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DIMENSÕES-DO-ENVELHECIMENTO-ASPECTOS-FÍSICOS-NUTRICIONAIS-E-PSICOLÓGICOS-2

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0 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
DIMENSÕES DO ENVELHECIMENTO ASPECTOS FÍSICOS, 
NUTRICIONAIS E PSICOLÓGICOS 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 
1 ENVELHECIMENTO ................................................................................... 5 
2 O IDOSO E O ENVELHECIMENTO, PROCESSO DE TRANSIÇÃO 
DENTRO DO CONTEXTO PSICANALITICO .............................................................. 6 
3 O ENVELHECIMENTO É DIVIDIDO EM BIOLÓGICO E PSÍQUICO ....... 12 
3.1 Envelhecimento biológico ................................................................... 12 
3.2 Aspectos neuropsicológicos do envelhecimento ................................ 14 
3.3 Aspectos gerais do envelhecimento ................................................... 16 
4 O ENVELHECIMENTO E AS SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES ............... 18 
4.1 Envelhecimento psicológico ............................................................... 18 
4.2 O envelhecimento nos diferentes aspectos ........................................ 23 
4.3 Envelhecimento psicológico e social .................................................. 30 
5 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO ....................................... 33 
5.1 Envelhecimento cognitivo/cerebral ..................................................... 35 
6 FATORES QUE INFLUENCIAM O ENVELHECIMENTO COGNITIVO .... 40 
7 DÉFICIT COGNITIVO LIGEIRO ............................................................... 41 
8 ALTERAÇÕES NEUROANATÓMICAS .................................................... 45 
8.1 Atrofia do cérebro ............................................................................... 45 
8.2 Aparecimento de placas senis/degenerescência neurofibrilar ............ 45 
8.3 Morte neuronal ................................................................................... 45 
8.4 Rarefacção da arborização dendrítica ................................................ 46 
9 EFEITOS DO ENVELHECIMENTO NO DESEMPENHO COGNITIVO .... 47 
10 PRINCIPAIS DE DEMÊNCIAS NA FASE DE ENVELHECIMENTO ...... 50 
10.1 Demência: introdução e conceito .................................................... 50 
10.2 Doença de alzheimer ...................................................................... 51 
 
2 
 
10.3 Localização dentro das demências ................................................. 52 
10.4 Os fatores que explicam a involução cerebral ................................. 52 
10.5 O cuidador familiar da pessoa com doença de alzheimer ............... 54 
10.6 A terapia ocupacional e o cuidador familiar da pessoa com doença de 
alzheimer 57 
10.7 Demência vascular .......................................................................... 58 
10.8 Demência frontotemporal ................................................................ 60 
10.9 Demência com corpos de lewy ....................................................... 61 
10.10 Tipos de demências menos comuns ............................................... 62 
10.11 Funções executivas e a instabilidade postural na dp ...................... 63 
10.12 Perfil cognitivo da dp ....................................................................... 63 
10.13 Psicologia na dp .............................................................................. 65 
10.14 Doença de huntington ..................................................................... 66 
10.15 Manifestações cognitivas ................................................................ 67 
10.16 A atuação do psicólogo na doença de huntington .......................... 68 
10.17 Doença de creutzfeldt-jakob (dcj) ................................................... 68 
10.18 Manifestações comportamentais .................................................... 70 
10.19 Manifestações cognitivas ................................................................ 71 
11 FRAGILIDADE FÍSICA E O ENVELHECIMENTO ................................. 72 
11.1 Depressão e demência ................................................................... 74 
11.2 Pseudodemência depressiva .......................................................... 76 
11.3 Reflexos da depressão no idoso ..................................................... 77 
11.4 Intervenções psicossociais no tratamento da depressão no idoso . 78 
12 ENVELHECIMENTO E QUALIDADE DE VIDA ..................................... 79 
12.1 Envelhecimento ativo ...................................................................... 81 
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 88 
14 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 93 
 
3 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 ENVELHECIMENTO 
Para Moraes & Lima (2010), o envelhecimento representa o conjunto de 
consequências ou os efeitos da passagem do tempo. Todos os sistemas fisiológicos 
principais são afetados biologicamente, podendo ser considerado como a involução 
morfofuncional. Entretanto, esta involução não impede que a pessoa se mantenha 
ativa, independente e feliz. Do ponto de vista psíquico, representa a conquista da 
sabedoria e da compreensão plena do sentido da vida. 
Este processo do envelhecimento humano se dá em três níveis diferentes: 
biológico, psicológico e social. 
O envelhecimento biológico envolve mudanças fisiológicas, anatômicas, 
bioquímicas e hormonais, acompanhadas de gradual declínio das 
capacidades do organismo, causando mais fragilidades no organismo às 
agressões externas e internas. Há evidências de que o envelhecimento é de 
natureza multifatorial e ligada à programação genética e das alterações que 
ocorrem em nível celular-molecular (Moraes et al.; 2010 apud Dani Andrea 
2012). 
No processo do envelhecer, tanto normal quanto patológico, as funções 
executivas tendem a ficar prejudicadas. As alterações destas funções ocorrem de 
modo gradual e lento até os 60 anos, sendo considerado normal, tornando-se mais 
aceleradas a partir dos 70 anos. Segundo Ramos et al., (1993), embora a grande 
maioria dos idosos seja portadora de, pelo menos, uma doença crônica, não são todos 
que ficam limitados por essas doenças, e muitos levam vida perfeitamente normal, 
com as suas enfermidades controladas. 
Moraes e Lima (2010) consideram que as deficiências funcionais vão surgindo 
de maneira insidiosa no decorrer da vida, sendo apontada por senescência, sem 
comprometer as decisões, a organização e o planejamento de atividades rotineiras, 
não devendo ser considerado patologia. 
O envelhecimento psicológico transparece pelos comportamentos das pessoas 
em relação a si próprias ou aos outros, ligados a mudanças de atitude e limitações 
das capacidadesem geral, levando a inadequações, readaptações e reajustamentos 
dos repertórios comportamentais, face às exigências da vida. O envelhecimento social 
está associado às normas ou eventos sociais que é regido, por um critério de idade, 
como casamento e aposentadoria. 
 
6 
 
Estes três níveis de envelhecimento não tem uma ordem exata quanto ao seu 
aparecimento. Kristensen 2006 coloca que entender o envelhecimento a partir da 
sexta década de vida como atribuiu a O.M.S. seria um equívoco; porque ele está se 
processando durante a existência da pessoa. 
Por conta deste processo, enquanto um adolescente está maturando, 
paralelamente está ocorrendo o envelhecimento de certos sistemas do seu corpo, 
envelhecimento este que só irá parar com a morte. 
2 O IDOSO E O ENVELHECIMENTO, PROCESSO DE TRANSIÇÃO DENTRO DO 
CONTEXTO PSICANALITICO 
 
Fonte: homecareidosos.com 
O desenvolvimento humano é um processo que dura à vida toda e que está 
sempre em constante evolução e este, continuará até o fim da vida. Desta forma, 
Papalia (2012) apresenta oito períodos do desenvolvimento humano que são: período 
pré-natal (da concepção ao nascimento); primeira infância (do nascimento aos 03 
anos); segunda infância (03 a 06 anos); terceira infância (06 a 11 anos); adolescência 
(11 aproximadamente a 20 anos); início da idade adulta (20 a 40 anos); vida adulta 
(40 a 65 anos) e a vida adulta tardia (65 anos em diante). 
Sendo assim, é possível dizer que o desenvolvimento humano se dá de forma 
diferente de pessoa para pessoa e que, nesse contexto, considera-se as várias 
características herdadas, os fatores ambientais ou experiências que afetam ou que 
vêm ajudar no desenvolvimento, principalmente, quando se tratam do contexto 
familiar, vizinhança, nível socioeconômico, cultura e raça, entre outros fatores. 
 
7 
 
O envelhecimento é um fenômeno comum aos seres vivos, ou seja, é um 
processo natural da vida, que traz ao longo dos anos alterações sofridas pelo 
organismo sendo normal para esta fase e esse processo vai do nascimento até a 
morte. 
 Papalia diz que, o envelhecimento é caracterizado como sendo um processo 
dinâmico, gradual, progressivo e inevitável, no qual interagem múltiplos 
fatores biológicos, psíquicos e sociais. Portanto, é possível dizer que esses 
fatores são visivelmente identificados, isso pelo declínio da saúde e das 
capacidades da pessoa, afetando aspectos funcionais, tais como: a memória, 
inteligência, fatores sensoriais que acarretam em alguns problemas físicos, 
psíquicos. (Papalia 2012, Roque Candice; 2017). 
Entretanto, o idoso busca alternativas para compensar esses problemas que 
enfrenta, com o objetivo de aproveitar mais e melhor o seu tempo, visam estratégias 
para enfrentar perdas pessoais e não cair em adoecimento, tentam relações mais 
carinhosas e tentam encontrar apoio nas relações familiares e com amigos para 
superar essa etapa. 
Neste sentido, é oportuno pontuar a origem da palavra idoso. Esta vem do latim 
“vetulus” e que significa “remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso”. No 
Dicionário Escolar: língua portuguesa (2015), a palavra idoso quer dizer, que tem 
muitos anos, senil, velho. Assim, a palavra envelhecer nos mostra: tornar velho, 
aparentar velhice ou fazer que pareça velho, tornar-se arcaico ou inútil, apagar-se, 
obliterar-se. 
Na visão de Perestrello (2004), o significado da palavra velho, envelhecer, 
envelhecimento veio sofrendo alterações e, além dos sentidos preconceituosos esse 
termo também devido essas alterações teve os ganhos. A palavra velho vem a ser 
substituída pela palavra ancião que se entende por uma pessoa de sabedoria. Dessa 
forma, a palavra envelhecimento passa a ser um processo. 
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), (2002) define idoso como aquele 
indivíduo com 60 anos de idade ou mais. Limite este, válido para os países em 
desenvolvimento como o Brasil, pois nos países desenvolvidos admite-se um ponto 
de corte de 65 anos de idade. 
Sendo assim, Papalia (2012) destaca que o envelhecimento também é 
conceituado como um processo progressivo, onde ocorrem modificações funcionais, 
morfológicas, bioquímicas e psicológicas, determinando a perda da capacidade de 
 
8 
 
adaptação do sujeito e o meio-ambiente. Sua marca principal é o declínio, geralmente 
físico, levando a alterações sociais e psicológicas. 
A velhice ou envelhecimento é um processo natural. Segundo a mesma autora, 
pode-se definir que com a chegada da velhice observa-se que muitas mudanças 
ocorrem no corpo físico. Essas mudanças como: lentidão, fraqueza, diminuição do 
tamanho e outras situações e funções podem causar certo impacto nas pessoas. 
Essas transformações são praticamente inevitáveis. 
Elas têm grande influência quando relacionadas ao trabalho, vida pessoal, no 
lar, na saúde, tornando-se uma preocupação central em termos de inquietação, tempo 
e dinheiro. É importante dizer que envelhecer é um processo de mais uma etapa da 
vida, uma vez que, em cada fase/etapa da vida tem-se algo para vivenciar, aprender 
e desenvolver e assim acabar por elaborar as diversas formas de encarar os 
problemas, questões e experiências vivenciadas. 
Portanto, o sujeito acaba agindo por repetição na maioria das vezes, uma 
lembrança que está associada ao esquecimento, não estando relacionada 
exatamente com o fato. Assim “[...] repetir e recordar não são formas de reprodução” 
afirma (MUCIDA, 2017). 
Existe uma insistência por parte da repetição e que o inconsciente não resiste, 
tentando passar pelo recalque. Entretanto, como essa reprodução está barrada pelo 
recalque, ela guarda uma cota do fracasso. Isto é, uma satisfação pulsional. 
Ela traz algo de diferente e de igual, traçando formas de recordações, traços, 
determinando a forma de gozar. Seja a repetição da ordem da falta, algo que está por 
trás do que se repete uma perda do gozo, ou seja, o destino de uma pessoa se repete 
pela sua própria escolha, que ela mesma arranja e que se determina pelas influências 
infantis. No idoso, essa repetição coloca-se através do passado e que busca retornar, 
seja na sua infância ou seu passado, a busca por algo do que recorda. 
Dessa forma, o idoso envelhece da sua maneira e que não é um 
envelhecimento natural e passa a ser bastante particular, onde cada um inscreverá a 
sua forma de gozar. 
Conforme Golfarb (2009), quando o idoso sofre com as mudanças advindas do 
tempo cronológico, mudanças como: rugas, cabelos brancos, doenças degenerativas, 
entre outras, são muito significativas e que vem a questionar a imagem narcísica de 
potência. Por isso, quando o idoso fala do seu corpo, nesse sentido, ele está falando 
 
9 
 
de sofrimento, de um corpo que igualmente continua vivo, desejante, porém, um corpo 
que não o serve mais de instrumento. 
Ainda conforme Golfarb (2009), a constituição do Eu, ou confirmação de 
identidade é a primeira experiência do espelho positivo como ponto importante para o 
sujeito. Já no espelho negativo, as perdas físicas, a velhice e finitude confirmam-se 
nesse instante. Então, assiste-se à aproximação da velhice nessa forma. 
 Assim, o psiquismo deverá trabalhar mecanismos para elaboração de 
aceitação desse novo corpo em forma avançada. No entanto, entende-se que o tempo 
de vida se dá entre o nascimento e a morte. 
 Esses tempos medidos ou cronológicos quase não se têm a ver com o que foi 
vivido ou subjetivo, mas aí se encontra o sujeito que envelhece, que começa a contar 
e relatar o que resta para viver e ainda consegue planejar com o que está ou pode vir. 
Essa percepção de passagem da vida e que se sujeita a mudanças entende-se por 
tempo psicológico. 
Como o estádio do espelho é um momento de reconhecimento do sujeito, 
é através do espelho também que o idoso não se reconhece. Dessa forma: 
A velhice é um território desconhecido e particular a cada um. O homem 
vivencia a passagem do tempo com espanto, surpresa, desconcerto.É uma 
experiência inédita. Ele não reconhece em si as metamorfoses advindas, 
passo a passo, com a senescência. Reconhece-as no outro, é o outro que 
envelhece. Mas, com surpresa, não mais que de repente, ele vê sua velhice 
no olhar do outro, que tal como um espelho lhe retorna aquele “estrangeiro” 
em que se tornou. (PERES, 2004, apud Roque Candice; 2017). 
Devido a esses contrastes entre passado e presente, tornar-se-ia insuportável 
para alguns idosos o fato dessas subtrações como a falência do corpo, a imagem, 
confiança, desinteresse. Então, essa relação narcísica como pontuada por Peres 
(2004): “ ama-se a si mesmo, a seu corpo ou sente repulsa e desgosto pela atual 
imagem”. Consequentemente, o idoso que não aceita o envelhecimento, vai evitar o 
contato com o espelho que irá lhe devolver a imagem de um corpo que não quer. 
Sobre as mudanças na velhice, pode-se dizer que não somente as doenças 
acometem os idosos, mas, alguns buscam por envelhecer de forma mais saudável, 
assim vivem suas vidas de forma positiva, buscando manter-se em constante vida 
ativa. De acordo com Papalia (2012), estudos revelam que, atualmente, a expectativa 
de vida das pessoas é de 75 anos, isso porque os idosos vêm tendo um padrão de 
 
10 
 
vida muito melhor e foram muitas as vitórias sobre as doenças infecciosas com as 
medicações e vacinas. 
Com isso, a expectativa de vida sendo maior, tem-se um impacto sobre a 
sociedade. Com o aumento da percentagem de idosos na população, aumenta-se a 
necessidade de serviços para essa categoria, como cuidados médicos, seguro social, 
habitação, lazer e assim por diante. 
A expectativa de vida se entende por idade máxima que a pessoa 
possivelmente aproxima-se, considerando sua saúde e idade atual. Baseia-se na 
média de longevidade, ou no tempo de vida de certa população. 
Por conseguinte, idosos têm culturas diferentes e, assim sendo, seria 
necessário pensar em como trabalhar esse envelhecimento para que o idoso tenha 
acesso e disponibilidade para usufruir da vida já que está aumentando a expectativa. 
É nesse sentido que, devido à expectativa de vida, precisa-se pensar em 
formas de lazer entre outras atividades que possibilitem ao idoso acesso a uma 
melhor promoção de envelhecimento saudável e nesta perspectiva: 
Os cientistas sociais especialistas em envelhecimento dizem ter três grupos 
de idosos, o “idoso jovem”, o “idoso, idoso” e o “idoso mais velho”. 
Cronologicamente, os idosos jovens são pessoas entre 65 e 74 anos que, em 
geral, são ativas, animadas e vigorosas. O idoso, idoso, pessoas entre 75 e 
84 anos, e o idoso mais velho, pessoas de 85 anos em diante, estão mais 
propensos a uma condição de fragilidade e doença. (PAPALIA, 2012, apud 
Roque Candice; 2017). 
No século XIX surgiram instituições que visavam à reincorporação dos idosos 
na sociedade, atribuindo ao idoso um novo local de moradia, asilos e/ou hospitais. 
A partir desse isolamento, a velhice veio a ser encarada como uma doença 
social passando então, a ser pensada no século XX como uma imagem altamente 
desvalorizada desse sujeito e, consequentemente, os idosos foram rotulados como 
incapazes e improdutivos. 
 Esses discursos e rotulações aos idosos perduraram até os anos 80, 
juntamente com situações de pobrezas, isolamento social, solidão, doenças, essa era 
a vida dessas pessoas neste período. A palavra velhice era associada à imagem de 
saúde precária. 
Conforme Papalia (2012), sessenta anos é o marco que define a entrada na 
velhice nos países em desenvolvimento, sendo ela aceita como padrão para que a 
pessoa se defina como idosa. Já nos países desenvolvidos o marco se dá aos 65 anos 
 
11 
 
de idade. No Brasil, os índices de envelhecimento têm aumentado consideravelmente, 
mas é um mito pensar que a população idosa foi mais bem acolhida e tratada 
antigamente. 
Na mesma linha de pensamento, a mesma autora aponta que o Brasil, também 
apresenta uma mudança na estrutura demográfica e fala que até 2025 será o sexto a 
ocupar a posição em população de idosos, uma vez que, a expectativa de vida tem 
aumentado, até dobrado durante o século XX. 
Esses dados são de suma importância, pois envolvem a discussão e 
construção de políticas públicas, previdência social, assistência médica, por exemplo. 
Buscar alternativas para que o envelhecimento seja não só de abandono ou solidão, 
e sim, buscar programas específicos para essa faixa etária, coloca-se como um 
desafio para os governantes. 
Entende-se que velhice não somente é a disfunção motora, mas também se 
torna aparente o envelhecimento psíquico e físico do sujeito acarretando em várias 
formas o adoecimento do idoso. Em contrapartida, faz-se necessário falar também 
daquele idoso que não envelhece, o sujeito que, inconscientemente, não envelhece, 
pois se sabe que o inconsciente é atemporal, e assim, os idosos, em parte, acabam 
tendo uma vida normal, sem problemas de saúde, física ou psicologicamente falando. 
Assim, pode-se pensar que a figura social e cultural da velhice vem sendo 
construída diferentemente ao longo dos anos, pois a pessoa idosa era muito 
desvalorizada, rejeitada e que cumpria somente o destino biológico/ reprodutor. 
Dessa maneira, entendia-se que as escolhas e o destino eram arranjos das 
próprias pessoas e determinadas pelas influências infantis. 
Na questão cultural, verifica-se que os idosos têm mais condições de uma vida 
melhor nas sociedades ricas. Porém, existem outros fatores importantes a serem 
analisados. Uma sociedade em que a organização é complexa, por exemplo, o papel 
do idoso é diferenciado. 
O idoso tem um reconhecimento no que diz respeito à experiência. Contudo, 
para algumas pessoas, isso se torna desnecessário, pois acreditam que o idoso não 
tem mais razão. 
Se, para algumas culturas e, em outras formas de organização social, o 
suposto saber da experiência era um traço identificatório para o idoso, 
demarcando certo lugar social, hoje o suposto saber encontrase fora dele, 
nas faces diversas e irreconhecíveis do Outro, que dita as regras de 
 
12 
 
envelhecer bem ou, de modo geral, de não envelhecer. (MUCIDA, 2017; apud 
Roque Candice; 2017). 
A partir disso, o idoso tem um papel importante em algumas sociedades, sendo 
ele o suposto saber de experiências de vida, um saber a se aproveitar. Já em outras, 
esse saber não interessa, assim o idoso acaba por ser abandonado ou deixado de 
lado, não representando ou “agregando” nada nessas sociedades, uma vez que este 
não produz mais, o que nos dias de hoje é o que parece representar ser mais 
importante. 
O corpo real do idoso que se transforma marcado por uma imagem, imagem 
esta, que nem sempre é fácil de suportar. Portanto, na sequência, será tratado de 
assuntos que nos mostram um pouco sobre esse sujeito idoso, esse que envelhece 
somente a imagem real, mas que, inconscientemente não. Assuntos da ordem do 
sujeito em sua forma física, psíquica, biológica. 
3 O ENVELHECIMENTO É DIVIDIDO EM BIOLÓGICO E PSÍQUICO 
3.1 Envelhecimento biológico 
O envelhecimento biológico é implacável, ativo e irreversível, causando mais 
vulnerabilidade do organismo às agressões externas e internas. Existem evidências 
de que o processo de envelhecimento é de natureza multifatorial e dependente da 
programação genética e das alterações que ocorrem em nível celular-molecular. 
Pode haver, consequentemente, diminuição da capacidade funcional das áreas 
afetadas e sobrecarga dos mecanismos de controle homeostático, que passam a 
servir como substrato fisiológico para influência da idade na apresentação da doença, 
da resposta ao tratamento proposto e das complicações que se seguem. 
Os sinais de deficiências funcionais vão aparecendo de maneira discreta no 
decorrer da vida, sendo chamados de senescência, sem comprometer as relações e 
a gerência de decisões. Esse processo não pode ser considerado doença. Em 
condições basais, o idoso não apresentaalterações no funcionamento ao ser 
comparado com o jovem. 
A diferença manifesta-se nas situações nas quais se torna necessária a 
utilização das reservas homeostáticas, que, no idoso, são mais fracas. 
 
13 
 
Além disso, todos os órgãos ou sistemas envelhecem de forma diferenciada, 
tornando a variabilidade cada vez maior diante desse processo: EVELHECIMENTO = 
VULNERABILIDADE+ VARIABILIDADE + IRREVERSIBILIDADE. 
O sistema nervoso central (SNC), embora tenha evoluído filogeneticamente há 
milhões de anos, só recentemente adquiriu propriedades anatômicas e moleculares 
altamente especializadas. Os neurônios, unidades formadoras desse sistema, 
possuem estabilidade e estrutura, atributo este que é pré-requisito para a cognição. 
Essa propriedade torna o SNC apto ao acúmulo de informações do presente, à 
lembrança do passado e à formulação de novos conceitos. O SNC é incapaz de 
realizar reparos nas alterações morfológicas adquiridas com o envelhecimento. 
O envelhecimento cerebral normal evidencia, a partir da segunda década de 
vida, um declínio ponderal discreto, lento e progressivo, que culmina com a diminuição 
do seu volume. O estudo microscópico dos neurônios revela mudanças caracterizadas 
por: diminuição do RNA citoplasmático e da substância de Nissl, acúmulo de 
lipofuscina; depósito amiloide nos vasos sanguíneos e células e de placa senil; e, 
menos frequentemente, emaranhado neurofibrilar - característico da demência de 
Alzheimer, que pode, entretanto, ser observado em cérebros de idosos sem indícios 
de demência e que resulta em atrofia neuronal reduzindo a quantidade de células 
nervosas. 
 Essa perda celular não atinge as regiões corticais igualmente, pois neurônios 
da mesma região têm fenótipos moleculares únicos e, portanto, diferentes 
vulnerabilidades aos processos deletérios (córtex pré-frontal e é mais sensível às 
mudanças do envelhecimento). 
O envelhecimento normal associa-se, além das alterações microscópicas dos 
neurônios, a mudanças nos sistemas de neurotransmissores. Os sistemas 
dopaminérgicos e colinérgicos apresentam ações diminuídas. O declínio de memória 
não necessita, necessariamente, associar-se à lesão estrutural, podendo ocorrer 
devido à disfunção fisiológica e não à perda neuronal. 
O SNC, apesar de não ser capaz de recuperar seus neurônios, tem 
propriedades que podem diminuir o impacto das alterações do envelhecimento, como: 
redundância (existem muito mais neurônios no cérebro que o necessário); 
mecanismos compensadores (surgem em situações de lesão cerebral e são mais 
hábeis conforme o centro atingido); plasticidade (habilidade de neurônios maduros, 
 
14 
 
com sua rede de dendritos, desenvolverem e formarem novas sinapses, levando à 
formação de novos circuitos sinápticos). 
3.2 Aspectos neuropsicológicos do envelhecimento 
O desenvolvimento de estudos de Psicologia e psiquiátricos no idoso 
proporcionou mudança no paradigma do envelhecer psíquico. Durante a velhice, não 
é comum o aparecimento de alterações na funcionalidade mental do idoso, ou seja, 
os idosos saudáveis, sem limitações físicas, podem ser bastante produtivos. 
A definição de quais e como as funções psíquicas se modificam no decorrer 
dos anos permitiu a consideração de que o idoso não seja tratado como um ser 
limitado cognitivamente, mas que requer a adaptação de estímulos ambientais para 
possuir funcionalidade comparável à de adultos jovens. 
O conhecimento sobre o envelhecimento neuropsicológico ajuda a 
fundamentar as mudanças exigidas pela sociedade para que os idosos sejam 
adequadamente valorizados em nosso meio. 
O termo cognição corresponde à faixa de funcionamento intelectual humano, 
incluindo percepção, atenção, memória, raciocínio, tomada de decisões, solução de 
problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento. A grande 
dificuldade acerca do envelhecimento é o limite entre alterações cognitivas normais e 
patogênicas. 
O desenvolvimento do conhecimento sobre os vários tipos de demências, o 
avanço dos métodos de neuroimagem e estudos científicos apropriados permitiram o 
julgamento sobre o limite entre saúde e doença no idoso. Algumas das habilidades 
cognitivas se modificam em relação ao tempo, enquanto outras permanecem 
inalteradas. O conhecimento da evolução neuropsicológica permite aferir se alguma 
função cognitiva prejudicada significa doença. 
As habilidades que sofrem declínio com a idade são: memória de trabalho, 
velocidade de pensamento e habilidades visuoespaciais, enquanto as que se mantêm 
inalteradas são: inteligência verbal, atenção básica, habilidade de cálculo e a maioria 
das habilidades de linguagem. 
 
 
15 
 
As repercussões funcionais do envelhecimento fisiológico (senescência) do 
SNC são controversas e não afetam significativamente as funções cognitivas. 
Observa-se redução de: peso do encéfalo (10%), fluxo sanguíneo cerebral (15-20%), 
volume ventricular exavacuo, número de neurônios e depósito neuronal de 
liposfuscina. Surgem degeneração vascular amiloide, placas senis e degeneração 
neurofibrilar com comprometimento da neurotransmissão dopaminérgica e 
colinérgica, e lentificação da velocidade da condução nervosa. As regiões mais 
sensíveis às alterações do envelhecimento localizam-se no lobo frontal e, 
possivelmente, no lobo temporal medial. As alterações dos órgãos dos sentidos 
(visão, audição, etc.) dificultam o acesso às informações e o aprendizado. 
O lobo frontal não apresenta mudanças na sua porção ventromedial, 
responsável pela regulação do comportamento social e emocional. A porção 
dorsolateral da região pré-frontal, entretanto, possui alterações anatômicas e 
funcionais mais proeminentes, percebidas em sua dificuldade aumentada na 
realização de tarefas dependentes da função executiva e da memória de trabalho. Há 
mais comprometimento na atenção (registro) e resgate das informações previamente 
estocadas, tarefas dependentes da memória de trabalho e também na consolidação 
de informações recentes (memória episódica recente, por exemplo, localização de 
objetos, recados, etc.). Não há alteração da memória semântica. 
Observam-se, clinicamente, lentificação no processamento cognitivo, redução 
da atenção (déficit atentivo), mais dificuldade no resgate das informações aprendidas 
(memória de trabalho) e redução da memória prospectiva (“lembrar-se de lembrar”) e 
da memória contextual (dificuldades com detalhes). 
As informações estocadas (memória de longo prazo intermediária e remota) 
não são afetadas, e sim a análise e comparação (memória de trabalho) das 
informações que chegam constantemente ao cérebro, com as memórias explícitas e 
implícitas estocadas no neocórtex posterior. 
Essas alterações não trazem prejuízo significativo na execução das tarefas do 
cotidiano, não promovem limitação das atividades, nem restrição da participação 
social. A influência do tempo sobre a cognição também amplifica as diferenças entre 
os sexos, isto é, os homens mais velhos mostram mais facilidades nos cálculos 
matemáticos, enquanto as mulheres nas habilidades executivas. 
 
16 
 
O processo de atenção representa grupo complexo de comportamentos, em 
que o indivíduo pode selecionar informações e ignorar outras; sustentar a 
concentração em uma informação por um período de tempo; dividir a atenção entre 
dois ou mais aspectos ao mesmo tempo; e mudar o foco da atenção quando for 
necessário. A capacidade do idoso de dividir atenção entre vários estímulos para 
apreender uma situação é extremamente prejudicada. Outras funções da atenção não 
se modificam com o envelhecer. 
Função executiva se refere à capacidade de resolução de problemas, 
planejamento, inibição de resposta, abstração, processamento de informações. As 
capacidades cristalizadas ou os conhecimentos adquiridos no curso do processo de 
socialização tendem a permanecer estáveis. As capacidades fluidas, isto é, envolvidas 
na soluçãode novos problemas, tendem a declinar gradualmente. 
A velocidade na qual a informação é processada representa a alteração mais 
evidente do idoso. A lentidão cognitiva influencia todas as outras funções e pode ser 
responsável pelo déficit cognitivo em idosos. A lentidão no processamento de 
informações é observada em idosos em sua dificuldade em compreender textos, 
necessidade de explicações mais ricas e extensas e de mais tempo para executar 
cálculos. 
A presbiacusia prejudica a compreensão da fala, entretanto, o déficit periférico 
pode ser compensado pelos recursos e experiências cognitivas. O vocabulário e 
expressão verbal podem aumentar durante a vida toda. A linguagem espontânea pode 
se tornar menos precisa e mais repetitiva com o passar do tempo. 
A capacidade dos idosos em reconhecerem formas, objetos, dimensões e a 
distância não é prejudicada quando avaliada de forma simples. Os idosos, quando 
avaliados em testes mais complexos, entretanto, apresentam habilidades 
visuoespaciais e visuoperceptivas inferiores às dos de jovens. 
3.3 Aspectos gerais do envelhecimento 
A senescência é o processo natural do envelhecimento, o qual compromete 
progressivamente aspectos físicos e cognitivos. Segundo a OMS, a terceira idade tem 
início entre os 60 e 65 anos. No entanto, esta é uma idade instituída para efeitos de 
 
17 
 
pesquisa, já que o processo de envelhecimento depende de três classes de fatores 
principais: biológicos, psíquicos e sociais. 
 São estes fatores que podem preconizar a velhice, acelerando ou retardando 
o aparecimento e a instalação de doenças e de sintomas característicos da idade 
madura. 
O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas funções 
orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o 
organismo, fazendo com que o mesmo perca a capacidade de manter o equilíbrio 
homeostático e que todas as funções fisiológicas gradualmente comecem a declinar. 
Tais alterações têm por característica principal a diminuição progressiva da reserva 
funcional. 
 Ou seja, um organismo envelhecido, em condições normais, poderá 
sobreviver adequadamente, porém, quando submetido a situações de stress 
físico, emocional, etc., pode apresentar dificuldades em manter sua 
homeostase e, desta forma, manifestar sobrecarga funcional, a qual pode 
culminar em processos patológicos, uma vez que há o comprometimento dos 
sistemas endócrino, nervoso e imunológico (Firmino, 2006 apud Gomes 
Cancela 2007). 
O envelhecimento do ponto de vista fisiológico depende significativamente do 
estilo de vida que a pessoa assume desde a infância ou adolescência. O organismo 
envelhece como um todo, enquanto que os seus órgãos, tecidos, células e estruturas 
subcelulares têm envelhecimentos diferenciados. 
Com o envelhecimento, ocorrem alterações de vários aspectos 
perceptíveis do organismo. Destacam-se a: 
 Diminuição do fluxo sanguíneo para os rins, fígado e o cérebro; 
 Diminuição da capacidade dos rins para eliminar toxinas e 
medicamentos; 
 Diminuição da capacidade do fígado para eliminar toxinas e metabolizar 
a maioria dos medicamentos; 
 Diminuição da frequência cardíaca máxima, mas sem alteração da 
frequência cardíaca em repouso; 
 Diminuição do débito cardíaco (saída de sangue do coração) máximo; 
 Diminuição da tolerância à glicose; 
 Diminuição da capacidade pulmonar de mobilização do ar; 
 
18 
 
 Aumento da quantidade de ar retido nos pulmões depois de uma 
expiração; 
 Diminuição da função celular de combate às infecções; 
4 O ENVELHECIMENTO E AS SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES 
Fonte: fef.unicamp.br 
O envelhecimento perceptivo é muito diferenciado. Algumas modalidades 
sensoriais, como o olfato, o gosto ou a cinestesia, são pouco afetadas pela idade, ao 
passo que outras, como a audição, a visão e o equilíbrio, são gravemente afetadas. 
De todas estas modalidades perceptivas, o envelhecimento afeta de forma mais 
significativa o equilíbrio, audição e visão, sendo que isto acarreta consequências 
importante, e por vezes graves, a nível psicológico e social. 
Por outro lado, os défices sensoriais de natureza auditiva e visual parecem 
causas importantes de declínio geral no funcionamento das atividades intelectuais 
(Fontaine, 2000). 
4.1 Envelhecimento psicológico 
O envelhecimento psíquico ou amadurecimento não é naturalmente 
progressivo nem ocorre inexoravelmente, como efeito da passagem de tempo. 
Depende também da passagem do tempo, mas, sobretudo, do esforço pessoal 
contínuo na busca do autoconhecimento e do sentido da vida. 
O autoconhecimento, o estudo da estrutura e dinâmica do psiquismo e a 
superação dos conflitos do cotidiano são indispensáveis para que se possa atingir a 
independência psíquica, condição indispensável para a sabedoria. 
 
19 
 
 O amadurecimento é conquista individual e se traduz pela modificação dos 
valores de vida ou pela aquisição da consciência (para que vivemos?). “Só é 
consciente a pessoa que se conhece, que conhece os reais motivos do seu viver, sua 
capacidade de controle desses motivos e de organização desse controle”. É a 
personalização do indivíduo, harmonizando-o consigo mesmo e com o mundo. 
 (Figura 1). Envelhecimento psíquico 
 
Fonte: observatorionacionaldoidoso.id 
Com o envelhecimento psíquico há, portanto, redução da vulnerabilidade. A 
pessoa idosa torna-se suficientemente sábia para aceitar a realidade, tolerar a dor ou 
a perda da independência biológica, pois seus dispositivos de segurança são cada 
vez mais eficazes na relação com o mundo. É a liberdade plena ou independência 
psíquica, pois compreende o sentido da vida (para quê). Os valores que regem a sua 
vida (filosofia de vida) são cada vez mais elevados, racionais, inteligentes, enfim, 
conscientes. 
O idoso “entrega-se à existência com a pureza das crianças, mas sem a sua 
ingenuidade, com o vigor do adolescente, mas sem a sua pugnacidade, com a 
sensatez do homem maduro, mas sem o seu orgulho. Torna-se cidadão do Universo 
com a astúcia da raposa e a malícia da serpente, o que faz dele um sábio”. 
 
20 
 
A vida é uma grande viagem em busca da máxima felicidade ou êxtase místico. 
Para tanto, faz-se necessário o aproveitamento de todas as fases da vida, superando-
se os conflitos inerentes a cada ciclo, na busca de um equilíbrio cada vez maior. 
(Quadro 1). 
Ciclos da vida 
 
Fonte: observatorionacionaldoidoso.id 
A infância psíquica é a fase inicial de preparação para a vida, na qual o 
indivíduo começa a se criar, isto é, instruir, disciplinar. Tem início no nascimento e 
perdura até os 12 anos, quando, usualmente, ocorre a instalação da sexualidade 
genital, com a primeira menstruação da menina e a primeira ejaculação do menino. 
Inicialmente, o comportamento da criança é regido pelo instinto (zero a nove meses), 
pois não se pode falar ainda em inteligência, que é a capacidade de resolver os 
problemas, nem em consciência, que é a compreensão do sentido da conduta 
(conhecimento da finalidade). 
É a fase de máxima dependência física e psíquica do indivíduo. Com o 
desenvolvimento, a criança alcança níveis mais sofisticados de percepção e atuação 
no mundo, passando pela angústia (zero a nove meses), medo (nove a 18 meses), 
obsessão (18 meses a três anos), farsa (três a seis anos) e praticidade (seis a 12 
anos), quando surge a razão e a criança adquire a capacidade de reflexão. 
O indivíduo vai se tornando cada vez mais independente do adulto, capaz de 
atuar no mundo de forma prática ou ponderada. É capaz de compreender o que 
ocorreu para as coisas serem como estão sendo e o que ocorreria se o que foi feito 
pudesse ser desfeito e outra conduta tivesse tido lugar. 
 
21 
 
Está, assim, preparada a base sobre a qual vai assentar-se a construção 
progressiva do ser humano, que visa sempre a assimilar o mundo exterior, conquistar 
as coisas e a si próprio. Tem início, então, a adolescência(12 a 18 anos), quando o 
indivíduo se encontra no auge da preparação para a existência. 
 Dois eventos modificam radicalmente a vida da criança, a puberdade e o 
raciocínio abstrato. Aos poucos, vai-se avolumando todo um caudal de modificações 
interiores, que deflagra uma série de atitudes novas, inusitadas, trazendo 
perplexidade para o indivíduo e para aqueles que o rodeiam. 
 A criança latente, aparentemente equilibrada e madura (ser prático), torna-se 
um ser fisicamente desproporcional e com atitudes psíquicas desproporcionais aos 
eventos. A pré-adolescência (12 aos 15 anos) vive, mais uma vez, a angústia do 
desconhecido, sente fobia do seu novo corpo, raiva da liberdade e histeria do 
chamamento de papéis que não sabe ainda representar. 
Capaz de abstração, começa a questionar filosoficamente as diretrizes de vida 
que lhe vinham sendo impostas desde sempre. Ele retoma a dúvida do obsessivo, já 
agora pondo em questão não apenas os hábitos culturais, mas também, e 
principalmente, posições políticas, religiosas e filosóficas, em geral. Revolta-se contra 
a dependência infantil primitiva. Em seguida, na adolescência propriamente dita (15 a 
18 anos), vive um período de acomodação e relativa acalmia. 
Procura considerar, sob um novo ângulo, sua sensação de angústia diante do 
desconhecido. Percebe que nem sempre os argumentos aguerridos levam ao 
resultado desejado. Percebe a sua independência psíquica, mas reconhece a sua 
dependência afetiva. Buscando a solução dos conflitos em um clima de reflexão sobre 
a noção da existência de uma mecânica da vida, passa a suspeitar da possibilidade 
de que essa mecânica tenha mais amplitude do que imaginava e obedeça a um 
direcionamento preestabelecido. 
Necessita, ainda, de muitas informações sobre a vida, principalmente sobre as 
regras do amor em geral. Percebe mais claramente que o bem e o mal podem ser 
complementares e que há uma “engrenagem” mais capaz de explicar as contradições 
da vida. Está, assim, consolidada a base sobre a qual se vinha assentando a 
construção progressiva do ser humano, que visa sempre a assimilar o mundo exterior, 
conquistar as coisas e a si próprio. 
 
22 
 
O período seguinte é o da adultez. A adultez é o período de realização da vida, 
em que o indivíduo adquire cada vez mais equilíbrio, atingindo estabilidade duradoura, 
propiciando o mergulho em profundidade que leva ao alargamento da consciência de 
si e de si mesmo no mundo. 
 As etapas do período adulto são a adultez jovem (18 aos 30 anos), a adultez 
propriamente dita (30 aos 60 anos) e a adultez velha (acima de 60 anos). Adulto é o 
ser humano que se encontra preparado para existir. 
O indivíduo necessita, cada vez mais, para sobreviver, conhecer e se conhecer. 
O adulto jovem (18 aos 30 anos) é aquele que completa e efetiva os seus movimentos 
no sentido de garantir a sua sobrevivência e compreende as atitudes adequadas para 
atingir os seus fins. Tais fins incluem, necessariamente, os interesses da coletividade 
à qual está insofismavelmente ligado. 
Constata que não adianta tentar convencer as pessoas das suas verdades se 
elas não forem capazes de desenvolver conceitos próprios sobre o que se deseja que 
elas compreendam. É independente física e psiquicamente, sendo, assim, capaz de 
amar, devotar-se, sem criar problemas, sem deixar-se levar pelos conflitos inerentes 
às idades anteriores. Surge o interesse fraterno, em busca do bem comum. 
O adulto propriamente dito é aquele que, garantida sua sobrevivência, vive com 
mais empenho a busca pela compreensão, organização e interiorização, no sentido 
de cada vez mais personalização. Capaz de entender o mecanismo único que controla 
a “engrenagem” da vida e a lei geral que rege o movimento do universo como um todo, 
passa a suspeitar de que as percepções são ilusões que o afastam da verdade, do 
mergulho na visão direta no absoluto. 
Compreende a necessidade de adequar sua dependência afetiva aos 
interesses da humanidade como um todo. O amor retoma o seu ápice no sentido de 
ampliar seus benefícios além das fronteiras dos grupos dos quais participa. Pode ele 
experimentar o amor humanístico, sabendo que, sendo compreendido ou não, 
recebendo retribuição ou não, sua afetividade só se satisfaz na sua devoção ao bem-
estar de todos os seus semelhantes. Sabe que não é o centro estático do mundo, mas 
fator na sua evolução. 
Percebe que o seu conhecimento não pode abarcar a verdade em si, mas 
apenas a do observador que é. Seu estilo de vida estando definido, participa, a seu 
 
23 
 
modo, do processo evolutivo, seu e dos grupos dos quais é membro, sempre em 
direção à integração pessoal e coletiva. 
A adultez velha (acima de 60 anos) ou velhice é a grande fase da vida, na qual 
o indivíduo, agora pessoa, atinge o grau máximo de compreensão do mistério da vida 
(consciência do absoluto) e do seu papel na unificação do universo. 
 Vive a liberdade plena, permitindo-lhe compreender o lugar e a parte que 
cabem ao mal em um mundo em evolução. 
 O sentido ético da sua existência permite a superação dos preconceitos e a 
participação ativa na evolução das pessoas e dos grupos aos quais esteja ligado. Está, 
assim, cumprido o destino do ser humano adulto, cuja fé em si mesmo e no destino 
do mundo o faz viver em um permanente comungar e servir 
4.2 O envelhecimento nos diferentes aspectos 
São vários os fatores do envelhecimento do ser humano, e eles apontam para 
as perdas, sexualidade, mudanças físicas entre outros. Questões pertinentes a serem 
discutidas no que se refere aos diferentes aspectos que refletem no envelhecimento 
e, a partir desse estudo pode-se situar algumas. 
Papalia (2012) explica que as mudanças físicas que estão associadas ao 
envelhecimento, afetam mais algumas pessoas do que outras. Aqui fala-se sobre: a 
mudança na pele, palidez, elasticidade, gordura e músculos encolhem, cabelos 
branqueiam e ficam mais finos, os pelos do corpo que diminuem. Também ocorre a 
diminuição do tamanho devido ao atrofiamento dos discos entre as vértebras da 
espinha, pode ocorrer ainda afinamento dos ossos. 
Devido ao avanço e velocidade do desenvolvimento da evolução das 
tecnologias, Messina (2004) diz que realmente há uma idade cronológica para 
considerar o envelhecimento e de que forma os idosos se sobressaem nessa 
velocidade contemporânea. 
 Visto que, presencia-se uma era global onde vivemos à mercê de muitas 
formas para não envelhecer à imagem que o outro vê, de introduzir na vida do idoso 
a era digital. 
Vivenciamos hoje uma realidade em que impera a ausência do estado do bem-
estar social em nosso cotidiano, que produz um esvaziamento, bem como a falência 
 
24 
 
de nossas instituições em nome de um neoliberalismo que, na verdade, só produz a 
desigualdade, a exclusão, a violência, sem falar no empobrecimento do pensamento. 
(MESSINA, 2004,). 
Uma questão bastante relevante é o que apresenta Monteiro (2004), o qual 
assegura que tudo tem um começo e um fim, assim como as mudanças que 
acontecem nos sujeitos. Numa mesma perspectiva, Amendoeira (2004) afirma que os 
sujeitos sofrem transformações físicas, psicológicas e afetivas, e que o 
envelhecimento é uma etapa de evolução. 
As mudanças orgânicas são significativas no processo do envelhecimento e 
que são variáveis entre os idosos. Em alguns há o declínio rápido destas, em outros, 
pouco se observam. Ocorre um enfraquecimento da função imunológico devido ao 
estresse crônico, ao ponto que podem ficar mais suscetíveis às infecções 
respiratórias. 
O ritmo do coração torna-se mais lento, irregular e a pressão arterial tende a 
aumentar. Mas isso não impede de que os idosos tenham uma vida normal segundo 
Papalia (2012). 
Na mesma linha de pensamento, Caradec (2014) tradução por Marques e, 
aponta que o orgânico remete à saúde e às capacidades físicas, as limitações e 
doenças que são consideradas como sinais do envelhecimento.As funções sensoriais e psicomotoras também variam de pessoa para pessoa, 
alguns mantêm as funções ágeis, outras nem tanto. Essa diminuição das funções 
tende a ser maior em idosos mais avançados. 
 A visão e audição onde se percebe uma maior perda, pois, na visão, os olhos 
dos idosos precisam de mais luminosidade, assim, problema de visão pode ser um 
pontapé para acidentes e quedas. Já na audição, a perda da mesma é bastante 
significativa causando um mal-estar já que a pessoa não entende o que os outros 
falam. Assim, para Papalia (2012) faz-se necessário uma mudança no ambiente desse 
idoso que sofre com esse tipo de disfunção. 
O sono já não é mais o mesmo, as pessoas idosas dormem menos e acordam 
mais facilmente em razão dos problemas físicos. 
 
 
 
25 
 
Os distúrbios do sono devem ser tratados e, quando não são tratados, eles 
podem ser um princípio de depressão de acordo com Papalia (2012). Assim, o sujeito 
vem a ter consequências que o afetam além do dormir, mas que vem a prejudicar o 
corpo como um todo. 
Assim, como as questões do corpo físico são facilmente detectadas na velhice, 
a questão da sexualidade ainda é um tabu, onde os idosos acabam por serem vistos 
como assexuados. Mas, ao contrário disso, eles mantêm uma vida sexual ativa. 
A realidade do inconsciente é a realidade sexual; é o fantasma que estrutura 
a relação do sujeito com seu objeto de desejo e o sustenta como desejante; 
o sujeito “se sustenta como desejante em relação a um conjunto significante 
cada vez mais complexo”. Não é a idade que determina a ausência do desejo 
e, muito menos, a ausência ou a presença de relações sexuais, mesmo que 
estas possam ser inscritas na velhice sob tecidos diferentes daqueles 
encontrados na adolescência, nos quais computar os orgasmos é uma forma 
usual. A sexualidade do idoso pode encontrar caminhos inéditos nos quais o 
desejo, que não morre, encontra outras maneiras de inscrição. (MUCIDA, 
2017, apud Roque Candice; 2017). 
Assim, os idosos buscam uma forma de satisfação particular e, quando há 
reconhecimento da satisfação ela passa a ser saudável e normal. A satisfação, ou 
seja, desejo e libido não têm idade. Dessa forma, a sexualidade adulta é também a 
infantil, ela se representa durante toda a vida do sujeito, em que as pulsões parciais 
são marcadas, já que não existe uma pulsão genital para unir os dois sexos. 
Entende-se, portanto, que a sexualidade está presente igualmente a todos os 
sujeitos, desde criança até adultos. Ela se apresenta pela relação dos sujeitos com 
seu objeto de desejo, conforme Mucida (2017). 
A sexualidade na velhice segundo Gabbay (2004), não era vista, e sim se 
imaginava o idoso como um ser assexuado, aquele ser bondoso, sereno, assim 
correspondendo a um recalque da sexualidade idosa. E isso para a psicologia significa 
destituir o sujeito da sua condição de desejante. 
Nesta mesma perspectiva, Viorst (2005) pontua que as pessoas, ainda pensam 
que o idoso não sente desejo sexual sendo inconveniente para essa etapa da vida. 
Porém, ao contrário do que se pensa, os idosos não são assexuados. 
 
 
 
 
26 
 
Na mesma linha, Monteiro (2004) aponta que a sexualidade e afetividade estão 
articuladas aos conceitos de troca e relação, e trata do sujeito como um ser desejante. 
 A mesma autora ainda aborda que a libido e a energia psíquica se manifestam 
nas formas: sexuais, afetivas, lúdicas, entre outras. Essas manifestações necessitam 
ser vivenciadas. 
Essa sexualidade será então conduzida como o sujeito melhor se identificar. 
Mas, não se pode deixar de pontuar que o idoso acaba sofrendo modificações 
corporais, e essas mudanças podem trazer algumas sensações de perdas, seja pela 
falta de sensibilidade ao tocar o outro, pela diminuição da libido, ereção, entre outras 
perdas, atribuindo um trabalho de luto e aceitamento dessa condição. 
Neste sentido, pode-se falar da menopausa que conforme Mucida (2017) relata, 
para as mulheres pode ser a perda fálica e para outras representa a possibilidade de 
vivência da sexualidade. 
 Nos homens também existem mudanças, algumas hormonais, outras pela 
ilusão de manter a virilidade. Em todas as fases da vida, o sujeito passa por perdas 
de várias formas e tipos. 
Peres (2004) afirma que, o idoso, com características de perdas, transcorre por 
um período bastante delicado e que, às vezes, ela se inscreve em resposta a esse 
sofrimento como um luto, pois pode ser uma perda significativa para esse sujeito. 
Ademais, se o envelhecimento se caracteriza pelo período de perdas, Gabbay 
(2004) apresenta que a pessoa idosa necessitaria de um forte narcisismo para 
atravessar esse período de provocações. A angústia, apaziguamento, reações que 
cercam o idoso, é o quadro mais comum encontrado nas clínicas onde existe a procura 
de idosos para a terapia. 
Todavia, percebe-se que os idosos não buscam ajuda para tratar seus 
problemas e que, muitas vezes, a família, seu cuidador (a), pessoas fora do meio do 
convívio, não fazem questão de que o mesmo vá atrás de ajuda, não tendo a 
percepção que esse sujeito necessita de um acompanhamento de profissionais que 
façam a escuta. Mas, em outra direção Gabbay (2004), aborda que para o adulto que 
está na fase do envelhecimento, deve se dar o direito de falar, e assim, o apoio familiar 
torna-se imprescindível para que a escuta dessa pessoa seja feita. 
 
 
27 
 
Os dispositivos legais admitem que, nos dias atuais a responsabilidade sobre 
o idoso é da família, sociedade e do Estado. A família é com ajuda do estado a 
principal responsável. Porém, às vezes, ao invés da pessoa idosa estar segura, 
muitas vezes, o cenário é outro, sendo de inúmeros tipos de violência contra essa 
pessoa que hoje depende deles. 
Assim também acontece não somente no ambiente familiar, mas também na 
sociedade em geral e que acabam cometendo uma violação e, muitas vezes, a 
rejeição ao idoso. Conforme Lopes e Goldfarb (2009), as primeiras pessoas que o ser 
humano se relaciona são os membros da família. Assim, ao perceber que era 
necessário para sua sobrevivência o contato com o outro, o homem passou a constituir 
família e o trabalho passou a ser o primeiro colaborador na comunidade. 
Tem-se a partir disso, uma visão de que o amor é quem dá origem à família, 
esse amor não só de homem e mulher, mas o amor de pais, filhos, irmãos. Um amor 
que deixa de ser somente sexual e sim afetivo. Sendo assim, as autoras descrevem 
que a função de transmissão psíquica é exercida pela família, e é ela quem faz os 
investimentos, garantindo uma transmissão intersubjetiva. Mas, devido às grandes 
mudanças na sociedade, em que nos surpreendem os novos modelos de famílias, 
onde se encontram muitas instabilidades de vínculos, deve-se pensar o valor do 
legado geracional. 
Essas transmissões se apresentam em duas formas: uma como identificação – 
identificação essa aos modelos parentais; e outra, na forma de transmissões culturais 
que é aquela constituída pelas gerações anteriores. É, portanto, a partir das estruturas 
familiares que se regulam as gerações. 
A família como intermediadora privilegiada para a constituição da vida psíquica 
e a transmissão geracional atua então em dois eixos: um eixo horizontal que oferece 
o apoio necessário através das identificações com seus semelhantes e um eixo 
vertical que inscreve o sujeito no movimento histórico das várias gerações de sua 
família. (GOLDFARB; LOPES, 2009). Essa família atual está em desordem, há 
confusão com os papéis, valores, autoridades, instabilidades de laços. Ao mesmo 
tempo surge também uma nova formação social de afinidade. 
 
 
 
28 
 
E esses novos sujeitos se modificam através do tempo. Dentro deste contexto 
de mudanças, e devido às tantas demandas do mundo atual, as famílias acabam 
levando idosos para lares, ou asilos, onde ali eles acabam por ser medicados e 
entrando numa rotina, e com esse excesso de medicaçãopara acalmar a pessoa que, 
insistentemente, não quer se calar, forçando ao esquecimento das suas lembranças, 
hábitos, gostos, escolhas, ficando alienados ao mundo dos lares de idosos onde foram 
submetidos pela família. 
Dessa forma, essa situação desencadeia uma diversidade de sintomas nesse 
sujeito, conforme Goldfarb (2009) e Lopes (2009). 
No entendimento desses autores relacionados acima, a família já não dá mais 
importância para o idoso, diferentemente do que o idoso diz essa família corresponder 
para si. As gerações mais jovens buscam pessoas da mesma idade para fazer 
vínculos sociais, todavia, esse idoso aguarda a visita dos seus familiares. 
 Contudo, considera-se para que as pessoas idosas desfrutem de um bem-
estar psíquico emocional façam amizades, vizinhos, e boa relação com a família que 
é primordial, pois é ela que faz a identificação com o espaço social. 
É através da estrutura familiar que o idoso pode se transformar num ser 
desenvolvido. Esse papel estruturado do idoso sofre alterações, ele perdeu o 
protagonismo, que é o lugar que o idoso amarra os sentimentos. Por conseguinte, 
entra-se na questão do mal-estar do idoso perante as faltas que se sobrepõem perante 
sua pessoa. 
Com tantas questões que surgem através dessa etapa do envelhecer, 
encontra-se a perda como algo sumamente importante para o idoso. Por isto, busca-
se entender as questões do luto, depressão, neste período de vida do ciclo vital. 
O homem sofre com o corpo que está em metamorfose. Esse corpo é aquele 
que sofre ao visualizar sua própria imagem frente ao espelho. A satisfação e 
reconhecimento que buscava nessa imagem já não são as mesmas, explica Peres 
(2004), que diferentemente da criança que se reconhece a partir do espelho, o idoso 
já não tem mais esse reconhecimento. 
É aí que a mesma autora discute que essa falta de identificação entre passado 
e presente pode tornar-se insuportável perante as tantas transformações que o corpo 
sofreu. 
 
29 
 
A partir dessa experiência que a pessoa idosa vivencia, algumas 
consequências são inevitáveis, como: perda de confiança, sentimento de inutilidade, 
desânimo. Desta forma, Peres explica que “e se o idoso não aceita o envelhecimento, 
envergonha-se de seu corpo, evita o espelho que lhe devolve o corpo flácido, rugas, 
olhos encovados, ou seja, a imagem com que não quer conviver”. (PERES, 2004). 
O idoso então busca uma forma de sair de cena, onde o luto é a resposta para 
essa perda gigantesca no seu ponto de vista. Essa visão é de pessoa para pessoa. 
Como explicita Peres (2004), este sujeito precisa de energia psíquica para elaborar 
esse luto, e cada sujeito tem um tempo próprio. 
Essas perdas de funcionalidade trazem muitas ansiedades, e como 
Amendoeira (2004) revela, sente-se o corpo como estranho e isso está vinculado ao 
desejo que continua inserido, mas que o corpo não corresponde mais como mediador 
da satisfação. 
A imagem do idoso que para muitas pessoas é uma imagem de uma pessoa 
que não produz mais e muitos idosos acabam sofrendo ao se depararem com essa 
situação, uma vez que, essa imagem vai trazer questões e interrogações, 
principalmente, quando vem da ordem do trabalhar, isso poderá ser uma alavanca 
para o sentimento de desprezo pelo fato de que o idoso é visto como aquele que não 
produz e não se mantém. 
 Compreende-se que o trabalho é um vinculador social, e para a pessoa idosa 
ele pode ser um aliado quando de problemas psicossomáticos na vida social. Além 
disso, ele tem o papel fundamental de identidade, diferenciando-se ainda entre 
importância para o homem e para a mulher. 
Viorst (2005) destaca que, a aposentadoria precoce pode trazer vivências 
antigas que foram grandes temores e que já causaram muito sofrimento. Por 
isso, a aposentadoria deve ser bem elaborada ao sujeito idoso, para que não 
absorva as energias desse ser. A mesma autora ainda enfoca que: 
É mais fácil envelhecer quando não somos entediados nem tediosos, quando 
temos interesses por pessoas e projetos, quando temos o espírito aberto, 
flexível e maduro o bastante para nos submeter, quando necessário, às 
perdas imutáveis. O processo começado na infância, de amar e deixar partir 
pode nos preparar para essas perdas finais. Mas privados, pela idade, de 
alguma coisa que amamos em nós mesmos, podemos descobrir que o 
envelhecimento exige uma capacidade para aquilo que chamamos 
“transcendência do ego”. (VIORST, 2005 apud Roque Candice; 2017). 
 
30 
 
A transcendência do ego diz respeito ao Eu real, aquilo que o idoso pode sentir 
através do outro, permitindo a conexão para o futuro através dos outros. Essa 
transcendência dá a ideia de mortalidade. Uma forma de estabelecer um traço 
intelectual ou material, podendo ser físico, espiritual. 
É uma construção do enfrentamento do sofrimento ou perda de si, conforme 
afirma Viorst (2005). Assim, o idoso projetará no próximo àquilo que tem necessidade 
e vontade de vivenciar. 
4.3 Envelhecimento psicológico e social 
Cançado e Horta (2002) não encontram dificuldade para relacionar deficiências 
cognitivas associadas ao envelhecimento com deficiências colinérgicas. 
O envelhecimento normal reúne um declínio gradual nas funções cognitivas 
(CANINEU E BASTOS, 2002). A capacidade intelectual do indivíduo idoso pode ser 
mantida sem dano cerebral até os 80 anos. No entanto, dificuldades de aprendizagens 
e esquecimento sem importância podem ser incluídos, juntamente com algumas 
alterações subtis que normalmente ocorrem em idosos com idade até 70 anos 
(CANÇADO E HORTA, 2002). 
Para Shephard (2003) dificuldades com a cognição, aprendizagem de novas 
tarefas e memória de curto prazo são devido ao envelhecimento do cérebro. 
Shephard (2003) expressa que “o ritmo de aprendizado torna-se mais lento em 
uma pessoa idosa e uma abordagem mais simples leva a uma redução no 
aprendizado dos elementos periféricos de uma tarefa. E a extensão da perda funcional 
pode ser ilustrada por mensurações, tais com o desempenho de grandes mestres de 
xadrez, que comumente atingem o seu máximo por volta dos 35 anos. ” 
Dificuldades para recordar nomes, números de telefones e objetos guardados 
são as recordações de memória que mais chamam a atenção das pessoas idosas, 
pois estas temem que as perdas possam evoluir para um possível quadro demencial 
(CANINEU E BASTOS, 2002). 
O declínio cognitivo com o envelhecimento varia quanto ao início e progressão, 
pois depende de fatores como educações, saúde, personalidade, nível intelectual 
global, capacidade mental específica, entre outros. 
 
31 
 
Para Zimerman (2000), o ser humano apresenta uma série de mudanças 
psicológicas com o envelhecimento, as quais resultam da dificuldade de adaptações 
a novos papéis sociais, falta de motivações, baixa-estima, autoimagem baixa, 
dificuldade de mudanças rápidas, perdas orgânicas e afetivas, suicídios, 
somatizações, paranoia, hipocondria, depressão. 
Assis (2004) afirma que a prática regular de exercício físico no idoso contribui 
para o controle da depressão e diminuição da ansiedade, possibilitando a esta maior 
familiaridade com o seu corpo e funções. 
Desta maneira, a atividade física em qualquer idade pode reduzir os riscos de 
depressão e declínio cognitivo (SPIRDUSO E CRONIN, 2001). 
Na perspectiva de Cress et al. (1999), idosos que ao longo da vida se mantêm 
ativo apresentam ganhos para a sua saúde, beneficiando-se com melhoras no campo 
do bem-estar psicológico e da qualidade de vida. 
Motta (2004) afirma que o envelhecimento é reflexo de inter-relações sociais e 
individuais, oriundas da educações, trabalho e experiência de vida. A cada idade a 
sociedade determina certas funções, adequando o indivíduo a certos papéis sociais 
(estudante, marido, trabalhador, aposentado, etc.) que este deve desempenhar. 
Já na compreensão de Zimerman (2000), o envelhecimento social da 
população modifica o status do idoso e a sua formade se relacionar com as 
pessoas. Estas modificações ocorrem em função de uma: 
 Crise de identidade – perda da autoestima, ocasionada pela ausência 
de papel social; 
 Mudanças de papéis – adequações a novos papéis decorrentes do 
aumento do seu tempo de vida. Essas mudanças ocorrem no trabalho, 
na família e na sociedade; 
 Aposentadoria (reforma) – os idosos devem estar preparados para não 
ficarem isolados, deprimidos e sem rumo; 
 Perdas diversas – aqui se incluem perdas no campo aquisitivo, na 
autonomia, na independência, no poder de decisão, e na perda de 
parentes e amigos; e 
 Diminuição dos contatos sociais – esta redução decorre de suas 
possibilidades. 
 
32 
 
Teixeira (2004) reputa como uma das maiores dificuldades que acompanham 
o idoso a angústia relacionada com os processos de prejuízos e declínio físicos, e das 
reflexões sobre a própria vida acerca da própria morte. 
Zimerman (2000) pensa que, ao envelhecer, é necessário aprender um estilo 
de vida novo, com o único objetivo de promover a minimizações das perdas que estes 
idosos apresentam na sociedade. 
Para Assis e Araújo (2004), as mudanças fisiológicas do envelhecimento, 
combinadas com a inatividade física, ocasionam processos patológicos que podem 
levar o idoso a uma perda progressiva de autonomia e independência. 
Assim, idosos que se mantêm ativo ao longo da vida apresentam ganhos na 
saúde, com maior autonomia e independência (CRESS ET AL., 1999). 
Na compreensão de Shephard (2003), atividades físicas regulares além de 
influenciar beneficamente as capacidades funcionais e a qualidade de vida do 
indivíduo, também influenciam a saúde mental dos idosos. 
Este mesmo autor constata que a atividade física regular pode aumentar de 6 
a 10 anos a expectativa de vida, aliada à qualidade. Assim, aumento na qualidade de 
vida refletirá também maior bem-estar, melhor autoestima, sensações de auto 
eficácia, redução do risco de ansiedade e depressão. 
No entendimento de Assis (2004), o envelhecimento e suas alterações de 
saúde levam o idoso ao estreitamento da sua inserção social. As alterações físicas, 
como perdas sensoriais (déficit auditivo e visual), déficits cognitivos, problemas 
osteoarticulares, sequelas ou descontrole de doenças crônicas, são fatores que 
limitam a mobilidade e a independência do idoso, prejudicando sua sociabilidade, 
atividades diárias e bem-estar. Desta maneira, um estado de saúde satisfatório 
permite ao ser humano usufruir do potencial de realização e desenvolvimento pessoal 
em todos os momentos da vida. 
É importante também destacar o fato de que questões sociais que permeiam o 
envelhecimento são enraizadas pelas ideologias e valores de determinado contexto 
histórico e cultural. 
Teixeira (2004) expressa que as condições de vida e as oportunidades que os 
sujeitos desempenham ao longo da vida influenciam diretamente o envelhecimento 
saudável do idoso, pois, para este, velhice é fruto da trajetória social exercida pelo 
indivíduo desde o nascimento. 
 
33 
 
Afirma, assim, que os sofrimentos físicos, econômicos e psicológicos muitas 
vezes intrínsecos ao ser humano são produtos estruturais da sociedade, possuindo 
influência negativa nas condições de vida daqueles que envelhecem. 
Assis e Araújo (2004) acentuam que o exercício físico possui importante papel 
de integrador social, pois a atividade física permite ao indivíduo manter-se ativa, 
aumentando suas disposições para atividades diárias. 
Shephard (2003) destaca que “há relativamente poucas informações sobre 
interações entre atividade física e o funcionamento social. Entretanto, é amplamente 
reconhecido que muitas pessoas idosas vivem muito solitárias e têm vidas isoladas. 
Uma razão para esse isolamento social é que os idosos frágeis não têm a força física 
necessária para dirigir-se à comunidade, encontrar as pessoas e participar de 
eventos. Uma melhoria na condição física poderia obviamente auxiliar a preencher 
essas necessidades e, se a atividade tomar a forma de um programa de grupo, ela 
também fornece uma fonte mais direta de apoio e interações social”. 
5 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO 
O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o Sistema 
Nervoso Central (SNC), responsável pelas sensações, movimentos, funções 
psíquicas (vida de relações) e pelas funções biológicas internas (vida vegetativa). 
(CANÇADO E HORTA, 2002). 
Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta alterações com redução 
no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, 
redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do 
poder de reações e da capacidade de coordenações (DE VITTA, 2000, apud 
Fechine Brasílio e Trompieri Nicolino, 2012). 
Para Cançado e Horta (2002), o que preocupa no envelhecimento é o fato de 
o SNC não possui capacidade reparadora. Esses autores expressam que o SNC é 
definido como unidades morfofuncionais pós-mitóticas, sendo estas sem 
possibilidades reprodutoras, estando sujeito ao envelhecimento decorrente de fatores 
intrínsecos (genética, sexo, sistema circulatório e metabólico, radicais livres, etc.) e 
extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, drogas, radiações, etc.). Esses 
fatores continuam exercendo ações deletéria com o tempo. 
 
34 
 
Gallahue e Ozmun (2005) constatam que, no período compreendido entre os 
20 e 90 anos, o córtex cerebral experimenta perda de 10% a 20 % de massa, podendo 
ocorrer em outras partes do cérebro prejuízo de até 50%. 
Assim, à medida que o cérebro envelhece, a atividade bioquímica 
(neurotransmissores) é afetada frequentemente. Desta maneira, com o 
envelhecimento normal, ocorre decréscimo no número de células nervosas, podendo 
ocorrer variações com uma mínima perda celular em uma região e prejuízos mais 
pronunciados em outras (Cançado e Horta, 2002). A figura 1 ilustra a diferença entre 
o cérebro de um adulto normal e o cérebro envelhecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: idosos.com.br 
No nascimento, o encéfalo possui peso de 0,360 a 0,380 kg, aos dois anos, de 
1,040 a 1,120 kg; e dos 3 aos 21 anos, o encéfalo possui um aumento progressivo de 
peso de até 1,350 kg, sendo atingido na metade da segunda década de vida. 
A partir da segunda década de vida, começa a acontecer um declínio ponderal 
discreto e lentamente progressivo, de 1,4 a 1,7% por década (CANÇADO E HORTA, 
2002). Para Cançado e Horta (2002), o declínio é mais precoce nas mulheres do que 
nos homens, acontecendo uma correlação entre cérebro, peso do corpo e altura, 
principalmente nas duas primeiras décadas. 
 
 
35 
 
Até os 45 anos, ocorre pequena alteração positiva. Acima dos 45 anos, em 
relações ao peso do cérebro, este é alvo de redução. Ocorre um decréscimo discreto 
na década de 60 anos, com acentuação entre as décadas de 70 e 90 anos, com 
decréscimo de até 80%. Assim da segunda à terceira década, até os 90 anos, o peso 
do cérebro em média diminui gradualmente em cerca de 10% por década (CANÇADO 
E HORTA, 2002). 
Gallahue e Ozmun (2005) indicam que, com o envelhecimento, o cérebro é 
passível de hipóxia (quantidade inadequada de oxigênio). Assim, com o 
envelhecimento, alterações na estrutura do sistema circulatório e na inatividade física, 
acarretam declínio na circulação sanguínea que conduz o oxigênio. 
Desta maneira, para Gallahue e Ozmun (2005), o fluxo sanguíneo para o 
cérebro e a quantidade de oxigênio que alcança as células nervosas no 
envelhecimento pode ser melhorado pelo aumento do nível de atividade física. 
Algumas mudanças cerebrais ocorrentes com o envelhecimento incluem 
depósito de lipofuscina nas células nervosas; depósito amilóide nos vasos sanguíneos 
e células nervosas; aparecimento de placas senis; menos frequentemente 
emaranhados fibrilares; mudanças nos neurotransmissores, principalmente os 
dopaminérgicos; diminuição da produção de acetilcolina; atrofia da plasticidade dereceptores colinérgicos muscaríneos; redução da função desses receptores; função 
colinérgica diminuída (CANÇADO E HORTA, 2002). 
Haywood e Getchell (2004) chamam à atenção para o fato de que o exercício 
físico é de fundamental importância para redução de alguns declínios com o 
envelhecimento no sistema nervoso. 
5.1 Envelhecimento cognitivo/cerebral 
No âmbito das perdas, declínios em todos os campos sensoriais são 
observados durante o processo de envelhecimento. Ocorrem comprometimentos 
graduais no campo auditivo, visual, olfativo e gustativo. 
 A força muscular e de coordenação são diminuídas, e aos 60 anos cerca de 
10 a 15% da força muscular se perde. O tempo de reação a estímulos também 
aumenta, e os reflexos tornam-se mais lentos cerca de 20% (PAPALIA, 2006). 
 
36 
 
Muitas vezes são encontrados, nos estudos, padrões de funcionamento em 
idosos normais que chegam a assemelhar-se com processos iniciais de demência. 
Principalmente no que tange à memória. Mesmo em idosos saudáveis é possível notar 
alterações a nível discursivo no que tange à narrativa e omissão de detalhes a respeito 
de determinada estória contada. Até mesmo anatomicamente o limite entre normal e 
patológico muitas vezes se confunde (DAMASCENO, 1999). 
Goldberg (2006) reconhece que o cérebro humano é sim afetado pela velhice, 
ainda que esta seja bem-sucedida e saudável, e admite que este é um processo 
natural, sendo algumas dessas mudanças processos globais para todos os indivíduos, 
como é o caso da diminuição do volume de massa cinzenta em cerca de 2% a cada 
década vivida, o aumento dos ventrículos e a proeminência dos sulcos. 
As ligações entre neurônios e a densidade das sinapses se tornam esparsas e 
o fluxo sanguíneo que corre para o cérebro, bem como o oxigênio que circula nele, se 
tornam mais escassos, dentre outras partes do cérebro que também são afetadas. 
A atividade neural muda no envelhecimento, as áreas do cérebro relacionadas 
às funções cognitivas mostram menor ativação coordenada na velhice e isso acaba 
por gerar menor desempenho cognitivo. Estes dados foram evidenciados em estudos 
através da imagem funcional do cérebro. É possível reafirmar que até mesmo no 
cérebro de um idoso saudável essas mudanças na fisiologia sináptica, são 
evidenciadas (BISHOP et al., 2010). 
O envelhecimento compreende uma ampla gama de mudanças corpóreas e 
psíquicas. O sujeito idoso pode sofrer alterações até mesmo na capacidade de 
manutenção da homeostase corporal, e no todo, todas as outras funções fisiológicas 
começam a declinar gradualmente. 
Essas alterações têm como sua característica principal a diminuição da reserva 
funcional. Um organismo envelhecido pode sobreviver em condições normais, porém 
se exposto a situações de stress pode ser muito mais afetado que um organismo 
jovem, por exemplo (FIRMINO, 2006 apud CANCELA, 2007). O impacto do 
envelhecimento tem efeito, até mesmo, sobre as reações a mudanças de temperatura, 
sensações táteis e de dor, audição, visão e equilíbrio. 
 
 
 
37 
 
Há, também, alterações relacionadas à frequência cardíaca e fluxo sanguíneo, 
mudanças na capacidade de funcionamento de alguns órgãos, e alterações na 
imunoproteção (CANCELA, 2007). Além disso, no geral, as queixas mais frequentes 
dos idosos ainda são relacionadas à memória (SANTOS et al., 2009). 
A condição de isolamento social na velhice é outra questão a ser debatida, 
devido à sua capacidade de, inclusive, ser causa de diversos transtornos cognitivos, 
incluindo a depressão. 
 A partir do momento em que surgem transtornos depressivos em idosos, cerca 
de 50% dos acometidos por essa enfermidade evoluem posteriormente para 
processos demenciais. 
 Essa comorbidade compromete a capacidade funcional do idoso e muitas 
vezes o quadro de depressão provoca alterações cognitivas temporárias, que 
dificultam o diagnóstico diferencial entre depressão e demência (STELLA et al., 2002). 
O funcionamento cognitivo influi na capacidade de adequação daquele sujeito idoso e 
no seu potencial para resolução de problemas cotidianos. 
Assim, quando as funções cognitivas estão prejudicadas alteram a qualidade 
de vida do idoso. O bom funcionamento cognitivo é, então, determinante para uma 
vida ativa e funcional na velhice. Perdas nesse sentido afetam o funcionamento físico, 
social e emocional destes idosos (RIBEIRO e YASSUDA, 2007). 
Todo este processo acontece ainda que o envelhecimento do indivíduo seja 
normal e junto com as mudanças cerebrais há sim um declínio cognitivo. Porém, 
Goldberg (2006) deixa claro, ainda, que focar-se apenas no lado ruim do 
envelhecimento restringe o olhar sobre essa fase da vida, pois segundo o autor, já foi 
observado que apesar de todo esse prejuízo inerente da velhice, os indivíduos senis 
apresentam um bom desempenho em atividades relacionadas ao dia a dia, ao 
trabalho e à vida real. Muitas vezes incluindo até atividades profissionais e executivas 
de alto nível. 
Na maturidade, várias esferas da cognição podem sofrer declínios ou não, 
sofrendo influência de processos patológicos ou não (AMODEO, NETO e FONSECA, 
2010). Porém, alguns domínios cognitivos podem ser mantidos ou até aprimorados 
em capacidade, como é o caso da memória implícita e da semântica (DRAG et al., 
2010; GLINSKY & GLINSKY, 2008; PARK & REUTER – LORENZ, 2009). 
 
38 
 
As tarefas cognitivas de criação de novas imagens mentais parecem diminuir 
em capacidade com o tempo, no entanto, se pensarmos na solução de problemas, o 
cérebro envelhecido parece demonstrar maior habilidade. 
 Essa solução de problemas constitui-se num reconhecimento de padrões na 
velhice, muito mais que a simples descoberta de uma resposta, sendo este 
reconhecimento de padrões um mecanismo poderoso para a cognição bem-sucedida 
(GOLDBERG, 2006). 
A respeito do potencial de funcionalidade dos idosos, Goldberg (2006) defende 
que não só é possível manter um perfil ativo e funcional durante todas as fases da 
vida, como ainda é possível que hajam indivíduos brilhantes e que atingem seu ponto 
máximo em uma idade já avançada, e cita como alguns dos exemplos o escritor 
alemão Goethe (1749-1832), que publicou a primeira parte de sua grande obra Fausto 
aos 59 anos de idade, e o visionário arquitetônico catalão Antoni Gaudí i Cornet (1852-
1926), que construiu a catedral da Sagrada Família em Barcelona, projeto que 
culminou apenas no final de sua vida, dentre outros grandes exemplos. 
A misteriosa habilidade cognitiva, que tem a estranha capacidade de resistir 
aos efeitos indesejáveis do envelhecimento, se reflete em dois outros traços 
muito estimados, geralmente associados à idade madura: a competência e a 
sabedoria. Aqui parece existir um paradoxo [...] esse paradoxo se torna uma 
questão neurobiológica a ser resolvida pelo neurocientista (GOLDBERG, 
2006, apud Lemos Camila, 2012). 
De acordo com Goldberg (2006), é um erro pensar que o envelhecimento do 
cérebro é um processo negativo unicamente, segundo ele, a mensagem central de 
seu livro é que o envelhecimento cerebral também traz grandes trunfos. 
Estamos num momento em que se faz necessária a mudança de olhar para 
este processo de senescência como algo que carrega apenas perdas. 
Ao passo, que ao envelhecermos perdemos capacidades ligadas à memória e 
concentração, ainda assim obtemos ganhos no que tange à sabedoria, habilidade e 
competência. 
A Neuropsicologia enquanto área de conhecimento ligada ao envelhecimento 
aponta que esta última fase de desenvolvimento é uma das mais emblemáticas 
justamente por contrastar perdas cognitivas e ao mesmo tempo ganhos ligados à 
sabedoria (GOLDBERG, 2006). 
 
 
39 
 
Apesar da redução de volume cerebral e demais alterações morfológicas no 
mesmo, estudos apontam que a ativação dos dois hemisférios cerebrais é um grande 
aliado dos idosos, enquanto que os jovens ativariam apenas um dos hemisférios ao 
realizar a mesma tarefa,

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