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Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 64 64 8.6 – Coordenação seletiva de proteção contra sobrecorrentes. Quando dois ou mais dispositivos de proteção contra sobrecorrente forem instalados em série, suas características de atuação devem ser escolhidas de modo que, no caso de circulação de uma sobrecorrente no circuito situado mais a jusante, só atue o dispositivo que protege esse circuito. Assim, no caso exposto na Figura 8.13, o dispositivo B é seletivo em relação ao dispositivo A, instalado a montante, se, em caso de falta em um ponto a jusante de B, só atue o dispositivo B. Figura 8.13: Dois dispositivos, A e B, em série A B Falta Para obter essa coordenação, algumas regras práticas podem ser adotadas para as diferentes formas de ligação de dispositivos de proteção. Os itens seguintes apresentam as diferentes formas de ligação dos dispositivos de proteção e as condições que garantem uma boa coordenação da proteção. 8.6.1 – Fusível em série com fusível. A Figura 8.14 apresenta um fusível em série com outro fusível. Figura 8.14: Fusível em série com fusível. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 65 65 Para se garantir a coordenação entre os dois fusíveis, suas curvas características devem ser similares aquelas apresentadas na Figura 8.15. Figura 8.15: Curvas características de fusíveis ligados em série. Percebe-se que as curvas da Figura 8.15 nunca se cruzam, o que garante uma coordenação. Na prática, é interessante adotar o fusível a montante com a seguinte relação de corrente de atuação com o fusível situado a jusante: Inominal do fusível a montante ≥ 1,6 x Inominal do fusível a jusante 8.6.2 – Fusível em série com disjuntor termomagnético. A Figura 8.16 apresenta um fusível em série com um disjuntor termomagnético. Figura 8.16: Fusível em série com disjuntor termomagnético. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 66 66 Para se garantir a coordenação entre o fusível e o disjuntor, suas curvas características devem ser similares aquelas apresentadas na Figura 8.17. Figura 8.17: Curvas características de fusível em série com disjuntor. Faixa de curto-circuito: Tatuação do fusível ≥≥≥≥ Tatuação do disjuntor + 50ms A Figura 8.17 também apresenta a condição que garante uma perfeita coordenação entre os dispositivos ligados em série. 8.6.3 – Disjuntor termomagnético em série com fusível A Figura 8.18 apresenta um disjuntor termomagnético em série com um fusível. Figura 8.18: Disjuntor termomagnético em série com fusível. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 67 67 Para se garantir a coordenação entre o disjuntor e o fusível, suas curvas características devem ser similares aquelas apresentadas na Figura 8.19. Figura 8.19: Curvas características de disjuntor em série com fusível. Tatuação do disjuntor ≥≥≥≥ Tatuação do fusível + 100ms Faixa de curto-circuito: A Figura 8.19 também apresenta a condição que garante uma perfeita coordenação entre os dispositivos ligados em série. 8.6.4 – Disjuntor em série com disjuntor A Figura 8.20 apresenta um disjuntor em série com outro disjuntor termomagnético. Figura 8.20: Disjuntor em série com outro disjuntor. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 68 68 Para se garantir a coordenação entre os disjuntores, suas curvas características devem ser similares aquelas apresentadas na Figura 8.21. Figura 8.21: Curvas características de disjuntores em série. As condições que garantem a coordenação entre os disjuntores ligados em sérei são: Tatuação do disjuntor1 ≥≥≥≥ Tatuação do disjuntor2 + 150ms Iatuação do relé eletromagnético do disj. 1 ≥≥≥≥ 1,25* Iatuação do relé eletromagnético do disj. 2 Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 69 69 9 – A QUESTÃO DOS CHOQUES ELÉTRICOS Qualquer atividade biológica, seja ela glandular, nervosa ou muscular, é originada de impulsos de corrente elétrica. Se esta corrente fisiológica interna somar-se a uma outra corrente de origem externa, em função de um contato elétrico, ocorrerá no organismo humano uma alteração das funções vitais normais que, dependendo da duração da corrente, pode levar uma pessoa a morte. Os efeitos principais que uma corrente elétrica externa produz no corpo são fundamentalmente quatro: tetanização, parada respiratória, queimadura e fibrilação ventricular. 9.1 – Tetanização. A tetanização é um fenômeno decorrente da contração muscular produzida por um impulso elétrico. Verifica-se que, sob ação de um estímulo devido à aplicação de uma diferença de potencial a uma fibra nervosa, o músculo se contrai para em seguida retornar ao estado de repouso. Quando a freqüência dos estímulos ultrapassa um certo limite, o músculo é levado à contração completa, permanecendo nessa condição até que cessem os estímulos. O mesmo fenômeno descrito para uma fibra elementar ocorre, de fora muito mais complexa, no corpo humano atravessado por uma corrente elétrica externa alternada. Uma pessoa em contato com uma peça sob tensão pode ficar “agarrada” a ela durante o tempo em que perdurar a diferença de potencial, o que, dependendo da duração, pode causar a inconsciência e até a morte. A corrente contínua, desde que de intensidade e duração suficientes, pode também produzir a tetanização. Define-se o limite de largar como sendo a máxima corrente que uma pessoa pode tolerar ao segurar um eletrodo, podendo ainda largá-lo usando os músculos diretamente estimulados pela corrente. Experiências indicam que os valores médios da corrente de largar varia entre 6 e 14 mA para mulheres e 9 a 23 mA para homens. Para valores mais elevados de corrente não ocorre a tetanização. A excitação muscular pode ser suficientemente violenta de modo a provocar uma repulsão. Dependendo das condições, um indivíduo pode ser atirado a uma certa distância. 9.2 – Parada respiratória. Correntes superiores ao limite de largar podem causar uma parada respiratória. Tais correntes produzem no indivíduo sinais de asfixia, por causa da contração de músculos ligados à respiração e/ou à paralisia dos centros nervosos que comandam a função respiratória. Se a corrente permanece, o indivíduo perde a consciência e morre sufocado. É necessário intervenção imediatamente após o acidente (3 ou 4 minutos no máximo) para evitar a asfixia da vítima ou mesmo lesões irreversíveis nos tecidos cerebrais. 9.3 – Queimaduras. A passagem da corrente elétrica pelo corpo humano é acompanhada do desenvolvimento de calor por efeito Joule, podendo produzir queimaduras. A Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 70 70 situação torna-se mais crítica nos pontos de entrada e saída da corrente, uma vez que: • a pele apresenta uma elevada resistência elétrica, enquanto os tecidos internos são, comparativamente, bons condutores; • a resistência de contato entre a pele e as partes sob tensão soma-se à resistência da pele; • a densidade de corrente é maior nos pontos de entrada e de saída da corrente, principalmente se forem pequenas as áreas de contato. As queimaduras produzidas são tanto mais graves quanto maior é a densidade de corrente e quanto mais longo o tempo pelo qual a corrente permanece. Nas altas tensões, predominam os efeitos térmicos da corrente, o calor produz a destruição de tecidos superficiais e profundos bem como o rompimento de artérias com conseqüente hemorragia, a destruição dos centros nervosos, etc. 9.4– Fibrilação ventricular. O fenômeno fisiológico mais grave que pode ocorrer quando da passagem da corrente elétrica pelo corpo humano é a fibrilação ventricular. O músculo cardíaco, normalmente, contrai-se ritmicamente de 60 a 100 vezes por minuto, sustentando, assim, a circulação sangüínea nos vasos. A contração da fibra muscular é produzida por impulsos elétricos proveniente do nódulo seno-atrial. Se à atividade elétrica fisiológica normal sobrepõe-se uma corrente elétrica de origem externa e muitas vezes maior do que a corrente biológica, ocorre um desequilíbrio elétrico no corpo. As fibras do coração passam a receber sinais elétricos excessivos e irregulares, as fibras ventriculares ficam superestimuladas de maneira caótica e passam a contrair-se de maneira desordenada, uma independente da outra, de modo que o coração não pode mais exercer sua função. Este é o fenômeno da fibrilação ventricular, responsável por muitas mortes em acidentes elétricos. É de suma importância observar que o perigo de ocorrência de um choque elétrico não está simplesmente em tocar um elemento energizado, seja uma parte viva (contato direto), seja uma massa sob tensão (contato indireto), e sim em tocar simultaneamente um outro elemento que se encontre em um potencial diferente em relação ao primeiro. Isto é, o perigo está na diferença de potencial. Como regra geral, deve-se considerar que as pessoas sempre podem estar em contato com um elemento do prédio, por exemplo, piso ou parede, que esteja num potencial bem definido, via de regra o da terra, e, portanto, qualquer contato com outro elemento, que esteja em um potencial diferente, pode ser perigoso. A Figura 9.1 caracteriza uma massa e um condutor estranho a uma instalação elétrica. Já a Figura 9.2, apresenta exemplos de contatos direto e indireto. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 71 71 Figura 9.1: Exemplo de massa e condutor estranho em uma instalação elétrica. Figura 9.2: Exemplo de contatos direto e indireto. A proteção contra contatos diretos é garantida pela qualidade dos componentes e da instalação e por determinadas disposições físicas dos componentes, podendo ser utilizados para tal: • isolação das partes vivas; • barreiras ou invólucros; • obstáculos; • colocação fora do alcance; A proteção contra contatos indiretos é prevista através de medidas que podem ser divididas em dois grupos: as que não utilizam o condutor de proteção e as medidas de proteção por seccionamento automático da alimentação. Duas ferramentas importantes que auxiliam na luta contra acidentes elétricos são o sistema de aterramento e o uso de dispositivos a corrente diferencial residual (DRs). Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 72 72 10 – O SISTEMA DE ATERRAMENTO A terra, ou seja, o solo, pode ser considerado como um condutor através do qual a corrente elétrica pode fluir. Denomina-se aterramento a ligação intencional com a terra, que pode ser realizada utilizando apenas os condutores elétricos necessários (aterramento direto) ou através da inserção intencional de um resistor ou reator, introduzindo uma impedância no caminho da corrente. Nas instalações elétricas são considerados dois tipos de aterramento: • o aterramento funcional, que consiste na ligação à terra de um dos condutores do sistema, geralmente o neutro, e está relacionado com o funcionamento correto, seguro e confiável da instalação; e • o aterramento de proteção, que consiste na ligação à terra das massas e dos elementos condutores estranhos à instalação, visando a proteção contra choques elétricos por contato indireto. Dentro de determinadas condições pode-se ter, em uma instalação, um aterramento combinado: funcional e de proteção. O eletrodo de aterramento é o condutor ou o conjunto de condutores enterrado(s) no solo e eletricamente ligado(s) à terra para fazer um aterramento. O termo tanto se aplica a uma simples haste enterrada como a várias hastes enterradas e interligadas e a diversos outros tipos de condutores em diversas configurações. 10.1 – Esquemas de aterramento. Os aterramentos devem assegurar, de modo eficaz, as necessidades de segurança e de funcionamento de uma instalação elétrica, constituindo-se num dos pontos mais importantes de seu projeto e de sua montagem. O aterramento de proteção, que consiste na ligação à terra das massas e dos elementos condutores estranhos à instalação, tem por objetivo: • limitar o potencial entre massas, entre massas e elementos condutores estranhos à instalação e entre ambos e a terra a um valor suficientemente seguro sob condições normais e anormais de funcionamento; • proporcionar às correntes de falta para terra um caminho de retorno de baixa impedância. Por sua vez, o aterramento funcional, a ligação à terra de um dos condutores vivos do sistema (o neutro em geral), proporciona principalmente: • definição e estabilização da tensão da instalação em relação à terra durante o funcionamento; • limitação de sobretensões originadas por manobras, descargas atmosféricas e a contatos acidentais com linhas de tensão mais elevada. De acordo com a NBR 5410, as instalações de baixa tensão devem obedecer, no que concerne aos aterramentos funcional e de proteção, a três esquemas básicos. Tais esquemas são classificados em função ao aterramento da fonte de alimentação da instalação (transformador, no caso mais comum, ou gerador) e das massas, sendo designados por uma simbologia que utiliza duas letras fundamentais: • 1a letra – indica a situação da alimentação em relação à terra, podendo ser: • T – um ponto diretamente aterrado; • I – nenhum ponto aterrado ou aterramento através de impedância. • 2a letra – indica as características do aterramento das massas, podendo ser: Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 73 73 • T – massas diretamente aterradas independentemente do eventual aterramento da alimentação; • N – massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado, geralmente o neutro. • Outras letras (eventuais) – disposição do condutor neutro e do condutor de proteção: • S – funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos; • C – funções de neutro e de proteção combinadas em um único condutor (condutor PEN). São considerados pela norma os esquemas TT, TN e IT. Esquema TT. No esquema TT existe um ponto de alimentação, geralmente o secundário do transformador com seu ponto neutro, diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadas a um eletrodo de aterramento independente do eletrodo de aterramento da alimentação, conforme se observa na Figura 10.1. Figura 10.1: Esquema de aterramento TT. R S T N Massas Aterramento de alimentação PE Secundário do transformador O esquema TT é concebido de forma que o percurso de uma corrente proveniente de uma falta fase-massa, ocorrida em um componente ou equipamento de utilização da instalação, inclua a terra e que a elevada impedância desse percurso limite o valor daquela corrente. As correntes de falta direta fase-massa serão de intensidade inferior à de uma corrente de curto-circuito fase-neutro, podendo, no entanto, trazer perigo para as pessoas que toquem em uma massa acidentalmente energizada. Nas instalações que utilizam o esquema TT, a proteção contra contatos indiretos deve ser garantida preferencialmente por dispositivos DR. O esquema TT é extremamente simples, não exigindo controle permanente da instalação. Trata-se, em princípio, do esquema de aterramento ideal para instalações alimentadas diretamente por rede de distribuição pública de baixa tensão. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo- FISP 74 74 Esquemas TN. No esquema TN existe também um ponto de alimentação (via de regra o secundário do transformador com seu ponto neutro) diretamente aterrado, sendo as massas da instalação ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. O esquema poderá ser do tipo TN-S, quando as funções de neutro e de proteção forem asseguradas por condutores distintos (N e PE) ou do tipo TN-C, quando as funções forem acumuladas pelo mesmo condutor (PEN). Pode-se, também, utilizar o sistema misto TN-C-S, onde parte do aterramento possui um condutor comum para proteção e neutro e outra parte condutores distintos para cada uma dessas funções. As Figuras 10.2, 10.3 e 10.4 apresentam, respectivamente os esquemas TN-S, TN-C e TN-C-S. Figura 10.2: Esquema de aterramento TN-S. R S T N PE MassasAterramento de alimentação Secundário do transformador Figura 10.3: Esquema de aterramento TN-C. R S T PEN Massas Aterramento de alimentação Secundário do trasnformador Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 75 75 Figura 10.4: Esquema de aterramento TN-C-S. R S T N PEN Massas Aterramento de alimentação PE Secundário do trasnformador Os esquemas TN são concebidos de modo que o percurso de uma corrente de falta fase-massa seja constituído exclusivamente por elementos condutores e, portanto, possua baixíssima impedância. Uma corrente de falta direta fase-massa, nesse esquema, será equivalente a uma corrente de curto-circuito fase-neutro. O esquema TN-C pode, em princípio, ser usado tanto na rede da concessionária como na instalação de consumidor, sofrendo neste último caso diversas restrições. Os esquemas TN-S e TN-C-S são os mais utilizados em instalações de consumidores alimentados em alta tensão, ou seja, os que possuem transformador próprio. Esquema IT. No esquema IT não existe nenhum ponto de alimentação diretamente aterrado, ou seja, a alimentação é totalmente isolada da terra ou aterrada através de uma impedância de valor elevado. As massas são ligadas à terra por meio de eletroduto ou eletrodos de aterramento próprios, conforme retrata a Figura 10.5. Figura 10.5: Esquema de aterramento IT. R S T Massas Aterramento de alimentação PE Impedância Secundário do transformador Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 76 76 No esquema IT a corrente resultante de uma única falta fase-massa não possuirá, normalmente, intensidade suficiente para trazer perigo para as pessoas que toquem na massa energizada, em função da impedância existente entre a alimentação e a terra. Este tipo de esquema é utilizado exclusivamente em instalações de consumidores que possuem transformador próprio, principalmente na alimentação de setores específicos de certos tipos de indústria. Comparação entre os esquemas de aterramento. A escolha do esquema de aterramento a utilizar em uma instalação dever ser feita pelo projetista logo no início do projeto, devendo-se basear em dados de natureza diversa que devem ser considerados em conjunto, a fim de ser tomada uma decisão que traduza a solução ótima para a instalação. Em princípio, os três esquemas oferecem o mesmo grau de segurança no tocante à proteção das pessoas, apresentando, no entanto, características de aplicação diferentes, que se traduzem em vantagens e desvantagens fundamentais na escolha para uma instalação. A Tabela 10.1 apresenta um resumo comparativo entre os sistemas de aterramento. Tabela 10.1: Características comparativas dos esquemas de aterramento. Esquema Proteção Exigências Vantagens Desvantagens TT Ligação do neutro ao terra da alimentação e das massas a(s) terra(s) independentes. Uso de dispositivos DR. Seletividade entre DRs, se necessário. Facilidade de projeto. Simplicidade de manutenção. Qualidade da instalação supervisionada pelos DRs. Custo adicional dos DRs. TN Ligação do neutro e da alimentação; uso de dispositivos a sobrecorrente na proteção contra contatos indiretos. Definição de comprimentos máximos de circuitos em função das condições de seccionamento. Complementa- ção da segurança por dispositivos DR. Dispositivos a sobrecorrente protegendo também contra contatos indiretos. Possibilidade de economia de condutores (uso de condutores PEN). Massas sujeitas à sobretensões do neutro da alimentação. Exigência de pessoal especializado na manutenção. Dimensionamento dos circuitos mais complexo. IT Alimentação não aterrada ou através de impedância; massas aterradas por eletrodo(s) independente(s) ou no mesmo eletrodo da alimentação. Necessidade de vigilância permanente do isolamento. Analogia do esquema TT quando as massas não são interligadas. Analogia com sistema TN quando as massas são interligadas. Necessidade de uso de um controlador permanente de isolamento, com a finalidade de indicar ocorrências de falta. Pode-se considerar cinco aspectos fundamentais para a escolha do sistema de aterramento: Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 77 77 a) alimentação: • em instalações alimentadas por rede pública em baixa tensão, em função da exigência de aterramento do neutro na origem da instalação, só podem ser utilizados os sistemas TT e TN; • em instalações alimentadas por transformador (ou gerador) próprio, em princípio, qualquer sistema pode ser utilizado, entretanto dá-se preferência ao TN (instalações industriais e prédios comerciais de grande porte) e, em alguns casos específicos, ao esquema IT (certos setores de indústrias, de hospitais e em instalações de mineração). b) equipamentos de utilização: • quando existirem na instalação equipamentos de utilização com elevadas correntes de fuga, como fornos e certos tipos de filtros, não é conveniente utilizar o esquema TT, em virtude da possibilidade de disparos intempestivos dos DRs; • no caso de equipamentos com elevada vibração mecânica, não é recomendável o uso do esquema TN, em função da possibilidade de rompimento do condutor de proteção (contido na mesma linha elétrica dos condutores vivos). c) natureza dos locais: • locais com risco de incêndio ou de explosões não são convenientes para o uso do sistema TN, por causa do valor elevado das correntes de falta fase- massa. d) funcionamento: • em instalações onde será fundamental e indispensável a continuidade no serviço deve-se optar pelo esquema IT; • quando não se dispõe de pessoal de manutenção especializado não é conveniente utilizar os esquemas TN e IT, pois neles a substituição de um dispositivo de proteção por outro de características diferentes pode comprometer a proteção contra contatos indiretos. e) custos globais: • em termos de projeto, os esquemas TN e IT exigem um pouco mais de horas de trabalho, em função da maior complexidade no dimensionamento dos circuitos; • no que concerne à execução, o esquema TN, por utilizar na proteção contra contatos indiretos dispositivos a sobrecorrente e, em muitos casos, utilizar os condutores PEN, apresenta custos mais baixos; • quanto à manutenção, o esquema TT, por sua simplicidade, é o que apresenta os custos mais reduzidos. 10.2 – Eletrodos de aterramento. Um eletrodo de aterramento é o condutor ou o conjunto de condutores enterrado(s) no solo e eletricamente ligado(s) à terra para fazer um aterramento. Isto é, o eletrodo pode ser constituído por um ou mais elementos. Os eletrodos de aterramento podem ser: • especialmente estabelecidos para a função do eletrodo, sendo usado nesses casos: • hastes de cobre, de aço zincado ou de aço revestido de cobre; • tubos de aço zincado; Instalações Elétricas – Professor LuizHenrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 78 78 • chapas de cobre ou de aço zincado; • perfis de aço zincado; • fitas de cobre ou de aço galvanizado; • cabos de aço, de aço cobreado ou de aço zincado. • não-específicos, como é o caso de: • estacas metálicas enterradas; • tubulações metálicas enterradas. • combinações dos tipos específicos e não-específicos. É importante observar que as canalizações metálicas do fornecimento de água e de outros serviços não devem ser usadas como eletrodo de aterramento, tendo em vista o uso muito difundido de componentes isolantes em tais canalizações. A Tabela 10.2 traz um resumo das características dos principais meios de aterramento utilizados. Tabela 10.2: Eletrodos de aterramento especialmente estabelecidos. Tipo de eletrodo Dimensões mínimas Observações Chapa de cobre 0,20 mm2 de área e 2 mm de espessura Profundidade mínima do centro da chapa de 1 m. Posição vertical. Chapa de aço zincado 0,30 mm2 de área e 3 mm de espessura Profundidade mínima do centro da chapa de 1 m. Posição vertical. Tubo de aço zincado 2,40 m de comprimento e diâmetro nominal 25 mm Enterramento total vertical Perfil de aço zincado Cantoneira de 20 x 20 x 3 mm com 2,40 m de comprimento Enterramento total vertical Haste de aço zincado Diâmetro de 15 mm com 2,40 m de comprimento Enterramento total vertical Haste de cobre Diâmetro de 15 mm com 2,40 m de comprimento Enterramento total vertical Fita de cobre 25 mm2 de seção, 2 mm de espessura e 10 m de comprimento Enterramento total vertical Fita de aço galvanizado 100 mm2 de seção, 3 mm de espessura e 10 m de comprimento Profundidade mínima de 0,60 m. Largura na posição vertical Cabo de cobre Seção 25 mm2 e 10 me de comprimento Profundidade mínima de 0,60 m. Largura na posição vertical Cabo de aço zincado Seção 95 mm2 e 10 me de comprimento Profundidade mínima de 0,60 m. Largura na posição vertical As hastes constituem o tipo de eletrodo mais simples e mais comum nas instalações de baixa tensão. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 79 79 10.3 – Condutores de proteção. Os condutores de proteção dos circuitos (PEs) devem estar presentes: • em um circuito terminal ligando as massas dos equipamentos de utilização e, se for o caso, os terminais terra das tomadas de corrente, alimentados pelo circuito, ao terminal de aterramento do quadro de distribuição respectivo; • em um circuito de distribuição, interligando o terminal de aterramento do quadro de onde parte o circuito ao terminal de aterramento do quadro alimentado por circuito. Um condutor de proteção deve, de preferência, fazer parte da mesma linha elétrica do circuito a que corresponde, o que aliás é explicitamente recomendado pela NBR 5410 no caso dos esquemas TN. Também pode-se ter um condutor de proteção comum a vários circuitos, desde que esses estejam contidos na mesma linha elétrica. Como condutores de proteção devem ser usados preferencialmente: • veias de cabos multipolares; • condutores isolados ou cabos unipolares contidos na mesma linha elétrica do circuito. A seção mínima dos condutores de proteção é determinada através da Tabela 10.3. Tabela 10.3: Seção mínima dos condutores de proteção. Seção dos condutores fase [mm2] Seção mínima do condutor de proteção correspondente [mm2] S ≤ 16 S 16 < S ≤ 35 16 S > 35 S/2 Os condutores de proteção devem estar convenientemente protegidos contra deteriorações mecânicas e químicas e contra os esforços eletrodinâmicos. Suas ligações devem estar acessíveis para verificações e ensaios, com exceção das executadas dentro das caixas moldadas ou juntas encapsuladas. Nenhum dispositivo de comando ou proteção deve ser inserido no condutor de proteção, porém podem ser utilizadas ligações desmontáveis por meio de ferramentas, para fins de ensaios. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 80 80 11 – DISPOSITIVOS A CORRENTE RESIDUAL-DIFERENCIAL (DRs) Os dispositivos a corrente residual-diferencial constituem-se no meio mais eficaz de proteção das pessoas contra choques elétricos. São o único meio ativo de proteção contra contatos diretos e, na grande maioria dos casos, o meio mais adequado para proteção contra contatos indiretos. Por outro lado, podem exercer a proteção contra incêndios e também constituir-se em vigilantes da qualidade da instalação. Os dispositivos DRs podem ser classificados quanto à sua sensibilidade: quanto maior o valor da corrente diferencial-residual nominal de atuação, menor a sensibilidade. Os dispositivos com I∆N ≤ 30 mA são considerados de alta sensibilidade, oferecendo proteção contra contatos diretos e indiretos; aqueles com I∆N > 30 mA são de baixa sensibilidade, oferecendo apenas proteção contra contatos indiretos. No que concerne às funções executadas, os DRs podem ser: • interruptores DR, destinados à proteção contra choques elétricos por contato direto (os alta sensibilidade) e por contato indireto (os de alta e baixa sensibilidade); possuem, via de regra, baixas capacidades de interrupção e devem ser utilizados, nos circuitos, em conjunto com dispositivos de proteção contra sobrecorrentes (disjuntores e fusíveis); • disjuntores DR, dispositivos mais completos, com capacidade de interrupção mais elevada, que garantem, além da proteção contra choques elétricos, a proteção contra sobrecorrentes, isto é, contra correntes de sobrecarga e de curto-circuito. A Figura 11.1 apresenta exemplos de dispositivos DRs. Figura 11.1: Exemplos de dispositivos DRs. 11.1 – Princípio de funcionamento dos dispositivos DRs. Os dispositivos DRs funcionam como um sensor que mede as correntes que entram e saem em um circuito, conforme se vê na Figura 11.2. O esquema 1 apresenta o dispositivo monitorando duas correntes de mesmo valor, porém de direções contrárias em relação à carga. Se chamarmos a corrente que entra na carga de +I e a que sai de -I, logo a soma das correntes é igual a zero (esquema 2). Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 81 81 A soma só não será igual a zero se houver corrente fluindo para a terra (esquema 3), como no caso de um choque elétrico. A sensibilidade do interruptor, que varia de 15 a 500mA, deve ser dimensionada com cuidado, pois existem perdas para a terra inerentes à própria qualidade da instalação. Figura 11.2: Princípio de funcionamento de um dispositivo DR. 11.2 – Aplicação dos dispositovos DR. Os dispositivos DR podem ser utilizados na proteção contra contatos indiretos qualquer que seja o sistema de aterramento utilizado, podendo ser utilizado tanto dispositivos de alta como de baixa sensibilidade, lembrando que os dispositivos de alta sensibilidade constituem proteção adicional contra contatos diretos. Esquema TT. Nas instalações com esquema TT o DR é o único meio viável para proteção contra contatos indiretos, o mesmo ocorrendo com instalações alimentadas por rede pública em baixa tensão com esquema TN-C-S. A NBR 5410 admite, neste esquema, o uso de um único dispositivo DR, instalado na origem da instalação, proporcionando uma proteção geral contra contatos indiretos. Assim, nas unidades de consumo alimentadas por rede pública em baixa tensão, o dispositivo poderia ser localizado junto ao medidor, isto é: • na caixa de entrada de unidades isoladas (residências e pequenos estabelecimentos comerciais), conforme se observa na Figura 11.3; Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 82 82 Figura 11.3: Instalação de um único DR em unidade isolada. • no centro de medição de prédios com várias unidades(prédios comerciais ou residenciais e shopping centers), conforme se observa na Figura 11.4. Figura 11.4: Instalação de um único DR em um prédio com várias unidades. É importante observar que: • o DR único deverá ser, na maioria dos casos, de alta sensibilidade, tendo em vista as necessidades de proteção adicional contra contatos diretos, como no caso de circuitos de tomadas de banheiros; • para que seja viável a utilização de único DR de alta sensibilidade é fundamental que ele não atue com a corrente de fuga total normal da instalação; por exemplo, no caso de um DR de 30 mA, a corrente de fuga em condições normais não deve ultrapassar 15 mA; • o surgimento de uma falta fase-massa que provoque o aparecimento de uma tensão de contato perigosa fará o dispositivo atuar, desligando toda a instalação. Assim, o uso de único DR é, via de regra, uma solução aplicável a instalações de pequeno e médio porte (tipicamente apartamentos de até 3 dormitórios). Quando não for possível ou recomendável utilizar um único DR, duas são as soluções mais indicadas: • instalar um DR de baixa sensibilidade como proteção geral (na origem ou quadro de distribuição da instalação) e disjuntores DR de alta sensibilidade nos circuitos terminais, conforme se vê na Figura 11.5; Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 83 83 Figura 11.5: Instalação de DR na entrada e em circuitos terminais. • instalar um interruptor DR em cada derivação da instalação, isto é, em cada um dos circuitos de distribuição, se existir mais de um, ou em cada subdivisão feita no próprio quadro, conforme se observa na Figura 11.6. Figura 11.6: Instalação de DRs em cada subdivisão da instalação. Esquema TN. Nas instalações com esquema TN a NBR 5410, além de considerar os DRs como um dos meios possíveis para proteção contra contatos indiretos, recomenda especificamente seu uso em circuitos terminais que alimentam: • tomadas de corrente em áreas externas e locais com piso e/ou revestimento não isolantes; • aparelhos de iluminação instalados em áreas externas. Para esta configuração de aterrmento é recomendado o uso de dispositivos DRs de alta sensibilidade. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 84 84 Esquema IT. Nas instalações com esquema de aterramento IT, o DR é o dispositivo mais indicado no caso de massas aterradas individualmente ou por grupos. 11.3 – Dimensionamento. No dimensionamento dos dispositivos DRs, a corrente nominal do dispositivo deve ser igual ou maior que o valor da corrente nominal do dispositivo de proteção utilizado contra sobrecorrente. A Tabela 11.1 apresenta exemplos de valores dos dispositvos DRs. Tabela 25. Exemplos de valores de disjuntores diferenciais-residuais. Número de pólos I∆∆∆∆N [A] IN [A] 16 20 25 32 40 50 63 80 90 30 mA 100 16 20 25 32 40 50 63 80 90 Bipolar e Tripolar: 230/400 V 300 mA 100
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