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METODOLOGIA E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO HISTÓRIA E MÉTODOS - PARTE I Maria Patrícia F. de Almeida Sabadini UM POUCO DE HISTÓRIA - No Brasil Colônia – A Companhia de Jesus – fundada por Inácio de Loyola, utilizava a leitura e escrita, como a matemática, a filosofia e a teoria para evangelizar e moralizar nativos e gentios. A alfabetização era um processo útil aos interesses políticos e religiosos. Mas até quando os Jesuítas foram úteis à Coroa Portuguesa? ALFABETIZAÇÃO NA COLÔNIA Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas e confiscou os bens da Companhia de Jesus. Na falta de alfabetizadores para continuar a educação, foram contratados sargentos das milícias militares como professores nos colégios. O ensino no Brasil passou a apresentar um caráter autoritário e militarizado. O Método consistia em : decorar o alfabeto e na aprendizagem forçada por castigos físicos cruéis. O acesso ao ensino era elitizado. E COM CHEGADA DA FAMÍLIA REAL, COMO FICOU A ALFABETIZAÇÃO NO IMPÉRIO? Muitos livros foram impressos, entretanto, a imensa maioria da população brasileira continuou analfabeta, a educação pública era um privilégio oferecido pelo Estado, não um direito dos súditos do Imperador. Apenas a elite tinha acesso Houve a predominância do método Lancaster (educador inglês Joseph Lancaster) – cujos alunos auxiliavam o professor e os mais adiantados ajudavam os amigos com dificuldades. E NA REPÚBLICA, HOUVE A CONCRETIZAÇÃO DE UMA UTOPIA? O Estado passou a oferecer ensino público e gratuito para todos os cidadãos, garantido desde a promulgação da Constituição de 1891, onde todos passaram a ser considerados iguais perante a lei. O discurso e a lei falam de democratização da educação, mas o que se observa é descaso e até mesmo lacunas quanto à alfabetização do povo, ao longo da história. A grande parte da grande da população brasileira teve acesso ao mundo letrado? 75% da população era analfabeta MAS O QUE É ALFABETIZAÇÃO? Alfabetização é o processo pelo qual as pessoas aprendem a ler e a escrever. Entretanto, esse aprendizado vai muito além de transcrever a linguagem oral para a linguagem escrita. Alfabetizar-se é muito mais do que reconhecer as letras e saber decifrar palavras. Aprender a ler e a escrever é apropriar-se do código lingüístico-gráfico e tornar-se, de fato, um usuário da leitura e da escrita. (CAGLIARI, 1989). O segredo da alfabetização é a leitura Aprender a ler é aprender a decifrar a escrita e produzir significados nesta Interação. Qual seria o melhor método para alfabetizar? • Caminho para se chegar a um fim; • Modo ordenado de fazer as coisas; • Conjunto de procedimentos técnicos e científicos. O QUE É MÉTODO? MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO Um conjunto de princípios teórico-procedimentais que organizam o trabalho pedagógico em torno da alfabetização. Um conjunto de saberes práticos ou de princípios organizadores do processo de alfabetização, (re)criados pelo professor em seu trabalho pedagógico. TEORIA CONDUTISTA / EMPIRISTA X PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA X PERSPECTIVA SÓCIO-INTERACIONISTA Teoria condutista/empirista • A melhor idade para se começar a instrução da leitura e da escrita seria aos 6/7 anos. (não se poderia alfabetizar antes) • Seria necessário preparar a criança para a aprendizagem, exercitando-a em pré-requisitos – prontidão. • A aprendizagem era vista como um sub-produto ou um resultado do método instrucional. SINTÉTICOS Método Alfabético (Soletração) Método Fônico Método Silábico ANALÍTICOS Palavração Sentenciação Global de Contos/Textos Métodos de Alfabetização – Perspectiva Condutista MÉTODOS SINTÉTICOS • Partem de elementos menores que a palavra. • Insistem na correspondência entre o oral e o escrito. Entre o som e a grafia. • Estabelecem correspondência a partir dos elementos mínimos, num processo que consiste ir das partes para o todo. • 1º Passo: a leitura mecânica (decodificação do texto) • Estratégia perceptiva utilizada: Audição Exemplos: •Juntando as letras: Soletração – Carta do ABC •Ba-be-bi-bo-bu: Silabação – Cartilha da Infância •Métodos Fônicos: A Abelhinha; A Casinha Feliz JUNTANDO AS LETRAS (SOLETRAÇÃO) • 1º Passo: Memorização do nome das letras; • 2º Passo: Representação gráfica; • 3º Passo: Representação famílias silábicas (b+a=ba; b+e=be, b+i=bi) • 4º Passo: Monossílabos, dissílabos, trissílabos e sílabas não canônicas. • 5º Passo: Textos segmentados (a ca sa a ma re la na flo res ta) BA-BE-BI-BO-BU (SILABAÇÃO) • 1º passo: Apresenta-se as vogais, com ajuda de ilustrações e palavras como “o” de OVO; “e” de ELEFANTE; • 2º passo: Apresentam-se as sílabas simples, utilizando palavras e ilustrações e destacando a sílaba na palavra: “ma” de macaco, “na” de navio, “pa” de panela; • 3º passo: Famílias silábicas da sílaba em destaque na palavra; • 4º passo: Formação de palavras; • 5º passo: Formação de frases; • 6º passo: Formação de pequenos textos. MÉTODO FÔNICO • 1º passo: Vogais: nome e som das letras são iguais; • 2º passo: palavras formadas apenas por vogais; • 3º passo: apresentação os fonemas regulares (d, b, f, j,m,n...) de forma isolada e, processualmente, os irregulares; • 4º passo: junção dos fonemas regulares e, processualmente os irregulares, com as vogais, formando sílabas; • 5º passo: formação de palavras; • 6º passo: formação de frases; • 7º passo: formação de textos. MÉTODOS SINTÉTICOS (alfabético, silábico, fônico) PROPOSTA ENFOQUE VANTAGENS LIMITAÇÕES Progressão de unidades menores (letra, fonema, sílaba) a unidades mais complexas (palavra, frase, texto). Processos de decodificação, análise fonológica, relações entre fonemas (sons) e grafemas (letras) Possibilita a análise das relações entre fonemas (sons ou unidades sonoras) e grafemas (letras ou grupo de letras) Promove o desenvolvimento da consciência fonológica e os processos de codificação e decodificação. Desconsidera os usos e funções sociais da escrita. Em algum momento, o aprendiz tem que se desvincular da fala para codificar (escrever) e decodificar (ler) palavras, frases e textos, já que em alguns casos a escrita não representa os sons da fala. MÉTODOS ANALÍTICOS (ou GLOBAIS) INTRODUÇÃO Influência do movimento educacional “Escola Nova” – final do século XIX; Crença de que a criança tem uma visão sincrética (ou globalizada) da realidade (...) tende a perceber o todo, o conjunto, antes de captar os detalhes. Ler com textos naturais e frases ligadas ao contexto da criança – palavras significativas Partem de unidades maiores (textos, frases, palavras) para unidades menores; A leitura é um ato global e ideovisual; Reconhecimento global das palavras e das frases; Estratégia perceptiva: visual. GLOBAL /TEXTOS/CONTOS 1º passo: Apresentação de partes do texto com sentido completo, em cartazes; 2º passo: Memorização - leitura e escrita do texto; 3º passo: Decomposição do texto estudado em frases, (iniciando-se o estudo do 2º cartaz); 4º passo: Decomposição das frases em palavras; 5º passo: Decomposição das palavras em sílabas; 6º passo: Formação de novas palavras com as sílabas estudadas; 7º passo: Estudo e análise de grafemas/fonemas. SENTENCIAÇÃO 1º passo: Apresentação de frases que fazem parte do universo infantil; 2º passo: Memorização (leitura e escrita da frase); 3ºpasso: Observação de palavras semelhantes dentro da sentença; 4º passo: Formação de grupo de palavras; 5º passo: Isolamento de elementos conhecidos dentro da palavra (sílaba); 6º passo: Estudo e análise de grafemas/fonemas. PALAVRAÇÃO 1º passo: Apresentação de palavras ilustradas que fazem parte do universo infantil; 2º passo: Memorização (leitura e escrita da palavra); 3º passo: divisão silábica das palavras; 4º passo: formação de novas palavras com as sílabas estudadas; 5º passo: estudo e análise de grafemas/fonemas; 6º passo: formação de frases; 7º passo: formação de textos. MÉTODOS ANALÍTICOS (palavração, sentenciação, global contos/textos) PROPOSTA ENFOQUE VANTAGENS LIMITAÇÕES Progressão de unidades de sentido mais amplas (palavra, frase, texto) a unidades menores (sílabas). Compreensão de sentidos e aprendizagem ideovisual (reconheci- mento global pela silhueta da palavra, frase ou texto). Reconhecimento global e mais rápido das palavras, possibilitando a leitura de unidades com sentido desde o início da escolarização. Se não houver uma correta orientação do professor: Pode dificultar a leitura com sentido quando o texto apre- sentar palavras completamente novas. Se não houver uma orientação correta para a decodificação, corre-se o risco do aluno utilizar do recurso da memorização sem observar que as palavras são compostas de unidades menores. ENFOQUE PENSANDO NAS CARTILHAS: Como era o ensino da leitura? De acordo com o método, teríamos: 1. a apresentação das letras e seus nomes, de acordo com certa ordem crescente de dificuldade. 2. a reunião de letras em sílabas; 3. o conhecimento das famílias silábicas 4. a leitura de palavras formadas com essas sílabas e letras; 5. o ensino de frases isoladas ou agrupadas. De modo geral, como era o ensino da escrita? Caligrafia e seu ensino; cópia; ditados e formação de frases, enfatizando-se a ortografia e o desenho correto das letras. Processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de usá-lo para ler e escrever, ou seja, o domínio da tecnologia da escrita. Isso inclui: o domínio do sistema de escrita tanto no nível alfabético quanto no ortográfico; a aquisição de habilidades motoras e a habilidade de manipulação adequada dos suportes em que se escreve e nos quais se lê. E A NOSSA CONCEPÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO É necessário elaborar propostas de alfabetização que valorizem a criança e seu trabalho. NO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA Ler e escrever: Relação cooperativa entre emissor e receptor. Transmissão de intenções e conteúdos. Escrever envolve: meta; planejamento Fatores que determinam a forma de leitura: Maturidade do leitor Complexidade textual Estilo individual de leitura Gênero do texto LINGUAGEM COMO SIGNO CULTURAL Há diversas formas de linguagem expostas em diferentes gêneros textuais que circulam na sociedade e o aluno precisa lê-las. A língua, como um produto social da faculdade da linguagem, deve auxiliar o aluno a circular em sociedade. Veja a reportagem: : http://www.youtube.com/watch?v=TFTJyqukCoQ http://www.youtube.com/watch?v=TFTJyqukCoQ PARA NÓS O QUE SIGNIFICAM A LEITURA E A ESCRITA Ler e escrever são produtos de um processo CULTURAL E DISCURSIVO TEXTO ‘Texto’vemdolatimtecererepresenta uma unidade significativa. http://www.youtube.com/watch?v=_ihYJ2VfOMY&feature=related REGRAS PARA A DECIFRAÇÃO DA ESCRITA: O QUE SE PENSA ATUALMENTE 1. Conhecer a língua em que foram escritas as palavras. 2. Conhecer o sistema de escrita: distinguir um desenho de uma manifestação escrita. 3.Conhecer o alfabeto, as letras, reconhecer a relação funcional das letras: relação significante x significado. 4. Conhecer o princípio acrofônico. O nome das letras indica o som mais característico que ela representa no sistema de escrita. AULA 2 5. Conhecer a relação entre as letras e os sons (princípio de leitura) e entre sons e letras (princípios de escrita). 6. Conhecer a ordem das letras na escrita e a linearidade da fala na escrita. 7. Há itens na escrita que não são letras: pontuação, acentos – desconhecê-los atrapalha o processo de decifração. Fonte: Cagliari (2009:122-131)
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