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112 Unidade IV Unidade IV 7 GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS O objetivo da prática de gerenciamento de mudanças organizacionais é garantir que as mudanças em uma organização sejam implementadas de maneira suave e bem-sucedida e que benefícios duradouros sejam alcançados através do gerenciamento dos aspectos humanos das mudanças (AXELOS, 2019, p. 122). As melhorias invariavelmente exigem que as pessoas mudem a maneira como trabalham, seu comportamento e, às vezes, seu papel. Independentemente de a mudança ser uma prática, de a estrutura da organização ser relacionada à tecnologia ou da introdução de um serviço novo ou alterado, as pessoas são essenciais para o sucesso da mudança. A prática de gerenciamento de mudanças organizacionais visa garantir que todos os afetados pela mudança a aceitem e apoiem. Isso é obtido removendo ou reduzindo a resistência à mudança, eliminando ou enfrentando impactos adversos e fornecendo treinamento, conscientização e outros meios para garantir uma transição bem-sucedida para o estado alterado. O gerenciamento de mudanças organizacionais contribui para todas as partes do SVS, onde quer que sejam necessários cooperação, participação e entusiasmo das pessoas envolvidas. Para que uma iniciativa de melhoria seja bem-sucedida, não importa qual seja o nível ou o escopo da mudança, existem certos elementos essenciais para abordar o fator humano. O gerenciamento de mudanças organizacionais deve garantir que o seguinte seja estabelecido e mantido ao longo da mudança: • Objetivos claros e relevantes: para obter apoio, os objetivos da mudança devem ser claros e fazer sentido para as partes interessadas, com base no contexto da organização. A mudança deve ser vista como sendo de valor real. • Liderança forte e comprometida: é fundamental que a mudança tenha o apoio ativo de patrocinadores e líderes diários dentro da organização. Um patrocinador é um gerente ou líder de negócios que advogará e poderá autorizar a mudança. Os líderes devem apoiar visivelmente e comunicar consistentemente seu compromisso com a mudança. • Participantes dispostos: para ter sucesso, uma mudança precisa ser feita por participantes dispostos. Em parte, essa vontade virá dos participantes convencidos da importância da mudança. Além disso, quanto mais preparados os participantes sentirem que devem fazer as alterações solicitadas por meio de treinamento relevante, conscientização e comunicação regular, mais dispostos estarão para seguir em frente. 113 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI • Melhoria sustentada: muitas mudanças fracassam porque, após algum tempo, as pessoas voltam às antigas formas de trabalhar. O gerenciamento de mudanças organizacionais busca reforçar continuamente o valor da mudança por meio de comunicação regular, abordando quaisquer impactos e consequências da mudança e o apoio de patrocinadores e líderes. A comunicação do valor será mais forte quando as métricas forem usadas para validar a mensagem. 7.1 Atividades de gerenciamento de mudanças organizacionais As principais atividades do gerenciamento eficaz de mudanças organizacionais estão descritas no quadro a seguir. Quadro 8 – Atividades de gerenciamento de mudanças organizacionais Atividade Ajuda a entregar Criação de um senso de urgência Objetivos claros e relevantes, participantes dispostos Gerenciamento de partes interessadas Participantes fortes e comprometidos Gestão de patrocinadores Liderança forte e comprometida Comunicação Participantes dispostos e preparados Fortalecimento Participantes preparados Gerenciamento de resistência Participantes dispostos Reforço Melhoria sustentada Adaptado de: Axelos (2019, p. 123). As atividades de gerenciamento de mudanças organizacionais interagem com as de muitas outras práticas, particularmente a melhoria contínua e o gerenciamento de projetos. Outras práticas com links importantes para o gerenciamento de mudanças organizacionais incluem medição e geração de relatórios, gerenciamento de força de trabalho e talentos e gerenciamento de relacionamentos. Os vários públicos afetados pela mudança devem ser identificados e suas características definidas. Nem todas as pessoas responderão às mesmas mensagens ou serão motivadas pelos mesmos drivers. É particularmente importante no gerenciamento de mudanças organizacionais levar em consideração as diferenças culturais, sejam elas baseadas em geografia, nacionalidade, história corporativa ou outros fatores. Diferentemente de outras práticas, a responsabilidade pelo gerenciamento de mudanças organizacionais não pode ser transferida para um fornecedor externo. Alguém dentro da própria organização deve ser responsável pelo gerenciamento de mudanças organizacionais, mesmo que a execução de algumas ou a maioria das atividades de gerenciamento de mudanças organizacionais seja delegada a outras pessoas ou grupos, incluindo fornecedores. No entanto, pode-se buscar conhecimento externo para complementar os recursos de gerenciamento de mudanças organizacionais de uma organização. Às vezes, as organizações lutam com as principais habilidades necessárias para o gerenciamento de 114 Unidade IV mudanças organizacionais e podem se beneficiar do suporte e orientação de um fornecedor externo. Mesmo se a ajuda externa for usada, o suporte geral à liderança ainda deve vir da própria organização. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento de mudanças organizacionais para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 21 – Mapa de intensidade da contribuição do gerenciamento de mudanças organizacionais para as atividades da cadeia de valor • Plano: as decisões relacionadas a mudanças no nível do portfólio fazem com que o início do gerenciamento de mudanças organizacionais apoie uma iniciativa aprovada. • Melhoria: sem o gerenciamento adequado das mudanças organizacionais, a melhoria não pode ser sustentada. • Empenho: a prática de gerenciamento de mudanças organizacionais se envolve ativamente com as partes interessadas em todos os estágios de uma mudança. • Design e transição: o gerenciamento de mudanças organizacionais é essencial para a implantação de um novo serviço ou uma mudança significativa para um já existente. • Obter e construir: o gerenciamento de mudanças organizacionais garante engajamento e cooperação dentro e entre projetos. 115 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI • Entrega e apoio: o gerenciamento de mudanças organizacionais continua durante as operações e o suporte ao vivo para garantir que a mudança tenha sido adotada e sustentada. 7.2 Gerenciamento de portfólio O objetivo da prática de gerenciamento de portfólio é garantir que a organização tenha a combinação certa de programas, projetos, produtos e serviços para executar a estratégia da organização dentro de suas restrições de financiamento e recursos (AXELOS, 2019, p. 127). O gerenciamento de portfólio é uma coleção coordenada de decisões estratégicas que, juntas, permitem o equilíbrio mais eficaz entre mudança organizacional e negócios, como de costume. O gerenciamento de portfólio consegue isso através das seguintes atividades: • Desenvolver e aplicar uma estrutura sistemática para definir e entregar um portfólio de produtos, serviços, programas e projetos em apoio a estratégias e objetivos específicos. • Avaliar e priorizar propostas de produtos, serviços ou projetos de entrada e outras iniciativas de mudança, com base em restrições de recursos, compromissos existentes e na estratégia e objetivos da organização. • Implementar um processo estratégico de avaliação e tomada de decisões de investimentos, com base no entendimento do valor, custos, riscos, restrições de recursos, interdependências e impacto nas atividades comerciais existentes. • Analisar e rastrearinvestimentos com base no valor de produtos, serviços, programas e projetos para a organização e seus clientes. • Monitorar o desempenho do portfólio geral e propor ajustes em resposta a quaisquer mudanças nas prioridades organizacionais. • Analisar as carteiras em termos de progresso, resultados, custos, riscos, benefícios e contribuição estratégica. O gerenciamento de portfólio desempenha um papel importante na maneira como os recursos são alocados, implantados e gerenciados em toda a organização. Isso facilita o alinhamento de recursos e capacidades com os resultados do cliente como parte da execução da estratégia no ITIL SVS. O gerenciamento de portfólio abrange vários tipos diferentes, incluindo o que segue: • Portfólio de produtos/serviços: o portfólio de produtos/serviços é o conjunto completo de produtos e/ou serviços gerenciados pela organização e representa seus compromissos e investimentos em todos os seus clientes e espaços de mercado. Também representa compromissos contratuais atuais, desenvolvimento de novos produtos e serviços e planos de melhoria contínua 116 Unidade IV iniciados como resultado dessa melhoria. O portfólio também pode incluir produtos e serviços de terceiros, que são parte integrante das ofertas para clientes internos e externos. • Portfólio de projetos: o portfólio de projetos é usado para gerenciar e coordenar projetos que foram autorizados, garantindo que os objetivos sejam atingidos dentro das restrições de tempo e custo e conforme a especificação. O portfólio de projetos também garante que eles não sejam duplicados, que fiquem dentro do escopo acordado e que os recursos estejam disponíveis para cada projeto. É a ferramenta usada para gerenciar projetos únicos, bem como programas em larga escala que consistem em vários projetos. • Carteira de clientes: o portfólio de clientes é mantido pela prática de gerenciamento de relacionamento da organização, que fornece informações importantes para a prática desse tipo de gerenciamento. O portfólio de clientes é usado para registrar todos os clientes da organização e é a visão do gerente de relacionamento dos clientes internos e externos que recebem produtos e/ou serviços da organização. O gerenciamento de portfólio usa o de clientes para garantir que o relacionamento entre estes e os resultados de negócios e serviços sejam bem compreendidos. São documentados esses vínculos e validados com os clientes por meio da prática de gerenciamento de relacionamento. O sucesso de programas e projetos tem sido historicamente medido pela extensão em que a implementação foi concluída dentro do prazo e do orçamento, e produziu os resultados e benefícios necessários. Em muitos casos, no entanto, as organizações têm se esforçado para demonstrar um retorno do investimento devido às mudanças, e há um reconhecimento crescente de que o verdadeiro sucesso só será possível se o programa ou projeto for a iniciativa “certa” a ser implementada em primeiro lugar. O gerenciamento ágil de portfólio leva isso adiante, com um foco maior na visualização de temas estratégicos e a capacidade de priorizar rapidamente o portfólio, aumentar o fluxo de trabalho, reduzir o tamanho dos lotes de trabalho e controlar a duração das filas de desenvolvimento de longo prazo. O gerenciamento tradicional de portfólio é focado no planejamento descendente, com o trabalho realizado por períodos mais longos, mas o gerenciamento ágil de portfólio adota o conceito de ciclos de construção, medida e aprendizado usados por equipes individuais do Agile e o aplica em toda a organização. As equipes trabalham juntas, usam design modular e compartilham descobertas. Isso resulta em uma tremenda flexibilidade, que muda o foco de continuar executando um plano inflexível para agregar valor e fazer progressos tangíveis de acordo com a estratégia e os objetivos da empresa. As organizações que praticam o gerenciamento de portfólio Agile se comunicam o máximo possível em toda a empresa. Eles compartilham conhecimento e quebram barreiras entre silos organizacionais. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento de portfólio para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: 117 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 22 – Mapa de intensidade da contribuição do gerenciamento de portfólio para as atividades da cadeia de valor • Plano: o gerenciamento de portfólio fornece informações importantes sobre o status de projetos, produtos e serviços atualmente no pipeline ou catálogo e quais objetivos estratégicos eles foram projetados para atender, o que é essencial para o planejamento. O gerenciamento de portfólio também inclui a revisão das carteiras em termos de progresso, criação de valor, custos, risco, benefícios e contribuição estratégica. • Melhoria: o gerenciamento de portfólio identifica oportunidades para melhorar a eficiência e aumentar a colaboração, eliminar a duplicação entre projetos e identificar e mitigar riscos. As iniciativas de melhoria são priorizadas e, se aprovadas, podem ser adicionadas ao portfólio relevante. • Empenho: quando oportunidades ou demanda são identificadas pela organização, as decisões sobre como priorizá-las são tomadas com base na estratégia da organização, mais a avaliação de riscos e a disponibilidade de recursos. Projetar e fazer a transição, obter/construir e fornecer e suportar o gerenciamento de portfólio é o que garante que produtos e serviços sejam claramente definidos e vinculados à obtenção dos resultados dos negócios, para que essas atividades da cadeia de valor estejam alinhadas com o valor. 118 Unidade IV Lembrete Importante lembrar que o gerenciamento de portfólio desempenha um papel importante na maneira como os recursos são alocados, implantados e gerenciados em toda a organização. 7.3 Gerenciamento de portfólio ágil O objetivo da prática de gerenciamento de projetos é garantir que todos os projetos da organização sejam entregues com sucesso. Isso é alcançado planejando, delegando, monitorando e mantendo o controle de todos os aspectos de um projeto e mantendo a motivação das pessoas envolvidas (AXELOS, 2019, p. 122). Os projetos são um dos meios pelos quais mudanças significativas são introduzidas em uma organização e podem ser definidas como estruturas temporárias criadas com o objetivo de fornecer uma ou mais saídas (ou produtos) de acordo com um caso de negócios acordado. Eles podem ser uma iniciativa independente ou parte de um programa maior, juntamente a outros projetos inter-relacionados, para peças de transformação mais complexas. No entanto, até projetos independentes devem ser considerados no contexto do portfólio de projetos da organização. Existem diferentes abordagens para a maneira como os projetos são entregues, sendo os métodos cascata e Agile os mais comuns: • O método em cascata funciona bem em ambientes cujos requisitos são conhecidos antecipadamente (e é improvável que sejam alterados significativamente) e a definição do trabalho é mais importante que a velocidade de entrega. • O método Agile funciona melhor onde os requisitos são incertos e, provavelmente, evoluem rapidamente ao longo do tempo (por exemplo, mudam conforme as necessidades e prioridades dos negócios), e onde a velocidade de entrega é frequentemente priorizada em detrimento da definição de requisitos precisos. O gerenciamento bem-sucedido de projetos é importante, pois a organização deve equilibrar sua necessidade de: • manter as operações comerciais atuais de maneira eficaz e eficiente; • transformar essas operações de negócios para mudar, sobreviver e competir no mercado; • melhorar continuamente seus produtos e serviços. 119 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI Esse equilíbrio entre projetos e negócios como de costume pode potencialmenteafetar várias áreas, incluindo recursos (pessoas, ativos, finanças), níveis de serviço, relacionamento com clientes e produtividade, e, portanto, a capacidade e a capacidade da organização devem ser consideradas como parte do processo sua abordagem de gerenciamento de projetos. Os projetos dependem do comportamento das pessoas, tanto na equipe do projeto quanto na organização em geral. O melhor plano de projeto é muito pouco se as pessoas certas não estiverem envolvidas no momento certo. O relacionamento entre o projeto e a organização também precisa ser considerado, pois muitos membros da equipe do projeto serão destacados das operações de negócios em período integral ou parcial. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento de projetos para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 23 – Mapa de intensidade da contribuição do gerenciamento de projetos para as atividades da cadeia de valor • Plano: o gerenciamento de projetos suporta o planejamento estratégico e tático com métodos e ferramentas. • Melhoria: muitas iniciativas de melhoria são grandes e complexas; portanto o gerenciamento de projetos é a prática relevante para gerenciá-las. 120 Unidade IV • Empenho: o engajamento das partes interessadas é um elemento-chave na entrega bem-sucedida de qualquer projeto. O gerenciamento de projetos fornece à organização ferramentas e técnicas de partes interessadas. • Design e transição: o design de uma prática ou serviço pode ser gerenciado como um projeto ou uma interação em um projeto maior; o mesmo se aplica a algumas transições. • Obter e construir: a obtenção de novos recursos, bem como o desenvolvimento e a integração, geralmente é executada como um projeto. Várias técnicas de gerenciamento de projetos são aplicáveis a essa atividade. • Entrega e apoio: o projeto, a transição e a entrega a consumidores de serviços internos ou externos para gerenciamento operacional precisam ser bem planejados e executados para garantir que os negócios como de costume não sejam comprometidos. A prática de gerenciamento de projetos garante que isso aconteça. 7.4 Gerenciamento de relacionamento O objetivo da prática de gerenciamento de relacionamento é estabelecer e nutrir os vínculos entre a organização e seus stakeholders nos níveis estratégico e tático. Inclui a identificação, análise, monitoramento e melhoria contínua dos relacionamentos com e entre as partes interessadas (AXELOS, 2019, p. 130). A prática de gerenciamento de relacionamento garante que: • As necessidades e os direcionadores das partes interessadas são compreendidos, e produtos e serviços são priorizados adequadamente. • A satisfação das partes interessadas é alta e um relacionamento construtivo entre estas e a organização é estabelecido e mantido. • As prioridades dos clientes para produtos e serviços novos ou alterados, alinhadas com os resultados comerciais desejados, são efetivamente estabelecidas e articuladas. • As reclamações e encaminhamentos de qualquer parte interessada são bem tratados através de um processo compreensivo (ainda que formal). • Produtos e serviços facilitam a criação de valor para os consumidores de serviços e para a organização. • Requisitos conflitantes das partes interessadas são mediados adequadamente. Os prestadores de serviços naturalmente concentram a maioria de seus esforços em seus relacionamentos com consumidores de serviços (patrocinadores, clientes e usuários). É um grupo de 121 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI partes interessadas muito importante; no entanto, as organizações devem garantir que entendam e gerenciem seus relacionamentos com várias partes interessadas, internas e externas. A prática de gerenciamento de relacionamento deve ser aplicada a todas as partes relevantes. Isso significa que a prática contribui para todas as atividades da cadeia de valor de serviço e vários fluxos de valor. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento de relacionamentos para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas: Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 24 – Mapa de intensidade da contribuição do gerenciamento de projetos para as atividades da cadeia de valor • Plano: o gerenciamento de relacionamento fornece informações sobre os requisitos e expectativas dos clientes internos e externos. Também auxilia na avaliação estratégica e na priorização de portfólios, além de avaliar os espaços de mercado atuais e futuros, que são aspectos essenciais do planejamento. • Melhoria: o gerenciamento de relacionamento busca harmonizar e sinergizar diferentes relacionamentos organizacionais com clientes internos e externos para obter benefícios direcionados por meio da melhoria contínua. • Empenho: o gerenciamento de relacionamento é a prática responsável por interagir com clientes internos e externos para entender seus requisitos e prioridades. • Design e transição: o gerenciamento de relacionamento desempenha um papel fundamental na coordenação do feedback de clientes internos e externos como parte do design. Também 122 Unidade IV garante que os inconvenientes e os impactos adversos para os clientes durante a transição sejam evitados ou minimizados. • Obter e construir: o gerenciamento de relacionamento fornece os requisitos e prioridades do cliente para ajudar a selecionar produtos, serviços ou componentes de serviço a serem obtidos ou construídos. • Entrega e apoio: o gerenciamento de relacionamento é responsável por garantir que um alto nível de satisfação do cliente e um relacionamento construtivo entre a organização e seus clientes sejam estabelecidos e mantidos. 7.5 Gerenciamento de riscos O objetivo da prática de gerenciamento de riscos é garantir que a organização entenda e lide efetivamente com os riscos. O gerenciamento de riscos é essencial para garantir a sustentabilidade contínua de uma organização e criar valor para seus clientes. O gerenciamento de riscos é parte integrante de todas as atividades organizacionais e, portanto, central para o SVS da organização (AXELOS, 2019, p. 132). Normalmente, o risco é percebido como algo a ser evitado devido à sua associação com ameaças e, embora isso geralmente seja verdade, o risco também está associado à oportunidade. Não aproveitar as oportunidades pode ser um risco em si. Os custos de oportunidade dos espaços de mercado mal atendidos e a demanda não atendida são um risco a ser evitado. O portfólio da organização pode ser mapeado para um portfólio subjacente de riscos a serem gerenciados. Quando o gerenciamento de serviços é eficaz, os produtos e serviços no catálogo e pipeline de serviços representam oportunidades para criar e capturar valor para os clientes, a organização e outras partes interessadas. Caso contrário, esses produtos e serviços podem representar ameaças devido à possibilidade de falha associada aos padrões de demanda que atraem, aos compromissos que exigem e aos custos que geram. A implementação da estratégia geralmente requer alterações no portfólio de produtos e serviços, o que significa gerenciar riscos associados. As decisões sobre riscos precisam ser equilibradas para que os benefícios potenciais valham mais para a organização do que o custo para lidar com os riscos. Por exemplo, a inovação é inerentemente arriscada, mas poderia fornecer grandes benefícios na melhoria de produtos e serviços, obtendo vantagem competitiva e aumentando a agilidade e a resiliência. A capacidade da organização de limitar sua exposição ao risco também será relevante. O objetivo deve ser fazer uma avaliação precisa dos riscos em uma determinada situação e analisar os benefíciospotenciais. Os riscos e as oportunidades apresentados por curso de ação devem ser definidos para identificar respostas apropriadas. 123 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI Para que o gerenciamento de riscos seja eficaz, é necessário: • Identificar incertezas que afetariam a consecução dos objetivos no contexto de uma atividade organizacional específica. Essas incertezas devem ser consideradas e descritas para garantir que haja um entendimento comum. • Avaliar a probabilidade, o impacto e a proximidade dos riscos individuais. Eles devem ser estimados para que possam ser priorizados e compreendido o nível geral de risco (exposição) associado à atividade organizacional. • Planejar respostas apropriadas aos riscos, designando proprietários e funcionários e, em seguida, implementá-las, monitorá-las e controlá-las. Os seguintes princípios se aplicam especificamente à prática de gerenciamento de riscos: • O risco faz parte dos negócios. A organização deve garantir que eles sejam gerenciados adequadamente. Isso não significa que todos os riscos devem ser evitados. Pelo contrário, é necessário assumi-los para garantir a sustentabilidade a longo prazo. No entanto, os riscos precisam ser identificados, entendidos e avaliados em relação aos níveis que a organização está disposta a assumir (ou seja, o apetite ao risco), e adequadamente ser gerenciados e monitorados. • O gerenciamento de riscos deve ser consistente em toda a organização. É vital que essa prática seja gerenciada holisticamente para se obter consistência em toda a organização. Para garantir a eficácia, deve haver consulta contínua com as partes interessadas e flexibilidade adequada para diferentes partes da organização. Essa flexibilidade permitirá que procedimentos personalizados de gerenciamento de riscos sejam desenvolvidos para que as unidades organizacionais e/ou circunstâncias específicas do cliente sejam abordadas. A cultura e os comportamentos de gerenciamento de riscos são importantes. Se apropriados, demonstrados por todos os níveis do pessoal da organização, são críticos e devem ser incorporados como parte da “maneira como fazer as coisas”. Isso será demonstrado por comportamentos e crenças como: • Entender que o gerenciamento eficaz de riscos é vital para a sustentabilidade da organização e apoia a consecução dos objetivos de negócios. • Usar comportamentos proativos de gerenciamento de riscos. • Garantir transparência e clareza dos procedimentos, funções, responsabilidades e prestação de contas de gerenciamento de riscos. • Incentivar e acompanhar ativamente a comunicação de riscos, incidentes e oportunidades. • Garantir que as estruturas de remuneração apoiem os comportamentos desejados (ou seja, isso não deve desencorajar a notificação de incidentes nem incentivar a denúncia). 124 Unidade IV • Incentivar ativamente o aprendizado e o crescimento em maturidade a partir das experiências da organização e das experiências de outras organizações. Essas diretrizes fornecem uma perspectiva geral e do objetivo e dos princípios do gerenciamento de riscos. Eles são aplicáveis em todos os níveis em qualquer tipo de organização. A NBR 31010 (ABNT, 2018, p. 8) afirma que “o objetivo do gerenciamento de riscos é a criação e a proteção de valor” e este “melhora o desempenho, incentiva a inovação e apoia a consecução dos objetivos”. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento de riscos para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 25 – Mapa de intensidade da contribuição do gerenciamento de riscos para as atividades da cadeia de valor • Plano: o gerenciamento de riscos fornece informações essenciais para a estratégia e o planejamento da organização, com foco nos riscos que podem conduzir à variabilidade dos resultados. Estes incluem: —― mudanças na demanda e prioridades dos clientes; —― mudanças legais e regulatórias; —― concorrentes/competidores; —― dependências de fornecedores e parceiros; 125 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI —― mudanças tecnológicas; —― requisitos conflitantes das partes interessadas. • Melhoria: todas as iniciativas de melhoria devem ser avaliadas e continuamente controladas pelo gerenciamento de riscos. A prática estabelece uma perspectiva importante para priorizar, planejar e revisar melhorias. • Empenho: a prática de gerenciamento de riscos ajuda a identificar as principais partes interessadas e otimizar o engajamento com base em informações como apetite e perfis de risco. • Design e transição: produtos e serviços devem ser projetados para lidar com os riscos priorizados. Por exemplo, eles devem ser escaláveis para suportar mudanças na demanda ao longo do tempo. Para a organização, serviços novos ou alterados carregam níveis variados de risco que devem ser identificados e avaliados antes que a alteração seja aprovada. Se aprovado, os riscos devem ser gerenciados como parte da mudança, incluindo liberações, implantações e projetos. • Obter e construir: o gerenciamento de riscos deve informar as decisões sobre a obtenção ou construção de produtos, serviços ou componentes de serviço. • Entrega e apoio: o gerenciamento de riscos ajuda a garantir que a entrega contínua de produtos e serviços seja mantida no nível acordado e que todos os eventos sejam gerenciados de acordo com os riscos que eles introduzem. Lembrete Segundo a NBR 31010 (2018), o propósito do gerenciamento de riscos é a criação e a proteção de valor e este aprimora o desempenho, incentiva a inovação e apoia a consecução dos objetivos. 7.6 Gerenciamento financeiro de serviços O objetivo da prática de gerenciamento financeiro de serviços é apoiar as estratégias e os planos da organização para o gerenciamento de serviços, garantindo que os recursos e investimentos financeiros da organização estejam sendo utilizados de maneira eficaz (AXELOS, 2019, p. 135). O gerenciamento financeiro de serviços suporta a tomada de decisões pelo corpo diretivo e o gerenciamento da organização sobre onde alocar melhor os recursos financeiros. Ele fornece visibilidade das atividades de orçamento, custo e contabilidade relacionadas aos produtos e serviços. Para ser eficaz no contexto do SVS, essa prática precisa estar alinhada às políticas e práticas da organização para gerenciamento de portfólio, gerenciamento de projetos e gerenciamento de relacionamentos. 126 Unidade IV Finanças é a linguagem comum que permite que a organização se comunique efetivamente com seus stakeholders. O gerenciamento financeiro do serviço é responsável por gerenciar o orçamento, o custo, a contabilidade e a cobrança pelas atividades de uma organização, atuando como provedor e consumidor de serviços. • Orçamento/custeio. Essa é uma atividade focada em prever e controlar a receita e o gasto de dinheiro dentro da organização. O orçamento consiste em um ciclo periódico de negociação para definir orçamentos e monitoramento contínuo dos orçamentos atuais. Para atingir esse objetivo, ele se concentra na captura da demanda real e prevista de serviços. Ela traduz essa demanda em custos operacionais e de projeto previstos, usados para definir orçamentos e taxas para garantir financiamento adequado para produtos e serviços. O orçamento baseado em serviços procura entendê-lo e estabelecer modelos de financiamento com base no custo total de fornecimento ou consumo de um serviço. • Contabilidade. Essa atividade permite que a organização responda totalmente à maneira como seu dinheiro é gasto, permitindo comparar custos e despesas previstos versus reais (principalmente a capacidade de identificar o uso e os custos pelo cliente, serviço e atividade/centro de custo). Geralmente envolve sistemas de contabilidade, incluindo livros, planos de contas e diários. • Carregamento/cobrança. Essa atividadeé necessária para faturar formalmente os consumidores de serviços (geralmente externos) pelos serviços prestados a eles. É importante observar que, embora a cobrança seja uma prática opcional, todos os serviços exigem um modelo de financiamento, porque todos os custos precisam ser adequadamente financiados por um método acordado. Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 26 – Mapa de intensidade da contribuição da gestão financeira de serviços para as atividades da cadeia de valor 127 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI A figura mostra a contribuição do gerenciamento financeiro de serviços para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: • Plano: os planos em todos os níveis precisam de financiamento com base em informações, inclusive financeiras. O gerenciamento financeiro de serviço suporta o planejamento com orçamentos, relatórios, previsões e outras informações relevantes. • Melhoria: todas as melhorias devem ser priorizadas com o retorno do investimento em mente. O gerenciamento financeiro de serviços fornece ferramentas e informações para sua avaliação e priorização. • Empenho: considerações financeiras são importantes para estabelecer e manter relacionamentos de serviço com consumidores, fornecedores e parceiros de serviço. Para algumas partes interessadas (investidores, patrocinadores), o aspecto financeiro do relacionamento é o mais importante. A prática apoia essa atividade da cadeia de valor, fornecendo informações financeiras. • Design e transição: o gerenciamento financeiro de serviços ajuda a manter essa atividade econômica, fornecendo os meios para o planejamento e controle financeiro. Também garante a transparência dos custos de produtos e serviços para o provedor de serviços, contabilizando as despesas de projeto e transição. • Obter e construir: a obtenção de recursos de todos os tipos é apoiada pelo orçamento (para garantir financiamento suficiente) e pela contabilidade (para garantir transparência e avaliação). • Entrega e apoio: os custos operacionais contínuos são uma parte significativa dos gastos da organização. Para organizações comerciais, as atividades contínuas de prestação de serviços também são a fonte de renda. O gerenciamento financeiro de serviços ajuda a garantir a compreensão suficiente de ambos. O carregamento (se aplicável) suporta o provedor de serviços e o consumidor de serviços em seus relacionamentos com cobranças e relatórios. 7.6.1 Evolução da gestão financeira com novas tecnologias Gerenciamento financeiro refere-se ao gerenciamento eficiente e eficaz do dinheiro da maneira mais apropriada para atingir os objetivos financeiros da organização. Desde a sua criação, essa disciplina passou por vários graus de mudanças, aprimoramento e inovação. Um componente chave dessa mudança foi o surgimento de novas tecnologias. Muitos desenvolvimentos tecnológicos impactaram o gerenciamento financeiro, mas as três principais inovações são a introdução de um número maior de tecnologias digitais, blockchain e orçamentos e modelos de pagamento e TI. 128 Unidade IV Tecnologias digitais As principais instituições financeiras agora estão analisando e usando as mais recentes tecnologias, como nuvem, big data, análise e inteligência artificial (AI), para obter, ou apenas manter, vantagem competitiva no mercado. No entanto, as novas organizações financeiras também estão usando essas tecnologias e iniciando operações sem nenhum TI legado, dívida técnica ou processos burocráticos, o que significa que elas tendem a ser mais ágeis. Big data e análise estão sendo usadas pelas organizações financeiras para obter uma percepção mais profunda e a compreensão de seus clientes. A quantidade de dados capturados é fenomenal e requer poder de computação escalável para processar os dados de maneira eficiente e econômica. Em troca, esse entendimento mais profundo do cliente está fazendo com que as organizações financeiras desenvolvam produtos e serviços novos e inovadores. Os dados agora estão sendo referidos como o “novo petróleo”, à medida que as organizações estão se esforçando para capturá-las, analisá-las e explorá-las. Blockchain Outra evolução no gerenciamento financeiro está acontecendo através de uma inovação específica chamada blockchain, novamente ativada apenas através de serviços baseados em nuvem. Inicialmente, ele foi desenvolvido para permitir o gerenciamento descentralizado de criptomoedas, permitindo que as transações sejam auditadas e verificadas de forma automática e barata. As tecnologias blockchain são usadas para gerenciar registros digitais públicos. Esses livros digitais registram transações em muitos computadores distribuídos globalmente. A distribuição dos registros garante que cada um deles não possa ser modificado sem a alteração de todos os registros subsequentes (também conhecidos como blocos) e sem o consenso de toda a razão distribuída (também chamado rede). Instituições financeiras globais estão pesquisando como essa tecnologia blockchain pode lhes proporcionar vantagem competitiva, simplificando as funções de backoffice e reduzindo as taxas de liquidação de transações bancárias. Novas organizações financeiras estão investigando essa tecnologia para fornecer funções bancárias alternativas por uma fração do custo e das despesas gerais dos bancos tradicionais. Saiba mais Saiba mais sobre a história do blockchain em: GUPTA, V. A brief history of Blockchain. Harvard Business Review, fev. 2017. Disponível em: https://bit.ly/39IGGSL. Acesso em: 18 fev. 2020. 129 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI Orçamentos e modelos de pagamento de TI O surgimento de novas tecnologias não afetou apenas as organizações financeiras, mas também a maneira como todas elas gerenciam seus serviços de TI do ponto de vista financeiro. Grande parte da atual onda de evolução tecnológica foi possibilitada pela computação em nuvem, e isso parece provável que continue no futuro próximo. Isso levou a uma grande mudança na forma como os serviços de TI são obtidos, financiados e pagos pelas organizações. Tradicionalmente, os recursos de TI eram obtidos usando o investimento inicial em CAPital EXpenditure, que significa despesas de capitais ou investimentos em bens de capitais (Capex). No entanto, no modelo de nuvem, o fornecimento de infraestrutura, plataformas e software de TI é fornecido como um serviço. Esse modelo geralmente usa mecanismos de cobrança com base na assinatura ou no pagamento conforme o uso, pagos pelas despesas operacionais, OPerational EXpenditure (Opex). Observação Esse modelo geralmente usa mecanismos de cobrança com base na assinatura ou no pagamento conforme o uso, pagos pelas despesas operacionais, OPerational EXpenditure (Opex). As regras de compras nas organizações também precisam mudar. Ainda existe um lugar para projetos e serviços de TI a preço fixo; no entanto, os serviços digitais baseados na nuvem geralmente são vendidos sob um modelo de preço variável, ou seja, quanto mais você usa e consome, mais paga e vice-versa. Portanto as organizações que não atualizaram suas regras de compras para permitir a compra de recursos de TI com preços variáveis enfrentarão uma grande barreira criada por eles mesmos, impedindo-os de usar serviços digitais baseados em nuvem. Para serem o mais eficaz possível, as organizações devem atualizar suas políticas e educar sua equipe para garantir que possam comprar TI sob um modelo de preço variável. 7.7 Gerenciamento de estratégia O objetivo da prática de gerenciamento da estratégia é formular os objetivos da organização e adotar os cursos de ação e alocação de recursos necessários para atingir esses objetivos. O gerenciamento da estratégia estabelece a direção da organização, concentra esforços, define ou esclarece as prioridades da organização e fornece consistênciaou orientação em resposta ao ambiente (AXELOS, 2019, p. 139). O ponto de partida para o gerenciamento da estratégia é entender o contexto da organização e definir os resultados desejados. A estratégia da organização estabelece critérios e mecanismos que ajudam a decidir como priorizar melhor os recursos, capacidades e investimentos para alcançar esses resultados, enquanto a prática garante que a estratégia seja definida, acordada, mantida e alcançada. 130 Unidade IV Os objetivos do gerenciamento da estratégia são: • analisar o ambiente em que a organização existe para identificar oportunidades que beneficiarão a organização; • identificar restrições que possam impedir a obtenção de resultados de negócios e definir como essas restrições podem ser removidas ou seus efeitos reduzidos; • decidir e concordar a perspectiva e a direção da organização com as partes interessadas relevantes, incluindo sua visão, missão e princípios; • estabelecer a perspectiva e a posição da organização em relação a seus clientes e concorrentes. Isso inclui definir quais serviços e produtos serão entregues em quais espaços de mercado e como manter a vantagem competitiva; • garantir que a estratégia seja traduzida em planos táticos e operacionais para cada unidade organizacional que se espera que cumpra a estratégia. • garantir que a estratégia seja implementada por meio da execução dos planos estratégicos e coordenação dos esforços nos níveis estratégico, tático e operacional; • gerenciar mudanças nas estratégias e documentos relacionados, garantindo que estes acompanhem as mudanças nos ambientes interno e externo e em outros fatores relevantes. O gerenciamento da estratégia é frequentemente visto como responsabilidade do gerenciamento sênior e do órgão de administração de uma organização. Isso lhes permite definir seus objetivos, especificar como esta atenderá a esses objetivos e priorizar os investimentos necessários para alcançá-los. No entanto, no ambiente atual complexo e em rápida mudança, as práticas estratégicas tradicionais, baseadas em deliberação cuidadosa, extensa pesquisa e planejamento de cenários, também estão evoluindo. A estratégia está se tornando mais fluida e há um foco crescente no estabelecimento do propósito e dos princípios essenciais de uma organização, que podem servir como orientação norteadora para todas as suas ações, mesmo quando as circunstâncias mudam. Por exemplo, um processo de estratégia Lean pode ser usado para equilibrar os extremos de planejamento rígido e experimentação descontrolada. A estratégia fornece a direção e o alinhamento gerais da organização, servindo como uma tela em que as ideias inovadoras devem passar e como uma base para avaliar o sucesso do SVS. Ele incentiva os funcionários a serem criativos, garantindo que eles estejam em harmonia com a organização e busquem apenas oportunidades valiosas. A estratégia deve permitir a criação de valor para a organização. Um bom modelo de negócios descreve os meios para cumprir seus objetivos. A estratégia da organização deve incluir alguma maneira de tornar seus serviços e produtos valiosos para seus clientes; portanto, deve definir a sua abordagem para oferecer melhor valor. A necessidade de uma estratégia não se limita às organizações 131 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI maiores; é igualmente importante para os menores, permitindo que eles tenham uma perspectiva clara, posicionamento e planos para garantir que permaneçam relevantes para seus clientes. Os clientes desejam soluções que ultrapassem as barreiras de desempenho e obtenham resultados de qualidade superior com pouco ou nenhum aumento de custo. Tais soluções são geralmente disponibilizadas por meio de produtos e serviços inovadores. A estratégia deve equilibrar a necessidade da organização de fornecer operações eficientes e eficazes com inovação e atividades focadas no futuro. O valor de produtos e serviços da perspectiva do cliente ou da organização pode mudar com o tempo devido a mudanças nas condições, eventos ou outros fatores fora do controle de uma organização. O gerenciamento da estratégia garante uma abordagem cuidadosamente considerada dos relacionamentos da organização com os clientes, bem como agilidade e resiliência ao lidar com as variações de valor que definem esses relacionamentos. Uma estratégia de alto desempenho é aquela que permite que uma organização supere consistentemente as alternativas concorrentes ao longo do tempo, nos ciclos de negócios, durante as interrupções do setor e quando ocorrem mudanças na liderança. Deve ser focado no que precisa ser feito em toda a organização para facilitar a criação de valor. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento da estratégia para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 27 – Mapa de intensidade da contribuição do gerenciamento da estratégia para as atividades da cadeia de valor 132 Unidade IV • Plano: o gerenciamento da estratégia garante que a estratégia da organização seja traduzida em planos táticos e operacionais para cada unidade organizacional que se espera que a cumpra. • Melhoria: o gerenciamento da estratégia fornece a estratégia e os objetivos a serem usados para priorizar e avaliar as melhorias. • Empenho: quando oportunidades ou demandas são identificadas pela organização, as decisões sobre como priorizá-las são baseadas na estratégia da organização, mais a avaliação de riscos e a disponibilidade de recursos. • Projetar e fazer a transição, obter/construir e fornecer o suporte: o gerenciamento da estratégia garante que ela seja implementada através da execução dos planos em coordenação com essas atividades. Ele também fornece feedback para permitir a medição e a avaliação de produtos e serviços durante o projeto e a transição. 7.8 Gerenciamento de fornecedores O objetivo da prática de gerenciamento de fornecedores é garantir que os fornecedores da organização e seu desempenho sejam gerenciados adequadamente para apoiar o fornecimento contínuo de produtos e serviços de qualidade. Isso inclui a criação de relacionamentos mais próximos e mais colaborativos com os principais fornecedores para descobrir e obter novo valor e reduzir o risco de falha (AXELOS, 2019, p. 142). As atividades que são centrais para a prática incluem: • Criar um único ponto de visibilidade e controle para garantir consistência. Isso deve abranger todos os produtos, serviços, componentes de serviço e procedimentos fornecidos ou operados por fornecedores internos e externos, incluindo clientes que atuam dessa forma. • Manter uma estratégia de fornecedores, políticas e informações de gerenciamento de contratos. • Negociar contratos e acordos precisam estar alinhados com as necessidades de negócios e as metas de serviço. Os contratos com fornecedores externos podem precisar ser negociados ou acordados por meio das funções legais, de compras, comerciais ou de contratos da organização. Para um fornecedor interno, precisará haver um acordo interno. • Gerenciar relacionamentos e contratos com fornecedores internos e externos e produtos e serviços operacionais, trabalhando em estreita colaboração com o gerenciamento de compras e desempenho. • Gerenciar o desempenho do fornecedor, que deve ser monitorado para garantir que sejam atendidos termos, condições e metas de seus contratos e acordos, com o objetivo de aumentar o valor pelo dinheiro obtido dos fornecedores e dos produtos/serviços que eles fornecem. 133 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI 7.8.1 Fornecimento, estratégia de fornecedores e relacionamentos A estratégia do fornecedor, às vezes chamada de estratégia de fornecimento, define o plano da organização de como alavancará a contribuição dos fornecedores na consecução de sua estratégia geral degerenciamento de serviços. Algumas organizações podem adotar uma estratégia que determina o uso de fornecedores apenas em circunstâncias muito específicas e limitadas, enquanto outra organização pode optar por fazer uso extensivo de fornecedores na provisão de produtos e serviços. Uma estratégia de fornecimento bem-sucedida requer uma compreensão completa dos objetivos de uma organização, dos recursos necessários para fornecer essa estratégia, dos fatores ambientais (por exemplo, de mercado) e dos riscos associados à implementação de abordagens específicas. Existem diferentes tipos de relacionamento com fornecedores entre uma organização e seus fornecedores que precisam ser considerados como parte da estratégia de fornecimento da organização. Esses incluem: • Insourcing: os produtos ou serviços são desenvolvidos e/ou entregues internamente pela organização. • Terceirização: o processo de ter fornecedores externos provê produtos e serviços anteriormente oferecidos internamente. A terceirização envolve a substituição, ou seja, a substituição da capacidade interna pela do fornecedor. • Fonte ou parceria única: aquisição de um produto ou serviço de um fornecedor. Pode ser um único fornecedor que oferece todos os serviços diretamente ou um integrador de serviços externo que gerencia os relacionamentos com todos os fornecedores e integra seus serviços em nome da organização. Esses relacionamentos íntimos (e a interdependência mútua que eles criam) promovem alta qualidade, confiabilidade, prazos curtos e ação cooperativa. • Multisourcing: aquisição de um produto ou serviço de mais de um fornecedor independente. Esses produtos e serviços podem ser combinados para formar novos serviços que a organização pode fornecer a clientes internos e externos. À medida que as organizações colocam mais foco no aumento da especialização e compartimentação de recursos para aumentar a agilidade, a multisourcing é cada vez mais a opção preferida. Tradicionalmente, as organizações gerenciam esses fornecedores separadamente em diferentes partes da organização, mas há um movimento no sentido de desenvolver um recurso de integração de serviço interno ou selecionar um integrador de serviço externo. Fornecedores individuais podem oferecer serviços e produtos de suporte que independentemente desempenham um papel relativamente menor e bastante indireto na geração de valor, mas coletivamente dão uma contribuição muito mais direta e importante a isso e à implementação da estratégia da organização. 134 Unidade IV 7.8.2 Avaliação e seleção de fornecedores A organização deve avaliar e selecionar fornecedores com base em: • importância e impacto com relação ao valor do serviço para a empresa, oferecido pelo fornecedor; • riscos associados ao uso do serviço; • o custo do serviço e sua prestação. Outros fatores importantes na avaliação e seleção de fornecedores incluem a disposição ou a viabilidade de um fornecedor de personalizar suas ofertas ou trabalhar de forma cooperativa em um ambiente com vários fornecedores; o nível de influência da organização ou integrador de serviços no desempenho do fornecedor; o grau de dependência de um fornecedor em relação a outros fornecedores. 7.8.3 Atividades As atividades da prática de gerenciamento de fornecedores incluem: • Planejamento de fornecedores: o objetivo dessa atividade é entender os requisitos de serviço novos ou alterados e revisar a documentação corporativa relevante para desenvolver uma estratégia de suprimento e um plano de gerenciamento de fornecedores, trabalhando em conjunto com outras práticas, como análise de negócios, gerenciamento de portfólio, design de serviço e gerenciamento de nível de serviço. • Avaliação de fornecedores e contratos: o objetivo dessa atividade é identificar, avaliar e selecionar fornecedores para a entrega de serviços comerciais novos ou alterados. • Negociação de fornecedores e contratos: o objetivo dessa atividade é desenvolver, negociar, revisar, atualizar, finalizar e adjudicar contratos de fornecedores. O fracasso das negociações acionará um novo contrato, um atualizado ou a rescisão de um. • Categorização de fornecedores: esse procedimento visa categorizar os fornecedores periodicamente e após a adjudicação de contratos novos ou atualizados. As categorias comumente usadas incluem fornecedores estratégicos, táticos e de commodities. • Gerenciamento de fornecedores e contratos: o objetivo dessa atividade é garantir que a organização obtenha valor pelo dinheiro e a entrega do desempenho acordado do fornecedor em relação ao contrato e às metas. • Gerenciamento de garantia: o objetivo dessa atividade é gerenciar requisitos ou cláusulas de garantia e fazer reivindicações dela quando surgir um problema, em conjunto com o gerenciamento de desempenho. 135 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI • Gerenciamento de desempenho: essa atividade inclui a configuração e o rastreamento contínuo de medidas operacionais que foram acordadas mutuamente com fornecedores internos e externos. Ela se concentra nas principais medidas, que podem ser consolidadas em um scorecard de fornecedor. O monitoramento permitirá identificar problemas sistêmicos e oportunidades de melhoria e fornecerá uma base para a geração de relatórios. • Renovação e/ou rescisão de contrato: esse procedimento visa gerenciar renovações e rescisões de contratos, que são acionadas por análises específicas ou periódicas do desempenho do fornecedor. A integração de serviços é responsável por coordenar ou orquestrar todos os fornecedores envolvidos no desenvolvimento e na entrega de produtos e serviços. Ele se concentra nessa prestação de ponta a ponta, garantindo o controle de todas as interfaces e resultados dos fornecedores e facilitando a colaboração entre eles. Uma organização pode desempenhar a função de integrador de serviços em si ou usar um integrador de serviços de terceiros. É possível desenvolver um modelo híbrido, em que a organização é responsável por parte da função de integração de serviços e aumenta essa capacidade com a de um integrador de serviços externo. A função de integração de serviços também pode ser operada por um fornecedor principal. O integrador de serviços também é responsável pela garantia; isso inclui gerenciamento e relatórios de desempenho, definição de funções e responsabilidades, manutenção de relacionamentos com todas as partes e liderança de fóruns e comitês diretores regulares para tratar de questões, acordar prioridades e tomar decisões. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento de fornecedores para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 28 – Mapa de intensidade da contribuição da gestão de fornecedores para as atividades da cadeia de valor 136 Unidade IV • Plano: o gerenciamento de fornecedores oferece a estratégia e o plano aprovados de fornecimento da organização. • Melhoria: a prática identifica oportunidades de melhoria com os fornecedores existentes, está envolvida na seleção de novos fornecedores e fornece gerenciamento contínuo de desempenho do fornecedor. • Empenho: a gerência de fornecedores é responsável pelo envolvimento com todos os fornecedores e pela avaliação e seleção de fornecedores; por negociar e acordar contratos e acordos; e para o gerenciamento contínuo dos relacionamentos com fornecedores. • Design e transição: a gerência do fornecedor é responsável por definir requisitos para contratos e acordos relacionados a produtos ou serviços novos ou alterados, alinhados às necessidades e metas de serviço da organização. • Construir e obter: o gerenciamento de fornecedores oferece suporte à aquisição ou obtenção de produtos, serviços e componentes de serviços de terceiros. • Entrega e apoio: o desempenho do fornecedorpara serviços ao vivo é gerenciado por essa prática para garantir que se cumpram os termos, condições e metas de seus contratos e acordos. 7.8.4 Gerenciamento de força de trabalho e talento O objetivo da prática de gerenciamento de força de trabalho e talento é garantir que a organização tenha as pessoas certas com as habilidades e conhecimentos adequados e nas funções corretas para apoiar seus objetivos de negócios. A prática abrange um amplo conjunto de atividades focadas em envolver com sucesso os funcionários e os recursos da organização, incluindo planejamento, recrutamento, integração, aprendizado e desenvolvimento, medição de desempenho e planejamento de sucessão (AXELOS, 2019, p. 147). O gerenciamento da força de trabalho e de talentos desempenha um papel crítico no estabelecimento da velocidade organizacional, ajudando as organizações a entender e prever proativamente a demanda futura por serviços. Também garante que as pessoas certas, com as competências necessárias, estejam disponíveis no momento certo para prestar os serviços necessários. Atingir esse objetivo reduz os atrasos, melhora a qualidade, evita retrabalhos causados por defeitos e reduz o tempo de espera, além de diminuir as lacunas de conhecimento e habilidades. À medida que as organizações transformam suas práticas, automação e recursos organizacionais para apoiar a economia digital e melhorar a velocidade do mercado, ter o talento certo se torna essencial. O gerenciamento de força de trabalho e talento permite que organizações, líderes e gerentes se concentrem na criação de uma estratégia de pessoas eficaz e acionável, e executem essa estratégia em vários níveis dentro da organização. Uma boa estratégia deve apoiar a identificação de papéis e 137 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI conhecimentos associados, bem como as habilidades e atitudes necessárias para manter uma organização funcionando dia a dia. Também deve abordar as tecnologias emergentes e os recursos de liderança e mudança organizacional necessários para posicionar a organização para crescimento futuro. A ideia de gerenciar e desenvolver a força de trabalho e o talento de uma organização não é nova. No entanto, com o aumento do uso de fornecedores terceirizados e a rápida adoção da automação para trabalhos repetíveis, as funções tradicionais estão mudando drasticamente. Por esse motivo, a gestão da força de trabalho e de talentos deve ser de responsabilidade de líderes e gerentes em todos os níveis da organização. • Velocidade organizacional: velocidade, eficácia e eficiência com que uma organização opera influenciam o tempo de comercialização, qualidade, segurança, custos e riscos. • Competências: a combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes observáveis e mensuráveis que contribuem para o desempenho aprimorado dos funcionários e, por fim, resultam em sucesso organizacional. • Habilidades: uma proficiência ou destreza desenvolvida no pensamento, comunicação verbal ou ação física. O poder ou aptidão para realizar atividades físicas ou mentais relacionadas a uma profissão ou serviço. • Conhecimento: a compreensão de fatos ou informações adquiridas por uma pessoa através da experiência ou educação; o entendimento teórico ou prático de um assunto. • Atitude: um conjunto de emoções, crenças e comportamentos em relação a um objeto, uma pessoa, uma coisa ou um evento específico. As atividades dessa prática cobrem uma ampla gama de áreas e são executadas por uma variedade de funções para fins específicos, incluindo: • Planejamento de força de trabalho: traduzir a estratégia e os objetivos da organização em capacidades organizacionais desejadas e depois em competências e funções. • Recrutamento: a aquisição de novos funcionários e contratados para preencher as lacunas identificadas relacionadas às capacidades desejadas. • Medição de desempenho: entrega de medições e avaliações regulares de desempenho em relação a cargos estabelecidos com base em competências predefinidas. • Desenvolvimento pessoal: o uso de um funcionário pelas funções de trabalho e estruturas de competência publicadas para planejar proativamente o crescimento e o avanço pessoal. • Aprendizado e desenvolvimento: educação direcionada e oportunidades de aprendizado experimental, usando vários métodos formais e não formais. • Planejamento de tutoria e sucessão: atividades formais de orientação, engajamento e planejamento de sucessão fornecidas pela liderança. 138 Unidade IV A figura a seguir apresenta as atividades de gerenciamento de força de trabalho e talento. Planejamento de mentoria e sucessão Recrutamento Planejamento de força de trabalho Aprendendo e desenvolvendo Medição de desempenho Desenvolvimento pessoal Ger. de força de trabalho e talento Figura 29 – Atividades de gerenciamento de força de trabalho e talento Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 30 – Mapa de intensidade da contribuição da força de trabalho e gestão de talentos para as atividades da cadeia de valor 139 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI A figura anterior mostra a contribuição da força de trabalho e do gerenciamento de talentos para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades, no entanto, é o foco principal planejar e melhorar essas atividades. • Plano: o planejamento da força de trabalho é uma saída específica dessa atividade da cadeia de valor, pois a liderança e o gerenciamento avaliam suas capacidades organizacionais atuais em relação aos requisitos futuros dos recursos da organização, bem como aos produtos e serviços definidos no portfólio de serviços. • Melhoria: todas as melhorias requerem pessoas suficientemente qualificadas e motivadas. A prática de gerenciamento de força de trabalho e talento garante a compreensão e o cumprimento desses requisitos. • Empenho: a gestão da força de trabalho e de talentos está intimamente ligada a essa atividade da cadeia de valor. Ela trabalha com práticas como gerenciamento de relacionamento, gerenciamento de solicitações de serviço e central de atendimento para entender e prever os requisitos de mudança de demanda de serviço e como isso afetará e direcionará as atividades de planejamento da força de trabalho e gerenciamento de talentos. • Design e transição: a gestão de talentos é importante para essa atividade da cadeia de valor. Um foco específico é dado ao conhecimento e às habilidades relacionadas aos sistemas e ao design thinking. • Obter e construir: o gerenciamento de talentos concentra-se especificamente em conhecimento e habilidades relacionadas a colaboração, foco no cliente, qualidade, velocidade e gerenciamento de custos. • Entrega e apoio: o foco específico da gestão de talentos é dado ao conhecimento e às habilidades relacionadas a atendimento, gerenciamento de desempenho e interações e relacionamentos com clientes. 8 PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE SERVIÇO 8.1 Gerenciamento de disponibilidade O objetivo da prática de gerenciamento de disponibilidade é garantir que os serviços ofereçam níveis acordados de disponibilidade para atender às necessidades de clientes e usuários (AXELOS, 2019, p. 151). Trata-se da capacidade de um serviço de TI ou outro item de configuração executar sua função acordada quando necessário, por exemplo: • negociar e acordar metas alcançáveis de disponibilidade; 140 Unidade IV • projetar infraestrutura e aplicativos que podem fornecer os níveis de disponibilidade necessários; • garantir que serviços e componentes possam coletar os dados necessários para medir a disponibilidade; • monitorar, analisar e gerar relatórios sobre disponibilidade; • planejar melhorias na disponibilidade. Nos termos mais simples, a disponibilidade de um serviço depende da frequência com que ele falha e da rapidez com que ele se recupera após uma falha. Geralmente, são expressoscomo tempo médio entre falhas (MTBF) e tempo médio para restaurar o serviço (MTRS): • O MTBF mede a frequência com que o serviço falha. Por exemplo, um serviço com um MTBF de quatro semanas falha, em média, 13 vezes por ano. • O MTRS mede a rapidez com que o serviço é restaurado após uma falha. Por exemplo, um serviço com um MTRS de quatro horas se recuperará, em média, totalmente da falha em quatro horas. Isso não significa que o serviço sempre será restaurado em quatro horas, pois o MTRS é uma média em muitos incidentes. Os serviços mais antigos costumavam ser projetados com MTBF muito alto, para que falhassem com pouca frequência. Mais recentemente, houve uma mudança no sentido de otimizar o design do serviço para minimizar o MTRS, para que os serviços possam ser recuperados muito rapidamente. A maneira mais eficaz de fazer isso é projetar soluções antifrágeis, que se recuperam automaticamente e muito rapidamente, praticamente sem impacto nos negócios. Para alguns serviços, mesmo uma falha muito curta pode ser catastrófica e, para esses, é mais importante se concentrar no aumento do MTBF. A maneira como a disponibilidade é definida deve ser apropriada para cada serviço. É importante entender as opiniões dos usuários e clientes sobre a disponibilidade e definir métricas, relatórios e painéis apropriados. Muitas organizações calculam a disponibilidade percentual com base no MTBF e no MTRS, mas esses valores percentuais raramente correspondem à experiência dos clientes e não são adequados para a maioria dos serviços. Outras coisas que devem ser consideradas incluem: • quais funções vitais de negócios são afetadas por diferentes falhas de aplicativos; • em que ponto o desempenho lento é tão ruim que o serviço é efetivamente inutilizável; • quando o serviço precisa estar disponível e quando o provedor de serviços pode realizar atividades de manutenção. As medidas que funcionam bem para alguns serviços incluem: 141 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI • Minutos de interrupção do usuário: calcula-se multiplicando a duração do incidente pelo número de usuários afetados ou somando o número de minutos em que cada usuário é afetado. Isso funciona bem para serviços que suportam diretamente a produtividade do usuário, por exemplo, um serviço de e-mail. • Número de transações perdidas: calcula-se subtraindo o número de transações do número que se espera que tenha ocorrido durante o período. Isso funciona bem para serviços que suportam processos de negócios baseados em transações, como suporte de fabricação. • Valor de negócio perdido: calcula-se medindo como a produtividade dos negócios foi afetada pelas falhas dos serviços de suporte. Isso é facilmente compreendido pelos clientes e pode ser útil para planejar investimentos em disponibilidade aprimorada. No entanto, pode ser difícil identificar qual valor comercial perdido foi causado por falhas nos serviços de TI e quais tiveram outras causas. • Satisfação do usuário: a disponibilidade do serviço é uma das características mais importantes e visíveis dos serviços e tem uma grande influência na satisfação do usuário. É importante garantir que os usuários estejam satisfeitos com a disponibilidade do serviço, além de cumprir as metas de disponibilidade formalmente acordadas. A maioria das organizações não possui uma equipe dedicada de gerenciamento de disponibilidade. As atividades necessárias são frequentemente distribuídas pela organização. Algumas organizações incluem atividades de gerenciamento de disponibilidade como parte do gerenciamento de riscos, enquanto outras o combinam com o gerenciamento de continuidade de serviço ou com o de capacidade e desempenho. Algumas organizações têm engenheiros de confiabilidade do site (SREs) que gerenciam e melhoram a disponibilidade de produtos ou serviços específicos. É necessário um processo para o teste regular dos mecanismos de failover e recuperação. Muitas organizações também têm um processo para calcular e relatar métricas de disponibilidade; no entanto, o gerenciamento de disponibilidade é orientado tanto por cultura, experiência e conhecimento quanto pelos procedimentos a seguir. A figura a seguir mostra a contribuição do gerenciamento de disponibilidade para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: 142 Unidade IV Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 31 – Mapa de intensidade da contribuição do gerenciamento de disponibilidade para as atividades da cadeia de valor • Plano: o gerenciamento de disponibilidade deve ser considerado nas decisões do portfólio de serviços e ao definir metas e orientações para serviços e práticas. • Melhoria: ao planejar e fazer melhorias, o gerenciamento de disponibilidade garante que os serviços não sejam degradados. • Empenho: os requisitos de disponibilidade para serviços novos e alterados devem ser entendidos e capturados. • Design e transição: serviços novos e alterados devem ser projetados para atender às metas de disponibilidade e é necessário testar os controles de disponibilidade durante a transição. • Obter e construir: a disponibilidade é uma consideração ao criar componentes ou obtê-los de terceiros. • Entrega e apoio: essa atividade inclui a medição da disponibilidade e a reação a eventos que podem afetar a capacidade de atender às metas de disponibilidade. 8.2 Business analysis O objetivo da prática de análise de negócios é analisar um negócio ou algum elemento dele, definir suas necessidades associadas e recomendar soluções para atender a essas necessidades e/ou resolver um problema de negócios, 143 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI o que deve facilitar a criação de valor para as partes interessadas. A análise de negócios permite que uma organização comunique suas necessidades de maneira significativa, expresse a lógica da mudança e projete e descreva soluções que permitem a criação de valor em alinhamento com os objetivos da organização (AXELOS, 2019, p. 154). A análise e as soluções devem ser abordadas de maneira holística, que inclua a consideração de processos, mudança organizacional, tecnologia, informação, políticas e planejamento estratégico. O trabalho de análise de negócios é realizado principalmente por analistas de negócios (BAs), embora outros possam contribuir. Em TI, as práticas de análise de negócios são frequentemente aplicadas em projetos de desenvolvimento de software, mas também são apropriadas para arquiteturas, serviços e o sistema de valor de serviço (SVS) da organização em geral. Restringir a aplicação da análise de negócios apenas ao desenvolvimento de software é correr o risco de desenvolver soluções incompletas. As principais atividades associadas à análise de negócios são: • Analisar sistemas de negócios, processos de negócios, serviços ou arquiteturas no contexto interno e externo em mudança. • Identificar e priorizar partes do SVS e produtos e serviços que exigem melhorias, além de oportunidades de inovação. • Avaliar e propor ações que possam ser tomadas para criar a melhoria desejada. As ações podem incluir não apenas alterações no sistema de TI, mas também alterações no processo, alterações na estrutura organizacional e desenvolvimento da equipe. • Documentar os requisitos de negócios para os serviços de suporte para permitir as melhorias desejadas. • Recomendar soluções após a análise dos requisitos reunidos e validá-los com as partes interessadas. Os requisitos de negócios podem ser focados na utilidade ou na garantia. • Requisitos de garantia: normalmente, os requisitos não funcionais são capturados como insumos dos principais interessados e outras práticas. As organizações devem procurar gerenciar uma biblioteca de critérios de aceitação de garantia predefinidos para uso em práticas como gerenciamento de projetos e desenvolvimento e gerenciamento desoftware. • Requisitos de utilidade: requisitos funcionais que foram definidos pelo cliente e são exclusivos para um produto específico. 144 Unidade IV A análise de negócios deve garantir a realização mais eficiente e abrangente dessas atividades, mas não cometer o erro de análise sem a intenção de ação subsequente. Uma organização não deve tentar analisar um problema tão profundamente ou por tanto tempo que uma solução oportuna não possa ser alcançada, ou tentar resolver todos os problemas com uma única iniciativa maciça que não facilite a criação de valor por tempo suficiente para ser útil. Os processos associados a essa prática devem se proteger contra esses erros. O escopo do trabalho para a prática de análise de negócios inclui o uso e a avaliação de informações de operações e suporte para desenvolver conhecimento de como os serviços e as práticas estão executando no ambiente ativo. Esse conhecimento não apenas ajudará a identificar áreas de melhoria no design de serviço atual, mas também revelará as lições aprendidas que melhorarão os designs futuros. O papel da análise de negócios pode ser definido de forma diferente de organização para organização, mas é uma disciplina reconhecida com um conjunto específico de habilidades. A análise de negócios requer não apenas pensamento e avaliação críticos, mas também habilidades de escuta, comunicação e facilitação, a capacidade de analisar e documentar processos de negócios e casos de uso e executar análise e modelagem de dados. Quando o sistema ou serviço que está sendo analisado ultrapassa muitos limites organizacionais, é importante que as várias unidades de negócios envolvidas adotem um relacionamento de parceiro para garantir uma análise holística e uma proposta abrangente de solução. Se forem necessários compromissos de uma ou mais dessas unidades, um relacionamento colaborativo, semelhante a um parceiro, facilitará uma solução que fornecerá valor para todas as partes. Sem as informações corretas, a análise de negócios não pode ser bem-sucedida e, para ser eficaz, ela precisa de acesso a todas as informações relacionadas à área em análise. Para processos de negócios, por exemplo, os analistas de negócios precisarão acessar toda a documentação do processo, incluindo fluxos, procedimentos e instruções de trabalho, políticas e métricas de processo. Eles podem precisar entrevistar não apenas a pessoa responsável pelo processo de negócios, mas também as pessoas que participam de cada parte do processo para compilar uma visão clara do processo e dos problemas relacionados. As tecnologias implantadas geralmente incluem qualquer sistema que a organização utilize para reunir e documentar requisitos, além de sistemas de gerenciamento de projetos e ferramentas de relatório para coletar e processar dados e informações para análise. Outras tecnologias que podem ser úteis ao apresentar os resultados da análise são ferramentas e recursos de modelagem visual e mapeamento de muitos dos conjuntos típicos de produtividade de escritório, como planilhas, software de apresentação e processamento de texto. Como em todas as práticas, a análise de negócios não pode garantir soluções bem-sucedidas isoladamente. Por exemplo, as práticas de gerenciamento de estratégia fornecem orientação de alto nível para a análise de negócios, que direciona as recomendações de análise e solução. Por sua vez, as recomendações da análise de negócios podem influenciar estratégias técnicas e outras. Para garantir a participação das partes certas, a análise de negócios depende do gerenciamento de relacionamentos. Além disso, a progressão natural pela cadeia de valor do serviço requer interação entre as atividades 145 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI de análise de negócios e as atividades de design de serviços, desenvolvimento e gerenciamento de software, medição e geração de relatórios, e muitas outras. A figura a seguir mostra a contribuição da análise de negócios para a cadeia de valor do serviço, com a prática envolvida em todas as suas atividades: Design e transição Obter/construir Entrega e suporte EnvolverEnvolverDemanda Valor Planejar AltaBaixa 0 1 2 3 Produtos Produtos e serviçose serviços Melhorar Figura 32 – Mapa de intensidade da contribuição da análise de negócios para as atividades da cadeia de valor • Plano: a análise de negócios contribui para a tomada de decisões estratégicas sobre o que será feito e como. • Melhoria: todos os níveis de avaliação e aprimoramento se beneficiam da análise de negócios, que é particularmente aplicável nos níveis estratégico e tático. • Empenho: a análise de negócios é essencial para a coleta de requisitos durante essa atividade da cadeia de valor. • Design e transição: a coleta, a priorização e a análise de requisitos precisos podem ajudar a garantir que uma solução de alta qualidade seja projetada e progrida para a operação. • Obter e construir: as habilidades de análise de negócios são essenciais para a definição de uma solução acordada. 146 Unidade IV • Entrega e apoio: os dados da entrega contínua de um serviço podem fazer parte das atividades de análise de negócios ao projetar alterações no serviço, bem como ao procurar oportunidades de melhoria contínua. Saiba mais Aprofunde-se em gerenciamento de serviços com a leitura do capítulo 5 de: AXELOS. ITIL® Foundation, ITIL 4 edition. 4. ed. Londres: The Stationery Office (TSO)/Axelos Global Best Practice, 2019. 8.3 Projeto de serviço O objetivo da prática de design de serviço é projetar produtos e serviços adequados ao objetivo, adequados ao uso e que possam ser entregues pela organização e seu ecossistema. Isso inclui o planejamento e a organização de pessoas, parceiros e fornecedores, informações, comunicação, tecnologia e práticas para produtos e serviços novos ou alterados e a interação entre a organização e seus clientes (AXELOS, 2019, p. 193). Se produtos, serviços ou práticas não forem projetados adequadamente, eles não necessariamente atenderão às necessidades do cliente ou facilitarão a criação de valor. Se eles evoluírem sem arquitetura, interfaces ou controles adequados, serão menos capazes de fornecer a visão e as necessidades gerais da organização e de seus clientes internos e externos. Mesmo quando um produto ou serviço é bem projetado, pode ser difícil oferecer uma solução que atenda às necessidades da organização e do cliente de maneira econômica e resiliente. Portanto é importante considerar abordagens interativas e incrementais para o design de serviços, o que pode garantir que os produtos e serviços introduzidos na operação possam se adaptar continuamente em alinhamento com as crescentes necessidades da organização e de seus clientes. Na ausência de design formal de serviço, produtos e serviços podem ser excessivamente caros para execução e propensos a falhas, resultando em desperdício de recursos e no produto ou serviço não sendo centrado no cliente ou projetado de forma holística. É improvável que qualquer programa de melhoria seja capaz de alcançar o que o design adequado poderia ter alcançado em primeiro lugar. Sem design de serviço, produtos e serviços econômicos que oferecem o que os clientes precisam e esperam são extremamente difíceis de alcançar. A prática de design de serviço também deve garantir que a jornada do cliente, da demanda até a realização do valor, seja a mais agradável e sem atritos possível, além de oferecer o melhor resultado possível para ele. Isso é conseguido com foco na experiência do cliente (CX) e na experiência do usuário (UX). 147 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI A adoção e implementação de uma prática de design de serviço focada em CX e UX resultam em: • produtos e serviços centrados no cliente que incluem partes interessadas em atividades de design; • considerar todo o ambiente de um produto ou serviço; • permitir aos projetos estimar com mais precisão o custo, o prazo, a necessidade de recursos e os riscos associados ao design
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