Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Células - tronco Léo Freitas Corrêa O que é? • É um *po de célula que pode – se diferenciar e cons*tuir diferentes tecidos no organismo. – gerar cópias idên*cas de si mesmas. Introdução • Entre as cerca de 75 trilhões de células existentes em um homem adulto, por exemplo, são encontrados em torno de 200 tipos celulares distintos. • Todos eles derivam de células precursoras, denominadas “células-tronco”. • A célula-tronco prototípica é o óvulo fertilizado (zigoto). Essa única célula é capaz de gerar todos os tipos celulares existentes em um organismo adulto, até os gametas — óvulos e espermatozóides — que darão origem a novos zigotos (Figura 1) Introdução Fig. 1: Organismo completo, com inúmeros tipos diferentes de células, forma-se a partir de apenas uma célula — o óvulo fertilizado (zigoto). Introdução • Logo após a fecundação, o zigoto começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. São chamadas de totipotentes. • Na fase de oito a dezesseis células, as células do embrião se diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar a placenta e os anexos embrionários, e uma massa de células internas que vai originar o embrião propriamente dito. • Após 72 horas, este embrião, agora com cerca de cem células, é chamado de blastocisto. As células internas do blastocisto vão originar as centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas de células tronco embrionárias pluripotentes (Figura 2) Introdução Figura 2: Representação esquemática da disposição das células-tronco no embrião. História • A incrível capacidade de gerar um organismo adulto completo a partir de apenas uma célula tem fascinado os biólogos desde que o fisiologista alemão Theodor Schwann (1810-1882) lançou, em 1839, as bases da teoria celular. • Já no início do século 20, vários embriologistas, entre eles os alemães Hans Spemann (1869-1941) e Jacques Loeb (1859-1924), começaram a decifrar os segredos das células-tronco através de experimentos engenhosos com células de embriões. História • Tais pesquisas revelaram que, quando as duas primeiras células de um embrião de anfíbio são separadas, cada uma é capaz de gerar um girino normal, e que, mesmo após as quatro primeiras divisões celulares de um embrião de anfíbio, o núcleo dessas células embrionárias ainda pode transmitir todas as informações necessárias à formação de girinos completos, se transplantado para uma célula da qual o núcleo tenha sido retirado (célula anucleada). • Apareceu uma pergunta fundamental para a moderna biologia do desenvolvimento: o núcleo de uma célula totalmente diferenciada seria capaz de gerar um indivíduo adulto normal, se transplantado para um óvulo anucleado? Em 1996, o nascimento da ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado a partir do núcleo de uma célula adulta diferenciada (uma célula epitelial de glândula mamária), trouxe a resposta. Características: • São indiferenciadas; • Têm a capacidade de gerar não só novas células-tronco como grande variedade de células diferenciadas funcionais (Figura 3). Figura 3: A divisão das células-tronco embrionárias segue dois modelos: o determinístico (A), que gera sempre uma célula-tronco e uma célula diferenciada, e o aleatório (B), em que podem ser geradas diversas combinações de células. A B Classificação • To*potentes ou embrionárias – todos (216) tecidos • Pluripotentes ou mul*potentes – todos tecidos humanos – menos placenta e anexos embrionários • Oligopotentes – poucos tecidos • Unipotentes – um único tecido Onde ficam as células-‐tronco? • to3potentes • pluripotentes ou mul3potentes • oligopotentes • unipotentes • 16 -‐ 32 células (até três ou quatro dias de vida) • células internas do blastocisto de 32 -‐64 células (a par3r do 5º dia de vida) • ainda são objeto de pesquisas-‐ trato intes3nal • tecido cerebral adulto e na próstata Quais as funções naturais das células-‐ tronco no corpo humano? • Ajudar no reparo de uma lesão • Medula óssea Células-‐tronco ob*das de embriões, cordão umbilical ou medula, se colocadas em contato com um músculo, conseguem diferenciar-‐se em músculo? • células-‐tronco embrionárias • células-‐tronco adultas • têm de se diferenciar em vários tecidos. O que torna a célula-‐tronco capaz de formar um tecido ou outro? • Objeto de inúmeras pesquisas – Fatores de crescimento – Hormônios – Enzimas – Moléculas de sinalização – Outros mediadores do desenvolvimento É possível programar as células-‐tronco para que se diferenciem nos tecidos que precisam ser reparados? • Fatores de diferenciação em culturas de células-‐tronco in vitro determinam que elas se diferenciem em um certo tecido. Características • As células-tronco podem ser de dois tipos: as embrionárias, conhecidas há mais tempo, que aos poucos, com o desenvolvimento do embrião, produzem todas as demais células de um organismo e as adultas, pois nas últimas décadas descobriu-se que tecidos já diferenciados de organismos adultos conservam essas células precursoras. Células-tronco embrionárias • As células-tronco embrionárias são estudadas desde o século XIX; • Essas células são conhecidas pela sigla ES, do inglês embryonic stem cells (células-tronco embrionárias), e são denominadas pluripotentes, pois podem proliferar indefinidamente in vitro sem se diferenciar, mas também podem se diferenciar se forem modificadas as condições de cultivo (Figura 4). Figura 4: Diferenciação de células-tronco em cultivo. Células-tronco embrionárias • Outra característica especial dessas células é que, quando reintroduzidas em embriões, dão origem a células de todos os tecidos de um organismo adulto, mesmo as germinativas (óvulos e espermatozóides). Figura 5: Estudos em laboratórios de vários países já conseguiram que as células- tronco embrionárias se diferenciassem, em cultura, em diversos tipos celulares Células-‐tronco de embriões • Potencial de formar todos os tecidos humanos • Elas podem ser re3radas de: – embriões excedentes descartados em clínicas de fer3lização – clonagem terapêu3ca Clonagem terapêu*ca • transferência de núcleos de uma célula para um óvulo sem núcleo. • aprimoramento das técnicas para culturas de tecidos realizadas há décadas • células capazes de produzir qualquer tecido • perspec*vas para futuros tratamentos • evita rejeição se o doador for a própria pessoa • doenças gené*cas -‐ não seria possível usar as células da própria pessoa -‐ todas têm o mesmo defeito gené*co Clonagem reprodu3va • A clonagem reprodu3va humana é condenada por todos os cien3stas• Transferência para um útero humano • Desenvolvimento • Cópia de um indivíduo Células-tronco adultas • Alguns tecidos de um organismo adulto se regeneram constantemente. Isso acontece com a pele, com as paredes intestinais e principalmente com o sangue, que têm suas células destruídas e renovadas o tempo inteiro, em um complexo e finamente regulado processo de proliferação e diferenciação celular. • É relativamente recente a constatação de que, além da pele, do intestino e da medula óssea, outros tecidos e órgãos humanos — fígado, pâncreas, músculos esqueléticos (associados ao sistema locomotor), tecido adiposo e sistema nervoso — têm um estoque de células-tronco e uma capacidade limitada de regeneração após lesões. Mais recente ainda é a idéia de que essas células-tronco ‘adultas’ são não apenas multipotentes (capazes de gerar os tipos celulares que compõem o tecido ou órgão específico onde estão situadas), mas também pluripotentes (podem gerar células de outros órgãos e tecidos). Células-‐tronco adultas • encontradas em vários tecidos – medula óssea, sangue, Tgado, polpa dentária, cordão umbilical e placenta. • não sabemos em que tecidos são capazes de se diferenciar • não serve para portadores de doenças gené3cas Células-tronco adultas • Um trabalho, publicado na revista Science (1999), com o título “Transformando cérebro em sangue” demonstrava em um experimento que células-tronco neurais de camundongos adultos podem restaurar as células hematopoiéticas em camundongos que tiveram a medula óssea destruída por irradiação. • Esse achado revolucionou os conceitos até então vigentes, pois demonstrou que uma célula tronco-adulta derivada de um tecido altamente diferenciado e com limitada capacidade de proliferação pode seguir um programa de diferenciação totalmente diverso se colocada em um ambiente adequado. Aplicações: • Células hematopoiéticas / Medula óssea; • Substitutos de pele e mucosas; • Implantes ortopédicos / Cartilagem e osso; • Substitutos de pâncreas e fígado; • Terapia celular de músculo cardíaco; • Regeneração do sistema nervoso; • Engenharia vascular e neovascularização; • Substitutos de córnea. Indicações • Doenças neurodegenera*vas • Mal de Hun*ngton • Mal de Alzheimer • Mal de Parkinson • Paralisia • Infarto • Re*nopa*a • Cirrose • Hepa*te • Diabetes • Queimaduras • Artrite • Osteoartrite • Transplantes • Hemoterapia Aplicações Doenças Cardiovasculares (enfarte no miocárdio) Ø Tratamento: células-tronco retiradas da medula óssea do paciente são implantadas no músculo cardíaco Ø Resultado: há uma regeneração do músculo e criação de novos vasos sangüíneos, aumentando a irrigação Ø Andamento: o Brasil é um dos países mais avançados no mundo na área. Em 2005 será feito um estudo com células- tronco para tratar de 1.200 cardíacos em várias instituições Lesões da Medula Espinhal Ø Tratamento: implante de células-tronco da medula óssea na medula espinhal Ø Resultado: melhora a passagem de impulso elétrico, sensibilidade e atividade motora Ø Andamento: de 30 pacientes tratados no Hospital das Clínicas (USP), três voltaram a andar Experimento com células-‐tronco re3radas da medula e injetadas no coração da própria pessoa -‐ melhora aparente em pessoas com insuficiência cardíaca . Essas células são capazes de formar tecido cardíaco ou só promover uma neo-‐ vascularização? Aplicações Esclerose Ø Tratamento: transplante de células-tronco do próprio paciente Ø Resultado: há uma diminuição dos sintomas da doença Ø Andamento: paciente com esclerose lateral amiotrófica tratado na USP de Ribeirão Preto melhorou sua coordenação motora Parkinson Ø Tratamento: são implantadas células-tronco em áreas específicas do encéfalo, estriado e substância negra, buscando a produção de dopamina Ø Resultado: melhora do déficit motor e cognitivo com a reposição dos neurônios lesados e destruídos Ø Andamento: um time internacional de cientistas inseriu nos cérebros de macacos genes para induzir a produção da proteína GDNF, que protege as células nervosas contra os efeitos degenerativos da doença Aplicações Leucemia e Outros Tipos de Câncer do Sistema Sangüíneo Ø Tratamento: são retiradas células-tronco do paciente durante tratamento de quimioterapia, para que sejam preservadas da radiação. Depois elas são reinjetadas Ø Resultado: como as células são do próprio paciente, não há risco de rejeição Ø Andamento: pesquisadores (norte-americanos e europeus) avaliaram pacientes que receberam células-tronco de cordão umbilical. A técnica é menos agressiva que a tradicional Diabetes Ø Tratamento: há uma diferenciação de células-tronco da medula óssea, in vitro, em ilhotas pancreáticas (órgãos que produzem a insulina) Ø Resultado: diminuição da necessidade de injeções de insulina Ø Andamento: o Instituto de Química da USP conduz pesquisas com camundongos para entender o papel dos genes na transformação das células- tronco em células beta (produtoras de insulina) Aplicações Figura 6: Em adultos Células-tronco adultas podem ser obtidas facilmente da medula-óssea, que dá origem às células do sistema sanguíneo Em embriões Com a fecundação do óvulo em laboratório, origina-se uma célula, que se divide sucessivamente, gerando outras. No quinto dia forma-se um embrião com duzentas células não especializadas (células-tronco) Especialização A aplicação de reagentes químicos às células-tronco faz com que elas se transformem em células de tecidos específicos quando se desenvolvem Coleta Embriões congelados nesse estágio e não aproveitados em clínicas de reprodução assistida são coletados Implantação Por meio da corrente sanguínea podem ser implantadas novas células no paciente. Pode-se também injetar as células diretamente no órgão danificado para que se diferenciem no organismo Terapia com células-‐tronco • Redução de 300.000 mortes por cardiopa3a – Soc Bras Cardio • UFRJ-‐ estudos com animais – Antônio Carlos Campos de Carvalho • RJ -‐ Hospital Pró-‐cardíaco-‐estudos com voluntários – Hans Dohman • Doença de Chagas – Fiocruz (BA) – julho 2003 – Ricardo Ribeiro Santos • IOT – USP –lesão medular – Érika Kalil • HC – Ribeirão Preto – esclerose múl3pla, LES, diabetes 3po I Custos da terapia com células-‐tronco • Transplante de coração – R$ 40.000-‐50.000,00 – R$ 500,00/mês para drogas an3-‐rejeição • Células-‐tronco – R$ 10.000,00 Permanecem questões a serem respondidas: • Como as células-tronco permanecem indiferenciadas e auto-renováveis enquanto todas a células ao redor das mesmas se diferenciaram? • Quis os fatores que normalmente regulam a proliferação e a auto-renovação das células-tronco em organismos vivos? • Quantos tipos de células-tronco existem e em quais tecidos elas subsistem? • As células-tronco adultas normalmente apresentam plasticidade ou apenas transdiferenciam quando manipuladas experimentalmente? Quais os sinais que regulam a proliferação e diferenciação de células-tronco que se demonstram plásticas? • É possível manipular células–tronco adultas para estimular a proliferação de forma que se possa produzir tecido suficiente para transplantes? • Quais os fatoresque estimulam células-tronco a se realocarem nos sítios de lesão? O debate: 1. Pode-se intencionalmente destruir um embrião humano? 2. Podemos nos beneficiar da destruição de outros embriões? 3. Pode-se criar um embrião para destruí-lo? 4. Pode-se clonar embriões humanos? Quem vale mais? X Qual o status moral do embrião humano?? • Defesa da personalidade humana embrionária e fetal: • Pais humanos podem apenas produzir prole humana. Assim sendo, os não-nascidos são membros da comunidade humana. • As diferenças funcionais entre o feto e o recém-nascido são moralmente irrelevantes. • Os não-nascidos são pessoas humanas porque possuem natureza humana, não porque desempenhem determinadas funções • A Fertilização não é um evento, mas um processo com distintos sub- processos que podem levar segundos, minutos, horas ou até mesmo semanas se se leva em conta a individuação.” • Quando o processo de uma nova vida começa, este continua-se por estágios biológicos até que o final da morte chegue ao seu termo. O começo da vida está no início do início do processo, não no final do início. • “ Estágios muito precoces do processo são apenas humanos em potencial”. • Uma vez que o processo tenha começado, este embrião não pode desenvolver-se em uma ovelha ou um cachorro; ele é inerente e imutavelmente humano. • O zigoto (ou blastocisto, ou embrião, ou feto) não é um humano em potencial, é uma vida humana em um estágio específico do desenvolvimento. • “ … estas células são ainda totipotente, não são ainda verdadeiros indivíduos humanos.” Fim
Compartilhar