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Propriedade resolúvel e fiduciária 1

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5
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL
FERNANDA TEIXEIRA LEITE
DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL E 
DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA
BRASÍLIA
	2019
	
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	2
2 DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL.	3
2.1 CONCEITO	3
2.1.1 O QUE É TERMO?	3
2.1.2 O QUE É CONDIÇÃO RESOLÚVEL?	3
2.2 NATUREZA JURÍDICA	4
2.2.1 PELO IMPLEMENTO DA CONDIÇÃO OU PELO ADVENTO DO TERMO (ART. 1.359)	4
2.3 PROPRIEDADE RESOLÚVEL ORIGINÁRIA – ART.1.359 CC	5
2.4 PROPRIEDADE RESOLÚVEL DE FORMA SUPERVENIENTE – ART. 1.360 CC	5
3 DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA	7
3.1 CONCEITO	7
3.2 PARTES	8
3.3 REQUISITOS	9
3.4 O QUE DEVE TER NO CONTRATO	9
3.5 REGRAS DO CÓDIGO CIVIL	9
4 PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS SOBRE O TEMA	13
4.1 PONTOS POSSITIVOS	13
4.2 PONTOS NEGATIVOS	13
CONCLUSÃO	14
REFERÊNCIAS	15
	
1 Introdução
Esse trabalho abordará os temas Da Propriedade Resolúvel e Da propriedade Fiduciária, respectivamente. No capítulo 2, faremos abordagem do primeiro tema, trazendo seu conceito (2.1), disposto nos artigos 1.359 e 1.360 do Código Civil, explicação sobre o seu termo, condição e sua natureza jurídica. Já o capítulo 3, ficará encarregado de trazer a ideia do que é a propriedade fiduciária, dividindo-se também em conceito (3.1) e incluindo a lei 4728/65 como explicação de como esse ordenamento foi instituído no direito brasileiro. Falaremos sobre as partes, citando a visão doutrinária esclarecida por TARTUCE, seus requisitos e sua abordagem no Código Civil. Também utilizamos como fonte de estudo a doutrina de VENOSA, para conduzir esses temas com mais propriedade.
2 Da Propriedade Resolúvel.
2.1 Conceito
A propriedade resolúvel está disposta no Código Civil de 2002, nos artigos 1.359 e 1.360, e tem esse nome pois pode ser extinta a qualquer momento mediante termo ou condição e ainda por superveniência capaz de acabar com a relação jurídica (Tartuce, 2019, p. 179). Venosa, por sua vez, conceitua propriedade resolúvel como título aquisitivo onde o titular já sabe, ou pelo menos deveria saber, que a propriedade pode vir a ter fim e que os direitos reais concedidos durante a pendência desaparecerão (Venosa, 2012, p. 395). Essa hipótese de propriedade se aplica tanto a móveis como a imóveis.
O artigo 1.359 traz a seguinte redação: 
Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. 
Os efeitos aqui retroagem, são ex tunc. Já no artigo 1.360 não há a hipótese de extinguir a propriedade por termo ou condição, mas sim por causa superveniente, como por exemplo contrato de doação com cláusula de reversão, cláusula especial de venda com reserva de domínio, entre várias outras hipóteses de extinção. Aqui, os efeitos não retroagem, ou seja, são ex nunc. 
Em todas as hipóteses, o proprietário resolúvel perderá os direitos adquiridos anteriormente e a relação jurídica deixará de existir, porém, não pode o proprietário reivindicante sofrer com os resquícios materiais deixados pelo proprietário anterior, de forma que aquele poderá ser indenizado com perdas e danos caso seja comprovada má-fé, culpa grave ou desídia do proprietário resolúvel. 
2.1.1 O que é termo? 
É o momento, certo e futuro, em que começa ou finda-se a eficácia do negócio jurídico. As partes poderão convencionar o dia, hora e mês que tal evento deverá ocorrer e não haverá perda do direito já adquirido, como na condição, já que se sabe ao certo que tal evento ocorrerá. Este instituto está disposto no artigo 135 do Código Civil. 
2.1.2 O que é condição resolúvel?
 Condição é um acontecimento futuro e incerto, em que as partes não são capazes de prever quando vai acontecer. Está regulamentado nos artigos 121 a 130 do Código Civil. A condição resolúvel, especificamente, está disposta no artigo 127. Esta condição determina que assim que ocorre um evento futuro e incerto, os direitos adquiridos pelo proprietário resolúvel deixam de existir.
2.2 Natureza jurídica 
A natureza jurídica de Propriedade Resolúvel gera controvérsias doutrinárias, já que para uma corrente ela é domínio de natureza especial e para outra é uma propriedade comum. Nosso Código Civil de 2002 adota a corrente que diz ser de domínio de natureza especial, na qual regula a propriedade resolúvel como modalidade de propriedade. 
O proprietário resolúvel poderia ser considerado proprietário pleno, se não tivesse nenhuma limitação, tal como na duração de seu direito, que depende da ocorrência ou não de um fato futuro, que pode ser, como já dissemos, certo ou incerto mesmo sendo revogável seu domínio. São exceções ao princípio de que o direito da propriedade é perpétuo e irrevogável. 
2.2.1 Pelo implemento da condição ou pelo advento do termo (art. 1.359)
A condição ou termo referido constam do título constitutivo da propriedade. O terceiro adquirente conhece, ou poderia conhecer mediante análise do título, a existência da condição de termo resolutivo aptos a findar o domínio sobre a coisa adquirida.
O terceiro assume o risco de perder a coisa, caso possua condição ou termo, devendo suportar o prejuízo resultante, sem reclamar danos.
A prática de Propriedade Resolúvel é difícil de se tornar operacional. O adquirente deve assumir o risco de perder o valor da propriedade, mesmo adquirindo a propriedade abaixo do valor válido, então haverá uma despesa financeira. É válido deixar claro que cada caso deve ser analisado individualmente, pois algumas vezes as condições que norteiam o negócio jurídico podem ser favoráveis ao adquirente.
Exemplo: 
Se alguém recebe um imóvel em doação e depois o aliena, o adquirente será considerado proprietário perfeito caso, posteriormente, o doador resolva revogar a doação por ingratidão (art. 557, CC). A revogação ocorrerá, mas o terceiro não pode ser prejudicado por causa superveniente que não podia prever. Neste caso, o doador só poderá cobrar o valor da coisa ao donatário, pois esta continuará pertencendo ao adquirente de boa-fé.
2.3 Propriedade Resolúvel Originária – art.1.359 CC	
Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha (Art.1.359 do Código Civil, 2002).
A norma citada acima trata que, se finda a propriedade, seja por condição resolúvel ou por termo, entende-se também resolvidos os direitos reais concedidos na constância do domínio da coisa adquirida (TARTUCE, 2018, p. 931).
Na forma originária da propriedade resolúvel, a condição extintiva encontra-se no próprio título, de forma que o adquirente tem conhecimento da mesma. Um exemplo dessa forma é a retrovenda, instituto previsto no artigo 505 do Código Civil. Nesta previsão, é permitido ao vendedor o direito de recobrar o bem imóvel dentro do prazo previsto em lei, mediante cláusula contratual. Os efeitos da resolução originária foram abordados na primeira parte do enunciado: “A resolução da propriedade, quando determinada por causa originária, prevista no título, opera ex tunc e erga omnes; se decorrente de causa superveniente, atua ex nunc e inter partes” (Enunciado n. 509 do CJF/STJ).
O fideicomisso também serve como exemplo de resolução de propriedade, caso em que a duração da propriedade é subordinada a uma condição ou termo, sendo que, o testador determina que a herança seja para determinada pessoa, o fiduciário, mas em detrimento de uma condição. A título exemplificativo, quando ocorrer o falecimento do fiduciário, a herança passa para a pessoa que realmente deverá receber o bem, o fideicomissário (Artigo 1.951, Código Civil, 2002).
Segundo a interpretação do artigo, vale dizer que, se constar na doação uma cláusula de reversão, em que esta trata do direito do doador de reaver a coisa em face do falecimento do donatário, a resolução da propriedade trará efeitos retroativos (ex tunc),desta forma podendo atingir terceiros (TARTUCE, 2018, p. 931).
2.4 Propriedade resolúvel de forma superveniente – Art. 1.360 CC 
Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra cuja propriedade se resolve para haver a própria coisa ou o seu valor (art.1.360, do CC). 
Aqui não há menção à condição e ao termo, mas a um fato novo, superveniente, que também gera a extinção. Os efeitos não são retroativos, mas ex nunc (a partir de então, da resolubilidade). Ilustrando essa causa superveniente da resolução da propriedade, destaque-se a ingratidão do donatário, que gera a revogação do contrato (art.555, do CC) (TARTUCE, 2018, P.931).
Resumindo as ligações expostas, na V Jornada de Direito Civil aprovou-se enunciado didático, com a seguinte redação: “A resolução da propriedade, quando determinada por causa originária, prevista no título, opera ex tunc e erga omnes; se decorre de causa superveniente, atua ex nunc e inter partes” (Enunciado n. 509 do CJF/STJ). 
Neste ponto, é importante trazer nota da doutrina contemporânea. Isso porque há quem entenda que o art. 1.360 do CC não traz modalidade de propriedade resolúvel, mas a propriedade ad tempus. Isso porque:
ao contrário da propriedade resolúvel, aqui inexiste cláusula contratual de limitação temporal da eficácia do negócio jurídico. Na propriedade ad tempus, a extinção do direito de propriedade decorre de um evento superveniente. Portanto, não se trata exatamente de propriedade resolúvel, porém revogável em razão de um evento futuro (TARTUCE, 2018, p.931). 
Esse entendimento acaba sendo o minoritário, pois, por opção legislativa, a propriedade é resolúvel diante de um fato que se enquadra no plano da eficácia. Isso ocorre com a condição e com o termo (art.1.359 do CC), bem como diante do motivo superveniente mencionado no art. 1.360 do CC. 
3 Da Propriedade Fiduciária
3.1 Conceito
Devido aos estudos realizados a respeito dos direitos reais de garantia (hipoteca, penhor e anticrese), somando-se a análises da vida moderna, faz-se clara a necessidade de uma dinamização do crédito e outras riquezas para assegurar ao consumidor maior facilidade na aquisição de bens. Em virtude disso, foram criados diversos institutos legais que, visando a melhora na aplicabilidade do penhor e da hipoteca, visto o desuso da anticrese na atualidade, atribuíram-lhes aspectos que se mostram ausentes no Código Civil.
Em meio as lacunas deixadas pelos institutos anteriores, o Direito brasileiro através da Lei 4.728/65 em seu artigo 66, introduz ao ordenamento um novo direito real de garantia, a alienação fiduciária, que se integraria ao rol já existente detendo suas próprias características conforme Venosa (VENOSA, 2012, p. 401).
Apesar da Lei 4.728/65 ter introduzido essa modalidade no direito brasileiro, a mesma veio sendo lapidada com o passar dos anos, por meio do Decreto-Lei n. 911/69 que dentro de nove artigos disciplinava a respeito da alienação fiduciária, vindo a ser de grande utilidade no mundo negocial, e alterava a redação original do art. 66 para a seguinte: 
Art. 66 A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal.
O referido decreto em seu art. 3º veio a sofrer posteriormente modificação pela Lei 10.931/24, aplicando-se então, “com efeito, apenas, no que couber, às questões de natureza processual, estando revogado naquilo que respeita o direito material”, (GONÇALVES, 2016, p. 439).
O Código Civil trata do tema de maneira geral, com o título de propriedade fiduciária, entre os artigos 1.361 a 1.368, passando a regular as questões de direito material. O conceito de propriedade fiduciária é trazido pelo artigo 1.361, que disciplina da seguinte forma: “Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor”. 
Portanto é o bem móvel do devedor transferido ao credor em garantia a um pagamento de dívida, cujo domínio se resolverá após paga a última parcela desta. No mesmo pensamento aduz Carlos Roberto Gonçalves:
Na propriedade fiduciária dá-se a transferência do domínio do bem móvel ao credor, denominado fiduciário (em geral, uma financeira, que forneceu o numerário para a aquisição), em garantia do pagamento, permanecendo o devedor (fiduciante) com a posse direta da coisa. O domínio e a posse indireta passam ao credor, em garantia. Não se dá tradição real, mas sim ficta, pelo constituo possessório. O domínio do credor é resolúvel, pois resolve-se automaticamente em favor do devedor alienante, sem necessidade de outro ato, uma vez paga a última parcela da dívida. GONÇALVES,2016, p.439
Podemos observar que o dispositivo do art. 1.361 tem por objeto somente os bens móveis, infungíveis e alienáveis, porém, também é possível a alienação fiduciária de bens imóveis. É regulada pela Lei 9.514/97 em seu artigo 22, que já sofreu alterações pela Lei 11.481, a qual sanou dúvidas quanto a aplicação da alienação fiduciária de imóveis em qualquer situação e por qualquer pessoa.
3.2 Partes
Para Tartuce (2018), quando se trata das partes na matéria de alienação fiduciária, tem-se a figura do alienante originário (aquele que vende o bem), o comprador - devedor fiduciante (alienação fiduciária em garantia) e a figura do credor fiduciário (tem a propriedade resolúvel da coisa mais garantia).
O contrato de alienação fiduciária contém duas partes: o credor fiduciário, que é a empresa administradora de consórcio ou a instituição financeira; e o devedor fiduciário, que é aquele a quem é concedido o financiamento direto. Por isso, é considerado um negócio jurídico bilateral.
A alienação fiduciária traz a figura do “devedor ou fiduciante, com o escopo de garantia que contrata a transferência ao credor ou fiduciário, dá propriedade resolúvel de coisa imóvel” (TARTUCE, 2018, p. 1120).
O art. 1° do Decreto-lei 911/1969 diz que: 
a alienação fiduciária em garantia, transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independente da tradição efetiva do bem, torna-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhes incumbem de acordo com a lei civil e penal.
Assim, “[...] a posse direta do bem fica com o devedor fiduciante, tendo o credor fiduciário a mera posse indireta, que decorre do exercício do direito dominial” (TARTUCE, 2018, p. 1120).
Desse modo, na relação negocial o credor fiduciário paga diretamente ao alienante originário, sendo mantida a posse direta do bem móvel ou imóvel com o devedor fiduciante (TARTUCE, 2018).
3.3 Requisitos
Por se tratar de negócio jurídico, para que a propriedade fiduciária possa se habilitar e produzir efeitos jurídicos, esta deverá observar ao disposto no art. 1.361, §1º, do Código Civil que apresenta requisitos para sua constituição pela seguinte redação:
Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro.
Há discussões a respeito do requisito de anotação no certificado de registro, já atacado pelo Min. Luiz Fux, que afirma que a eficácia do registro de licenciamento é maior do que a simples anotação no cartório de títulos e documentos, pois as atividades de registro devem ser postas a conta de fiscalização pelo poder judiciário e não ao executivo, como é o caso. 
3.4 O que deve ter no contrato
O contrato trata de requisito formal para constituição da propriedadefiduciária, visto que se faz necessário um instrumento escrito para que sirva de título, registrado no Registro de Títulos e Documentos. Deverá conter segundo os incisos do artigo 1.362:
I - O total da dívida, ou sua estimativa;
II - O prazo, ou a época do pagamento;
III - a taxa de juros, se houver;
IV - A descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua identificação.
3.5 Regras do Código Civil
A alienação fiduciária em garantia constitui um direito real de garantia previsto no CC/2002. Os arts. 1.361 a 1.368-B, dispõem sobre a propriedade fiduciária de bens móveis infungíveis, em termos gerais. O Decreto-lei 911/1969 trata especificadamente da alienação fiduciária em garantia sobre bens móveis. Já a Lei 9.514/1997 trata da alienação fiduciária em garantia sobre bens imóveis (TARTUCE, 2018, p. 1119). 
Com base no estudo de Tartuce (2018), esclarece o Capítulo IX a respeito da Alienação Fiduciária, a luz do Código Civil, desenvolvendo seu pensamento explicando ponto a ponto sobre essa temática.
Segundo o artigo 1.361: “Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor”. É bastante comum na prática a garantia de veículos, para fins contratuais, bens móveis infungíveis, repetindo regras e preceitos que já constavam do art. 66 da Lei 4.728/1965 e do Decreto-lei 911/1969 (TARTUCE,2018).
Consoante o art. 1.362 e do mesmo art. 1° do Decreto-lei 911/1969, o contrato que serve como título de propriedade fiduciária deve conter os seguintes requisitos: o total da dívida, ou estimativa se for determinável; prazo ou época de pagamento; taxa de juros, se houver e descrição da coisa objeto de transferência, com elementos indispensáveis à sua identificação (Tartuce, 2018, p. 1122).
Art. 1.363 Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário:
I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza;
II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento.
O tratamento do devedor como depositário já constava no Decreto-lei. O STF baniu prisão civil ao depositário infiel, em qualquer modalidade de depósito. Conclui-se que vale para qualquer modalidade de depósito (Tartuce, 2018, p. 1122).
Art. 1.364 Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor.
Já constava no Decreto-lei 911/1969, alterado pela Lei 13.043/2014, acrescentou a necessidade de prestação de contas por parte do credor, em prol da boa-fé e também incluída a aplicação da venda extrajudicial para os casos de leasing ou arrendamento mercantil (Tartuce, 2018, p. 1123).
No art. 1.365: “É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento”. Entretanto, pode o devedor dar o seu direito em pagamento da dívida (dação em pagamento) após o seu vencimento. Assim, será nulo o pacto comissório real em qualquer modalidade de alienação fiduciária em garantia (Tartuce, 2018, p. 1136).
Conforme o art. 1.366: “Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante”. Assim o credor da dívida deixa de ser um credor com direito real e passa a ser um credor com direito real e passa a ser um credor quirografário ou comum (Tartuce, 2018, p. 1137).
De acordo com o art. 1.367, não se aplica mais a regras relativas à extinção do penhor, pois não há menção ao art. 1.436 do CC no dispositivo modificado. A propriedade fiduciária em garantia de bens móveis ou imóveis sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do Livro III da Parte Especial deste Código e, no que for específico, à legislação especial pertinente, não se equiparando, para quaisquer efeitos, à propriedade plena de que trata o art. 1.231.
Dessa forma, o art. 1.368 diz que: “ O terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se sub-rogará de pleno direito no crédito e na propriedade fiduciária”. A norma se aplica tanto ao terceiro interessado quanto ao terceiro não interessado que, aqui, têm tratamentos iguais. Dispositivo representa exceção à regra da teoria geral das obrigações pela qual o terceiro não interessado que paga a dívida no seu próprio nome tem direito de reembolso, mas não se sub-roga dos direitos do credor (art. 305 do CC), (Tartuce, 2018, p. 1137).
Assim, como no art. 1.368-A, incluído pela Lei 10.931/2004, ao prever que as demais espécies de propriedade fiduciária ou de titularidade fiduciária não previstas pela nova redação, submetem-se à disciplina específica das respectivas leis especiais. Assim, somente se aplicam as disposições do CC/2002 naquilo que não for incompatível com a legislação especial (Tartuce, 2018, p. 1119-1120).
Art. 1.368-B. A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor. 
Parágrafo único. O credor fiduciário que se tornar proprietário pleno do bem, por efeito de realização da garantia, mediante consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra forma pela qual lhe tenha sido transmitida a propriedade plena, passa a responder pelo pagamento dos tributos sobre a propriedade e a posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros encargos, tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir da data em que vier a ser imitido na posse direta do bem. 
Tal inovação, fez com que a alienação fiduciária passasse a ter natureza mista, de dois direitos reais sobre a coisa alheia. Na perspectiva do credor, a alienação continua sendo um direito real de aquisição de garantia sobre coisa própria. Do ponto de vista do devedor, há um direito real de aquisição (Tartuce, 2018, p. 1138).
Além disso, o credor fiduciário que passa a ser proprietário do bem em virtude do inadimplemento do devedor fiduciante, ou por outro motivo de consolidação do domínio, deve responder por todos os encargos relativos à coisa, caso das obrigações (propter rem ou próprias da coisa) (Tartuce, 2018, p. 1138).
4 Pontos Positivos e Negativos sobre o tema
4.1 PONTOS POSITIVOS 
I. No instituto da propriedade resolúvel, por se tratar de cláusula extintiva de direitos, credor e devedor podem acordar entre si as condições para que o contrato seja realizado da melhor forma.
II. O instituto da propriedade fiduciária é um tema que, em um futuro próximo, será expandido tendo propostas governamentais para criar outro tipo que, embora informalmente tenha o nome hipoteca, ao contrário, constitui a transferência da propriedade de algum bem para instituição afim de garantir uma renda mensal e vitalícia. 
4.2 PONTOS NEGATIVOS 
I. O instituto da propriedade resolúvel é uma cláusula pouco conhecida e não obrigatória e acabou caindo em desuso.
II. O instituto da propriedade fiduciária é um elemento de garantia legal pouco utilizado em contratos menores, normalmente entre particulares que teria o condão de diminuir muitos riscos inerentes ao negócio convencionado.
Conclusão
O presente trabalho abordou dentro do ramo do direito das coisas a propriedade resolúvel e a propriedade fiduciária, analisando suas particularidades, seus efeitos jurídicos e seus requisitos a serem cumpridos de acordo com seus procedimentos. Além disso, estudamos que ambos os institutos são mecanismos legais de garantia aplicáveis tanto a bens imóveis como a bens móveis.
Estudamos que a propriedade resolúvel é compreendida como aquela que possui cláusula extintiva (resolutiva) do direito convencionado entre as partes, que podem ser credores e devedores ou mesmo doador e donatário, mas que, ocorrendo o termo ou a condição convencionada, o proprietário originário readquire o bem dado em garantia.
Analisamos também que a propriedade fiduciária é institutolegal utilizado para diminuir o risco de inadimplência, mediante transferência de propriedade imóvel ou móvel até que se finde o contrato original.
Isto posto, o trabalho visou contribuir de maneira clara, coerente e concisa para o avanço do entendimento do tema supracitado, utilizando dispositivos normativos e entendimentos de diversos doutrinadores para facilitar a compreensão do assunto analisado.
REFErÊNCIAS
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<Http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 07 de maio de 2019.	
DECRETO-LEI Nº 911, de 1º de outubro de 1969. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0911.htm>. Acesso em: Acesso em: 30 de abril de 2019.	
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GUIMARÃES, Luis Carlos – Direito com ponto com. Disponível em: <https://www.direitocom.com/codigo-civil-comentado/artigo-1359>. Acesso em: 07 de maio de 2019.
______. Disponível em: <https://www.direitocom.com/codigo-civil-comentado/artigo-1951>. Acesso em: 08 de maio de 2019.
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