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1Módulo Políticas Públicas Consórcios Públicos Intermunicipais - unindo forças para reduzir custos para o município Ampliação da capacidade de investimentos do município Enap, 2021 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Equipe: Monique Menezes Urra (Conteudista, 2021); Diretoria de Desenvolvimento Profissional. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Sumário Unidade 1 - Consórcio Público Intermunicipal .....................................................6 Unidade 2 - Vantagens e Desafios dos Consórcios Públicos .............................12 2.1 Solução técnica e desafio político ........................................................................... 12 Unidade 3 - Governança dos Consórcios ............................................................. 16 3.1 Funcionamento do consórcio ................................................................................. 16 Unidade 4 - Setores de Atuação dos Consórcios Intermunicipais ....................21 Unidade 5 - Adesão a um Consórcio já existente ...............................................25 Referências bibliográficas .................................................................................... 30 Glossário ................................................................................................................. 32 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Olá! Desejamos boas-vindas ao Módulo 1 do Curso: Ampliação da capacidade de investimentos do município. Neste módulo 1: Consórcios Públicos Intermunicipais - unindo forças para reduzir custos para o município, abordaremos os seguintes: • Unidade 1 - Consórcio Público Intermunicipal; • Unidade 2 - Vantagens e Desafios dos Consórcios Públicos; • 2.1. Solução técnica e desafio político; • Unidade 3 - Governança dos Consórcios; • 3.1. Funcionamento do consórcio • Unidade 4 - Setores de Atuação dos Consórcios Intermunicipais; • Unidade 5 - Adesão a um Consórcio já existente. Ao final módulo, você será capaz de reconhecer que são os consórcios públicos, as etapas de formação, os setores de atuação e as regras básicas de funcionamento de um consórcio público intermunicipal. Compreenderá as vantagens e os desafios/ problemas de um consórcio público; como aderir a um consórcio já existente; as regras básicas de funcionamento de um consórcio e os principais setores no qual os municípios se associam e apresentar exemplos. Desejamos um excelente estudo! 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo Consórcios Públicos Intermunicipais - unindo forças para reduzir custos para o município 1 Unidade 1 - Consórcio Público Intermunicipal Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o que são os consórcios públicos e as etapas de formação de um consórcio público intermunicipal. A partir da Constituição de 1988, os municípios ganharam um maior protagonismo na estrutura federativa brasileira, com um empoderamento no processo de implementação das políticas públicas (Souza, 2004). As atribuições municipais na provisão de serviços públicos são as mais diversas, entre as quais podemos destacar: ensino fundamental, saúde de baixa complexidade, a iluminação, saneamento básico (água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais), conservação de praças, parques e jardins, sinalização das vias urbanas, cemitérios, dentre outros. Essas novas atribuições geraram um grande desafio para os governantes locais, especialmente, para as cidades de menor porte que em muitos casos não possuem uma estrutura administrativa totalmente adequada. Além da falta de estrutura administrativa, há também o problema da falta de planejamento, falta de pessoal técnico qualificado e a dependência financeira em relação ao governo federal. Neste contexto, há a necessidade de uma cooperação federativa ent re os entes federados para uma atuação conjunta na implementação das políticas públicas. Essa cooperação federativa, pode ser tanto horizontal (município-município) ou vertical (município-estado ou município-estado-União). Os consórcios públicos são uma das principais formas de cooperação federativa. Seu principal objetivo é alcançar objetivos comuns, tornando mais ágil e eficiente a administração pública. 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública No caso dos consórcios municipais, a principal é proporcionar economia para as cidades e a resolução conjunta de problemas comuns. Para compreender melhor sobre os consórcios públicos intermunicipais, assista o vídeo a seguir. Vídeo - Consórcios Públicos Municipais Fonte: Menezes (2021). Duração: 4min32. A Emenda Constitucional nº 19 de 04 de junho de 1988, atribuiu nova redação ao Art. 241 da Constituição de 1988. A nova redação reconheceu a figura do Consórcio Público como pessoa jurídica de direito público, além disso, especificou que um ente da federação pode cooperar com outros entes para uma execução de políticas públicas. A Lei Federal 11.107 de 06 de abril de 2005, conhecida como Lei dos Consórcios Públicos, fixou normas gerais, orientando os entes federativos acerca da constituição dos consórcios e da sua respectiva manutenção. https://cdn.evg.gov.br/cursos/493_EVG/videos/modulo01_video01.mp4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#:~:text=%C2%A0Art.%20241.%20A,19%2C%20de%201998) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A seguir, apresenta-se uma linha do tempo com as principais normas jurídicas relacionadas à formação de consórcios. Destaca-se nessa linha do tempo, a Lei Federal nº 13.821 de 2019, que corrige uma distorção anterior. Antes da norma, o consórcio era impedido de firmar convênio com a União, caso algum ente federativo do consórcio existente com algum problema fiscal. Atualmente, a regularidade fiscal exigida é a do consórcio e não a de seus membros. Linha do Tempo da Legislação de Consórcios no Brasil 1988 Emenda Constitucional nº 19, reconhece os consórcios públicos 2005 Lei dos Consórcios Públicos nº 11.107 2007 Decreto nº 6.017, regulamenta a Lei de Consórcios 2019 Lei nº 13.831, regularização fiscal do consórcio 2020 Veta a celebração de contratos de programa na área de saneamento Fonte: Elaborada pela autora, 2021. Mas como formar um consórcio público intermunicipal? Considerando as regras dispostas na Lei Federal nº 11.107 de 2005 e no Decreto nº 6.017 de 2007, para a formação de um novo consórcio, os municípios devem percorrer sete passos iniciais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13821.htm#:~:text=L13821&text=Acrescenta%20par%C3%A1grafo%20%C3%BAnico%20ao%20art,aos%20entes%20federativos%20nele%20consorciados. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13821.htm#:~:text=L13821&text=Acrescenta%20par%C3%A1grafo%20%C3%BAnico%20ao%20art,aos%20entes%20federativos%20nele%20consorciados. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A seguir, apresenta-se o resumo dos oito passos para formalização de um consórcio público intermunicipal. 1º Passo - Objetivos Comuns Os chefes dos executivos municipais devem se articular em torno de um ou mais objetivos comuns. É necessário pensar soluções em parcerias que apresentem economia de recursos, ganhos de escala, aumento da qualidade na prestação de serviços públicos, contribuição para preservação do meio ambiente, dentre outras vantagens. 2º Passo - Elaboração e Assinatura de um Protocolo de Intenções O Protocolo de Intenções refere-se a um documento inicial de formataçãodo consórcio, no qual é materializado os objetivos dos entes federados. O documento deve apresentar as finalidades dos consórcios, as diretrizes básicas de funcionamento e a organização da entidade. Todos os prefeitos devem assinar o Protocolo de Intenções e o documento precisa, obrigatoriamente, ser publicado no Diário Oficial de cada município para fins de publicidade. 3º Passo - Leis Autorizativas Após a assinatura do Protocolo de Intenções, todos os prefeitos deverão enviar uma lei autorizativa ao Poder Legislativo local. O objetivo da Lei Autorizativa é ratificar o Protocolo de Intenções, essa aprovação deve ocorrer em até dois anos. Não há problemas se apenas uma parte dos municípios conseguirem ratificar o Protocolo de Intenções, o consórcio pode ser formalizado entre as cidades que conseguirem aprovação nas Casas Legislativas. Deve-se destacar, ainda, que não há penalidades para os gestores que não conseguirem ratificar o Protocolo. E, posteriormente, eles podem ingressar no consórcio, mediante aprovação em assembleia. Com a ratificação legislativa, o Protocolo de Intenções converte-se no Contrato do Consórcio Público. 4º Passo - Elaborar e Aprovar o Estatuto do Consórcio O Estatuto do Consórcio é o documento que regulamentará todo o 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública funcionamento do consórcio, incluindo as especificações de cargos, competências e as normas gerais. É muito importante que este documento esteja em conformidade com o Protocolo de Intenções aprovado pelas Câmaras Municipais. 5º Passo - Obtenção do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ A materialização do consórcio ocorrerá com a obtenção do CNPJ expedido pela Receita Federal. A partir daí, será possível abrir uma conta bancária, realizar compras, licitações, contratações etc. 6º Passo - Contrato de Rateio O Contrato de Rateio é um instrumento jurídico no qual cada ente consorciado se compromete em fornecer recursos financeiros para a realização das despesas do Consórcio. O contrato deve ser firmado anualmente e os recursos devem ser previstos na Lei Orçamentária Anual – LOA, na Lei de Diretrizes Bases Orçamentária - LDO e no Plano Plurianual – PPA. Assim, a transferência de recursos de cada consorciado só ocorrerá mediante a assinatura do Contrato de Rateio, independentemente da Lei Autorizativa. 7º Passo - Estruturação da Equipe Técnica O passo seguinte para formação do consórcio, é estruturar os órgãos decisórios e a equipe técnica. Deve-se realizar uma Assembleia Geral para eleger o representante legal do consórcio, de acordo com as regras previstas no Protocolo de Intenções e no Estatuto. O presidente do consórcio, deverá ser, necessariamente, um(a) prefeito(a). Além do(a) presidente, deve-se eleger os demais membros dos colegiados resultados no Estatuto, tais como, diretores e conselheiros. Um ponto importante refere-se ao corpo de funcionários do consórcio. Existem formas distintas de contratação, o consórcio poderá realizar concurso público, receber funcionários cedidos de outros órgãos públicos ou nomear profissionais em cargos de comissão. 8º Passo - Providências para o Funcionamento Efetivo do Consórcio Uma ação fundamental para o funcionamento do consórcio, é garantir sua capacidade financeira para o exercício das atividades. Além do contrato de 11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública rateio, o consórcio pode celebrar convênios com a União e os estados e realizar operação de crédito. Esses instrumentos, podem conferir um maior conforto financeiro para o consórcio consiga atingir os objetivos comuns firmados no Protocolo de Intenções. Dessa forma, um conjunto de municípios que identifica problemas e desafios comuns podem atuar de forma cooperada, formando um consórcio público e unindo forças para viabilizar a prestação de um serviço público, a compra eficiente de medicamentos, a preservação ambiental de um rio utilizado para o abastecimento de água da região e diversos outros serviços. Federalismo – De forma ampla, o federalismo é uma forma de organização territorial do Estado que apresenta o modo como as unidades da nação devem relacionar-se entre si. No modelo federalista, há o princípio da autonomia dos governos subnacionais. Há um compartilhamento legítimo do poder e do processo decisório. (Anderson, 2009). O Brasil é um país federalista no qual os entes federativos – União, estados e municípios – possuem autonomia e interdependência entre si. A autonomia, neste caso, refere-se especialmente à elaboração de normas e leis, autogoverno estruturado em Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (exceto no nível municipal) e competências administrativas. E a interdependência ocorre especialmente na implementação das políticas públicas, no qual é necessário haver uma cooperação entre os entes federativos. O Brasil apresenta diversos casos de consórcios bem-sucedidos. Entre os casos de sucesso, destacamos o Consórcio de Informática na Gestão Pública - CIGA, de Santa Catarina, cujo escopo é desenvolver soluções para o aperfeiçoamento da gestão, por meio do uso de tecnologias. Impulsionado pela Federação Catarinense de Municípios - FECAM, o CIGA foi criado em 2007 e apresentava como possível área de abrangência de 293 municípios associados à Federação. Com sua implantação e serviços bem-sucedidos, atualmente, o Consórcio possui 324 municípios consorciados. Há municípios do estado do Rio Grande do Sul, da Bahia, Pernambuco, Maranhão, São Paulo, dentre outros. Isso ocorre porque o Consórcio oferece soluções tecnológicas como, por exemplo, o CIGA SIMPLES, personalizado que facilitam o acesso à arrecadação, inadimplência e indícios de sonegação. 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 - Vantagens e Desafios dos Consórcios Públicos Ao final unidade, você será capaz de compreender as vantagens e os desafios/ problemas de um consórcio público. 2.1 Solução técnica e desafio político Os consórcios públicos, regulamentado pela Lei Federal nº 11.107/2005, tem como principal escopo a cooperação entre os entes federativos para alcançar objetivos comuns. Embora a formação de um consórcio exija uma certa burocracia para a sua formação, uma vez formalizado, o município terá uma série de vantagens que ser traduzidas, se bem aproveitadas, em uma melhor prestação dos serviços públicos aos cidadãos. Entre as principais vantagens para um município aderir a um consórcio existente ou ajudar na formação de um novo consórcio, destacamos as seguintes: Economia de recursos Como os municípios consorciados costumam realizar compras em conjunto, há um ganho de escala e o preço dos produtos (materiais, medicamentos, mobiliário, alimentos etc.) serão reduzidos. Especialização de equipes técnicas Como aporte financeiro de vários municípios, o consórcio público poderá contratar equipes técnicas com expertise em licitações, Parcerias Público- Privadas – PPPs, por exemplo. Esse benefício é sentido, especialmente, pelas cidades de menor porte que costumam apresentar problemas com falta de profissionais especializados. Aumento da capacidade de realização de políticas públicas A implementação de um serviço de coleta e tratamento adequado dos resíduos sólidos urbanos com a implementação de um aterro sanitário pode ser inviável para um município. No entanto, com uma ação consorciada entre alguns municípios a implementação do aterro torna-se economicamente viável. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm 13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Intercâmbio de ideias Os municípios podem se beneficiar mutuamente ao trocarem ideias e experiências. Planejamento em nível regional Os consórcios permitem que os municípios de uma mesma região façam o planejamento regional em diferentes áreas, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social. Aumento da transparência e do controle das decisões políticas Como as decisõesdo consórcio devem ser discutidas e aprovadas em assembleia, as decisões acerca das políticas públicas ganham uma maior transparência. Aumenta o poder de diálogo do município com a União e o estado Embora seja completamente legítima a demanda de um município, nem sempre a atenção conferida a uma cidade de menor porte é a mesma de uma capital, por exemplo. Neste sentido, o consorciamento de municípios de uma mesma região e a apresentação de demandas de um conjunto de cidades, aumenta o poder de diálogo e barganha para o atendimento das demandas locais. O ganho de escala possibilita a concretização de PPPs e concessões comuns Muitos municípios têm realizado PPPs na área de iluminação pública, por exemplo. No entanto, as variáveis “chaves” para a implementação de uma PPP de iluminação, são: número de pontos de iluminação, valor arrecadado com a contribuição para iluminação pública e o valor da conta de energia. Municípios de menor porte, em geral, possuem um número pequeno de pontos de iluminação pública e uma arrecadação insuficiente para deixar o “negócio” atraente para a iniciativa privada. Contudo, um conjunto de municípios da região pode deixar o projeto atraente para a iniciativa privada e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade do serviço público nas cidades. 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Apesar das diversas vantagens elencadas acima, devemos reconhecer que os consórcios também apresentam desafios, especialmente, do ponto de vista político. Devemos ressaltar que a figura do consórcio público foi criada para fortalecer os públicos. No entanto, sua adesão e permanência são totalmente voluntárias. Isto significa, que o município pode deixar o consórcio a qualquer momento e pode ocorrer, especialmente, quando temos uma mudança de gestão após o período eleitoral. A saída de um município do consórcio pode gerar problemas, sobretudo, quando há uma heterogeneidade muito grande em termos de porte. Em um consórcio com cidades de pequeno e médio porte e uma grande cidade, a saída desta última, pode desequilibrar a prestação de um serviço como PPP de iluminação pública, por exemplo. Neste sentido, o alinhamento político é um desafio importante para a manutenção do consórcio. Existem algumas características sociais, políticas e economia que afetam formação de consórcios, entre as quais podemos destacar: • Quanto maior a heterogeneidade (econômica e social) maior será a assimetria de recursos, desequilíbrio entre os participantes e as incertezas; • Ausência de uma identidade regional também dificulta a formação e a continuidade dos consórcios municipais; • A polarização política também pode prejudicar a cooperação entre prefeitos de partidos que militam em campos ideológicos opostos. Quanto maior a polarização ou a divisão na sociedade, maior a dificuldade de conseguirmos a colaboração entre alguns gestores; • Conflitos intergovernamentais em algumas áreas de políticas públicas também podem se constituir um problema. Esse é o caso, por exemplo, na área de saneamento básico que até, recentemente, ainda apresentava algumas dúvidas sobre a titularidade de serviços; • A baixa cultura de associação da região também pode dificultar a formação e a continuidade da empreitada consorciada entre os municípios, na medida em que o comportamento individualista de algumas cidades pode se sobrepor a ação conjunta. 15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Assim, a propensão para criação e manutenção dos consórcios municipais aumenta quando temos convergência de interesses comuns, custos menores para a participação e uma homogeneidade social, econômica e política na região. É claro que nem sempre todas essas variáveis estão presentes, por isso, são apenas as normas aplicáveis. O Consórcio Público Intermunicipal Grande ABC foi criado no início dos anos de 1990, com o objetivo de fortalecer o desenvolvimento econômico regional. O processo de reestruturação da indústria e o aumento da terceirização atingiu várias cidades no Brasil, especialmente, no qual a indústria apresentava o maior peso na economia local. Nesse contexto, os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra construíram o Consórcio Público Intermunicipal Grande ABC, em dezembro de 1990. Havia um Conselho Consultivo formado por empresários, ambientalistas, trabalhadores e técnicos municipais. O foco inicial foi, principalmente, estratégias para a garantia do emprego e o desenvolvimento local. Mas outras iniciativas também foram implementadas, tais como: destinação e tratamento dos resíduos, proteção de mananciais e gerenciamento hídrico. (CLEMENTINO, 2019) 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 3 - Governança dos Consórcios Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as regras básicas de funcionamento de um consórcio. 3.1 Funcionamento do consórcio Regras gerais entre os consorciados, municípios sedes, previsão de gastos na LOA e prestação de contas. Para o bom funcionamento de um consórcio público intermunicipal, se faz o necessário um planejamento das ações que resultarão no objetivo inicial da formação do consórcio. Por exemplo, se o consórcio tem por objetivo melhorar o sistema de saúde da região. Os consorciados precisam traçar um programa que tenha como meta uma gestão integrada dos serviços de saúde da região, de modo a melhorar o atendimento à saúde da população como um todo. Dessa forma, planejamento, organização e monitoramento das ações devem ser ferramentas constantes do consórcio para atender os objetivos e diretrizes do estatuto do consórcio intermunicipal. O consórcio público deverá dispor de uma estrutura administrativa mínima para iniciar e manter suas atividades. A governança dessa estrutura deve ser estabelecida no Estatuto do consórcio e detalhada em um regimento interno, principalmente, no que se refere à permanência de cada órgão interno. As diretrizes para a governança dos consórcios públicos estão previstas no Decreto Federal nº 6.017 de 2007, no qual há menção a natureza colegiada dos órgãos internos do consórcio. Considerando a natureza associativa dos consórcios públicos, é recomendável que seus órgãos de governança superior sejam sempre de natureza colegiada, com a participação de representantes dos municípios e da sociedade civil, dependendo da finalidade do consórcio. 17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A estrutura mínima do consórcio deve dispor dos seguintes órgãos internos: Assembleia Geral É constituída por todos os representantes consorciados, sendo a instância máxima e soberana em suas decisões. Todos os prefeitos consorciados participam da Assembleia, dentre as suas principais funções, destacamos: • Aprovar como mudanças do Contrato de Consórcio; • Selecionar os membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal; • Excluir municípios consorciados; • Homologar o ingresso no consórcio de um novo município; • Determinar a entrega de recursos financeiros a ser definida em Contrato de rateio; • Aprovar o plano de trabalho, orçamento anual e prestação de contas após a análise do Conselho Fiscal; • Autorizar a alienação de bens imóveis, operação de crédito e extinção do consórcio, outras atribuições que definem o estatuto. Conselho Fiscal Possui como principal função acompanhar e fiscalizar a gestão, as operações contábeis, econômicas ou financeiras do consórcio. É o responsável por emitir o relatório de contas, pareceres e planos orçamentários que deverão ser julgados pela Assembleia Geral. Em geral, participam prefeitos, vereadores e membros da sociedade civil. Contudo, isso depende do estatuto do consórcio. Conselho Administrativo É constituído por prefeitos dos municípios consorciados. Em geral, são três prefeitos, sendo um presidente, 1º vice-presidente e o 2º vice-presidente. Dentre as atribuições do Conselho Administrativo,destacamos: 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Indicar, para aprovação pela Assembleia Geral, o diretor- executivo; • Aprovar e modificar o Regimento Interno; • Contratar serviços de auditoria interna e externa; • Aceitar a cessão onerosa de servidores do ente consorciado ou conveniado; • Definir e acompanhar a execução da política patrimonial e financeira e os programas de investimentos; • Prestar contas ao órgão concedente dos auxílios e subvenções; • Autorizar a celebração de convênios, dentre outras que o estatuto definir. Diretoria Executiva Em geral, é constatada por um(a) diretor(a) geral e um(a) diretor(a) administrativo-financeiro, de acordo com a complexidade do consórcio público. O(a) diretor(a) geral, é o(a) gestor(a) do consórcio, sendo de sua responsabilidade a estratégia administrativa, orçamentária, financeira e fiscal. Poderá movimentar as contas bancárias do consórcio em conjunto com o presidente, dentre as outras atribuições definidas pelo estatuto. Recursos Humanos É composto pela equipe técnica e administrativa do consórcio, tendo como função principal assessorar a Presidência, propor, desenvolver e executar programas, que possibilitem que o consórcio exerça sua missão. A figura a seguir, apresenta um exemplo da estrutura de governança de um consórcio público intermunicipal. Nela, consideramos que o consórcio possui mais de uma finalidade: iluminação pública, resíduos sólidos e compras públicas, representada pela área de “Coordenação de Licitações”. Em alguns consórcios, há também um Conselho Social ao lado dos Conselhos Fiscal e Administrativo. 19Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Exemplo de Estrutura de Governança de um Consórcio Público Municipal Fonte: Elaborada pela autora, 2021. Deve-se destacar que cabe ao presidente do Conselho Administrativo representar o consórcio judicialmente, firmar contratos e convênios, ordenar despesas, convocar e presidir a Assembleia, nomear e contratar o diretor executivo, o voto de minerva (quando necessário), dentre outras atribuições que o Estatuto definir. Por ser um cargo de muita responsabilidade, em geral, o mandato costuma ser de apenas um ano. Todo o consórcio intermunicipal deve ter uma sede. O município-sede é importante, por exemplo, para viabilizar o recebimento de emendas parlamentares na área de saúde. Isso porque um consórcio que tenha entre as suas finalidades o serviço de saúde da região, pode solicitar emendas parlamentares para o custeio de serviços. Neste caso específico da saúde, o valor a ser solicitado deve considerar o “teto” que o município sede pode receber, por ser uma transferência do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde, o recurso é direcionado para o município- sede. E, posteriormente, é elaborado um plano de trabalho para o uso dos recursos por todos os municípios do consórcio. 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Além da possibilidade de recebimento de emendas, existem linhas de financiamento que são exclusivas para consórcios públicos. Atualmente, o Ministério de Desenvolvimento Regional - MDR, tem apresentado esforços, por exemplo, para o financiamento de projetos na área de resíduos urbanos para consórcios intermunicipais. O objetivo do governo federal, é auxiliar os entes municipais na estruturação de Parcerias Público-Privadas - PPPs ou concessões comuns neste setor, por meio do financiamento das modelagens e do auxílio especializado de técnicos da Caixa Econômica Federal. Em geral, como linhas de financiamento do governo federal costumam acompanhar as políticas que são prioritárias para União. Nos últimos anos, há um esforço do governo central em solucionar o problema da área de saneamento básico, em especial, o abastecimento de água potável e tratamento de esgoto sanitário, bem como o tratamento de resíduos sólidos urbanos. Neste sentido, o MDR tem trabalhado de forma bastante ativa junto com a Confederação Nacional de Município - CNM e instituições multilaterais como a Agência Alemã de Cooperação Internacional - GIZ para o financiamento de projetos e para a capacitação de gestores e funcionários públicos municipais. O consórcio público intermunicipal deve prestar contas de suas ações ao Tribunal de Contas do Estado. Assim como todas as instituições públicas, suas contas são fiscalizadas e o(a) gestor(a) pelo responsável ordenamento de despesas, pode responder pelo mau uso dos recursos públicos. No caso de recebimento de recursos por convênios com o governo federal, o consórcio também deverá prestar contas às instituições de controle da União, tais como Tribunal de Contas da União - TCU e Controladoria Geral da União - CGU. Como exemplo de um Estatuto simples e útil de um consórcio público intermunicipal, consulte Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Triângulo Mineiro - CISTM, no seguinte endereço: http://www.amvapmg.org. br/1/cons-saude/cistm/. O principal objetivo do consórcio, é a elaboração de uma política de saúde integrada na região, buscando uma ação coordenada entre os municípios, de modo a atender a população com uma maior eficácia e eficiência dos recursos. http://www.amvapmg.org.br/1/cons-saude/cistm/ http://www.amvapmg.org.br/1/cons-saude/cistm/ 21Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 4 - Setores de Atuação dos Consórcios Intermunicipais Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os principais setores no qual os municípios se associam. O consórcio público intermunicipal pode ser constituído em atuação conjunta para as soluções de públicos, nas mais diversas áreas sob como responsabilidades dos municípios, tais como: saneamento básico, iluminação pública, saúde, educação, compras públicas, habitação, dentre tantas outras. Apesar disso, os entes municipais ao celebrarem um consórcio público podem escolher entre duas modalidades, a saber: com finalidade específica, ou seja, por uma área, ou por um consórcio público multifinalitário, abrangendo diferentes serviços prestados à sociedade no âmbito local. Como duas características, possuem vantagens e desvantagens. O consórcio público de finalidade específica é constituído com uma única finalidade, por exemplo, planejar a política pública de saúde de forma regionalizada, buscando ganhos de escala na compra de medicamentos, racionalizar a construção de um hospital regional em um município estratégico, do ponto de vista geográfico e, ainda, planejar a construção de Unidades Básicas de Saúde - UBSs e Unidade de Pronto Atendimento - UPA de forma regionalizada. Esse tipo de ação faz muito sentido, especialmente para cidades de menor porte e que são muito próximas e podem usar os recursos da saúde de forma conjunta, de modo a atender toda a população de uma mesma região de forma mais eficiente e eficaz. Esse modelo apresenta algumas vantagens: 1. Foco na política específica de interesse do consórcio público intermunicipal, para não haver dispersão de esforços; 2. As discussões e deliberações são focadas em uma única política, o que faz reduzir a possibilidade de conflitos e desistências de participação no consórcio. 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Em resumo, a possibilidade de consenso sobre um único tema é maior, quando comparada a discussão sobre diversas áreas. Entretanto, pode constituir-se uma desvantagem participar de um consórcio de finalidade específica pelo fato de que há todo um procedimento burocrático para o município participar de um consórcio público. Daí, passar por todo esse procedimento para a execução de uma única política, quando seria possível fazer para diversas áreas, deve ser algo a se considerar. Neste sentido, temos o consórcio público municipal multifinalitário que possui como principal escopo, proporcionar economia e resolução conjunta de problemas comuns dos municípios consorciados. Dentre os objetivos do consórcio multifinalitáriopodem-se citar os seguintes, sem esgotarmos todas as opções: • Realizar os objetivos de interesse comum, visando à promoção e o desenvolvimento político, administrativo, econômico, social e ambiental dos municípios e da região a que pertencem; • Prestar assessoramento na elaboração e execução de planos, programas e projetos relacionados com os setores sociais, econômicos, de infraestrutura e institucionais, nas seguintes áreas: educação, saúde, trabalho e assistência social, habitação, saneamento básico, iluminação pública, agricultura, indústria, comércio, turismo, transporte, comunicação (internet), meio ambiente, energias renováveis, segurança, dentre outras áreas; • Articular os municípios consorciados na defesa dos seus interesses face às esferas estadual e federal; • Conceber, implantar e gerenciar uma central de compras públicas para os municípios consorciados; • Gerir associadamente os serviços públicos, como o exercício das atividades de planejamento, regulação ou fiscalização de serviços públicos entre os federados, acompanhada ou não da prestação de serviços. Por exemplo, um consórcio que inclua em suas atividades a criação de uma agência reguladora para o setor de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto; • Prestar serviços, inclusive de assistência técnica, de execução de obras e serviços; • Produzir informação ou estudos técnicos em geral aos entes consorciados; • Instituir e gerir como as escolas de governo ou congêneres para a formação de técnicos da administração pública local; 23Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Promover o uso racional de recursos naturais e a proteção do meio ambiente, promovendo o fortalecimento e a criação dos conselhos ambientais nos municípios ou de forma regionalizada a cargo do consórcio; • Exercer funções no sistema de gerenciamento de recursos hídricos que foram delegados ou autorizados; • Apoiar e fomentar o intercâmbio de experiências e de informações entre os entes consorciados; • Gerir e proteger o patrimônio paisagístico ou turístico comum e promover o turismo local e regional; • Fornecer assistência técnica, extensão, treinamento, pesquisa e desenvolvimento urbano, rural e agrário; • Desenvolver ações e políticas de desenvolvimento socioeconômico local e regional em todas as áreas, inclusive, no tocante à habitação e economia; • Exercer competências pertencentes aos entes federados nos termos de autorização ou delegação; • Estimular e promover eventos sociais, políticos, econômicos e científicos relacionados com os interesses regionais dos municípios consorciados; • Representar os titulares, ou parte deles, em contrato de concessão celebrado após licitação que tenha por objeto a delegação da prestação de serviço público; • Promover atividades de mobilização social e educação ambiental para o saneamento básico e para o uso racional dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, de forma regionalizada; • Promover atividades de capacitação técnica do pessoal encarregado da gestão dos serviços públicos dos entes consorciados; • Nos termos do acordado entre entes consorciados, viabilizar o compartilhamento ou o uso em comum de: • Instrumentos e equipamentos, inclusive de gestão, de manutenção e de informática; • Pessoal técnico. • Realizar estudos técnicos para subsidiar o licenciamento ambiental promovido por ente consorciado, nos casos em que possui órgão licenciador; • Toda e qualquer ação relacionada ao ensino, à pesquisa e ao desenvolvimento institucional. Como podemos verificar, o leque de atuação dos municípios em um consórcio multifinalitário é bastante amplo, possibilitando a viabilidade de diversas políticas públicas e serviços que alguns municípios não seriam capazes de realizar sozinhos. Contudo, um consórcio público municipal com uma quantidade elevada de funcionalidades, pode gerar uma falta de foco e inviabilizar as atividades. Além disso, o conflito em um determinado segmento pode gerar uma animosidade entre os atores institucionais, em especial, os prefeitos, impossibilitando políticas públicas que, em tese, seriam consenso em um consórcio público de especial específica. 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Consideramos que os municípios que desejam formalizar um consórcio intermunicipal considerem as vantagens e desvantagens dos dois modelos e avaliem no contexto regional. Quanto mais heterogênea for a região, mais difícil será a implementação e manutenção de um consórcio intermunicipal amplo. Por outro lado, em regiões mais homogêneas com finalidades múltiplas comuns, o consórcio público intermunicipal multifinalitário pode ser mais interessante. 25Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 5 - Adesão a um Consórcio já existente Ao final desta unidade, você será capaz de compreender como aderir a um consórcio já existente. Muitos gestores públicos que estão iniciando o seu primeiro mandato possuem pouco conhecimento sobre o funcionamento da “máquina pública”, especialmente, sobre os consórcios. Alguns se questionam: “Como faço para aderir a um consórcio já existente? Ou, ainda, como faço para saber sobre os consórcios que existem no Brasil? Será que existe um consórcio na minha região? Só posso aderir a um consórcio que seja próximo ao meu município? ” Essas são todas perguntas comuns e legítimas. É importante destacar que existem, atualmente, no Brasil 488 consórcios públicos intermunicipais em funcionamento. 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A distribuição da localização desses consórcios pode ser observada na: Tabela - Consórcios Públicos Intermunicipais Existentes no Brasil Fonte: Site do Observatório Municipalista de Consórcios Públicos, 2021. Como podemos verificar, a distribuição dos consórcios reflete, ao menos em parte, a distribuição de riqueza e desigualdade do país. As regiões mais ricas, Sudeste e Sul, concentra 73,2% dos consórcios existentes no Brasil, o Nordeste, possui 13,8% e o Norte, apenas 2%. Podemos dizer que, em parte, essa distribuição está relacionada à capacidade estatal dos entes públicos, uma vez que quanto maior a capacidade administrativa, provavelmente maior será a capacidade de articulação com os demais entes federados. Considerando que já existem muitos consórcios no país e que a legislação permite que os municípios realizem uma adesão, um primeiro passo é identificar onde estão presentes os consórcios existentes. Para isso, os gestores podem consultar o Observatório Municipalista de Consórcios Públicos, onde é possível verificar os consórcios existentes por área de atuação, região, finalidade, natureza jurídica, estados e o ano de criação. O mapa a seguir nos fornece uma visão geral da distribuição dos consórcios https://consorcios.cnm.org.br/ 27Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública intermunicipais no Brasil, complementando as informações da tabela anterior. Com a consulta virtual, é possível saber a especialista e a área de atuação dos consórcios. Distribuição dos Consórcios no Brasil Fonte: Observatório Municipalista de Consórcios Públicos, 2021. 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Contudo, devemos ressaltar que, dependendo da área de interesse, o município pode aderir a um consórcio público intermunicipal em outro estado e até mesmo em outra região do país. Esse é o caso, por exemplo, do Consórcio de Informática na Gestão Pública - CIGA de Santa Catarina, cujo escopo é desenvolver soluções para o aperfeiçoamento da gestão, por meio do uso de tecnologias. Com sua implantação e serviços bem-sucedidos, atualmente, o Consórcio possui 324 municípios consorciados. Há municípios do estado do Rio Grande do Sul, da Bahia, Pernambuco, Maranhão, São Paulo, dentre outros. Isso ocorre porque o Consórcio oferece soluções tecnológicas como, por exemplo, o CIGA SIMPLES, relatórios personalizados que facilitam o acesso à arrecadação,inadimplência e indícios de sonegação. Mas como aderir a um consórcio existente? A adesão a um consórcio exige dos gestores dois tipos de atuação, sendo uma política e outra burocrática. Ponto de vista político O gestor do município interessado em aderir deve realizar uma articulação política com o presidente do consórcio de interesse e outros consorciados, de modo a demonstrar o interesse à adesão e conseguir votos favoráveis na reunião da Assembleia. O contato político também permitirá ao prefeito interessado, compreender a dinâmica de funcionamento do consórcio público intermunicipal e, assim, confirmar/entender os benefícios de sua adesão. Aspecto burocrático Será necessário realizar uma alteração no contrato do consórcio existente para a inclusão do novo membro. Após o entendimento político, o presidente do consórcio deverá convocar uma reunião da Assembleia Geral para aprovar o novo membro, o que implicará necessariamente em uma alteração contratual. Com a referida aprovação e alteração do contrato do consórcio, todos os membros 29Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública deverão assinar o documento, inclusive o novo participante, e o documento deve ser remetido às Câmaras Municipais para ratificação da alteração contratual, conforme disposto na Lei Federal nº 11.107 de 2007. Após a aprovação de todas as casas legislativas, o município passará a integrar o consórcio intermunicipal e poderá se beneficiar dos serviços e políticas públicas planejadas pelo consórcio público. A grande vantagem, neste caso, é participar de um consórcio que já está em funcionamento e já possui políticas públicas em andamento, não sendo necessário começar a zero as ações de implementação e planejamento. Ressalta-se que o entrante do município, também deve contribuir com o rateio e inserir a despesa na Lei Orçamentária Anual - LOA, na Lei de Diretrizes Bases Orçamentária - LDO e no Plano Plurianual - PPA. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Referências bibliográficas • ANDERSON, George. Federalismo: uma introdução. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. • BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Estruturação e implementação de consórcios públicos de saneamento. 2 ed. Brasília: FUNASA, 2014. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/web/ guest/biblioteca-eletronica/publicacoes/engenharia-de-saude-publica. Acesso em: 10 jun. 2021. • CLEMENTINO, M. L. M. A atualidade e o ineditismo do consórcio nordeste. Boletim Regional Urbano, IPEA, nº 19, 2019. 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Consórcios públicos intermunicipais, no âmbito do SUS : aspectos básicos. Brasília, 2014. Disponível em: http://novoead.fjp. mg.gov.br/pluginfile.php/31444/mod_resource/content/1/Livro%20 Cons%C3%B3rcios%20P%C3%BAblicos%20%20Intermunicipais.pdf. Acesso em: 10 jun. 2021. • SOUZA, C. Governos locais e gestão de políticas sociais Universais. São Paulo em Perspectiva, 18 (2), p. 27-41, 2004. Disponível em: https:// www.scielo.br/j/spp/a/qbYVHXgy3fRPrbNgx6M5LXL/?lang=pt. 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Existem diferentes dimensões de capacidade estatal, em nosso curso nos interessa a capacidade estatal “administrativa”, que reflete a competência de desenvolver políticas públicas, produzir e entregar bens e serviços (NASCIMENTO, 2018). 2 Eficácia Mede o grau em que as metas e os objetivos foram alcançados, ou seja, o resultado atingido. 3 Eficiência Significa atingir os objetivos de um programa ou política pública, com a menor relação custo- benefício. Unidade 1 - Consórcio Público Intermunicipal Unidade 2 - Vantagens e Desafios dos Consórcios Públicos 2.1 Solução técnica e desafio político Unidade 3 - Governança dos Consórcios 3.1 Funcionamento do consórcio Unidade 4 - Setores de Atuação dos Consórcios Intermunicipais Unidade 5 - Adesão a um Consórcio já existente Referências bibliográficas Glossário
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