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Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 1 Enfermagem em Saúde Coletiva INTRODUÇÃO A Organização Mundial de Saúde - OMS estima que todos os anos são registrados 357 milhões de novos casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis que têm cura e atingem pessoas entre 15 e 49 anos de idade No Brasil, dentre as estratégias do Ministério da Saúde para atingir as metas planejadas no controle de IST, destaca-se o fornecimento gratuito de testes rápidos (TR) a todos os estados e municípios brasileiros. Os TR são utilizados como testes iniciais no diagnóstico de HIV, hepatite B, hepatite C e Sífilis. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS -IST São aquelas transmitidas de uma pessoa para outra, principalmente, por contato sexual, em relações desprotegidas com parcerias infectadas e, eventualmente, por via sanguínea. A transmissão ainda pode acontecer da mãe para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. Essas infecções podem ser causadas por vírus, bactérias e protozoários Clinicamente podem apresentar-se de forma assintomática, com sintomatologia inespecífica, com sintomatologia discreta, ou ainda, com lesões e sintomas característicos tais como úlceras, corrimentos, bolhas ou verrugas. Quando não forem diagnosticadas e tratadas, podem progredir para estados crônicos associados a grande morbidade. O caráter silencioso dessas infecções dificulta o diagnóstico, gerando um quadro em que os indivíduos são direcionados ao tratamento apenas quando já apresentam estágios avançados das doenças, reduzindo sua chance de recuperação e aumentando a morbimortalidade associada a esses agravos Além das infecções conceituadas como IST, existem outras infecções que eventualmente podem ser transmitidas durante a atividade sexual, entretanto, essa não é a sua principal forma de transmissão, portanto, não são conceituadas como IST. Exemplos: o Hepatite C - vírus cuja principal forma é a transmissão parenteral; o Candida spp. – fungo considerado endógeno; o Gardnerella vaginallis – bactéria considerada endógena; o Entamoeba histolytica – protozoário intestinal de transmissão oral fecal. ISTs causadas por bactérias: Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 2 ISTs causadas por vírus: ISTs causadas por protozoários: Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 3 Infecções que também podem ser transmitidas por contato sexual desprotegido: TESTES RÁPIDOS Os testes rápidos são apresentados na forma de conjunto diagnóstico, também conhecidos como “kit”, os quais contêm lancetas para punção digital ou swabs para coleta do fluido oral, materiais para coleta das amostras, dispositivos plásticos para a realização dos testes reagentes necessários para a sua execução e a bula do fabricante. Os TR são de fácil execução e não necessitam de estrutura laboratorial, podendo ser executados em qualquer Unidade de Saúde ou em ambientes externos, facilitando o acesso do cidadão ao diagnóstico, mesmo em locais remotos. Na maioria das vezes, a execução, leitura e interpretação do resultado do TR é feita em até 30 minutos. Reagente - Quando aparecem linhas coloridas, na área de teste (T) e na área de controle (C): Não reagente - Quando aparece uma linha colorida somente na área de controle (C). A área de teste (T) permanece incolor, indicando ausência do anticorpo pesquisado: Inválido - Quando não aparece linha colorida na área de controle, independentemente de ter aparecido ou não linha colorida na área de teste: Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 4 Quando utilizados adequadamente, os testes rápidos são excelentes ferramentas e permitem a ampliação do diagnóstico das infecções sexualmente transmissíveis. Os TR podem apresentar, eventualmente, resultados inconsistentes: o falso-não-reagente, quando a pessoa tem uma infecção e o resultado é não reagente. o falso-reagente, quando a pessoa não tem uma infecção e o resultado é reagente. Resultados falsos podem acontecer em diversas circunstâncias como erro de execução do teste, condições de armazenamento e características do Kit, particularidades da pessoa testada como, presença de outras infecções e imunizações recentes. Resultados falso-reagentes estão comumente associados a determinados fatores dentre eles, alguns estão fora do controle do operador e outros podem estar relacionadas a erros humanos e/ou problemas no controle de qualidade dos testes: Deve-se, também, atentar para as limitações de uso dos testes rápidos, indicadas nos manuais do MS e na bula do fabricante, que determinarão as situações em que os testes podem ou não ser usados. É preciso sempre ler com cuidado a bula do produto, a fim de conhecer essas limitações RECEPÇÃO DOS TR DISTRIBUÍDOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE O responsável pelo recebimento deve fazer o registro de entrada do material num formulário de controle e relatar, no verso da nota fiscal, eventuais problemas identificados durante a entrega do produto. Na recepção dos conjuntos diagnósticos é fundamental que você observe: o se as embalagens não estão danificadas; o se os conjuntos diagnósticos estão no período de validade; o se o transporte ocorreu no intervalo de temperatura recomendada pelo fabricante, de acordo com a estabilidade dos TR Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 5 CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO E ESTABILIDADE Os componentes do kit para TR são estáveis até a data de validade indicada nas respectivas embalagens, desde que sejam conservados em condições adequadas. Jamais congelar qualquer componente do kit; Proteger o kit da ação da umidade; Não expor ao sol; Guardar ao abrigo da luz; Conservar o kit na faixa de temperatura que está expressa na bula de cada fabricante; Conferir o prazo de validade impresso na parte externa da embalagem do kit, antes de realizar o teste; Não utilizar testes após a data de vencimento; Manter os envelopes lacrados até o momento da utilização REVISANDO CONCEITOS A resposta imunológica é um processo complexo, mediado por diferentes células do sistema imune ou sistema de defesa e baseia-se na capacidade do organismo reconhecer substâncias estranhas e reagir especificamente contra elas. Quando o sistema imunológico reconhece a presença de um antígeno, produz como defesa um anticorpo (Ac) específico para reconhecer e neutralizar esse antígeno. Antígeno é uma substância capaz de desencadear uma resposta imunológica do sistema de defesa. Anticorpos são a resposta do sistema de defesa para reconhecer e neutralizar um antígeno. Os anticorpos são proteínas do tipo imunoglobulina, por isso são representados por “Ig” e, de acordo com suas estruturas, classificam- se como IgM, IgG, IgA, IgE e IgD. As classes de imunoglobulinas são produzidas em tempos diferentes durante uma infecção, surgindo na circulação na medida em que a infecção progride no organismo. Os testes rápidos, distribuídos pelo Ministério da Saúde, são capazes de detectar os anticorpos IgM, IgG e IgA, por isso, neste curso Telelab focaremos nessas classes de anticorpos A IgM é a principal imunoglobulina da resposta primária aos antígenos, isto é, produzido quando o organismo detecta pela primeira vez aquele antígeno. É a primeira classe de anticorpo que surge e caracteriza a fase aguda de uma infecção. Os anticorpos IgG aparecem em maior quantidade e podem permanecer circulando indefinidamente. É o anticorpo mais importante da resposta imune secundária e possui memória específica e duradoura contra determinado antígeno. É o único anticorpo que, na gestante, é capaz de atravessar a placenta, conferindo imunidade passiva ao feto. A IgA é principal imunoglobulina encontrada em secreções como saliva, lágrima,leite materno e mucos. É transmitida da mãe para o filho, através da amamentação Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 6 EXATIDÃO X PRECISÃO Exatidão indica o quanto o valor que se obteve numa análise está próximo do valor real e a precisão mostra a reprodutibilidade do método. A precisão se concentra em oferecer um dado sobre determinada fórmula ou solução, com resultados mais próximos uns dos outros. Nesse caso, a precisão expõe uma comparação entre vários resultados, que serve para conferir se o instrumento utilizado realmente consegue reproduzir um resultado por meio da medição feita anteriormente. Um equipamento descalibrado, por exemplo, pode repetir sempre o mesmo erro dando resultados precisos, porém inexatos. SENSIBILIDADE X ESPECIFICIDADE Sensibilidade e especificidade diagnósticas referem-se à capacidade do teste em diferenciar um indivíduo com determinada infecção ou condição clínica daqueles que não têm a infecção ou condição clínica Sensibilidade de um teste define a proporção de pessoas com a infecção que apresentam resultado reagente. Os testes com alta sensibilidade são importantes ferramentas para a triagem diagnóstica porque apresentam baixas taxas de resultados falso-não reagente. A probabilidade de o resultado de um teste ser verdadeiro é dada pelo valor preditivo do teste (VP) e pode ser: o Valor Preditivo Positivo (VPP): porcentagem de indivíduos com um resultado reagente e que são portadores de uma doença ou condição. o Valor Preditivo Negativo (VPN): porcentagem de indivíduos com um resultado não reagente e que não são portadores de uma doença ou condição Incidência: Número total de casos novos de uma infecção ou doença existentes na população de um local em determinado período de tempo. Prevalência: Número total de casos novos e antigos de uma infecção ou doença existentes na população de um local em determinado período de tempo. Os testes para triagem e diagnóstico disponíveis no mercado, atualmente, apresentam valores de sensibilidade e especificidade próximos a 100%. ABORDAGEM AO USUÁRIO NO TESTE RÁPIDO Profissionais da saúde devem conhecer os fatores que podem interferir na leitura e na interpretação dos resultados dos TR. A fase pré-teste refere-se às situações que antecedem a execução do teste e é específica para cada infecção investigada. Essa fase deve ser conduzida com o rigor técnico necessário para garantir segurança à pessoa sendo testada e ao resultado. Receba a pessoa com simpatia e cordialidade e cumprimente-a chamando-a pelo nome que está na requisição e, quando for o caso, pelo nome social. A pessoa deve sentir-se confortável para esclarecer suas dúvidas tanto sobre os procedimentos que serão realizados, como dos eventuais encaminhamentos. Reafirme o caráter voluntário da testagem e esclareça à pessoa que o atendimento é sigiloso. Assegure a privacidade do (a) usuário (a) durante a entrevista e a testagem. Quando se tratar de criança (0 a 12 anos incompletos), a testagem e a entrega dos exames anti-HIV devem ser realizadas exclusivamente com a presença dos pais ou responsáveis legais. Quando se tratar de adolescente (12 a 18 anos), após uma avaliação de suas condições de discernimento, fica restrita à sua vontade a realização do exame, assim como a revelação do resultado a outras pessoas. Isso significa que, se o adolescente assim desejar, e se for constatado que ele está em condições físicas, psíquicas e emocionais de receber o resultado do exame, a testagem poderá ser realizada mesmo sem a presença dos responsáveis legais FALANDO SOBRE O TESTE É importante que você, profissional de saúde, tenha conhecimento a respeito de algumas informações sobre o teste, para que possa dar um diagnóstico seguro. Tipos de amostras utilizadas nos TR: Os testes rápidos para HIV, HBV, HCV e sífilis distribuídos pelo Ministério da Saúde estão disponíveis nas versões usando amostras de sangue total obtido por punção digital – eventualmente podem ser Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 7 executados em amostras de soro ou plasma, obtido a partir de sangue coletado por punção venosa. Para o HIV, alguns testes podem ser realizados com amostras de fluido oral (FO). Informações à pessoa sendo testada - Procure informar à pessoa sobre os procedimentos que serão realizados. Explique: o Como será feita a coleta da amostra – se por punção digital, punção venosa ou com um swab para coleta do fluido oral; o Como funciona o teste, quanto tempo levará até sair o resultado. o Permita que o (a) usuário (a) esclareça suas dúvidas nesse momento. o Informe ainda que, durante a testagem rápida, talvez seja necessário realizar mais de uma punção digital ou até mesmo uma punção venosa, para a repetição do teste ou, ainda, para a realização de outros testes. Isso evitará que a pessoa fique insegura quanto ao seu desempenho técnico. o Explique sobre a necessidade de seguir os fluxogramas definidos pelo Ministério da Saúde até a definição do diagnóstico. o Deixe claro ao(à) usuário(a) que os testes iniciais para a investigação da infecção pelo HIV, HCV e sífilis são capazes de detectar anticorpos produzidos pelo organismo como resposta à infecção causada pelo agente infeccioso. Se o teste a ser realizado for o teste rápido para hepatite B, esclareça que será detectado um antígeno (HBsAg). o Verifique se a pessoa teve algum tipo de exposição de risco recentemente e explique o que é janela diagnóstica. o Em caso de exposição recente, evidencie a importância de a pessoa exposta retornar para fazer o teste no período adequado, ou seja, após 30 dias. Janela diagnóstica: O período de janela diagnóstica é o tempo decorrido entre o contágio e o aparecimento ou detecção de marcadores da infecção, seja ele antígeno ou anticorpo (no caso de anticorpo, também podemos chamar de janela imunológica). A duração desse período é de, aproximadamente, 30 dias. Durante a janela diagnóstica, o teste pode apresentar resultado não reagente, mesmo se a pessoa estiver infectada. ABORDAGEM NA PRÉ-TESTAGEM PARA AS HEPATITES VIRAIS Pergunte se a pessoa já é vacinada para hepatite B. Informe que pode haver resultados falsos reagentes nos testes que detectam o antígeno de superfície do HBV (HBsAg) em um período de até 21 dias após a vacinação. Caso a pessoa nunca tenha sido vacinada, ofereça a vacina ou informe qual é o serviço mais próximo para a vacinação. Ressalte também que, para a prevenção das hepatites virais, além de práticas sexuais seguras, é preciso considerar o não compartilhamento de objetos de higiene pessoal, como: escovas de dente, alicates de unhas, bem como lâminas de barbear ou de depilação. A maior parte das pessoas infectadas pelo HCV concentra-se na faixa etária acima dos 40 anos. Por isso o teste deve ser preferencialmente ofertado para pessoas dessa idade ABORDAGEM NA PRÉ-TESTAGEM PARA A SÍFILIS Pergunte se a pessoa alguma vez já realizou o teste para sífilis, se já teve algum resultado reagente e se já fez algum tratamento para essa infecção. Faça as mesmas perguntas a respeito da pessoa ou das pessoas com quem ela manteve contato sexual. Se a pessoa testada for uma mulher, pergunte se está grávida, se tem filhos, se está fazendo ou se fez acompanhamento pré-natal em gestações anteriores e se realizou os testes recomendados. Esclareça que o teste rápido para sífilis detecta anticorpos que podem ser de uma infecção atual ou de infecções anteriores. Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 8 ABORDAGEM NA PRÉ-TESTAGEM PARA O HIV Pergunte se a pessoa teve uma exposição de risco nas últimas 72 horas. Nesses casos, informe que existe no Brasil o protocolo para Profilaxia Pós- Exposição (PEP) Encaminhe a pessoa para uma unidade de saúde onde aPEP esteja disponível. O tratamento dura 28 dias e a pessoa exposta deve ser acompanhada, por 90 dias, pela equipe de saúde. COMO PROCEDER NO PÓS-TESTE Um dos objetivos essenciais desta etapa é apoiar o (a) usuário (a), que vivencia situações de risco acrescido no fortalecimento de práticas mais seguras para não se infectarem, ou na adesão ao tratamento no caso de resultado reagente. Para tanto, o serviço ou o projeto de base comunitária deve ter uma equipe com profissionais de saúde preparados para realizar a entrega do resultado, oferecer aconselhamento e fazer os encaminhamentos necessários. Portanto é necessário conhecer o fluxo de serviços de saúde de sua região. Informe que o tratamento é gratuito pelo SUS, bem como todo o acompanhamento e monitoramento médico. Oriente sobre estratégias de redução de danos e valorize a prevenção Resultado não reagente: o Um resultado não reagente indica que o teste não detectou o antígeno e (ou) anticorpo na amostra testada. No entanto, não exclui definitivamente que o indivíduo esteja infectado. o Lembre à pessoa da existência da janela diagnóstica, reforçando que, se persistir a suspeita da infecção, o teste deverá ser repetido após 30 dias. o Lembre-se de que um resultado não reagente não significa imunidade. Oriente sobre as medidas de prevenção, a fim de evitar futuras exposições de risco, e esclareça que realizar apenas a testagem não evitará a transmissão de IST em novas exposições. o Reforce a importância de todas as pessoas receberem as três doses da vacina para hepatite B. o Atenção: se a pessoa teve uma exposição de risco recente (até 72h), encaminhe-a para realizar o protocolo da Profilaxia Pós- Exposição (PEP) para HIV. Tenha em mãos as informações sobre onde o paciente pode encontrar esse serviço em sua cidade Resultado reagente: o É fundamental que o profissional de saúde, esteja preparado para esclarecer que outros testes serão realizados para confirmar o diagnóstico e que existe tratamento disponível pelo SUS para os agravos pesquisados (HIV, HBV, HCV e sífilis). o Faça os devidos encaminhamentos para que a pessoa receba todos os cuidados e as orientações necessárias para a aceitação e adesão ao tratamento, quando for o caso. o Utilize a palavra reagente para informar o resultado do teste. Dizer que um teste tem resultado “positivo” é inadequado. o Esclareça que este é um teste inicial e que há a necessidade de um segundo teste para a determinação do diagnóstico, conforme fluxogramas estabelecidos pelo Ministério da Saúde. o É importante informar sobre a realização dos testes para as parcerias Resultado reagente para HIV: o Se o primeiro teste rápido para HIV for reagente, deverá ser realizado um segundo teste rápido, de um fabricante diferente. Se o resultado do segundo teste também for reagente, o usuário será encaminhado à unidade de saúde onde serão requisitados outros exames complementares, como o teste molecular para quantificação de carga viral. o Ao informar um resultado reagente, o profissional deve demonstrar interesse pelos sentimentos da pessoa e disponibilidade para esclarecer suas dúvidas. o Deve ainda ressaltar a importância do acompanhamento médico, laboratorial, psicossocial e da adesão plena ao tratamento para o controle da infecção o Nos casos em que os dois testes rápidos apresentarem resultados discordantes, coleta-se uma nova amostra e repete-se a Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 9 testagem para verificar se houve erro de execução. o Persistindo a discordância, uma amostra é coletada por punção venosa e encaminhada a um laboratório de referência do município ou do estado o Quando isso não for possível, a pessoa será encaminhada a um serviço de saúde ou deverá ser testada, novamente, após 30 dias Resultado reagente para hepatites virais: o Lembre-se de que um resultado reagente no teste rápido para hepatite C indica contato prévio com o vírus. Para identificar uma infecção pelo HCV, é preciso realizar um teste molecular (carga viral). o No teste rápido para hepatite B, um resultado reagente indica a presença do HBsAg no indivíduo, sugerindo infecção pelo HBV. Informe que serão necessários outros testes para estabelecer o diagnóstico e a conduta correta a ser seguida pelo médico. o Nos locais sem condições para tratamento e acompanhamento das infecções, a pessoa deverá ser encaminhada ao serviço de saúde mais próximo, mesmo que não apresente sinais ou sintomas da doença, uma vez que portadores, mesmo assintomáticos, podem evoluir para doença grave. o Portadores do vírus podem transmitir a infecção, por isso, os comunicantes também devem ser testados para hepatite B: Filhos nascidos de mãe HBsAg reagente Parcerias ou contatos sexuais Pessoas que compartilham objetos de uso pessoal Usuários de drogas que compartilham seringas, agulhas, canudos, cachimbos, entre outros Resultado reagente para sífilis: o O teste rápido para sífilis, distribuído pelo Ministério da Saúde, detecta anticorpos do tipo treponêmico. O resultado reagente indica que a pessoa foi exposta ao agente causador da sífilis pelo menos uma vez na vida, mas não necessariamente que esteja com sífilis no momento da realização do teste. o Portanto, informe que se trata de um teste inicial e que é necessária a realização de testes complementares para definir o diagnóstico, conforme está determinado nos fluxogramas recomendados pelo Ministério da Saúde SITUAÇÕES QUE PODEM INTERFERIR NO RESULTADO DO TESTE GRAVIDEZ Este grupo necessita de atenção especial. É importante que a grávida tenha conhecimento de seu próprio estado sorológico, pois estão disponíveis protocolos específicos, a serem adotados em todos os serviços, para prevenir a transmissão vertical de IST Resultados falsos reagentes para diversas infecções têm sido observados em mulheres durante a gestação. As causas são desconhecidas, mas o MS tem recomendações para o diagnóstico da infecção do HIV em gestantes no manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV. O diagnóstico precoce e a instauração do tratamento adequado e oportuno do HIV, da sífilis e das hepatites virais, durante a gravidez, levam à prevenção da transmissão vertical, o que deve ser valorizado em todos os níveis de atenção VACINAÇÃO Estudos indicam que as vacinas contra influenza (vacina da gripe), tétano, raiva, entre outras, podem gerar resultados falsos reagentes para HIV e hepatite C. Esses resultados transitórios, algumas vezes, são consequência de reatividade cruzada induzida pela vacina, permanecendo por um período entre 2 e 6 meses após a vacinação MEDICAMENTOS Alguns medicamentos podem interferir nos resultados do teste rápido. Por exemplo, pessoas que tomam antirretrovirais podem apresentar resultados falsos não reagentes em testes para detecção da infecção pelo HIV. Portanto, é importante, antes de realizar o teste, verificar o histórico de tratamento de doenças. Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 10 AVALIAÇÃO EXTERNA DA QUALIDADE AEQ é um programa do Ministério da Saúde para avaliar o desempenho do operador de testes rápidos, no qual são distribuídos painéis de materiais para os serviços que executam TR, no Brasil e que, usando a mesma metodologia, deverão alcançar o mesmo resultado Desse modo, cada pessoa que executa testes rápidos, poderá ter a avaliação sigilosa de seu desempenho, analisar suas dificuldades e procurar corrigir suas falhas para melhorar os seus resultados Participar da AEQ-TR confere acreditação para o profissional e sua instituição. A AEQ permite que o executor conheça as suas dificuldades e assim melhore os resultados, nos casos em que a avaliação de desempenho não seja excelente. Informar os problemas percebidos na sua rotina contribui paraque soluções sejam encontradas e compartilhadas com outros profissionais da saúde que executam testes rápidos. Os fatos relatados poderão servir de subsídio para a tomada das medidas cabíveis quando forem identificados problemas no desempenho de um conjunto diagnóstico. PREVENINDO ERROS NA EXECUÇÃO DE MAIS DE UM TESTE RÁPIDO A PARTIR DE UMA MESMA PUNÇÃO DIGITAL Antes de iniciar qualquer procedimento, verifique quantos testes serão realizados naquela pessoa para planejar suas ações. Recomenda-se iniciar pelo teste que necessita de maior volume de amostra. 1. Inicie organizando sua área de trabalho e assegure- se de que dispõe de todos os materiais necessários para a realização dos testes e que eles estejam dispostos na sequência de utilização. Em todos os locais onde se faz a coleta de sangue existe o risco de contaminação com agentes infecciosos, portanto é imprescindível utilizar os equipamentos de proteção individual como jaleco e luvas descartáveis. 2. Abra a embalagem do dispositivo do primeiro teste a ser executado e identifique-o com as iniciais do nome da pessoa. Mantenha os demais testes fechados até o momento de sua utilização porque a membrana contida no dispositivo do teste já aberto e exposto a um ambiente inadequado pode sofrer hidratação ou ressecamento. 3. Antes de iniciar a coleta, sempre que possível, peça para o usuário que higienize as mãos; Se a mão do usuário estiver muito fria, faça uma massagem delicada no sentido do punho para os dedos para aquecê-la. Escolha preferencialmente a ponta do dedo médio, anelar ou indicador e faça a punção. Colete o sangue, evitando a formação de bolhas. A presença de bolhas de ar na pipeta coletora altera o volume da amostra. Os testes rápidos para HIV, hepatites virais e sífilis podem utilizar volumes diferentes de sangue, portanto, cada conjunto diagnóstico disponibiliza uma pipeta específica que permite coletar o volume correto para aquele teste. Use sempre a pipeta fornecida no kit. 4. Enquanto aguarda a próxima coleta, nessa mesma punção, cubra delicadamente a área puncionada com gaze ou algodão sem pressionar o local e peça à pessoa que espere com a mão abaixo da altura do cotovelo. 5. Aplique a amostra já coletada no poço do dispositivo de teste. Jamais bata a ponteira do coletor na membrana do dispositivo, pois esta pode se romper ou ser perfurada, afetando o resultado do teste. 6. Acrescente o tampão correspondente ao teste. A troca de tampão promove falsos resultados. Lembre-se também que se houver demora na aplicação do tampão, o sangue pode coagular no poço do dispositivo. A presença de coágulos pode causar entupimento dos microporos da membrana do dispositivo de teste, dificultando ou até impedindo a corrida da amostra, podendo gerar resultados falso-negativos. 7. Marque o tempo de espera do primeiro teste. Após marcar o tempo de espera do primeiro teste, pode- se iniciar o teste seguinte. Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 11 PARA REALIZAR O SEGUNDO TESTE COM AMOSTRA COLETADA DESSA MESMA PUNÇÃO 8. Abra a embalagem do dispositivo do segundo teste e identifique-a com as iniciais do nome da pessoa. 9. Limpe o local da punção com gaze ou algodão seco, assegurando-se de que foi removido todo o sangue aparente do dedo. Lembre-se que a coagulação do sangue, no local da punção, poderá iniciar no tempo de espera entre uma coleta e outra e a presença de coágulos pode gerar resultado falso negativo. 10. Faça uma ordenha delicada na mão e no dedo puncionado para que brote uma nova gota de sangue, livre de coágulos. Evite espremer ou massagear o dedo puncionado com muita força. Nesses casos, outros líquidos corporais podem se misturar ao sangue, diluindo a amostra 11. Colete o sangue da segunda amostra com a pipeta específica do segundo teste e evite a formação de bolhas para não alterar o volume. 12. Aplique a amostra no poço indicado do dispositivo de teste e coloque o tampão. 13. Marque o tempo de espera do segundo teste 14. Após a coleta, limpe e cubra a área da punção com algodão ou gaze. Se não for realizar mais nenhum teste, solicite à pessoa que pressione levemente esse material sobre o local para interromper o sangramento. Essas orientações sobre a coleta de sangue para mais de um teste rápido, na mesma punção digital, devem ser seguidas rigorosamente Se as condições mencionadas não forem atendidas, puncione um segundo dedo para fazer a coleta de sangue para o terceiro ou quarto testes. Não é recomendado realizar mais de duas punções digitais na mesma pessoa. Quando houver solicitação de testes para HIV, sífilis e hepatites B e C para uma mesma pessoa, e ela não se sentir confortável com a punção digital, avalie a possibilidade de que a amostra seja coletada por punção venosa, ocasionando, desse modo, menos desconforto para a pessoa testada e prevenindo contra a utilização de uma amostra que pode ser inadequada A amostra coletada por punção venosa é o sangue, porém, dependendo do exame a ser executado e do tratamento que se dá a essa amostra, é possível obter sangue total, plasma ou soro e deverá ser realizada por profissional capacitado e que dispõe de infraestrutura adequada. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADO DE TR REAGENTE PARA HIV-2 Existem duas espécies de HIV: o HIV-1, que é o mais disseminado pelo mundo e o HIV-2, que é encontrado quase que exclusivamente no Oeste da África e parece ser menos patogênico que o HIV-1. A distinção entre HIV-1 e HIV-2 é fundamental para a administração correta do tratamento. Alguns testes rápidos utilizados como testes iniciais para detectar a infecção pelo HIV são capazes de diferenciar a presença de anticorpos contra o HIV-1 e de anticorpos contra o HIV-2. Esses testes apresentam, na área de leitura, antígenos fixados na membrana de nitrocelulose, em duas linhas (T1 e T2), onde se lê o resultado da amostra testada, além da área de controle (C), cuja visualização é indispensável para a validação do teste. As linhas T1 e T2 serão visíveis nos casos de resultado reagente para HIV-1 (T1) ou HIV-2 (T2). A infecção pelo HIV-2 é rara no Brasil. A dupla infecção, por HIV-1 e HIV-2, ou seja, o aparecimento das linhas T1 e T2 na área de leitura do mesmo TR é ainda mais raro. Na maioria das vezes, isso é causado por reatividade cruzada, em função da semelhança existente entre as proteínas do HIV-1 e do HIV-2 Nas situações em que qualquer um dos testes rápidos apresente resultado reagente para HIV-2, uma amostra de sangue obtida por punção venosa deverá ser encaminhada ao laboratório de referência municipal e/ou estadual e ser submetida a um dos fluxogramas propostos para laboratório. ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A EXECUÇÃO DOS TESTES RÁPIDOS Sempre que possível, faça o teste na presença da pessoa, prevenindo dessa forma uma eventual troca de amostras. Só utilize a pipeta coletora fornecida pelo fabricante do teste específico que está sendo realizado, mesmo que tenha preferência por outro tipo de coletor. Espere o sangue coletado descer naturalmente para o poço e jamais bata a pipeta na membrana do dispositivo de teste. Perfurar ou danificar essa membrana afeta e até inviabiliza o resultado Nunca pingue o sangue diretamente do dedo no dispositivo de teste. Tome muito cuidado para não misturar frascos de tampões de testes diferentes. No TR, as reações Ranin Lena Lima – Enfermagem em Saúde Coletiva III 12 somente irão ocorrer adequadamente com o seu tampão específico. Observe o tempo estabelecido pelo fabricante para fazer a leitura dos resultados do teste. Fazer a leitura do teste após o tempo determinado pelo fabricante inviabiliza o resultado. Não faça adaptações utilizando materiais provenientes de caixas diferentes. Quando acabar qualquer item de uma caixa de testes, não improvise! Descarte as sobras einicie seu trabalho com uma caixa nova e completa.
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