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Correntes Demográficas

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Correntes Demográficas
A existência de um problema demográfico é quase unanimidade nos dias de hoje. Mas as divergências sobre o sentido dos dados estatísticos, e, sobretudo sobre os caminhos para um equacionamento, são acentuadas.
Há três grandes linhas de interpretação: uma, neomalthusiana; outra, que acredita na auto-regulação; e outra, de cunho católico, que conjuga auto-regulação e intervenção sábia do ser humano. Esta última corrente não só apresenta uma originalidade em sua gênese, como também na análise dos fatos e na proposta de soluções. Ao mesmo tempo em que apregoa a necessidade de um planejamento familiar e de uma política demográfica, ela o faz com pressupostos antropológicos e teológicos surpreendentes, conjugando o respeito absoluto à vida em todas as suas formas e a intervenção sábia do ser humano. Para esta última corrente só há solução do problema demográfico se economia e política trilharem outros caminhos, fundados na distribuição mais justa dos recursos da terra e na solidariedade.
Explosão Demográfica
De acordo com os números da ONU, a Terra já se aproxima dos 6 bilhões de habitantes, provavelmente este habitante de número 6 bilhões nascerá num país pobre, com altas taxas de natalidade. E em 2050 esse número poderá chegar a 9 bilhões e 400 milhões. Por volta do ano 8.000 a.C. (antes de Cristo), calcula-se, por meios estatísticos e científicos, que a população mundial girava em torno de 5 milhões de pessoas.
No ano de 1650 d.C. (depois de Cristo), a população mundial atingia a cifra de 500 milhões. Indicando que a população do planeta dobrava a cada 1500 anos. Passado mais 200 anos, isto é 1850, a população dobrou chegando a 1 bilhão de pessoas. Passaram mais 80 anos, dobrou novamente, em 1930, a população chegava aos 2 bilhões. Em 1975, isto é, 45 anos depois dobrava de novo, chegando a 4 bilhões de pessoas, chegando ao ano 2000 com 6 bilhões de pessoas. É o que se pode chamar de crescimento exponencial, ou explosão demográfica.
Este crescimento populacional dos últimos séculos colocou em evidência Thomas Robert Malthus (1766-1834), economista e sacerdote da igreja anglicana do século XVIII, que ganhou celebridade com a teoria (teoria malthusiana) exposta em “Um Ensaio Sobre o Princípio da População”, onde faz uma análise profunda a respeito da explosão demográfica do Planeta, afirmando que jamais teríamos uma sociedade feliz devido à tendência (estatística) de que as populações sempre cresceriam mais que os meios de sua subsistência. Segundo Malthus, a produção de alimentos cresce em progressão aritmética e a população em progressão geométrica, gerando fome e miséria das grandes massas. A natureza corrige essa desproporção por meio das guerras e epidemias, que reduzem a população. Malthus recomenda ao governo antecipar-se à natureza negando assistência social às populações.
A Explosão Demográfica Nos Países Subdesenvolvidos
O que contribuiu para a explosão demográfica nos países subdesenvolvidos a partir da década de 50?
Até o fim da Segunda Guerra Mundial, os países subdesenvolvidos apresentavam uma dinâmica populacional equilibrada, similar a da Europa antes da Revolução Industrial (século XVIII). As taxas de natalidade eram elevadas (muitos nascimentos), mas as taxas de mortalidade também eram elevadas (muitas mortes), que resultava num crescimento vegetativo moderado (equilibrado). Contudo, a partir de 1950(após a Segunda Guerra Mundial), esses países subdesenvolvidos começaram a ser beneficiados, por novos produtos e procedimentos obtidos nos países desenvolvidos, com novos medicamentos, vacinas, programas de prevenção de doenças, controle de doenças epidêmicas, etc, fato este que colaborou para a redução das taxas de mortalidade, logo resultando no crescimento da população, que em 45 anos “pulou” de 2 bilhões para 4 bilhões.
Surgindo neste período a preocupação com o crescimento populacional, fez surgir uma nova teoria sobre o crescimento populacional. Essa nova teoria defendida principalmente pelos países desenvolvidos ficou conhecida como Teoria Neomalthusiana.
A Teoria Neomalthusiana defendia a implantação de políticas de controle de natalidade nos países subdesenvolvidos a partir da utilização dos diversos métodos anticoncepcionais. Para os neomalthusianos, o crescimento da população provocava o atraso do crescimento econômico.
Os Reformistas
Em oposição aos neomalthusianos surge a Teoria Reformista, que afirmam: não é o crescimento da população que provoca o atraso econômico, e sim o atraso econômico que provoca o crescimento populacional. A situação social precária, a miséria e a má distribuição de renda é que provocariam o atraso econômico.
A única possibilidade de controlar o crescimento populacional seria realizar reformas sociais e econômicas que possibilitassem uma melhor distribuição de recursos e a conseqüente elevação do nível de vida da população. Com melhor nível de vida as populações estariam mais instruídas para o controle da natalidade. Uma família deve, por si própria, decidir o número de filhos de acordo com seus desejos e suas possibilidades financeiras.
A favor da teoria dos reformistas está o fato de que na maioria dos países desenvolvidos não houve a aplicação de nenhuma lei para o controle de natalidade – as taxas diminuíram naturalmente à medida que o padrão econômico e social da população melhorou.
A política demográfica no Brasil
Desde a década de 30 até a década de 60, o governo brasileiro desenvolveu uma política demográfica nitidamente populacionista.
A Constituição de 1934 foi a primeira a explicitar essa política populacionista. Ela atribuía ao Estado a incumbência de socorrer as famílias de prole numerosa[1]. A Constituição de 1937 avançou ainda mais, ao afirmar que “às famílias numerosas serão atribuídas compensações na proporção de seus encargos”.
Em 1941, no governo Getúlio Vargas, foi criado um decreto-lei que obrigava as pessoas solteiras ou viúvas, maiores de 25 anos, a pagar um adicional de 1% sobre o imposto de renda devido.
Na Constituição de 1946, o artigo 164 assegurava o amparo às famílias de prole numerosa. Os pais que tivessem mais de 6 filhos tinham direito a um abono especial.
A crescente necessidade de mão-de-obra (numerosa e barata), para sustentar o desenvolvimento industrial, e a preocupação do governo em povoar os vazios demográficos do interior do país (Centro-Oeste e Amazônia) serviram de estímulo permanente à política natalista ou populacionista. Nos anos 60, foram criados o auxílio-natalidade (1960) e o salário-família (1963)[2].
· Auxílio-natalidade: pagamento de um salário mínimo, aos pais, quando do nascimento de um filho.
· Salário-família: pagamento mensal de 5% do salário mínimo local, para cada filho, até os 14 anos de idade.
Foi essa política demográfica natalista que, somada à situação de pobreza e ignorância da população e ajudada pela redução das taxas de mortalidade, produziu a maior explosão demográfica do mundo.
Família de prole numerosa: que possui muitos filhos.

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