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Idoso desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial

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O idoso: desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial
O marco de desenvolvimento humano relativo ao idoso é caracterizado pelo declínio dos aspectos que o representam. Envelhecer com saúde, sabedoria e, principalmente, consciência desse processo requer um esforço grande. Essa consciência está associada ao caminho percorrido durante a vida, ou seja, as decisões que circundam o indivíduo: estilo de vida adotado, círculo de amizades e meio social, escolha da profissão, papel na sociedade, etc. Como o homem é produto do meio em que vive e escolhe viver, a influência sociocultural e ambiental é soberana nos aspectos de desenvolvimento humano do idoso.
A pessoa idosa apresenta declínio consistente na atividade cognitiva, principalmente sobre a capacidade de memorização e realização da função executiva. Esse fato é explicado pela menor atividade do córtex pré-frontal e do hipocampo, regiões responsáveis pela função executiva e memorização. Por outro lado, o exercício físico tem influência benéfica sobre a atividade cognitiva.
A prevalência do diabetes mellitus tipo 2 (DM2), no Brasil, é em torno de 8%. Essa estimativa aumenta proporcionalmente à idade: sobe para 19% em indivíduos com idade superior a 65 anos – o Brasil é o 5.º país do mundo na prevalência de DM2 em idosos. Nesse cenário, as consequências dessa doença são absolutamente preocupantes. Por outro lado, um programa de exercício físico pode ajudar no controle glicêmico, tanto na prevenção como no tratamento.
O desenvolvimento humano do idoso é marcado pelo declínio, principalmente, do processo de memorização. Existe uma área cinzenta no diagnóstico de demência devido à dificuldade de identificar o declínio natural de memorização e os sintomas de demência. Nessa fase da vida, características físicas e motoras podem contribuir para o surgimento das doenças, e, nesse sentido, o exercício físico regular é um importante aliado.
Idosos: desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial
O envelhecimento é um processo inerente ao ser humano que corresponde ao desgaste fisiológico do corpo, apresentando declínio em vários aspectos. O ponto de corte da faixa etária de idosos pode variar de acordo com o local e a referência adotada. Neste capítulo, abordaremos o idoso de 65 anos ou mais. 
Existem opiniões contrastantes sobre a questão de o idoso se tornar menos inteligente em comparação às outras etapas da vida, considerando os declínios decorrentes da idade avançada. Este tema requer, inicialmente, a observância de que não existe apenas um tipo de inteligência.
Portanto, determinar que o idoso apresenta declínio em todos os aspectos e que isso afeta tipos de inteligência é leviano. Contudo, o que esses debates buscam discutir é a inteligência cognitiva, ou seja, aquela ligada à função executiva: a capacidade de planejar, de sequenciar e de executar atividades cognitivas, além do automonitoramento. 
Nesse cenário, a função executiva engloba processos de planejamento, organização, criação de estratégias, sequenciamento, memória operativa, abstração e insight.
No entanto, é comum algumas habilidades diminuírem, principalmente tarefas não verbais e solução de problemas desconhecidos. Em alguns aspectos como o vocabulário, as mudanças são pouco perceptíveis ou praticamente inexistentes. 
É preciso levar em consideração que a individualidade biológica é determinante na vida do idoso, considerando que essa etapa é o resultado de estímulos sofridos e decisões tomadas ao longo da vida. Em geral, relaciona-se a perda ou falha de memória aos sinais de envelhecimento. 
Existe uma área não especificada de diagnóstico envolvendo a perda gradativa da atividade cognitiva, ou seja, uma lentificação natural das atividades como um todo (senescência) daquela relacionada a problemas de demência (senilidade), com maior prevalência em idosos acima dos 70 anos de idade. 
No cenário de senescência, as perdas decorrentes da idade são mais marcantes em tarefas de memorização secundárias (memorização de números, listas de compras, endereços) e de recuperação da informação associada à memória contextual. Por exemplo, lembrar o nome de alguém, o local de encontro, objetos ao seu redor e qual o assunto conversado pode se tornar dificultoso. 
Este fato é ainda proeminente em situações espontâneas, que fogem ao cotidiano do idoso. Deve-se tomar cuidado quando este esquecimento, independente da origem, tem relação com tarefas do dia a dia que apresentam risco à saúde e ao bem-estar, como esquecer o fogão aceso, não fechar uma torneira, não fechar a casa ou esquecer a chave do carro.
A menor eficiência de memorização está associada à falta de estratégias de eficiência ligadas à função executiva. Tais estratégias correspondem à criação de métodos ou esquemas que lançamos mão para ajudar no processo de memorização. Pesquisadores definem essa questão não como uma incapacidade, mas como desuso da memória. Já outros pesquisadores defendem que a memória tem plasticidade semelhante a um músculo esquelético: o músculo responde aos estímulos por ele aplicados e, se esses estímulos não são aplicados ao músculo, ele também irá responder, mas de forma negativa, atrofiando-se. A memorização, então, deve ser exercitada para que se desenvolva uma plasticidade favorável (adaptação benéfica).
 Analogamente, se não estimularmos o cérebro com exercícios de memorização, haverá perda cognitiva. 
Criar estratégias de menor esforço é válido, dependendo da importância da tarefa. Por exemplo, o uso de listas de compras, de remédios e seus horários, de telefones e outros. Lembranças de longo prazo também se tornam menos acessíveis e razões biológicas têm sido mencionadas como as maiores responsáveis por essa dificuldade. 
O cérebro se deteriora fisicamente com a idade, perde líquido e nutrição, o metabolismo energético se torna mais lento e, com isso, as sinapses perdem velocidade. Coletivamente, essas alterações afetam o hipocampo, responsável pela consolidação de novas informações na memória de longo prazo.
Outro aspecto importante da vida do idoso, além da memorização, é a atenção e o foco. 
Evidências demonstram que pessoas idosas apresentam maior prevalência de crises de desatenção, principalmente em situações de duas ou mais tarefas concomitantes (IRIGARAY; GOMES FILHO; SCHNEIDER, 2012). As distrações, muitas vezes irrelevantes à tarefa do momento, causam maior dificuldade para retomar o foco original. 
Muitos pesquisadores defendem que o déficit cognitivo dos idosos se desenvolve primariamente como resultado das condições socioambientais e de estímulos aplicados, incluindo o da etapa de vida atual, do que em razão da idade em si (OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2001). 
Assim, o nível de saúde física, os graus educativo e cultural e a motivação de vida têm maior influência que os efeitos da idade cronológica sobre o declínio cognitivo. Destacam-se, nesse sentido, a importância de se praticar exercícios físicos (ao menos três vezes por semana), não fumar, beber com moderação e manter hábitos alimentares e sono com quantidade e qualidade adequadas. 
É importante ressaltar que hábitos deficitários, estabelecidos durante a juventude, são difíceis de se desfazer e seus efeitos costumam ser cumulativos na vida adulta e na vida do idoso. Um dos maiores temores para o idoso é a demência, mais precisamente, a doença de Alzheimer (ou demência de Alzheimer). 
Há dificuldade no diagnóstico da doença, pois os primeiros estágios da demência apresentam alterações cognitivas semelhantes às alterações de um idoso senescente. Além disso, não é raro que idosos apresentem condições socioambientais que interferem em sua cognição, como uso o constante e múltiplo de medicamentos, déficits sensoriais (maior ainda para visão e audição) e o isolamento social.
A demência é uma síndrome que se caracteriza pelo declínio da memória associado ao déficit de pelo menos outra função cognitiva (linguagem, lógica ou funções executivas), com intensidade suficiente para interferir no desempenho social ou profissional do indivíduo.Na doença de Alzheimer, a região do cérebro mais prejudicada está associada ao lobo frontal, assim como o processo de envelhecimento. Estudos compararam a atividade metabólica cerebral de indivíduos idosos sem evidência de declínio cognitivo a jovens normais e foi verificada redução do metabolismo cortical nos lobos frontais, incluindo o córtex pré-frontal. 
Essa região do cérebro afeta o pensamento abstrato e criativo, além da atenção seletiva, também relacionada à diminuição da integração entre os tipos de memória operativa, prospectiva e contextual. 
A tendência é que o pensamento do idoso volte a forma de pensar mais concreta (mundo real), principalmente a partir dos 70 anos. É natural, nesse caso, que a inflexibilidade ao mudo abstrato determine menor capacidade de se adaptar a novas situações e a grandes mudanças de ambiente. Por esta razão, a maioria dos idosos não se sente segura em viagens para lugares desconhecidos, por exemplo, mas sim em casa, por se tratar de um ambiente real e amplamente dominado por eles. Situações em que o idoso sai de casa, mas logo em seguida externa a vontade de retornar são comuns.
O declínio súbito na cognição é um indicativo inicial e marcante da doença de Alzheimer, muito pelas condições deletérias do córtex pré-frontal. Contudo, a atrofia cerebral não se dá somente nesta região, mas também nos lobos temporais e parietais. 
Isso confirma dificuldades nas atividades da vida diária apresentadas pelos idoso no início do Alzheimer, como conversas com mais de uma pessoa ou em lugares com distrações (barulhos, sons, muitas pessoas). Como o diagnóstico dessa condição ainda é dificultoso, pesquisadores sugerem a combinação de uma escala funcional (avaliação de atividades da vida diária) a um teste cognitivo qualquer (por exemplo, mini exame do estado metal). 
A combinação de múltiplas evidências contribui para o aumento da sensibilidade e da especificidade dos testes para se diagnosticar a doença de Alzheimer. No âmbito psicossocial, as mudanças de papéis e relações são bastante significativas, tanto quanto as alterações cognitivas. 
Bee e Boyd (2011) afirmam que existe uma transição de papéis entre o adulto jovem, de meia-idade e o idoso. Enquanto no adulto jovem os papeis assumidos perante a sociedade são complexos e exigem maior dedicação, os papéis na meia-idade (40–65 anos) são redefinidos e renegociados, principalmente quanto ao tempo de dedicação. Por fim, os papeis assumidos, inicialmente no adulto jovem, são colocados de lado e quase esquecidos na vida do idoso. 
No final da vida adulta, grande parte dos papeis que vinham sendo exercidos ao longo da existência não tem mais razão de ser, como ser filho, profissional, cônjuge e, até mesmo, líder de entidades específicas: papéis que são essenciais na vida adulta, mas que, muitas vezes, para o idoso já não têm mais sentido. 
Dessa forma, a revisitação desses papéis sociais no idoso resulta em reestruturação de rotinas pessoais, que podem ser tanto positivas quanto negativas. Esta reorganização de papeis e de rotina afetam principalmente as relações sociais do idoso. No casamento, o componente mais valorizado é o companheirismo, que muitas vezes se manifesta por demonstrações de cuidados e assistência entre os cônjuges. 
As relações com os filhos, os netos e a família depende de fatores como localização geográfica, apego familiar, satisfações ou insatisfações anteriores — desentendimentos familiares ao longo da vida. Já as relações com os amigos na velhice se tornam um importante ponto de satisfação geral e de autoestima. Essas relações costumam ser frutos da vida adulta cultivados até a velhice e, por isso, são mais valorizadas. À medida que os amigos morrem ou perdem a autonomia, a rede de relações se torna cada vez mais frágil, pois nessa faixa etária é mais dificultoso estabelecer novas amizades. 
Um importante acontecimento social para o idoso é a aposentadoria. Embora a idade para se aposentar varie, em países desenvolvidos essa transição aparenta ser menos turbulenta e mais respeitada, como em países de origem oriental, onde idosos são mais respeitados de forma geral. 
Em países em desenvolvimento, a aposentadoria é geralmente acompanhada por dois sentimentos: a sensação de incapacidade por não ter mais uma responsabilidade laboral e a preocupação financeira, devido à diminuição de proventos. 
Em relação à personalidade, não há evidências de que haja alterações nesse âmbito. O principal ponto é que o idoso adquire consciência de sua condição limitada, ou seja, percebe sua própria situação. Esta percepção só é alcançada em estado de espírito elevado e é maior do que qualquer outra medida de cunho social ou econômico. 
Ainda nesse cenário, o idoso muitas vezes reconhece a necessidade de ir para uma casa de repouso a partir do momento em que não tem mais condições de ficar sozinho, sem o auxílio dos familiares ou de um cuidador. 
Em relação à condição física, o idoso é fortemente acometido pelo desgaste dos sistemas fisiológicos, a começar pelo próprio cérebro. A diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro e a perda de líquidos cerebrais resultam na diminuição de massa e de volume do cérebro. 
Uma menor taxa metabólica cerebral também influencia na menor velocidade das sinapses. Estes fatores determinam uma menor resposta motora, incluindo o tempo de reação e de resposta cognitiva. A recepção de informações (visuais ou auditivas) também é mais lenta, o que contribui para uma resposta tardia. Em relação à visão, as alterações de foco são mais frequentemente observadas em adultos de meia-idade. 
Em idosos (acima de 65 anos), as doenças oculares mais recorrentes são a catarata, o glaucoma e a degeneração macular senil, que consiste na deterioração da retina e pode levar à cegueira. O quadro piora drasticamente se o idoso apresenta diabetes melito tipo 2 (DM2). 
Já na audição, a debilitação começa com a inabilidade de escutar sons puros, como a campainha de uma porta, e evolui para a dificuldade de ouvir a fala de outras pessoas (ou a própria). A dificuldade para os sons da fala tange os timbres mais agudos e os sons consonantais, tornando difícil a identificação de certas palavras. 
Esse declínio é observado em 40–45% das pessoas acima dos 65 anos de idade. Em relação à aparência, as alterações mais marcantes são na pele e no cabelo. A pele perde a capacidade de hidratação, ficando seca, fina e menos elástica. É comum o aparecimento de manchas escuras e uma maior evidência dos vasos sanguíneos, que ficam bem visíveis sobre as mãos. 
Os cabelos também sofrem mudanças, tornando-se finos e grisalhos. No sistema cardiovascular, as artérias são comprometidas pela diminuição da vasodilatação, especialmente a endotélio-dependente, o que torna as artérias menos complacentes e mais resistentes, impactando na pressão arterial. 
Concomitantemente, o miocárdio perde em força contrátil. Da mesma forma, o sistema renal é mais deficitário e a regulação hídrica se torna um problema. 
Todas essas características resultam em hipertensão arterial sistêmica, que carrega 40% mais chances de acidente vascular cerebral ou de infarto agudo do miocárdio. 
No âmbito metabólico, a taxa metabólica basal é menor, fato inerente à idade e à diminuição de massa magra (músculo), componente de maior consumo energético do nosso corpo. O metabolismo energético está diretamente ligado às questões hormonais. Assim, o declínio na ação da insulina e seu hormônio contrarregulador (glucagon) aliado a um menor nível de atividade física e menor ou maior ingestão calórica aumenta a condição de DM2. 
Sobre as estruturas ósseas, as mulheres apresentam uma tendência maior para desenvolver osteoporose (menor densidade de massa óssea), tornando- -as mais frágeis. Em homens, a osteoporose é menos prevalente, mas a perda de massa muscular é maior (sarcopenia). Como a musculatura em si já não responde com tanta rapidez e a estrutura óssea se torna frágil, as quedas são uma das maiores preocupações entre os idosos. Fraturas complexas com dano ósseo grave são relativamentecomuns entre idosos.
As alterações no desenvolvimento humano do idoso são bastante variadas e parecem estar associadas às etapas anteriores da vida. As mulheres, entretanto, são mais resistentes às enfermidades e são mais longevas que os homens. 
Em resumo, neste período da vida o corpo sofre um desgaste natural dos sistemas orgânicos, levando à desaceleração da fala, do metabolismo, da eficiência cardíaca, da locomoção, do tempo de reação, entre outras características. Este processo é inerente ao envelhecimento (BERGER, 2003). 
A seguir, você verá os elementos que contribuem para as alterações cognitivas, psicossociais e físicas dos idosos.
Elementos fundamentais para o desenvolvimento das principais alterações em idosos
Diferente de adultos jovens e de meia-idade, que têm os aspectos socioculturais como elementos mais influentes no desenvolvimento cognitivo, psicossocial e físico, para o idoso, esses elementos tangem condições socioambientais. 
As condições que circundam o idoso são mais relevantes que suas relações psicossociais. Em muitos casos, os idosos dependem de ajuda para uma ou mais tarefas do cotidiano (cuidados do lar, alimentação, deslocamento) e a condição da interação entre o cuidador e o idoso é primordial para o desenvolvimento humano nessa faixa etária.
 A alimentação contribui para o desenvolvimento cognitivo e físico em todas as faixas etárias e, para o idoso, essa relação não é diferente. Nesse sentido, é importante observar que a pessoa idosa já carrega consigo um hábito alimentar próprio. Querer que o idoso mude sua alimentação de forma drástica, nesse estágio da vida, é um tanto que inadequado. Portanto, é preciso entender e respeitar as opções de alimentação do idoso, desde que sejam equilibradas com a saúde. 
Como nessa faixa etária a dependência de terceiros é considerável, é importante observar a forma como se cozinha. A quantidade e a qualidade do sono para o idoso não produzem efeitos deletérios ao desenvolvimento humano. Como o processo de envelhecimento é caracterizado pelo desgaste fisiológico do corpo humano e propicia o desenvolvimento de doenças, é comum que esta população necessite de assistências médica e hospitalar. Quando os idosos dependem de assistências gratuitas em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o tempo de espera é excessivamente longo e pode gerar consequências drásticas no processo de desenvolvimento do idoso. 
Dessa forma, as condições financeiras estão estritamente ligadas a este cenário, proporcionando uma associação direta e importante entre o desenvolvimento humano e as condições socioambientais. Os elementos que mais agregam benefícios para os idosos incluem os estímulos cognitivo e físico. Os estímulos da memória e de demais atividades cognitivas podem ser realizados de diversas formas, com jogos de cartas, palavras cruzadas, leitura e compreensão de textos, aulas de arte ou línguas. Dentro do possível, é importante evitar fazer listas, que têm sua importância, mas não propiciam um exercício para a memória do idoso.
 A ciência que estuda o exercício físico atesta os benefícios dos mesmos sobre o corpo humano como um todo, incluindo o caso da pessoa idosa. O fortalecimento muscular é a estratégia primária para incrementar a autonomia, associada a atividades da vida diária. Os exercícios de característica aeróbia, mais direcionados ao sistema cardiovascular, também devem ser recomendados ao idoso como adjuvante a sua saúde. É importante promover a socialização dessa população. 
Assim, independente da modalidade de exercício físico, é preciso promover situações em grupos que atuem nas relações interpessoais. Em relação à prática regular de exercícios físicos, deve-se priorizar o trabalho do profissional de Educação Física, pois a partir da relação humana e do conhecimento técnico, este profissional desempenha um papel importante na atenção ao idoso. A seguir, você estudará o compromisso da Educação Física com o processo de envelhecimento.
O compromisso da Educação Física com o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial do idoso
Na vida do idoso, as valências relacionadas à força, potência e resistência muscular (qualidade muscular) talvez sejam os aspectos físicos mais relevantes. 
Assim, grande parte dos programas e das condutas da Educação Física para os idosos se refere a trabalhos que melhorem a força muscular, ou que ao menos atenuem a perda da mesma. Dados indicam que o idoso de 75 anos perde aproximadamente 50% da força muscular em comparação a um adulto de 30 anos, independente do sexo.
 Grande parte da força e da potência perdida é atribuída às fibras do tipo IIb. Partindo do pressuposto de que a força muscular é essencial para o desempenho motor de qualquer padrão de movimento, esta magnitude de perda compromete movimentos básicos de atividades da vida diária (AVDs). Além da diminuição da força, o controle muscular também é afetado, ou seja, o ajuste fino do movimento é comprometido. Concomitantemente, o idoso apresentar diminuição da flexibilidade (aproximadamente 50%). O resultado é o comprometimento mais acentuado da capacidade funcional, risco iminente de quedas, dificuldade nas AVDs e diminuição da qualidade de vida.
O movimento corporal voluntário tem seu início no sistema nervoso central, onde as unidades motoras são selecionadas com base na experiência e na memória motora adquirida. A partir dessa seleção, os impulsos elétricos são disparados pelos motoneurônios até a junção neuromuscular correspondente, cujo efeito fisiológico é a contração muscular. 
O sistema nervoso central é ligeiramente deficitário no idoso e a resposta motora também passa a ser, muito mais pelas perdas morfofisiológicas da musculatura esquelética. Ou seja, trata-se de um déficit neural em conjunto com um déficit muscular. Sendo assim, pode-se elencar a importância do profissional de Educação Física para prover o treinamento muscular adequado ao idoso.
Contudo, ressalta-se que o profissional, além de possuir conhecimento técnico, deve ser paciente e respeitoso para tratar o idoso. Uma grande discussão pode ser levantada quanto às características do exercício físico. Por exemplo, deve-se usar implementos livres (com maior componente proprioceptivo) ou pesos guiados (máquinas de musculação que proporcionam maior segurança) com o idoso? 
Deve se optar por exercícios isolados ou multiarticulares e complexos, que proporcionam maior desafio cognitivo? Cada opção tem seus prós e seus contras, que devem ser avaliados pontualmente pelo profissional de Educação Física e pelo entorno do idoso. No entanto, é importante lembrar que a pessoa idosa apresenta um déficit acentuado no equilíbrio e na manutenção da postura. 
Assim, atividades de propriocepção, desde que seguras, podem ser priorizadas, especialmente aquelas próximas a atividades do dia a dia, que tentam induzir a perturbação do equilíbrio e o rápido restabelecimento do mesmo.
Sobre aspectos cardiometabólicos, os idosos têm maior risco de apresentar aterosclerose, ou seja, placas de gorduras na região subendotelial que, se aumentadas localmente ou instáveis (a ponto de se desprender e ir para a corrente sanguínea), podem determinar um processo isquêmico em artérias de menor calibre. 
Artérias importantes de menor calibre incluem aquelas no miocárdio e no cérebro que podem originar, respectivamente, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral (AVC). A gênese da doença aterosclerótica é complexa e multifatorial, mas é consenso que as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e os triglicerídeos elevados, em conjunto com a lesão do tecido endotelial, são fatores que precedem a aterosclerose. 
Neste contexto, a pessoa idosa também apresenta hipertensão arterial sistêmica (HAS), uma condição também multifatorial com forte tendência a maior resistência vascular periférica. Embora o componente cardíaco (coração como uma bomba) seja importante, o idoso apresenta chances maiores de sofrer um comprometimento vascular em detrimento ao menor débito cardíaco. 
Assim, aHAS está associada à aterosclerose e também ao IAM e ao AVC. Segundo pesquisas, idosos hipertensos apresentam 40% mais chances de sofrer um IAM ou um AVC em relação ao idoso com níveis pressóricos controlados. 
O DM2 também é uma condição prevalente na população idosa. Segundo publicação no International Diabetes Federation Atlas, o Brasil apresenta uma prevalência de 8,5% de diabetes melito. 
A prevalência aumenta de acordo com a faixa etária, podendo a chegar a 12% em indivíduos acima dos 60 anos. Esta condição acomete o idoso a uma maior chance de sofrer IAM ou AVC, doença renal crônica ou problemas de visão e risco de amputação não traumática de membros inferiores. 
Em suma, esta é uma condição que inspira muitos cuidados, justamente para uma população em uma faixa etária que não costuma receber muita atenção. A partir das condições clínicas de aterosclerose, da HAS e do DM2 que acometem especialmente o idoso, a prática regular de exercícios físicos se torna tão fundamental quanto as prescrições medicamentosas envolvidas nessas doenças.
 Os profissionais de Educação Física devem estar atentos quanto à dose ideal de exercícios físicos envolvidos nessas condições, considerando também a fragilidade muscular dos idosos. Este cenário é preocupante e requer atenção redobrada dos profissionais. Segundo o posicionamento da American College of Sports Medicine, os benefícios do exercício podem ser baseados em quatro pilares (ACSM, 2018):
Benefícios cardiovasculares: a maximização da qualidade cardiovascular e da qualidade de vida nos idosos é mais completa com a introdução de atividades como caminhadas, pedaladas e atividades em ambiente aquático. A intensidade recomenda é leve a moderada. Embora essa intensidade apresente eficácia na redução da pressão arterial, em longo prazo pode atenuar o desgaste fisiológico em vários ângulos, incluindo o cognitivo. 
Treinamento de força: é sabido que a intensidade baixa determina somente modestos incrementos na força em idosos. Estudos têm demonstrado que um estímulo adequado (moderados a intenso) de treinamento de força em idosos, em conjunto a uma maior ingestão proteica, apresentam ganhos de força similares ou superiores àqueles de indivíduos jovens. Os resultados são duas a três vezes maiores na força muscular em um período de três a quatro meses nesta população. Os efeitos são muitos: aumento da taxa metabólica basal, aumento da densidade óssea, melhora na autonomia, ajuda no controle de massa corporal, é estratégia adjuvante à HAS e DM2 e melhora o equilíbrio estático e dinâmico do idoso.
Prevenção de quedas e flexibilidade: para se reduzir os riscos de queda, deve-se incluir um programa amplo de exercícios de equilíbrio, exercícios de força, caminhadas e transferência de peso. A frequência e a intensidade adequadas ainda são incertas. Já a flexibilidade é um componente importante na prevenção de lesão muscular e no risco de quedas. Atividades como o método Pilates e alongamentos podem ser incorporados. 
Benefícios psicológicos: a atividade física e a função psicológica na pessoa idosa estão estritamente relacionadas. O exercício físico produz uma série de efeitos fisiológicos, incluindo aumento de serotonina e outros hormônios, que conduzem o idoso à sensação de prazer e bem-estar, além de uma maior percepção de controle. A função de socialização durante as sessões de exercícios também agrega benefícios ao estado psicológico do idoso. As atividades aeróbias de intensidade leve a moderada têm se mostrado eficazes neste sentido. Você pode observar facilmente que a prática regular de exercício físico traz qualidade e benefícios incalculáveis ao idoso. O profissional de Educação Física deve ser capaz de realizar um planejamento amplo e seguro para esta população.
EXERCIOS
1. Alguns estudiosos identificaram um padrão cognitivo e uma nova organização da estrutura de pensamento do idoso. Baseado nessa ideia, assinale a alternativa correta.
O idoso apresenta evidências de um pensamento concreto, ou seja, o pensamento voltado para o mundo real, muito em função do declínio de memória e de impossibilidade ao abstrato.
2. 
O idoso apresenta um declínio na atividade cognitiva que, por vezes, é confundido com o início do estado demencial. Acerca desse tema, analise as proposições a seguir.
I. Senescência corresponde ao processo de envelhecimento natural e saudável, portanto, é esperado de um idoso senescente uma certa dificuldade de memorização, mas associada a nenhuma doença.
II. Senilidade é o envelhecimento associado ao processo de doenças crônicas que acarretam redução no desenvolvimento humano no idoso de forma bem mais acentuada que a senescência.
III. A demência de Alzheimer é caracterizada, primeiro, pela perda de habilidades e do padrão de movimento básicos, como caminhar e equilibrar-se. Após, essa demência evolui para a diminuição da atividade cognitiva.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
Apenas as proposições I e II estão corretas.
3. Em relação aos aspectos físicos, o idoso mostra alterações marcantes, talvez mais acentuadas que nas outras etapas da vida. Assim, de acordo com esse tema, está correto afimar que:
 Um dos maiores declínios e que acarretam sérios problemas ao idoso é a perda da massa magra. É observada uma perda de aproximadamente 50% da musculatura e da força em um idoso de 70-75 anos em comparação àqueles de 30 anos de idade.
4. A educação física tem enorme papel sobre os aspectos do desenvolvimento humano no idoso. Considerando essa temática, analise as asserções a seguir e marque a alternativa correta.
(1) O treinamento de força é uma das principais estratégias para a prática regular de exercício físico voltada para a população idosa PORQUE (2), por especificidade, garante benefícios cardiovasculares, tais como: diminuição da pressão arterial, maior débito cardíaco e fração de ejeção – condições estas de senilidade aos idosos.
A asserção I é verdadeira, a II é falsa e não justifica a I.
5. A educação física tem papel fundamental na atenção ao idoso, baseada em evidências incontestáveis. Assim, em relação às recomendações e aos benefícios do treinamento físico para a população idosa, leia com atenção e marque a resposta correta.
 
Além do trabalho de força, potência e resistência muscular, é importante incluir exercícios proprioceptivos porque ajudam a aumentar a capacidade de equilíbrio estático e dinâmico na população idosa.

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