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FÍSICA F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// PROFESSOR(A): MARCOS HAROLDO ASSUNTO: CAMPO MAGNÉTICO FRENTE: FÍSICA III 008.144 – 133973/18 AULAS 46 A 48 EAD – ITA Resumo Teórico Introdução Desde a antiguidade, por volta de 2500 anos atrás, muitos fenômenos magnéticos já eram conhecidos. Algumas pedras de magnetita (Fe 3 O 4 ) podiam atrair outras amostras ferromagnéticas, como pequenos pedaços de ferro. (O nome deriva de uma região da Ásia Menor, mais precisamente no oeste da Turquia, em que tais pedras foram encontradas, Magnésia). Percebeu-se que, através destas pedras, que passaram a ser chamadas de ímãs, era possível magnetizar (imantar) certos materiais, como o próprio ferro, que também passavam a funcionar como ímãs.1 N N S S F F F F Figura 1: um prego de ferro sendo imantado por um ímã permanente. Atualmente, conhecemos e explicamos várias propriedades através de teorias microscópicas bem solidifi cadas. Os polos de um ímã O ímã pode ser dividido rigorosamente em duas partes, ou seja, duas regiões onde o magnetismo é mais pronunciado. Estas regiões denominam-se polos do ímã. O nome dado aos polos do ímã decorre das propriedades magnéticas da Terra, pois, ao suspendermos um ímã, um de seus polos sempre tende a se alinhar com o norte geográfi co da Terra. Este polo é o norte magnético do ímã. O outro polo é o sul magnético do ímã. 1 A palavra ímã deriva do francês (aimant, aquele que ama) devido ao fato de atração destes materiais. SS NN Polo norte geográfico Sul magnético Bússola Linhas do campo magnético O campo magnético da Terra tem forma similar ao campo produzido por uma barra magnética Norte magnéticoPolo sul geográfico Figura 2: representação do alinhamento de uma agulha magnética sob infl uência do campo terrestre. Princípios básicos Atração e repulsão de polos Análogo ao princípio de atração e repulsão da eletrostática, no magnetismo podemos, afi rmar que: “Polos diferentes se atraem e polos iguais se repelem.” N N N N N S S S N S N S S S NSF F F F F F F F (a) Atração de polos opostos. (b) Repulsão de polos iguais. Figura 3: representação do Princípio de Atração para polos diferentes. Inseparabilidade dos polos magnéticos Diferente da eletricidade em que os “polos” (cargas positivas e negativas) podem ser encontradas isoladamente, no magnetismo não é possível separar os polos norte e sul, ou seja, não há monopólio magnético na natureza. 2F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// MÓDULO DE ESTUDO 008.144 – 133973/18 Matematicamente, escreve-se que: Tente dividir um ímã ao meio. O resultado é que não se consegue separar seus polos e nessa divisão obteremos novos ímãs completos. S N (A) (B) S SN N Figura 4: um ímã, ao ser dividido (A), gera dois novos ímãs (B). Campo magnético de um ímã Podemos defi nir campo magnético como a região do espaço em torno de um ímã (ou de um condutor percorrido por corrente elétrica, como veremos posteriormente)2 onde são exercidas forças de origem magnética. A cada ponto do campo magnético, associaremos um Vetor B � chamado vetor indução magnética. Para verifi car a atuação deste campo e identifi car sua direção, usamos uma agulha magnética, colocada em um ponto do campo magnético, ela irá se orientar na direção do vetor B � com o polo norte da agulha apontando no sentido de B � .3 N S B Figura 5 : agu lha magnét ica (ímã de prova) indicando a direção e o sentido de B � (o norte da bússola é normalmente pintado). Observação: Linha de indução é a linha que, em cada ponto, é tangente à direção do campo e orientada no seu sentido. Perceba que se a linha de indução (linha de força do campo magnético) dá a direção da indução magnética naquele ponto B � , obviamente uma agulha magnética orienta-se sempre segundo as linhas de indução do campo. Colocando-se um ímã de barra, por exemplo, coberto com uma folha de papel e, em seguida, espalhando-se limalha de ferro sobre o papel, veremos que a limalha se coloca segundo as linhas de força do ímã, como mostra a fi gura 6. Sa st yp ho to s/ 12 3R F/ Ea sy pi x Figura 6: imagem anterior é a representação esquemática do formato das linhas de indução de um ímã em barra, obtida com limalha de ferro. 2 Veremos que carga elétrica em movimento também gera campo magnético. 3 Como na eletrostática, o elemento de prova (lá uma carga, aqui um imã) deve ter pro- priedades (elétricas ou magnéticas) débeis o sufi ciente para não modifi car o campo antes existente. Mantendo nossa convenção, observe que, como polos diferentes se atraem, podemos deduzir facilmente que as linhas de indução magnética saem do ímã pelo polo norte e entram no ímã pelo polo sul. S N Figura 7: orientação das linhas de indução de um ímã em barra. Toda linha de campo magnético é fechada. Representamos isso matematicamente segundo a expressão: ∇ =B � 0 O divergente do campo magnético é zero. Ou seja, o número de linhas de campo que saem de um ponto no espaço é igual ao número que chega no mesmo ponto. Na eletrostática isso não existia, pois existem monopólios elétricos (criadouros ou sumidouros de linhas de campo elétrico). Observação: Até hoje não foi encontrado nenhum monopólio magnético. Algumas confi gurações produzem campos diferentes, como este caso: B B � B � Figura 8: Material gerando um campo constante. Verifi camos que as linhas de indução do campo produzido entre as faces deste ímã são linhas praticamente paralelas. Temos então um campo de muita importância no nosso estudo, chamado campo magnético uniforme, ou seja, em todos os pontos o vetor B � é o mesmo, isto é, tem mesma direção, mesma intensidade e mesmo sentido. Atente para os efeitos de borda, mas não nos preocuparemos com isto. Unidades de campo magnético No SI, a unidade de indução magnética (B) é o Tesla (T) e, no CGS, é o Gauss. A relação entre eles é: 1T = 104 gauss. A dimensão de B é dada por [B] = MQ−1 T−1, como poderemos mostrar posteriormente. Lei de Biot-Savart Conta a história que a descoberta da relação entre cargas em movimento e campos magnéticos foi acidental. Um professor de física dinamarquês, de nome Hans Christian Oersted, tentava demonstrar, justamente, a ausência de relação entre eletricidade e magnetismo. Ao ligar uma corrente nas vizinhanças de uma agulha magnetizada, Oersted fi cou absolutamente perplexo, ao ver que uma força bastante intensa havia surgido, fazendo a agulha oscilar fortemente. Mais uma vez a sorte triunfa na física. 3 F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// 008.144 – 133973/18 MÓDULO DE ESTUDO Um elemento de corrente é definido da seguinte forma: seja um longo condutor percorrido por uma corrente i. Neste condutor, tomamos um elemento de comprimento ds � , orientado no sentido da corrente. O elemento de corrente correspondente será o produto ids � . i sd � Figura 9: elemento de corrente. Observação: Um elemento de corrente é um vetor que têm módulo igual a ids e direção e sentido determinados pela corrente que percorre o condutor. A primeira lei que nos dá o campo magnético gerado por uma corrente elétrica é a Lei de Biot-Savart, que é uma lei empírica. Esta lei nos diz que um elemento de corrente produz, em um ponto P do espaço, um campo magnético elementar, denominado indução magnética (d B � ), tal que: dB i ds e r r � � � = ⋅µ π 0 24 Lei de Biot-Savart Em que er � é o versor na direção da reta que une o elemento de corrente ao ponto P e µ 0 é chamada de permeabilidade do vácuo (µ 0 = 4π · 10−7 T m/A). A fi gura a seguir mostra a relação entre os vetores dB � , ds � e er � : X θθ ds r r indB outdB P’ P r I ^ ^ Figura 10: relação entre os vetores dB, ds e er � � � . Como a indução magnética é defi nida como um produto vetorial, o campo elementar dB � no ponto P tem as seguintes características: Módulo dB i ds sen r = ⋅µ π α0 24 Direção Perpendicularao plano contendo o ponto P e o elemento de corrente ids. Sentido Dado pela “regra (I) da mão direita”, isto é, “se tentarmos segurar com a mão direita um condutor através do qual passa uma corrente elétrica, dispondo o polegar no sentido positivo da corrente, os outros dedos nos darão o sentido das linhas de indução.” (B)(A) Sentido das linhasda indução magnética Regra (l) da mão direita Sentido da corrente dB � ids � Figura 11: A) regra da mão direita. B) sentido das linhas de campo produzidas por um elemento de corrente em um fi o infi nito. Se quisermos conhecer a indução magnética total, basta integrarmos a expressão de dB � , ao longo de todo o circuito: B dB i ds e r r � � � � = = ⋅ ∫ ∫ µ π 0 24 Utilizaremos as seguintes notações para indicar o sentido perpendicular à folha: � Saindo da folha (apontando para você); ⊗ Entrando na folha (contrário a você). Aplicações (I) Campo produzido por um condutor muito longo percorrido por uma corrente i. Sabemos que a indução magnética elementar em P, devido ao elemento de correntes ids � é simplesmente: dB i ds e r r � � � = ⋅µ π 0 24 dB i ds sen r = ⋅µ π α0 24 P d S α e r ids i dB β r Figura 12: campo magnético gerado por um condutor retilíneo. Como todos os elementos de corrente produzirão campos elementares em P de mesma direção e sentido, a soma destes campos elementares, que é uma integral, pode ser feita como se somássemos escalares. B dB i ds sen r = =∫ ∫ µ π α0 24 Mas, tgβ = s d . Daí: sec cos 2 2 1β β β β = → = ⋅ds d d ds d d Além disso, sen α = cos β e r = d cos , β portanto: B i d d d i d d= ⋅ ⋅ = −∫ ∫ µ β β β β µ π π π β β0 2 2 2 0 4 4 2 2 cos cos cos cos Finalmente, resolvendo a integral, temos: B i d = µ π 0 2 é a indução magnética devido a um condutor retilíneo muito longo. 4F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// MÓDULO DE ESTUDO 008.144 – 133973/18 Espira circular (II) Calculemos o campo magnético em um ponto P no eixo de uma espira circular. d α α P dB dBx ids i 0 R r e r Figura 13: campo magnético gerado por um condutor circular. dB i ds e r dB i r dsr= ⋅ → = µ π µ π 0 2 0 24 4 � � Por uma razão de simetria, os componentes dBy � se cancelam e a indução magnética total resultará exclusivamente da soma (integral) dos componentes dBx � : B dB dB senx= =∫ ∫ α Como r e sen α são constantes, podemos pô-los para fora da integral, e o problema se reduz a: B i r sen ds= ∫ µ π α0 24 Mas sen R r e r R d e dsα π= = + =∫, 2 2 2 2 R: B i R R d = +( ) µ0 2 2 2 3 2 2 é a indução magnética em um ponto qualquer do eixo de uma espira circular. No centro da espira, d = 0 e o campo magnético é: B i R = µ0 2 Para pontos muito afastados, d>>R e, neste caso, temos: B i R d = µ0 2 32 Como é o aspecto das linhas de indução? B � Figura 14: linhas de indução geradas por uma corrente em uma espira circular. Podemos encontrar o sentido do campo gerado por uma espira usando a regra (I) ou a regra (II) da mão direita, representada a seguir: Sentido da corrente Sentido B Regra (II) da mão direita Figura 15: regra da mão direita (II). Pela Figura 15, percebemos que o campo gerado por uma espira tem o aspecto de um campo de dipolo, como o do ímã em barra. Assim sendo, podemos atribuir a uma espira circular um polo norte e um polo sul, como em um ímã. Bobina chata (III) Uma bobina é obtida pela justaposição de N espiras circulares iguais. Para uma bobina chata, ou seja, de comprimento L << R, o campo sobre o centro da bobina será N vezes o campo de uma única espira. Daí: B N i R = µ0 2 N espiras i i BR L ����������� Figura 16: bobina chata (L<<R). Lei de Ampère A outra lei que pode descrever o campo magnético gerado por uma corrente elétrica é a lei circuital de Ampère. Esta lei é dedutível, mas o formalismo matemático é muito complicado. Na seção seguinte, encontraremos o vetor indução magnética gerado por um circuito particular (condutor retilíneo infi nitamente longo) usando tanto a Lei de Biot-Savart como a Lei de Ampère, verifi cando a equivalência de resultados. A Lei circuital de Ampère pode ser enunciada deste modo: “a integral de circuitação da indução magnética ao longo de uma curva C é proporcional à corrente enlaçada por esta curva, tendo a permeabilidade magnética como constante de proporcionalidade”. Este resultado é absolutamente geral e, do ponto de vista matemático, representa-se como segue: B d i � � �� ⋅ =∫ µ0 5 F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// 008.144 – 133973/18 MÓDULO DE ESTUDO A seguir, exemplifi camos o uso da Lei de Ampère: a) C 1 i 1 i 2 i 3 i 4 i 5 B d i i i � � �� ⋅ = + +( )∫ µ0 1 2 4 C 2 b) B d � � �� ⋅ =∫ 0 Figura 17: exemplo de aplicação de lei circuital de Ampère. Observe que, na Figura 17 (a), as correntes i 1 , i 2 e i 4 são envolvidas pela curva C 1 , o que não acontece com as correntes i 3 e i 5 . Já na Figura 17 (b), como nenhuma corrente é enlaçada pela curva C 2 , a integral de circuitação de B � torna-se nula. No caso particular em que, ao longo da curva C, o vetor indução magnética é constante e na mesma direção do C B � � � / / d( ) , temos: B i B i � � = → =µ µ 0 0 Aplicações Condutor retilíneo muito longo É fácil verifi car que, no caso de um condutor retilíneo infi nito, existe uma simetria cilíndrica perfeita. Escolheremos como “caminho”, para efetuar a integral de linha, uma circunferência de raio d contida em um plano perpendicular ao condutor e atravessada por este no seu centro: B i BB d� B C d θ Figura 18 Aplicação da lei de Ampère no cálculo do campo magnético gerado por uma corrente em um fi o infi nito Segundo a Lei de Ampére, temos B d i � � � � ⋅ =∫ µ0 ao longo da curva C, dita curva amperiana. Podemos resolver facilmente esta integral, pois B � e d� � estão sempre na mesma direção e sentido, e B � tem o módulo constante ao longo da curva C. Daí: B d Bd B d B i � � � � � �� ��∫ ∫∫⋅ = = = = µ0 Mas � = 2πd é o comprimento da circunferência. Daí, concluímos que: B d i B i d ⋅ = → =2 2 0 0π µ µ π O que concorda perfeitamente com o resultado obtido pela Lei de Biot-Savart, através de um caminho mais simples. Campo gerado por um solenoide Um solenoide ou bobina longa é um condutor enrolado em espiras iguais, uma ao lado da outra e igualmente espaçadas. Quando uma corrente i circula no solenoide, cria-se no interior do mesmo um campo praticamente uniforme e, no exterior, um campo praticamente nulo: DD �� didi CC ii ii ii ii BBBBAA ii Figura 19: corte longitudinal de um solenoide. O solenoide, que aparece cortado, gera um campo no seu interior que pode ser calculado facilmente pela Lei circuital de Ampère. Escolheremos o caminho mostrado na fi gura anterior. • Entre A e B, B � e d� � têm a mesma direção e sentido, logo, B d Bd � � � �⋅ = . • Entre B e C, B e d � � � são perpendiculares, e ,Bd � � � = 0. • Entre C e D, o campo B � se anula e B d � � � ⋅ = 0. • Entre D e A, B e d � � � são novamente perpendiculares, e B d � � � ⋅ = 0. Daí: B B d B d B d B d Bd B d B ni � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ⋅ = ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅ + + = =∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫∫ µ0 Onde � é o comprimento do segmento AB e n é o número de espiras contido neste comprimento, fi nalmente, temos: B n i= µ0 � é o campo uniforme no interior do solenoide. Veja que se, de fato, as espiras forem igualmente espaçadas, a grandeza n � é uma constante, e, neste caso, n N L� = ,onde N é o número total de espiras e L é o comprimento do solenoide. Portanto: B N L i= µ0 6F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// MÓDULO DE ESTUDO 008.144 – 133973/18 Teoria microscópica do magnetismo Sabemos que, no interior do átomo, existem partículas carregadas que realizam vários tipos de movimentos. Identifi caremos três importantes fontes de magnetismo no interior do átomo.Movimento dos elétrons ao redor do núcleo Corresponde a uma “espira” de corrente (admitindo-se as órbitas eletrônicas como quase circulares, modelo semiclássico). Normalmente, fenômenos magnéticos associados a esse movimento só aparecem quando é aplicado um campo magnético externo à matéria. Spin do elétron Pode ser comparado a uma rotação do elétron em torno de si mesmo, o que faz com que cada elétron atue como um pequeno ímã. Em geral, é a principal causa dos fenômenos magnéticos verifi cados macroscopicamente, o que acontece quando há elétrons desemparelhados na estrutura atômica. (A) (B) (D) (C) B � � � B B Figura: 20: elétrons emparelhados (A) giram em sentidos contrários e produzem campos magnéticos que se anulam (B). Elétrons desemparelhados (C) produzem campos magnéticos que podem gerar efeitos verifi cados macroscopicamente. Ampère foi o primeiro que sugeriu que estes materiais tinham propriedades magnéticas por serem dotados de um número muito grande de minúsculas correntes elétricas (correntes amperianas) logo que constatou-se a relação entre campo magnético e cargas em movimentos. Em grande parte, a teoria de Ampère é verdadeira e o fenômeno conhecido por imantação nada mais é do que o alinhamento dessas correntes, fazendo com que os campos magnéticos por elas produzidos se somem. Nos materiais não imantados, as correntes estão ao acaso e o campo total é nulo. As correntes amperianas correspondem aos movimentos dos elétrons, que vimos anteriormente. V V e− e− N N S S Figura 21 Mas uma pergunta ainda permanece: por que certos materiais possuem um magnetismo tão pronunciado? Tomemos, por exemplo, o ferro. O ferro tem um subnível 3d com vários elétrons desemparelhados: • Disposição dos elétrons do subnível 3d6 do ferro, segundo a “regra de Hund”. Isto corresponde ao fato de que cada átomo de ferro é um dipolo magnético permanente, ou seja, um pequeno ímã. Quando um material apresenta dipolos magnéticos permanentes, como é o caso do ferro, a ação de um campo externo faz com que os dipolos, antes distribuídos ao acaso, se alinhem, produzindo a imantação. Os dipolos, uma vez alinhados, podem permanecer nessa situação mesmo quando o campo externo é retirado. Este fenômeno é dito ferromagnetismo e, além do ferro, também caracteriza materiais como o cobalto e o níquel. B campo externoext � = B campo de imanta o � int = çã B = 0 B ≠ 0 Figura 22 A agitação térmica pode desmagnetizar um corpo anteriormente imantado, tornando a distribuição dos dipolos magnéticos aleatória novamente. Vale salientar que não basta existirem dipolos magnéticos permanentes para que exista ferromagnetismo. São duas as condições necessárias: • Os átomos têm elétrons desemparelhados, ou seja, em órbitas de rotação em torno de si mesmos cujos efeitos magnéticos não se anulam. • As forças entre átomos vizinhos são tais que os átomos tendem a se alinharem todos em um mesmo sentido, o que só pode ser explicado de maneira completa no terreno da física quântica. Quando apenas a primeira condição é cumprida, há dipolos magnéticos permanentes que se alinham com o campo externo, mas quando este é retirado, a posição destes dipolos volta a ser aleatória. Materiais com essas características constituem o fenômeno do paramagnetismo. Alguns materiais paramagnéticos são o alumínio, o tungstênio, o oxigênio etc. Tanto os materiais ferromagnéticos quanto os paramagnéticos produzem campos de magnetização favoráveis ao campo externo. Diamagnetismo Alguns materiais, porém, produzem campos contrários ao campo externo, fenômeno conhecido como diamagnetismo. O cobre, o mercúrio, a prata, o nitrogênio e outros são materiais diamagnéticos. Considere dois elétrons com spins antiparalelos girando em sentidos opostos em um átomo, à mesma distância do núcleo. 7 F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// 008.144 – 133973/18 MÓDULO DE ESTUDO B Elétron 1 Elétron 22F 2 s L1µ L2µ 1V 2V 1F 1S Figura 23 Se um campo externo B é aplicado perpendicularmente ao plano da órbita dos dois elétrons, a força centrípeta a que o elétron 1 está sujeito diminui da força eletrostática para (F eletrostática – F magnética ) e, para manter a mesma distância do núcleo, o elétron passa a se mover mais devagar, o que diminui seu momento magnético orbital, que tem o mesmo sentido que B. Ao mesmo tempo, a força centrípeta a que o elétron 2 está submetido aumenta para (F eletrostática + F magnética ) e, para manter a mesma distância do núcleo, o elétron passa a se mover mais depressa, o que aumenta seu momento magnético orbital, que tem o sentido oposto ao de B. O resultado é que a soma dos momentos magnéticos orbitais dos dois elétrons, que era nula na ausência de campo B, passa a ter um valor diferente de zero no sentido oposto ao de B. Permeabilidade magnética Uma grandeza que serve para identifi car as características magnéticas de um material é a sua permeabilidade magnética absoluta (µ). Como já vimos, para o vácuo a permeabilidade absoluta vale: µ0 = 4π · 10 −7 T · m/A. Podemos, para cada material, comparar a sua permeabilidade absoluta com a do vácuo, defi nindo a permeabilidade magnética relativa (µ r ), dada por: µ µ µr = 0 • Para materiais diamagnéticos, µ r <1. • Para materiais paramagnéticos, µ r >1. • Para materiais ferromagnéticos, µ r >> 1. A tabela a seguir representa a permeabilidade magnética de alguns materiais. Fe rr o m ag n ét ic o s Materiais Permeabilidade Relativa Ferro (recozido) 5,5 · 109 Ferro (–96%) – Silício (3%) 8,0 · 103 Permalloy – Fe (55%) – Ni (45%) 5,0 · 104 Mumetal – Ni (77%) – Fe (16%) Cu (5%) – Cr (2%) 1,5 · 105 Permendur – Co (50%) – Fe (50%) 6,0 · 103 Pa ra m ag n ét ic o s Alumínio 1,000021 Magnésio 1,000012 Tungstênio 1,000076 Titânio 1,000180 Oxigênio (1 atm) 1,0000019 D ia m ag n ét ic o Cobre 0,999990 Diamante 0,999978 Ouro 0,999965 Cloreto de Gadolínio (GdC� 3 ) 0,99397 A garrafa magnética O que aconteceria com a trajetória de uma partícula carregada, se fosse lançada obliquamente em um campo não uniforme? Suponhamos que uma partícula seja lançada em um campo cuja intensidade vai aumentando signifi cativamente à medida que nos afastamos do centro, conforme ilustra a fi gura seguinte. V �� B � V �� V �� B � B �F � F � F � F � F � Figura 24 O raio da trajetória descrita é inversamente proporcional à intensidade do campo magnético. Então, conforme a partícula se afasta da região central, vai diminuindo o raio da hélice descrita por ela. Além disso, devido à mudança de direção das linhas de campo magnético, a força magnética vai se inclinando em relação à situação inicial e, eventualmente, a partícula poderá retornar à região central, deslocar-se para o outro extremo e novamente retornar, fi cando aprisionada como se estivesse no interior de uma garrafa invisível, a garrafa magnética. A contenção magnética surgiu como uma solução natural para o aprisionamento de matéria em temperaturas muito altas. Por exemplo, um plasma a 6000 K; nenhuma garrafa material suportaria essa temperatura. A rt e FB Polo Norte Partículas carregadas provindas do Sol que entram no campo magnético da Terra. Prótons capturados nos cinturões de radiação mais internos. Elétrons capturados nos cinturões de radiação mais externos. Polo Sul Figura 25 O campo magnético da Terra se assemelha ao do exemplo anterior. As linhas de campo vão fi cando mais próximas conforme nos aproximamos dos polos. Partículas carregadas trazidas pelo “vento solar” são recebidas em toda atmosfera superior de nosso planeta, mas a ação do campo magnético torna a concentração dessas partículas muito maior nas regiões polares. Tempestades magnéticas ocasionalmente injetam partículas carregadas para dentro da parte mais alta da atmosfera a altas latitudes, formando as conhecidas auroras 8F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// MÓDULO DE ESTUDO008.144 – 133973/18 — a boreal e a austral. Devido à inclinação do eixo da Terra, essas auroras são mais prováveis nos períodos de inverno de cada hemisfério. Jo ha nn R ag na rs so n/ 12 3R F/ Ea sy pi x Ra tt ap on W an na ph at /1 23 RF /E as yp ix Aurora boreal sobre a península de Reykjanes, Islândia. Fuga de estrelas e aurora austral, em Lake Tekapo, Nova Zelândia. Figura 26 O campo magnético gerado pela Terra O magnetismo da Terra é atribuído a movimentos da parte líquida no núcleo, movimentos esses causados por diferença de temperatura no centro da Terra. O movimento de rotação orientaria essas correntes, produzindo movimentos de elétrons, e seus efeitos magnéticos somados criariam como resultante o magnetismo da Terra. A Terra se comporta como um gigantesco ímã, com o polo sul magnético junto ao norte geográfi co, e o norte magnético junto ao sul geográfi co. Observação: Na realidade, o campo magnético se deforma em virtude do “vento solar” (partículas ionizadas e radiação eletromagnética provenientes do Sol). Magnetopausa é a região em torno da magnetosfera, na qual o vento solar não consegue penetrar. SolSol Vento SolarVento Solar MagnetopausaMagnetopausa TerraTerra Linhas de campo magnéticoLinhas de campo magnético Figura 27: Campo magnético terrestre modifi cado pelo vento solar. Elementos do campo magnético terrestre Consideremos um ponto A qualquer da cidade de São Paulo. Por este ponto passa um Meridiano Geográfi co, ou seja, um plano que corta a Terra, seguindo um círculo que contém o ponto A, a direção da vertical em A e os polos geográfi cos. Se colocarmos, porém, uma agulha magnética suspensa pelo seu centro de gravidade no ponto A, veremos que a vertical do lugar e o eixo da agulha determinam um plano chamado meridiano magnético. Meridiano geográfico Meridiano magnético δ m δ m Ra di aç ão s ol ar Te rm in ad ou ro s ol ar Figura 28 Esquema mostrando o alinhamento entre o terminadouro solar e o meridiano magnético. A linha tracejada representa o meridiano geográfico, a linha contínua o meridiano magnético, a fronteira entre a região clara e a região escura representa o terminadouro solar e δ m é a declinação magnética. Adaptação da fi gura de Pimenta (2002). O ângulo formado pelo meridiano magnético (orientação da bússola) com o meridiano geográfi co tem o nome de declinação magnética. SM NG (Meridiano geográfico) θ Figura 29 A declinação é chamada Oeste (WEST, W) quando o ângulo (θ) está para esquerda do meridiano geográfi co, e Leste (EAST, E) quando está à direita do meridiano geográfi co. A declinação do ponto A em São Paulo é aproximadamente 14 ºW. Os pontos, cuja declinação magnética é igual a zero, constituem uma linha agônica, e o conjunto de pontos de mesma declinação magnética constitui uma linha isogônia. Exercícios 01. (Fuvest-SP) Sobre uma mesa plana e horizontal, é colocado um ímã em forma de barra, representado na fi gura, visto de cima, juntamente com algumas linhas de seu campo magnético. Uma pequena bússola é deslocada, lentamente, sobre a mesa, a partir do ponto P, realizando uma volta circular completa em torno no ímã. N S P N e s s a s c o n d i ç õ e s , desconsidere o campo magnético da Terra. Ao fi nal desse movimento, a agulha da bússola terá completado, em torno de seu próprio eixo, um número de voltas igual a A) 1 4 de volta. B) 1 2 de volta. C) 1 volta completa. D) 2 voltas completas. E) 4 voltas completas. 9 F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// 008.144 – 133973/18 MÓDULO DE ESTUDO 02. (FCC-SP) A figura dada representa as linhas de indução de um campo magnético, resultante das correntes elétricas que circulam em dois condutores, A e B, retilíneos, paralelos entre si e perpendiculares à página. Qual a alternativa correta? A B A) As correntes elétricas têm sentidos opostos. B) Os condutores se atraem. C) O campo magnético na região entre os fi os é menos intenso do que fora dessa região. D) Na metade da distância entre os dois fi os, o campo magnético é nulo. E) O campo magnético entre os fi os é uniforme. 03. Um ímã em forma de barra reta, no qual os polos magnéticos encontram-se nas extremidades, não atrai corpos ferromagnéticos não imantados colocados em sua região central que, por isso, é denominada zona neutra do ímã: Este prego de ferro cai ao ser abandonado nesta posição. S N Suponha, então, que uma pessoa esteja numa sala onde não exista nenhum utensílio. Ela recebe duas barras ferromagnéticas retas, eletricamente neutras e de mesmas dimensões. A) Como poderá descobrir se pelo menos uma delas está imantada? B) Como poderá descobrir se as duas barras estão imantadas ou apenas uma? C) Como poderá determinar qual é a barra imantada, se a outra não estiver? 04. (ITA) Um pedaço de ferro é posto nas proximidades de um ímã, conforme mostra a fi gura a seguir. S N er Qual das afi rmativas a seguir é correta? A) É o ímã que atrai o ferro. B) É o ferro que atrai o ímã. C) A atração do ferro pelo ímã é maior que a atração do ímã pelo ferro. D) A atração do ímã pelo ferro é maior que a atração do ferro pelo ímã. E) A atração do ferro pelo ímã é igual à atração do ímã pelo ferro. 05. (Fuvest) Considere um ímã em forma ímã fixo de barra e fi xo. Você segura entre os dedos outro ímã em forma de barra, pelo seu centro, e investiga as forças magnéticas que agem sobre ele, nas proximidades do ímã fi xo. Você conclui que o ímã entre seus dedos A) será sempre atraído pelo ímã fi xo. B) será sempre repelido pelo ímã fi xo. C) tenderá sempre a girar. D) não será nem atraído nem repelido. E) poderá ser atraído ou repelido. 06. Um condutor é disposto na forma de semicírculos concêntricos, como mostrado na fi gura a seguir. A intensidade do campo magnético resultante, no ponto central O, será dada pela seguinte expressão: O a 4a 2a 8a ∞ L A) µ0 6 i a B) µ0 i a C) µ0 4 i a D) 5 6 0⋅ µ i a E) 5 3 0⋅ µ i a 07. Considere a fi gura a seguir, na qual se tem um quadrado inscrito em uma circunferência de raio R. O quadrado é percorrido por uma corrente i 1 no sentido anti-horário, e a circunferência é percorrida por uma corrente i 2 no sentido horário. As duas espiras são coplanares. Assinale a alternativa que corresponde à relação i i 1 2 , para que o vetor indução magnética seja nulo no ponto O (centro da circunferência). R i 1 i 2 A) i i 1 2 4 = π B) i i 1 2 2 = π C) i i 1 2 4 = π D) i i 1 2 2 = π E) i i 1 2 1= 10F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// MÓDULO DE ESTUDO 008.144 – 133973/18 08. (UFS) Uma pequena agulha magnética orientada inicialmente na direção norte-sul é colocada entre os polos de um ímã, como mostra a fi gura. Se o campo magnético do ímã é da mesma ordem de grandeza do campo magnético terrestre, o gráfi co que melhor representa a orientação fi nal é: A) B) C) D) E) N N S S N Sul geográfico Norte geográfico S N SN S N S 09. Qual é a indução magnética no ponto 0 dos circuitos a seguir? R R RA) B) C) 0 0 0 i i i A) B) C) 10. (Univ. Cat. Salvador) Um ímã em forma de barra foi quebrado em três pedaços, como mostra a fi gura. Verifi cando as propriedades magnéticas de cada uma dessas partes, acharemos que N A B C S A) as três partes são ímãs completos. B) a parte A possui somente o polo norte. C) a parte B não possui nenhum polo magnético. D) a parte C apresenta somente o polo sul. E) nenhuma das partes se comporta como um ímã completo. 11. (ITA) Uma corrente I fl ui em quatro das arestas do cubo da fi gura (a) e produz no seu centro um campo magnético de magnitude B na direção y, cuja representação no sistema de coordenadas é (0, B, 0). Considerando um outro cubo (fi gura (b)) pelo qual uma corrente de mesma magnitude I fl ui através do caminho indicado, podemos afi rmar que o campo magnético no centro desse cubo será dado por x y z (a) (b) A) (–B, –B, –B)B) (–B, B, B) C) (B, B, B) D) (0, 0, B) E) (0, 0, 0) 12. (Cesgranrio) A bússola representada na fi gura repousa sobre a sua mesa de trabalho. O retângulo tracejado representa a posição em que você vai colocar um ímã com os polos respectivos nas posições indicadas. Em presença do ímã, a agulha da bússola permanecerá como em: A) B) D)C) E) S N S N N S O L S N S NS N S N 13. Deseja-se enrolar um solenoide de comprimento z e diâmetro D, utilizando-se uma única camada de fi o de cobre de diâmetro d enrolado o mais junto possível. A uma temperatura de 75 °C, a resistência por unidade do fi o é r. A fi m de evitar que a temperatura ultrapasse os 75 °C, pretende-se restringir a um valor P a potência dissipada por efeito Joule. O máximo valor do campo de indução magnética que se pode obter por dentro do solenoide é A) B máx = µ 0 P rdzd 1 2 ; B) B máx = µ 0 πP rdzd ; C) B máx = µ 0 2P rdzdπ ; D) B máx = µ 0 P rdzd ; E) B máx = µ 0 P rdzdπ 1 2 ; 14. Consideremos uma espira circular de raio R no plano desta página, e um fi o retilíneo e extenso disposto perpendicularmente a esse plano, a uma distância r do centro da espira. Ambos são percorridos por correntes de mesma intensidade i, cujos sentidos estão indicados na fi gura. A permeabilidade absoluta do meio ambiente é µ 0 . Determine, em função de r, R, i, µ 0 e π, o módulo do vetor indução magnética do centro O da espira. Fio retilíneo Espira i rr O RR 11 F B O N L I N E . C O M . B R ////////////////// 008.144 – 133973/18 MÓDULO DE ESTUDO 15. A fi gura a seguir representa uma bateria de força eletromotriz E e resistência interna r = 5 Ω, ligada a um solenoide de 200 espiras. Sabe-se que o amperímetro marca 200 mA e o voltímetro marca 8,0 V, ambos supostos ideais. V r E P 20 cm A Assinale a alternativa que corresponde, respectivamente, à força eletromotriz da bateria e ao campo em um ponto P, no interior do solenoide. A) 8V, –8π · 10−5 T B) 9V, –4π · 10−5 T C) 9V, –1,6π · 10−4 T D) 9V, –8π · 10−4 T E) 8V, –1,6π · 10−4 T Gabarito 01 02 03 04 05 D A – E E 06 07 08 09 10 A A E * A 11 12 13 14 15 B B E * D * 09. A) µ0 4 i R B) µ π 0 4 i R C) µ0 4 i R 14. µ π 0 2 22 1 1i R + ( r) – Demonstração. SUPERVISOR/DIRETOR: MARCELO PENA – AUTOR: MARCOS HAROLDO DIG.: SAMUEL – 10/12/18 – REV.: LÍCIA
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