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Saúde Coletiva 
Caso 2 
Pacto de Gestão 
Introdução 
O Pacto pela Vida preza a assistência, o Pacto de Defesa 
preza a política e o Pacto de Gestão preza a organização/ 
gestão do SUS. Não adianta ter verbas para a saúde se a 
gestão for ineficaz, por isso esse pacto se faz necessário. A 
gestão do SUS é uma atribuição das três esferas de governo. 
O Pacto de Gestão apresenta as responsabilidades de cada 
esfera de governo na gestão do SUS, além dos 
compromissos para melhorar essa gestão a fim de reduzir 
as concorrências, clareando as obrigações de cada gestor. 
Esse pacto apresenta nove diretrizes para organização do 
SUS, são elas: Descentralização, regionalização, planejamento 
em saúde, PPI, regulação (dos serviços e da assistência), 
participação social, gestão do trabalho, educação em saúde 
e financiamento. 
Descentralização 
A descentralização é a diretriz que se refere ao poder, ao 
dinheiro e à direção do SUS, que deve ser descentralizada 
e exercida pelas três esferas de governo. Cada esfera é 
composta pelo órgão setorial do poder executivo (como o 
Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde), seu 
respectivo Conselho de Saúde e as comissões intergestores. 
As articulações dos três poderes são feitas nos colegiados 
de negociação, que são a Comissão Intergestores Tripartite 
(CIT) e a Comissão Intergestores Bipartite (CIB). 
Regionalização 
É organizar os serviços por regiões de saúde a fim de 
otimizar o uso de recursos, assegurar o acesso universal e a 
integralidade do cuidado, além da ação solidária entre 
gestores. Os formatos possíveis das regiões de saúde são: 
intramunicipais que são organizadas dentro de um mesmo 
município de grande extensão territorial e densidade 
populacional, intraestaduais compostas por mais de um 
município dentro do mesmo estado, interestaduais 
(articuladas pelas Secretarias Estaduais de Saúde) 
organizadas a partir de municípios vizinhos, mas em 
diferentes estados, e as fronteiriças (articuladas pelo 
Ministério da Saúde) formadas a partir de municípios vizinhos 
em países vizinhos. 
Para se construir uma região de saúde os municípios devem 
ser vizinhos (deve haver contiguidade entre eles), deve-se 
respeitar a realidade social, econômica e cultural, deve-se ter 
uma infraestrutura de transporte e de redes de 
comunicação, e ainda os municípios devem se 
responsabilizar pela atenção básica e vigilância em saúde. Os 
serviços mínimos que o município deve apresentar são uma 
unidade de urgência e emergência, atenção hospitalar e 
ambulatorial especializada, atenção psicossocial, atenção 
primária e vigilância epidemiológica. 
Planejamento em Saúde 
Os planos de saúde serão a base das atividades e da 
programação de cada nível de gestão do SUS. É vedada a 
transferência de recursos para ações não previstas nos 
planos, exceto em situações emergenciais ou de calamidade 
pública. 
PPI: Programação Pactuada Integrada 
É o processo de programação das ações de saúde em cada 
território construído por pactos entre gestores. Quando um 
município precisa de um serviço que só tem em um vizinho, 
graças a PPI é possível comprar esse serviço. 
Regulação dos Serviços e da Assistência 
A regulação se refere ao controle da demanda e do acesso 
aos serviços contratais realizado pelas centrais de vagas. Essa 
diretriz se refere à contratação de serviços e prestadores 
de serviços para o SUS. Além disso tudo, ainda envolve a 
avaliação e a auditoria para controle dos serviços prestados. 
.
Participação Social 
Essa diretriz se refere ao estímulo à participação popular nas 
questões de saúde através dos Conselhos de Saúde e 
Conferências de Saúde (ambos já estudados anteriormente). 
Gestão do Trabalho 
É a diretriz que visa a valorização do trabalhador em saúde, 
promovendo humanização das relações de trabalho, 
implantação dos Planos de Cargos e Carreira do SUS (PCCS) 
e a garantia dos direitos sociais dos trabalhadores 
Educação em Saúde 
Compreende ações de formação e educação permanente 
dos profissionais de saúde voltadas para atender às 
necessidades do SUS 
Financiamento 
O financiamento é de responsabilidade dos três gestores, o 
financiamento federal é organizado em blocos de recursos 
(o dinheiro de cada bloco deve ser usado para ações 
específicas) e a principal modalidade de transferência de 
recursos é o repasse direto (de um fundo a outro). 
Origem do dinheiro 
O orçamento de cada esfera de governo é originado de 
alguns impostos específicos. O orçamento nacional (de 
responsabilidade do Ministério da Saúde) é feito a partir do 
COFINS, CSLL e IOF, o orçamento estadual 
(responsabilidade das Secretarias Estaduais de Saúde) a partir 
do ICMS e IPVA, e o orçamento municipal (responsabilidade 
das Secretarias Municipais de Saúde) a partir do ISS, IPTU e 
ITBI. 
O fundo nacional tem origem unipartite (somente dos 
impostos), o fundo estadual bipartite (impostos e um aporte 
vindo do fundo nacional) e o fundo municipal tripartite 
(impostos, aporte vindo do fundo nacional e aporte vindo do 
fundo estadual). 
Critérios para receber recursos federais 
É necessário ter um Conselho de Saúde instituído por lei e 
em funcionamento (reuniões mensais), um Fundo de Saúde 
(conta oficial) instituído por lei e em funcionamento, Plano de 
Saúde, Programação Anual de Saúde e Relatório de Gestão 
Anual aprovados pelo Conselho de Saúde, sendo esses três 
últimos necessários para uma maior transparência de tudo o 
que for feito. Além disso, é necessária a alimentação e 
atualização dos Sistemas de Informação do SUS. 
Blocos de Financiamento 
Antes do pacto existiam 135 blocos de financiamentos, então 
havia uma facilidade muito grande para realizar desvio de 
dinheiro. O dinheiro da saúde é destinado a seis blocos de 
financiamento (sendo que o dinheiro de um bloco NÃO pode 
ser usado em outro), a atenção básica, atenção de média e 
alta complexidade, vigilância em saúde, assistência 
farmacêutica, gestão do SUS e investimento em saúde. 
Após uma portaria, criou-se apenas dois blocos de 
financiamento, o bloco de custeio (destinado a bens de 
consumo) e o bloco de investimento (destinado a bens 
duráveis). Isso foi necessário por conta do impedimento de 
usar o dinheiro de um bloco no outro, então as vezes 
sobrava dinheiro do bloco de vigilância em saúde e ele não 
podia ser usado na atenção básica por exemplo. 
Quando se utiliza o dinheiro de um dos dois blocos, ainda se 
utiliza a subdivisão anterior na prestação de contas, por 
exemplo “verba destinada ao custeio da atenção básica”, 
“verba destinada a um investimento na atenção básica”. 
O bloco de custeio é destinado a manutenção de ações e 
serviços públicos de saúde (como custeio de RH, materiais 
de consumo, limpeza, escritório, enfermagem e 
medicamentos) além de garantir o funcionamento dos 
órgãos e estabelecimentos de saúde (como financiar 
serviços de terceiros). 
O bloco de investimento é destinado para aquisição de 
equipamentos, construções novas, obras de reforma ou 
adequações de imóveis já existentes. 
Financiamento de ações de média e alta complexidade 
Esse financiamento é direcionado para contratação de 
Hospitais de Ensino, Hospitais de Pequeno Porte, Hospitais 
Filantrópicos, CEO e Laboratórios de Prótese Dentária, 
Programa SAMU 192, MAC Ambulatorial e Hospitalar, 
Transplantes, Tomografia, Ressonância, Quimioterapia e 
Radioterapia, Terapia Renal Substitutiva, Rede Cegonha, Rede 
de Saúde Mental e etc. 
Financiamento de ações de vigilância em saúde 
Esses recursos são destinados a Vig. Epidemiológica e 
Promoção de Saúde, Combate ao Aedes aegypti, 
Campanhas de Vacinação, Contratação dos Agentes de 
Campo, prevenção de DSTs-AIDS, Promoção em Saúde, 
Vigilância Sanitária, Controle ambiental, Estabelecimentos de 
Saúde, Drogarias e Farmácias, Fiscalização de Obras, 
Controle de Água, lixo e esgoto, Fiscalização de 
Estabelecimentos Alimentícios e Outros. 
.
Financiamento das ações de assistência farmacêutica 
Esse financiamento segue a RENAME e seus anexos. Os 
medicamentos e insumos docomponente básico, presentes 
nos anexos 1 e 4 da RENAME, são financiados pelos 3 níveis 
de governo, adquiridos, armazenados e distribuídos pelos 
municípios. 
Os medicamentos do componente estratégico, presentes no 
anexo 2 da RENAME, voltados para controle de doenças 
endêmicas (como chagas, hanseníase, DSTs, diabetes e 
outras) são financiados e adquiridos pelo federal, 
armazenados pelo estado e distribuídos pelos municípios. 
Por fim, os medicamentos do componente especializado, 
presentes no anexo 3 da RENAME, são aqueles que tratam 
de doenças de alto custo, crônicas ou complexas (como 
Parkinson, dislipidemias, câncer, acne, lúpus e outras) são 
financiados e adquiridos pelo federal e estadual, armazenados 
pelo estadual e distribuídos pelos municípios. 
Novo financiamento da Atenção Primária 
Após a criação de uma portaria em 2019, criou-se o 
Programa Previne Brasil, que é o novo modelo de 
financiamento da APS. Esse financiamento tem três 
premissas, a capitação ponderada, o pagamento por 
desempenho e os incentivos para ações estratégicas. 
Capitação Ponderada 
A capitação ponderada depende da população cadastrada, 
da vulnerabilidade socioeconômica, do perfil demográfico e 
da classificação geográfica do município. Esse financiamento 
custeia apenas dois modelos de APS, as ESFs e as EAPs. 
Quanto a vulnerabilidade, quanto mais pessoas nessa situação 
estiverem cadastradas na unidade de saúde, maior será o 
financiamento dela (princípio da equidade). Quanto ao perfil 
demográfico, quanto mais pessoas com menos de 5 anos e 
mais de 65, maior será o financiamento. Por fim, quanto a 
classificação geográfica (ou tipologia do município), quando 
se considera municípios rurais e remotos há um maior 
investimento. 
Pagamento por Desempenho 
Quanto ao pagamento por desempenho, existem 
indicadores de processos e de resultado das equipes de 
saúde, indicadores globais da APS, e outros. Quanto maior o 
desempenho da unidade, maior o investimento nela. Para 
2020, os indicadores observados serão principalmente a 
saúde de gestantes, mulheres e crianças. 
Incentivos para Ações Estratégicas 
Por fim, os incentivos para ações estratégicas são 
financiamentos opcionais, isto é, somente se a unidade de 
saúde aderir a determinados programas que esse 
financiamento acontecerá. Os exemplos de programas 
financiados são: Programa Saúde na Hora, InformatizaAPS, 
Residência médica e multiprofissional, Saúde Bucal, CEO 
(centro especializado odontológico), Laboratório de Prótese, 
Programa Saúde na Escola, Academia da Saúde, Consultório 
na Rua, Equipes Ribeirinhas (UBS Fluviais), Saúde Prisional e 
Saúde do Adolescente.

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