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DIREITO CIVIL V: PERDA DA PROPRIEDADE + PROPRIEDADE RESOLÚVEL + PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA Universidade Católica de Pelotas Curso de Direito Direito Civil V - 2020/02 Profª Marcela Simões Silva Perda da propriedade A perda da propriedade pode ocorrer de 2 modos: Voluntário: Involuntário: Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação. Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis. Abandono: ato unilateral, não havendo necessidade de expressa declaração. Qualquer pessoa pode adquirir? Como? Se for coisa móvel: Se for coisa imóvel: Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. § 1 o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize. § 2 o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais. ABANDONO Instrumentos de regularização urbana Lei Federal nº13.465/2017 Capítulo IX: Arrecadação de imóveis abandonados Art. 64. Os imóveis urbanos privados abandonados cujos proprietários não possuam a intenção de conservá-los em seu patrimônio ficam sujeitos à arrecadação pelo Município ou pelo Distrito Federal na condição de bem vago. § 2º O procedimento de arrecadação de imóveis urbanos abandonados obedecerá ao disposto em ato do Poder Executivo municipal ou distrital e observará, no mínimo: I - abertura de processo administrativo para tratar da arrecadação; II - comprovação do tempo de abandono e de inadimplência fiscal; III - notificação ao titular do domínio para, querendo, apresentar impugnação no prazo de trinta dias, contado da data de recebimento da notificação. ENUNCIADOS: Abandono e Arrecadação Enunciado nº 242 da III Jornada de Direito Civil: “Art. 1.276. A aplicação do art.1276 depende do devido processo legal, em que seja assegurado ao interessado demonstrar a não cessação da posse.” Enunciado nº243 da III Jornada de Direito Civil: “A presunção de que trata o §2º do art. 1276 não pode ser interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do art. 150, IV, da Constituição da República.” Enunciado nº597 da VII Jornada de Direito Civil: “A posse impeditiva da arrecadação, prevista na art. 1276 do Código Civil, é efetiva e qualificada pela sua função social”. PROPRIEDADE RESOLÚVEL Artigos 1359 – 1360 Análise da propriedade ad tempus “Resolução” Trata-se daquela em que no seu bojo já existe a sua extinção PROPRIEDADE RESOLÚVEL A propriedade resolúvel se caracteriza por trazer no próprio título constitutivo do direito de propriedade a causa da sua extinção. “É uma propriedade temporária” Advento de uma condição: Advento de um termo: Dica: “Sempre que a propriedade for resolúvel para um, estará sob condição ou termo suspensivo para outro, ainda que a operação opere em favor do próprio alienante.” Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. Os efeitos da resolução da propriedade verificam-se ex tun, a situação volta ao status quo. Como pode ser constituída no ordenamento jurídico? Compra e venda Retrovenda Doação com cláusula de reversão PROPRIEDADE RESOLÚVEL PROPRIEDADE RESOLÚVEL Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor. Causa superveniente: causa que não estava prevista. Exemplo: ação rescisória IMPORTANTE! Enunciado 509 da V Jornada de Direito Civil: “ A resolução da propriedade, quando determinada por causa originária, prevista no título, opera ex tunc e erga omnes; se decorrente de causa superveniente, atua ex nunc e inter partes.” PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA Artigos 1361 – 1368 Fidúcia significa confiança “Resolução” Coisas móveis infungíveis. PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com garantia, transfere ao credor. Na alienação fiduciária em garantia, dá-se a transferência do domínio do bem móvel ao credor (fiduciário) em garantia, permanecendo o devedor (fiduciante) com a posse direta da coisa. PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. § 1 o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro. § 2 o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa. § 3 o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária. PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá: I - o total da dívida, ou sua estimativa; II - o prazo, ou a época do pagamento; III - a taxa de juros, se houver; IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua identificação. Direitos e obrigações do fiduciante Ficar com a posse direta da coisa e o direito eventual de reaver a propriedade plena, com o pagamento da dívida; Como depositário, antes de vencida a dívida, conservar o bem em seu poder; Em caso de inadimplemento, entregar o bem ao credor no vencimento; Em caso de ser movida ação de busca a apreensão, executada a liminar, no prazo de cinco dias, poderá pagar a integralidade da dívida pendentes, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído livre do ônus; Receber o saldo apurado na venda do bem efetuada pelo fiduciário para satisfação do seu crédito; Responder pelo remanescente da dívida, se a garantia não se mostrar suficiente; Não dispor do bem alienado, que pertence ao fiduciário, embora possa ceder o direito eventual de que é titular. SUBROGAÇÃO!!! Obrigações do credor fiduciário A obrigação principal consiste em propor ao adquirente o financiamento a que se obrigou, bem como em respeitar o direito de uso regular da coisa por parte deste; Se o devedor é inadimplente, o credor venderá o bem, de forma judicial ou extrajudicial, aplicando o preço no pagamento de seu crédito e acréscimos, e a entregar o saldo, se houver ao devedor. Súmula n. 72 do STJ: “A comprovação da mora é imprescindível a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente” Art. 1.363. Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário: I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza; II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento. Art. 1.364. Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicaro preço no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor. VEDAÇÃO AO PACTO COMISSÓRIO Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta. .MsftOfcThm_Accent1_Fill { fill:#4472C4; } .MsftOfcThm_Accent1_Stroke { stroke:#4472C4; }
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