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FUTEBOL FEMININO APONTAMENTOS SOBRE AS DIFICULDADES E MOTIVAÇÕES DESSA MODALIDADE ESPORTIVA

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JACIRA ARAÚJO ALBUQUERQUE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUTEBOL FEMININO: APONTAMENTOS SOBRE AS DIFICULDADES 
E MOTIVAÇÕES DESSA MODALIDADE ESPORTIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARRA DO CORDA - MA 
2022 
JACIRA ARAÚJO ALBUQUERQUE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUTEBOL FEMININO: APONTAMENTOS SOBRE AS DIFICULDADES 
E MOTIVAÇÕES DESSA MODALIDADE ESPORTIVA 
 
 
 
 
 
Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de 
extensão universitária em Educação Física como 
requisito para obtenção de nota e atendimento 
às exigências da disciplina TCC II. 
 
Orientador: Prof. Arlete Rodrigues de Sá de 
Freitas 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARRA DO CORDA - MA 
2022 
JACIRA ARAÚJO ALBUQUERQUE 
 
 
 
 
 
FUTEBOL FEMININO: APONTAMENTOS SOBRE AS DIFICULDADES 
E MOTIVAÇÕES DESSA MODALIDADE ESPORTIVA 
 
 
 
 
Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de 
extensão universitária em Educação Física como 
requisito para obtenção de nota e atendimento 
às exigências da disciplina TCC II. 
 
Orientador: Prof. Arlete Rodrigues de Sá de 
Freitas 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
EXAMINADOR 
 
 
 
 
EXAMINADOR 
 
 
 
 
EXAMINADOR 
 
 
 
 
BARRA DO CORDA - MA 
2022 
 
RESUMO 
 
As conquistas das mulheres nos últimos tempos têm avançado em diversos 
campos, no trabalho, no direito ao corpo, na forma de viver a sua sexualidade e de 
fazer as suas escolhas. Com isso, elas vêm se tornando agentes ativas dos seus 
interesses e das suas vontades. No esporte, em especial, o futebol, 
predominantemente masculino, representa um local de ensino, de preservação e de 
expressão pública das normas tradicionais de masculinidade. Em linhas gerais, 
porém, no futebol feminino, têm ocorrido reconhecidos avanços. Essa pesquisa 
analisou trajetórias de jogadoras de futebol de um time amador da cidade de São 
Paulo de modo a entender quais foram/são as dificuldades para praticar um esporte 
ainda predominantemente masculino no Brasil, além de discutir e compreender 
quais são as expectativas com a modalidade. Participaram das entrevistas dez 
jogadoras. Foram exploradas questões sobre a prática no ambiente escolar, 
profissionalismo, apoio, preconceitos em relação à prática e expectativas com o 
futebol feminino. As praticantes, com idades entre os dezenove e vinte e oito anos, 
relataram que o início da prática do futebol deu-se entre quatro e dez anos. Esta 
teve início na rua, em escolinha de futebol e não no ambiente escolar. Mesmo assim 
todas afirmaram ter jogado futebol nas aulas de Educação Física, espaço 
predominantemente povoado pelos meninos. As principais dificuldades apontadas 
pelas atletas foram os preconceitos atrelados ao gênero e à sexualidade, além da 
falta de apoio dos familiares, dos clubes e da mídia. 
 
Palavras-chave: Futebol; Feminino; Dificuldade; Preconceito; Expectativa; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The achievements of women in recent times have advanced in various fields, at 
work, in the right to the body, in the way of living their sexuality and making their 
choices. As a result, they have become active agents of their interests and desires. 
In sport, in particular, football, predominantly male, represents a place of teaching, 
preservation and public expression of traditional norms of masculinity. In general, 
however, in women's football, there have been recognized advances. This research 
analyzed the trajectories of soccer players from an amateur team in the city of São 
Paulo in order to understand what were/are the difficulties to practice a sport that is 
still predominantly male in Brazil, in addition to discussing and understanding what 
are the expectations with the modality. Ten players participated in the interviews. 
Questions about practice in the school environment, professionalism, support, 
prejudices regarding practice and expectations with women's football were explored. 
The practitioners, aged between nineteen and twenty-eight years, reported that the 
beginning of soccer practice took place between four and ten years. This began on 
the street, in a soccer school and not in the school environment. Even so, all claimed 
to have played soccer in Physical Education classes, a space predominantly 
populated by boys. The main difficulties pointed out by the athletes were the 
prejudices linked to gender and sexuality, in addition to the lack of support from 
family members, clubs and the media. 
 
Keywords: Football; Female; Difficulty; Preconception; Expectation; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Acima de tudo, agradeço a Deus por mais esta realização e por tudo que 
Ele tem me concedido. Agradeço imensamente a minha mãe, exemplo de mulher 
guerreira, por toda vida de dedicação, entrega e luta sem medir esforço para que eu 
conseguisse atingir meus objetivos entre eles, concluir meus estudos. 
Agradeço à minha companheira Iracélia que desde quando começou a 
fazer parte da minha vida, sempre me incentivou com meus estudos. 
Quero agradecer ao professor Leonardo Delgado que me incentivou a 
fazer esse curso acadêmico. 
Agradeço aos professores do Curso de Licenciatura de Educação Física 
por toda transmissão de conhecimentos, que nos passaram com o amor à profissão. 
Agradeço em especial ao professor Abraão por todo incentivo e 
colaboração. 
Agradeço à professora Arlete, minha orientadora nesse estudo, que me 
atendeu em todos os momentos de dúvidas. 
Agradeço a todas as instituições que me acolheram para eu estagiar 
durante o curso: Escola Isabel Cafeteira, Escolinha de Futsal Joga Bonito e APAE. 
Ainda nos muros da faculdade, agradeço a todos que fazem parte da 
mesma desde a recepção à direção geral, que sempre que precisei estiveram a 
postos para me auxiliarem. 
Agradeço a minha amiga Adriana por tudo o que você fez e o que faz por 
mim, e por sempre seu apoio e por comemorar minhas vitórias comigo. 
Aos meus amigos conquistados nesses anos de curso que foram muito 
importantes para o meu crescimento acadêmico e pessoal. 
Agradeço às minhas alunas, pais e/ou responsáveis de alunas e 
torcedores da Escolinha de Futebol Feminino Chelsea por aceitarem fazer parte 
dessa pesquisa, respondendo aos questionários sobre o tema em questão. 
Aos meus amigos, dos mais próximos aos mais distantes, aos novos e 
aos antigos. 
Por fim, agradeço a todos que passaram na minha vida em algum 
momento, que sem a passagem de cada um, eu não seria quem sou hoje. 
Obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória: 
 
Dedico este trabalho à minha mãe, minha 
companheira Iracélia, minhas duas estrelas 
protetoras Kimbelly e Théo, meu professor 
Abrãao por toda colaboração, meus 
companheiros de luta e todas as mulheres que 
se esforçam pela valorização do Futebol 
Feminino no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quem fala que futebol feminino não tem emoção é 
porque está com os olhos tampado com o próprio 
preconceito. 
Marianna Moreno 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10 
2 HISTÓRIA DO FUTEBOL FEMININO .............................................................. 11 
2.1 Futebol feminino no Brasil ................................................................................ 15 
2.2 As questões de gênero e a representatividade da mulher dentro das quatro 
linhas ......................................................................................................................... 18 
2.3 Características e a prática do futebol feminino ................................................. 19 
2.4 Dificuldades encontradas pelo futebol feminino no Brasil ................................. 21 
3 METODOLOGIA ...............................................................................................21 
4 RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................ 23 
4.1 Entrevista com as atletas .................................................................................. 24 
4.2 Entrevista com os torcedores............................................................................ 32 
4.3 Entrevista com os pais ou responsáveis ........................................................... 34 
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 36 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 37 
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 40 
 ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
10 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O futebol é um dos esportes mais praticados e populares tanto no Brasil, 
quanto no mundo. Infelizmente, é um campo que, desde o início, é dominado por 
homens, o reconhecimento, a visibilidade e o investimento, sempre foram destinados 
em sua maioria aos times masculinos. 
A prática do futebol feminino está em constante crescimento, 
desenvolvendo-se e destacando-se cada dia mais, por sua qualidade e envolvimento 
social, sendo uma modalidade que, por um período de 40 anos foi proibido para as 
mulheres, não deixa de ser um meio de estabelecer interações e a socialização. A 
importância do futebol feminino se dá, não somente, no combate da diferença de 
gênero entre mulheres e homens, mas, também no combate aos preconceitos e 
barreiras, melhorando o comportamento das pessoas em vários aspectos sociais, 
como o respeito, cidadania e garantia de direitos. 
Neste sentido, o presente estudo procura analisar os caminhos 
percorridos pelo futebol feminino, destacando o apontamento sobre suas 
dificuldades e motivações. 
O Futebol é considerado como paixão do povo brasileiro, mas não é 
exclusiva dos homens. Com as conquistas e mostrando competências bem 
representadas em competições oficiais de nível nacional e internacional, o 
crescimento da participação feminina na modalidade futebol fez com que muitas 
meninas procurassem essa modalidade para praticar. Desta forma, o presente 
estudo parte do seguinte problema: quais as dificuldades e motivações do futebol 
feminino? 
Como objetivo geral identificar as dificuldades encontradas pelo futebol 
feminino para ser reconhecido no Brasil. Nos objetivos específicos temos que 
analisar o futebol feminino e após isso vamos compreender os dilemas e impasses 
da trajetória de reconhecimento do futebol feminino brasileiro. 
Analisar o Futebol Feminino apontando sobre as dificuldades e 
motivações dessa modalidade esportiva, é conhecer os fundamentos teóricos que 
tratam do futebol feminino; é compreender de que forma o Futebol Feminino pode 
afetar positivamente a vida da mulher nessa modalidade esportiva; é expor os 
11 
 
principais desafios que possam vir a ser encontrados pela mulher no Futebol 
Feminino no contexto sobre dificuldades e motivações. 
O método de coleta de dados em campo por meio de entrevistas, técnica 
utilizada para identificar bibliografias que refletem sobre o tema abordado, possuiu 
caráter exploratório no sentido de conhecer mais o que se almeja durante a 
pesquisa e por meio deste, entender mais como se processa, explorando o mesmo 
de forma organizada e planejada, “enquadram-se na categoria dos estudos 
exploratórios todos aqueles que buscam descobrir ideias e intuições, na tentativa de 
adquirir maior familiaridade com o fenômeno pesquisado” (SELLTIZ et al,1965, 
p.52). 
Devido ao fato de essa pesquisa ter como objetivo investigar trajetórias 
de jogadoras, da Escolinha de Futebol Feminino Chelsea, na cidade de Barra do 
Corda - MA, optando-se por fazer entrevistas com algumas jogadoras, pais ou 
mães e torcedores. 
Acredita-se que com o tempo e as novas gerações, as mulheres 
obtenham seu devido reconhecimento, tanto na sociedade, quanto dentro do 
campo, society, areia, quadra, etc., mostrando que o futebol feminino não é só um 
esporte, mas, uma forma de enfrentar a sociedade preconceituosa e machista. A 
partir disso entende-se que a prática do futebol sobre as dificuldades e motivações 
dessa modalidade esportiva constitui-se como ponto principal desta pesquisa, 
considerando que a inclusão da mulher no futebol passou e ainda passa por 
processos de transformação, já que por muitos anos este desporto foi culturalmente 
considerado um esporte “unicamente” masculino. 
2 HISTÓRIA DO FUTEBOL FEMININO 
 
O futebol é um dos esportes mais populares no mundo que é praticado 
em centenas de países, despertando interesse de sua prática em função de sua 
forma de disputa atraente. Embora não se tenha muita certeza sobre os primórdios 
do futebol, historiadores descobriram vestígios dos jogos de bola em várias culturas 
antigas. Estes jogos de bola ainda não eram o futebol, pois não havia a definição de 
regras como há hoje, porém, demostram o interesse do homem por este tipo de 
esporte. 
Segundo Viana (2008), o futebol foi capaz de movimentar uma nação ao 
chegar no país, mas, ao nos retratarmos sobre início dessa história relacionando-a 
12 
 
as mulheres ela possui uma sombra que transpassa como começou realmente esta 
prática. 
É através do conceito de gênero que, percebemos o que são, 
culturalmente, hábitos e representaçõescomuns das mulheres e dos homens, 
porém esses hábitos e representações são diferentes entre as diferentes culturas e 
tempos. Segundo Goellner (2000, p. 82) gênero é construído pela cultura e pela 
sociedade, são elas que impõem as diferenças de comportamento e o papel que se 
espera que cada um deve representar. As mulheres atualmente sofrem com esse 
tipo de preconceito principalmente por parte da sociedade que ainda convive com a 
ideia de que futebol é coisa de homem. 
A prática do futebol feminino sempre teve muitas dificuldades no Brasil e 
no mundo. No Brasil, chegou até a ser exibido em circos como atrações curiosas. 
Existem várias questões que explicam o preconceito e os aspectos culturais de uma 
sociedade que são fundamentais para o número pequeno de escolinhas focadas no 
futebol feminino, pois as crianças aprendem que o homem realiza o trabalho e a 
mulher fica em casa cuidando da família. Isso ocorre em vários países e as mulheres 
são oprimidas e desrespeitadas. 
O futebol feminino teve seu surgimento no ano de 1920, na Inglaterra, 
com o primeiro jogo internacional entre as seleções da Inglaterra e a França. No ano 
seguinte no Brasil, teve sua primeira partida, entre senhoritas dos bairros Tremembé 
e Cantareira, na zona norte de São Paulo, conforme noticiado pelo o jornal “A 
Gazeta”, o qual propagou o classificado como atração curiosa. 
A relação da mulher com o futebol andou por muito tempo em lados 
opostos. Uma das hipóteses que rondam da primeira partida de futebol é que ela 
ocorreu no ano de 1913, quando um time de mulheres da elite paulista teria 
enfrentado o reserva masculino do Sport Club Americano, em um jogo beneficente 
para arrecadar fundos e auxiliar o hospital de crianças Cruz Vermelha (SOUZA, 
2009). 
Desta forma, a aceitação da sociedade paulista com a prática do futebol, 
era de maior presença que em outros espaços, e assim, no ano de 1930 foi 
realizado o primeiro campeonato de moças, e possuía as mesmas regras que o 
futebol masculino, no qual, essestipos de eventos reforçava a aproximação da 
mulher com a prática esportiva (FEIJÓ, 2011). 
13 
 
Com a iniciativa da criação dos eventos esportivos, acreditava-se que o 
ano de 1940 seria o ano de maior incentivo ao esporte, visto que, o subúrbio carioca 
era repleto de torneios e as equipes masculinas passaram a ter que dividir espaço 
com as equipes femininas, a mídia que antes era um espaço de menosprezar a 
qualidade técnica das atletas, passava naquele momento inclusive a elogiar as 
atletas, e os times femininos passaram a dividir a atenção dos jogos junto aos times 
masculinos (SOUZA, 2009). 
Porém, segundo Tubino (2002) no ano de 1940 o Estado Novo 
(denominação do Governo de Getúlio Vargas assumida na década de 1930) criou o 
Decreto de Lei 3.199 que criou o Conselho Nacional dos Desportos, e que trazia no 
seu artigo 54, a seguinte orientação, inspirada por recomendações médicas 
higienistas, à época: 
 
Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as 
condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional 
de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do 
país (DECRETO N. 3.199 de 1940). 
 
E foi por cerca 25 a 30 de anos que as mulheres passaram a praticar o 
futebol secretamente, pois apesar dos clubes não poderem incentivar as práticas, as 
atletas se auto organizavam e praticavam o esporte em campos de várzea e apesar 
do Decreto, não existia de fato uma entidade que fiscalizasse todos os espaços 
(SOUZA, 2009). 
Assim, na década de 80 se tornou um marco para o futebol feminino, pois 
passou a ser regulamentado, porém, o destaque que era oferecido, restringia-se as 
polêmicas, resultados internacionais e as belas jogadoras (ALMEIDA, 2013). No 
entanto, até o final da década de 1980 foi apresentado evolução técnica, aumento 
do número de praticantes, melhoria na organização e estrutura das competições, e o 
surgimento de novas equipes, demandando a realização de inúmeros campeonatos 
no futebol de campo, futsal, futebol society e futebol de areia; inclusive alguns 
eventos eram destinados a equipes juvenis. 
Com o crescimento do futebol feminino devido aos resultados satisfatórios 
nos anos 80 principalmente através do E. C. Radar que foi o primeiro clube a 
excursionar pelos EUA e América do Sul, nos anos 90 algumas preocupações veio à 
tona, como a masculinização da mulher que praticava o esporte, por isso a mídia 
14 
 
começou a destacar o padrão estético das mulheres que jogavam futebol, frente à 
técnica esportiva: 
 
Cariocas conquistam os mineiros – Elas driblam, matam a bola no peito, 
caem, se machucam, mas não se esquecem do lado feminino. Assim é o 
time de futebol de salão do Country/Poquet, do Rio de Janeiro, formado por 
garotas bonitas e boas de bola. Sem perder a pose de atletas, elas entram 
em quadra “produzidas”, ouvindo logo um comentário: “Bonitas desse jeito, 
será que elas jogam futebol?” (HOJE EM DIA, apud MOURÂO, 2005, p. 81)Segundo Dias (2009), a relação do corpo das mulheres com essa 
negação à prática se dava pelo fato de tratar a prática do futebol jogado por 
mulheres como algo incomum, então se faz necessário que este assunto fosse 
tratado com normalidade, enquadrando-as nos moldes da feminilidade, justificando 
que o ‘jogar futebol’ não afetaria em nada a sua sexualidade, e/ou os fatores 
biológicos. 
Segundo o site da FIFA “o futebol feminino vem se tornando cada vez 
mais forte e respeitado, ostentado o impressionante número de mais 29 milhões de 
praticantes no mundo todo” e, ainda, que o futebol é o esporte mais praticado entre 
as mulheres. Prevendo esse desenvolvimento da modalidade, a FIFA começou a 
criar iniciativas buscando auxiliar as atletas e as equipes do esporte, organizou a 
primeira competição Mundial de Futebol Feminino em 1991. Doze equipes 
participaram da competição, que teve como campeã a equipe dos Estados Unidos. 
Desde então, a competição acontece de quatro em quatro anos, atualmente 
participam 24 equipes. 
Desde a primeira competição, foram oito edições, sendo que Estados 
Unidos têm quatro títulos (1991, 1999, 2015 e 2019), Alemanha tem dois títulos 
(2003 e 2007), Noruega tem um título (1995) e Japão tem um título (2011). Os 
melhores resultados da seleção brasileira foram a terceira colocação em 1999 e o 
vice-campeonato em 2007. 
O futebol feminino se tornou esporte olímpico em 1996, nos Jogos 
Olímpicos de Atlanta. A seleção brasileira feminina obteve resultados expressivos, 
nos Jogos Olímpicos de Sidney em 2000, ficou em quarto lugar, em 2004 e 2008 
nos Jogos de Atenas e Pequim, respectivamente, conquistou a medalha de prata e 
em 2016 no Rio de Janeiro, ficou em quarto lugar. O futebol feminino nacional 
ganhou maior destaque, principalmente após a conquista de Atenas, pois mesmo 
15 
 
com dificuldades, sem um calendário nacional de jogos, estavam entre as melhores 
equipes. 
Atualmente a maior destaque do futebol feminino brasileiro é a melhor 
jogadora do mundo Marta Vieira da Silva, a qual recebeu este premio da FIFA, por 
seis vezes nos anos de 2006 a 2010 e 2018. Ela iniciou sua carreira profissional no 
Vasco da Gama em 2000, atualmente atua no Orlando Pride, dos Estados Unidos, 
além de ser atleta titular da seleção brasileira. 
 Segundo a Confederação Brasileira de Futebol – CBF, existem no Brasil 
cerca de 400 mil mulheres jogando futebol, embora a FIFA estime esta participação 
em sete milhões. Para maior crescimento no futebol feminino no Brasil só depende 
dos mesmos fatores que intermediaram e levaram ao destaque do futebol 
masculino: investimentos financeiros, interesse dos meios de comunicação e de 
clubes que incentivem a prática, adoção de um mecanismo de incentivo pelos 
órgãos dirigentes (Federações e Confederações), adequação do sistema competitivo 
à mulher, valorização profissional das praticantes, entre outros. 
Em suma, o futebol é, por excelência, um desses lugares em que a 
afetividade da política se manifesta para além da racionalidade pragmática. 
Fortemente contido de paixão individual e coletivo futebol não se prende 
exclusivamente às determinações de classes, na medida em que, tomadas de forma 
clássica, elas são excessivamente redutoras. 
2.1 FUTEBOL FEMININO NO BRASIL 
 
Nos séculos passados, a participação da mulher em territórios em que era 
considerado masculino tem revelado dinâmicas sociais caracterizadas, 
especialmente, pela redução das diferenças entre gêneros (RAGO, 2007, BATISTA; 
DEVIDE, 2009). Do espaço privado da casa ao espaço público da convivência 
social, do trabalho doméstico ao trabalho assalariado, a ampliação dos espaços 
sociais, conquistados pelas mulheres, se consolidou a partir de resistências e 
reivindicações que não cessaram de reclamar condições de igualdade em relação 
ao homem (MARTIN, 2006). Como exemplo um aspecto pouco conhecido na história 
do futebol no Brasil diz sobre a inserção da mulher nesse universo que se diz 
masculino. 
16 
 
Diante te tal assunto a presença do sexo feminino dentro e fora dos 
gramados durante a primeira 10 metade do século XX, em que foi um momento 
decisivo para a construção da ideia e da identidade. Ainda que o Brasil seja 
considerado o país do futebol e que o futebol arraste multidões, ele ainda é marcado 
por preconceitos, quando falamos na prática do esporte pelas mulheres. Da mesma 
forma que exista no mundo esportivo uma aparente dominação masculina não pode 
esquecer que, aos poucos, as mulheres se encaixam mais neste cenário. 
O futebol é, sem dúvida, um evento esportivo que vem atraindo 
seguidores de diferentes idades e principalmente em todas as camadas sociais no 
Brasil. Porém um dos aspectos menos compreendidos da história do futebol 
brasileiro diz respeito à incorporação da mulher no universo tido como masculino. O 
fato de existir essa proteção em apresentar o Brasil como país do futebol nos leva a 
questionar o porquê deste preconceito existente em relação à prática do futebol 
feminino no país. Estas questões estão ligadas às rotulações de gênero. 
Segundo Reis (2006), o futebol, assim como outros esportes, surge na 
Inglaterra na metade do século XIX. Os esportes jogados com bola somente 
propagam para outros países no final do século XIX. Somente em 1863, com a 
criação da Football Association, na Inglaterra, surgem às primeiras regras universais 
e, a partir daí, o jogo com bola nos pés, propriamente dito. 
No Brasil, considera-se que o futebol moderno chegou por meio de 
Charles Miller após viajem à Inglaterra. Ao retornar em 1894, trouxe em sua 
bagagem uma bola e algumas regras. Levine (1982, apud Heloisa Turini BRUHNS, 
2000) classifica o futebol brasileiro em quatro grandes períodos. O primeiro período 
(1894-1904) caracterizou-se pela chegada do futebol e restrição aos clubes urbanos 
pertencentes a estrangeiros. A partir de então, a modalidade ganhou inúmeros 
adeptos, sendo estes, homens brancos e originários da elite. O segundo período 
(1905-1933) compreende a fase amadora, fase em que homens não pertencentes à 
elite passam a jogar o futebol, neste momento segundo Brunhs (2000). 
A adesão ao futebol caracteriza-se por dois grupos. Por um lado, 
jogadores originários da elite, relacionados ao futebol praticado na escola ou no 
clube, por outro a fonte na qual as classes populares estavam incluídas, controlada 
pelo viés do futebol paternalista de empresa. Era, entretanto, malvista a inclusão de 
jogadores de classes populares – e no Brasil, a cor da pele parece ser um indicador 
de classe nos “grandes” clubes de “boa família” (BRUHNS, 2000, p. 58) 
17 
 
Como vimos, no início, o futebol era concedidos aos brancos e de elite, 
antes de 1930, sendo assim, a negros e mulheres era vedada a participação. Devido 
à grande participação das classes menos beneficiadas no futebol brasileiro, o 
amadorismo dá espaço ao profissionalismo. O jogo era variado pelos melhores 
jogadores, muitos destes advindos das camadas mais baixas, nas quais havia 
craques que tinham grande interesse profissional no futebol. 
O terceiro período (1933-1950) é marcado pelo início do profissionalismo 
que aumenta a concorrência entre os clubes. No governo Vargas, tem-se na 
legislação social e trabalhista que determina o futebol profissional. Inicia-se, a partir 
daí, a disputa entre os clubes para ter em sua equipeos melhores jogadores, 
independentemente de sua origem social ou étnica. Já o quarto período (após 1950) 
é a fase do reconhecimento e modernização da modalidade. O profissionalismo 
masculino foi (e ainda é) premiado e produzido pela comunicação de massa, por 
meio dos jornais da época. Em 1913, em São Paulo, já existiam alguns jornais 
destinados especialmente ao esporte, são eles: O Brasil Esportivo, São Paulo 
Esportivo e Sport. (CALDAS, 1990, p. 97) 
Mas, é a partir de 1953 com a transmissão dos jogos pela televisão que 
os profissionais da bola são contemplados pelo meio de divulgação, embora as 
transmissões não fossem ao vivo, em videoteipe. É somente a partir da década de 
1970 que a televisão passa a transmitir ao vivo as partidas (BRUHNS, 2000, p. 71). 
Se os três primeiros períodos, na sociedade brasileira, foram frisados pelo 
amadorismo e surgimento do profissionalismo, na década de 1970 inicia-se um 
período caracterizado pela formação do profissional do futebol. E quanto à 
participação feminina? 
Segundo Bruhns (2000) a história do futebol feminino mostra divergente à 
do masculino: 
O grupo feminino sempre pertenceu às classes menos favorecidas, razão 
pela qual as atletas apresentarem comportamentos bastante parecidos com 
os de seus colegas homens, comportamentos repudiados pela elite, numa 
atitude de evitarão, recebendo julgamentos como “falta de classe”, “mau 
cheiro”, “povo grosseiro” e outras denominações atribuídas àquela camada 
da população duplamente marginalizada: do ponto de vista geográfico (pois 
geralmente essa camada social mora na periferia) tanto do ponto de vista 
social e político. ” (BRUHNS, 2000, p. 74) 
 
 
Às mulheres sempre foram vistas como o cenário doméstico, onde se 
ocupavam das tarefas da casa, além de serem esposas zelosas, frágeis e 
18 
 
submissas com características femininas. Os indícios da primeira participação 
feminina no Brasil num jogo de futebol não podem ser anunciados, mas utilizo 
evidências que tenham ocorrido no Século XX. A data mais provável é 1921. 
Diante as poucas referências encontradas, temos a obra História do 
Futebol no Brasil do jornalista Thomaz Mazzoni (1928) que menciona a primeira 
partida de futebol feminino entre São Paulo F.C e América F.C em 1940. Outro 
historiador, José Sebastião Witter, afirma, que “no Brasil, o primeiro jogo de futebol 
feminino de que se tem notícia foi disputado em 1913, entre os times dos bairros da 
Cantareira e do Tremembé, de São Paulo (FRANZINI, 2005, p. 317). 
O futebol feminino já era jogado a mais de cem anos no Brasil. Porem 
somente foi legalizado há apenas vinte e seis anos, porque o jogo era praticado de 
maneira escondida. No ano de 1983 que surgiu os primeiros times profissionais no 
Brasil, no Rio de Janeiro e Saad de São Paulo. Na década de 1990 times grandes 
começaram a aparecer no futebol feminino, como o são Paulo e o santos. O primeiro 
campeonato brasileiro de futebol feminino organizado pela confederação brasileira 
de futebol (CBF) aconteceu no ano de 2013. Nos dias atuais, o calendário do futebol 
feminino também conta com a segunda divisão do brasileiro e também com as 
competições de base, como recém-criado brasileiro sub-18.A seleção feminina foi 
convocada pela CBF em 1988 e competiu em 1991 a copa do mundo que alcançou 
níveis globais. 
A copa do mundo foi realizada na China e o Brasil ficou com a nona 
colocação, que acabou ficando em primeiro lugar foram às norte-americanas. Em 
1996, o futebol feminino foi incluído nas olimpíadas, que teve como sua cede Atlanta 
nos Estados Unidos. A seleção brasileira ficou com a quarta colocação. A primeira 
vitória em copas do mundo da seleção brasileira foi em 1999, nos Estados Unidos, 
onde conseguimos a terceira colocação. 
A seleção brasileira que garantiu o bronze para a gente era formada por 
lendárias jogadoras, entra elas a histórica, umas das artilheiras do torneio mais que 
infelizmente é mais reconhecida fora do país do que aqui no Brasil. 
 
2.2 AS QUESTÕES DE GÊNERO E A REPRESENTATIVIDADE DA MULHER 
DENTRO DAS QUATRO LINHAS 
 
19 
 
 Se por muito tempo perdurou uma imagem da mulher que deveria servir 
para a maternidade e que era sinônimo de beleza, pureza e feminilidade, o 
movimento feminista serviu para, além de quebrar esse paradigma, dar voz àquelas 
mulheres que acreditavam que poderiam ser mais, e revelar também a questão de 
que não somos seres binários, ou seja, que não devemos atender somente ao 
masculino ou somente ao feminino. Como foi abordado no capítulo anterior, essas 
questões também foram impeditivas para as mulheres que queriam ingressar no 
esporte, visto que o futebol, por exemplo, quando praticado por elas, era uma 
afronta ao que se impunha sobre o que era “feminino”. E a imprensa, é claro, 
mergulhada nos princípios de uma sociedade machista, noticiava com tons cômicos 
e de ironia as partidas de futebol feminino. Nos dias de hoje, é notável que aquela 
imagem romântica e graciosa atrelada à mulher não existe mais. Mas será que é o 
suficiente? E a imprensa, continua seguindo os reflexos da sociedade? 
 
2.3 CARACTERÍSTICAS E A PRÁTICA DO FUTEBOL FEMININO 
 
O futebol feminino é uma modalidade que é praticada com equipes 
compostas somente por mulheres. Além de alguns países terem predominância na 
pratica com homens, vários países têm equipes profissionais e amadores de 
mulheres onde é um esporte com liga profissional. Quanto as regras elas são as 
mesmas do futebol masculino. O que se diferencia um pouco é que as regras do 
futebol feminino permitem ajustes para partidas entre mulheres, onde o tamanho do 
campo e as dimensões da baliza podem ser modificados, como peso e 
circunferência da bola e duração do jogo, onde isso caberá somente para quem 
organiza os jogos encontrar o padrão mais adequado. 
A FIFA divulgou que a primeira partida oficial entre mulheres foi disputada 
no dia 23 de março de 1885, em Crouch End, Londres, Inglaterra. Onde os times 
foram divididos em Norte e Sul, representando as duas partes da cidade. As 
diferenças entre o futebol feminino e masculino são longas. Nos últimos anos um 
dos tópicos mais estudados é como adaptar esse esporte para as mulheres com 
condições parecidas às dos homens e como organizá-lo de forma que a chance de 
rendimento seja proporcional à masculina. A altura e a largura da trave podem ser 
diminuídas de forma proporcional e de acordo com a envergadura máxima do corpo. 
20 
 
O peso da bola também poderia mudar, tendo como critério a força do 
chute para que a velocidade máxima da bola seja parecida. Alterar as dimensões do 
campo, seja no comprimento, largura ou até da marca de pênalti, não 
necessariamente seria uma opção, visto que isso não acontece em outros esportes 
e pode não ser o principal. Porém, caso mudá-las seja uma opção, não sei qual 
seria o ideal, talvez seria necessário considerar a resistência física. Mudando as 
dimensões do campo, o tempo de jogo poderia permanecer igual, já que o desgaste 
seria reduzido por outro fator. 
A discussão não se trata sobre capacidade ou força física feminina, 
sabemos que isso elas têm. As mulheres podem praticar esportes, seja ele qual for, 
assim como homens. O foco é justamente a adaptação para que seja uma prática 
mais justa, assim, teremos duelos cada vez mais intensas e talentos cada vez 
maiores. Local de treino são em escolas, campos, ginásios ou até na rua, quando se 
tornam jogadoras profissionais tem o local adaptado que são em campos de times 
onde cada uma atua. Aspectos fisiológicos: O futebol é um esporte com 
características exercícios intermitentes, apresentando tipos de atividade diferentes 
(caminhada, corrida em velocidade, para trás, e também os lados). 
Segundo Silva (1998) a distância total percorrida por mulheres em um 
jogo é de 8,5Km sendo que segundo Kraemer e Häkkinen (2004) essa distância é 
distribuída em aproximadamente 25%de caminhada, 38% de trote, 20% de corridas 
cruzadas, 7% de costas e 10% de corridas em velocidade no valor individual mais 
alto. 
Na busca do melhor rendimento, os atletas são submetidos a inúmeros 
tipos de pressão (torcida, resultado, tempo menor para os resultados, cobranças do 
técnico e da família) e, portanto, o desempenho está relacionado com a capacidade 
de superação dessas situações (NOCE; SAMULSKI, 2002). 
Assim, além dos aspectos físicos e técnicos, o aspecto psicológico que 
deve ser o mais importante na preparação destes atletas. As partidas de voleibol 
que exigem elevado desempenho, são definidas em favor da equipe que apresenta 
maior equilíbrio psicológico. 
O esporte gera emoções e como são reguladoras da ação, o rendimento 
pode sofrer alterações fisiológicas, psicológicas e motoras. Uma das principais 
emoções vivenciadas na prática esportiva é a ansiedade, podendo interferir direta ou 
21 
 
indiretamente no rendimento dos atletas (FIGUEIREDO, 2000; NOCE; SAMULSKI, 
2002; BUENO; DI BONIFÁCIO, 2007; VIEIRA et al., 2008; FERREIRA et al., 2010). 
2.4 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELO FUTEBOL FEMININO NO BRASIL 
 
Algumas posições são bastante esclarecedoras quanto à concepção que 
vigorava sobre a participação feminina no futebol, associada às dimensões da 
saúde, maternidade, razões estéticas e de feminilidade. (FARIA JUNIOR, 1995) 
argumentou que o futebol é um esporte violento e prejudicial ao organismo não 
habituado a esses grandes esforços. Assim, com congestões e traumatismos 
pélvicos de ação nefasta para os órgãos femininos. 
O mesmo autor ressalta que a prática do futebol pelas mulheres 
proporciona um antiestético e desproporcional desenvolvimento dos membros 
inferiores, por exemplo, tornozelos rechonchudos, pernas grossas arqueadas e 
joelhos deformados. Assim como BALLARINY (ANO APUD FARIA JUNIOR, 1995) 
também argumentou contra a participação das mulheres no futebol feminino, 
afirmando que o futebol tem por finalidade desenvolver qualidades não visadas na 
mulher ou desnecessárias e desgraciosas a elas. A legislação, do mesmo modo 
que os especialistas contribuíram para que o processo de entrada da mulher no 
esporte mais praticado no país se desse apenas no final da década de 80. De 
acordo com Castellani Filho (1991) durante a ditadura militar o Conselho Nacional 
de Desporto (CND), através da resolução número 7/65, proibiu as mulheres de 
praticarem lutas, futebol, pólo aquático, pólo, rugby e baseball. Somente em 1986 o 
CND reconheceu a necessidade de estímulo à participação das mulheres nas 
diversas modalidades esportivas do país. No campo psíquico, o futebol foi 
considerado como um agravante do espírito agressivo e combativo, qualidades 
incompatíveis com o gênio e com o caráter feminino (FARIA JÚNIOR, 1995). 
3 METODOLOGIA 
 
A metodologia designa-se ao processo utilizado no desenvolvimento de 
uma pesquisa com o objetivo a uma finalidade específica. Sobre os procedimentos 
metodológicos, Fiorese (2010, p. 42) explica que é necessário optar por um em 
qualquer pesquisa que se disponha a realizar, a escolha do método acaba por 
validar o resultado final da pesquisa, sendo assim, o autor define: “O método 
22 
 
(metodologia) é o conjunto de processos pelos quais se torna possível desenvolver 
procedimento que permitam alcançar um determinado objetivo”. 
Devido ao fato de essa pesquisa ter como objetivo investigar trajetórias 
de jogadoras, de uma Escolinha de Futebol Feminino, o Chelsea, na cidade de 
Barra do Corda - MA, optando-se por fazer entrevistas com algumas jogadoras, 
pais ou mães e torcedores. 
A opção pela realização de entrevistas semiestruturadas deu-se pela 
possibilidade de aprofundar o tema de acordo com as respostas obtidas e 
enriquecer a investigação. Este tipo de pesquisa, busca investigar sobre o tema em 
questão, proporcionando maior compreensão e entendimento do enredo e 
desenvolvimento deste. Os embasamentos teóricos serão os suportes necessários 
para garantir a veracidade das informações. 
O método de coleta de dados em campo por meio de entrevistas, técnica 
utilizada para identificar fatos e acontecimentos que refletem sobre o tema 
abordado, possuiu caráter exploratório no sentido de conhecer mais o que se almeja 
durante a pesquisa e por meio deste, entender mais como se processa, explorando 
o mesmo de forma organizada e planejada, “enquadram-se na categoria dos 
estudos exploratórios todos aqueles que buscam descobrir ideias e intuições, na 
tentativa de adquirir maior familiaridade com o fenômeno pesquisado” (SELLTIZ et 
al,1965, p.52). 
A pesquisa discorrerá com aspecto qualitativo, onde, “a abordagem de 
cunho qualitativo trabalha os dados buscando seu significado, tendo como base a 
percepção do fenômeno dentro do seu contexto” (TRIVIÑOS, 1987, p.106). Faz-se 
uma compreensão do que foi pesquisado para um bom desenvolvimento das 
análises das informações obtidas. 
 Ressalta-se que a pesquisa bibliográfica é utilizada como ponto de partida 
para todos os tipos de pesquisa, facilitando a investigação através do estudo do 
conhecimento armazenado tradicionalmente em livros e documento, além disso, 
devemos considerar também o avanço da tecnologia da informação por meio dos 
arquivos eletrônicos, e mesmo do desenvolvimento da Internet, como facilitadores 
para a agilidade da investigação e novas descobertas em todas as áreas do saber. 
Como metodologia para desenvolver a pesquisa, trabalhar-se-á com a 
análise bibliográfica (artigos, revistas, livros, periódicos, trabalhos, projetos, etc.) que 
se faz necessária para embasar e favorecer um maior entendimento do tema em 
23 
 
questão. Principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de fornecer ao 
investigador um instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas 
também pode esgotar-se em si mesma”. (VERGARA, 2000, p.96) 
A linha de pesquisa que melhor representa, pode-se considerar que o 
presente estudo se vincula a linha de pesquisa em Educação Física, Práticas 
Pedagógicas e Sociais (EFPPS), pois o mesmo investiga a temática relacionada ao 
esporte como forma de socialização, igualdade e interação. 
 
Na linha de pesquisa em Educação Física, Práticas Pedagógicas e Sociais 
(EFPPS), os objetos de estudo vinculam-se às relações constituídas entre a 
Educação Física e as metodologias de ensino aplicadas no âmbito escolar e 
não escolar, assim como a gestão destes espaços de intervenção. 
Estabelece o debate sobre o corpo, a cultura, o lazer, a história, entre outros 
temas que possibilitem a contextualização mais ampla desta área de 
conhecimento, analisando-a através das influências da sociedade sobre os 
diferentes temas da cultura corporal. (NEPEF, 2014, p. 4). 
 
 
Selecionado o estudo bibliográfico, iniciaremos com uma leitura aprofundada 
das produções. Em seguida, a identificação de enunciados que consistiu na seleção 
de trechos referentes às condições de existência na trajetória de mulheres no futebol 
feminino. Posteriormente analisar se tais trechos desempenham função de 
enunciado. Analisamos esta pesquisa como crítico superadora, que sendo feitas 
várias leituras, na qual foram escolhidas produções relacionadas ao tema do 
trabalho. Através da leitura crítica das publicações e também depoimento das 15 
pessoas pode ter uma relação próxima ao objeto de estudo (futebol feminino), ao 
analisar e interpretar profundamente os conteúdos, procurando entender da melhor 
forma possível à complexidade dos fenômenos envolvidos. 
4 RESULTADOS OBTIDOS 
 
Para análise dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, segundo a técnica de 
elaboração e análise de unidades de significado de Moreira, Simões e Porto, em que 
percorre os seguintes momentos: 
1. Relato ingênuo – Transcrição dos discursos dos sujeitos exatamente como foi 
respondida, sem alteração dos termos. 
24 
 
2. Identificação das atitudes – Seleção dasunidades mais significativas dos 
discursos dos sujeitos, elaborando os indicadores e posteriormente as categorias 
que servirão de parâmetro para interpretação. 
3. Interpretação – a partir do quadro geral das ideias de cada sujeito montado e 
caracterizado pela identificação das unidades de significados, foi feita a análise 
interpretativa do fenômeno buscando compreendê-lo em sua essência. 
O uso do questionário como forma de entrevista das atletas, tornou-se de suma 
importância para dá veracidade às informações que são colocadas no enredo deste 
trabalho, dessa forma, e para deixar em anônimo a identificação das atletas, apesar 
de que todos os participantes assinaram um Termo de Autorização (ver anexos) 
para o uso de sua imagem, optou-se por utilizar, sequencialmente, Atleta com as 
inicias de cada nome, estendendo-se a todos os participantes (torcedores e Pais ou 
Responsáveis). 
Diante do exposto, iniciaremos com o questionário seguido das respostas das 
atletas. 
4.1 ENTREVISTA COM AS ATLETAS 
 
a) Desde quando você joga futebol? 
 
Atleta S. M.: Eu jogo futebol desde os 9 anos. 
Atleta A. C.: Comecei com 5 anos de idade. 
Atleta A.: Desde de 2018. 
Atleta D. L.: Desde os 11 anos de idade 
Atleta F. E.: Desde meus 12 anos 
Atleta F.: Desde meus 12 anos de idade 
Atleta M. A.: Desde meus 12 anos 
Atleta N.: Desde meus 7 anos de Idade 
Atleta R. S. C.: Desde meus 8 anos 
Atleta L.: Desde criança 
 
b) Por que você optou por praticar este esporte? 
 
Atleta S. M.: Gostei bastante quando joguei pela primeira vez, pois é um esporte 
muito competitivo. 
Atleta A. C.: Porque eu gosto, é um esporte de atividade 
25 
 
Atleta A.: Achei um esporte muito legal. 
Atleta D. L.: Porque eu gosto de jogar futebol 
Atleta F. E.: Porque é algo que eu me identifico muito. 
Atleta F.: Por ser um esporte ao qual me identifiquei. 
Atleta M. A.: Porque acho divertido. 
Atleta N.: Foi um esporte que me identifiquei. 
Atleta R. S. C.: Achava interessante 
Atleta L.: Por ser um esporte que me traz alegria 
 
 
c) Onde você começou a jogar? 
 
Atleta S. M.: No começo foi nas ruas. 
Atleta A. C.: Nas ruas de casa jogava bola e no estádio. 
Atleta A.: No joga 10. 
Atleta D. L.: Comecei a jogar nos grêmios cordinos. 
Atleta F. E.: Na escola. 
Atleta F.: Na escola Dom Marcelino de Milão 
Atleta M. A.: Comecei a joga em um projeto da igreja no meu bairro e depois na 
escola. 
Atleta N.: Na escola que eu estudava. 
Atleta R. S. C.: Comecei mesmo a jogar na escola, só que antes jogava nas ruas 
mais meus amigos. 
Atleta L.: Nas ruas. 
 
d) E quem te levou para lá? 
 
Atleta S. F.: Meus amigos. 
Atleta A. C.: Meu pai. 
Atleta A.: O treinador. 
Atleta D. L.: Professor Jairo que me incentivou. 
Atleta F. E.: Eu mesma, sempre que pedia para participar de torneio ou intercalasse 
Atleta F.: Minha mãe. 
Atleta M. A.: Minha amiga. 
Atleta N.: O professor de Educação Física. 
Atleta R. S. C.: Minha prima. 
26 
 
Atleta L.: Meus irmãos 
 
e) Quais os locais onde você já jogou? Como foi esta experiência? 
 
Atleta S. M.: Em quadra, campos, nas ruas, experiências totalmente diferentes. 
Atleta A. C.: Clemente, Escondido, ginásio do tamarindo, vários lugares. Foram boas 
as experiências. 
Atleta A.: Barro Branco, Santa Maria, Escondido. Experiências boas e diferentes. 
Atleta D. L.: Campo do Osvaldo, AABB, Frederico Figueira, Isabel Cafeteira, e outros 
lugares. 
Atleta F. E.: Quadras esportivas da cidade que moro, vários interiores e cidades 
vizinhas. 
Atleta F.: Em vários estados e cidades, isso me faz crescer e ter boas experiências. 
Atleta M. A.: Em algumas cidades do estado do Maranhão. Tive boas experiências. 
Atleta N.: Nas cidades, Imperatriz, Teresina e São Domingos. Foi ótimas 
experiências. 
Atleta R. S. C.: Primeiramente, na quadra do Colégio Enoc Vieira, depois, fui 
participando de outros jogos e outras quadras, competido e conhecendo novos 
lugares, pude ter experiências maravilhosas. 
Atleta L.: Já joguei em várias cidades, uma ficou marcada, conquistei o primeiro título 
representando minha cidade no Campeonato de Futsal Feminino na cidade de São João 
dos Patos -MA. 
 
f) Você jogava na escola? Com meninas, com meninos, ou os dois? 
 
Atleta S. M.: Na escola, sempre joguei com os meninos. 
Atleta A. C.: Sim, jogava com os dois, meninas e meninos. 
Atleta A.: Sim, jogava com os dois, meninas e meninos. 
Atleta D. L.: Sim, jogava tanto com as meninas, quanto com os meninos. 
Atleta F. E.: Sim, com os dois. 
Atleta F.: Sim, com os dois, meninos e meninas. 
Atleta M. A.: Sim, com os dois. 
Atleta N.: Sim, com os dois. 
Atleta R. S. C.: Sim, com os dois, às vezes. 
Atleta L.: Sim, jogava com os dois. 
27 
 
 
g) Que tipo de preconceito você sofria na escola? 
 
Atleta S. M.: Bullying. 
Atleta A. C.: Nenhum 
Atleta A.: Bullying 
Atleta D. L.: Não sofro preconceito. 
Atleta F. E.: Bullying 
Atleta F.: Na escola não sofri preconceito. 
Atleta M. A.: Bullying. 
Atleta N.: Bullying. 
Atleta R. S. C.: Bullying 
Atleta L.: Bullying 
 
h) E os seus professores te apoiavam a jogar futebol? 
 
Atleta S. M.: Sim 
Atleta A. C.: Sim 
Atleta A.: Sim, alguns. 
Atleta D. L.: Sim, alguns. 
Atleta F. E.: Sim, alguns. 
Atleta F.: Sim, todos. 
Atleta M. A.: Sim, sempre me deram apoio. 
Atleta N.: Sim, muito. 
Atleta R. S. C.: Sim. 
Atleta L.: Sim 
 
i) Quais as alegrias que você vivencia com o futebol? 
 
Atleta S. M.: Ver amigos e competir. 
Atleta A. C.: Ser campeã. 
Atleta A.: Muito boas. 
Atleta D. L.: Algo inexplicável. 
Atleta F. E.: Só em praticar esse esporte já é uma alegria. 
Atleta F.: Amizades e companheirismo. 
Atleta M. A.: De estar com minhas amigas e pessoas que eu gosto. 
Atleta N.: Aprendizado de sempre estar evoluindo e conhecendo novas pessoas. 
28 
 
Atleta R. S. C.: Amizades, vitórias e experiências. 
Atleta L.: Amizades. 
 
j) Você assiste a jogos de futebol? 
 
Atleta S. M.: Sim. 
Atleta A. C.: Sim. 
Atleta A.: Sim. 
Atleta D. L.: Sim. 
Atleta F. E.: Sim. 
Atleta F.: Sim. 
Atleta M. A.: Sim. 
Atleta N.: Sim. 
Atleta R. S. C.: Sim. 
Atleta L.: Sim 
 
k) Lê reportagem? 
 
Atleta S. M.: Sim. 
Atleta A. C.: Não muito. 
Atleta A.: Sempre. 
Atleta D. L.: Sim. 
Atleta F. E.: Sim, mais não com muita frequência. 
Atleta F.: Sim. 
Atleta M. A.: Não. 
Atleta N.: Sim, mas só algumas do meu devido interesse. 
Atleta R. S. C.: Sim. 
Atleta L.: Sim, sempre se atualizando no meio do esporte. 
 
l) Assiste a programas de TV relacionados a futebol? 
 
Atleta S. M.: Sim. 
Atleta A. C.: Sim. 
Atleta A.: Sim. 
Atleta D. L.: Sim. 
Atleta F. E.: Sim. 
29 
 
Atleta F.: Sim 
Atleta M. A.: Sim. 
Atleta N.: Sim. 
Atleta R. S. C.: Sim. 
Atleta L.: Sim 
 
 
m) Você assiste a jogos de futebol feminino e masculino? 
 
Atleta S. M.: Sim. 
Atleta A. C.: Sim. 
Atleta A.: Sim. 
Atleta D. L.: Sim. 
Atleta F. E.: Sim. 
Atleta F.: Sim 
Atleta M. A.: Sim. 
Atleta N.: Sim. 
Atleta R. S. C.: Sim. 
Atleta L.: Sim 
 
n) E quem te incentivou a jogar futebol? 
 
Atleta S. M.: Eu mesma, sempre gostei de futebol. 
Atleta A. C.: Meus pais. 
Atleta A.: Minhas amigas. 
Atleta D. L.: Eu que decidi jogar futebol, mas, minha mãe me apoia. 
Atleta F. E.: Ao acompanhar e ver meu pai em campo, foi um incentivo. 
Atleta F.: Minha família. 
Atleta M. A.: Uma amiga que já praticava o esporte. 
Atleta N.: Quando comecei, não tive incentivo. Agora tenho minha treinadora. 
Atleta R. S. C.: Meu professor. 
Atleta L.: Amigos. 
 
o) E quem te desincentivou? Por que? 
 
Atleta S. M.: Os preconceitos as vezes desanimava, mas nunca fiquei desmotivada 
Atleta A. C.: Ninguém. 
30 
 
Atleta A.: Minha avó e meu padrasto, por acharem que é um esporte só para 
homens. 
Atleta D. L.: Minha tia/mãe, por achar que é coisa de homem. 
Atleta F. E.: Algumas pessoas ao meu redor, por acharem que é coisa para 
meninos. 
Atleta F.: Ninguém. 
Atleta M. A.: Meu pai, por ter medoque eu me machucasse. 
Atleta N.: Todas as pessoas que falam que futebol é coisa de homem. 
Atleta R. S. C.: Algumas pessoas da minha família. 
Atleta L.: Namorado. Dizia que não era coisa para mulher. 
 
 
p) E quais são as dificuldades que a mulher que jogar futebol passa? 
 
Atleta S. M.: Falta de investimento. 
Atleta A. C.: Comentários Racistas e sexualistas. 
Atleta A.: Questionamento sobre sua sexualidade. 
Atleta D. L.: Achar que o futebol é só para homens. 
Atleta F. E.: Falta de apoio e o machismo. 
Atleta F.: Achar que o futebol é só para homens. 
 Atleta M. A.: Falta de visibilidade, Machismo, questionamento sobre a sexualidade. 
Atleta N.: Falta de investimento, visibilidade e estrutura. 
Atleta R. S. C.: Falta de valorização e reconhecimento. 
Atleta L.: Falta de apoio do poder público. 
 
q) Então você sente que as pessoas têm preconceito em ver mulher jogar futebol? 
 
Atleta S. M.: Sim. Por dizer que esse jogo não é de mulher. 
Atleta A. C.: Sim, algumas pessoas. 
Atleta A.: Sim. 
Atleta D. L.: Eu não sinto, eu tenho a plena certeza, porque o futebol feminino é 
muito desvalorizado. 
Atleta F. E.: Sim, creio que toda mulher que pratica esse esporte sente um certo 
preconceito em cima de si. 
Atleta F.: Sim. 
Atleta M. A.: Não é toda pessoa que tem preconceito mais boa parte dela sim. 
31 
 
Atleta N.: Sim, pois para as pessoas machistas o lugar da mulher é na cozinha e não 
jogando futebol. 
Atleta R. S. C.: Antes sim, mais hoje em dia aos poucos estão aceitando. 
Atleta L.: Nem todas as pessoas, mais sentimos sempre. 
 
r) E quando você joga como é o comportamento da torcida ao ver uma mulher 
jogando futebol? 
 
Atleta S. M.: Hoje em dia já melhorou bastante, mas, antes se impressionavam por 
ver uma mulher jogando bem. 
Atleta A. C.: Bem, eles gritam meu nome, às vezes. 
Atleta A.: Eu acho normal. 
Atleta D. L.: Aqui em nossa cidade, o comportamento da torcida é normal. 
Atleta F. E.: Aqui na cidade, temos alguns times femininos, o que faz com que o 
comportamento da torcida seja algo natural. 
Atleta F.: Antigamente, existia muito preconceito por parte da torcida e da sociedade. 
Atleta M. A.: Acredito que se o indivíduo está assistindo a um jogo de futebol 
feminino, é porque gosta e não tem problema algum. 
Atleta N.: O comportamento da torcia é normal. 
Atleta R. S. C.: O comportamento da torcida está melhorando, entretanto, há mais 
rivalidade entre as torcidas do que o próprio preconceito, por ser futebol feminino. 
Atleta L.: A torcida a gente conquista com nossas habilidades, porém, sempre 
ouvimos a minoria falando alguma coisa desmotivadora e preconceituosa. 
 
s) E o que você mudaria para o futebol feminino melhorar? 
 
Atleta S. M.: Ter mais investimento e buscar melhorar o desempenho físico para ter 
mais rendimento. 
Atleta A. C.: Apoio é o que o futebol feminino precisa. 
Atleta A.: Eu mudaria a prática machista no futebol. 
Atleta D. L.: Que fosse mais valorizado igual o futebol masculino. 
Atleta F. E.: Traria mais visibilidade e reconhecimento. 
Atleta F.: Deveria ter mais apoio, novos projetos. 
Atleta M. A.: Teria menos preconceito e mais igualdade, pois o futebol feminino é 
muito desvalorizado. 
32 
 
Atleta N.: Eu mudaria para que fosse vista e tratada com mais respeito. Melhoraria a 
qualidade das competições e dobraria o investimento. 
Atleta R. S. C.: Mudaria mais valorização para o futebol feminino e igualdade para 
ambos os sexos. 
Atleta L.: Eu daria mais apoio incentivando com escolinhas de futebol feminino, 
criando projetos sociais. 
 
t) E aqui, na cidade de Barra do Corda, como você ver o futebol feminino e como 
poderia melhorar? 
 
Atleta S. M.: Vejo que ainda está longe para conseguir visibilidade, e poderia 
melhorar através de investimentos. 
Atleta A. C.: Mais apoio. 
Atleta A.: Não vejo como melhorar 
Atleta D. L.: Falta de investimento e valorização. 
Atleta F. E.: Falta visibilidade e reconhecimento. 
Atleta F.: Falta de incentivo e investimento por parte do poder público. 
Atleta M. A.: Falta mais igualdade e visibilidade. 
Atleta N.: Aqui em nossa cidade falta valorização, investimento e visibilidade, mais 
competições e desenvolvimento. 
Atleta R. S. C.: Ainda há muita desvalorização, gostaria que os direitos fossem 
iguais. 
Atleta L.: Vejo como carência, falta de apoio, a gente deveria ser mais vista por 
todos, com mais projetos sociais, oportunidades, incentivos nos bairros e municípios. 
 
4.2 ENTREVISTA COM OS TORCEDORES 
 
a) Qual sua opinião sobre a pratica de futebol pelas mulheres? 
 
Torcedora C.: É muito importante, a cada dia se superam mais, provando que o 
esporte não está relacionado a gênero. 
Torcedora A.: É uma experiência mágica, só sabe quem está ali, torcendo. 
Torcedora S.: Ainda é crescente a participação das mulheres no esporte, onde, o 
futebol feminino está se consolidando a cada dia. 
33 
 
Torcedor J.: Vejo como uma forma de inspiração para todas as mulheres que 
querem participar, mas de alguma forma não podem. E a cada dia vem 
conquistando ainda mais o seu espaço. 
b) Você já presenciou alguma crítica ofensiva com relação ao tema? Chegou a 
presenciar atitudes ou falas preconceituosas? 
 
Torcedora C.: Sim, questionamentos sobre a sexualidade das atletas. 
Torcedora A.: Sim, muitas. 
Torcedora S.: Sim, e já enfrentei o preconceito social. 
Torcedor J.: Sim, principalmente com falas. Pessoas do sexo masculino ofendendo 
só por serem mulheres e estarem em quadra/campo. 
 
c) Você combateu ou combate essas atitudes? De que forma? 
Torcedora C.: Denunciar, para combater e punir, garantindo o direito e igualdade. 
Torcedora A.: Combato sempre com palavras de incentivo e motivação. 
Torcedora S.: O preconceito no futebol feminino advém de fatores culturais e sociais. 
Exponho pensamentos que quebram esse silenciamento, assim, teremos uma 
sociedade cada vez mais atenta. 
Torcedor J.: Sim. Procuro sempre dar mais apoio. 
 
d) De que forma você ajuda no desenvolvimento e crescimento do futebol feminino 
em sua cidade? 
Torcedora C.: Sempre que posso estou na arquibancada, aplaudindo e ajudando a 
organizar os torcedores, para apoiar nossas jogadoras. 
Torcedora A.: Sempre vou a torneio e campeonatos torcer pelos times. 
Torcedora S.: Divulgando e envolvendo-se. 
Torcedor J.: Apoiando e divulgando as coisas do time. 
 
e) Você acompanha diretamente os times ou o time feminino que você torce? 
Torcedora C.: Sim. 
Torcedora A.: Sim. 
Torcedora S.: Sim. 
34 
 
Torcedor J.: Acompanho mais pelas redes sociais, mas sempre que posso vou 
assistir algum jogo do mesmo. 
 
f) O que você mudaria no futebol feminino? 
Torcedora C.: Que tivesse mais espaço na nossa cidade. 
Torcedora A.: Nada. 
Torcedora S.: Na falta de maior visibilidade, patrocínios e igualdade salarial. 
Torcedor J.: No geral não mudaria nada, mas no pessoal mudaria desunião dos 
demais times. 
 
g) Em sua opinião, o que é preciso para que o futebol feminino ganhe mais espaço? 
Torcedora C.: Criar mais competições, eventos e projetos para o futebol feminino. 
Torcedora A.: Tem que ter mais união e respeito. 
Torcedora S.: Investimento financeiros, por meio de projetos e estruturas 
adequadas. 
Torcedor J.: Creio que mais apoio e visibilidade de pessoas grandes (prefeito, 
vereadores). 
 
4.3 ENTREVISTA COM OS PAIS OU RESPONSÁVEIS 
 
a) Já presenciou atitudes preconceituosas ao futebol feminino? O que fez para evitá-
las ou defender a vítima? 
Mãe 01 (da aluna A. C.): Mostrar que o futebol feminino tem qualidade. 
Mãe 02 (da aluna Y.): Sim, nada, fiquei calada. 
Mãe 03 (da aluna E.): Sim, mandei denunciar. 
Mãe 04 (da aluna R.): Sim, falei que mulher faz o que quiser. 
Mãe 05 (das alunas M. e V.): Não, nunca presenciei. 
 
b) Você concorda ou discorda da prática de futebol feminino? Explique. 
Mãe 01 (da aluna A. C.): Concordo, está correto. 
Mãe 02 (da aluna Y.): Concordo, esporte muda vidas.35 
 
Mãe 03 (da aluna E.): Concordo, ajuda muito a adolescente a não se envolver com 
drogas, e na socialização com outras pessoas. 
Mâe 04 (da aluna R.): Concordo, traz muitos benefícios, principalmente a saúde. 
Mãe 05 (das alunas M. e V.): Concordo, acho divertido e faz bem para a saúde. 
 
c) Você acompanha jogos e treinos de sua filha? 
Mãe 01 (da aluna A. C.): Sim, às vezes. 
Mãe 02 (da aluna Y.): Sim, de vez em quando. 
Mãe 03 (da aluna E.): Sim. 
Mãe 04 (da aluna R.): Sim, alguns. 
Mãe 05 (das alunas M. e V.): Não, estou sem tempo. 
 
d) O que você mudaria no futebol feminino para que essa prática tivesse melhor 
aceitação e desenvolvimento? 
Mãe 01 (da aluna A. C.): A forma de investimento e incentivo. 
Mãe 02 (da aluna Y.): Proporcionar a igualdade financeira. 
Mãe 03 (da aluna E.): Que tivesse mais apoio, valorização, oportunidades e 
reconhecimento. 
Mãe 04 (da aluna R.): Mudaria o jeito de olhar das pessoas para com o futebol 
feminino, é necessário mais respeito, valorização e igualdade. 
Mãe 05 (das alunas M. e V.): O preconceito e o desrespeito. 
 
e) De que forma, você atua para o desenvolvimento da prática do futebol feminino 
na sua região? 
Mãe 01 (da aluna A. C.): Exerço a função de árbitro de futebol. 
Mãe 02 (da aluna Y.): Incentivando. 
Mãe 03 (da aluna E.): Ajudo na torcida, com a esperança de ver o reconhecimento 
que merece, o futebol feminino. 
Mãe 04 (da aluna R.): Com apoio e torcida. 
Mãe 05 (das alunas M. e V.): Apenas apoiando o futebol feminino. 
 
f) Para você, qual as vantagens e desvantagens do futebol feminino? 
36 
 
Mãe 01 (da aluna A. C.): Uma das vantagens é incentivar as jovens que queiram 
praticar o futebol, a desvantagem só tem para quem não acredita ou aceita, o futebol 
feminino. 
Mãe 02 (da aluna Y.): Não vejo desvantagens. É um esporte que relaxa, tira o 
estresse e melhora o dia. 
Mãe 03 (da aluna E.): Como vantagem vejo que auxilia no emagrecimento, trabalha 
músculos, desenvolve habilidades físicas e motoras. Como desvantagem, pode 
causar estresse emocional. 
Mãe 04 (da aluna R.): Vantagens: fortalecimento ósseo, diminuição do estresse, 
prevenção de doenças. Desvantagens: lesões, desgaste muscular e estresse 
corporal. 
Mãe 05 (das alunas M. e V.): É um esporte que ajuda no bem-estar, entretanto não 
tem incentivo e visibilidade. 
 
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
No Brasil o futebol é considerado esporte para homens, o que muitas vezes 
pode causar estranheza em alguns ao se depararem com mulheres praticando a 
modalidade. Como vimos ao longo do texto, historicamente a participação da mulher 
no ambiente esportivo, principalmente nas atividades físicas de domínio masculino, 
era considerada imprópria, pois acreditava-se que estas práticas comprometeriam a 
capacidade reprodutiva, considerada a principal responsabilidade feminina na 
sociedade. 
A história do futebol feminino no Brasil não foi diferente: ela nos mostra as 
possíveis causas para o atraso da inserção da mulher em campo. Devido às 
recomendações biológicas, que vetavam sua participação em competições e no 
futebol, as mulheres somente iniciaram legalmente a sua participação em 1979. Isto 
está relacionado a questões culturais, que percebiam e, em parte, ainda percebem a 
mulher como naturalmente portadora de características não condizente com as 
necessidades esportivas, tais como força, velocidade, competitividade, entre outras. 
Ao longo dos anos, muita coisa mudou, o número de praticantes da 
modalidade vem crescendo, porém, a participação das mulheres neste esporte, 
como disse uma das jogadoras pesquisadas, ainda “é uma coisa malvista”. 
37 
 
A pesquisa de campo mostrou que a trajetória de algumas atletas e 
integrantes da Escolinha de Futebol Chelsea, foram/são marcadas por dificuldades 
atreladas ao gênero e à sexualidade. 
O início da prática foi marcado pela participação masculina (amigos, 
vizinhos, primos, tios), seja na rua, na escolinha de futebol ou, em menor medida, na 
escola. Esses espaços eram frequentados predominantemente pela figura 
masculina, onde elas eram minoria em quadra, e mesmo assim resistiram a 
dominação masculina. 
Quanto aos apoios à prática, elas não tiveram incentivadores por um longo 
período. Os pais e as mães, ao mesmo tempo em que são figuras de incentivo para 
algumas, mostram-se os grandes desincentivadores para outras. 
Por meio das entrevistas também pudemos observar que poucos do público 
que assiste ao futebol feminino ainda tem uma visão estereotipada e 
preconceituosa. As atletas disseram que o comportamento de alguns torcedores, ao 
ver mulheres jogando, demonstra suspeitas quanto a suas habilidades, capacidades 
físicas e sexualidade. Ser jogadora de futebol é para muitos interpretado como sinal 
de homossexualidade. 
Outro ponto relevante e curioso é que estas mulheres são espectadoras do 
futebol masculino, devido a sua acessibilidade. Segundo as atletas, para que o 
futebol feminino avance, é preciso algumas mudanças, dentre elas: apoio financeiro 
aos clubes e às atletas, apoio da mídia, organização de mais campeonatos. 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O futebol, esporte praticado em quase todos os lugares do mundo, pode ser 
visto, não só como esporte, mas também como agente socializador, que promove a 
interação entre os indivíduos de diversos lugares. Geralmente, considera-se o 
futebol como um esporte ligado diretamente à masculinidade, deixando de fora a 
prática desse esporte pelas mulheres. Embora isso esteja impregnado na maioria 
das mentes, a visão holística sociocultural, está sendo transformada e modificada 
pela insistência e persistência das mulheres que praticam o futebol, na busca de 
reconhecimento e valorização, e claro, na luta contra preconceito. 
Muito se fala sobre os benefícios do futebol, tais benefícios como: 
socialização, aptidão física, motora e cognitiva, aumento da autoestima, redução no 
38 
 
risco de doenças crônicas, aumento da imunidade, dentre outros. São importantes 
para o bem-estar e convivência. Entretanto, ocorre pontos negativos com relação á 
pratica do futebol feminino, principalmente, quando está relacionado a momentos 
preconceituosos, vulgares e que causam transtornos e ofensas. 
Como relatado nas entrevistas pelas jogadoras, o primeiro contato com o 
futebol se deu, em sua maioria, pelos “amigos de rua”, assim o incentivo e o 
entrosamento com o esporte foi criando gosto e prazer pelo esporte. Na escola, a 
pratica era incentivada pelos colegas e alguns professores, sendo que, a 
participação em muitas ocasiões era no meio masculino. De fato, mesmo sendo 
criança, a pratica do futebol pelas meninas não era vista com bons olhos por muitos 
indivíduos, mesmo assim, não desistiram e superaram as dificuldades e 
preconceitos sociais e de gênero. 
Atualmente, percebe-se que a perspectiva dos torcedores, frequentadores, e 
pessoas que gostam do futebol está modificando-se ao longo do tempo, à medida 
que as mulheres buscam seu espaço na sociedade, e claro dentro dos estádios de 
futebol seja jogando ou assistindo. Embora, ainda existam pessoas relutantes ao 
futebol feminino, tal prática está ganhando consistência e muitos adeptos. 
É importante destacar, que o futebol feminino, além de sofrer com olhares e 
ações preconceituosas, não possui um incentivo e valorização adequado, se 
comparado ao futebol masculino. É perceptível um “abismo” entre as duas 
modalidades, seja pelo reconhecimento, seja pela valorização. Precisa-se de 
investimentos que possam atender as necessidades do futebol feminino, desde a 
base, até o profissional. Um planejamento adequado que contemple as instituições 
escolares, escolinhas de futebol e equipes do futebol amador e profissional, 
trazendo uma visão igualitária, respaldada nas garantias dos direitos das mulheres 
ao lazer, diversão e a prática futebolística. 
De fato, valor recreativo e o valor de saúde mental existentes

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