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anatomia_fisiologia_e_classificacao_das_aves

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
AnAtomiA, FisiologiA e ClAssiFiCAção 
dAs Aves
Elaboração
Ana Maria de Souza Almeida
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
ANATOMIA DAS AVES ........................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
SISTEMA CARDIOVASCULAR .................................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................................................... 15
CAPÍTULO 3
SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................................................................. 20
CAPÍTULO 4
SISTEMA URINÁRIO.................................................................................................................. 25
CAPÍTULO 5
SISTEMA NERVOSO ................................................................................................................. 28
CAPÍTULO 6
SISTEMA REPRODUTOR ............................................................................................................ 32
CAPÍTULO 7
TEGUMENTO E ANEXOS .......................................................................................................... 36
CAPÍTULO 8
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO ............................................................................................ 39
CAPÍTULO 9
SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................................................ 46
UNIDADE II
FISIOLOGIA DAS AVES .......................................................................................................................... 48
CAPÍTULO 1
SISTEMA CARDIOVASCULAR .................................................................................................... 48
CAPÍTULO 2
SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................................................... 56
CAPÍTULO 3
SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................................................................. 60
CAPÍTULO 4
SISTEMA URINÁRIO.................................................................................................................. 65
CAPÍTULO 5
SISTEMA NERVOSO ................................................................................................................. 69
CAPÍTULO 6
REPRODUTOR ......................................................................................................................... 76
CAPÍTULO 7
SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................................................ 87
CAPÍTULO 8
SISTEMA IMUNE ...................................................................................................................... 93
UNIDADE III
CLASSIFICAÇÃO DAS AVES ................................................................................................................ 129
CAPÍTULO 1
CONCEITOS GERAIS ............................................................................................................. 129
CAPÍTULO 2
ORDENS DE AVES ................................................................................................................ 133
CAPÍTULO 3
CLASSIFICAÇÕES GERAIS ..................................................................................................... 138
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 142
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
As aves surgiram na Era dos Répteis, são descendentes de répteis que 
colonizaram o meio terrestre em diversos biomas. Excreção de ácido úrico, 
eritrócitos nucleados, presença de escamas e sistema porta-renal são 
características que comprovam a evolução a partir dos répteis. Acredita-se que 
existam de 25 a 30 ordens de aves compostas de 148 famílias e 9.700 espécies. 
Aves são animais vertebrados, ovíparos, homeotérmicos, tetrápodes que 
possuem ossos especializados com baixo peso (ossos pneumáticos) propícios 
ao voo. Possuem asas que atuam também como prolongamentos dos membros 
torácicos (modificados em asas). O desenvolvimento da habilidade de 
voar trouxe às aves a capacidade de dispersão e adaptação em uma maior 
variedade de nichos do que as demais classes de vertebrados. Modificações 
anatomofisiológicas diminuíram o peso corporal e aumentaram o aporte 
energético e estabilidade para habilidade de voo. 
As aves desenvolveram a habilidade de voar durante o Mesozoico, quando 
aindaeram uma linhagem de dinossauros bípedes, predadores, que se 
deslocavam rapidamente sobre o solo sobre suas patas traseiras. A evolução 
a partir desses dinossauros bípedes originou as aves e tornou-as capazes de 
desenvolver endotermia e voo, duas funções atribuídas ao surgimento das 
penas. A plumagem é a principal característica das aves e as asas com penas 
lhes habilita a voar. Contudo, a evolução das penas ocorreu antes mesmo de 
elas desenvolverem a habilidade do voo, com progresso voltado ao isolamento 
térmico (outra importante função das penas). 
A ave mais antiga que se conhece assemelha-se mais aos dinossauros do que 
às aves atualmente. A ave ancestral (Archaeopteryx) tinha 70 centímetros de 
comprimento e, apesar de possuir muitas das características dos répteis, como 
ossos compactos e pesados, cauda longa e dentes, possuía penas. 
Os ovos, assim como a carne de algumas aves, começaram a ser apreciados 
por humanos e outros animais há milhares de anos, até o desenvolvimento da 
criação de aves exclusivamente para consumo de seus derivados. O início da 
avicultura no Brasil ocorreu na época da colonização portuguesa, com a chegada 
de algumas matrizes de aves trazidas de Portugal por embarcações. As primeiras 
criações eram compostas de aves híbridas, produtos do cruzamento por 
muitos anos. A facilidade de criação de aves originou a avicultura no território 
9
brasileiro. A princípio, as criações eram mais comuns nas cidades do litoral, 
devido à própria colonização, e eram feitas de forma artesanal. Apenas em 1895 
iniciou-se o desenvolvimento na avicultura nacional de maneira mais efetiva. 
Nessa época, foi feito o primeiro programa de melhoramento e seleção de raças 
de aves importadas, para escolha da que melhor atenderia às exigências dos 
criadores brasileiros. 
A criação era extensiva e as galinhas demoravam, aproximadamente, seis meses 
para atingirem o peso ideal ao abate. Mesmo assim elas eram abatidas com não 
mais que 2,5 quilos. Nos anos 60, avanços tecnológicos e genéticos começaram 
a ser mais expressivos até alcançar o padrão de criação atual. O frango de corte 
moderno é abatido aos 42 dias de vida com peso médio equivalente a 2,5 quilos. 
Tal resultado está associado à genética, à tecnologia, à nutrição, à sanidade e aos 
investimentos para maiores melhorias no setor. 
O Brasil é o segundo maior produtor e maior exportador de carne de frango 
e possui posição importante na produção de ovos. Pela grande extensão do 
território brasileiro e comum prática de produção de grãos, o país tem como 
vantagem disponibilidade de alimento para os animais, além de espaço para 
a própria criação. Além da produção de frangos de corte, a produção de ovos 
também é expressiva. A avicultura brasileira emprega direta e indiretamente mais 
de 3,5 milhões de trabalhadores. Todos os elos do setor compõem a avicultura 
brasileira, uma das mais expressivas do mundo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE 
PROTEÍNA ANIMAL, 2019).
Objetivos
 » Descrever a anatomia das aves.
 » Apresentar aspectos fisiológicos do organismo das aves.
 » Mostrar a classificação das aves.
10
11
UNIDADE IANATOMIA DAS AVES
CAPÍTULO 1
Sistema cardiovascular
O sistema circulatório é necessário à sobrevivência e à perpetuação dos seres 
vivos. É um sistema essencial para que o organismo consiga exercer suas funções 
pelo aporte sanguíneo associado à atividade metabólica. 
Células mesenquimais do saco vitelino originam os órgãos que compõem o 
sistema cardiovascular e as células sanguíneas. Essas células mesenquimais se 
agrupam e as células da camada mais externa desse aglomerado se achatam e se 
distribuem como um endotélio que delimita espaços em que as demais células 
chamadas hemocitoblastos fluem no plasma. 
Os primeiros agrupamentos celulares são rapidamente suplementados por 
outros grupos que surgem no mesoderma do alantocórion e no corpo do 
embrião. Com a evolução embrionária, várias porções desses grupos celulares 
e mesoderma formam um sistema difuso de vasos composto de inúmeras 
ramificações. Os vasos sanguíneos formam-se de modo independente e sua 
evolução está relacionada ao crescimento dos órgãos do embrião. 
O coração é um dos primeiros órgãos que se forma devido à necessidade de 
bombeamento de sangue para a evolução dos demais órgãos e tecidos. Ele é 
formado pela diferenciação dos canais dentro de uma porção do mesoderma 
denominada área cardiogênica. Essa área localiza-se anteriormente à 
membrana oral do disco embrionário, os primórdios do coração se originam 
dos espaços teciduais que coalescem para formar a cavidade celômica, que 
separa a somatopleura da esplancnopleura. A região cardiogênica dobra-se 
ventralmente e é conduzida caudalmente no processo que transforma o disco 
embrionário em um corpo cilíndrico. Nessa fase, o coração consiste em tubos 
endoteliais pareados, dispostos ventralmente ao intestino anterior, e logo se 
12
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
fundem para formar um único órgão mediano que se deslocará caudalmente 
até os somitos torácicos. 
Desde o início da evolução, o coração se conecta à extremidade de vasos que se 
tornam, posteriormente, a aorta, e, na outra extremidade, liga-se às veias. Na 
verdade, são três conjuntos de veias: veias vitelinas (drena o saco vitelino), veias 
umbilicais (drenam os envoltórios embrionários) e veias cardinais (drenam o 
corpo). 
Coração
O coração de aves se assemelha ao dos mamíferos, pois possui também quatro 
câmaras, ápice e base. Em relação ao corpo da ave, o coração é relativamente 
grande, o que permite maior bombeamento de sangue para o corpo, ideal para o 
voo. Está fixado entre os lobos hepáticos e ao esterno, tem forma de cone. 
O átrio direito se conecta às veias cavas craniais e à veia cava caudal. Existe uma 
valva atrioventricular separando o átrio direito do ventrículo direito. Essa valva 
é contínua e única, sem conexão com cordas tendíneas. O ventrículo direito é 
formado por parede delgada. 
O átrio esquerdo está conectado à veia tronco pulmonar e é separado do 
ventrículo esquerdo por uma valva atrioventricular. Essa valva, diferente 
da direita, se conecta a cordas tendíneas. O ventrículo esquerdo também é 
delimitado por paredes finas. Existem também traves musculares internas na 
secção transversal, semelhantes a rosetas. 
Artérias
Surgem da aorta o tronco braquiocefálico e as artérias coronárias direita e 
esquerda. O tronco braquioencefálico se divide, dando origem às artérias 
braquiocefálicas direita e esquerda, que também se dividem em artérias carótidas 
comuns que percorrem o pescoço em direção às asas. 
As carótidas comuns são denominadas assim até a entrada da cavidade 
celomática, daí em diante são chamadas de carótidas internas. As carótidas 
internas percorrem paralelamente a superfície ventral cervical do corpo do 
animal. As artérias subclávias dão origem ao tronco peitoral que segue em 
direção aos músculos peitorais e ao esterno até alcançarem o úmero. 
13
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
A aorta se ramifica originando inúmeros seguimentos que irrigam diferentes 
órgãos. O ramo celíaco invade o estômago, o intestino, o fígado e o baço; o ramo 
mesentérico cranial é responsável por fazer o aporte sanguíneo ao intestino; o 
ramo mesentérico caudal se difunde no intestino e cloaca; ramo renal cranial 
irriga os rins e as gônodas; ramo ilíaco externo é encontrado nos membros 
pélvicos; e o ramo isquiático irriga os rins, membros pélvicos e oviduto. 
Veias
As artérias braquiocefálicas se conectam às veias jugular e subclávia da cabeça, 
pescoço, peito e asas. Já as veias jugulares direita e esquerda percorrem o 
pescoço. A veia ulnar recebe o sangue e percorre toda a extensão das asas. A 
veia cava caudal surge ventralmente aos rins a partir da união das veias ilíacas 
comuns, é encontrada no parênquima hepático e renal, oviduto e gônadas. 
Parte do sangue vindo dos membros pélvicos e pelve passa por meio do sistema 
porta-renal, previamente à chegada à veia cava caudal.As veias porta-hepáticas drenam o sangue do trato gastrointestinal para o 
parênquima hepático. A veia porta-hepática direita (de porte maior que a 
esquerda) recebe o sangue vindo das veias mesentéricas cranial e caudal, que 
drenam o baço e as partes dorsal e direita do estômago. Já a veia porta-hepática 
esquerda drena, especificamente, as porções ventral e esquerda do estômago. 
A veia mesentérica caudal recebe também sangue vindo dos rins mediante uma 
fusão com o segmento caudal do sistema porta-renal. Assim, parte do sangue 
proveniente do trato gastrointestinal retorna ao coração sem passagem prévia 
pelo fígado.
Rede linfática
Vasos linfáticos são escassos, com presença de valvas ao longo de sua extensão e 
percorrem os mesmos trajetos que os vasos sanguíneos. 
Galinhas não possuem linfonodos. Apenas aves aquáticas possuem estrutura 
semelhante aos linfonodos de mamíferos. Contudo, todas as espécies de aves 
possuem tecido linfático não encapsulado, na forma de agregados linfoides 
distribuídos nos tecidos. Rins, fígado, pâncreas, pulmões, intestinos e 
orofaringe possuem tecidos linfoides agregados importantes. Esses tipos de 
tecido são chamados de BALT (bronchiolar-associated lymphoid tissue) e 
GALT (gut-associated lymphoid tissue).
14
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
Tonsilas cecais são placas de tecido linfoide, localizadas no esfíncter cecal de 
cada ceco. O timo também está presente ao longo da jugular, é multilobulado 
e evidente em aves jovens. O baço também é um órgão linfoide, cuja polpa 
branca atua na produção de linfócitos, assim como ocorre em mamíferos. 
O baço é um órgão geralmente ovalado, coloração vermelho-acastanhada e 
aproximadamente 2 cm de diâmetro. Faz contato com a superfície visceral do 
fígado e está disposto lateralmente ao proventrículo. Em psitacídeos, possui 
formato arredondado, em passeriformes, é alongado, e triangular em aves 
aquáticas. 
A bursa de Fabricius é um órgão linfoide típico das aves, que aumenta 
de tamanho (devido à linfogênese) até os 18 dias de vida, e após dois ou 
três meses, começa a regredir, regride progressivamente na fase adulta. A 
bursa é um órgão linfoepitelial, delimitado por parede delgada e formato 
de bolsa. A superfície do lúmen da bursa é irregular, com pregas dispostas 
longitudinalmente. As pregas são formadas por nódulos epiteliais. A bursa de 
Fabricius é um órgão linfático primário, cuja principal função é a produção 
de linfócitos B.
15
CAPÍTULO 2
Sistema respiratório
Os pulmões das aves são compactos, mas se expandem em bolsas de ar 
denominados sacos aéreos, que preenchem a cavidade celomática. Os sacos 
aéreos participam na redução do peso das aves e atuam como reservatório 
de ar. 
A capacidade de deslocamento e a necessidade de comunicação em grandes 
distâncias relacionam-se, nesses animais, a uma audição elaborada, que 
conta, além das estruturas já encontradas nos anfíbios e répteis, com um 
curto canal auditivo externo, o qual permite a percepção mais orientada do 
som. Paralelamente, a voz também se tornou mais elaborada, com a presença 
da siringe, uma estrutura localizada na traqueia e responsável pela emissão 
de sons. 
A ausência da barreira mucociliar nos sacos aéreos e a morfologia do 
ducto que interliga os seios nasais à cavidade oral são estruturas que 
facilitam a entrada de patógenos no organismo da ave, produzindo 
doenças respiratórias. O ducto que conecta os seios nasais e a cavidade 
oral é estreito, dificultando a drenagem natural de secreções. Já a ausência 
da barreira mucociliar nos sacos aéreos torna-os mais suscetíveis à ação 
de patógenos. 
Cavidade nasal
As narinas conduzem o ar até a cavidade nasal e estão localizadas na base do bico, 
sustentadas por opérculo ou recobertas por cera espessa. Já a coana conecta a 
orofaringe com a cavidade nasal que, por sua vez, é dividida medialmente pelo 
septo nasal. As conchas nasais originam-se da parede lateral e se difundem no 
interior da cavidade nasal. As conchas aumentam a superfície de contato com o 
ar, removem partículas suspensas, aquecem e umidificam o ar inspirado. 
O seio infraorbital está disposto lateralmente à cavidade nasal e possui parede 
estreita localizada rostral e ventralmente ao olho. Possui inúmeros divertículos e 
se comunica com o saco aéreo cervical. Já o ducto nasolacrimal está ventralmente 
à concha média e se abre dentro da cavidade nasal. 
16
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
Existe uma glândula denominada glândula nasal que se origina a partir da 
porção dorsal da órbita e se insere na parede lateral da cavidade nasal. Possui 
ducto com saída na região de concha rostral. 
A glândula nasal, popularmente conhecida como glândula do sal, é 
particularmente importante em aves marinhas. Essa glândula é responsável 
pelo equilíbrio de cloreto de sódio no organismo da ave marinha, permitindo 
que ela beba água do mar. 
Laringe, traqueia e siringe
Suspensa pelas cartilagens aritenoide e cricoide, presentes no assoalho na 
orofaringe, está a laringe. A glote, composta das cartilagens aritenoides, oclui 
a entrada da laringe mediante a flexão de musculatura local, prevenindo a 
entrada de partículas estranhas nos demais órgãos do sistema respiratório. 
A traqueia das aves se distingue dos mamíferos pela presença de anéis 
cartilaginosos completos que acompanham o esôfago. A sua parte distal se 
bifurca em dois segmentos denominados brônquios primários localizados na 
superfície dorsal à base do coração e invadem o parênquima pulmonar. 
A produção de som pelas aves ocorre pela vibração da siringe, estrutura 
achatada disposta na bifurcação da traqueia. A siringe é formada pela porção 
terminal da traqueia e pelas partes craniais dos brônquios primários. Existem 
membranas vibratórias nas paredes lateral e medial das porções iniciais dos 
brônquios responsáveis pela emissão de som. A produção de som também 
é auxiliada pelos músculos esternotraqueais, que tracionam a traqueia no 
sentido da siringe. O saco aéreo cervical amplifica a voz impulsionando o som 
contra as membranas vibratórias. 
Pulmões
Os pulmões das aves são proporcionalmente pequenos, não flexíveis, de 
coloração rosa salmão e com ausência de lobos. Estão localizados na superfície 
craniodorsal na cavidade celomática, levemente fixados às vértebras torácicas e 
às costelas. A superfície pulmonar que está em contato com as costelas se adapta 
e molda de acordo com a curvatura e espaços entre as costelas. A superfície 
ventral se localiza contra o septo horizontal e se volta em direção ao esôfago, ao 
fígado e ao coração. 
17
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
O septo horizontal, por sua vez, se fixa lateralmente às costelas e medialmente 
às vértebras torácicos e sua porção caudal se fixa ao septo oblíquo. Septo 
horizontal forma as cavidades que contêm os pulmões. Já o septo oblíquo se 
insere ventralmente ao esterno, dorsalmente às vértebras torácicas, às 6ª e 
7ª costelas e ao septo horizontal. Esse septo forma a superfície caudoventral 
de cavidades que contêm os sacos aéreos torácicos e porções dos sacos aéreos 
cervicais e clavicular.
Existem três classes de brônquios nos pulmões das aves. O brônquio 
primário penetra no parênquima pulmonar de forma diagonal, estreitando-se 
progressivamente até se conectar ao saco aéreo abdominal. O brônquio primário 
ramifica-se em brônquios secundários (dispostos em diferentes regiões do 
pulmão) do tipo medioventrais, mediodorsais, laterodorsais e lateroventrais. Os 
brônquios secundários também se conectam aos sacos aéreos, para passagem de 
ar pelos pulmões.
As aves possuem alvéolos. Entretanto, os parabrônquios, originários dos 
brônquios secundários mediodorsais e medioventrais, exercem a função de 
troca gasosa e possuem 2 cm de diâmetro externo e 1 cm de diâmetro interno. 
Os parabrônquios produzem alças compactas e paralelas de ligação, formando 
a divisão funcional denominada paleopulmo. Existe também o neopulmo, 
responsável por trocas gasosas, derivado dos brônquios laterodorsaise 
lateroventrais. 
Cada parabrônquio é delimitado por septos fenestrados, de seu lúmen 
originam-se capilares aéreos. Esses capilares compõem uma rede densa de alças 
interconectadas distribuídos em meio aos septos interparabroquiais. Os capilares 
aéreos se entrelaçam aos capilares sanguíneos, conectando-se intimamente 
pelo endotélio capilar e membrana basal, permitindo, assim, que a troca gasosa 
ocorra. O que diferencia os capilares aéreos de aves dos alvéolos pulmonares de 
mamíferos é a presença de canais contínuos que recebem oxigênio de ambas as 
direções. A assimilação de oxigênio em aves é mais eficiente que em mamíferos, 
pela presença de fina barreira entre os capilares aéreo e alveolar, fluxo de sangue 
em direção contrária ao fluxo de ar, rigidez pulmonar e fluxo de ar unidirecional. 
Sacos aéreos
Os sacos aéreos compõem o sistema respiratório de aves, de modo a modular 
a entrada e a saída de ar corpóreo. Eles produzem um fluxo unidirecional de 
ar através dos pulmões, potencializando a assimilação de oxigênio. Também 
18
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
podem exercer função na termorregulação, pois, pela evaporação, auxiliam na 
redução da temperatura corpórea e participam na produção de som. São sacos 
cegos de parede fina composta de epitélio pavimentoso. Possuem divertículos 
que invadem os ossos e alcançam espaços intermusculares. Essas características 
conferem maior leveza ao corpo da ave. 
Aerossaculite é o processo inflamatório dos sacos aéreos. Infecções 
respiratórias são impactantes na avicultura mundial, pois, além da perda de 
animais e custos com tratamentos, podem proporcionar perdas econômicas 
decorrentes de condenação de carcaças. Essa lesão é umas das principais 
causas de condenação de carcaça dos abatedouros de aves brasileiros 
(MACHADO et al., 2012, p. 647). Sacos aéreos acometidos por processo 
inflamatório tornam-se opacos, espessos e até mesmo com deposição de 
exsudato caseoso a fibrinoso. 
Existem nove sacos aéreos em galinhas divididos em craniais e caudais. Os sacos 
aéreos craniais são: um par de crânio-torácicos, um par de cervicais e um único 
clavicular. Já os caudais são: um par de caudo-torácicos e um par de abdominais. 
Os sacos aéreos craniais se conectam aos brônquios secundários medioventrais 
e os sacos aéreos caudais se comunicam ao brônquio primário intrapulmonar e 
aos brônquios secundários mediodorsal e lateroventral. Assim sendo, os sacos 
aéreos craniais estão conexos com o paleopulmo, e os caudais, ao neopulmo.
Os sacos aéreos cervicais são pequenos e centrais e se estendem ao longo das 
vértebras cervicais e torácicas. O saco aéreo clavicular situa-se em grande 
parte da porção cranial da cavidade celomática, preenchendo o espaço cranial 
da cavidade, região periférica ao coração, e se estende para os divertículos 
extratorácicos e esterno. Ele ainda se conecta aos ossos do cíngulo do membro 
torácico e passa pelos espaços intermusculares. Os sacos aéreos crânio-torácicos 
são paralelos um ao outro e se localizam na porção ventral dos pulmões, entre as 
costelas esternais, coração e fígado. 
Os sacos aéreos caudo-torácicos são paralelos, assim como os crânio-torácicos, 
porém se localizam mais caudalmente na cavidade celomática, próximos aos 
sacos aéreos abdominais. Por fim, os sacos aéreos abdominais são os com 
maiores proporções se comparados aos demais, se difundem na porção caudal 
da cavidade celomática e estão em contato com moela, intestinos e até mesmo 
rins e gônadas. 
19
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
Alguns músculos participam da respiração, responsáveis pela movimentação 
do esterno, proporcionando a entrada de ar pelos sacos aéreos. Os músculos 
costoesternais e intercostais externos são os principais envolvidos no movimento 
de inspiração, em que a caixa torácica se movimenta na direção ventral, e o 
esterno, na direção caudal. Na expiração, os músculos abdominais e intercostais 
internos são os com maior relevância pois movimentam a caixa torácica 
cranialmente, contraindo os sacos aéreos e, assim, exercendo pressão para o 
retorno do ar aos pulmões. 
20
CAPÍTULO 3
Sistema digestório
O sistema digestório é composto de órgãos atribuídos à recepção, à digestão 
mecânica e química, à absorção de nutrientes e à eliminação de resíduos. O 
sistema digestório estende-se da cavidade oral até a cloaca, com a atuação de 
glândulas, tais como salivares, pâncreas e fígado. Esses órgãos são formados na 
fase embrionária a partir do endoderma, camada embrionária que reveste o saco 
vitelino. No entanto, a musculatura e o tecido conjuntivo que ancoram o epitélio 
são originários do mesoderma. 
A separação entre o trato digestivo e o saco vitelino ocorre no processo de 
dobramento, que converte o disco embrionário achatado em uma estrutura 
mais cilíndrica. O dobramento do folheto ocorre devido ao crescimento do 
disco mais rápido que o tecido extraembrionário, com o qual ele se comunica. 
Assim, o disco se curva para cima, enquanto suas margens se dobram para 
baixo. Como o crescimento é mais rápido ao longo do eixo longitudinal, o 
dobramento é mais evidente nas extremidades de cabeça e cauda do que ao 
longo das margens laterais. Isso contribui para que parte do saco vitelino 
conduzida ao interior do corpo crie dois cornos, os quais se estendem cranial 
e caudalmente a partir de uma região média que mantém comunicação livre 
com a porção maior do saco vitelino localizada externamente ao embrião. A 
porção contida do saco vitelino é denominada intestino, que é dividido em 
intestino anterior, intestino médio e intestino posterior. O intestino médio, 
por sua vez, se junta às demais porções por meio de partes mais estreitas 
denominadas de portais intestinais caudal e cranial. 
É um sistema curto, se comparado a outras espécies, constituído por cavidade 
oral, esôfago (com seguimento denominado inflúvio), proventrículo, moela 
(ventrículo, intestino delgado, intestino grosso e glândulas anexas (pâncreas e 
fígado) (figura a seguir).
21
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
Figura 1.
 
 
Proventrículo 
Moela 
Duodeno 
Pâncreas 
Fígado 
Jejuno 
Ceco 
Ceco 
Colon-reto 
Cloaca 
Fonte: Santana et al., 2011 (com adaptações).
Orofaringe
A orofaringe se estende da cavidade oral até o esôfago, sem afunilamento 
evidente que separe a cavidade oral da faringe. Existe o palato na superfície 
dorsal da cavidade oral e mandíbula, língua e laringe na porção ventral. Há 
duas fissuras na cavidade oral; uma longa, localizada em palato, denominada 
de coana, e outra mais curta, localizada caudalmente à primeira, chamada 
de infundibular, que estabelece a abertura comum das tubas auditivas. 
Caudalmente à base da língua está a glote (fenda mediana), seguida pelo 
esôfago.
Ainda na orofaringe estão dispostas inúmeras papilas que, por ação 
mecânica, movimentam caudalmente o bolo alimentar em direção aos 
seguintes seguimentos do trato gastrointestinal. A língua também auxilia 
na movimentação do alimento para a orofaringe, enquanto a coana se fecha 
durante o fluxo alimentar pela cavidade oral. A língua de aves possui formato 
triangular e se sustenta no osso hioide. 
Esôfago
Esse seguimento do trato gastrointestinal está disposto paralelamente à 
traqueia e aos músculos cervicais. Na entrada do tórax de algumas espécies de 
22
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
aves, o esôfago se dilata dando origem ao inglúvio (papo), que está localizado 
no lado direito do pescoço. Na cavidade celomática, o esôfago passa pela 
carina da traqueia, entre a base do coração e o pulmão. 
De acordo com a anatomia do esôfago, recomenda-se o fornecimento de 
medicamentos, quando há necessidade de administração intraesofágica, a 
introdução da seringa ou cânula pelo lado esquerdo do bico. Evitando-se a 
administração pelo lado direito devido ao maior risco de perfuração. 
O inglúvio não participa da digestão de alimentos em galinhas, porém armazena 
e umedece alimento pela presença de inúmeras glândulasprodutoras de muco. 
Algumas espécies de aves, tais como gaivotas e corujas, não apresentam essa 
estrutura, e o alimento passa diretamente para o proventrículo. 
Estômago
Espécies de aves domésticas possuem estômago com porções química e mecânica 
divididas pelo istmo (constrição). Proventrículo é o nome da parte glandular 
(química), cuja função é secretar substâncias e enzimas responsáveis pela digestão 
química dos alimentos. Já a moela (parte mecânica) é adaptada à redução mecânica 
de alimentos por meio de fortes contrações musculares. 
O estômago está disposto próximo ao plano mediano do corpo da ave, e o 
proventrículo (porção cranial do estômago) está ventralmente em contato com o 
lobo esquerdo do fígado e a moela (porção caudal do estômago), além do fígado, 
também está em contato com o esterno e a musculatura abdominal. 
O proventrículo possui superfície mucosa de coloração esbranquiçada, 
revestida por epitélio secretor de muco. Com presença de inúmeras papilas 
das quais emergem ductos coletores originários de glândulas. Além de muco, 
essas glândulas produzem também substâncias, tais como ácido clorídrico e 
pepsinogênio. 
A superfície cranial da moela se conecta com o proventrículo, e a caudal, com o 
duodeno. Sua parede é formada por volumosa massa muscular que se inserem 
em centros tendíneos. Os músculos delgados se inserem e cobrem os sacos cegos. 
Sobre a superfície mucosa, existe uma resistente membrana colínica de coloração 
amarelada produzida a partir da secreção de glândulas tubulares que se solidifica 
quando em contato com pH ácido, decorrente do ácido clorídrico também 
produzido no proventrículo. A contração muscular no proventrículo movimenta 
o alimento em sentido cranial e caudal no estômago que, posteriormente, segue 
para o duodeno. 
23
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
Intestinos
Os intestinos estão dispostos na porção caudal da cavidade celomática. A parte 
intestinal do sistema digestório é composta dos seguintes seguimentos: duodeno, 
jejuno, íleo, cecos (em algumas espécies) e cólon-reto. 
Intestino delgado
Diferente dos demais seguimentos intestinais, o duodeno é facilmente 
identificável pelo seu formato de alça semelhante à letra U, com pâncreas disposto 
no centro dessa alça. O jejuno é formado por alças espiraladas conectadas na 
extremidade do mesentério e apresenta parede fina. No jejuno, localiza-se uma 
discreta protuberância denominada de divertículo de Meckel, que conecta o saco 
da gema ao intestino durante a fase embrionária e primeiros dias de vida. Já a 
última porção do intestino delgado é chamada de íleo. É o seguimento localizado 
caudalmente ao jejuno e não possui delimitações nítidas. 
Turnover celular é a taxa de renovação de células intestinais. Essa 
atividade é essencial ao bom desempenho de frangos de corte e rápido 
estabelecimento dos vilos após injúria. O duodeno é o seguimento do 
intestino que apresenta maior taxa de turnover celular. 
Intestino grosso
Os cecos não ocorrem em todas as espécies. Contudo, as aves domésticas, 
galinhas e perus, possuem um par de longos cecos que se originam na 
junção ileocólica. Na porção proximal dos cecos, está o esfíncter cecal e 
um aglomerado de tecido linfoide denominado de tonsilas cecais. A porção 
distal é constituída de parede mais espessa que a porção proximal. Os cecos 
participam da digestão principalmente relacionado à quebra de celulose pela 
ação de enzimas bacterianas. 
O cólon-reto é o último segmento do trato gastrointestinal e é relativamente 
longo em galinhas. Ele tem como função reabsorver água e eletrólitos. Esse 
segmento tem contato direto com a cloaca, estrutura comum ao sistema 
digestório, urinário e reprodutor. A cloaca é composta de coprodeu, urodeu e 
proctodeu, e também da bursa de Fabricius localizada na superfície dorsal do 
proctodeu. O urodeu e o proctodeu estão associados aos sistemas reprodutor 
e urinário. Coprodeu é a porção da cloaca responsável pela estocagem de 
excretas.
24
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
Pâncreas
O pâncreas das galinhas e dos perus possui grandes proporções se comparado a 
outros animais. Localiza-se medialmente à alça do duodeno e consiste em dois 
lobos (dorsal e ventral) conectados em sua porção distal. O suco pancreático 
produzido pelo órgão é conduzido até o intestino via ductos. O tecido pancreático 
de galinhas possui inúmeras ilhotas de Langerhans, as do tipo alfa produzem 
glucagon e as do tipo beta formam a insulina. 
Fígado
O fígado de aves é um órgão de grandes proporções, dividido em lobos direto e 
esquerdo, tem coloração marrom escura. Pela ausência de diafragma, o fígado 
ocupa grande parte da cavidade celomática. Existe um saco peritoneal que 
recobre o órgão e é rico em tecido adiposo. A superfície parietal está próxima 
ao esterno e costelas, já na superfície visceral está inserida a vesícula biliar e 
faz contato com diversos órgãos (ovário ou testículo, moela, baço, duodeno, 
proventrículo e jejuno). 
A vesícula biliar de galinhas assemelha-se à de mamíferos. Composta de mucosa 
revestida por um epitélio colunar simples, que se conecta ao duodeno por meio 
de dois ductos biliares. Algumas espécies de aves, como pombo, não possuem 
vesícula biliar. 
25
CAPÍTULO 4
Sistema urinário
Excretam ácido úrico, uma adaptação ao tipo de desenvolvimento embrionário 
e à redução de peso. Por ser insolúvel em água, o ácido úrico é eliminado em 
forma sólida, não sendo necessária a produção de urina líquida nem a existência 
de vesícula urinária. 
Os sistemas urinário e reprodutivo são intimamente ligados desde a fase 
embrionária até a fase adulta. A porção caudal do mesoderma intermediário se 
espessa de forma contínua e sólida, originando o ducto nefrogênico. Esse ducto 
divide-se em pronefro, mesonefro e metanefro. Uma extremidade pronefro se 
dobra causalmente para formar um ducto pronéfrico contínuo cuja extremidade 
causal cresce em direção à cloaca, onde se abre. O ducto pronéfrico, então, 
resiste à regressão dos túbulos pronéfricos e é adotado para drenar os túbulos 
mesonéfricos. 
Os túbulos mesonéfricos, por sua vez, são numerosos e dão origem ao néfron. 
Uma das extremidades dos túbulos mesonéfricos se invagina em um tufo 
capilar para originar o mecanismo de filtração dos rins. Já a conexão da outra 
extremidade com o ducto prinéfrico fornece uma área de drenagem de ácido úrico. 
O metanefro possui dois segmentos em que um deles promove uma evaginação, 
o broto uretérico, da extremidade inferior do ducto mesonéfrico próximo à sua 
abertura na cloaca. Esse broto se alonga cranialmente para o interior do blastema 
metanéfrico formado pela parte caudal do cordão nefrogênico. A extremidade do 
broto possui ramos que formam os túbulos coletores dos rins, e outros que são 
reabsorvidos na expansão terminal do ducto de maneira inconstante e origina 
a pelve e cálices renais. Já a parte externa do metanefro origina a cápsula e 
o interstício do rim, e a condensação celular na porção interna dá origem aos 
cordões celulares que formam os néfrons. Uma das extremidades de cada cordão 
celular se conecta com um ducto de conexão para passagem de resíduos da 
filtração, e a outra extremidade se invagina por um tufo vascular que origina o 
glomérulo. 
A passagem de resíduos provenientes da filtração para o meio exterior ocorre 
por vias urinárias inferiores que se originam de divisões horizontais da porção 
do intestino posterior. A evolução e a diferenciação desses órgãos se dá pelo 
crescimento caudal da crista do mesoderma localizado no intestino posterior.
26
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
Rins
Os rins de galinhas são longos, castanhos e preenchem os sulcos da superfície 
ventral da pelve. Localizam-se caudalmente aos pulmões e estão dispostos contra 
o sinsacro. O rim é dividido em porção cranial, medial e caudal por ramificações 
da aorta e pelas artérias isquiática e ilíaca externa. Existem as porções cortical e 
medular, porém sem delimitação nítida, e a pelve renal é ausente. 
A gotaé um sinal de falência renal decorrente da elevada concentração de 
urato de sódio no plasma. A gota renal ocorre por múltiplas causas, como 
dieta rica em proteínas. Alimentação com excesso desse nutriente pode 
provocar o desenvolvimento de hiperuricemia e ocasionar dano renal. 
Processo de desidratação também pode estar envolvido, pelo fluxo de 
líquido pelos túbulos renais, ocorre a formação de cristais que podem causar 
obstrução pós-renal (LUMEIJ, 1994). 
Ureteres
Os ureteres são formados pela união de ramificações primárias da porção 
cranial do rim, se inserem na região medioventral do rim, onde ramificações das 
porções média e caudal também se fundem para formá-los. Já o seu seguimento 
extrarrenal localiza-se caudalmente aos rins, segue ao longo do ducto genital e 
se insere na parede dorsal da porção urodeu da cloaca.
Lóbulos renais, em forma de cone, são responsáveis pela receptação de urina 
produzida. Os lóbulos se fundem em estruturas coletoras denominadas de 
ramos secundários, os quais formam seguimentos maiores chamados de ramos 
ou segmentos do ureter. Cada lóbulo renal possui néfrons medulares e néfrons 
corticais. Os néfrons medulares possuem morfologia semelhante à alça de Henle 
(mamíferos), os néfrons corticais se assemelham aos dos répteis. Os túbulos 
coletores se situam na periferia dos lóbulos e se unem no ápice. 
Vascularização dos rins
Três artérias irrigam cada uma das porções cranial, média e caudal dos rins. 
Essas artérias são ramificações da artéria isquiática, com exceção da artéria 
cranial, que se origina da aorta. Essas três artérias originam arteríolas aferentes 
que irrigam os túbulos e glomérulos renais. 
27
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
Veias, em conjunto com artérias, participam do processo de vascularização do 
tecido renal. Veias de pequeno calibre captam o sangue venoso do órgão e se 
fundem para formar a veia ilíaca (extrarrenal) e, posteriormente, a veia cava 
caudal. 
O sangue venoso proveniente dos órgãos e tecidos dispostos na região caudal 
do corpo da ave é coletado e conduzido pelas veias porta cranial e caudal para o 
leito capilar intralobular. Existe ainda a valva portal, localizada próxima à veia 
ilíaca caudal, responsável pela regulação do fluxo sanguíneo proveniente da veia 
ilíaca externa para os rins. Pela veia mesentérica caudal, o sangue é conduzido 
para a veia porta-hepática direita antes de chegar no coração. 
28
CAPÍTULO 5
Sistema nervoso
O sistema nervoso de galinhas é bem desenvolvido, pois elas têm órgãos 
sensoriais que proporcionam audição e visão excelentes. Esse sistema é 
composto de uma rede complexa que coordena o funcionamento de todo o 
organismo, permitindo interação da ave com as alterações nos meios interno 
e externo. 
No organismo das aves, os órgãos receptores e efetores são separados e 
conectados por neurônios, que são células altamente especializadas. São 
consideradas as unidades básicas do sistema nervoso. O citoplasma dessas 
células é especializado com habilidades voltadas à excitabilidade e à 
condutibilidade. Um estímulo ao neurônio receptor é traduzido em potencial 
elétrico, e a mensagem é codificada. O impulso passa em toda a extensão 
do neurônio antes da transmissão a células vizinhas, produzindo reação em 
cadeia até a chegada do estímulo à placa motora ou glândula. 
O neurônio é morfologicamente alongado e composto de pericário (corpo) 
e prolongamentos. Seus prolongamentos ou processos têm número, forma 
e extensão variáveis. Baseado nesses aspectos, os prolongamentos podem 
ser classificados em dendritos, geralmente múltiplos, transmitem impulsos 
na direção do pericário; e o axônio, único, transmite impulsos da direção 
oposta do pericário (para fora do neurônio). Dendritos geralmente são curtos 
e axônios são longos. Conforme a existência de axônio ou dendritos, cada 
neurônio pode ser classificado em multipolar (possui dendritos longos que 
se unem ao pericário em diversos pontos), bipolar (possui dendritos que se 
unem em um tronco antes de chegarem ao pericário) ou unipolar (dendritos 
e axônios combinam-se a partir do pericário e depois se ramificam). Os tipos 
de neurônios se distribuem no sistema nervoso conforme as suas funções. 
Sinapses são as conexões interneuronais que possuem morfologia variável. 
Os neurônios não se conectam por contato direto, mas mediante a liberação 
de substâncias químicas nas fendas sinápticas. Um impulso nervoso, que 
chega até a membrana pré-sináptica de um axônio, provoca a liberação de 
substância química transmissora que se difunde pela fenda e age sobre a 
membrana plasmática pós-sináptica. Essa membrana pós-sináptica sobre 
despolarização ou hiperpolarização (efeito inibidor) que se propaga por toda 
29
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
sua extensão. Assim sendo, existem sinapses excitatórias e inibitórias que 
são estimuladas por substâncias transmissoras como acetilcolina, glutamato 
(excitatória), GABA (inibitória), serotonina, noradrenalina. 
Além de neurônios, o sistema nervoso é também constituído por neuroglia, 
células da glia, células de Schwann, entre outras. Neuroglia é o tecido de 
suporte da medula espinhal e cérebro formado por diferentes tipos celulares. 
As células da glia, além de darem suporte aos neurônios, auxiliam no processo 
de nutrição, neurotransmissão, e são responsáveis pela bainha de mielina 
(conferem isolamento às fibras nervosas encefálicas e da medula espinhal e 
evitam a dissipação dos impulsos nervosos). Já as células de Schwann conferem 
isolamento similar às fibras nervosas dos troncos periféricos. Além de bainhas, 
os troncos periféricos também são protegidos por septos de tecido conjuntivo. 
O encéfalo e a medula espinhal também são revestidos por tecido conjuntivo 
(meninges), porém de forma menos intensa e invasiva.
Sistema nervoso central
Cérebro
Os órgãos que compõem o sistema nervoso central são o cérebro e a medula 
espinhal. O cérebro é pequeno e separado por hemisférios direito e esquerdo. Os 
hemisférios são levemente lisos, separados entre si por fissura mediana e entre o 
cerebelo por fissura transversa. Na conexão entre essas fissuras, está a ponta da 
epífise, os lobos ópticos (homólogos aos colículos rostrais dos mamíferos) estão 
posicionados caudoventral aos hemisférios, já os bulbos olfatórios localizam-se 
nas extremidades rostrais também dos hemisférios.
Os lobos ópticos são grandes e abrangem as superfícies dorsal e ventral do 
órgão. O quiasma óptico também possui grandes proporções e está relacionado 
ao sentido olfativo. O cerebelo, relativamente grande, é formado por apêndices 
laterais discretos e corpo central. 
Medula espinhal
O comprimento da medula espinhal varia de acordo com o tamanho da ave. 
Assim como em mamíferos, percorre a superfície dorsal do corpo do animal, 
delimitada e protegida por vértebras, ligamentos e músculos. Diferente 
de outros animais, a medula espinhal de aves tem consistência gelatinosa 
30
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
pontual (3-5 mm de comprimento) na superfície dorsal da intimescência 
lombossacral. Essa região da medula com consistência diferenciada ocorre 
por alta concentração de glicogênio. 
Sistema nervoso periférico
A inervação das aves geralmente é constituída por nervos largos, esbranquiçados 
e com estriações transversais. O nervo vago segue o trajeto da jugular e inerva 
a superfície dorsal do proventrículo. Os nervos cervicais surgem dos músculos 
cervicais e seguem até o pescoço superficialmente na pele, já o tronco simpático 
cervical percorre a musculatura profunda regional. 
O plexo braquial também segue os músculos cervicais e suas ramificações 
inervam as asas seguindo ventralmente à escápula e caudalmente ao úmero. Os 
nervos intercostais seguem na superfície dorsal da cavidade celomática. O plexo 
lombar e os nervos do sinsacro inervam parte posterior do corpo, atravessando 
os rins. O nervo intestinal segue os vasos do mesentério e o nervo isquiático 
localiza-se na porção medial da coxa. 
Órgãossensoriais
Ouvido
Galinhas possuem orelha externa, composta de meato acústico externo. O 
meato é reto e curto, coberto por penas, se abre nas laterais da cabeça, possui 
membrana timpânica. A orelha é caracterizada por lobo disposto ventralmente 
à abertura do meato. 
A ligação da orelha externa e média se dá pela fixação da janela vestibular à 
membrana timpânica. A conexão entre essas estruturas ocorre pela columela 
(homólogo ao estribo em mamíferos), pequena haste óssea. A orelha interna 
é dividida em parte anterior e posterior. A parte anterior está relacionada à 
audição, e a parte posterior, ao equilíbrio. 
Olho
O bulbo preenche quase que a totalidade da órbita, o que o torna pouco móvel, 
porém com mobilidade da articulação atlanto-occipital e anatomia longilínea do 
31
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
pescoço. Ele é globular, embora a parte anterior possa ser tubular, globosa ou 
plana de acordo com a espécie de ave. 
A córnea é uma estrutura pequena, delicada, delgada e convexa. A esclera tem 
anel de ossículos próximo à córnea. A íris de coloração variada (muda de acordo 
com a espécie de ave) delimita uma pupila arredondada contrátil por ação dos 
músculos estriados do esfíncter e dilatador. A retina é avascular e possui pécten 
(protuberância) sobre o disco óptico. 
As galinhas possuem três pálpebras, sendo a inferior maior e com maior 
mobilidade. A terceira pálpebra é delgada, translúcida e firme, mesmo quando 
fechada, não impede a visão. Nessa região, existem duas glândulas, a profunda 
da terceira pálpebra e a lacrimal, que têm as suas secreções exteriorizadas pelo 
ducto nasolacrimal.
32
CAPÍTULO 6
Sistema reprodutor
O sistema reprodutivo das aves apresenta características similares e distintas ao 
dos mamíferos. O sistema reprodutor feminino possui algumas particularidades, 
tais como a presença de oviduto, a ovoposição e a cloaca. Ainda sobre a 
característica voltada à produção de ovos, existe uma diferença notável pelo 
desenvolvimento do embrião fora do corpo da mãe. Para isso, é preciso que 
existam componentes e nutrientes necessários ao embrião. O sistema reprodutor 
masculino diferencia-se pela ausência de pênis, substituído por um falo erétil, e 
pelo tamanho, morfologia e localização dos testículos.
Sistema reprodutor masculino
Falo erétil, testículos, ductos deferentes e epidídimo compõem o sistema 
reprodutor. Existem dois testículos intracavitários, um par de ductos deferentes 
e um par de epidídimos. Na maioria das espécies de aves, há um pequeno 
falo erétil localizado na região dorsolateral da cloaca. Existem ainda algumas 
glândulas reprodutivas acessórias que constituem o sistema.
Testículo
Os testículos se localizam no interior da cavidade celomática, cranialmente 
aos rins e caudalmente às adrenais, fixados na superfície ventral do dorso da 
ave por uma prega derivada do peritônio, chamada mesórquio. São grandes, 
esbranquiçados e possuem aspecto semelhante ao feijão. Testículos podem 
alterar sua cor e tamanho em decorrência do período reprodutivo. São grandes e 
esbranquiçados durante a fase reprodutiva e tornam-se pequenos e amarelados 
no anestro. Túbulos seminíferos estão presentes e percorrem toda a superfície 
dorsalmedial dos testículos. Túbulos extratesticulares também compõem os 
testículos e são responsáveis pela produção do fluido seminal. 
O epidídimo é uma estrutura pequena e discreta, com ausência de divisões, como 
em mamíferos. É um órgão composto de inúmeros dúctulos eferentes que, juntos, 
formam o ducto do epidídimo responsável pelo trânsito de espermatozoides para 
o ducto deferente. O ducto deferente surge da extremidade caudal do epidídimo 
e segue o ureter até a porção do urodeu da cloaca. Esse ducto é espiralado em 
33
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
sua extensão, porém existe um pequeno alargamento terminal denominado 
receptáculo. A cloaca também faz parte do sistema reprodutor masculino 
assim como do feminino. Existe uma papila do ducto deferente na superfície 
dorsolateral que comunica o sistema reprodutor masculino com a cloaca e um 
corpo vascular paracloacal, localizado na superfície lateral do urodeu para 
irrigar o falo com linfa e intumescê-lo. 
Falo erétil
Há um falo erétil na superfície ventral da cloaca de frangos, que consiste 
em um tubérculo mediano pequeno delimitado por um par de corpos fálicos 
laterais maiores. Esses corpos se conectam para formar um canal que recebe 
o ejaculado dos ductos deferentes. O falo é análogo ao pênis dos mamíferos 
e, quando tumescido, os seguimentos que o compõem aumentam de volume 
temporariamente. A cópula ocorre pelo contato do falo do macho com a mucosa 
da cloaca feminina, permitindo a chegada do esperma na vagina. 
O falo de gansos e patos é maior (alguns centímetros de comprimento), 
possui formato de cone fino disposto em espiral e, diferente do falo dos 
galos, é um órgão penetrante. Existem aves que não apresentam falo, como 
pombos e passeriformes. Nessas aves, a inseminação ocorre pelo contato da 
cloaca invertida do macho com o oviduto da fêmea. 
Sistema reprodutor feminino
É um sistema formado por ovários e ovidutos, os dispostos no antímero 
esquerdo funcionais e os do lado direito rudimentares. Tanto o ovário 
esquerdo quanto o oviduto correspondente se comunicam com a cloaca. No 
trato reprodutor feminino, além de receber o esperma do macho, a cloaca 
também é responsável por exteriorizar o ovo. 
Ovário
Em seu período reprodutivo, a ave apresenta ovário esquerdo volumoso 
aderido à superfície dorsal da cavidade celomática, posicionado cranial 
ao rim esquerdo. O ovário consiste em um aglomerado de folículos 
de tamanhos variados composto de oócito permeado por saco vitelino 
volumoso. Os folículos maiores são pedunculares, sustentados por fino 
estroma vascularizado, e fazem contato com alguns órgãos intracavitários. 
34
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
Quando próximo ao momento da ovulação, o folículo desenvolve uma 
faixa esbranquiçada avascular conhecida como estigma. Após a ovulação, 
o folículo é chamado de cálice, que regride progressivamente e desaparece 
em poucos dias. Aves não formam corpo lúteo pelo desenvolvimento do 
embrião no ambiente, fora do corpo da mãe.
Oviduto
No oviduto, ocorrem eventos importantes relacionados à reprodução, tais 
como fecundação e formação de alguns dos elementos que compõem o ovo. É 
um órgão tubular, com aproximadamente 60 cm de comprimento, dividido em 
infundíbulo, magno, istmo, útero e vagina. Está aderido, por meio do mesoviduto 
(prega peritoneal) e ligamento ventral do oviduto, à superfície dorsal esquerda 
da cavidade celomática e tem contato com rim, moela e intestinos. O oviduto é 
composto de quatro camadas. Túnica mucosa, é rica em glândulas produtoras de 
albume (clara); túnica submucosa fina; túnica muscular e serosa. 
Infundíbulo
O primeiro segmento do oviduto é o infundíbulo. Possui parte estriada, 
delimitada por parede delgada em formato cônico para receber o oócito 
recém-ovulado. A partir da parte estriada, é formado o óstio infundibular 
(parte tubular), estrutura longa fixada à superfície lateral da última costela da 
ave. O tempo de passagem do oócito pelo infundíbulo é de aproximadamente 
15 minutos.
Magno
O magno é o segundo segmento do oviduto e também o mais longo (30 cm de 
comprimento). É dotado de paredes com mucosa pregueada rica em glândulas 
produtoras de albume. É esse o seguimento que mais produz albume e nele são 
adicionados alguns minerais ao ovo. A passagem do ovo pelo magno ocorre por 
aproximadamente 3 horas. 
Istmo
Istmo é o segmento localizado entre o magno e o útero, responsável pela 
formação da dupla membrana da casca e também pela produção de albume. 
Possui aproximadamente 8 cm de comprimento, é estreito e translúcido, 
com pequenas pregas na superfície mucosa. Algumas espécies de aves não 
apresentam esse segmento do oviduto. 
35
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
Útero
O útero é uma dilatação do oviduto com 8 cm de comprimento e paredesdelgadas. Constituído por mucosa com inúmeras pregas e cristas, além de 
glândulas produtoras da casca. Durante a passagem por esse segmento, ocorre 
a adição do albume líquido e produção da casca. Devido à complexidade para 
a produção da casca, a passagem pelo útero demora aproximadamente 20 
horas. 
Vagina
O último segmento do oviduto é a vagina, responsável pela produção da 
cutícula protetora da casca (oclusão por poros). É um tubo muscular, 
composto de criptas glandulares responsáveis por armazenar esperma. A 
passagem do ovo pela vagina é rápida, dura segundos. A vagina, por sua 
vez, se comunica com a parede lateral do urodeu cloacal. 
36
CAPÍTULO 7
Tegumento e anexos
Tegumento
Tegumento significa pele normal com seu revestimento de pelos, glândulas e 
garras, cascos e cornos. A pele protege o corpo contra traumas e invasão de 
patógenos e agrupa membranas mucosas dos orifícios naturais. A pele atua 
também na termorregulação, pois é impermeável à água, dificultando o processo 
de desidratação. A coloração da pele depende da presença de pigmentos que a 
protegem contra a luz ultravioleta. 
A principal diferença entre a pele das aves e a dos mamíferos é a presença de 
penas. As penas protegem o corpo e possibilitam o voo. As penas, além dos ossos 
diferenciados, tornam as aves mais leves, aumentando a eficiência em voar. 
Proteção contra traumas, radiação, temperatura, substâncias químicas e agentes 
nocivos também são funções atribuídas às penas. 
A pele das aves é fina e delicada. A pele do corpo de frangos é levemente 
amarelada, sendo mais escura nas pernas e nos pés. Em galinhas poedeiras, a 
pele é ainda mais pálida, pelo fato de o pigmento ser redistribuído e incorporado 
à gema do ovo. Existem somente três discretas glândulas na pele da ave: glândula 
uropigiana, glândula auricular e glândula do vento (glândulas labiais externas 
do vento). A ausência de glândulas sudoríparas significa que as aves dissipam 
calor pela pele e por evaporação por meio do sistema respiratório. 
A maioria das espécies de aves possui uma glândula uropigiana na região caudal. 
Essa glândula produz secreção oleosa, que, quando retirada pelo bico das aves e 
passada sobre as penas, as mantém impermeáveis. Essa camada oleosa também 
forma uma barreira protetora bacteriostática e pode esclarecer o motivo de as 
aves não desenvolverem, comumente, afecções de pele. 
A glândula uropigiana dos frangos é bilobilada e apresenta aproximadamente 
2 cm de diâmetro. Sua secreção oleosa flui de um par de aberturas sobre 
uma pequena papila cutânea. A glândula auricular, sebácea, está localizada 
na periferia da orelha externa e produz substância ceruminosa. A epiderme 
também pode atuar como glândula sebácea, pois possui característica única 
que lhe permite secretar lipídios que auxiliam na manutenção da plumagem. 
Já a glândula do vento produz muco que pode estar associado à fertilização 
interna. 
37
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
O tecido subcutâneo é composto, principalmente, de tecido conjuntivo frouxo, 
além de tecido adiposo. Crista, barbela e lobos das orelhas são estruturas 
ricamente vascularizadas e possuem derme espessa e epiderme delgada. Placas 
epidérmicas cornificadas denominadas de escamas também podem recobrir a 
pele em algumas regiões, como, por exemplo, as pernas e os pés. 
Bico
O bico corresponde aos lábios e dentes dos mamíferos. É uma estrutura 
desprovida de dentes, o que também contribui para a redução do peso. O 
bico é derivado da pele, constituído por cobertura córnea (ranfoteca) para 
as partes rostrais, da maxila (rinoteca) quanto a mandíbula (gnatoteca), que 
crescem continuamente ao longo da vida da ave. 
A prática de debicagem em perus e galinhas criados comercialmente é comum, 
embora exija cautela por ser uma estrutura intensamente inervada. Essa 
prática ocorre por corte da porção superior do bico rostralmente às narinas, 
para prevenir canibalismo entre as aves. De acordo com a espécie, o bico 
pode apresentar formatos distintos. Em psitacídeos, aves de rapina e pombos 
à base da ranfoteca (cera), pode contornar as narinas e é constituída por 
queratina menor firme que o restante do bico. A ranfoteca é particularmente 
proeminente e robusta em aves aquáticas, é usada para seleção sexual pela 
distinção da cor, em galos, é azul, e, em galinhas, é rosa, acastanhada e 
brilhante. 
Penas
As penas são constituídas por epiderme altamente especializada, que, embora 
leves, são fortes e resistentes. A queratina é a substância que forma as penas. 
Essa é um material leve e bom isolante térmico. Existem seis tipos distintos de 
penas: cerdas, plumas, plumas de pó, pulviplumas, semiplumas, filoplumas e 
penas de contorno. 
Penas de contorno, por exemplo, são as penas responsáveis pelo voo, dispostas 
nas asas, corpo e cauda. Esse tipo de pena, também chamado de tectrizes, 
esconde as plumas, as quais criam um eficiente espaço aerado que isola o 
corpo. Remiges (penas das asas) são compostas de aproximadamente 10 
penas primárias e 10 a 20 penas secundárias. Retrizes (penas da cauda) estão 
fixadas ao pigóstilo e são utilizadas para dar direção e frenagem durante o 
38
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
voo. Esse tipo de pena forma pares de penas concentradas em tratos (pterylae) 
nas áreas penadas, deixando algumas áreas glabras (apteria). 
Entende-se por rachis a haste da pena de contorno que se estende para cada 
lado pelo vexilo. O vexilo consiste em diversas ramificações próximas (barbas) 
que conferem à haste principal angulação de 45º. Os vexilos das penas são 
assimétricos, e o lado externo é mais estreito, se comparado ao lado interno para 
o voo aerodinâmico. Existem também barbas adjacentes, conectadas por grande 
número de bárbulas diminutas para formar as superfícies planas do vexilo. Essa 
conexão se dá por ganchos microscópicos nas fileiras distais das bárbulas que se 
entremeiam com demais bárbulas proximais, cruzando-se umas sobre as outras. 
As penas também possuem estrutura denominada umbigo distal. Essa 
estrutura é uma depressão do sulco longitudinal localizada na haste central 
da superfície ventral da pena. O umbigo distal está disposto na face oposta 
da porção proximal penuginosa do vexilo. Hyopenna, pequena pluma de pó 
aveludada, pode emergir do umbigo, e contribuir para maciez da pena. A 
porção embutida como canhão da pena ocupa o folículo e se invagina na pele. 
O canhão é oco e contém ar e debris celulares no seu interior. As plumas são 
formadas por arranjos formados por barbas desconexas que lhes conferem 
uma aparência aveludada e macia. 
A coloração das penas tem influência durante a reprodução, camuflagem e 
proteção contra a luz e o calor. A cor se origina pela produção de pigmentos 
e pela difração da luz nas penas. A melanina confere às penas tons de cinza e 
marrons. Pigmentos carotenoides vermelhos, amarelos e alaranjados conferem 
as cores rosa e vermelho. As cores verde, vermelho e alguns tons de marrom 
podem estar associadas ao pigmento nitrogenado e às porfirinas. 
A muda ou troca das penas também é uma característica importante em 
aves. Ela ocorre para eliminar penas inadequadas ou troca de plumagem 
para camuflagem ou exibição (reprodução). A muda ocorre anualmente sobre 
influência do hormônio tireoidiano. A muda influenciada por hormônio é 
fisiológica, no entanto, aspectos, tais como temperatura, luminosidade e 
nutrição, também podem interferir. 
A muda em aves jovens decorre da substituição da plumagem por penas de 
contorno. Durante a muda, há aumento da necessidade de aporte nutricional 
e energético para suprir as necessidades da epiderme, que se prolifera 
intensamente. As penas de contorno são substituídas gradativamente pela 
complexidade de sua composição. 
39
CAPÍTULO 8
Sistema musculoesquelético
O sistema locomotor das aves é formado por ossos pneumáticos, que são leves 
e frágeis. Há redução e fusão desses ossos, eles proporcionam que o corpo da 
ave se torne mais leve e compacto, ideal para voo.A cauda é reduzida e a pelve 
e a escápula são bem fundidas à coluna vertebral. O esqueleto das aves é mais 
compacto e forte devido à maior concentração de fosfato de cálcio. As principais 
particularidades do esqueleto de aves são a presença de esterno proeminente, 
membros torácicos modificados para formar as asas, fusão de algumas vértebras 
e pelve que se abre ventralmente. 
Ossos pneumáticos são diretamente ligados aos sacos aéreos permitindo a 
passagem de ar pelos divertículos através dos forames pneumáticos. O ar se 
difunde até mesmo pela medula óssea, fazendo com que grande parte dos ossos 
seja preenchido por ar. A pneumatização dos ossos ocorre gradualmente e se 
desenvolve significativamente em aves com habilidade de voos longos. Os sacos 
aéreos são considerados extensões dos pulmões (sem envolvimento com a troca 
gasosa), dispostos em toda a cavidade celomática, misturando-se aos órgãos. 
Outra particularidade é a presença de osso trabecular (medular), que 
representa uma importante reserva de cálcio para a produção de ovos antes 
do início da postura. A formação do osso medular ocorre em fêmeas antes 
da época de postura. As fêmeas concentram e depositam cálcio nesse tipo 
de osso, aproximadamente 10 dias antes do início da postura, para posterior 
assimilação de cálcio para formação da casca do ovo (OROSZ, 1997, p. 480). 
Esse processo de deposição de cálcio é fisiológico e é chamado de hiperostose 
poliostótica ou osteomieloesclerose (SMITH; SMITH, 1997, p.181). A maior 
concentração de cálcio é desencadeada por ação hormonal, como estrógeno 
e andrógeno, e coincide com a maturação de folículos ovarianos (MAZZUCO, 
2005, p. 23).
O osso medular se localiza na cavidade medular e é formado por diversas 
espículas ósseas interconectadas (MAZZUCO, 2005, p. 23; KING; 
MCLELLAND, 1984, p. 57). Além de tornar o osso mais resistente, atua 
como fonte de cálcio fornecendo 40% do cálcio exigido para a formação da 
casca do ovo. A hiperostose poliostótica pode ser erroneamente confundida 
com processos patológicos em exames radiográficos, entretanto é uma 
particularidade das aves de postura. 
40
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
Crânio
O crânio da ave é formado por grandes órbitas localizadas entre o crânio bulboso 
e a face piramidal. Em animais adultos, há a presença de ar (pneumatizado), 
porém a entrada de ar ocorre por comunicação com as vias aéreas da cabeça e 
não pelos sacos aéreos. 
Duas placas espessas separadas por osso esponjoso formam o crânio. O osso 
occipital envolve o forame magno e um único côndilo occipital (ventral ao 
forame magno) se articula com o atlas, compondo a articulação responsável por 
movimentação da cabeça sobre a coluna vertebral. Essa articulação permite uma 
maior amplitude de giro quando comparada aos mamíferos. Existe também a 
cavidade timpânica, que compreende a depressão semiesférica na parte mais 
baixa da superfície lateral do crânio. A margem dessa cavidade limita o meato 
acústico externo e, ao fundo, estão localizadas as janelas coclear e vestibular. 
Os ossos nasal e pré-maxilares formam a face das aves. O osso nasal é dorsal 
e pode estar envolvido com o estabelecimento de uma conexão cartilaginosa 
flexível com o osso frontal. Tal conexão permite que a maxila se movimente 
para cima quando a mandíbula se movimenta para baixo. Já a maxila é uma 
estrutura pequena que se conecta à articulação mandibular pelo arco jugal 
(arco zigomático em mamíferos) e está localizada logo abaixo da abertura 
nasal. Os ossos palatinos também compõem a face e são hastes posicionadas 
caudalmente, que conectam os ossos pterigoides aos pré-maxilares, 
ventralmente às órbitas. 
A mandíbula é formada por dois finos ossos fundidos rostralmente e cobertos 
pelo bico inferior. A mandíbula se conecta ao crânio na sua superfície cauda, 
entre a órbita e o meato acústico externo, pelos ossos quadrado e articular 
(ossículos martelo e bigorna em mamíferos). O osso quadrado está ligado ao 
osso palatino e ao arco jugal em forma de haste. Algumas espécies de aves 
possuem uma zona flexora craniofacial, depressão mandibular que rotaciona 
o osso quadrado, movimentando rostralmente o arco jugal e o osso palatino. 
Esqueleto axial
O esqueleto axial é formado por osso esterno, costelas, coluna vertebral 
e pelve (fixada ao sinsacro). A coluna vertebral não pode ser facilmente 
dividida pela fusão entre algumas vértebras cervicais e torácicas. O número 
de vértebras cervicais pode variar de acordo com o comprimento do pescoço. 
41
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
Cisnes, por exemplo, possuem até 25 vértebras cervicais, já aves pequenas, 
como periquitos, possuem somente oito. 
O arco ventral do atlas se articula com o côndilo occipital. Nesse arco, existe 
ainda uma face (articular) para dentro do áxis. O áxis se difere das demais 
vértebras cervicais pela presença do dente e do processo articular cranial. As 
vértebras cervicais são cilíndricas e se articulam com as costelas cervicais. 
Existem entre três e dez vértebras torácicas e, em algumas espécies, como 
galinhas e pombos, as primeiras três ou cinco vertebras são fundidas tornando-
se uma única estrutura rígida. Caudalmente à fusão vertebral, há uma única 
vértebra torácica livre (única vértebra móvel do tronco da ave). A vértebra 
torácica móvel se articula tanto cranial quanto caudalmente por articulações 
sinoviais. O sinsacro é formado pela fusão das duas últimas ou da última 
vértebra torácica com as vértebras lombares, sacrais e a primeira vértebra 
caudal. Por sua vez, o sinsacro se funde caudalmente a ossos longos do quadril 
e é seguido por cinco ou seis vértebras caudais livres que proporcionam a 
movimentação da cauda. Pigóstilo corresponde ao segmento mais caudal da 
coluna, composto de diversas estruturas rudimentares, que funcionam como 
suporte às penas de voo da cauda. 
A pelve é acentuadamente côncava, ventral e longa, composta de sinsacro e 
ossos coxais direto e esquerdo. Ela abrange grande porção do tronco, permitindo 
a postura bípede das aves. Os ossos coxais não se encontram em uma sínfise 
ventral, permitindo a passagem dos ovos, contudo não promovendo uma forte 
sustentação das vísceras presentes na cavidade celomática. 
Os ossos ílio, ísquio e púbis compõem o quadril das aves, constituindo o ílio 
a superfície dorsal, o ísquio, a superfície lateral, e a púbis fixada à margem 
ventral do ísquio. Acetábulo perfurado é formado pela fusão do ílio e do ísquio e 
caudodorsalmente a ele está o antitrocânter, que se articula com o trocânter do 
fêmur limitando o movimento de abdução. 
As costelas possuem sua porção vertebral e esternal. Em mamíferos, a porção 
vertebral corresponde à parte óssea, e a esternal, à parte cartilaginosa. A 
porção vertebral das costelas possui, em sua maioria, um uncinado posicionado 
caudodorsalmente, que se sobrepõe à costela seguinte permitindo a inserção de 
ligamentos e músculos. 
O esterno é uma estrutura única e ampla, em que se fixam grandes 
músculos. Em indivíduos jovens, a superfície caudal é cartilaginosa, 
porém se ossifica posteriormente. A quilha é um prolongamento anterior 
42
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
do osso esterno em que se inserem os músculos peitorais, responsável pelo 
batimento das asas. Aves com boa habilidade de voo possuem quilhas mais 
desenvolvidas e proeminentes que as demais. Algumas espécies de aves de 
grande porte, como ema e avestruz, não possuem quilhas. Embora galinhas 
tenham baixa habilidade em voar, elas possuem esterno estreito e longo 
com quilha profunda. 
A quilha é o osso mais indicado para colheita de amostras de medula 
óssea em galinhas e aves de cativeiro pela sua disposição subcutânea e 
de fácil acesso. Contudo, a sua localização na superfície corporal também 
confere algumas desvantagens, como o maior risco de lesões e fratura 
durante o empoleiramento, por exemplo. 
No esterno, também há um processo mediano em sua porção cranial 
denominada manúbrio. Esse processo é rodeado por grandes facetasonde se 
ligam os ossos coracoides. Manúbrios longos envolvendo as articulações com 
as costelas esternais elevam a sustentação e a estabilidade da região. 
Esqueleto peduncular
Em aves, o esqueleto peduncular é distinto em relação aos mamíferos pela 
presença de membros torácicos modificados em asas e membros pélvicos 
exclusivamente responsáveis pela locomoção em solo. Os ossos que compõem 
os membros torácicos se fixam no esqueleto axial por intermédio do cíngulo 
presente nesses membros. Já a conexão dos membros pélvicos ocorre no 
acetábulo da pelve. 
Membro torácico
Escápula é um dos ossos que compõem os membros torácicos, está localizada 
lateral e paralelamente à coluna vertebral, estendendo-se em direção à pelve. 
É uma haste achatada cranialmente conectada à clavícula e ao coracoide. A 
união da escápula com o coracoide forma uma superfície articular que recebe 
a cabeça do úmero. O coracoide ainda tem como função proteger os ossos e as 
articulações locais contra a vigorosa movimentação das asas por meio da sua 
extensão a partir da articulação do úmero para proporcionar uma articulação 
com a extremidade cranial do esterno. 
43
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
A fúrcula é originária da fusão das clavículas direta e esquerda. Sua superfície 
ventral mediana se fixa à extremidade cranial do esterno e coracoides, 
conectando as articulações dos úmeros e auxiliando na estabilidade do cíngulo 
ao esqueleto axial. A fúrcula participa do processo de voo, pois um forame, 
denominado de canal triósseo, presente na junção da fúrcula, escápula, 
coracoide, conduz o tendão dos músculos associados ao voo. 
O úmero de aves é achatado em ambas extremidades, na extremidade proximal 
estão os tubérculos ventral e dorsal. Diferente de muitos animais, a ulna das 
aves é mais espessa e longa que o rádio. Apenas dois ossos da fileira proximal 
do carpo são separados (ossos ulnar e radial), porque os demais são fundidos e 
todos os que compõem a fileira distal são fundidos ao metacarpo. Os três ossos 
metacarpianos são fundidos e as falanges dos dedos 3 e 4 suportam as penas 
primárias para o voo.
O músculo peitoral se origina a partir da quilha do esterno e da fúrcula, e se 
insere na superfície ventral do tubérculo dorsal do úmero. Sua contração resulta 
na movimentação das asas. O músculo supracoracoideo possui a mesma origem 
e seu tendão passa pelo canal triósseo (forame localizado na junção da escápula 
com o coracoide e a clavícula) e se insere próximo ao seu antagonista. 
A palpação da musculatura peitoral permite avaliação do score corporal 
da ave. É uma região utilizada para administração de medicamentos por 
via intramuscular devido ao grande volume da massa muscular local. 
Como toda aplicação de medicamentos, injeções intramusculares devem 
ser realizadas com cautela e deve-se evitar a região cranial dos músculos 
peitorais em razão da presença de rede de vasos complexos e risco de 
hemorragias graves. 
A margem em que se inicia a asa é chamada de propatágio, que é uma dobra 
triangular de pele que se estende da região proximal do úmero ao carpo. Em 
conjunto com as penas, o propatágio é fundamental para movimentos do voo e 
qualquer lesão nesse local pode incapacitar a ave de voar. 
Membro pélvico
O fêmur é o segundo osso mais longo do membro pélvico, posicionado 
cranialmente ao corpo da ave para permitir o posicionamento correto dos 
pés. O osso tíbiotarso, osso mais longo do membro pélvico, surge pela fusão 
dos ossos tíbia e tarso, a fíbula se liga à sua face lateral. A porção proximal 
da fíbula, que se articula com o fêmur, é espessa, e a porção distal, estreita. 
44
UNIDADE I │ ANATOMIA DAS AVES
Figura 2.
 
 
Coracoide 
Esterno 
Bico 
córneo 
Vestígios dos 
ossos dos dedos Ossos longos, 
pneumáticos 
Pigóstilo (vértebras 
caudais fundidas 
Joelho 
Fonte: Segundo ano biologia, 2019 (com adaptações).
O fêmur das aves é semelhante ao dos mamíferos, pode ser palpado na sua 
extremidade proximal e utilizado para colheita de amostras de medula óssea, 
principalmente em aves de pequeno porte.
As aves possuem patela e fazem parte da articulação do joelho, ligamentos 
cruzados cranial e caudal, ligamentos colaterais e dois meniscos. Existe também o 
osso tarsometatarso, proveniente da fusão dos elementos distais do tarso ao osso 
metatársico. A articulação intertásica possui movimentos restritos de extensão e 
flexão devido a total fusão dos ossos do tarso. 
Os tendões flexores digitais se inserem na face caudal da articulação intertársica. 
Já o tendão gastrocnêmico se origina na superfície caudal da cartilagem tibial 
e termina na face plantar do tarsometatarso. Os tendões flexores digitais 
são tensionados ao movimento de flexão das articulações do joelho e jarrete, 
realizando o fechamento dos dígitos. 
Distúrbios locomotores estão associados a inúmeros fatores, como manejo e 
alojamento. Esses distúrbios são mais comuns em aves pelo melhoramento 
genético de rápido crescimento que pode afetar a composição mineral dos 
45
ANATOMIA DAS AVES │ UNIDADE I
ossos e das cartilagens, aumentando o risco de aparecimento de 
alterações locomotoras. 
Os distúrbios locomotores detectados em aviculturas industriais 
de frango de corte podem ser infecciosos ou não infecciosos. As 
deformidades angulares como valgus e varus têm uma alta incidência 
e são uma das principais causas de prejuízos à avicultura de corte, 
afetando aproximadamente 20% dos frangos. As deformidades em 
ossos longos estão associadas ao rápido crescimento e ocasionam 
problemas locomotores. Frangos de corte com deformações nos ossos 
longos desenvolvem debilidade acentuada, e a musculatura da região 
pode atrofiar.
Em algumas alterações ósseas, como a Perose, o tendão 
gastrocnênimico se desloca do côndilo fazendo com que as aves 
apresentem claudicação e desenvolvam deformidades ósseas. 
Perose, ou condrodistrofia, é uma condição na qual a cartilagem epifisária 
dos ossos longos ossifica prematuramente e, consequentemente, os 
membros param o crescimento antes da maturidade. As pernas são 
curtas e grossas, as articulações intertarsais estão aumentadas de 
volume e deformidades angulares. A ave apresenta dificuldade de 
locomoção, escoriações e placa de crescimento reduzida.
A cama do aviário também pode determinar o aparecimento de 
alterações locomotoras. Ela evita contato direto das aves com o solo, 
absorve a água e se mistura às excretas, além de ser um bom isolante 
térmico. No entanto, quando o material para ser utilizado como cama 
não é de boa qualidade, pode aumentar a incidência de lesões no 
peito, nas articulações e no coxim plantar. 
Assim como outros animais, as aves também possuem fibras 
musculares vermelhas e brancas. Determinados músculos podem ser 
brancos em uma espécie de ave e vermelhos em outra. Os músculos peitorais, 
por exemplo, são vermelhos em aves com habilidade de voo e brancos em 
galinhas e perus. Tal diferença se dá pela necessidade de aporte energético 
local, pois os músculos vermelhos são mais adaptados ao esforço físico 
prolongado, e os músculos brancos são mais potentes e menos resistentes 
ao esforço.
46
CAPÍTULO 9
Sistema endócrino
O sistema endócrino é constituído por glândulas produtoras de hormônios. 
Hormônios exercem funções diversas, até mesmo o estabelecimento de ligação e 
estímulo a execução de funções. Alguns hormônios secretados pela hipófise, por 
exemplo, agem diretamente no hipotálamo, localizado no sistema nervoso. 
Hormônios estabelecem uma complexa rede de sinais e mediadores químicos 
que controlam as funções e reações do organismo. Exercem função fundamental 
no desenvolvimento de órgãos, no crescimento e no desenvolvimento, na 
reprodução e na diferenciação sexual. Alteração da concentração dessas 
substâncias no organismo pode modificar funções e características de órgãos 
e sistemas. 
Sua ação é específica, limitada às células-alvo, que possuem no citosol 
ou na membrana receptores hormonais

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