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ESPÍRITO SANTO 
DIMENSÕES DO ENVELHECIMENTO ASPECTOS FÍSICOS, 
NUTRICIONAIS E PSICOLÓGICOS 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 
1 ENVELHECIMENTO ................................................................................... 5 
2 O IDOSO E O ENVELHECIMENTO, PROCESSO DE TRANSIÇÃO 
DENTRO DO CONTEXTO PSICANALITICO .............................................................. 6 
3 O ENVELHECIMENTO É DIVIDIDO EM BIOLÓGICO E PSÍQUICO ....... 12 
3.1 Envelhecimento biológico ................................................................... 12 
3.2 Aspectos neuropsicológicos do envelhecimento ................................ 14 
3.3 Aspectos gerais do envelhecimento ................................................... 16 
4 O ENVELHECIMENTO E AS SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES ............... 18 
4.1 Envelhecimento psicológico ............................................................... 18 
4.2 O envelhecimento nos diferentes aspectos ........................................ 23 
4.3 Envelhecimento psicológico e social .................................................. 30 
5 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO ....................................... 33 
5.1 Envelhecimento cognitivo/cerebral ..................................................... 35 
6 FATORES QUE INFLUENCIAM O ENVELHECIMENTO COGNITIVO .... 40 
7 DÉFICIT COGNITIVO LIGEIRO ............................................................... 41 
8 ALTERAÇÕES NEUROANATÓMICAS .................................................... 45 
8.1 Atrofia do cérebro ............................................................................... 45 
8.2 Aparecimento de placas senis/degenerescência neurofibrilar ............ 45 
8.3 Morte neuronal ................................................................................... 45 
8.4 Rarefacção da arborização dendrítica ................................................ 46 
9 EFEITOS DO ENVELHECIMENTO NO DESEMPENHO COGNITIVO .... 47 
10 PRINCIPAIS DE DEMÊNCIAS NA FASE DE ENVELHECIMENTO ...... 50 
10.1 Demência: introdução e conceito .................................................... 50 
10.2 Doença de alzheimer ...................................................................... 51 
 
2 
 
10.3 Localização dentro das demências ................................................. 52 
10.4 Os fatores que explicam a involução cerebral ................................. 52 
10.5 O cuidador familiar da pessoa com doença de alzheimer ............... 54 
10.6 A terapia ocupacional e o cuidador familiar da pessoa com doença de 
alzheimer 57 
10.7 Demência vascular .......................................................................... 58 
10.8 Demência frontotemporal ................................................................ 60 
10.9 Demência com corpos de lewy ....................................................... 61 
10.10 Tipos de demências menos comuns ............................................... 62 
10.11 Funções executivas e a instabilidade postural na dp ...................... 63 
10.12 Perfil cognitivo da dp ....................................................................... 63 
10.13 Psicologia na dp .............................................................................. 65 
10.14 Doença de huntington ..................................................................... 66 
10.15 Manifestações cognitivas ................................................................ 67 
10.16 A atuação do psicólogo na doença de huntington .......................... 68 
10.17 Doença de creutzfeldt-jakob (dcj) ................................................... 68 
10.18 Manifestações comportamentais .................................................... 70 
10.19 Manifestações cognitivas ................................................................ 71 
11 FRAGILIDADE FÍSICA E O ENVELHECIMENTO ................................. 72 
11.1 Depressão e demência ................................................................... 74 
11.2 Pseudodemência depressiva .......................................................... 76 
11.3 Reflexos da depressão no idoso ..................................................... 77 
11.4 Intervenções psicossociais no tratamento da depressão no idoso . 78 
12 ENVELHECIMENTO E QUALIDADE DE VIDA ..................................... 79 
12.1 Envelhecimento ativo ...................................................................... 81 
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 88 
14 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 93 
 
3 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 ENVELHECIMENTO 
Para Moraes & Lima (2010), o envelhecimento representa o conjunto de 
consequências ou os efeitos da passagem do tempo. Todos os sistemas fisiológicos 
principais são afetados biologicamente, podendo ser considerado como a involução 
morfofuncional. Entretanto, esta involução não impede que a pessoa se mantenha 
ativa, independente e feliz. Do ponto de vista psíquico, representa a conquista da 
sabedoria e da compreensão plena do sentido da vida. 
Este processo do envelhecimento humano se dá em três níveis diferentes: 
biológico, psicológico e social. 
O envelhecimento biológico envolve mudanças fisiológicas, anatômicas, 
bioquímicas e hormonais, acompanhadas de gradual declínio das 
capacidades do organismo, causando mais fragilidades no organismo às 
agressões externas e internas. Há evidências de que o envelhecimento é de 
natureza multifatorial e ligada à programação genética e das alterações que 
ocorrem em nível celular-molecular (Moraes et al.; 2010 apud Dani Andrea 
2012). 
No processo do envelhecer, tanto normal quanto patológico, as funções 
executivas tendem a ficar prejudicadas. As alterações destas funções ocorrem de 
modo gradual e lento até os 60 anos, sendo considerado normal, tornando-se mais 
aceleradas a partir dos 70 anos. Segundo Ramos et al., (1993), embora a grande 
maioria dos idosos seja portadora de, pelo menos, uma doença crônica, não são todos 
que ficam limitados por essas doenças, e muitos levam vida perfeitamente normal, 
com as suas enfermidades controladas. 
Moraes e Lima (2010) consideram que as deficiências funcionais vão surgindo 
de maneira insidiosa no decorrer da vida, sendo apontada por senescência, sem 
comprometer as decisões, a organização e o planejamento de atividades rotineiras, 
não devendo ser considerado patologia. 
O envelhecimento psicológico transparece pelos comportamentos das pessoas 
em relação a si próprias ou aos outros, ligados a mudanças de atitude e limitações 
das capacidadesem geral, levando a inadequações, readaptações e reajustamentos 
dos repertórios comportamentais, face às exigências da vida. O envelhecimento social 
está associado às normas ou eventos sociais que é regido, por um critério de idade, 
como casamento e aposentadoria. 
 
6 
 
Estes três níveis de envelhecimento não tem uma ordem exata quanto ao seu 
aparecimento. Kristensen 2006 coloca que entender o envelhecimento a partir da 
sexta década de vida como atribuiu a O.M.S. seria um equívoco; porque ele está se 
processando durante a existência da pessoa. 
Por conta deste processo, enquanto um adolescente está maturando, 
paralelamente está ocorrendo o envelhecimento de certos sistemas do seu corpo, 
envelhecimento este que só irá parar com a morte. 
2 O IDOSO E O ENVELHECIMENTO, PROCESSO DE TRANSIÇÃO DENTRO DO 
CONTEXTO PSICANALITICO 
 
Fonte: homecareidosos.com 
O desenvolvimento humano é um processo que dura à vida toda e que está 
sempre em constante evolução e este, continuará até o fim da vida. Desta forma, 
Papalia (2012) apresenta oito períodos do desenvolvimento humano que são: período 
pré-natal (da concepção ao nascimento); primeira infância (do nascimento aos 03 
anos); segunda infância (03 a 06 anos); terceira infância (06 a 11 anos); adolescência 
(11 aproximadamente a 20 anos); início da idade adulta (20 a 40 anos); vida adulta 
(40 a 65 anos) e a vida adulta tardia (65 anos em diante). 
Sendo assim, é possível dizer que o desenvolvimento humano se dá de forma 
diferente de pessoa para pessoa e que, nesse contexto, considera-se as várias 
características herdadas, os fatores ambientais ou experiências que afetam ou que 
vêm ajudar no desenvolvimento, principalmente, quando se tratam do contexto 
familiar, vizinhança, nível socioeconômico, cultura e raça, entre outros fatores. 
 
7 
 
O envelhecimento é um fenômeno comum aos seres vivos, ou seja, é um 
processo natural da vida, que traz ao longo dos anos alterações sofridas pelo 
organismo sendo normal para esta fase e esse processo vai do nascimento até a 
morte. 
 Papalia diz que, o envelhecimento é caracterizado como sendo um processo 
dinâmico, gradual, progressivo e inevitável, no qual interagem múltiplos 
fatores biológicos, psíquicos e sociais. Portanto, é possível dizer que esses 
fatores são visivelmente identificados, isso pelo declínio da saúde e das 
capacidades da pessoa, afetando aspectos funcionais, tais como: a memória, 
inteligência, fatores sensoriais que acarretam em alguns problemas físicos, 
psíquicos. (Papalia 2012, Roque Candice; 2017). 
Entretanto, o idoso busca alternativas para compensar esses problemas que 
enfrenta, com o objetivo de aproveitar mais e melhor o seu tempo, visam estratégias 
para enfrentar perdas pessoais e não cair em adoecimento, tentam relações mais 
carinhosas e tentam encontrar apoio nas relações familiares e com amigos para 
superar essa etapa. 
Neste sentido, é oportuno pontuar a origem da palavra idoso. Esta vem do latim 
“vetulus” e que significa “remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso”. No 
Dicionário Escolar: língua portuguesa (2015), a palavra idoso quer dizer, que tem 
muitos anos, senil, velho. Assim, a palavra envelhecer nos mostra: tornar velho, 
aparentar velhice ou fazer que pareça velho, tornar-se arcaico ou inútil, apagar-se, 
obliterar-se. 
Na visão de Perestrello (2004), o significado da palavra velho, envelhecer, 
envelhecimento veio sofrendo alterações e, além dos sentidos preconceituosos esse 
termo também devido essas alterações teve os ganhos. A palavra velho vem a ser 
substituída pela palavra ancião que se entende por uma pessoa de sabedoria. Dessa 
forma, a palavra envelhecimento passa a ser um processo. 
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), (2002) define idoso como aquele 
indivíduo com 60 anos de idade ou mais. Limite este, válido para os países em 
desenvolvimento como o Brasil, pois nos países desenvolvidos admite-se um ponto 
de corte de 65 anos de idade. 
Sendo assim, Papalia (2012) destaca que o envelhecimento também é 
conceituado como um processo progressivo, onde ocorrem modificações funcionais, 
morfológicas, bioquímicas e psicológicas, determinando a perda da capacidade de 
 
8 
 
adaptação do sujeito e o meio-ambiente. Sua marca principal é o declínio, geralmente 
físico, levando a alterações sociais e psicológicas. 
A velhice ou envelhecimento é um processo natural. Segundo a mesma autora, 
pode-se definir que com a chegada da velhice observa-se que muitas mudanças 
ocorrem no corpo físico. Essas mudanças como: lentidão, fraqueza, diminuição do 
tamanho e outras situações e funções podem causar certo impacto nas pessoas. 
Essas transformações são praticamente inevitáveis. 
Elas têm grande influência quando relacionadas ao trabalho, vida pessoal, no 
lar, na saúde, tornando-se uma preocupação central em termos de inquietação, tempo 
e dinheiro. É importante dizer que envelhecer é um processo de mais uma etapa da 
vida, uma vez que, em cada fase/etapa da vida tem-se algo para vivenciar, aprender 
e desenvolver e assim acabar por elaborar as diversas formas de encarar os 
problemas, questões e experiências vivenciadas. 
Portanto, o sujeito acaba agindo por repetição na maioria das vezes, uma 
lembrança que está associada ao esquecimento, não estando relacionada 
exatamente com o fato. Assim “[...] repetir e recordar não são formas de reprodução” 
afirma (MUCIDA, 2017). 
Existe uma insistência por parte da repetição e que o inconsciente não resiste, 
tentando passar pelo recalque. Entretanto, como essa reprodução está barrada pelo 
recalque, ela guarda uma cota do fracasso. Isto é, uma satisfação pulsional. 
Ela traz algo de diferente e de igual, traçando formas de recordações, traços, 
determinando a forma de gozar. Seja a repetição da ordem da falta, algo que está por 
trás do que se repete uma perda do gozo, ou seja, o destino de uma pessoa se repete 
pela sua própria escolha, que ela mesma arranja e que se determina pelas influências 
infantis. No idoso, essa repetição coloca-se através do passado e que busca retornar, 
seja na sua infância ou seu passado, a busca por algo do que recorda. 
Dessa forma, o idoso envelhece da sua maneira e que não é um 
envelhecimento natural e passa a ser bastante particular, onde cada um inscreverá a 
sua forma de gozar. 
Conforme Golfarb (2009), quando o idoso sofre com as mudanças advindas do 
tempo cronológico, mudanças como: rugas, cabelos brancos, doenças degenerativas, 
entre outras, são muito significativas e que vem a questionar a imagem narcísica de 
potência. Por isso, quando o idoso fala do seu corpo, nesse sentido, ele está falando 
 
9 
 
de sofrimento, de um corpo que igualmente continua vivo, desejante, porém, um corpo 
que não o serve mais de instrumento. 
Ainda conforme Golfarb (2009), a constituição do Eu, ou confirmação de 
identidade é a primeira experiência do espelho positivo como ponto importante para o 
sujeito. Já no espelho negativo, as perdas físicas, a velhice e finitude confirmam-se 
nesse instante. Então, assiste-se à aproximação da velhice nessa forma. 
 Assim, o psiquismo deverá trabalhar mecanismos para elaboração de 
aceitação desse novo corpo em forma avançada. No entanto, entende-se que o tempo 
de vida se dá entre o nascimento e a morte. 
 Esses tempos medidos ou cronológicos quase não se têm a ver com o que foi 
vivido ou subjetivo, mas aí se encontra o sujeito que envelhece, que começa a contar 
e relatar o que resta para viver e ainda consegue planejar com o que está ou pode vir. 
Essa percepção de passagem da vida e que se sujeita a mudanças entende-se por 
tempo psicológico. 
Como o estádio do espelho é um momento de reconhecimento do sujeito, 
é através do espelho também que o idoso não se reconhece. Dessa forma: 
A velhice é um território desconhecido e particular a cada um. O homem 
vivencia a passagem do tempo com espanto, surpresa, desconcerto.É uma 
experiência inédita. Ele não reconhece em si as metamorfoses advindas, 
passo a passo, com a senescência. Reconhece-as no outro, é o outro que 
envelhece. Mas, com surpresa, não mais que de repente, ele vê sua velhice 
no olhar do outro, que tal como um espelho lhe retorna aquele “estrangeiro” 
em que se tornou. (PERES, 2004, apud Roque Candice; 2017). 
Devido a esses contrastes entre passado e presente, tornar-se-ia insuportável 
para alguns idosos o fato dessas subtrações como a falência do corpo, a imagem, 
confiança, desinteresse. Então, essa relação narcísica como pontuada por Peres 
(2004): “ ama-se a si mesmo, a seu corpo ou sente repulsa e desgosto pela atual 
imagem”. Consequentemente, o idoso que não aceita o envelhecimento, vai evitar o 
contato com o espelho que irá lhe devolver a imagem de um corpo que não quer. 
Sobre as mudanças na velhice, pode-se dizer que não somente as doenças 
acometem os idosos, mas, alguns buscam por envelhecer de forma mais saudável, 
assim vivem suas vidas de forma positiva, buscando manter-se em constante vida 
ativa. De acordo com Papalia (2012), estudos revelam que, atualmente, a expectativa 
de vida das pessoas é de 75 anos, isso porque os idosos vêm tendo um padrão de 
 
10 
 
vida muito melhor e foram muitas as vitórias sobre as doenças infecciosas com as 
medicações e vacinas. 
Com isso, a expectativa de vida sendo maior, tem-se um impacto sobre a 
sociedade. Com o aumento da percentagem de idosos na população, aumenta-se a 
necessidade de serviços para essa categoria, como cuidados médicos, seguro social, 
habitação, lazer e assim por diante. 
A expectativa de vida se entende por idade máxima que a pessoa 
possivelmente aproxima-se, considerando sua saúde e idade atual. Baseia-se na 
média de longevidade, ou no tempo de vida de certa população. 
Por conseguinte, idosos têm culturas diferentes e, assim sendo, seria 
necessário pensar em como trabalhar esse envelhecimento para que o idoso tenha 
acesso e disponibilidade para usufruir da vida já que está aumentando a expectativa. 
É nesse sentido que, devido à expectativa de vida, precisa-se pensar em 
formas de lazer entre outras atividades que possibilitem ao idoso acesso a uma 
melhor promoção de envelhecimento saudável e nesta perspectiva: 
Os cientistas sociais especialistas em envelhecimento dizem ter três grupos 
de idosos, o “idoso jovem”, o “idoso, idoso” e o “idoso mais velho”. 
Cronologicamente, os idosos jovens são pessoas entre 65 e 74 anos que, em 
geral, são ativas, animadas e vigorosas. O idoso, idoso, pessoas entre 75 e 
84 anos, e o idoso mais velho, pessoas de 85 anos em diante, estão mais 
propensos a uma condição de fragilidade e doença. (PAPALIA, 2012, apud 
Roque Candice; 2017). 
No século XIX surgiram instituições que visavam à reincorporação dos idosos 
na sociedade, atribuindo ao idoso um novo local de moradia, asilos e/ou hospitais. 
A partir desse isolamento, a velhice veio a ser encarada como uma doença 
social passando então, a ser pensada no século XX como uma imagem altamente 
desvalorizada desse sujeito e, consequentemente, os idosos foram rotulados como 
incapazes e improdutivos. 
 Esses discursos e rotulações aos idosos perduraram até os anos 80, 
juntamente com situações de pobrezas, isolamento social, solidão, doenças, essa era 
a vida dessas pessoas neste período. A palavra velhice era associada à imagem de 
saúde precária. 
Conforme Papalia (2012), sessenta anos é o marco que define a entrada na 
velhice nos países em desenvolvimento, sendo ela aceita como padrão para que a 
pessoa se defina como idosa. Já nos países desenvolvidos o marco se dá aos 65 anos 
 
11 
 
de idade. No Brasil, os índices de envelhecimento têm aumentado consideravelmente, 
mas é um mito pensar que a população idosa foi mais bem acolhida e tratada 
antigamente. 
Na mesma linha de pensamento, a mesma autora aponta que o Brasil, também 
apresenta uma mudança na estrutura demográfica e fala que até 2025 será o sexto a 
ocupar a posição em população de idosos, uma vez que, a expectativa de vida tem 
aumentado, até dobrado durante o século XX. 
Esses dados são de suma importância, pois envolvem a discussão e 
construção de políticas públicas, previdência social, assistência médica, por exemplo. 
Buscar alternativas para que o envelhecimento seja não só de abandono ou solidão, 
e sim, buscar programas específicos para essa faixa etária, coloca-se como um 
desafio para os governantes. 
Entende-se que velhice não somente é a disfunção motora, mas também se 
torna aparente o envelhecimento psíquico e físico do sujeito acarretando em várias 
formas o adoecimento do idoso. Em contrapartida, faz-se necessário falar também 
daquele idoso que não envelhece, o sujeito que, inconscientemente, não envelhece, 
pois se sabe que o inconsciente é atemporal, e assim, os idosos, em parte, acabam 
tendo uma vida normal, sem problemas de saúde, física ou psicologicamente falando. 
Assim, pode-se pensar que a figura social e cultural da velhice vem sendo 
construída diferentemente ao longo dos anos, pois a pessoa idosa era muito 
desvalorizada, rejeitada e que cumpria somente o destino biológico/ reprodutor. 
Dessa maneira, entendia-se que as escolhas e o destino eram arranjos das 
próprias pessoas e determinadas pelas influências infantis. 
Na questão cultural, verifica-se que os idosos têm mais condições de uma vida 
melhor nas sociedades ricas. Porém, existem outros fatores importantes a serem 
analisados. Uma sociedade em que a organização é complexa, por exemplo, o papel 
do idoso é diferenciado. 
O idoso tem um reconhecimento no que diz respeito à experiência. Contudo, 
para algumas pessoas, isso se torna desnecessário, pois acreditam que o idoso não 
tem mais razão. 
Se, para algumas culturas e, em outras formas de organização social, o 
suposto saber da experiência era um traço identificatório para o idoso, 
demarcando certo lugar social, hoje o suposto saber encontrase fora dele, 
nas faces diversas e irreconhecíveis do Outro, que dita as regras de 
 
12 
 
envelhecer bem ou, de modo geral, de não envelhecer. (MUCIDA, 2017; apud 
Roque Candice; 2017). 
A partir disso, o idoso tem um papel importante em algumas sociedades, sendo 
ele o suposto saber de experiências de vida, um saber a se aproveitar. Já em outras, 
esse saber não interessa, assim o idoso acaba por ser abandonado ou deixado de 
lado, não representando ou “agregando” nada nessas sociedades, uma vez que este 
não produz mais, o que nos dias de hoje é o que parece representar ser mais 
importante. 
O corpo real do idoso que se transforma marcado por uma imagem, imagem 
esta, que nem sempre é fácil de suportar. Portanto, na sequência, será tratado de 
assuntos que nos mostram um pouco sobre esse sujeito idoso, esse que envelhece 
somente a imagem real, mas que, inconscientemente não. Assuntos da ordem do 
sujeito em sua forma física, psíquica, biológica. 
3 O ENVELHECIMENTO É DIVIDIDO EM BIOLÓGICO E PSÍQUICO 
3.1 Envelhecimento biológico 
O envelhecimento biológico é implacável, ativo e irreversível, causando mais 
vulnerabilidade do organismo às agressões externas e internas. Existem evidências 
de que o processo de envelhecimento é de natureza multifatorial e dependente da 
programação genética e das alterações que ocorrem em nível celular-molecular. 
Pode haver, consequentemente, diminuição da capacidade funcional das áreas 
afetadas e sobrecarga dos mecanismos de controle homeostático, que passam a 
servir como substrato fisiológico para influência da idade na apresentação da doença, 
da resposta ao tratamento proposto e das complicações que se seguem. 
Os sinais de deficiências funcionais vão aparecendo de maneira discreta no 
decorrer da vida, sendo chamados de senescência, sem comprometer as relações e 
a gerência de decisões. Esse processo não pode ser considerado doença. Em 
condições basais, o idoso não apresentaalterações no funcionamento ao ser 
comparado com o jovem. 
A diferença manifesta-se nas situações nas quais se torna necessária a 
utilização das reservas homeostáticas, que, no idoso, são mais fracas. 
 
13 
 
Além disso, todos os órgãos ou sistemas envelhecem de forma diferenciada, 
tornando a variabilidade cada vez maior diante desse processo: EVELHECIMENTO = 
VULNERABILIDADE+ VARIABILIDADE + IRREVERSIBILIDADE. 
O sistema nervoso central (SNC), embora tenha evoluído filogeneticamente há 
milhões de anos, só recentemente adquiriu propriedades anatômicas e moleculares 
altamente especializadas. Os neurônios, unidades formadoras desse sistema, 
possuem estabilidade e estrutura, atributo este que é pré-requisito para a cognição. 
Essa propriedade torna o SNC apto ao acúmulo de informações do presente, à 
lembrança do passado e à formulação de novos conceitos. O SNC é incapaz de 
realizar reparos nas alterações morfológicas adquiridas com o envelhecimento. 
O envelhecimento cerebral normal evidencia, a partir da segunda década de 
vida, um declínio ponderal discreto, lento e progressivo, que culmina com a diminuição 
do seu volume. O estudo microscópico dos neurônios revela mudanças caracterizadas 
por: diminuição do RNA citoplasmático e da substância de Nissl, acúmulo de 
lipofuscina; depósito amiloide nos vasos sanguíneos e células e de placa senil; e, 
menos frequentemente, emaranhado neurofibrilar - característico da demência de 
Alzheimer, que pode, entretanto, ser observado em cérebros de idosos sem indícios 
de demência e que resulta em atrofia neuronal reduzindo a quantidade de células 
nervosas. 
 Essa perda celular não atinge as regiões corticais igualmente, pois neurônios 
da mesma região têm fenótipos moleculares únicos e, portanto, diferentes 
vulnerabilidades aos processos deletérios (córtex pré-frontal e é mais sensível às 
mudanças do envelhecimento). 
O envelhecimento normal associa-se, além das alterações microscópicas dos 
neurônios, a mudanças nos sistemas de neurotransmissores. Os sistemas 
dopaminérgicos e colinérgicos apresentam ações diminuídas. O declínio de memória 
não necessita, necessariamente, associar-se à lesão estrutural, podendo ocorrer 
devido à disfunção fisiológica e não à perda neuronal. 
O SNC, apesar de não ser capaz de recuperar seus neurônios, tem 
propriedades que podem diminuir o impacto das alterações do envelhecimento, como: 
redundância (existem muito mais neurônios no cérebro que o necessário); 
mecanismos compensadores (surgem em situações de lesão cerebral e são mais 
hábeis conforme o centro atingido); plasticidade (habilidade de neurônios maduros, 
 
14 
 
com sua rede de dendritos, desenvolverem e formarem novas sinapses, levando à 
formação de novos circuitos sinápticos). 
3.2 Aspectos neuropsicológicos do envelhecimento 
O desenvolvimento de estudos de Psicologia e psiquiátricos no idoso 
proporcionou mudança no paradigma do envelhecer psíquico. Durante a velhice, não 
é comum o aparecimento de alterações na funcionalidade mental do idoso, ou seja, 
os idosos saudáveis, sem limitações físicas, podem ser bastante produtivos. 
A definição de quais e como as funções psíquicas se modificam no decorrer 
dos anos permitiu a consideração de que o idoso não seja tratado como um ser 
limitado cognitivamente, mas que requer a adaptação de estímulos ambientais para 
possuir funcionalidade comparável à de adultos jovens. 
O conhecimento sobre o envelhecimento neuropsicológico ajuda a 
fundamentar as mudanças exigidas pela sociedade para que os idosos sejam 
adequadamente valorizados em nosso meio. 
O termo cognição corresponde à faixa de funcionamento intelectual humano, 
incluindo percepção, atenção, memória, raciocínio, tomada de decisões, solução de 
problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento. A grande 
dificuldade acerca do envelhecimento é o limite entre alterações cognitivas normais e 
patogênicas. 
O desenvolvimento do conhecimento sobre os vários tipos de demências, o 
avanço dos métodos de neuroimagem e estudos científicos apropriados permitiram o 
julgamento sobre o limite entre saúde e doença no idoso. Algumas das habilidades 
cognitivas se modificam em relação ao tempo, enquanto outras permanecem 
inalteradas. O conhecimento da evolução neuropsicológica permite aferir se alguma 
função cognitiva prejudicada significa doença. 
As habilidades que sofrem declínio com a idade são: memória de trabalho, 
velocidade de pensamento e habilidades visuoespaciais, enquanto as que se mantêm 
inalteradas são: inteligência verbal, atenção básica, habilidade de cálculo e a maioria 
das habilidades de linguagem. 
 
 
15 
 
As repercussões funcionais do envelhecimento fisiológico (senescência) do 
SNC são controversas e não afetam significativamente as funções cognitivas. 
Observa-se redução de: peso do encéfalo (10%), fluxo sanguíneo cerebral (15-20%), 
volume ventricular exavacuo, número de neurônios e depósito neuronal de 
liposfuscina. Surgem degeneração vascular amiloide, placas senis e degeneração 
neurofibrilar com comprometimento da neurotransmissão dopaminérgica e 
colinérgica, e lentificação da velocidade da condução nervosa. As regiões mais 
sensíveis às alterações do envelhecimento localizam-se no lobo frontal e, 
possivelmente, no lobo temporal medial. As alterações dos órgãos dos sentidos 
(visão, audição, etc.) dificultam o acesso às informações e o aprendizado. 
O lobo frontal não apresenta mudanças na sua porção ventromedial, 
responsável pela regulação do comportamento social e emocional. A porção 
dorsolateral da região pré-frontal, entretanto, possui alterações anatômicas e 
funcionais mais proeminentes, percebidas em sua dificuldade aumentada na 
realização de tarefas dependentes da função executiva e da memória de trabalho. Há 
mais comprometimento na atenção (registro) e resgate das informações previamente 
estocadas, tarefas dependentes da memória de trabalho e também na consolidação 
de informações recentes (memória episódica recente, por exemplo, localização de 
objetos, recados, etc.). Não há alteração da memória semântica. 
Observam-se, clinicamente, lentificação no processamento cognitivo, redução 
da atenção (déficit atentivo), mais dificuldade no resgate das informações aprendidas 
(memória de trabalho) e redução da memória prospectiva (“lembrar-se de lembrar”) e 
da memória contextual (dificuldades com detalhes). 
As informações estocadas (memória de longo prazo intermediária e remota) 
não são afetadas, e sim a análise e comparação (memória de trabalho) das 
informações que chegam constantemente ao cérebro, com as memórias explícitas e 
implícitas estocadas no neocórtex posterior. 
Essas alterações não trazem prejuízo significativo na execução das tarefas do 
cotidiano, não promovem limitação das atividades, nem restrição da participação 
social. A influência do tempo sobre a cognição também amplifica as diferenças entre 
os sexos, isto é, os homens mais velhos mostram mais facilidades nos cálculos 
matemáticos, enquanto as mulheres nas habilidades executivas. 
 
16 
 
O processo de atenção representa grupo complexo de comportamentos, em 
que o indivíduo pode selecionar informações e ignorar outras; sustentar a 
concentração em uma informação por um período de tempo; dividir a atenção entre 
dois ou mais aspectos ao mesmo tempo; e mudar o foco da atenção quando for 
necessário. A capacidade do idoso de dividir atenção entre vários estímulos para 
apreender uma situação é extremamente prejudicada. Outras funções da atenção não 
se modificam com o envelhecer. 
Função executiva se refere à capacidade de resolução de problemas, 
planejamento, inibição de resposta, abstração, processamento de informações. As 
capacidades cristalizadas ou os conhecimentos adquiridos no curso do processo de 
socialização tendem a permanecer estáveis. As capacidades fluidas, isto é, envolvidas 
na soluçãode novos problemas, tendem a declinar gradualmente. 
A velocidade na qual a informação é processada representa a alteração mais 
evidente do idoso. A lentidão cognitiva influencia todas as outras funções e pode ser 
responsável pelo déficit cognitivo em idosos. A lentidão no processamento de 
informações é observada em idosos em sua dificuldade em compreender textos, 
necessidade de explicações mais ricas e extensas e de mais tempo para executar 
cálculos. 
A presbiacusia prejudica a compreensão da fala, entretanto, o déficit periférico 
pode ser compensado pelos recursos e experiências cognitivas. O vocabulário e 
expressão verbal podem aumentar durante a vida toda. A linguagem espontânea pode 
se tornar menos precisa e mais repetitiva com o passar do tempo. 
A capacidade dos idosos em reconhecerem formas, objetos, dimensões e a 
distância não é prejudicada quando avaliada de forma simples. Os idosos, quando 
avaliados em testes mais complexos, entretanto, apresentam habilidades 
visuoespaciais e visuoperceptivas inferiores às dos de jovens. 
3.3 Aspectos gerais do envelhecimento 
A senescência é o processo natural do envelhecimento, o qual compromete 
progressivamente aspectos físicos e cognitivos. Segundo a OMS, a terceira idade tem 
início entre os 60 e 65 anos. No entanto, esta é uma idade instituída para efeitos de 
 
17 
 
pesquisa, já que o processo de envelhecimento depende de três classes de fatores 
principais: biológicos, psíquicos e sociais. 
 São estes fatores que podem preconizar a velhice, acelerando ou retardando 
o aparecimento e a instalação de doenças e de sintomas característicos da idade 
madura. 
O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas funções 
orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o 
organismo, fazendo com que o mesmo perca a capacidade de manter o equilíbrio 
homeostático e que todas as funções fisiológicas gradualmente comecem a declinar. 
Tais alterações têm por característica principal a diminuição progressiva da reserva 
funcional. 
 Ou seja, um organismo envelhecido, em condições normais, poderá 
sobreviver adequadamente, porém, quando submetido a situações de stress 
físico, emocional, etc., pode apresentar dificuldades em manter sua 
homeostase e, desta forma, manifestar sobrecarga funcional, a qual pode 
culminar em processos patológicos, uma vez que há o comprometimento dos 
sistemas endócrino, nervoso e imunológico (Firmino, 2006 apud Gomes 
Cancela 2007). 
O envelhecimento do ponto de vista fisiológico depende significativamente do 
estilo de vida que a pessoa assume desde a infância ou adolescência. O organismo 
envelhece como um todo, enquanto que os seus órgãos, tecidos, células e estruturas 
subcelulares têm envelhecimentos diferenciados. 
Com o envelhecimento, ocorrem alterações de vários aspectos 
perceptíveis do organismo. Destacam-se a: 
 Diminuição do fluxo sanguíneo para os rins, fígado e o cérebro; 
 Diminuição da capacidade dos rins para eliminar toxinas e 
medicamentos; 
 Diminuição da capacidade do fígado para eliminar toxinas e metabolizar 
a maioria dos medicamentos; 
 Diminuição da frequência cardíaca máxima, mas sem alteração da 
frequência cardíaca em repouso; 
 Diminuição do débito cardíaco (saída de sangue do coração) máximo; 
 Diminuição da tolerância à glicose; 
 Diminuição da capacidade pulmonar de mobilização do ar; 
 
18 
 
 Aumento da quantidade de ar retido nos pulmões depois de uma 
expiração; 
 Diminuição da função celular de combate às infecções; 
4 O ENVELHECIMENTO E AS SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES 
Fonte: fef.unicamp.br 
O envelhecimento perceptivo é muito diferenciado. Algumas modalidades 
sensoriais, como o olfato, o gosto ou a cinestesia, são pouco afetadas pela idade, ao 
passo que outras, como a audição, a visão e o equilíbrio, são gravemente afetadas. 
De todas estas modalidades perceptivas, o envelhecimento afeta de forma mais 
significativa o equilíbrio, audição e visão, sendo que isto acarreta consequências 
importante, e por vezes graves, a nível psicológico e social. 
Por outro lado, os défices sensoriais de natureza auditiva e visual parecem 
causas importantes de declínio geral no funcionamento das atividades intelectuais 
(Fontaine, 2000). 
4.1 Envelhecimento psicológico 
O envelhecimento psíquico ou amadurecimento não é naturalmente 
progressivo nem ocorre inexoravelmente, como efeito da passagem de tempo. 
Depende também da passagem do tempo, mas, sobretudo, do esforço pessoal 
contínuo na busca do autoconhecimento e do sentido da vida. 
O autoconhecimento, o estudo da estrutura e dinâmica do psiquismo e a 
superação dos conflitos do cotidiano são indispensáveis para que se possa atingir a 
independência psíquica, condição indispensável para a sabedoria. 
 
19 
 
 O amadurecimento é conquista individual e se traduz pela modificação dos 
valores de vida ou pela aquisição da consciência (para que vivemos?). “Só é 
consciente a pessoa que se conhece, que conhece os reais motivos do seu viver, sua 
capacidade de controle desses motivos e de organização desse controle”. É a 
personalização do indivíduo, harmonizando-o consigo mesmo e com o mundo. 
 (Figura 1). Envelhecimento psíquico 
 
Fonte: observatorionacionaldoidoso.id 
Com o envelhecimento psíquico há, portanto, redução da vulnerabilidade. A 
pessoa idosa torna-se suficientemente sábia para aceitar a realidade, tolerar a dor ou 
a perda da independência biológica, pois seus dispositivos de segurança são cada 
vez mais eficazes na relação com o mundo. É a liberdade plena ou independência 
psíquica, pois compreende o sentido da vida (para quê). Os valores que regem a sua 
vida (filosofia de vida) são cada vez mais elevados, racionais, inteligentes, enfim, 
conscientes. 
O idoso “entrega-se à existência com a pureza das crianças, mas sem a sua 
ingenuidade, com o vigor do adolescente, mas sem a sua pugnacidade, com a 
sensatez do homem maduro, mas sem o seu orgulho. Torna-se cidadão do Universo 
com a astúcia da raposa e a malícia da serpente, o que faz dele um sábio”. 
 
20 
 
A vida é uma grande viagem em busca da máxima felicidade ou êxtase místico. 
Para tanto, faz-se necessário o aproveitamento de todas as fases da vida, superando-
se os conflitos inerentes a cada ciclo, na busca de um equilíbrio cada vez maior. 
(Quadro 1). 
Ciclos da vida 
 
Fonte: observatorionacionaldoidoso.id 
A infância psíquica é a fase inicial de preparação para a vida, na qual o 
indivíduo começa a se criar, isto é, instruir, disciplinar. Tem início no nascimento e 
perdura até os 12 anos, quando, usualmente, ocorre a instalação da sexualidade 
genital, com a primeira menstruação da menina e a primeira ejaculação do menino. 
Inicialmente, o comportamento da criança é regido pelo instinto (zero a nove meses), 
pois não se pode falar ainda em inteligência, que é a capacidade de resolver os 
problemas, nem em consciência, que é a compreensão do sentido da conduta 
(conhecimento da finalidade). 
É a fase de máxima dependência física e psíquica do indivíduo. Com o 
desenvolvimento, a criança alcança níveis mais sofisticados de percepção e atuação 
no mundo, passando pela angústia (zero a nove meses), medo (nove a 18 meses), 
obsessão (18 meses a três anos), farsa (três a seis anos) e praticidade (seis a 12 
anos), quando surge a razão e a criança adquire a capacidade de reflexão. 
O indivíduo vai se tornando cada vez mais independente do adulto, capaz de 
atuar no mundo de forma prática ou ponderada. É capaz de compreender o que 
ocorreu para as coisas serem como estão sendo e o que ocorreria se o que foi feito 
pudesse ser desfeito e outra conduta tivesse tido lugar. 
 
21 
 
Está, assim, preparada a base sobre a qual vai assentar-se a construção 
progressiva do ser humano, que visa sempre a assimilar o mundo exterior, conquistar 
as coisas e a si próprio. Tem início, então, a adolescência(12 a 18 anos), quando o 
indivíduo se encontra no auge da preparação para a existência. 
 Dois eventos modificam radicalmente a vida da criança, a puberdade e o 
raciocínio abstrato. Aos poucos, vai-se avolumando todo um caudal de modificações 
interiores, que deflagra uma série de atitudes novas, inusitadas, trazendo 
perplexidade para o indivíduo e para aqueles que o rodeiam. 
 A criança latente, aparentemente equilibrada e madura (ser prático), torna-se 
um ser fisicamente desproporcional e com atitudes psíquicas desproporcionais aos 
eventos. A pré-adolescência (12 aos 15 anos) vive, mais uma vez, a angústia do 
desconhecido, sente fobia do seu novo corpo, raiva da liberdade e histeria do 
chamamento de papéis que não sabe ainda representar. 
Capaz de abstração, começa a questionar filosoficamente as diretrizes de vida 
que lhe vinham sendo impostas desde sempre. Ele retoma a dúvida do obsessivo, já 
agora pondo em questão não apenas os hábitos culturais, mas também, e 
principalmente, posições políticas, religiosas e filosóficas, em geral. Revolta-se contra 
a dependência infantil primitiva. Em seguida, na adolescência propriamente dita (15 a 
18 anos), vive um período de acomodação e relativa acalmia. 
Procura considerar, sob um novo ângulo, sua sensação de angústia diante do 
desconhecido. Percebe que nem sempre os argumentos aguerridos levam ao 
resultado desejado. Percebe a sua independência psíquica, mas reconhece a sua 
dependência afetiva. Buscando a solução dos conflitos em um clima de reflexão sobre 
a noção da existência de uma mecânica da vida, passa a suspeitar da possibilidade 
de que essa mecânica tenha mais amplitude do que imaginava e obedeça a um 
direcionamento preestabelecido. 
Necessita, ainda, de muitas informações sobre a vida, principalmente sobre as 
regras do amor em geral. Percebe mais claramente que o bem e o mal podem ser 
complementares e que há uma “engrenagem” mais capaz de explicar as contradições 
da vida. Está, assim, consolidada a base sobre a qual se vinha assentando a 
construção progressiva do ser humano, que visa sempre a assimilar o mundo exterior, 
conquistar as coisas e a si próprio. 
 
22 
 
O período seguinte é o da adultez. A adultez é o período de realização da vida, 
em que o indivíduo adquire cada vez mais equilíbrio, atingindo estabilidade duradoura, 
propiciando o mergulho em profundidade que leva ao alargamento da consciência de 
si e de si mesmo no mundo. 
 As etapas do período adulto são a adultez jovem (18 aos 30 anos), a adultez 
propriamente dita (30 aos 60 anos) e a adultez velha (acima de 60 anos). Adulto é o 
ser humano que se encontra preparado para existir. 
O indivíduo necessita, cada vez mais, para sobreviver, conhecer e se conhecer. 
O adulto jovem (18 aos 30 anos) é aquele que completa e efetiva os seus movimentos 
no sentido de garantir a sua sobrevivência e compreende as atitudes adequadas para 
atingir os seus fins. Tais fins incluem, necessariamente, os interesses da coletividade 
à qual está insofismavelmente ligado. 
Constata que não adianta tentar convencer as pessoas das suas verdades se 
elas não forem capazes de desenvolver conceitos próprios sobre o que se deseja que 
elas compreendam. É independente física e psiquicamente, sendo, assim, capaz de 
amar, devotar-se, sem criar problemas, sem deixar-se levar pelos conflitos inerentes 
às idades anteriores. Surge o interesse fraterno, em busca do bem comum. 
O adulto propriamente dito é aquele que, garantida sua sobrevivência, vive com 
mais empenho a busca pela compreensão, organização e interiorização, no sentido 
de cada vez mais personalização. Capaz de entender o mecanismo único que controla 
a “engrenagem” da vida e a lei geral que rege o movimento do universo como um todo, 
passa a suspeitar de que as percepções são ilusões que o afastam da verdade, do 
mergulho na visão direta no absoluto. 
Compreende a necessidade de adequar sua dependência afetiva aos 
interesses da humanidade como um todo. O amor retoma o seu ápice no sentido de 
ampliar seus benefícios além das fronteiras dos grupos dos quais participa. Pode ele 
experimentar o amor humanístico, sabendo que, sendo compreendido ou não, 
recebendo retribuição ou não, sua afetividade só se satisfaz na sua devoção ao bem-
estar de todos os seus semelhantes. Sabe que não é o centro estático do mundo, mas 
fator na sua evolução. 
Percebe que o seu conhecimento não pode abarcar a verdade em si, mas 
apenas a do observador que é. Seu estilo de vida estando definido, participa, a seu 
 
23 
 
modo, do processo evolutivo, seu e dos grupos dos quais é membro, sempre em 
direção à integração pessoal e coletiva. 
A adultez velha (acima de 60 anos) ou velhice é a grande fase da vida, na qual 
o indivíduo, agora pessoa, atinge o grau máximo de compreensão do mistério da vida 
(consciência do absoluto) e do seu papel na unificação do universo. 
 Vive a liberdade plena, permitindo-lhe compreender o lugar e a parte que 
cabem ao mal em um mundo em evolução. 
 O sentido ético da sua existência permite a superação dos preconceitos e a 
participação ativa na evolução das pessoas e dos grupos aos quais esteja ligado. Está, 
assim, cumprido o destino do ser humano adulto, cuja fé em si mesmo e no destino 
do mundo o faz viver em um permanente comungar e servir 
4.2 O envelhecimento nos diferentes aspectos 
São vários os fatores do envelhecimento do ser humano, e eles apontam para 
as perdas, sexualidade, mudanças físicas entre outros. Questões pertinentes a serem 
discutidas no que se refere aos diferentes aspectos que refletem no envelhecimento 
e, a partir desse estudo pode-se situar algumas. 
Papalia (2012) explica que as mudanças físicas que estão associadas ao 
envelhecimento, afetam mais algumas pessoas do que outras. Aqui fala-se sobre: a 
mudança na pele, palidez, elasticidade, gordura e músculos encolhem, cabelos 
branqueiam e ficam mais finos, os pelos do corpo que diminuem. Também ocorre a 
diminuição do tamanho devido ao atrofiamento dos discos entre as vértebras da 
espinha, pode ocorrer ainda afinamento dos ossos. 
Devido ao avanço e velocidade do desenvolvimento da evolução das 
tecnologias, Messina (2004) diz que realmente há uma idade cronológica para 
considerar o envelhecimento e de que forma os idosos se sobressaem nessa 
velocidade contemporânea. 
 Visto que, presencia-se uma era global onde vivemos à mercê de muitas 
formas para não envelhecer à imagem que o outro vê, de introduzir na vida do idoso 
a era digital. 
Vivenciamos hoje uma realidade em que impera a ausência do estado do bem-
estar social em nosso cotidiano, que produz um esvaziamento, bem como a falência 
 
24 
 
de nossas instituições em nome de um neoliberalismo que, na verdade, só produz a 
desigualdade, a exclusão, a violência, sem falar no empobrecimento do pensamento. 
(MESSINA, 2004,). 
Uma questão bastante relevante é o que apresenta Monteiro (2004), o qual 
assegura que tudo tem um começo e um fim, assim como as mudanças que 
acontecem nos sujeitos. Numa mesma perspectiva, Amendoeira (2004) afirma que os 
sujeitos sofrem transformações físicas, psicológicas e afetivas, e que o 
envelhecimento é uma etapa de evolução. 
As mudanças orgânicas são significativas no processo do envelhecimento e 
que são variáveis entre os idosos. Em alguns há o declínio rápido destas, em outros, 
pouco se observam. Ocorre um enfraquecimento da função imunológico devido ao 
estresse crônico, ao ponto que podem ficar mais suscetíveis às infecções 
respiratórias. 
O ritmo do coração torna-se mais lento, irregular e a pressão arterial tende a 
aumentar. Mas isso não impede de que os idosos tenham uma vida normal segundo 
Papalia (2012). 
Na mesma linha de pensamento, Caradec (2014) tradução por Marques e, 
aponta que o orgânico remete à saúde e às capacidades físicas, as limitações e 
doenças que são consideradas como sinais do envelhecimento.As funções sensoriais e psicomotoras também variam de pessoa para pessoa, 
alguns mantêm as funções ágeis, outras nem tanto. Essa diminuição das funções 
tende a ser maior em idosos mais avançados. 
 A visão e audição onde se percebe uma maior perda, pois, na visão, os olhos 
dos idosos precisam de mais luminosidade, assim, problema de visão pode ser um 
pontapé para acidentes e quedas. Já na audição, a perda da mesma é bastante 
significativa causando um mal-estar já que a pessoa não entende o que os outros 
falam. Assim, para Papalia (2012) faz-se necessário uma mudança no ambiente desse 
idoso que sofre com esse tipo de disfunção. 
O sono já não é mais o mesmo, as pessoas idosas dormem menos e acordam 
mais facilmente em razão dos problemas físicos. 
 
 
 
25 
 
Os distúrbios do sono devem ser tratados e, quando não são tratados, eles 
podem ser um princípio de depressão de acordo com Papalia (2012). Assim, o sujeito 
vem a ter consequências que o afetam além do dormir, mas que vem a prejudicar o 
corpo como um todo. 
Assim, como as questões do corpo físico são facilmente detectadas na velhice, 
a questão da sexualidade ainda é um tabu, onde os idosos acabam por serem vistos 
como assexuados. Mas, ao contrário disso, eles mantêm uma vida sexual ativa. 
A realidade do inconsciente é a realidade sexual; é o fantasma que estrutura 
a relação do sujeito com seu objeto de desejo e o sustenta como desejante; 
o sujeito “se sustenta como desejante em relação a um conjunto significante 
cada vez mais complexo”. Não é a idade que determina a ausência do desejo 
e, muito menos, a ausência ou a presença de relações sexuais, mesmo que 
estas possam ser inscritas na velhice sob tecidos diferentes daqueles 
encontrados na adolescência, nos quais computar os orgasmos é uma forma 
usual. A sexualidade do idoso pode encontrar caminhos inéditos nos quais o 
desejo, que não morre, encontra outras maneiras de inscrição. (MUCIDA, 
2017, apud Roque Candice; 2017). 
Assim, os idosos buscam uma forma de satisfação particular e, quando há 
reconhecimento da satisfação ela passa a ser saudável e normal. A satisfação, ou 
seja, desejo e libido não têm idade. Dessa forma, a sexualidade adulta é também a 
infantil, ela se representa durante toda a vida do sujeito, em que as pulsões parciais 
são marcadas, já que não existe uma pulsão genital para unir os dois sexos. 
Entende-se, portanto, que a sexualidade está presente igualmente a todos os 
sujeitos, desde criança até adultos. Ela se apresenta pela relação dos sujeitos com 
seu objeto de desejo, conforme Mucida (2017). 
A sexualidade na velhice segundo Gabbay (2004), não era vista, e sim se 
imaginava o idoso como um ser assexuado, aquele ser bondoso, sereno, assim 
correspondendo a um recalque da sexualidade idosa. E isso para a psicologia significa 
destituir o sujeito da sua condição de desejante. 
Nesta mesma perspectiva, Viorst (2005) pontua que as pessoas, ainda pensam 
que o idoso não sente desejo sexual sendo inconveniente para essa etapa da vida. 
Porém, ao contrário do que se pensa, os idosos não são assexuados. 
 
 
 
 
26 
 
Na mesma linha, Monteiro (2004) aponta que a sexualidade e afetividade estão 
articuladas aos conceitos de troca e relação, e trata do sujeito como um ser desejante. 
 A mesma autora ainda aborda que a libido e a energia psíquica se manifestam 
nas formas: sexuais, afetivas, lúdicas, entre outras. Essas manifestações necessitam 
ser vivenciadas. 
Essa sexualidade será então conduzida como o sujeito melhor se identificar. 
Mas, não se pode deixar de pontuar que o idoso acaba sofrendo modificações 
corporais, e essas mudanças podem trazer algumas sensações de perdas, seja pela 
falta de sensibilidade ao tocar o outro, pela diminuição da libido, ereção, entre outras 
perdas, atribuindo um trabalho de luto e aceitamento dessa condição. 
Neste sentido, pode-se falar da menopausa que conforme Mucida (2017) relata, 
para as mulheres pode ser a perda fálica e para outras representa a possibilidade de 
vivência da sexualidade. 
 Nos homens também existem mudanças, algumas hormonais, outras pela 
ilusão de manter a virilidade. Em todas as fases da vida, o sujeito passa por perdas 
de várias formas e tipos. 
Peres (2004) afirma que, o idoso, com características de perdas, transcorre por 
um período bastante delicado e que, às vezes, ela se inscreve em resposta a esse 
sofrimento como um luto, pois pode ser uma perda significativa para esse sujeito. 
Ademais, se o envelhecimento se caracteriza pelo período de perdas, Gabbay 
(2004) apresenta que a pessoa idosa necessitaria de um forte narcisismo para 
atravessar esse período de provocações. A angústia, apaziguamento, reações que 
cercam o idoso, é o quadro mais comum encontrado nas clínicas onde existe a procura 
de idosos para a terapia. 
Todavia, percebe-se que os idosos não buscam ajuda para tratar seus 
problemas e que, muitas vezes, a família, seu cuidador (a), pessoas fora do meio do 
convívio, não fazem questão de que o mesmo vá atrás de ajuda, não tendo a 
percepção que esse sujeito necessita de um acompanhamento de profissionais que 
façam a escuta. Mas, em outra direção Gabbay (2004), aborda que para o adulto que 
está na fase do envelhecimento, deve se dar o direito de falar, e assim, o apoio familiar 
torna-se imprescindível para que a escuta dessa pessoa seja feita. 
 
 
27 
 
Os dispositivos legais admitem que, nos dias atuais a responsabilidade sobre 
o idoso é da família, sociedade e do Estado. A família é com ajuda do estado a 
principal responsável. Porém, às vezes, ao invés da pessoa idosa estar segura, 
muitas vezes, o cenário é outro, sendo de inúmeros tipos de violência contra essa 
pessoa que hoje depende deles. 
Assim também acontece não somente no ambiente familiar, mas também na 
sociedade em geral e que acabam cometendo uma violação e, muitas vezes, a 
rejeição ao idoso. Conforme Lopes e Goldfarb (2009), as primeiras pessoas que o ser 
humano se relaciona são os membros da família. Assim, ao perceber que era 
necessário para sua sobrevivência o contato com o outro, o homem passou a constituir 
família e o trabalho passou a ser o primeiro colaborador na comunidade. 
Tem-se a partir disso, uma visão de que o amor é quem dá origem à família, 
esse amor não só de homem e mulher, mas o amor de pais, filhos, irmãos. Um amor 
que deixa de ser somente sexual e sim afetivo. Sendo assim, as autoras descrevem 
que a função de transmissão psíquica é exercida pela família, e é ela quem faz os 
investimentos, garantindo uma transmissão intersubjetiva. Mas, devido às grandes 
mudanças na sociedade, em que nos surpreendem os novos modelos de famílias, 
onde se encontram muitas instabilidades de vínculos, deve-se pensar o valor do 
legado geracional. 
Essas transmissões se apresentam em duas formas: uma como identificação – 
identificação essa aos modelos parentais; e outra, na forma de transmissões culturais 
que é aquela constituída pelas gerações anteriores. É, portanto, a partir das estruturas 
familiares que se regulam as gerações. 
A família como intermediadora privilegiada para a constituição da vida psíquica 
e a transmissão geracional atua então em dois eixos: um eixo horizontal que oferece 
o apoio necessário através das identificações com seus semelhantes e um eixo 
vertical que inscreve o sujeito no movimento histórico das várias gerações de sua 
família. (GOLDFARB; LOPES, 2009). Essa família atual está em desordem, há 
confusão com os papéis, valores, autoridades, instabilidades de laços. Ao mesmo 
tempo surge também uma nova formação social de afinidade. 
 
 
 
28 
 
E esses novos sujeitos se modificam através do tempo. Dentro deste contexto 
de mudanças, e devido às tantas demandas do mundo atual, as famílias acabam 
levando idosos para lares, ou asilos, onde ali eles acabam por ser medicados e 
entrando numa rotina, e com esse excesso de medicaçãopara acalmar a pessoa que, 
insistentemente, não quer se calar, forçando ao esquecimento das suas lembranças, 
hábitos, gostos, escolhas, ficando alienados ao mundo dos lares de idosos onde foram 
submetidos pela família. 
Dessa forma, essa situação desencadeia uma diversidade de sintomas nesse 
sujeito, conforme Goldfarb (2009) e Lopes (2009). 
No entendimento desses autores relacionados acima, a família já não dá mais 
importância para o idoso, diferentemente do que o idoso diz essa família corresponder 
para si. As gerações mais jovens buscam pessoas da mesma idade para fazer 
vínculos sociais, todavia, esse idoso aguarda a visita dos seus familiares. 
 Contudo, considera-se para que as pessoas idosas desfrutem de um bem-
estar psíquico emocional façam amizades, vizinhos, e boa relação com a família que 
é primordial, pois é ela que faz a identificação com o espaço social. 
É através da estrutura familiar que o idoso pode se transformar num ser 
desenvolvido. Esse papel estruturado do idoso sofre alterações, ele perdeu o 
protagonismo, que é o lugar que o idoso amarra os sentimentos. Por conseguinte, 
entra-se na questão do mal-estar do idoso perante as faltas que se sobrepõem perante 
sua pessoa. 
Com tantas questões que surgem através dessa etapa do envelhecer, 
encontra-se a perda como algo sumamente importante para o idoso. Por isto, busca-
se entender as questões do luto, depressão, neste período de vida do ciclo vital. 
O homem sofre com o corpo que está em metamorfose. Esse corpo é aquele 
que sofre ao visualizar sua própria imagem frente ao espelho. A satisfação e 
reconhecimento que buscava nessa imagem já não são as mesmas, explica Peres 
(2004), que diferentemente da criança que se reconhece a partir do espelho, o idoso 
já não tem mais esse reconhecimento. 
É aí que a mesma autora discute que essa falta de identificação entre passado 
e presente pode tornar-se insuportável perante as tantas transformações que o corpo 
sofreu. 
 
29 
 
A partir dessa experiência que a pessoa idosa vivencia, algumas 
consequências são inevitáveis, como: perda de confiança, sentimento de inutilidade, 
desânimo. Desta forma, Peres explica que “e se o idoso não aceita o envelhecimento, 
envergonha-se de seu corpo, evita o espelho que lhe devolve o corpo flácido, rugas, 
olhos encovados, ou seja, a imagem com que não quer conviver”. (PERES, 2004). 
O idoso então busca uma forma de sair de cena, onde o luto é a resposta para 
essa perda gigantesca no seu ponto de vista. Essa visão é de pessoa para pessoa. 
Como explicita Peres (2004), este sujeito precisa de energia psíquica para elaborar 
esse luto, e cada sujeito tem um tempo próprio. 
Essas perdas de funcionalidade trazem muitas ansiedades, e como 
Amendoeira (2004) revela, sente-se o corpo como estranho e isso está vinculado ao 
desejo que continua inserido, mas que o corpo não corresponde mais como mediador 
da satisfação. 
A imagem do idoso que para muitas pessoas é uma imagem de uma pessoa 
que não produz mais e muitos idosos acabam sofrendo ao se depararem com essa 
situação, uma vez que, essa imagem vai trazer questões e interrogações, 
principalmente, quando vem da ordem do trabalhar, isso poderá ser uma alavanca 
para o sentimento de desprezo pelo fato de que o idoso é visto como aquele que não 
produz e não se mantém. 
 Compreende-se que o trabalho é um vinculador social, e para a pessoa idosa 
ele pode ser um aliado quando de problemas psicossomáticos na vida social. Além 
disso, ele tem o papel fundamental de identidade, diferenciando-se ainda entre 
importância para o homem e para a mulher. 
Viorst (2005) destaca que, a aposentadoria precoce pode trazer vivências 
antigas que foram grandes temores e que já causaram muito sofrimento. Por 
isso, a aposentadoria deve ser bem elaborada ao sujeito idoso, para que não 
absorva as energias desse ser. A mesma autora ainda enfoca que: 
É mais fácil envelhecer quando não somos entediados nem tediosos, quando 
temos interesses por pessoas e projetos, quando temos o espírito aberto, 
flexível e maduro o bastante para nos submeter, quando necessário, às 
perdas imutáveis. O processo começado na infância, de amar e deixar partir 
pode nos preparar para essas perdas finais. Mas privados, pela idade, de 
alguma coisa que amamos em nós mesmos, podemos descobrir que o 
envelhecimento exige uma capacidade para aquilo que chamamos 
“transcendência do ego”. (VIORST, 2005 apud Roque Candice; 2017). 
 
30 
 
A transcendência do ego diz respeito ao Eu real, aquilo que o idoso pode sentir 
através do outro, permitindo a conexão para o futuro através dos outros. Essa 
transcendência dá a ideia de mortalidade. Uma forma de estabelecer um traço 
intelectual ou material, podendo ser físico, espiritual. 
É uma construção do enfrentamento do sofrimento ou perda de si, conforme 
afirma Viorst (2005). Assim, o idoso projetará no próximo àquilo que tem necessidade 
e vontade de vivenciar. 
4.3 Envelhecimento psicológico e social 
Cançado e Horta (2002) não encontram dificuldade para relacionar deficiências 
cognitivas associadas ao envelhecimento com deficiências colinérgicas. 
O envelhecimento normal reúne um declínio gradual nas funções cognitivas 
(CANINEU E BASTOS, 2002). A capacidade intelectual do indivíduo idoso pode ser 
mantida sem dano cerebral até os 80 anos. No entanto, dificuldades de aprendizagens 
e esquecimento sem importância podem ser incluídos, juntamente com algumas 
alterações subtis que normalmente ocorrem em idosos com idade até 70 anos 
(CANÇADO E HORTA, 2002). 
Para Shephard (2003) dificuldades com a cognição, aprendizagem de novas 
tarefas e memória de curto prazo são devido ao envelhecimento do cérebro. 
Shephard (2003) expressa que “o ritmo de aprendizado torna-se mais lento em 
uma pessoa idosa e uma abordagem mais simples leva a uma redução no 
aprendizado dos elementos periféricos de uma tarefa. E a extensão da perda funcional 
pode ser ilustrada por mensurações, tais com o desempenho de grandes mestres de 
xadrez, que comumente atingem o seu máximo por volta dos 35 anos. ” 
Dificuldades para recordar nomes, números de telefones e objetos guardados 
são as recordações de memória que mais chamam a atenção das pessoas idosas, 
pois estas temem que as perdas possam evoluir para um possível quadro demencial 
(CANINEU E BASTOS, 2002). 
O declínio cognitivo com o envelhecimento varia quanto ao início e progressão, 
pois depende de fatores como educações, saúde, personalidade, nível intelectual 
global, capacidade mental específica, entre outros. 
 
31 
 
Para Zimerman (2000), o ser humano apresenta uma série de mudanças 
psicológicas com o envelhecimento, as quais resultam da dificuldade de adaptações 
a novos papéis sociais, falta de motivações, baixa-estima, autoimagem baixa, 
dificuldade de mudanças rápidas, perdas orgânicas e afetivas, suicídios, 
somatizações, paranoia, hipocondria, depressão. 
Assis (2004) afirma que a prática regular de exercício físico no idoso contribui 
para o controle da depressão e diminuição da ansiedade, possibilitando a esta maior 
familiaridade com o seu corpo e funções. 
Desta maneira, a atividade física em qualquer idade pode reduzir os riscos de 
depressão e declínio cognitivo (SPIRDUSO E CRONIN, 2001). 
Na perspectiva de Cress et al. (1999), idosos que ao longo da vida se mantêm 
ativo apresentam ganhos para a sua saúde, beneficiando-se com melhoras no campo 
do bem-estar psicológico e da qualidade de vida. 
Motta (2004) afirma que o envelhecimento é reflexo de inter-relações sociais e 
individuais, oriundas da educações, trabalho e experiência de vida. A cada idade a 
sociedade determina certas funções, adequando o indivíduo a certos papéis sociais 
(estudante, marido, trabalhador, aposentado, etc.) que este deve desempenhar. 
Já na compreensão de Zimerman (2000), o envelhecimento social da 
população modifica o status do idoso e a sua formade se relacionar com as 
pessoas. Estas modificações ocorrem em função de uma: 
 Crise de identidade – perda da autoestima, ocasionada pela ausência 
de papel social; 
 Mudanças de papéis – adequações a novos papéis decorrentes do 
aumento do seu tempo de vida. Essas mudanças ocorrem no trabalho, 
na família e na sociedade; 
 Aposentadoria (reforma) – os idosos devem estar preparados para não 
ficarem isolados, deprimidos e sem rumo; 
 Perdas diversas – aqui se incluem perdas no campo aquisitivo, na 
autonomia, na independência, no poder de decisão, e na perda de 
parentes e amigos; e 
 Diminuição dos contatos sociais – esta redução decorre de suas 
possibilidades. 
 
32 
 
Teixeira (2004) reputa como uma das maiores dificuldades que acompanham 
o idoso a angústia relacionada com os processos de prejuízos e declínio físicos, e das 
reflexões sobre a própria vida acerca da própria morte. 
Zimerman (2000) pensa que, ao envelhecer, é necessário aprender um estilo 
de vida novo, com o único objetivo de promover a minimizações das perdas que estes 
idosos apresentam na sociedade. 
Para Assis e Araújo (2004), as mudanças fisiológicas do envelhecimento, 
combinadas com a inatividade física, ocasionam processos patológicos que podem 
levar o idoso a uma perda progressiva de autonomia e independência. 
Assim, idosos que se mantêm ativo ao longo da vida apresentam ganhos na 
saúde, com maior autonomia e independência (CRESS ET AL., 1999). 
Na compreensão de Shephard (2003), atividades físicas regulares além de 
influenciar beneficamente as capacidades funcionais e a qualidade de vida do 
indivíduo, também influenciam a saúde mental dos idosos. 
Este mesmo autor constata que a atividade física regular pode aumentar de 6 
a 10 anos a expectativa de vida, aliada à qualidade. Assim, aumento na qualidade de 
vida refletirá também maior bem-estar, melhor autoestima, sensações de auto 
eficácia, redução do risco de ansiedade e depressão. 
No entendimento de Assis (2004), o envelhecimento e suas alterações de 
saúde levam o idoso ao estreitamento da sua inserção social. As alterações físicas, 
como perdas sensoriais (déficit auditivo e visual), déficits cognitivos, problemas 
osteoarticulares, sequelas ou descontrole de doenças crônicas, são fatores que 
limitam a mobilidade e a independência do idoso, prejudicando sua sociabilidade, 
atividades diárias e bem-estar. Desta maneira, um estado de saúde satisfatório 
permite ao ser humano usufruir do potencial de realização e desenvolvimento pessoal 
em todos os momentos da vida. 
É importante também destacar o fato de que questões sociais que permeiam o 
envelhecimento são enraizadas pelas ideologias e valores de determinado contexto 
histórico e cultural. 
Teixeira (2004) expressa que as condições de vida e as oportunidades que os 
sujeitos desempenham ao longo da vida influenciam diretamente o envelhecimento 
saudável do idoso, pois, para este, velhice é fruto da trajetória social exercida pelo 
indivíduo desde o nascimento. 
 
33 
 
Afirma, assim, que os sofrimentos físicos, econômicos e psicológicos muitas 
vezes intrínsecos ao ser humano são produtos estruturais da sociedade, possuindo 
influência negativa nas condições de vida daqueles que envelhecem. 
Assis e Araújo (2004) acentuam que o exercício físico possui importante papel 
de integrador social, pois a atividade física permite ao indivíduo manter-se ativa, 
aumentando suas disposições para atividades diárias. 
Shephard (2003) destaca que “há relativamente poucas informações sobre 
interações entre atividade física e o funcionamento social. Entretanto, é amplamente 
reconhecido que muitas pessoas idosas vivem muito solitárias e têm vidas isoladas. 
Uma razão para esse isolamento social é que os idosos frágeis não têm a força física 
necessária para dirigir-se à comunidade, encontrar as pessoas e participar de 
eventos. Uma melhoria na condição física poderia obviamente auxiliar a preencher 
essas necessidades e, se a atividade tomar a forma de um programa de grupo, ela 
também fornece uma fonte mais direta de apoio e interações social”. 
5 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO 
O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o Sistema 
Nervoso Central (SNC), responsável pelas sensações, movimentos, funções 
psíquicas (vida de relações) e pelas funções biológicas internas (vida vegetativa). 
(CANÇADO E HORTA, 2002). 
Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta alterações com redução 
no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, 
redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do 
poder de reações e da capacidade de coordenações (DE VITTA, 2000, apud 
Fechine Brasílio e Trompieri Nicolino, 2012). 
Para Cançado e Horta (2002), o que preocupa no envelhecimento é o fato de 
o SNC não possui capacidade reparadora. Esses autores expressam que o SNC é 
definido como unidades morfofuncionais pós-mitóticas, sendo estas sem 
possibilidades reprodutoras, estando sujeito ao envelhecimento decorrente de fatores 
intrínsecos (genética, sexo, sistema circulatório e metabólico, radicais livres, etc.) e 
extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, drogas, radiações, etc.). Esses 
fatores continuam exercendo ações deletéria com o tempo. 
 
34 
 
Gallahue e Ozmun (2005) constatam que, no período compreendido entre os 
20 e 90 anos, o córtex cerebral experimenta perda de 10% a 20 % de massa, podendo 
ocorrer em outras partes do cérebro prejuízo de até 50%. 
Assim, à medida que o cérebro envelhece, a atividade bioquímica 
(neurotransmissores) é afetada frequentemente. Desta maneira, com o 
envelhecimento normal, ocorre decréscimo no número de células nervosas, podendo 
ocorrer variações com uma mínima perda celular em uma região e prejuízos mais 
pronunciados em outras (Cançado e Horta, 2002). A figura 1 ilustra a diferença entre 
o cérebro de um adulto normal e o cérebro envelhecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: idosos.com.br 
No nascimento, o encéfalo possui peso de 0,360 a 0,380 kg, aos dois anos, de 
1,040 a 1,120 kg; e dos 3 aos 21 anos, o encéfalo possui um aumento progressivo de 
peso de até 1,350 kg, sendo atingido na metade da segunda década de vida. 
A partir da segunda década de vida, começa a acontecer um declínio ponderal 
discreto e lentamente progressivo, de 1,4 a 1,7% por década (CANÇADO E HORTA, 
2002). Para Cançado e Horta (2002), o declínio é mais precoce nas mulheres do que 
nos homens, acontecendo uma correlação entre cérebro, peso do corpo e altura, 
principalmente nas duas primeiras décadas. 
 
 
35 
 
Até os 45 anos, ocorre pequena alteração positiva. Acima dos 45 anos, em 
relações ao peso do cérebro, este é alvo de redução. Ocorre um decréscimo discreto 
na década de 60 anos, com acentuação entre as décadas de 70 e 90 anos, com 
decréscimo de até 80%. Assim da segunda à terceira década, até os 90 anos, o peso 
do cérebro em média diminui gradualmente em cerca de 10% por década (CANÇADO 
E HORTA, 2002). 
Gallahue e Ozmun (2005) indicam que, com o envelhecimento, o cérebro é 
passível de hipóxia (quantidade inadequada de oxigênio). Assim, com o 
envelhecimento, alterações na estrutura do sistema circulatório e na inatividade física, 
acarretam declínio na circulação sanguínea que conduz o oxigênio. 
Desta maneira, para Gallahue e Ozmun (2005), o fluxo sanguíneo para o 
cérebro e a quantidade de oxigênio que alcança as células nervosas no 
envelhecimento pode ser melhorado pelo aumento do nível de atividade física. 
Algumas mudanças cerebrais ocorrentes com o envelhecimento incluem 
depósito de lipofuscina nas células nervosas; depósito amilóide nos vasos sanguíneos 
e células nervosas; aparecimento de placas senis; menos frequentemente 
emaranhados fibrilares; mudanças nos neurotransmissores, principalmente os 
dopaminérgicos; diminuição da produção de acetilcolina; atrofia da plasticidade dereceptores colinérgicos muscaríneos; redução da função desses receptores; função 
colinérgica diminuída (CANÇADO E HORTA, 2002). 
Haywood e Getchell (2004) chamam à atenção para o fato de que o exercício 
físico é de fundamental importância para redução de alguns declínios com o 
envelhecimento no sistema nervoso. 
5.1 Envelhecimento cognitivo/cerebral 
No âmbito das perdas, declínios em todos os campos sensoriais são 
observados durante o processo de envelhecimento. Ocorrem comprometimentos 
graduais no campo auditivo, visual, olfativo e gustativo. 
 A força muscular e de coordenação são diminuídas, e aos 60 anos cerca de 
10 a 15% da força muscular se perde. O tempo de reação a estímulos também 
aumenta, e os reflexos tornam-se mais lentos cerca de 20% (PAPALIA, 2006). 
 
36 
 
Muitas vezes são encontrados, nos estudos, padrões de funcionamento em 
idosos normais que chegam a assemelhar-se com processos iniciais de demência. 
Principalmente no que tange à memória. Mesmo em idosos saudáveis é possível notar 
alterações a nível discursivo no que tange à narrativa e omissão de detalhes a respeito 
de determinada estória contada. Até mesmo anatomicamente o limite entre normal e 
patológico muitas vezes se confunde (DAMASCENO, 1999). 
Goldberg (2006) reconhece que o cérebro humano é sim afetado pela velhice, 
ainda que esta seja bem-sucedida e saudável, e admite que este é um processo 
natural, sendo algumas dessas mudanças processos globais para todos os indivíduos, 
como é o caso da diminuição do volume de massa cinzenta em cerca de 2% a cada 
década vivida, o aumento dos ventrículos e a proeminência dos sulcos. 
As ligações entre neurônios e a densidade das sinapses se tornam esparsas e 
o fluxo sanguíneo que corre para o cérebro, bem como o oxigênio que circula nele, se 
tornam mais escassos, dentre outras partes do cérebro que também são afetadas. 
A atividade neural muda no envelhecimento, as áreas do cérebro relacionadas 
às funções cognitivas mostram menor ativação coordenada na velhice e isso acaba 
por gerar menor desempenho cognitivo. Estes dados foram evidenciados em estudos 
através da imagem funcional do cérebro. É possível reafirmar que até mesmo no 
cérebro de um idoso saudável essas mudanças na fisiologia sináptica, são 
evidenciadas (BISHOP et al., 2010). 
O envelhecimento compreende uma ampla gama de mudanças corpóreas e 
psíquicas. O sujeito idoso pode sofrer alterações até mesmo na capacidade de 
manutenção da homeostase corporal, e no todo, todas as outras funções fisiológicas 
começam a declinar gradualmente. 
Essas alterações têm como sua característica principal a diminuição da reserva 
funcional. Um organismo envelhecido pode sobreviver em condições normais, porém 
se exposto a situações de stress pode ser muito mais afetado que um organismo 
jovem, por exemplo (FIRMINO, 2006 apud CANCELA, 2007). O impacto do 
envelhecimento tem efeito, até mesmo, sobre as reações a mudanças de temperatura, 
sensações táteis e de dor, audição, visão e equilíbrio. 
 
 
 
37 
 
Há, também, alterações relacionadas à frequência cardíaca e fluxo sanguíneo, 
mudanças na capacidade de funcionamento de alguns órgãos, e alterações na 
imunoproteção (CANCELA, 2007). Além disso, no geral, as queixas mais frequentes 
dos idosos ainda são relacionadas à memória (SANTOS et al., 2009). 
A condição de isolamento social na velhice é outra questão a ser debatida, 
devido à sua capacidade de, inclusive, ser causa de diversos transtornos cognitivos, 
incluindo a depressão. 
 A partir do momento em que surgem transtornos depressivos em idosos, cerca 
de 50% dos acometidos por essa enfermidade evoluem posteriormente para 
processos demenciais. 
 Essa comorbidade compromete a capacidade funcional do idoso e muitas 
vezes o quadro de depressão provoca alterações cognitivas temporárias, que 
dificultam o diagnóstico diferencial entre depressão e demência (STELLA et al., 2002). 
O funcionamento cognitivo influi na capacidade de adequação daquele sujeito idoso e 
no seu potencial para resolução de problemas cotidianos. 
Assim, quando as funções cognitivas estão prejudicadas alteram a qualidade 
de vida do idoso. O bom funcionamento cognitivo é, então, determinante para uma 
vida ativa e funcional na velhice. Perdas nesse sentido afetam o funcionamento físico, 
social e emocional destes idosos (RIBEIRO e YASSUDA, 2007). 
Todo este processo acontece ainda que o envelhecimento do indivíduo seja 
normal e junto com as mudanças cerebrais há sim um declínio cognitivo. Porém, 
Goldberg (2006) deixa claro, ainda, que focar-se apenas no lado ruim do 
envelhecimento restringe o olhar sobre essa fase da vida, pois segundo o autor, já foi 
observado que apesar de todo esse prejuízo inerente da velhice, os indivíduos senis 
apresentam um bom desempenho em atividades relacionadas ao dia a dia, ao 
trabalho e à vida real. Muitas vezes incluindo até atividades profissionais e executivas 
de alto nível. 
Na maturidade, várias esferas da cognição podem sofrer declínios ou não, 
sofrendo influência de processos patológicos ou não (AMODEO, NETO e FONSECA, 
2010). Porém, alguns domínios cognitivos podem ser mantidos ou até aprimorados 
em capacidade, como é o caso da memória implícita e da semântica (DRAG et al., 
2010; GLINSKY & GLINSKY, 2008; PARK & REUTER – LORENZ, 2009). 
 
38 
 
As tarefas cognitivas de criação de novas imagens mentais parecem diminuir 
em capacidade com o tempo, no entanto, se pensarmos na solução de problemas, o 
cérebro envelhecido parece demonstrar maior habilidade. 
 Essa solução de problemas constitui-se num reconhecimento de padrões na 
velhice, muito mais que a simples descoberta de uma resposta, sendo este 
reconhecimento de padrões um mecanismo poderoso para a cognição bem-sucedida 
(GOLDBERG, 2006). 
A respeito do potencial de funcionalidade dos idosos, Goldberg (2006) defende 
que não só é possível manter um perfil ativo e funcional durante todas as fases da 
vida, como ainda é possível que hajam indivíduos brilhantes e que atingem seu ponto 
máximo em uma idade já avançada, e cita como alguns dos exemplos o escritor 
alemão Goethe (1749-1832), que publicou a primeira parte de sua grande obra Fausto 
aos 59 anos de idade, e o visionário arquitetônico catalão Antoni Gaudí i Cornet (1852-
1926), que construiu a catedral da Sagrada Família em Barcelona, projeto que 
culminou apenas no final de sua vida, dentre outros grandes exemplos. 
A misteriosa habilidade cognitiva, que tem a estranha capacidade de resistir 
aos efeitos indesejáveis do envelhecimento, se reflete em dois outros traços 
muito estimados, geralmente associados à idade madura: a competência e a 
sabedoria. Aqui parece existir um paradoxo [...] esse paradoxo se torna uma 
questão neurobiológica a ser resolvida pelo neurocientista (GOLDBERG, 
2006, apud Lemos Camila, 2012). 
De acordo com Goldberg (2006), é um erro pensar que o envelhecimento do 
cérebro é um processo negativo unicamente, segundo ele, a mensagem central de 
seu livro é que o envelhecimento cerebral também traz grandes trunfos. 
Estamos num momento em que se faz necessária a mudança de olhar para 
este processo de senescência como algo que carrega apenas perdas. 
Ao passo, que ao envelhecermos perdemos capacidades ligadas à memória e 
concentração, ainda assim obtemos ganhos no que tange à sabedoria, habilidade e 
competência. 
A Neuropsicologia enquanto área de conhecimento ligada ao envelhecimento 
aponta que esta última fase de desenvolvimento é uma das mais emblemáticas 
justamente por contrastar perdas cognitivas e ao mesmo tempo ganhos ligados à 
sabedoria (GOLDBERG, 2006). 
 
 
39 
 
Apesar da redução de volume cerebral e demais alterações morfológicas no 
mesmo, estudos apontam que a ativação dos dois hemisférios cerebrais é um grande 
aliado dos idosos, enquanto que os jovens ativariam apenas um dos hemisférios ao 
realizar a mesma tarefa,os idosos utilizam esta “estratégia” adaptativa a seu favor. 
 A explicação para isso seria uma forma de compensação para a sobrecarga 
em um dos componentes do cérebro (BADDELEY, ANDERSON e EYSENCK, 2011). 
Houve ainda um consenso durante muitos anos de que a perda neuronal decorrente 
da velhice não era passível de renovação (STUART-HAMILTON, 2002). 
No entanto, devido à neuroplasticidade, que pode ser estimulada pelo histórico 
de vida dos idosos, já ficou comprovado que mesmo nesta fase da vida é possível 
haver renovação (GOLDBERG, 2006). Goldberg (2006) diz que, alguns detalhes a 
respeito do armazenamento de dados no cérebro e quais desses dados resistem mais 
fortemente os possíveis danos cerebrais, na velhice ou em qualquer ocasião em que 
o indivíduo se depare com uma falha de funcionamento cerebral. 
Ele diz que quanto mais genérico for um padrão de memória mais resistente 
ele será aos efeitos do dano cerebral. Por exemplo, um idoso com demência irá 
lembrar-se mais facilmente de um nome genérico para um animal (ex: “este é um 
cachorro”), do que do nome de um cachorro específico (ex: “este é o totó”). 
 O autor explica, ainda, que o cérebro ao longo do desenvolvimento, passa por 
um processo de estimulação alternada, onde o Hemisfério direito fica responsável 
pelos novos aprendizados, enquanto que o Hemisfério esquerdo é responsável pelo 
conhecimento já adquirido. A medida que o indivíduo vai envelhecendo novas 
situações e aprendizados se somam no Hemisfério direito concomitantemente ou em 
tempos diferentes e vão gradualmente sendo armazenados no hemisfério esquerdo. 
Assim, se forem comparados os cérebros, fica evidente que existe uma maior 
ativação do córtex pré-frontal do hemisfério direito nos adultos jovens, ao passo que 
em idosos o córtex pré-frontal do hemisfério esquerdo é muito mais ativo 
(GOLDBERG, 2006). Goldberg (2006) conclui afirmando que este processo de 
transferência de ativação entre os hemisférios é um processo que dura a vida inteira 
e permanece ao longo da velhice, no que ele chama de “Mudança da direita para a 
esquerda do centro de gravidade cognitiva” (GOLDBERG, 2006). Desta forma, o 
hemisfério direito do cérebro é o dominante na juventude, enquanto que na velhice o 
hemisfério esquerdo ganha lugar. 
 
40 
 
Finalmente, o processo de envelhecimento cognitivo e cerebral possui uma 
dinâmica complexa que envolve diversos fatores intrincados, incluindo mudanças 
morfológicas cerebrais e mudanças nas funções cognitivas. Essas mudanças que são 
gerais para todos, não são únicas, pois mesmo na velhice é possível que hajam 
ganhos em diversos âmbitos. 
 Além disso, as perdas e ganhos não são vividos da mesma forma e na mesma 
intensidade. Diversos fatores influem na vivência e no enfrentamento das limitações e 
mudanças fisiológicas decorrentes da idade avançada. Para cada indivíduo idoso 
temos uma situação de vida e de funcionalidade, diferente. 
O envelhecimento pode ser uma experiência carregada de eventos positivos 
em maior ou menor intensidade. Fatores culturais e da história de vida vão moldar a 
existência de uma atitude saudável em relação à vida ou uma atitude oposta à essa. 
A saúde cognitiva é um dos grandes aliados no bem-estar e longevidade. Desta forma, 
a Neuropsicologia pode ajudar na promoção do bem-estar na velhice, através de suas 
contribuições para o bom funcionamento cognitivo. 
6 FATORES QUE INFLUENCIAM O ENVELHECIMENTO COGNITIVO 
Existem uma série de fatores que parecem influenciar o grau de alteração 
cognitiva que as pessoas manifestam com a idade. São eles (Spar e La Rue, 2005): 
Fatores genéticos - Cerca de 50% da variabilidade cognitiva na terceira- idade 
pode ser devida a fatores genéticos. 
Saúde: Idosos de ótima saúde ultrapassam em muitos testes cognitivos os que 
não tem doenças do foro médico. 
Instrução: A instrução explica até 30% da variabilidade cognitiva na terceira 
idade. 
Atividade mental: Atividades mentalmente estimulantes estão com correlação 
com melhor desempenho cognitivo e menor declínio longitudinal. 
Conhecimentos especializados: Especialistas a envelhecer podem 
desenvolver estratégias compensadoras para manterem um alto nível de 
desempenho, apesar de certa erosão das capacidades cognitivas subjacentes. 
Personalidade e humor: A depressão está em correlação com insuficiência 
autopercebida da memória e com défices do desempenho se os sintomas são graves. 
 
41 
 
Meio social e cultura: Os lapsos quotidianos da memória poderão ser julgados 
mais severamente quando experimentados por idosos do que por adultos jovens. 
Treino cognitivo: idosos cognitivamente intactos beneficiam da prática e do 
treino em capacidades cognitivas específicas. 
Diferenças entre os sexos: as tendências cognitivas no envelhecimento são 
semelhantes nos dois sexos, mas em mulheres podem revelar défices em tarefas 
espaciais numa idade inferior à dos homens e estes podem mostrar défices em tarefas 
verbais numa idade inferior à das mulheres. 
Diferenças raciais e étnicas: Foram descritas em alguns testes cognitivos 
diferenças no desempenho a favor dos idosos brancos, mas quando o grau de 
instrução está equiparado entre os grupos estas diferenças são menores. 
7 DÉFICIT COGNITIVO LIGEIRO 
O envelhecimento dito “normal” é marcado pela presença de déficits cognitivos, 
no entanto, esses défices devem ser cuidadosamente avaliados, no sentido de 
perceber a sua gravidade e impedir a sua evolução para quadros mais graves, entre 
os quais incluindo a demência. 
No gráfico seguinte podemos verificar que é normal o envelhecimento ser 
acompanhado de um declínio cognitivo; no entanto, a partir de determinado ponto (que 
será caracterizado por determinadas características específicas) esse declínio passa 
a ser patológico e, portanto, merecedor de um cuidado e atenção especiais. 
 
 Fonte: psicologia.pt/idoso 
 
42 
 
 A categoria de declínio cognitivo relacionado à idade, indica o funcionamento 
de pessoas idosas com alterações cognitivas ligeiras que se encontram dentro dos 
limites normais para a idade e que não sejam atribuíveis a uma perturbação do foro 
médico. 
Contudo, foram propostos critérios de diagnóstico para uma categoria análoga, 
mais restrita, de défice de memória associado à idade (DMAI- Degeneração macular 
associada à sociedade). As pessoas com DMAI devem ter idade igual ou superior a 
50 anos, ter queixas subjacentes de perda de memória que afeta atividades de vida 
diária e o seu desempenho em testes padronizados de memória deve ser inferior ao 
nível médio dos adultos jovens. 
Com base em avaliações objetivas, a prevalência do DMAI tem sido estimada 
em 85% para pessoas com mais de 80 anos, o que significa que 5 em cada 6 
indivíduos saudáveis, com idade muito avançado, tenham um desempenho em testes 
de memória comprometido e tenham também lapsos ligeiros de memória em 
atividades de vida diária (Larrabee e Crook, 1994 Cit in Spar e La Rue, 2005). 
Para além do DMAI, podem existir adultos idosos cujas capacidades cognitivas 
estejam um pouco mais deterioradas do que se esperava para a idade, mas que em 
geral ainda lidam bem e não parecem dementes. Fala-se então de défice cognitivo 
ligeiro (DCL- Défice cognitivo ligeiro). 
A área mais frequentemente afetada no DCL é a aprendizagem e memorização 
de nova informação, embora nalguns casos possam notar-se problemas de 
linguagem, das capacidades visuoespaciais ou do raciocínio. 
Muitas vezes pode haver uma dificuldade subtil nas atividades de ordem mais 
elevada da vida diária tais como a gestão dos bens, mas esta é com frequência 
intermitente e pode ser resolvida por meio de um esforço suplementar ou por 
abordagens compensatórias, como tomar notas ou verificar duas vezes o trabalho 
(Spar e La Rue, 2005). 
Recentemente foram descritos três tipos diferentes de defeito cognitivo ligeiro: Puramente amnésico; 
 Defeito isolado não mnésico; 
 Defeitos cognitivos múltiplos. 
 
43 
 
De acordo com os critérios da Mayo Clinic Alzheimer, considera-se a 
existência de defeito cognitivo ligeiro se houver: 
 Queixas de memória pelo doente, família ou médico; 
 Atividades de vida diária normais; 
 Função cognitiva geral normal; 
 Alteração objetiva numa área do funcionamento cognitivo evidenciado 
pelas pontuações > 1,5 desvio - padrão das normas para a idade ou 
função mnésica anormal para a idade; 
 Pontuação de 0,5 na Clinical Dementia Rating Scale; 
 Ausência de demência (Castro - Caldas e Mendonça, 2005). 
 
 
 
 
 
 
Fonte: bvsalud.com 
Uma vez que uma proporção significativa de pessoas com DCL acaba por 
desenvolver demência, as intervenções precoces são susceptíveis de proporcionar 
benefícios tornando mais lenta a evolução clínica. 
 É também importante o acompanhamento permanente do sujeito 
diagnosticado com DCL, no sentido de ir avaliando a sua evolução, adaptando o 
profissional uma postura próxima do paciente, explicando-lhe o que é o défice 
cognitivo ligeiro e qual a importância de acompanhar o seu desempenho ao longo do 
tempo, encorajando a compensação ativa do impacto funcional do défice, sob a forma 
de simplificação de listas, tomada de notas, aumento da organização e partilha com 
outras pessoas da responsabilidade por tarefas mentalmente mais exigentes. 
 
 
 
 
44 
 
O idoso com DCL, assim como todos os idosos, deve ser alvo de um programa 
de estimulação cognitiva que ajude a superar e compensar os défices adquiridos. O 
treino, estimulação e / ou reabilitação cognitiva melhoram a capacidade intelectual do 
sujeito. Reisberg e col. elaboraram uma escala de classificação do declínio cognitivo 
que facilita a identificação do estado do sujeito. 
 Escala de declínio cognitivo de Reisberg e col. (1982). Quadro. Escala de 
declínio cognitivo de Reisberg e col. (1982). 
 
Fonte:docplayer.br 
 
45 
 
8 ALTERAÇÕES NEUROANATÓMICAS 
Estudos neuropatológicos e de neuroimagiologia documentaram alterações 
amplas no cérebro humano envelhecido. 
8.1 Atrofia do cérebro 
Esta atrofia do cérebro é acompanhada de perda de peso, diminuição do 
volume cortical e aumento dos sulcos e parece ser provocada sobretudo pela redução 
da substância branca (leucoaraiose). Uma análise macroscópica demonstra ainda 
uma dilatação ventricular, causada pelo aumento do líquido cefalorraquidiano. 
8.2 Aparecimento de placas senis/degenerescência neurofibrilar 
Hebb postulou que toda a aprendizagem se traduz pelo reforço ou pela criação 
de novas dendrites e de novas sinapses - a sinapse estabelece uma junção entre dois 
neurônios e permite assim a circulação sinal nervoso. 
A hipótese de Hebb foi confirmada pelos neuropsicólogos. Ao envelhecer esta 
neuroplasticidade parece menos ativa e menos eficaz, o que deveria traduzir-se por 
uma diminuição das capacidades de aprendizagem. O indivíduo torna-se então 
incapaz de realizar novas aprendizagens (Fontaine, 2000). 
8.3 Morte neuronal 
As regiões mais afetadas pela morte dos neurônios são as circunvoluções 
frontal superior, temporal superior e frontal ascendente, bem como o córtex visual, ao 
passo que as circunvoluções parietais ascendentes e temporal inferior conservariam 
a sua integridade. A esta perda neuronal parece vir associar-se uma atrofia dos corpos 
celulares (Fontaine, 2000). 
As consequências desta morte neuronal ficam evidentes se pensarmos que as 
pessoas mais idosas têm de recrutar mais sistemas neurais para realizar mesmo 
operações mentais relativamente simples. 
 
46 
 
8.4 Rarefacção da arborização dendrítica 
Trata-se de uma diminuição média do número de dendrites dos neurônios. As 
áreas especialmente afetadas são o córtex pré-frontal e algumas zonas do 
hipocampo. Ao envelhecerem, certas zonas cerebrais sofrem assim uma 
degenerescência, ao mesmo tempo que outras parecem crescer, havendo uma 
“compensação”. 
No entanto, este aspecto parece não ocorrer em todos os idosos. Assim, 
podemos interpretar essa compensação como característica do envelhecimento 
normal, ao passo que a sua inexistência seria um sinal de senilidade. Estamos assim 
perante uma concepção dinâmica do envelhecimento cerebral (Fontaine, 2000). 
Todos os conhecimentos relativos ao envelhecimento cerebral foram 
elaborados a partir de comparações, pos mortem, entre amostras de cérebros jovens 
e cérebros de pessoas idosas, resultando daqui diversas dificuldades metodológicas. 
As amostras são, por razões técnicas, pequenas e as colheitas de tecidos nervosos 
são aleatórias. Daqui resulta que as diferenças interindividuais não são conhecidas, 
embora sejam consideradas de grande importância pelos investigadores. 
As alterações neuroanatómicas estão associadas a mudanças celulares e 
químicas. Destacam-se: 
Aumento da proteína amiloide: 
A proteína amilóide é produzida ao longo de toda a vida, sendo que há medida 
que o organismo envelhece vai perdendo a capacidade para a sintetizar, acabando 
esta por se acumular no organismo. 
Emaranhados neurofibrilares: 
São resíduos do metabolismo celular que a célula não consegue expulsar e 
que, portanto, se vão acumulando no seu interior. Estes resíduos prejudicam o 
funcionamento da célula e esta acaba por morrer. 
A célula ao morrer produz restos celulares, que se unem à proteína amilóide, 
formando as placas neuríticas (ou senis). As placas senis vão ocupar o espaço entre 
os neurónios, impedindo a comunicação neuronal. 
As alterações biológicas e psicológicas devidas ao envelhecimento ocorrem 
habitualmente de forma gradual, ao longo de anos ou décadas e, em consequência, 
não existe uma idade determinada em que as pessoas possam ser consideradas 
velhas. 
 
47 
 
9 EFEITOS DO ENVELHECIMENTO NO DESEMPENHO COGNITIVO 
Os estudos relativos ao desempenho intelectual demonstraram que as aptidões 
cognitivas atingem o seu pico pelos 30 anos, continuam estáveis até à década dos 50 
– 60 anos e, a partir daí começam a diminuir. O declínio acelera-se a partir dos 70 
anos. 
O declínio das funções intelectuais não é uniforme para todas elas. 
Segundo Spar e La Rue (cit in Firmino, 2006): 
 A capacidade de comunicar eficazmente através da linguagem mantém-
se estável em toda a vida adulta. Contudo as pessoas idosas têm maior 
dificuldade em compreender mensagens longas ou complexas e em 
recuperarem e reproduzirem rapidamente nomes ou termos específicos. 
O discurso tende também a ser mais repetitivo. 
 Os idosos evidenciam uma maior dificuldade nas tarefas de raciocínio 
que envolvem uma análise lógica e organizada de material abstrato ou 
não familiar. No desempenho de tarefas que implicam planear, executar 
e avaliar sequências complexas de comportamento os idosos costumam 
revelar-se mais lentos do que os jovens. Os idosos são mais lentos nos 
aspectos perceptivos, mnésicos e cognitivos bem como nas funções 
motoras. 
 No que respeita às aptidões visuais em relação ao espaço, os idosos 
mantêm a capacidade de reconhecerem os lugares e as caras que lhes 
são familiares, bem como de reproduzirem e identificarem formas 
geométricas vulgares. No entanto, revelam um declínio na capacidade 
de reconhecerem e reproduzirem configurações complexas ou que não 
lhes sejam familiares. 
 Quanto à atenção, as pessoas idosas mantêm a mesma capacidade dos 
jovens em dirigirem e manterem a atenção sobre um determinado tópico 
ou acontecimento. No entanto, apresentam dificuldade em filtrarem 
informação ocasional, em repartirem a atenção por múltiplas tarefas ou 
desviarem a atenção de um para outro aspecto. 
 Em relação à inteligência, esta tende a manter-se estável durante a 
maior parte da vida adulta, sendo que essa estabilidade atinge a aptidão 
 
48 
 
para definir e usar palavras, para aceder a conhecimentos de cultura 
geral e para o envolvimento em raciocíniospráticos e sociais. O 
vocabulário, a capacidade de acesso à informação e a compreensão não 
são muito prejudicados com a passagem dos anos. 
As alterações cognitivas que surgem com o avançar da idade estão 
relacionadas com o declínio de três recursos fundamentais do processamento 
cognitivo: a velocidade a que a informação pode ser processada, a memória de 
trabalho e as capacidades sensorial e perceptual (Park, 1999 cit. in Spar e La Rue, 
2005). 
Velocidade de Processamento 
De todas as alterações cognitivas a mais fácil de predizer é a diminuição da 
velocidade de processamento da informação e da resposta. A lentificação da 
execução de componentes perceptuais e operações mentais pode afetar a atenção, a 
memória e a tomada de decisão, influenciando também o desempenho mesmo em 
tarefas que não têm requisitos de velocidade óbvios (Salthouse, 1996 cit. in Spar e La 
Rue, 2005). 
Memória de Trabalho 
A memória de trabalho está relacionada com a retenção a curto prazo e a 
manipulação de informação registada na memória consciente. Exemplos disto são a 
recordação consciente de números de telefone durante o tempo suficiente para tomar 
nota deles, calcular mentalmente o preço de venda de um artigo que tem um desconto 
ou percorrer mentalmente um percurso em que se tenciona viajar. 
A informação desvanece-se da memória de trabalho no espaço de cerca de 
dois segundos, e por isso, para manter os pormenores “vivos” durante um período 
mais longo é necessário ensaiar ou continuar a concentrar a atenção (Baddeley, 1986 
cit. in Spar e La Rue, 2005). 
O envelhecimento está associado a um declínio das aptidões da memória de 
trabalho, especialmente quando é necessária a manipulação ativa da informação (por 
exemplo, repetir números por ordem inversa). Por sua vez, as diminuições da memória 
de trabalho colocam limites a outras aptidões cognitivas complexas, como o raciocínio 
e outros processos executivos ou aprender e recordar informação nova. 
 
 
 
49 
 
Alterações sensoriais e perceptuais 
A maior parte dos adultos idosos experimenta decréscimos da acuidade visual 
e auditiva, bem como outras alterações perceptuais. 
Os efeitos combinados da lentificação do sistema nervoso central, do 
decréscimo da memória de trabalho e das alterações sensoriais e perceptuais limitam 
os recursos de processamento que as pessoas idosas podem utilizar em 
determinadas circunstâncias. 
Isto aumenta a probabilidade de ocorrer uma sobrecarga de processamento em 
situações que anteriormente se apresentavam fáceis. Na velhice avançada, mesmo 
as atividades básicas como andar ou manter o controle postural tornam-se menos 
automáticas, tendo como resultado que as pessoas mais velhas têm de dedicar 
recursos cognitivos mais conscientes a estas atividades. 
Algumas das alterações comportamentais registadas com o envelhecimento, 
tais como a lentificação do processamento da informação e da resposta, podem estar 
relacionadas com alterações generalizadas, tais como a diminuição do volume do 
cérebro e da densidade da substância branca. 
A afetação da memória de trabalho, os problemas com o aumento do esforço 
para aprender e recordar e as alterações da eficiência das funções executivas são 
alguns dos achados que sugerem um ligeiro grau de disfunção cerebral frontal / 
subcortical no envelhecimento normal. 
 Para além das alterações frontais, são também importantes as alterações no 
hipocampo, que parecem desempenhar um papel crucial na memória. Técnicas de 
imagiologia por ressonância magnética demonstraram uma diminuição do volume do 
hipocampo, levando a concluir que esse menor volume hipocampo estaria relacionado 
com as alterações da memória ou ainda aumentando a probabilidade de demência 
(Spar e La Rue, 2005). 
 
 
50 
 
10 PRINCIPAIS DE DEMÊNCIAS NA FASE DE ENVELHECIMENTO 
10.1 Demência: introdução e conceito 
Atualmente, define-se demência como condição na qual ocorre decréscimo 
cognitivo comparado a um nível prévio do indivíduo, com comprometimento de suas 
funções sociais e funcionais. Há várias propostas para a definição a ser adotada de 
demência, entre elas a do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM 
IV), na qual o comprometimento de memória é exigido necessariamente na 
apresentação, ademais deverá haver declínio em relação a um padrão prévio 
cognitivo e não poderá haver delirium concomitante durante a avaliação. 
Outras, como a do Grupo de Trabalho do National Institute on Aging (NIA) e 
Alzheimer’s Association (AA), propõem novos critérios que não exigem 
comprometimento de memória inicialmente, possibilitando sua aplicação para várias 
etiologias de demência. Esses últimos são, portanto, os critérios recomendados para 
a aplicação no Brasil pela Academia Brasileira de Neurologia. 
Na avaliação inicial dos pacientes, idealmente, seria interessante comparar 
longitudinalmente suas performances cognitivas para se realizar com acurácia tal 
diagnóstico, contudo, como esses dados são de difícil obtenção no âmbito prático, 
determina-se o diagnóstico através de exames cognitivos com escore e resultados 
padronizados para a média da população. 
Considerando a crescente prevalência populacional, as demências tornam-se 
uma questão primordial em saúde pública, ocasionando gastos diretos e indiretos, 
com aposentadorias, internações, assim como repercussões em trabalhadores ativos 
por acometimento de familiares que requerem seus cuidados. 
Medidas públicas de saúde e conscientização tornam-se urgentes para o 
cuidado e atendimento dessa parcela da sociedade em ascensão demográfica 
comparativa aos outros grupos etários. 
Podem-se dividir as demências em categorias diversas para estudos e 
pesquisas direcionadas, a exemplo das divisões em degenerativas e não 
degenerativas, corticais e subcorticais, com início precoce (ou pré-senil – antes dos 
65 anos de idade) e tardio (a partir dos 65 anos), reversíveis ou irreversíveis, e 
rapidamente ou lentamente progressivas. 
 
51 
 
Em sua maior parte, as demências têm início insidioso e evolução lenta, 
entretanto as mais diversas formas de apresentação se fazem possíveis e uma 
acurada suspeição diagnóstica em relação às diversas formas de apresentação das 
síndromes demenciais é imprescindível para evitar erros ou atraso no diagnóstico de 
doenças potencialmente tratáveis. 
10.2 Doença de alzheimer 
A Doença de Alzheimer (DA) é um dos desafios sociais e de saúde que são 
mais importantes nas sociedades industrializadas. O aumento da expectativa de vida 
e o progressivo envelhecimento facilitam o desenvolvimento de condições associadas 
com o envelhecimento. Entre estas patologias é o DA principal etiologia demenciante. 
A DA como a demência mais prevalente, juntamente com câncer e doenças 
cardiovasculares, são responsáveis pela principal causa de morte nas sociedades 
industriais. O envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida 
sugerem que este seja um problema dificilmente aceitável para a uma sociedade 
pouco acostumada com dor. 
A institucionalização dos idosos é, em muitos casos, a perda de apoio 
emocional e social que tem sido desenvolvido. Faz-se necessário, para o bem dos 
pacientes, que seja feita uma valorização das capacidades reais de assistência, com 
o objetivo de aumentar a formação e assessoramento da família, na tentativa de tentar 
melhorar a qualidade de vida para esses pacientes, como também para atenuar as 
repercussões sócio assistenciais dessa enfermidade. 
Hoje em dia não se pode curar a DA, mas se pode conseguir que o enfermo 
seja bem atendido e proporcionar-lhe a melhor qualidade de vida possível. Conhecer 
e compreender a DA é o primeiro passo que deve acontecer com os cuidadores para 
que seja dirigido e canalizado os esforços com eficácia. 
De acordo com Lozano, aproximadamente em 80% dos casos é a família 
quem seresponsabiliza pelo enfermo. Em muitas vezes isso é feito em 
condições dramáticas e sem nenhum tipo de ajuda, subvenção (subsídio ou 
auxílio pecuniário), informação, apoio ou consideração, (Lozano 1997 apud 
Ribeiro Cleris 2010). 
 
 
52 
 
O problema tem dimensão psicológica muito importante no que diz respeito a 
manutenção do equilíbrio psicológico da família. Em certa porcentagem de casos, a 
família que atende o idoso demente, sofre desequilíbrios ou disfunções em todos os 
membros que a integram, levando, inclusive a ruptura total da família, com o qual 
gerando uma problemática psicopatológica muito mais ampla do que se tentava 
corrigir. Por isso é necessário, cada vez mais, desenvolver programas terapêuticos 
integrais na família, baseados na monitoração, na ajuda e sempre, também, na 
possibilidade de ajudas econômicas adequadas. 
10.3 Localização dentro das demências 
As formas mais comuns da demência são: a Doença de Alzheimer (DA), a 
demência pré-senil e a demência senil. Alguns neurologistas consideram a DA como 
uma entidade independente, já outros afirmam que forma uma parte do quadro geral 
da demência senil idiopática. 
Ambos processos são patologicamente análogos, contudo, a DA começa antes 
e tem um curso clínico mais rápido e grave. Sua manifestação clínica é uma perda 
lenta e progressiva da capacidade do pensamento abstrato, da possibilidade de 
assimilar novos conhecimentos e da habilidade de se expressar com claridade. 
10.4 Os fatores que explicam a involução cerebral 
O envelhecimento prematuro do cérebro e a degeneração neurofibrilar dos 
neurônios: Desde a descrição de Alois Alzheimer em 1907, pensou-se que havia uma 
destruição acelerada das células do cérebro e que se acumulavam muitas proteínas 
dentro e fora dos neurônios. Esses processos podem aparecer debilmente em 
anciãos, mas são intensos na DA. 
Tenta-se impedir o desenvolvimento do processo de involução celular e da 
formação de placas, já que é muito lento (superior a 30 anos) e poderia realizar-se um 
bom trabalho de prevenção obtendo resultados na investigação em andamento 
(Correa, 1996). 
 
 
53 
 
As alterações metabólicas: Já foram descritas muitas alterações metabólicas 
na DA, tanto de glucídios, lipídios e prótidos, como da respiração. A redução da 
entrada sanguínea tem como consequência uma diminuição da entrada do oxigênio e 
da glicose, que são elementos indispensáveis para o bom funcionamento das células 
cerebrais. 
As alterações dos neurotransmissores: Em certas regiões do cérebro, foi-se 
constatada uma diminuição da concentração de acetilcolina, redução de uma enzima 
indispensável para a síntese da acetilcolina e uma perda de neurônicos colinérgicos. 
Parece que os neurônicos colinérgicos de certas regiões reguladores do cérebro 
sofrem uma evolução seletiva que desencadeia uma séria de alteração nos neurônios 
do córtex cerebral. 
Sua disfunção origina a aparição dos sintomas da DA. Essa teoria colinérgica 
deu origem aos fármacos cujo mecanismo de ação é prolongar a vida da acetilcolina 
(Correa, 1996). A vulnerabilidade celular: Certos autores assinalam a existência de 
células cerebrais de “alto risco” que sofrem mais que outras e que são de alguma 
forma frágeis”. 
Entre essas células figurariam os neurônios colinérgicos e algumas regiões do 
córtex cerebral. Os desequilíbrios dos “fatores de crescimento” e os “fatores de 
envelhecimento” no sistema nervoso central: nos últimos anos foram encontradas uma 
série de substâncias que se produzem uma pequena quantidade, mas mantém a sua 
função, defendem as células e faz com que se adaptem as sobreviventes para 
suplantar a função dos neurônios que morrem (“fatores de crescimento”) (Correa, 
1996). Quando não se formam esses fatores, não se produzem as mudanças 
adaptativas próprias da fase adulta e da senil, trazendo a degeneração dos neurônios 
e a demência. Ao mesmo tempo, outros “fatores de envelhecimento” ou “morte 
neuronal” torna-se mais agudo o processo involutivo. 
 A perda de fatores tróficos e o aumento de fatores de envelhecimento são, 
atualmente, as características mais definitórias da DA, assim como a linha mais 
importante para o desenvolvimento de novos fármacos. 
É uma doença progressiva e variável, podendo ser caracterizada em estágios 
degenerativos classificados em: leve, moderado e severo, mesmo 
considerando as diferenças individuais que possam existir (Luzardo et al., 
2006; Ximenes, 2014). O estágio leve tem duração de dois a três anos, com 
sintomas vagos e difusos, em que há perda de memória episódica e grande 
dificuldade de aprendizagem de novos eventos (Gallucci, Tamelini, & 
Forlenza, 2005, apud Amélia Ximenes, Duarte Rico, Duarte Rico). 
 
54 
 
Enfim, a DA é caracterizada por prejuízos de funções neuropsiquiátricas e 
cognitivas superiores com manifestações de alterações de comportamento e de 
personalidade, interferindo nas habilidades do indivíduo em desempenhar suas 
atividades normais do dia a dia e, somente nos estágios finais da doença, ele se torna 
apático, apresentando sua função motora inteiramente prejudicada (Daily, 2004). 
10.5 O cuidador familiar da pessoa com doença de alzheimer 
A complexidade dos problemas sociais relacionados ao impacto provocado 
pelo aumento da expectativa de vida das pessoas reflete diretamente na manutenção 
da saúde dos idosos e na preservação de sua permanência junto à família (Luzardo, 
Gorini & Silva, 2006). 
Neste contexto está inserida a Doença de Alzheimer como uma forma de 
demência que afeta o idoso e compromete sua integridade física, mental e social, 
acarretando uma situação de dependência total com cuidados cada vez mais 
complexos, quase sempre realizados no próprio domicílio (Valim, Damasceno, Abi-
acl, Garcia & Fava, 2010). 
 É uma doença degenerativa e progressiva, geradora de múltiplas demandas e 
altos custos financeiros, fazendo com que isso represente um novo desafio para o 
poder público, instituições e profissionais de saúde, tanto em nível nacional, quanto 
mundial (Luzardo et al., 2006). 
Sabe-se que poucas pessoas estão preparadas para lidar com a 
responsabilidade e sobrecarga que é cuidar de um idoso demenciado, pois em geral, 
existe um desconhecimento sobre a doença, como agir, como entender a pessoa 
afetada e seus próprios sentimentos, produzindo desgastes de ordem emocional, 
física e psicológica para o cuidador e a família, pelo fato de o tratamento ser longo e 
de o paciente perder gradualmente suas funções cognitivas e evoluir para quadros de 
total dependência, exigindo cada vez mais a dedicação daqueles que com ele 
convivem (Inouye, Pedrazzani & Pavarini, 2008). 
 
 
 
 
 
55 
 
Por mudar profundamente o cotidiano das famílias, a Doença de Alzheimer é 
considerada como uma doença familiar. A carga de ministrar cuidados torna os 
familiares vítima da doença, espoliando suas reservas, incertezas e a 
imprevisibilidades abala sua moral e crença de que estejam proporcionando um 
cuidado digno ao seu familiar (Pelzer & Fernandes, 1997). 
Os cuidadores ainda se deparam com numerosos fatores, que incluem desde 
a aceitação do diagnóstico, o lidar com um estresse cada vez maior, administrar o 
conflito dentro da família e até mesmo planejar o futuro. Tudo isso gera uma 
vulnerabilidade a doenças físicas, depressão, perda de peso, insônia, a abusar física 
e verbalmente do paciente, de álcool e de medicamentos psicotrópicos (Pendlebury & 
Solomon, 1996). 
Uma explicação para tal pesado impacto seria a hipótese do desgaste, ou seja, 
quando a exposição prolongada ao estresse do trabalho afeta o bem-estar de quem 
cuida, promovendo desgastes físicos e psicológicos. De acordo com o que hipotetizam 
os autores, o bem-estar declinaria linearmente ao longo do tempo com a exposição 
contínua a uma situação estressante (Townsend, Noelker, Deimling, & Bass, 1989; 
Garrido & Menezes, 2004). 
O impacto na vida do cuidadorfamiliar pode ser classificado como objetivo e 
subjetivo. Poulshock e Deimling (1984) referem como impacto objetivo os problemas 
de ordem prática, ocorridos no cotidiano dos cuidadores, tais como: dificuldades 
financeiras, problemas de saúde e com a vizinhança. Garrido (2001) descreve como 
componentes do impacto subjetivo os sentimentos de sobrecarga, ressentimento, 
exclusão e embaraço. 
A demência por ser reconhecidamente um processo irreversível de 
deterioração progressiva, em que a intervenção farmacológica, tal qual a 
institucionalização, não garantem efetivos benefícios; a assistência prestada pelo 
cuidador familiar ou formal mostra-se, em diversos estudos, associada ao desgaste 
físico e emocional de quem cuida, evidenciando uma sobrecarga ainda maior diante 
do idoso demenciado que apresenta sintomas não cognitivos (Neri, 2002). 
 
 
 
 
56 
 
Silveira, Caldas e Carneiro (2006) concordam que cuidar de um idoso com 
doença crônica mobiliza sentimentos diversos e opostos num espaço de tempo curto, 
tais como: amor e raiva, paciência e intolerância, carinho e tristeza, irritação, 
desânimo, pena, revolta, medo, insegurança, solidão, dúvida, medo da morte do 
idoso. Ou seja, dilemas e conflitos interpessoais. 
Dessa forma, a necessidade de dividir com outras pessoas o desgaste 
provocado pelas situações de enfrentamento de eventos negativos indica a 
necessidade de suavizar os efeitos provocados pela carga de tarefas (Luzardo, Gorini 
& Silva, 2006). 
A Academia Brasileira de Neurologia recomenda programas educacionais e 
treinamento do cuidador, somados ao suporte psicológico e dos serviços de 
saúde, e afirma que este tipo de intervenção melhora os níveis de estresse, 
retarda a institucionalização, e evita, muitas vezes, o uso de fármacos 
(Engelhardt, 2005 apud Amélia Ximenes, Duarte Rico, Duarte Rico). 
É importante que o cuidador possa receber apoio de pessoas da família, 
mesmo que este ocorra nos momentos de visita, pois a exposição prolongada a uma 
situação potencialmente geradora de estresse contribui fortemente para o 
esgotamento geral do indivíduo e seu consequente sentimento de sobrecarga pelos 
efeitos psicossociais da doença (Luzardo, Gorini & Silva, 2006). 
Estudos comprovam que os cuidadores apresentam uma piora na saúde física 
(Garrido & Menezes, 2004), um prejuízo no sistema imunológico, que pode persistir 
até quatro anos após o falecimento do paciente (Haley, 1997; Cruz & Hamdan, 2008). 
Os cuidadores que têm um suporte social, ou seja, que se engajam em atividades na 
comunidade e participam de grupos de apoio adaptam-se melhor à função de 
cuidador, apresentando um menor impacto negativo (Cerqueira & Oliveira, 2002; 
Dunkin & Hanley, 1998; Garrido & Almeida, 1999; Haley, 1997). 
A equipe multidisciplinar é fundamental nesse cuidado. O acompanhamento 
nutricional, fisioterápico, fonoaudiológico, e terapêutico ocupacional, é necessário nos 
diversos estágios da doença. As intervenções de enfermagem são importantes em 
questões que giram em torno do uso correto dos medicamentos, cuidados com a pele, 
hidratação, e no manejo das intercorrências clínicas. 
 
 
 
57 
 
O atendimento familiar proporciona discussões, orientações e 
aconselhamentos que visam à melhora do cuidado e à prevenção de problemas. 
Através desse atendimento, é possível identificar de forma mais eficaz as 
necessidades do idoso demenciado e de seus cuidadores para, então, planejar 
estratégias de sucesso junto ao paciente (Pestana & Caldas, 2009). 
Finalmente, Neri e Carvalho (2002) explicam que, no início do exercício do 
papel, as exigências parecem mais fortes, mas, ao longo tempo, em virtude do próprio 
processo de adaptação e da variedade de processos que ocorrem na vida do familiar 
que cuida, o senso de sobrecarga pode se estabilizar ou diminuir. 
Nesse sentido, não se deve pensar no cuidado como uma atividade que 
necessariamente traz efeitos negativos. Apesar de ser tarefa onerosa, nem todos os 
cuidadores estão insatisfeitos, doentes ou estressados, bem como também existe a 
possibilidade de transformar cognitivamente a situação de modo a lidar com o ônus. 
10.6 A terapia ocupacional e o cuidador familiar da pessoa com doença de 
alzheimer 
A terapia ocupacional atua no desempenho funcional, cognitivo e social de 
indivíduos que apresentam déficits em alguma destas áreas, reestruturando seu 
cotidiano, de modo que possam se inserir na vida comunitária e social (Ferrari, 2002), 
por meio do uso de atividades significativas e estruturadas. 
Dessa forma, o objetivo da terapia ocupacional no atendimento de pessoas com 
DA é manter suas funções intelectuais pelo maior tempo possível e melhorar seu 
desempenho funcional, como forma de contribuir para uma melhor qualidade de vida. 
No entanto, para que esse atendimento seja eficaz, necessita-se de uma aliança 
terapêutica com o cuidador familiar (pessoa direta e primariamente responsável pelos 
cuidados). Torna-se necessário desenvolver um relacionamento terapêutico entre o 
profissional e o familiar cuidador. Neste, é de vital importância a troca de informações 
entre as partes, considerando os valores culturais familiares. 
A qualidade do relacionamento entre os familiares também deve ser 
considerada. Esse relacionamento terapêutico promove uma parceria, por meio do 
compartilhamento do controle e do conhecimento (Ferrari, 2007). 
O conhecimento sobre o familiar cuidador é essencial principalmente os 
aspectos que mais o afetam como: os sentimentos de desespero, raiva, frustrações 
 
58 
 
que se alternam com os de culpa por “não estar fazendo o bastante” pelo paciente; a 
perda da atividade social e dos amigos que não entendem as mudanças ocorridas 
com a pessoa que cuida e que, aos poucos se torna doente, são aspectos 
considerados e tratados pelo terapeuta ocupacional. 
Dessa forma, a terapia ocupacional entende que o cuidador familiar também 
necessita de cuidados, assistência e orientação. O programa de atendimento deve 
abranger os aspectos psicológicos, informativos e/ou educacionais e de apoio social, 
como também o encaminhamento para outros profissionais (Ferrari, 2007). 
Assim, para uma abordagem mais otimizada, é de extrema importância que o 
terapeuta ocupacional habilite o cuidador, indicando tarefas para serem executadas 
ao longo da semana. Além disso, este profissional deve estar atento para perceber a 
capacidade de aprendizagem e de processamento de informação e intervenção do 
cuidador, a fim de que possa alcançar resultados mais satisfatórios (Abreu & Tamai, 
2002; Jefferson, 2000). 
Por fim, Ferrari (2007) explica que, no atendimento terapêutico ocupacional, o 
apoio social é fundamental, tanto para o cuidador familiar, como para a pessoa com 
DA e, inclui desde o acompanhamento ambulatorial do doente até o suporte 
estratégico, emocional, e institucional para quem cuida. Essas estratégias possibilitam 
prevenir maior desgaste da saúde do cuidador familiar, proporcionando-lhe melhor 
qualidade de vida. 
10.7 Demência vascular 
É reconhecido hoje o fato de a doença vascular tratar-se do fator de risco mais 
identificável para demência, ao lado da idade, e de ser passível de controle. 
Atualmente, o critério para demência vascular mais aceito é o do National Institute of 
Neurological Disorders and Stroke – Association Internationale pour la reserche et 
L’enseignement en Neurosciences (NINDS-AIREN), no qual constam que deve haver 
demência, associada a doença cerebrovascular - esta, por sua vez, definida pela 
presença de alterações ao exame neurológico ou através de exames de imagem e 
uma relação estabelecida entre ambos. 
 
59 
 
 Esta relação pode ser, por exemplo, por início de uma síndrome demencial 
dentro de três meses após um AVC reconhecido, ou por uma deterioração abrupta 
das funções cognitivas, ou por déficits cognitivos com aparecimento em “degraus”. 
Algumas características reforçamo diagnóstico, como presença precoce de 
distúrbios da marcha, tais como marcha em petit-pas ou apraxia, relato de 
desequilíbrio, paralisia pseudobulbar e urgência urinária precoce, além de mudanças 
na personalidade ou humor. A presença de déficit amnéstico precoce e progressivo, 
assim como ausência de lesões vasculares em exames de imagem ou ausência de 
sinais neurológicos focais tornam o diagnóstico menos provável. 
A fisiopatologia no comprometimento cognitivo vascular (CCV), termo bastante 
utilizado atualmente, envolve alterações em vasos cerebrais pequenos, acometendo 
a substância branca cerebral, chamada de leucoaraiose, assim como infartos 
pequenos estratégicos ou extensos, e lesões subcorticais extensas, com 
comprometimento de redes neurais. 
Os sintomas são bastante variáveis, dependendo do território vascular afetado, 
e a velocidade de progressão também varia entre os acometidos. Nos infartos 
subcorticais predominam alterações de funções executivas, podendo também estar 
presentes alterações de memória, linguagem, praxias, entre outros, como 
alucinações, delírios, alterações da marcha e esfincterianas. 
Os principais fatores de risco para doença vascular cerebral são hipertensão 
arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e tabagismo. Estudos epidemiológicos têm 
demonstrado que estes também são fatores de risco para DA, e estudos 
neuropatológicos mais atuais demonstram que a associação de alterações vasculares 
cerebrais e doença de Alzheimer é muito frequente. Ainda é incerto, entretanto, se os 
fatores de risco para doença vascular aumentam o risco de DA ou agravam e 
antecipam as manifestações clínicas da DA devido à presença concomitante de 
lesões vasculares. 
A taxa de progressão também é variável, e pode progredir mais devagar do que 
a DA. A taxa de mortalidade, entretanto, é mais alta, embora com o advento de 
melhores terapêuticas para o AVC e para os fatores de risco tal constatação venha a 
ser mudada nos próximos anos. 
 
60 
 
10.8 Demência frontotemporal 
A Degeneração Lobar FrontoTemporal (DLFT) corresponde a um grupo 
heterogêneo de diagnósticos neuropatológicos e também de diferentes síndromes 
clínicas. Trata-se da segunda causa de demência degenerativa mais frequente na 
população com menos de 65 anos (a primeira é a DA). 
Quando a alteração comportamental é predominante, denomina-se variante 
comportamental da DLFT. Se, por sua vez, ocorrer principalmente alteração das 
habilidades linguísticas, têm-se as afasias progressivas primárias (demência 
semântica e afasia progressiva não fluente). 
Na DLFT há macroscopicamente atrofia assimétrica dos lobos frontais e 
temporais, e, atualmente, são reconhecidos três tipos de proteínas anômalas – DLFT-
TAU, DLFT- TDP (proteína TDP-43) e DLFT-FUS (fused in sarcoma). Com relação 
aos aspectos genéticos, aproximadamente 40% dos pacientes possuem história 
familiar positiva, e cerca de 10 a 20% apresentam padrão de herança autossômica 
dominante. 
Na variante comportamental há sintomas decorrentes de lesão em áreas de 
lobo pré-frontal, como redução de empatia, afeto inapropriado, irritabilidade e perda 
de autocrítica. Apatia é marcadamente presente no quadro clínico, associada à lesão 
na parte anterior do giro de cíngulo; alterações da preferência alimentar, 
hipersexualidade e comportamento de utilização estão ligadas por sua vez a 
acometimento orbitofrontal. 
Pacientes com o lobo temporal direito acometido apresentam comportamento 
antissocial, hiper- religiosidade e comportamento compulsivo. No exame cognitivo é 
detectada disfunção executiva, com relativa preservação da memória e habilidades 
visuoespaciais. Sinais e sintomas de parkinsonismo estão associados a cerca de 20% 
dos casos. 
A demência semântica é uma síndrome clínica com distúrbio da linguagem 
fluente, ocorre perda progressiva do conhecimento de palavras e compreensão delas, 
com parafasias semânticas. Patologicamente, há atrofia temporal anterior assimétrica 
e a maior parte é composta por TDP43. 
A afasia progressiva não-fluente é caracterizada por agramatismo, apraxia de 
fala e parafasias fonêmicas. Percebe-se redução da produção de palavras e 
dificuldade de articulação. 
 
61 
 
Para o diagnóstico é importante a pesquisa com exames de imagem – 
ressonância de encéfalo e PET-FDG- e em casos pré-senis, o exame do líquido 
cefalorraquidiano também é indicado. 
10.9 Demência com corpos de lewy 
Hoje é considerada a segunda causa de demência degenerativa, atrás apenas 
da DA. As características principais são um quadro demencial progressivo com 
parkinsonismo em geral simétrico e com pouco tremor, alucinações visuais 
recorrentes e flutuação cognitiva. A resposta do parkinsonismo à levodopa é pequena. 
Nos critérios diagnósticos existe uma regra arbitrária na qual a demência deve 
anteceder ou suceder no máximo em um ano os sintomas parkinsonianos, para 
distinguir da demência na Doença de Parkinson. A flutuação cognitiva é o sintoma 
mais prevalente na DCL, podendo ocorrer em até 90% dos pacientes. 
Desta forma, há sonolência variável ao longo do dia e diferentes respostas 
cognitivas da atenção e do nível de consciência. As alucinações visuais já podem 
surgir desde as fases iniciais da doença, o que ajuda a diferir da DA, na qual aparecem 
de forma mais tardia. 
Existem características que apoiam o diagnóstico, entre elas estão a 
hipersensibilidade aos neurolépticos, quedas repetidas, distúrbio comportamental do 
sono REM, uma parassonia na qual ocorre atuação durante os sonhos por ausência 
da perda de tônus desse período. Este distúrbio do sono está presente em outras 
doenças e atualmente é atribuído às alfa-sinucleinopatias, não apenas à DCL. 
Para o diagnóstico, além da triagem inicial, o exame cognitivo demonstra pior 
desempenho em testes de atenção, habilidades visuoespaciais e praxias 
construcionais, em relação à memória relativamente preservada. A neuroimagem 
funcional pode ajudar no diagnóstico. O SPECT e o PET cerebral demonstram 
alteração de perfusão ou do metabolismo em regiões parietais posteriores e occipitais. 
Para definir uma síndrome demencial é necessário declínio cognitivo suficiente 
para gerar prejuízo funcional em relação a um nível prévio do indivíduo. Hoje são 
exigidos acometimento de dois domínios cognitivos afetados, não necessariamente a 
memória na maior parte dos critérios em voga. 
 
62 
 
Faz-se necessária investigação extensa inicial, sobretudo em casos pré-senis 
(antes dos 65 anos), casos de demências potencialmente reversíveis e demências 
rapidamente progressivas. Com o atual avanço da neuroimagem funcional e dos 
biomarcadores, novos critérios para as diferentes demências tenderão a adotar esse 
arsenal terapêutico no âmbito clínico e não apenas como critérios de pesquisa. 
10.10 Tipos de demências menos comuns 
Doença de Parkinson 
A doença de Parkinson (DP) é a segunda enfermidade neurodegenerativa mais 
frequente das desordens de movimento, acometendo o sistema nervoso central. 
Caracteriza-se pela redução da influência dopaminérgica nigroestriatal e cortical. A 
prevalência da DP na população é de 550 casos por 100.000 habitantes aos 70 anos 
de idade. A doença de Parkinson (DP) é uma situação frequente, que provoca grande 
diminuição da qualidade de vida dos doentes e acarreta custos sociais, familiares e 
económicos elevados. 
O diagnóstico é feito essencialmente com base na clínica e há um extenso 
conjunto de diagnósticos diferenciais, pelo que é fundamental saber reconhecer o 
quadro clínico típico da DP, sendo então possível proceder ao tratamento eficaz, com 
o intuito de melhorar a incapacidade e a qualidade de vida dos doentes. 
Esta revisão, alicerçada em conhecimentos baseados na evidência e na 
experiência clínica, aborda a patogênese, o quadro clínico, a metodologia do 
diagnóstico e os conceitos atuais no tratamento da DP, de uma forma pragmática eatual. 
Para que os sinais clínicos da doença se tornem evidentes é necessário que 
haja perda de pelo menos 80% dos neurônios dopaminérgicos na substância 
negra e o mesmo grau de depleção de dopamina no corpo estriado 
(NATIONAL PARKINSON FOUDATION, 2008 apud Christine Saito). 
Esta doença está associada à degeneração dos neurônios responsáveis pela 
produção de dopamina, que tem seus corpos celulares na substância negra compacta 
e enviam seus axônios para os núcleos da base. 
 A perda de células da substância negra é mais prevalente no grupo celular 
ventral e a perda de neurônios que contêm melanina produz alterações características 
de despigmentação. 
 
63 
 
À medida que a doença progride e os neurônios se degeneram, eles 
desenvolvem corpos citoplasmáticos inclusos, os corpos de Lewis (O´SULLIVAN; 
SHIMITZ, 1993). 
Clinicamente a DP é caracterizada por três sinais clássicos: rigidez, 
bradicinesia e tremor. O aparecimento destes sinais é causado pela deficiência da 
dopamina que desempenha importante papel no funcionamento dos núcleos da base 
(O´SULLIVAN; SHIMITZ, 1993). 
Em situação normal, o equilíbrio dos eventos inibitórios e excitatórios nos 
núcleos da base e no córtex motor permitem a manutenção da postura e do 
movimento normal. Quando este equilíbrio é prejudicado, sobrevêm sinais e sintomas 
de rigidez, alterações posturais e bradicineisa, como podem ser observados na DP 
(STOKES, 2000). 
10.11 Funções executivas e a instabilidade postural na dp 
Existe evidência da associação entre marcha, quedas e cognição na DP. A 
instabilidade postural na DP está associada com o pior desempenho em testes de 
atenção e funções executivas (Nocera et al., 2010) e pacientes que caem realizam 
piores testes de atenção do que pacientes que não caem (Allcock et al., 2009). Mesmo 
na condição “on” da medicação dopaminérgica, pacientes que caem têm pior função 
executiva do que pacientes que não caem (Plotnik et al., 2011). Estes resultados 
também enfatizam a relação entre sintomas cognitivos e motores na DP. 
10.12 Perfil cognitivo da dp 
As alterações neuropsiquiátricas presentes na DP estão relacionadas a 
alterações neurobiológicas próprias da doença ou resultam do efeito de fármacos 
utilizados em seu tratamento. 
O substrato neural subjacente envolve a participação de circuitos 
frontoestriatais não motores e mesmo de estruturas não relacionadas aos núcleos da 
base, como os núcleos colinérgicos do prosencéfalo basal (Barbosa et al., 1997). 
 
 
64 
 
A depressão é considerada o distúrbio neuropsiquiátrico mais comum na DP. 
Sua prevalência varia entre 4% e 70% em diferentes estudos, porém situa-se em torno 
de 40% em pesquisas que utilizaram escalas de avaliação mais adequadas, como as 
de Beck e de Hamilton (Prado e Barbosa, 2005). 
A depressão parece ser mais comum em pacientes em que predominam rigidez 
e bradicinesia do que naqueles com tremor como sintoma principal (Starkstein et al., 
1998). Uma das dificuldades do diagnóstico de depressão na DP está correlacionada 
com a observação de Cummings (1992), para quem a depressão na DP tem padrão 
diferente do transtorno de humor depressivo, caracterizando-se por: maior ansiedade 
e irritabilidade, maior frequência de tentativa de suicídio e menor ideação autopunitiva. 
O perfil neuropsicológico da DP também é caracterizado por disfunções 
executivas evidentes, como prejuízos em testes de Fluência Verbal (Cools et al., 
2010). Esta alteração também inclui prejuízos no planejamento, como testado pela 
torre de Londres, bem como dificuldade em tarefas de atenção dividida e memória 
operacional (Owen et al., 1992). 
As disfunções executivas podem estar presentes desde os estágios iniciais da 
doença em 20% e 70% dos casos (Elgh et al., 2009) e outras formas de prejuízo 
cognitivo leve podem evoluir para demência nos estágios mais graves da doença. 
Déficits nas funções executivas e na recuperação da memória de curto prazo são 
preditores de demência na DP (Barker e; Williams-Gray, 2014; Kawada et al., 2015). 
Os déficits neuropsicológicos na DP variam de disfunção executiva leve nos 
estágios iniciais a comprometimento cognitivo leve (CCL) e demência nos estágios 
avançados. Em pacientes recém-diagnosticados e não tratados, o prejuízo cognitivo 
foi mensurado em 18% (Aarsland et al., 2009). 
Com a progressão da doença, alguns pacientes mostram características de 
CCL (Aarsland et al., 2009), que tem uma prevalência média de 27% (Litvan et al., 
2011). O critério diagnóstico para CCL na DP foi recentemente proposto por uma força 
tarefa da Movement Disorder Society (MDS) (Litvan et al., 2012). 
CCL pode incluir disfunção executiva, prejuízo de atenção e memória 
operacional, assim com déficits de linguagem, memória ou domínios visuoespaciais. 
CCL é um preditor de demência na DP, a qual, a longo prazo, desenvolve-se em até 
80% dos pacientes (Aarsland et al., 2003; Pigott et al., 2015). A avaliação das funções 
 
65 
 
cognitivas e motoras na DP é importante para prescrição de programas de reabilitação 
adequados e específicos. 
10.13 Psicologia na dp 
Doenças progressivas, como a DP, causam várias mudanças na vida do 
portador da doença e de seus cuidadores. A família vivência todas as mudanças e 
sentimentos gerados pela presença de uma doença crônica em seu ambiente. 
 E quando se trata de Parkinson, estas dificuldades são multiplicadas, pois além 
da sua cronicidade, trata-se de uma doença neurodegenerativa e progressiva, que 
afeta o físico, mental e social do indivíduo, gerando dependências e necessidades 
vivenciadas também pela família (PETERNELLA; MARCON, 2009). 
As dificuldades podem começar no momento do diagnóstico, pois existe ainda 
falta de informação sobre a doença e seus sintomas, tornando-se muito importante o 
esclarecimento do quadro clínico por parte do profissional de saúde. As reações das 
pessoas frente ao diagnóstico de uma doença crônica podem ser muito complexas, 
os sentimentos são diversificados, mas quase sempre negativos, como por exemplo, 
a não aceitação, tristeza, revolta, raiva, depressão e decepção por saber o prognóstico 
incurável da doença (PETERNELLA; MARCON, 2009). 
Portanto, o apoio psicológico é fundamental para o enfrentamento da doença. 
A Doença de Parkinson normalmente é acompanhada de um quadro de depressão, 
provavelmente causado pela carência de dopamina no organismo (ASSOCIAÇÃO 
BRASIL PARKINSON, 2011). 
A Psicologia desempenha um papel importante no apoio ao cuidador e ao 
parkinsoniano, contribuindo na aceitação da doença, no convívio com as perdas 
constantes; facilitando na compreensão de seus sentimentos e emoções. O cuidador 
e o doente sentem-se apoiados e compreendidos, não se sentem mais só, são 
incentivados ao convívio social, a reestruturar seu estilo de vida, escala de valores e 
forma de enfrentamento (ASSOCIAÇÃO BRASIL PARKINSON, 2011). 
Vale lembrar, que cabe a todos profissionais de saúde buscar amenizar o 
impacto da doença para o paciente e para a família, por meio de atitudes humanitárias 
e esclarecedoras no momento de comunicar o diagnóstico. 
 
66 
 
Além disso, no decorrer do tratamento procurar dar suporte técnico de 
reabilitação e cuidado, e, sobretudo contribuir para a manutenção de uma boa 
qualidade de vida para o parkinsoniano e sua família (PETERNELLA; MARCON, 
2009). 
10.14 Doença de huntington 
A doença de Huntington (DH) é uma doença neurodegenerativa de transmissão 
autossômica dominante que resulta de uma repetição instável citosina-adenina-
guanina (CAG) no gene da Huntington (HTT) localizado no cromossoma. Este gene é 
expresso de forma ubiquitária, sendo os neurónios espinais médios do estriado os 
alvos preferenciais de deposição da HTT mutada (mHTT). O diagnóstico é efetuado 
na presença de sintomas motores inequívocos, em conjunto com um teste genético 
positivo e/ou história familiar de DH confirmada. 
Clinicamente adoença caracteriza-se por uma tríade de sintomas motores, 
cognitivos e psiquiátricos, apresentando um curso invariavelmente fatal, os sintomas 
motores surgem em média pelos 35-40 anos, sendo a coreia a apresentação mais 
frequente, podendo ainda surgir distonia, parkinsonismo, ataxia ou sinais piramidais. 
A nível comportamental são frequentes a síndrome depressiva, apatia, ansiedade e 
irritabilidade, alterações que podem preceder a sintomatologia motora. 
Alguns doentes apresentam ainda sintomatologia psicótica ou obsessivo-
compulsiva, doença bipolar, alterações da libido e personalidade. Em termos 
cognitivos, a deterioração é considerada uma demência subcortical, caracterizando-
se inicialmente por redução da velocidade de processamento psicomotor, atingimento 
da memória de curto prazo, fluência verbal, atenção e posteriormente, das funções 
executivas, orientação visoespacial e em estágios mais avançados também do 
pensamento abstrato. 
Vários estudos sugerem que os défices cognitivos têm potencial para detecção 
precoce da DH naqueles com risco genético. No entanto, a idade com que surgem os 
primeiros défices cognitivos, o padrão de atingimento das diferentes funções, assim 
como a sua velocidade de progressão, apresenta uma variabilidade individual 
significativa. 
 
67 
 
“A doença comumente se inicia por leves abalos dos músculos da face, que 
aumentam gradativamente em violência e variedade. As pálpebras são 
mantidas piscando, a testa franzida depois elevada, o nariz torcido para um 
lado e depois para o outro e a boca se volta em direções variadas, dando ao 
paciente a aparência mais ridícula que se possa imaginar. Parece haver 
alguma forca oculta, algo que esta de certa forma brincando com a vontade 
e de algum modo dificultando e pervertendo seus desígnios; e depois que a 
vontade para de exercer sua forca numa direção qualquer, assume o controle 
e mantém a pobre vitima numa agitação continua enquanto ela permanece 
acordada” (HUNTINGTON, 1872, apud Garcia da Costa, Cavenago Fillus, 
Gisele Arruda e A. C. Follador, 2013). 
A coreia é o sinal mais relevante que pode ser observado nessa doença e pode 
ser descrito como movimento involuntário e ondulante, que ocorre do sentido distal 
para o proximal e axial. Um exemplo é o movimento dorsolombar de extensão o que 
particulariza a postura desse acometimento e oferece dificuldades a marcha, além da 
extensão e flexão dos dedos, e cruzar e descruzar das pernas. 
Esses movimentos podem estar presentes no estado de vigília do doente, e 
também se manifestar na face, como a elevação das sobrancelhas, ataxia ocular, 
contrações da bochecha e trejeitos nos lábios. Há ainda a presença de movimentos 
com o pescoço e rotação da cabeça. 
A distonia, que envolve movimentos lentos anormais e alterações na postura, 
está presente no início do aparecimento dos sintomas, assim como movimentos 
oculares anormais. Já a bradicinesia e rigidez são prevalentes no estágio final da DH, 
assim como a disfagia (CHEMALE et al., 2000; JANUÁRIO, 2011). 
10.15 Manifestações cognitivas 
Declínio cognitivo é invariável e progressivo em DH. Os pacientes tornam-se 
incapazes de adquirir novas habilidades motoras com certo nível de complexidade. 
Classicamente descreve-se demência subcortical, com disfunção executiva, apatia e 
redução da fluência verbal. A maioria dos enfermos possui dificuldades na produção 
do discurso. 
Quanto à linguagem, Podoll e cols. (1998), aplicaram uma bateria de testes em 
45 pacientes com DH e concluíram que a disartria, lentidão e o maior tempo para o 
início da pronúncia produzem prejuízo no funcionamento da fluência e fala 
espontânea. Contudo, estruturas de ordem semântica, o vocabulário e a percepção 
do discurso estavam preservados. 
 
68 
 
O declínio da capacidade cognitiva global está presente na maioria dos 
pacientes com DH. Em geral, encontra-se lentidão de pensamento, alterações da 
personalidade e diminuição da capacidade de integrar novos conhecimentos 
(KIRKWOOD et al., 1999). 
10.16 A atuação do psicólogo na doença de huntington 
É visível a tendência crescente da atuação do psicólogo na prática da saúde, 
assim havendo mais especialização de psicólogos nesta área. Uma dentre essas 
áreas a qual o psicólogo é mais solicitado é o aconselhamento genético. O aconselho 
genético estuda a hereditariedade e suas variações. 
Esta tem como objetivo prognóstico e tratamentos de doenças hereditárias, que 
serão desenvolvidas através de um ambiente, este “ ambiente” é aonde o psicólogo 
atua, um exemplo: uma pessoa que tem predisposição na família para desenvolver 
um câncer, e consome cigarros diariamente, desenvolve um câncer. O que 
desencadeou o câncer foi o hábito, e não uma predisposição, o psicólogo deve 
trabalhar com o comportamento, para que o indivíduo consuma menos cigarros. 
Também é importante para a compreensão dos conflitos psicoemocionais de 
familiares do paciente. 
10.17 Doença de creutzfeldt-jakob (dcj) 
A doença de Creutzfeldt-Jakob é uma doença por príons caracterizada pela 
deterioração progressiva da função mental, levando à demência, espasmos 
musculares (mioclonia) e andar cambaleante. Uma forma variante é adquirida ao 
comer carne contaminada. 
A doença de Creutzfeldt-Jakob, também conhecida como encefalopatia 
espongiforme subaguda, é uma desordem cerebral rara e fatal que produz contrações 
musculares involuntárias (paralisia facial) e uma perda progressiva da função mental. 
É uma patologia que afeta toda a população e ocorre com maior incidência entre os 
50 e os 70 anos de idade. 
 
 
69 
 
Trata-se de uma perturbação estimulada pela formação de partículas proteicas 
infecciosas nas células nervosas do cérebro, denominadas de priões. 
Estas proteínas patogénicas têm a capacidade de alterar as proteínas 
saudáveis do cérebro e, com o avançar da doença, acabam por as destruir. Esta 
doença pode ser contagiosa, mas os priões não se transmitem de pessoa para pessoa 
com grande facilidade. 
 A doença Creutzfeldt-Jakob clássica 
 Esta doença foi descrita no início do século XX pelos neurologistas 
alemães Hans Gerhard Creutzfeldt e Alfons Maria Jakob. Neste tipo de 
doença, a proteína defeituosa resulta de um procedimento médico 
(equipamento contaminado), de tecido contaminado (tais como as 
córneas que são usadas para transplante) ou de injeções de hormonas 
extraídas de tecidos humanos infetados com a doença. Por outro lado, 
também é de realçar que o prião pode ser produzido pelos próprios 
genes do paciente, sendo assim hereditário. 
 A nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob 
 Em 1996, o governo britânico e alguns investigadores reconheceram a 
existência de um novo tipo de doença: a nova variante da doença de 
Creutzfeldt-Jakob. Trata-se de um tipo de perturbação específica que 
atinge as pessoas que apresentam cerca de 20 anos de idade e 
diferencia-se da clássica pela ocorrência inicial de sintomas sensoriais e 
psiquiátricos. Estima-se que esta nova forma de doença é causada pela 
transmissão de priões que foram adquiridos através do consumo de 
carne bovina proveniente de animais afetados pela Encefalopatia 
Espongiforme Bovina, conhecida como a doença das vacas loucas 
(BSE). 
 Sintomas 
 A Doença de Creutzfeldt-Jakob pode desenvolver-se em qualquer 
idade, porém, nos adultos é mais típica entre 50 e 70 anos de idade (80% 
dos casos). Os sintomas pré-clínicos (prodrômicos) da Doença de 
Creutzfeldt-Jakob podem incluir fadiga, ansiedade ou problemas com 
apetite, sono e de concentração. Após algumas semanas pode aparecer 
falta de coordenação motora, afasia, confusão mental, visão alterada, 
 
70 
 
marcha e outros movimentos anormais, juntamente com 
uma Demência de rápida progressão. 
Nos estados finais da doença o paciente acaba ficando imóvel 
(acinético). O tempo médio de sobrevida é de 5 meses e 80% dos 
pacientes falecemem um ano. 
A doença tipicamente progride com muita rapidez ao longo de alguns meses, 
embora em alguns casos possa progredir ao longo de anos, assemelhando-se a 
outras Demências. Não existem achados distintivos na análise do líquor e uma atrofia 
inespecífica pode aparecer na neuroimagem. 
É sempre bom lembrar da Doença de Creutzfeldt-Jakob diante de um quadro 
demencial claramente progressivo e acompanhado de mioclonias. Os diagnósticos 
diferenciais importantes da doença de Creutzfeldt-Jakob são sífilis 
terciária, panencefalite esclerosante subaguda, intoxicação por bismuto, lítio ou 
brometos, e casos de doença de Alzheimer que apresentam mioclonias. 
10.18 Manifestações comportamentais 
Alterações psiquiátricas são comuns na DH, e podem estar presentes em 
sujeitos ainda em fase assintomática sob o ponto de vista motor, sendo considerada 
como um dos principais marcadores clínicos (DUFF et al., 2007). Para Julien et al. 
(2007), os sintomas psiquiátricos são uma característica comum da doença da DH e 
muitas vezes precedem o aparecimento das alterações motoras e deficiências 
cognitivas. O início clínico geralmente é caracterizado por um período de depressão. 
Segundo Rosenblatt (2007), além de sintomas depressivos identificados logo nas 
fases iniciais da doença, durante a evolução da doença os pacientes com a DH 
apresentam apatia e irritabilidade. 
Em um estudo de revisão feito para analisar os principais sintomas psiquiátricos 
presentes na DH, a maior prevalência foi para a depressão. Comumente, todos os 
estudos apontam para o surgimento deste sintoma antes mesmo do surgimento de 
alterações cognitivas e motoras, o que segundo os autores contribui de certa maneira 
para o subdiagnóstico da doença. 
A depressão pode estar associada a sintomas psicóticos. Este último pode 
apresentar quadros clínicos variados, que poderão ir da psicose até a 
 
71 
 
esquizofrenia, com maior risco relacionado ao aparecimento precoce da 
doença (SLAUGTHER JR et al., 2001 apud Mendonça Attoni 2016). 
Outros sintomas relacionados a DH são a irritabilidade, perda de controle e 
agressão. Além disso, são descritas alterações sexuais e ansiedade (OLIVER et al., 
1970; DEWHURST et al., 1970; PFLANZ et al., 1991). 
Em um estudo, os autores examinaram os processos de atenção em 20 
pacientes com DH. Os resultados mostraram prejuízo nas funções de atenção e este 
se relacionou com as alterações de percepção visual. Entretanto, não foram 
detectadas alterações de alerta (KIRKWOOD et al., 1999). 
10.19 Manifestações cognitivas 
Declínio cognitivo é invariável e progressivo em DH. Os pacientes tornam-se 
incapazes de adquirir novas habilidades motoras com certo nível de complexidade. 
Classicamente descreve-se demência subcortical, com disfunção executiva, apatia e 
redução da fluência verbal. A maioria dos enfermos possui dificuldades na produção 
do discurso. Quanto à linguagem, Podoll e cols. (1998), aplicaram uma bateria de 
testes em 45 pacientes com DH e concluíram que a disartria, lentidão e o maior tempo 
para o início da pronúncia produzem prejuízo no funcionamento da fluência e fala 
espontânea. Contudo, estruturas de ordem semântica, o vocabulário e a percepção 
do discurso estavam preservados. 
O declínio da capacidade cognitiva global está presente na maioria dos 
pacientes com DH. Em geral, encontra-se lentidão de pensamento, alterações da 
personalidade e diminuição da capacidade de integrar novos conhecimentos 
(KIRKWOOD et al., 1999). 
Na década de 80, Josiassen e cols. (1983) compararam pacientes em 
diferentes estágios da doença, e observaram redução significativa da competência 
para memorizar, sendo que a memória visual, espacial e auditiva é inicialmente 
prejudicada e a verbal é afetada mais posteriormente. 
No entanto, existe a descrição de que a orientação temporal e espacial 
permanece intactas até o estágio final da doença. Em uma investigação de cunho 
neuropsicológico aplicada a pacientes com DH (DECRUYENAERE, 2004), as funções 
executivas, de percepção e atenção, se apresentaram bastante comprometidas. 
 
72 
 
Existem problemas na memória de trabalho, aprendizagem verbal, memória de longo 
prazo verbal e da aprendizagem de associações aleatórias, são as primeiras 
manifestações cognitivas (SOLOMON et al., 2007). 
É demonstrado que estes portadores da DH apresentem prejuízos de ordem 
cognitiva, relacionados com um déficit no controle da função inibitória, de 
atenção e fluência fonêmica e semântica. Esses dados reforçam a ideia que 
alterações de ordem cognitiva, venham a ser as primeiras manifestações da 
DH (SNOWDEN et al., 2002; MONTOYA et al., 2006, apud Mendonça Attoni 
2016). 
11 FRAGILIDADE FÍSICA E O ENVELHECIMENTO 
 
Fonte: jornal.usp.br 
Durante a vida adulta, todas as funções fisiológicas gradualmente declinam. A 
capacidade de síntese de proteínas diminui, existe um declínio nas funções 
imunológicas, aumento da massa gorda, perda de força e massa muscular e uma 
diminuição da densidade de cálcio nos ossos (Jacob e Souza, 1994). 
 
73 
 
 A maioria dos que alcançam idade avançada irá morrer de problemas 
cardiovasculares, arteriosclerose, câncer ou demência, mas com o aumento do 
número de idosos saudáveis, a perda da força muscular é um fator que limita as 
chances de viver uma vida independente (revisado por Pereira et al., 2004). 
A deficiência da idade é caracterizada por uma fraqueza generalizada, 
mobilidade e equilíbrio debilitados. Na idade avançada, esse estado é 
chamado de fragilidade física, que é definido como "um estado de reservas 
fisiológicas reduzidas associado a um aumento da susceptibilidade para a 
incapacidade" (Jacob e Souza, 1994). Isso ocasiona quedas, fraturas, 
debilidade nas atividades do dia-a-dia e perda da independência (revisado 
por Pereira et al., 2004; Bulcão et al., 2004 apud Aline Garcia 2006). 
A perda da força muscular é um fator importante no processo de fragilidade. 
Tal fraqueza pode ser causada pelo envelhecimento das fibras musculares e suas 
enervações, osteoartrite e doenças debilitantes em geral. 
 Contudo, um estilo de vida sedentário e a diminuição da atividade física 
também são determinantes (Jacob e Souza, 1994). Entretanto, parte do processo de 
envelhecimento, em ambos os sexos, que afeta a composição corporal (perda do 
tamanho e força muscular, perda óssea, e acréscimo de massa gorda) também está 
relacionado com mudanças no sistema endócrino gonadal e extragonadal (Molle et 
al., 2004; Bulcão et al., 2004). 
No processo de envelhecimento diversas modificações fisiológicas podem ser 
observadas, comprometendo a manutenção do equilíbrio homeostático, gerando 
gradual declínio das funções fisiológicas (Jacob e Souza, 1994). A principal 
característica dessas mudanças seria a queda progressiva da reserva funcional. 
O envelhecer, sob um ponto de vista fisiológico, depende significativamente do 
estilo de vida que a pessoa assume desde a infância ou adolescência, tais como fumar 
cigarros, praticar regularmente exercícios físicos ou esportes, ingerir alimentos 
saudáveis, tipo de atividade ocupacional, etc. 
 O estilo de vida adotado por uma pessoa desde jovem, como alimentação, 
práticas esportivas e ocupação, influenciará de forma significativa o seu 
envelhecimento fisiológico (Bulcão et al., 2004; Leite, 1990). Hoje, sabe-se que o 
processo de envelhecimento não é uniforme. 
O organismo envelhece como um todo, enquanto que seus órgãos, tecidos, 
células e estruturas subcelulares têm envelhecimentos diferenciados, parecendo este 
fenômeno ser determinado, basicamente, pela hereditarie-dade. 
 
74 
 
Atualmente, sabe-se que o processo de envelhecimento ocorre de forma 
diferenciada, pois apesar de o organismo envelhecer como um todo, suas estruturas 
(órgãos, tecidos, células) envelhecem diferenciadamente. Este fato, aparentemente, 
é determinado pela hereditariedade (Weineck, 1991). 
11.1 Depressãoe demência 
Demência é caracterizada por déficits cognitivos que incluem 
comprometimento da memória (APA, 1994), e implicam num comprometimento 
importante e irreversível na qualidade de vida da pessoa. A Doença de Alzheimer é 
apontada como a principal causadora de demência, seguida pela Demência Vascular 
(Wetterling, 2001). Importante ressaltar que estas etiologias implicam em quadro 
neurodegenerativo e, embora haja opções terapêuticas - principalmente através de 
inibidores de acetilcolinesterase o quadro continua irreversível. 
As alterações neurofisiológicas associadas ao envelhecimento podem começar 
a aparecer em torno dos 40-50 anos e, dependendo de fatores genéticos, ambientais 
e antecedentes médicos pessoais, evoluem de forma muito variável entre as pessoas. 
Segundo dados do IBGE, no ano de 2000, a população de 60 ou mais anos 
representava cerca de 8,6% do total de brasileiros, o que representa um número 
próximo a 15 milhões de habitantes. 
As recentes projeções indicam que os idosos serão responsáveis por quase 
15% da população nacional em 2020 (IBGE, 2003), o que ressalta ainda mais a 
importância de estudos brasileiros referentes a estas populações. 
As queixas de perda de memória são muito comuns em idosos, e podem estar 
associadas à desempenho normal em testes neuropsicológicos ou a 
comprometimento cognitivo múltiplo (Brucki, 2004). Percebe-se que queixas de 
memória não implicam na existência de processos neurodegenerativos, o que 
certamente aumenta a dificuldade em estabelecer o diagnóstico correto. 
A partir de amostra comunitária de 71 idosos saudáveis, Mattos e 
colaboradores (2003) constataram que queixas subjetivas de memória em 
questionamento direto estavam mais relacionados a mau desempenho em tarefa de 
memorização de lista de palavras (RAVLT) se comparados a questionários auto 
preenchidos. 
 
75 
 
 Esses achados sugerem que a auto percepção de comprometimento 
mnemônico na vida diária tende a estar preservado em idosos saudáveis, fato este de 
extrema importância diagnóstica. 
Segundo dados do IBGE, no ano de 2000, a população de 60 ou mais anos 
representava cerca de 8,6% do total de brasileiros, o que indica um número próximo 
a 15 milhões de habitantes. As recentes projeções indicam que os idosos serão 
responsáveis por quase 15% da população nacional em 2020 (IBGE, 2003). 
As habilidades mais preservadas no idoso são aquelas resultantes da 
substancial aprendizagem, isto é, habilidades bem consolidadas e, portanto, mais 
resistentes à deterioração mnemônica. Avaliar essas habilidades sólidas é um dos 
primeiros passos para o diagnóstico de demência. 
Embora os testes neuropsicológicos possam ser de grande auxílio na 
identificação de declínio mnemônico associado a processos mórbidos, são poucas as 
opções de testes com padronização brasileira. Atualmente, Mini Exame do Estado 
Mental (MMSE) é a escala mais utilizada para o rastreamento de demências, sua 
utilidade é confirmada por estudos brasileiros (Almeida, 1998; Brucki et al., 2003). 
A avaliação do nível de consciência global deve levar em conta também o nível 
de conhecimentos gerais do paciente. Para tal, lança-se mão de "testes" e este último 
será sempre consequente à educação formal do paciente. 
O exame da leitura costuma ser conjunto à avaliação da compreensibilidade, 
ou seja, não se avalia apenas a leitura em voz alta, mas também a interpretação do 
que foi lido (Almeida, 1998; Brucki et al., 2003). 
Existem diferentes comprometimentos nas habilidades verbais que aparecem 
no exame da comunicação. Em geral, as alterações de linguagem ocorrem ao nível 
léxico-semântico. Neste caso, investiga-se a lembrança de palavras, a nomeação de 
objetos, a fluência verbal e o nível discursivo-pragmático. 
Porém, o vocabulário deve ser avaliado com algum cuidado, relevando-se os 
discretos déficits de nomeação frequentes em qualquer pessoa. Excluída essa 
possibilidade fisiológica, a dificuldade de dar nomes às coisas (disnomia) será 
considerada um dado valioso na avaliação cognitiva. 
Ainda na avaliação da comunicação, os pródromos demenciais costumam 
mostrar alguma dificuldade de narração de histórias, interpretação da eventual 
 
76 
 
mensagem da história ou do ditado e dificuldades de informar adequadamente sobre 
a situação global a que se refere a história. 
Quanto à memória dos idosos normais, o declínio ocorre de modo discreto 
acometendo principalmente a memória operacional. Vale ressaltar que o aprendizado 
e a capacidade de retenção também tendem a declinar, mas o idoso normal manterá 
a capacidade de gerir a própria vida, sendo capaz de manter na memória a maior 
parte das solicitações cotidianas. 
11.2 Pseudodemência depressiva 
A depressão comumente produz um déficit mnemônico, especialmente após os 
40 anos, e esse prejuízo de memória do depressivo pode ser confundido com um 
quadro inicial de demência. Essa confusão depressão-demência pode ser maior 
ainda, levando-se em conta o fato da depressão frequentemente ter características 
atípicas nos idosos. 
O termo pseudodemência depressiva pode sugerir, erroneamente, que os 
déficits observados serão reversíveis com o tratamento adequado da depressão. 
Embora isso ocorra em alguns casos, não pode ser considerado como regra geral. 
Boa parte dos pacientes inicialmente diagnosticados como deprimidos 
(pseudodementes) apresentaram, depois de algum tempo, verdadeiros sinais de 
demência, apesar da melhora inicial com o uso de antidepressivos (Satlin e 
Wasserman, 1997; Scalco, 1997). 
Os próprios estudos de imagem cerebral podem revelar sinais mais 
compatíveis com demência do que da depressão nos pacientes diagnosticados com 
pseudodemência depressiva (Stefanis e Stefanis, 2005). De fato, embora possa haver 
no idoso um déficit cognitivo compatível com a idade e de pequena monta, a presença 
concomitante de depressão aumenta essa deficiência ao ponto de, aos menos 
avisados, parecer um verdadeiro quadro de denunciação pura. 
O benefício de se saber da existência da Pseudodemência Depressiva e de se 
questionar esse diagnóstico está, primeiramente, no fato de minimizar o prejuízo 
cognitivo com o tratamento da depressão. Em segundo, diante da possibilidade de 
melhora, estimular familiares e médicos para o tratamento daquele que se tinha por 
exclusivamente demenciado. 
 
77 
 
Mas, é bom que se tenha em mente, que embora o tratamento com 
antidepressivos traga melhora aos sintomas cognitivos, esses pacientes normalmente 
estão mais comprometidos que seus pares não-deprimidos. Embora possa haver 
comprometimento da disfunção cognitiva pela depressão, isso não exclui a presença 
de demência subjacente. No caso de idosos deprimidos, uma das principais 
características do exame neuropsicológico é a discrepância entre os resultados e as 
queixas apresentadas. 
O exame neuropsicológico pode também ser normal em alguns casos de 
demência incipiente, principalmente em indivíduos com elevada escolaridade. Isso 
ocorre porque, embora tenha ocorrido declínio de funções cognitivas, o desempenho 
ainda permanece dentro da faixa de normalidade. 
11.3 Reflexos da depressão no idoso 
As queixas de memória ruim são muito comuns em pessoas deprimidas. 
Entretanto, essa queixa de "memória ruim", denominada dismnésia, muitas vezes não 
é suficiente para o clínico suspeitar da depressão. Após os 60 anos, as dificuldades 
de memória e/ou cognitivas podem ser tão evidentes que chegam a levantar suspeita 
de um quadro demencial (Mattos et al., 2003), quadro que passou a ser chamado por 
Kiloh, em 1961, de pseudodemência (APA, 1994). Não está errada a expressão 
pseudodemência depressiva na intenção de se enfatizar um tipo de comprometimento 
cognitivo associado à depressão. 
Uma das questões fundamentais ao se avaliar um paciente deprimido e, 
simultaneamente, com queixas cognitivas importantes, é saber se a depressão 
interfere na cogniçãoe em que grau isso ocorre. Esta questão pode ser respondida 
através do exame neuropsicológico e da anamnese. 
 Embora o prejuízo de memória seja evidente na depressão, isso não é a única 
alteração cognitiva observada. Embora esse sintoma chame mais a atenção, nos 
idosos podem estar alteradas, a atenção, a velocidade de processamento de 
informações, a destreza e capacidade de formular hipóteses e modificá-las de acordo 
com ensaio-e-erro (Brucki, 2004; Almeida, 1997). 
 
 
78 
 
Diversos fatores contribuem para uma diminuição mais rápida da competência 
imunológica e a Depressão é um deles, por isso, é importante tentar evitá-la ou 
atenuá-la através de intervenções de natureza psicossocial (Spar e La Rue, 1997). 
Considerado um peso social, o idoso frustra-se com a subtração de seu espaço 
existencial, anteriormente vivido com plenitude e sucesso e, portanto, experimenta 
uma profunda reação de perda, tanto de pessoas queridas quanto de si próprio 
(revisado por Pereira et al., 2004). 
11.4 Intervenções psicossociais no tratamento da depressão no idoso 
A velhice no nosso mundo é encarada como algo complicado e incômodo já 
que os idosos necessitam de uma atenção especial principalmente pela sua saúde 
deficiente. Como coloca Ballone (2002) "o velho é sempre colocado numa posição de 
forma a proporcionar menor incômodo a dinâmica familiar. 
 Além de não dispor de espaço importante no seio da família, geograficamente 
quando não é alocado numa dependência isolada da casa ou numa cadeira bem no 
cantinho da sala, é levado para algum local de repouso, longe dos olhos dos 
familiares". 
Sendo assim, uma intervenção primordial para manter uma certa competência 
imunológica é o apoio social e, principalmente familiar. Sentindo-se amparado, o velho 
mantém sua saúde psicológica e acaba contribuindo para um bom funcionamento 
orgânico. 
O exercício e o relaxamento físicos constituem outras formas de intervenção, 
já que a atividade física reduz o risco da diminuição funcional e da mortalidade 
(Weineck, 1991; Leite, 1990). Um programa de exercícios moderados melhora a 
saúde física e psicológica, pois aumenta a resistência, o número e a atividade do 
sistema imunológico, além de melhorar às condições comuns desta fase, tais como 
osteoporose, doenças cardiovasculares e, ainda, o diabetes (revisado por Pereira et 
al., 2004). 
 
 
 
 
79 
 
Para usar adequadamente os psicofármacos em idosos, é de extrema 
importância que sejam consideradas as alterações fisiológicas próprias do 
envelhecimento, já que a farmacocinética de praticamente todos os 
psicotrópicos será afetada por estas mudanças (Scalco, 1997; Satlin e 
Wasserman, 1997). Os antidepressivos mais populares são: 
 Compostos tricíclicos, como a imipramina, que bloqueia a recaptação de 
noradrenalina e serotonina; 
 ISRSs (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina), como a 
fluoxetina, que age somente nos terminais que liberam serotonina; 
 Inibidores seletivos da recaptação de noradrenalina, como a reboxetina 
e; 
 Inibidores da MAO, como a fenelzina, que reduz a degradação 
enzimática da serotonina e da noradrenalina. Todas essas substâncias 
elevam os níveis de neurotransmissores monoaminérgicos no encéfalo, 
mas, como já foi dito, sua ação terapêutica leva várias semanas para 
aparecer. Novos fármacos que atuam como antagonistas dos receptores 
para CRH estão em fase de desenvolvimento para futuro uso como 
antidepressivos. Mas existem algumas peculiaridades sobre o uso dos 
diversos grupos de psicotrópicos em idosos (Schatzberg et al., 1997). 
O benefício de se saber da existência da Pseudodemência Depressiva e de se 
questionar esse diagnóstico está, primeiramente, no fato de minimizar o prejuízo 
cognitivo com o tratamento da depressão. Em segundo, diante da possibilidade de 
melhora, estimular familiares e médicos para o tratamento daquele que se tinha por 
exclusivamente demenciado. 
12 ENVELHECIMENTO E QUALIDADE DE VIDA 
A principal característica do envelhecimento é o declínio, geralmente físico, que 
leva a alterações sociais e psicológicas. Esses declínios podem ser classificados de 
duas maneiras, como senescência e senilidade. 
Senescência: 
É caracterizada como um fenômeno fisiológico, arbitrariamente identificado 
pela idade cronológica, que pode ser considerado como um envelhecimento sadio, 
 
80 
 
em que o declínio físico e mental é lento, sendo compensado, de certa forma, pelo 
organismo (SIMÕES, 1994). 
Senilidade: 
Caracteriza-se pelo declínio físico associado à desorganização mental. Ela não 
é exclusiva da idade avançada e pode ocorrer prematuramente, pois se identifica com 
uma perda considerável do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas 
alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade, além de uma considerável 
perda de memória. A senilidade pode ser exacerbada através de atitudes pessimistas 
em relação à vida, ao futuro, a si mesmo e aos outros. 
Oficialmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera idoso o 
indivíduo com idade igual ou superior a 65 anos residentes em países 
desenvolvidos e com 60 anos ou mais para países em desenvolvimento 
(MAZO, LOPES; BENEDETTI, 2001 apud Efigênia Passarelli Mantovani 
2003). 
A Organização Mundial de Saúde subdivide a idade adulta em quatro estágios: 
meia idade: 45 a 59 anos, idoso: 60 a 74 anos, ancião: 75 a 90 anos e velhice extrema: 
acima de 90 anos (Weineck, 1991). Esta classificação considera apenas o aspecto 
cronológico da idade do indivíduo, desprezando os aspectos biológicos, psicológicos 
e sociológicos. No entanto, é comum encontrarmos indivíduos com a mesma idade 
cronológica, porém com capacidades diferenciadas. 
Mais tarde, SPIRDUSO (1995) propôs uma classificação de acordo com a idade 
cronológica considerando como adulto da meia idade o indivíduo com idade entre 45 
e 64 anos; o idoso-jovem aquele entre 65 e 74 anos; o idoso aquele com idade entre 
75 e 84 anos; o idoso-idoso de 85 a 99 anos e o idoso-velho que seriam indivíduos 
acima de 100 anos de idade. 
A qualidade de vida está diretamente ligada às condições de vida e ao estilo de 
vida. Segundo Lessa (1999, p.288) o estilo de vida “inclui hábitos e comportamentos 
autodeterminados, adquiridos social ou culturalmente, de modo individual ou em 
grupos”. Estariam incluídos nesse contexto alguns hábitos como tabagismo, 
alcoolismo, preferências alimentares e opção por lazer sedentário, entre outros. 
Em resumo, quando se trata de estilo de vida, pressupõe-se que o indivíduo 
tem controle sobre suas ações, que podem ser prejudiciais ou benéficas à saúde 
(LESSA, 1999; MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000). 
 
81 
 
Admite-se que na forma de envelhecimento comum os fatores extrínsecos 
(como dieta, sedentariedade, causas psicossociais, etc.) intensificariam os efeitos 
adversos que ocorrem com o passar dos anos, enquanto na forma de envelhecimento 
saudável estes não estariam presentes ou, quando existentes, seriam de pequena 
importância. 
 A crença sobre a importância desses fatores se acha expressa na ênfase que 
atualmente tem sido dada para a ação benéfica potencial dos exercícios, para a 
moderação da ingestão de bebidas alcoólicas, para a cessação do hábito de fumar, 
para a observância de dieta adequada, entre outras medidas (papaléo Netto, Brito, 
2001). 
12.1 Envelhecimento ativo 
O envelhecimento deve ser vivido de uma forma ativa (OMS, 2005). Para esta 
organização há três pilares basilares em que se apoia o envelhecimento ativo: saúde, 
segurança e participação (OMS, 2005). 
Mencionando que a Saúde se refere ao bem-estar físico, mental e social. É 
importante manter os níveis baixos os fatores de risco que interferem no aparecimento 
das doenças crónicas e no declínio funcional. 
Por sua vez quando os fatores de proteção são elevados, as pessoas 
beneficiam de uma melhor qualidade de vida, são capazes de cuidar de si, mantendo-
se maissaudáveis. À medida que vão envelhecendo as pessoas idosas precisam de 
tratamentos médicos constantes e de serviços assistenciais, por vezes onerosos. 
A segurança que as políticas e os programas abordam diz respeito às 
necessidades e aos direitos das pessoas idosas à segurança social, física e 
financeira. Ficam assim, asseguradas a proteção, a dignidade e o auxílio às pessoas 
idosas que não se podem sustentar e proteger (OMS, 2005). 
A participação está relacionada com a educação, as políticas sociais de saúde 
e os programas que apoiam a participação na íntegra em atividades sociais, culturais 
e espirituais, de acordo com os direitos humanos, as capacidades, as necessidades e 
vontades das pessoas contribuem para que continuem a ter um desempenho na 
sociedade com atividades não remuneradas enquanto envelhecem (OMS, 2005). 
 
82 
 
É importante salientar que a OMS, associa o termo “ativo” não somente à 
capacidade de estar fisicamente ativo. Assim, o envelhecimento ativo tem 
como objetivo “aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade 
de vida para todas as pessoas” que se encontram neste processo (OMS, 
2005, apud Adães Azevedo 2015). 
Por isso, a OMS (2005) advoga que os projetos de envelhecimento ativo, os 
programas e as políticas que promovam a saúde mental e relações sociais são tão 
importantes como as atividades que melhoram as condições físicas de saúde. 
O envelhecimento ativo também preconiza que as pessoas idosas participem 
na sociedade de acordo com as suas necessidades, desejos e capacidades. Para 
além disto, também propicia proteção, segurança e cuidados adequados quando 
necessários (OMS, 2005). Para Ribeiro e Paúl (2011) a saúde é um dos aspetos 
cruciais no processo do envelhecimento. 
Estes autores salientam ainda que os cuidados com a alimentação, o consumo 
de álcool e de tabaco podem ser considerados como medidas preventivas e como 
atuação positiva na saúde. 
Segundo Ribeiro e Paúl (2011) a segurança está associada ao local de 
residência do idoso, ao meio ambiente e, essencialmente, aos climas sociais de não 
violência na sua comunidade. Já a participação, envolve os grupos sociais onde as 
pessoas idosas estão inseridas. 
Por isso, para um envelhecimento bem-sucedido é essencial a presença da 
família e dos amigos, assim como o envolvimento no exercício da cidadania e uma 
participação ativa nos diferentes contextos sociais (Ribeiro e Paúl, 2011). 
Como refere Ferreira (2009) o envelhecimento ativo aplica-se a toda a 
comunidade e tem como objetivo principal aumentar a expectativa de uma vida 
saudável e de qualidade. Para isso é necessário que os indivíduos entendam o seu 
potencial para o seu bem-estar físico, social e mental, proporcionando deste modo a 
participação ativa das pessoas idosas, nas questões económicas, culturais, espirituais 
e cívicas. 
O envelhecimento ativo depende de vários determinantes que envolvem 
os indivíduos, as famílias e as nações que segundo a OMS (2005) são 
determinantes: 
 Transversais; 
 Relacionados com os serviços de saúde e sociais; 
 Comportamentais; 
 
83 
 
 Relacionados com aspetos pessoais; 
 Relacionados com aspetos psicológicos 
 Relacionados com ambiente físico; 
 Sociais; 
 Econômicos. 
Transversais: eles são a cultura e o género, eles são essenciais para 
compreender o envelhecimento ativo, pois envolvem todos os outros determinantes. 
A cultura engloba todos os indivíduos e populações e determina, de certa forma, o 
envelhecimento das pessoas. 
Os serviços de saúde e o serviço social: 
Englobam: a promoção da saúde e prevenção de doenças; serviços curativos; 
cuidados a longo prazo e serviços de saúde mental, é essencial que os sistemas de 
saúde tenham uma perspectiva de vida dos indivíduos que proponha a promoção da 
saúde, prevenção de doenças, acesso equitativo a cuidados primários de qualidade e 
a tratamentos a longo prazo como promotores do envelhecimento ativo. 
Os serviços de saúde mental também têm um papel determinante no 
envelhecimento ativo e deviam ser parte integrante nos cuidados a longo prazo. É 
necessário estar particularmente atento aos subdiagnósticos de doença mental, 
nomeadamente à depressão e às taxas de suicídio entre pessoas idosas (OMS, 
2005). 
Os comportamentais: 
Estão associados aos estilos de vida saudáveis e ao cuidar da saúde como 
bem essencial ao longo de todo o ciclo de vida. Compreendem: o consumo do tabaco; 
a atividade física; a alimentação saudável, a saúde oral; o álcool e a gestão do regime 
medicamentoso (OMS, 2005). 
Estes determinantes são cruciais para um envelhecimento ativo, pois a adoção 
de estilos de vida saudáveis e a participação ativa dos indivíduos nos seus próprios 
cuidados são muito importantes em todas as fases do ciclo vital. A adoção destes 
comportamentos pode prevenir doenças, prolongar a vida e a qualidade de vida das 
pessoas (OMS, 2005). 
 
 
 
84 
 
A atividade física se for regular e moderada pode trazer grandes benefícios à 
saúde de todos os indivíduos e pode retardar o declínio funcional. É muito importante, 
nomeadamente na vida da pessoa idosa, pois além de se sentirem uteis na sociedade 
adquirem mais autonomia nas suas atividades de vida diárias (OMS, 2002). A 
atividade física é também considerada uma mais-valia para as pessoas alcançarem 
um envelhecimento bem-sucedido. Mas, é de salientar que o conceito de atividade 
inclui não só atividades físicas, como também, atividades mentais (Sé, 2009). 
O exercício e a estimulação das capacidades cognitivas nas pessoas idosas 
têm importância, uma vez que, apesar de não fazerem desaparecer as diferenças de 
idade, tendem a contribuir para um declínio mais tardio do que as capacidades não 
exercitadas (Denney, 1982, cit por Fonseca, 2006). 
 Embora a evidência comprove os benefícios da atividade física, a maioria da 
população idosa leva uma vida sedentária o que é preocupante. 
Os aspetos pessoais: 
Englobam a biologia e a genética, componentes com grande influência no 
processo do envelhecimento, visto este resultar de um conjunto de processos 
geneticamente determinados. O envelhecimento consiste numa “deterioração 
funcional progressiva e generalizada, ” que resulta da perda de algumas “faculdades” 
e do aumento do risco de doenças relacionadas com as pessoas idosas (Kirkwood, 
1996 cit por OMS, 2002). 
Ou seja, as pessoas idosas ficam doentes com mais facilidade do que os 
jovens, pois como viveram mais, estiveram mais tempo de contato com fatores 
externos, comportamentais e ambientais (Gray, 1996 cit por OMS, 2005). 
É importante salientar que a evidência comprova que a longevidade é um 
processo familiar. Contudo, apesar da evidência subsiste um consenso de que “a 
trajetória de vida, de saúde e de doença de cada indivíduo resulta de uma combinação 
genética, ambiental, alimentação e de estilo de vida” (Kirkwood, 1996 cit por OMS 
2005). Devido a estes fatores, pode dizer-se que a influência da genética em várias 
doenças crónicas varia de indivíduo para indivíduo (OMS, 2005). 
Os aspetos psicológicos: 
Nos fatores psicológicos estão incluídos a inteligência e a capacidade cognitiva 
e são preponderantes e indicativos do envelhecimento ativo e da longevidade das 
 
85 
 
pessoas idosas (Smits et al., 1999 cit por OMS, 2005). Algumas das capacidades 
cognitivas como a memória e a aprendizagem diminuem com o envelhecimento. 
Contudo, estas perdas podem trazer outros ganhos do ponto de vista na 
sabedoria, conhecimento e experiência da pessoa idosa. 
Há ainda outros fatores que as pessoas idosas foram adquirindo ao longo do 
ciclo vida que interferem no seu envelhecimento, como a auto eficiência que está 
ligada às escolhas de comportamentos pessoais do indivíduo ao longo da vida e à 
preparação para a reforma (OMS, 2002). 
O ambiente físico: 
Estes podem marcar a diferença entre a independência e a dependência das 
pessoas idosas.A existência de inúmeras barreiras arquitetônicas contribui para maior 
predisposição ao isolamento social, à depressão, à redução da resistência física e a 
um aumento de problemas relativos à mobilidade. 
As quedas, os acidentes rodoviários, os acidentes domésticos, as catástrofes 
naturais podem causar lesões irreversíveis e incapacitantes na pessoa idosa. É 
fundamental estar atento a estes fatores, pois são muito importantes para o bem-estar 
e qualidade de vida da pessoa idosa, porque lhes transmite segurança para viver o 
seu processo de envelhecimento. 
Para as pessoas idosas a localização da sua residência perto da família, dos 
transportes, entre outros é muito importante para promover interação social (OMS, 
2002). 
As quedas ocorridas nas pessoas idosas são uma problemática comum a 
todos os países. A OMS alerta que as quedas são a segunda principal causa 
de morte por lesão acidental ou não intencional em todo o mundo, logo após 
os acidentes rodoviários (OMS, 2010 apud Adães Azevedo 2015). 
Os aspectos sociais: 
Incluem o apoio social, a aprendizagem permanente, as oportunidades de 
educação, a paz e a proteção contra a violência e os maus tratos são conceitos chave 
para que a pessoa idosa tenha um processo de envelhecimento saudável. A falta 
deste tipo de apoios pode levar ao isolamento social e, consequentemente provocar 
a sua morte (OMS, 2002). 
Os aspectos econômicos: 
Englobam três aspetos relevantes para o envelhecimento ativo: o rendimento, 
a proteção social e o trabalho. O rendimento para as pessoas idosas é um problema, 
 
86 
 
pois a maioria tem reformas muito pequenas que não lhes permite pagar as várias 
despesas e por vezes, também não possuem bens ou poupanças para fazer face a 
esta problemática. 
Isto contribui para a falta de acesso à alimentação saudável e a cuidados de 
saúde e consequentemente as pessoas idosas tem maior risco de desenvolver 
patologias tornando-os mais vulneráveis (OMS, 2002). 
A proteção social é essencial para todas as pessoas idosas. Nos países em 
desenvolvimento as pessoas idosas tendem a pedir ajuda à família ou então utilizar 
as suas economias, pois nestes países o serviço social não consegue dar resposta à 
maioria das necessidades. 
O trabalho é muito importante durante a vida de uma pessoa. As pessoas que 
conseguem ter um trabalho digno com remuneração de acordo com a lei, com certeza 
que quando chegarem à velhice, manifestarão maior tranquilidade. 
Em anos recentes, a promoção do envelhecimento saudável foi assumida como 
propósito basilar da Política Nacional de Saúde do Idoso no Brasil (GORDILHO et al., 
2000). O sentido da promoção da saúde neste documento é, contudo, principalmente 
comportamental e compreende: 
O desenvolvimento de ações que orientem os idosos e os indivíduos em 
processo de envelhecimento quanto à importância da melhoria constante de 
suas habilidades funcionais, mediante a adoção precoce de hábitos 
saudáveis de vida e a eliminação de comportamentos nocivos à saúde. 
(GORDILHO et al. 2000 apud Assis Monica 2005). 
Os hábitos saudáveis incluem: alimentação balanceada, prática regular de 
exercícios físicos, convivência social estimulante, atividade ocupacional prazerosa e 
mecanismos de atenuação do estresse. Tabagismo, alcoolismo, automedicação são 
os hábitos nocivos a serem desestimulados. É ressaltada a importância de processos 
informativos e educativos continuados no SUS e campanhas para estimular 
comportamentos saudáveis. 
O enfoque comportamental é um ponto de inflexão que carreia boa parte das 
ambiguidades e polêmicas sobre o que é ou deve ser a promoção da saúde. Intenso 
debate tem internacionalmente caracterizado este campo que, segundo Rootman et 
al. (2001), está longe de ser monolítico e é cheio de tensões mal resolvidas. Delinear 
uma posição neste contexto é ponto de partida necessário ao desenvolvimento de 
ações educativas em saúde com idosos. 
 
87 
 
O envelhecimento ativo é uma aspiração básica que potencializa o viver e 
depende, em grande parte, de condições sociais e políticas públicas que garantam 
direitos básicos de cidadania e possibilitem práticas tendencialmente saudáveis, como 
alimentação equilibrada, atividade física, uso prazeroso do corpo, inserção social e 
ocupacional dotadas de significado, lazer gratificante, além do acesso a serviços 
assistenciais e preventivos. 
Trata-se de metas complexas, em torno das quais são necessários movimentos 
individuais e coletivos que anunciem e apontem a construção de uma nova ordem 
societária. 
As ações educativas em saúde não determinam diretamente a interferência nos 
determinantes sociais do envelhecimento ativo, produzindo ambientes e políticas 
públicas favoráveis à saúde, mas podem oferecer contribuição significativa ao 
expressarem vivamente o compromisso social do sistema de cuidados e partilharem 
com os idosos os desafios nesta direção. 
Ao enfatizar a participação e oportunizar seu exercício, elas vislumbram um 
“abrir portas” ao pensamento criativo sobre a vida e ao desejo de atuar na construção 
de outras realidades possíveis, mais propícias à qualidade de vida no envelhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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23 x 16 x 1,2 cm/ Peso de envio: 322 g.

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