeos, que explicam de maneira detalhada e exemplificada a teoria sobre as densidades em estruturascompactas: Densidade Linear. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aqh5jPFftEg>. Acesso em: 21 mar. 2019. Densidade Planar. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=a7ZolRlVrH4>. Acesso em: 21 mar. 2019. Conclusão Este bloco demonstra a importância do entendimento sobre a estrutura cristalina dos materiais. É comum ouvimos dizer que “determinado material é mais duro, mais frágil ou mais resistente”. Estas propriedades estão relacionadas com a estrutura cristalina dos materiais e podemos compreender, através da teoria apresentada, como estão relacionadas atomicamente. Aprofundamos um pouco mais e vimos que o poliformismo e a alotropia começam a nos dar o entendimento sobre o processo de transformação dos materiais na vida real. 39 Podemos perceber que, através da aplicação de temperatura, temos diferentes estruturas cristalinas, que resultam em diferentes propriedades dos materiais. Ao imergirmos no mundo das estruturas partimos das coordenadas nos planos para aprendermos a dimensionar a posição dos átomos de acordo com a estrutura cristalina a ser dimensionada. Referências Bibliográficas CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. LIVRED.INFO. Estruturas Cristalinas, 2017. Disponível em: <http://livred.info/estruturas- cristalinas.html?page=7>. Acesso em: 21 mar. 2019. SHACKELFORD, J. F. Ciências dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 40 4 NÃO METÁLICOS Apresentação Os materiais não metálicos são altamente empregados no mercado de transformação de matéria-prima, pois apresentam soluções interessantes para distintas aplicações, desde recipientes para produtos líquidos até componentes elétricos, como resistores e capacitores. Neste bloco iremos entender os materiais cerâmicos, poliméricos, compósitos e semicondutores. Bons estudos! 4.1 Cerâmicas Formados através da combinação de elementos químicos metálicos e não metálicos, os materiais cerâmicos são classificados em: Minerais argilosos Cimento Vidro Sua formação inorgânica pode ser feita, por exemplo, por óxidos, nitretos e carbetos; este material oferece ao mercado de transformação muitas opções de utilização de acordo com propriedades desejadas. Também apresenta excelente resistência a altas temperaturas e isolamento a eletricidade, propriedades essas que não são encontradas, por exemplo, na família dos metais. Suas propriedades mecânicas apresentam-se com grande dureza, porém são muito quebradiços para esforços de tração e torção, não sendo muito aconselhados na utilização de aplicações que sofrem esforços combinados, torcionais ou simultâneos em direções diferentes. Sua propriedade mecânica de resistência à compressão é bastante aconselhada. 41 Figura 4.20: Exemplo de esforços combinados em componente retangular Fonte: (CURY, 2015) A fragilidade de um material cerâmico é notável e fácil de ser percebida. Um exemplo cotidiano é o que acontece ao deixarmos um copo de vidro cair no chão à altura de um metro: logo notamos sua fragilidade à resistência de impacto, uma vez que ele irá se despedaçar ao entrar em contato com a superfície do chão. Embora os materiais metálicos ainda sejam os mais empregados na indústria de transformação por obterem propriedades mecânicas importantes para aplicações estruturais, como resistência à tração e elevada tenacidade, os polímeros oferecem outras vantagens, como baixa densidade, alta capacidade de moldagem e flexibilidade de materiais. De maneira generalizada, a tabela a seguir demonstra o comparativo de algumas propriedades de suas propriedades. 42 Tabela 4.1: Comparativo de propriedades gerais Fonte: (SANTOS, 2014) Os produtos mais comumente industrializados utilizando materiais cerâmicos têm sua base de argila e são compostos por alumina (Al2O3) e sílica (SiO2), sendo processados a uma temperatura acima de 4.000 °C para industrialização de cerâmicas comerciais e cerâmicas industriais, o que denota sua grande característica refratária, por ter um ponto de fusão tão alto. 4.1.1 Formação da Cerâmica Os materiais cerâmicos são definidos por caracterização iônica ou covalente presente em suas estruturas. A tendência das estruturas atômicas nos materiais cerâmicos é estarem altamente compactadas devido à relação entre os raios iônicos dos íons de sua estrutura e também pelo balanço eletrostático reagente entre os átomos envolvidos. Figura 4.21: Exemplo de ligação iônica na formação do cloreto de sódio por meio de ligação iônica Fonte: (SANTOS, 2014) A natureza cristalina dos materiais cerâmicos é influenciada por duas características principais: 43 1. Magnitude da carga elétrica em cada um dos íons componentes. 2. Relação entre o raio de cátion e o raio de ânion. 4.1.2 Tipos de Cerâmicas As pessoas que pouco conhecem os materiais cerâmicos atribuem a industrialização de seus produtos somente a xícaras, pisos, azulejos da construção civil ou vasos sanitários. Porém, apesar de essas representarem uma grande aplicação deste tipo de material até a década de 1990, a família de materiais cerâmicos se expandiu para aplicações mais específicas e de grande valor agregado, como aplicação em áreas aeroespaciais, nuclear, eletrônica, biomédica etc. Para elucidarmos melhor as diversas formas classificáveis dos materiais cerâmicos, os dividiremos em quatro tipos principais empregados no mercado de consumo: cerâmica tradicional, cerâmica estrutural, cerâmica funcional e cerâmica não cristalina (vidro). Cerâmica Tradicional Tendo como princípio a utilização da argila, a cerâmica tradicional é amplamente utilizada, principalmente pela construção civil, pois a argila, além de ser um ingrediente barato, existe em abundância na natureza e, após ser misturada com água nas proporções corretas, forma uma massa plástica que pode ser facilmente moldada. Figura 4.22: Exemplo de cerâmica tradicional (azulejo, vasos e utensílios) Fonte: (SANTOS, 2014) 44 Cerâmicas Estruturais Desenvolvidas para uso em produtos cuja preocupação sejam propriedades como resistência ao impacto, dureza e resistência ao desgaste. Devido a sua grande resistência ao calor e isolamento elétrico, os produtos desenvolvidos por cerâmicas estruturais são utilizados em larga escala por empresas do seguimento da construção civil. Estas empresas usam em larga escala produtos como por exemplo, tijolos estruturais, placas de alvenaria estrutural etc. Figura 4.23: Exemplo de cerâmica estrutural (tijolo) Cerâmicas Funcionais As cerâmicas funcionais são predominantemente usadas em aplicações cuja preocupação sejam propriedades elétricas, magnéticas, dielétricas e ópticas. Alguns exemplos são isoladores elétricos e ignitores para acendimento de queimadores. 45 Figura 4.24: Exemplo de isoladores elétricos e ignitores de queimadores Fonte: (SANTOS, 2014) Cerâmica Não Cristalina (vidro) Definidos como amorfos pela ciência dos materiais, os vidros são pertencentes à família dos materiais cerâmicos não cristalinos, obtidos comumente do carbonato, de silicatos e borosilicato. Para melhor compreender o que é uma cerâmica e quais os principais tipos de cerâmicas empregadas no mercado, recomendamos a leitura dos trechos da seguinte obra: SANTOS, Z. I. G. Tecnologia dos materiais não metálicos: classificação, estrutura, propriedades, processos de fabricação e aplicações. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520421/cfi/13!/4/4@0.0 0:0.00>. Acesso em: 21 mar. 2019. p. 13-18: “Cerâmica: o que é isso?” até “Como é formada uma cerâmica?” p. 24-31: “Quais os tipos de cerâmicas?” até “Vidros” Saiba Mais 46 Recomendamoseste vídeo que mostra o processo de fabricação do vidro ilustrado por uma das maiores indústrias americanas de vidro. É interessante notarmos sua história, aplicação e diversos tipos de produtos ao qual a empresa concentrou esforços ao longo do tempo. O processo de produção de vidros. Disponível: <https://www.youtube.com/watch?v=2TFNYMJuJtI>. Acesso em: 21 mar. 2019. 4.2 Polímeros Os polímeros são reconhecidos no mercado por seu reprocessamento e reaproveitamento da matéria-prima, principalmente no caso dos plásticos. Empregados em todo o mercado industrial devido ao fato de serem leves, renováveis, fáceis de moldar e apresentarem excelente acabamento superficial. Os polímeros há muito tempo são objeto de estudo da Engenharia, e a indústria vem cada vez mais estudando e aprimorando suas propriedades com a convicção de substituir outros materiais existentes em determinadas aplicações. Como podemos perceber ao longo da nossa vida, muitos produtos, antes fabricados pela família dos metais e cerâmicos, estão sendo substituídos por produtos poliméricos. Alguns exemplos são garrafas de refrigerantes de vidro que foram substituídas por garrafas PET, liquidificadores feitos em alumínio ou inox e que hoje são fabricados em plástico em quase toda a sua totalidade de componentes etc. 47 Figura 4.25: Exemplo de liquidificador com utilização de polímeros (plásticos) 4.2.1 Formação do Polímero Criado por Berzelius em 1832, polímero significa “muitas partes” conforme origem grega do termo: Mero – parte ou elemento Poli – vários ou muitas Os monômeros são moléculas químicas que, quando expostas a condições processuais de temperatura e pressão, reagem dando origem aos meros que, combinados a longas e repetidas cadeias, formam os polímeros. Figura 4.26: Representação esquemática de uma cadeia polimérica Fonte: (SANTOS, 2014) Os monômeros podem ser obtidos naturalmente através da madeira, álcool, carvão e do CO2, mas também podem ser obtidos de maneira manipulada através de reações 48 química a partir do petróleo ou do gás natural. Os monômeros mais baratos são obtidos para formação do polímero sintético. Segundo Santos (2014), um polímero é obtido a partir de um conjunto das reações químicas que provocam a formação dos meros e, a união destes, por ligações covalentes, formam cadeias macromoleculares que compõem o material polimérico. Esse processo é denominado reação de polimerização. Figura 4.27: Exemplo de combinação de monômero na formação da cadeia polimérica Fonte: (SANTOS, 2014) 4.2.2 Tipos de Polímero Devido à grande variedade de polímeros para as mais diversas aplicações, vamos dividir dividi-los em três categorias: Termoplásticos 49 Conhecidos por se transformarem novamente no mesmo material em condições de reprocessamento, permitem a reciclagem e aproveitamento do material em quase toda a sua totalidade. Os termoplásticos se caracterizam por serem compostos por moléculas de cadeias longas individuais sem apresentar ligação cruzada entre elas. Após o aquecimento do material, chegando ou ultrapassando o ponto de fusão, eles amolecem e se transformam em um líquido viscoso através do afastamento das cadeias antes ligadas, permitindo o seu reprocessamento (reciclagem). Figura 4.28: Exemplo de termoplástico (garrafa PET) Termofixos Conhecidos por terem as cadeias ligadas covalentemente, formam materiais que, uma vez processados, não mais fundem, mesmo que aplicadas temperaturas que ultrapassem o ponto de fusão. Isso não permite seu reprocessamento ao estado inicial como matéria-prima. Sua reciclagem só é possível através de processos químicos e energéticos, por exemplo, as resinas epóxi e poliésteres muito utilizados no mercado da construção civil e indústria do tecido. 50 Figura 4.29: Exemplo de camisetas utilizando poliéster em sua composição Elastômeros Mais conhecidos como borrachas, pertencem à família dos polímeros e apresentam cadeias ligadas na forma de redes tridimensionais mais fracas do que os materiais termofixos, isto é, nas ligações cruzadas tem-se uma menor densidade. Quando submetidas a forças de tração e compressão, podem retornar a sua forma original, caracterizando o comportamento elástico. Como exemplo podemos citar os pneus que são industrializados através do processo de vulcanização. Figura 4.30: Imagem de pneus de borracha 51 Saiba Mais No vídeo indicado é possível entender o processo de reciclagem de plásticos utilizados novamente pela indústria de transformação. Plástico reciclado: conheça como é o processo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xA8s6wpTN1A>. Acesso em: 21 mar. 2019. Neste outro vídeo veremos algumas aplicações de materiais poliméricos na vida real. Polímeros: definição e classificação. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IaEgQgbKDe8&t=197s>. Acesso em: 21 mar. 2019. 4.3 Compósitos e Semicondutores Os materiais compósitos e semicondutores possuem aplicações específicas com características formadoras de propriedades e controladas pelos interessados. Tanto a indústria como os centros de pesquisa conseguem, através desses materiais, criar condições e propriedades diversas para produtos diversos. Os compósitos estão insistentemente sendo modificados e estudados para possíveis substituições de materiais metálicos, e os semicondutores estão totalmente integrados em pesquisas e tecnologias para microeletrônica, produtos esses que estão dentro do campo de investimentos das empresas de tecnologia. 4.3.1 Formação dos Compósitos Os compósitos são constituídos por, no mínimo, dois elementos e uma interface entre eles. Os elementos são uma fase contínua chamada de matriz e outra chamada de fase dispersa. 52 A matriz pode ser constituída de materiais metálicos, cerâmicos ou poliméricos, e é a grande responsável pela formação da aparência do material compósito e, consequentemente, do produto. A fase dispersa, geralmente utilizada para reforçar ou preencher o material, é composta por materiais sólidos diferentes do material utilizado na matriz e, geralmente, utilizam- se materiais cerâmicos e poliméricos. Também chamada de carga, a fase dispersa é responsável por mudar as propriedades da matriz, como por exemplo, aumento das propriedades mecânicas através de utilização de reforços. Figura 4.31: Classificação da fase dispersa Fonte: (SANTOS, 2014) 4.3.2 Tipos de Compósitos Para os materiais compósitos existem três classificações: 1. Fibrosos: constituídos de fase dispersa na forma de fibras dentro de uma matriz. 2. Particulados: compostos por fase dispersa na forma de partículas numa matriz. 53 3. Laminados: consistem em fase dispersa na forma de camadas de vários materiais dentro de uma matriz. Existe a possibilidade de combinação de alguns ou dos três tipos de compósito. 4.3.3 Formação dos Semicondutores As características elétricas dos semicondutores são extremamente sensíveis à presença de pequenas quantidades de impurezas, cuja concentração pode ser controlada em pequenas regiões do material (para formar as junções p-n). Estas características permitem desenvolver componentes que conduzem ou isolam a passagem de eletricidade. Geralmente, os materiais utilizados são Silício (Si) e Germano (Ge); ambos se estabilizam quando possuem oito elétrons na camada de valência. Como tudo na natureza tende à estabilidade e ao equilíbrio, quando vários átomos de silício ou de germânio são colocados juntos, eles formam uma estrutura cristalina onde compartilham seus elétrons da camada de valência com os átomos vizinhos (ligação covalente), formando um cristal semicondutor. Saiba Mais O vídeo indicado explica a aplicação dos semicondutores na indústria eletroeletrônica. É importantenotarmos, durante a explicação, a substituição dos materiais semicondutores no decorrer dos anos e a importância da sua aplicação. Documentário sobre a Fabricação de Semicondutores. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uXVrR3Qzml4>. Acesso em: 21 mar. 2019. Conclusão Os materiais não metálicos estão presentes há muitos anos em diversas soluções de produtos desenvolvidos pela indústria. É importante ressaltarmos que a utilização dos 54 materiais cerâmicos, poliméricos, compósitos e semicondutores mudaram a história da indústria. Os materiais cerâmicos apresentam diversas aplicações de mercado, principalmente como isolantes térmicos e elétricos, devido as suas propriedades e altíssima temperatura para ponto de fusão. Os materiais poliméricos já ultrapassaram os metais em quantidade de utilização por ano, mostrando ser a grande tendência de aplicações de mercado. São leves, baratos, moldáveis e de processos simples. No entanto, para atender às características estruturais, ainda não são boas opções, uma vez que suas propriedades mecânicas divergem das necessidades para este tipo de aplicação. Os materiais compósitos mostram-se uma boa opção para substituir materiais metálicos estruturais, pois vimos que podemos combinar dois ou mais materiais para melhorar suas propriedades. Portanto, fica evidente que os materiais compósitos podem ser uma boa opção de mercado na substituição dos materiais metálicos. Os semicondutores são materiais de grande importância para o mercado da eletrônica e microeletrônica. Quando manipulados, têm propriedades de condução e isolamento elétrico, fazendo parte da grande gama de componentes do mundo eletrônico. Compreender as características dos materiais e sua respectiva aplicabilidade aos mais diferentes produtos é uma competência técnica a ser desenvolvida para a proposição de soluções cada vez mais sustentáveis e de baixo custo para as organizações e para a sociedade de modo geral. Referências Bibliográficas ALVES, A. G.; SILVA, A. A. P.; MACIEL, A. M. M. Materiais semicondutores: abordagem para o ensino médio. v. 2. Lavras: UFLA, Departamento de Ciências Exatas, 2016. CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. 55 CURY, A. A. Exemplo - Esforços Combinados. Disciplina de Resistência dos Materiais 2. Departamento de Mecânica Aplicada e Computacional. Universidade Federal de Juiz de Fora. 2015. Disponível em: <http://www.ufjf.br/mac003/files/2015/01/esforcos_combinados.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2019. SANTOS, Z. I. G. Tecnologia dos materiais não metálicos: classificação, estrutura, propriedades, processos de fabricação e aplicações. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. SHACKELFORD, J. F. Ciências dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 56 5 ENSAIOS E CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS Apresentação A história mostra um grande empenho na pesquisa de novos materiais. Neste contexto, ensaios e métodos de caracterização foram amplamente difundidos ao longo do tempo. Neste bloco vamos compreender com um pouco mais de profundidade a teoria sobre alguns destes ensaios e caracterizações. Bons estudos! 5.1 Difração de Raios X Para os estudos das estruturas cristalinas, a Difração de Raio X é extremamente importante, pois permitiu a compreensão dos arranjos atômicos e moleculares nos sólidos, o que fez toda a diferença na história da ciência dos materiais e resultou em diversas investigações. Difração De acordo com Callister et al. (2018), a Difração ocorre quando uma onda encontra uma série de obstáculos regularmente separados que: São capazes de dispersar a onda. Possuem espaçamentos comparáveis, em magnitude, ao comprimento de onda. Além disso, a difração é uma consequência de relações de fase específicas estabelecidas entre duas ou mais ondas que foram dispersas pelos obstáculos. 57 Figura 5.32: (a) Demonstração de como duas ondas (identificadas como 1 e 2), que possuem o mesmo comprimento de onda λ e que permanecem em fase após um evento de dispersão (ondas 1′ e 2′), interferem mutuamente de maneira construtiva. As amplitudes das ondas dispersas somam-se na onda resultante. (b) Demonstração de como duas ondas (identificadas como 3 e 4), que possuem o mesmo comprimento de onda e que ficam fora de fase após um evento de dispersão (ondas 3′ e 4′), interferem mutuamente de maneira destrutiva. As amplitudes das duas ondas dispersas cancelam-se mutuamente. Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Difração de Raios X e a Lei de Bragg A ação do feixe emitido pelo Raio X disperso em várias direções é provocada pelos elétrons associados aos átomos e íons pertencentes à trajetória desse feixe, que emite 58 uma radiação eletromagnética com altas energias e comprimento de ondas curto. Para compreendermos a condição da Difração do Raio X, utilizamos a lei de Bragg. A Lei de Bragg é a relação entre o comprimento de onda do Raio X, o espaçamento interatômico e o ângulo de difração para uma interferência construtiva. Figura 5.33: Difração de Raios X por planos de átomos (A-A' e B-B') Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Técnicas de Difração As técnicas de difração estão ligadas aos tipos de difratômetros existentes no mercado. Trata-se de um aparelho que determina os ângulos nos quais ocorre difração nas amostras pulverizadas. A técnica usual emprega amostras pulverizadas que, através dos átomos cristalinos, fazem com que o feixe de Raio X seja difratado em diversas direções. 59 Figura 5.34: Exemplo de técnica de difração do Raio X Fonte: (Saber Ciência, s/d) Para melhor compreender sobre o Fenômeno da Difração, Difração de Raios X e a Lei de Bragg e Técnicas de Difração, recomendamos a leitura das páginas 79 a 83 da seguinte obra: CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. p. 79-83. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521632375/cfi/6/28!/4/504/ 14@0:25.1>. Acesso em: 21 mar. 2019. Saiba Mais O vídeo indicado explica de maneira detalhada a relação entre a Lei de Bragg e a Difração do Raio X. Lei de Bragg para cristalografia. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OInxR2Gu_sI>. Acesso em: 21 mar. 2019. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521632375/cfi/6/28!/4/504/14@0:25.1 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521632375/cfi/6/28!/4/504/14@0:25.1 60 5.2 Microscopia Com a evolução da Ciência dos Materiais, estudos voltados as suas possíveis falhas e defeitos passaram a ser cada vez mais importantes para o avanço da Ciência. Estes podem ter dimensões tanto macroscópicas, quanto microscópicas, e precisam ser investigados na formação e conformação do material para o entendimento de fenômenos como falhas, fraturas, quebras prematuras etc. A microscopia pode ser dividida em três principais técnicas. É o que veremos na sequência. Microscopia Óptica O uso da microscopia óptica é bastante abundante em laboratórios que realizam a análise de superfície em materiais, geralmente chamadas de análises metalográficas. Por meio do emprego de uma lente de aumento e iluminação focada é possível observar a microestrutura dos materiais através de sua superfície. Alguns cuidados no preparo da amostra devem ser tomados como, por exemplo, lixamento da superfície e polimento para atingir o acabamento liso e espelhado. 61 Figura 5.35: (a) Grãos polidos e atacados quimicamente da forma como podem aparecer quando vistos ao microscópio óptico. (b) Seção tomada por meio desses grãos, mostrando como as características do ataque químico e a textura superficial resultante variam de grão para grão, em razão de diferençasna orientação cristalográfica. (c) Micrografia de uma amostra de latão policristalino. A ampliação é de 603. Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Microscopia Eletrônica O microscópio eletrônico surgiu da necessidade de análise de microestruturas de materiais muito finos e pequenos, não sendo possível ser observados pelo modelo de microscopia óptica. O microscópio eletrônico é capaz de aumentos muito maiores, seu feixe de elétrons é focado e a imagem é formada por lentes magnéticas. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET): formada por um feixe de elétrons que passam pela amostra a ser observada; seus contrastes são obtidos pela diferença na difração do feixe. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV): atualmente o mais utilizado pelos centros tecnológicos de materiais; a superfície do material é varrida por um feixe de elétrons e o feixe de elétrons refletido é exibido como resultado em imagens parecidas com fotografias. 62 Figura 5.36: Exemplo de análise MEV sobre uma amostra de compósito de poliamida carregado com fibra de vidro Fonte: (SILVA, 2014) Microscopia de Varredura por Sonda De todas as evoluções ocorridas na tecnologia dos microscópios esta é a mais importante. A microscopia de varredura por sonda se distancia dos modelos de microscópios ópticos e eletrônicos, pois não utiliza nem luz, nem elétrons para formar imagens. Sua tecnologia gera um mapa topográfico, em uma escala atômica, permitindo análises nanométricas. 63 Figura 5.37: Exemplo de funcionamento de microscópio de varredura por sonda Fonte: (EMBRAPA, 1999) 5.3 Deformações Elástica e Plástica As deformações são de extrema importância para caracterizar os materiais, sua resistência a forças de tração e as forças de compressão empregadas em situações de utilização do produto final. Neste caso é possível compreendermos o comportamento dos materiais se entendermos suas deformações elásticas e plásticas. Seguidas da teoria e compressão da lei Hooke para o comportamento da tensão e deformação, podemos definir: Lei de Hooke para o comportamento da tensão e deformação 𝜎 = 𝐸 . ∈ Onde: σ = tensão E = módulo de elasticidade, ou módulo de Young Є = deformação 64 Deformação Elástica A deformação elástica, mais conhecida como a “parte reta” da curva de tensão- deformação de um material, caracteriza-se por ser a parte homogênea da tensão e deformação sofridas por um material a partir de um carregamento aplicado no sentido de tração ou compressão. Em sua totalidade, assim que retirado o carregamento, o material volta ao seu estado inicial, retornando a zero. Figura 5.38: Exemplo de curvas tensão-deformação elástica linear e não linear Fonte: (Adaptado de CALLISTER et al., 2018) O ensaio de tração e compressão costuma caracterizar esta curva de tensão-deformação em busca das propriedades elásticas do material a ser analisado. As deformações ocorridas nos materiais podem ser determinadas pelo coeficiente de Poisson: 𝑣 = − ∈𝑥 𝒐𝒖 𝑦 ∈𝑧 65 Onde: V = coeficiente de Poisson Єxou y= deformação perpendicular X ou Y Єz= deformação correspondente Para exemplificar, utilizaremos a imagem a seguir, que ilustra as deformações perpendiculares de X e Y referentes a um ensaio de tração de uma amostra no sentido do eixo Z. Figura 5.39: Alongamento axial (z) (deformação positiva) e contrações laterais (x e y) (deformações negativas) em resposta à imposição de uma tensão de tração. As linhas contínuas representam as dimensões após a aplicação da tensão; as linhas tracejadas representam as dimensões antes da aplicação da tensão Fonte: (CALLISTER et al., 2018) 66 Deformação Plástica A deformação plástica começa no momento em que, após tracionar ou comprimir um material, a proporcionalidade de tensão e deformação acabam. Ao contrário da deformação elástica, a deformação plástica não é recuperável: o material deformado plasticamente permanecerá no estado ao qual foi deformado. Figura 5.40: Exemplo de material tracionado demonstrando proporção da curva sobre deformação Elástica e deformação Plástica Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Após o limite da deformação plástica ser superado sobre uma condição de tração, chegará a fase da ruptura. Ao caracterizarmos o material e chegarmos até esta condição citada, é possível descobrir o Limite de Resistência à Tração (LTR), caracterizando-se pela tensão no ponto máximo da curva de tensão-deformação. A seguir, demonstramos um exemplo. 67 Figura 5.41: Comportamento típico da curva tensão-deformação de engenharia até a fratura, ponto F. O limite de resistência à tração LRT está indicado pelo ponto M. Os detalhes dentro dos círculos representam a geometria do corpo de prova deformado em vários pontos ao longo da curva Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Saiba Mais O vídeo mostra o ensaio de tração realizado no laboratório sobre um corpo de provas metálico. Podemos perceber que, ao acrescentar forças no sentido axial (Z), o material vai se deformando, passando pela deformação elástica, deformação plástica, até chegar à ruptura. Ensaio Tração em Aço Carbono - Laboratório Tork. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CMdKW09HWzs>. Acesso em: 21 mar. 2019. Conclusão A caracterização dos ensaios dos materiais pode ser decorrente de investigações como também pode ser útil para a checagem de suas propriedades. 68 A caracterização por Difração de Raios X nos mostra a importância e complexidade em analisar os materiais. Este método, ainda amplamente utilizado por centros de pesquisa e pela indústria, tem um custo relativamente baixo e transpõe resultados rápidos e eficazes. As microscopias óptica, eletrônica e por sonda demonstram a evolução nas análises de superfície do material. Apesar de estas modalidades estarem empregadas no mesmo tipo de análise, a diferenciação está altamente relacionada à ampliação das imagens, permitindo investigar os materiais de maneira cada vez mais minuciosa. As deformações elásticas e plásticas, muito praticadas para a família dos metais, caracterizam algo de suma importância para definir a escolha do material: a curva de tensão-deformação, em que é possível fazer a leitura sobre as condições de deformação elástica, plástica e ruptura. Referências Bibliográficas CALLISTER Jr., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2018. EMBRAPA. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. A potencialidade da microscopia de varredura por sonda na pesquisa agropecuária. Circular Técnica n. 10/99. Agosto, 1999. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/29647/1/CiT1099.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2019. SABER CIÊNCIA. Átomos e Raios-X: observando o interior de um cristal. Disponível em: <https://saberciencia.tecnico.ulisboa.pt/artigos/adn-04.php>. Acesso em: 21 mar. 2019. SHACKELFORD, J. F. Ciências dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2011. SILVA, L.C. Substituição do alumínio pelo compósito de poliamida no suporte do coxim motor. Dissertação (Mestrado em Engenharia dos Materiais) - Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2014. 69 6 DIAGRAMA DE FASES Apresentação Podemos dizer, de maneira resumida, que o diagrama de fases consiste em demonstrar, através de gráficos, a indicação de temperatura e pressão para obtenção de substâncias nos estados físicos sólido, liquido e gasoso. É de extrema importância conhecermos o Diagrama de Fases para que o controle dos procedimentos envolvendo tratamentos térmicos seja devidamente realizado compreendendo o desenvolvimento e estruturas fora do equilíbrio. Bons estudos! 6.1 Diagrama de Fases: Ponto de Equilíbrio e Limite de Solubilidade O Diagrama de Fasesé a demonstração, por meio de curvas, das três fases familiares que conhecemos referentes ao estado de um material: fase sólida, líquida e gasosa. Para tanto, considera fatores como pressão, temperatura ou composição química do material. No exemplo a seguir, temos o Diagrama de Fases da água, demonstrando suas fases em relação à temperatura e pressão. 70 Figura 6.42: Diagrama de Fases da água Fonte: (CALLISTER et al., 2018) O Diagrama de Fases é grande importância para os materiais a serem utilizados no processo de transformação na indústria, pois, ele poderá fornecer diversos parâmetros de processo para fabricação de produtos. No exemplo notamos que as três curvas se interceptam em um ponto comum (ponto O), o que significa que apenas nesse ponto as fases líquida, sólida e gasosa estão em equilíbrio. Chamaremos o ponto O de ponto triplo. A aplicação de temperatura e pressão causarão variação nesta solução que causará o desaparecimento de pelo menos uma dessas fases. A seguir ilustramos o ponto triplo. 71 Figura 6.43: Equilíbrio das fases Fonte: (adaptado de CALLISTER et al., 2018) Nas análises do diagrama de fases, para cada material existe uma temperatura específica que concentra a quantidade máxima de átomos de soluto que pode ser dissolvida no solvente para formar a solução sólida do material. Este processo se chama “limite de solubilidade”. Podemos analisar o exemplo a seguir sobre a adição de açúcar em água. Quimicamente, teremos a seguinte composição química do sistema açúcar-água: C12H22O11-H2O. O gráfico demonstra que, na medida em que é adicionado açúcar à água, uma solução xarope açúcar-água se forma e, conforme for adicionado mais açúcar, mais concentrada vai ficando a solução. A partir do momento em que esta solução não for mais capaz de absorver o açúcar, chegamos ao limite de solubilidade. 72 Figura 6.44: Solubilidade do açúcar (C12H22O11) em um xarope açúcar-água Fonte: (CALLISTER et al., 2018) Neste diagrama também é possível notarmos as fases do xarope, onde temos a solução líquida (lado esquerdo do gráfico) e a solução sólida ou acima do limite de solubilidade (lado direito do gráfico). 6.2 Diagrama de Fases Binário O Diagrama de Fases Binário demonstra através dois componentes: Metais Puros e Metais Compostos, que compõem uma liga e se caracteriza por demonstrar uma temperatura variável com a pressão mantida constante. A leitura do Diagrama de Fases Binário permite analisar a relação entre a temperatura e a composição verificando as fases em equilíbrio. As microestruturas dos materiais vão se alterando conforme o aumento ou diminuição da temperatura, provocando impactos importantes na estrutura destes materiais, principalmente em casos de resfriamento. 73 Para exemplificar, vejamos o exemplo de um sistema isomorfo binário, que é caracterizado pelo sistema cobre-níquel. No gráfico a seguir temos a temperatura representada no eixo da ordenada e a composição, em porcentagem de peso da liga, representada no eixo da abscissa. Conforme exemplificado por Callister et al. (2018), a composição varia entre 0 %p Ni (100 %p Cu), na extremidade horizontal à esquerda, e 100 %p Ni (0 %p Cu), à direita. Três regiões, ou campos, de fases diferentes aparecem no diagrama: um campo alfa (α), um campo líquido (L) e um campo bifásico α + L. Cada região é definida pela fase ou pelas fases que existem ao longo das faixas de temperaturas e composições delimitadas pelas curvas de fronteira entre as fases. O líquido L é uma solução líquida homogênea composta tanto por cobre quanto por níquel. A fase α é uma solução sólida substitucional, contendo átomos de Cu e de Ni, e possui estrutura cristalina CFC. Em temperaturas abaixo de aproximadamente 1080ºC, o cobre e o níquel são mutuamente solúveis um no outro no estado sólido para todas as composições. Figura 6.45: (a) O Diagrama de Fases cobre-níquel. (b) Uma parte do Diagrama de Fases cobre- níquel no qual as composições e as quantidades das fases estão determinadas para o ponto B. Fonte: (CALLISTER et al., 2018) 74 A interpretação do diagrama deve levar em consideração três pontos: 1. As fases que estão presentes: o Deve-se localizar o ponto temperatura-composição no diagrama e verificar a fase correspondente ao campo de fase identificado. No exemplo a seguir (diagrama “a”), localizada no ponto A, apenas a fase alfa (α) estará presente. No diagrama “b”, para o ponto B, teremos presentes a fase alfa (α) e a fase líquida, como apontado em vermelho. Figura 6.46: Exemplo de fases presentes no diagrama cobre-níquel Fonte: (adaptado de CALLISTER et al., 2018) 2. As composições dessas fases: o Devemos considerar duas situações para esta análise: i. De acordo com CALLISTER et al (2018) com apenas uma fase estiver presente: devemos considerar a mesma composição global da liga; no exemplo a seguir, apenas a fase α está presente, tendo uma composição de 60 %p Ni-40 %p Cu a 1100°C. 75 Figura 6.47: Exemplo de análise de composição de fases - 1 fase Fonte: (adaptado de CALLISTER et al., 2018) ii. Tomando-se uma liga com composição e temperaturas localizadas na região bifásica, para estas análises sempre deve-se imaginar linhas horizontais, uma para cada temperatura (essas linhas são chamadas de linhas de amarração); para isso é necessário seguir os seguintes passos: 1. Uma linha de amarração é construída pela região bifásica na temperatura em que a liga se encontra. 2. São anotadas as interseções, em ambas as extremidades, da linha de amarração com as fronteiras entre as fases. 76 3. A partir dessas interseções, são traçadas linhas perpendiculares à linha de amarração até o eixo horizontal das composições, onde é lida a composição de cada uma das respectivas fases. Conforme exemplificado por CALLISTER et al. (2018), considere novamente a liga com 35 %p Ni-65 %p Cu a 1250ºC, localizada no ponto B na figura a seguir, e que está no interior da região α + L. Assim, o problema consiste em determinar a composição (em %p Ni e %p Cu) tanto para fase α quanto para fase líquida. A linha de amarração foi construída pela região das fases α + L, como mostrado na figura a seguir. A linha perpendicular traçada a partir da interseção da linha de amarração com a fronteira liquidus encontra o eixo das composições em 31,5 %p Ni-68,5 %p Cu, o que corresponde à composição da fase líquida, CL. De maneira semelhante, para a interseção da linha de amarração com a linha solidus, encontramos uma composição para a fase de solução sólida α, Cα, de 42,5 %p Ni-57,5 %p Cu. Figura 6.48: Exemplo de análise de composição de fases - 2 fases Fonte: (adaptado de CALLISTER et al., 2018) https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788521632375/epub/OEBPS/Text/chapter9.html#ch9fig3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788521632375/epub/OEBPS/Text/chapter9.html#ch9fig3 77 3. Determinação das quantidades de fases: o É possível calcular a quantidade de fases para as regiões monofásicas; como citado anteriormente no exemplo (a), com apenas uma fase presente a liga é composta por esta fase, sendo composta 110% pela fase alfa (α). o Se localizada na fase bifásica, conforme exemplo (b) citado anteriormente, deve-se usar a regra da alavanca, segundo este procedimento: i. A linha de amarração é construída pela região bifásica na temperatura em que se encontra a liga. ii. A composição global da liga é localizada sobre a linha de amarração. iii. A fração de uma fase é calculada tomando-se o comprimento da linha de amarração desde a composição global da liga até a fronteira entre fases para a outra fase e, então, dividindo esse valor pelo comprimento total da linha de amarração. iv. A fração da outra fase é determinada de maneira análoga. v. Se forem
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