Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS BACHAREL EM DIREITO ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA TEÓFILO – RA 10092182 DÉBORA MARCELO MARIOTTO – RA 10090219 RODRIGO ALMEIDA DE SOUZA – RA 10091688 SARAH MOLICA FARIA – RA 01058408 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS JUDICIAIS Taubaté - SP 2021 RESUMO Atuando como tutor dos interesses coletivos e interferindo incessantemente nas mais diversas esferas da vida pública, o Estado submete-se a determinados deveres para com a população. Neste contexto insere-se a Responsabilidade Civil do Estado, que diz respeito à obrigação a este imposta de reparar danos causados aos administrados em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos. PALAVRAS-CHAVE: interesses coletivos; vida pública; Estado; Responsabilidade Civil do Estado; agentes públicos. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 2. ENTENDIMENTO TEÓRICO ............................................................................. 5 2.1 TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO ............................................................................................................. 5 2.2 DIREITO POSITIVO BRASILEIRO ..................................................................... 7 3. CONCEITO ........................................................................................................ 9 3.1 ASPECTOS DOUTRINÁRIOS ............................................................................ 9 3.2 CARACTERÍSTICAS ........................................................................................ 10 3.2.1 Exclusão da responsabilidade do Estado ......................................................... 12 3.2.2 Culpa da vítima ................................................................................................. 13 4. JURISPRUDÊNCIAS ....................................................................................... 14 5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 16 6. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 17 4 1. INTRODUÇÃO Atuando como tutor dos interesses coletivos e interferindo incessantemente nas mais diversas esferas da vida pública, o Estado submete-se a determinados deveres para com a população. Neste contexto insere-se a responsabilidade civil do Estado, que diz respeito à obrigação a este imposta de reparar danos causados aos administrados em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos. A responsabilidade civil do Estado, entendido neste trabalho conforme a denominação de Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2020), que a classifica como responsabilidade extracontratual do Estado, abrange os três tipos de funções exercidas pelo poder estatal: a jurisdicional, a legislativa e a administrativa. Desse modo, de acordo com Di Pietro (2020), quando numa dessas funções o Estado, pessoa jurídica, prejudica a outrem, ele deve ser responsabilizado. Contudo, ao contrário do direito privado, onde a responsabilidade é originada de um ato ilícito, no direito administrativo essa responsabilidade pode derivar de um ato lícito que, por ventura, possa vir a causar danos maiores a uma pessoa, do que em relação aos demais membros de uma comunidade. O entendimento teórico sobre a responsabilidade extracontratual do Estado, todavia, foi se modificando no decorrer da história. Durante muito tempo o entendimento adotado era o da irresponsabilidade; a seguir, partiu-se para uma responsabilidade subjetiva, derivada da culpa, vigente atualmente em muitas situações; e, por fim, chega-se à responsabilidade objetiva que, adequa-se de acordo com o direito positivo de um determinado lugar. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é o de apresentar uma breve discussão sobre a Responsabilidade Civil do Estado, todavia, focado nos atos Judiciais. Para tanto, apresentaremos o conceito de responsabilidade extracontratual do Estado, seus Aspectos Doutrinários, Jurisprudência e Conclusão. 5 2. ENTENDIMENTO TEÓRICO As teorias que abordam o tema, destarte, podem ser compreendidas em três grupos: a teoria da irresponsabilidade; as teorias civilistas - teoria dos atos de império e de gestão, e teoria da culpa civil ou responsabilidade subjetiva; por último, teorias publicistas - teoria da culpa administrativa ou culpa do serviço público, e teoria do risco integral ou administrativo ou teoria da responsabilidade objetiva. 2.1 TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO A seguir tratar-se-á resumidamente de cada teoria acima apontada. A teoria da irresponsabilidade foi adotada na época dos Estados absolutistas, neste período histórico se pensava basicamente na ideia de soberania. Desse modo, a soberania real existia em detrimento da soberania do súdito. Portanto, a vontade do monarca era lei, e por estar acima dos súditos o rei não deveria ser responsabilizado pelos seus atos. Interessante ressaltar que, até meados do século XX, a teoria da irresponsabilidade vigorava com força nos Estados Unidos e na Inglaterra, mesmo esses países possuindo caráter republicano. Contudo, a partir dos anos de 1940 essa teoria foi sendo substituída por outras, que defendiam a responsabilização do Estado, desde que ele tivesse agido com culpa. Fortalecendo assim, a ideia da responsabilidade subjetiva do Estado. As teorias civilistas, por sua vez, surgem no século XIX, apoiadas nos princípios do Direito Civil, assentados na ideia de culpa. Vindo a surgir assim, a teoria civilista da culpa. Sendo que, num primeiro momento, a responsabilidade se dividia em atos de império e em atos de gestão. Aqueles seriam praticados pela Administração, possuindo todas as prerrogativas coercitivas do Estado para 6 execução de suas funções, independentemente, de autorização judicial. Estes, por sua vez, seriam praticados pela Administração nas mesmas condições de igualdade com os particulares, aplicando-se o direito comum tanto aos particulares, quanto a Administração. Em suma, os atos de império seriam praticados pelos governantes ou chefes do executivo, enquanto que os atos de gestão seriam praticados pela pessoa do Estado. Finalmente, essa teoria sofreu grande oposição, justamente, pela dificuldade de poder se distinguir os atos praticados pelos governantes, dos atos praticados pela pessoa do Estado. As teorias publicistas, por último, surgiram na França no final do século XIX, elas possuem esse nome, pois passaram a entender a responsabilidade do Estado a partir de princípios do direito público. Em síntese, tentava-se imputar a culpa no agente do Estado, ou no próprio Estado. Quando o dano era provocado pelo agente do Estado era considerado culpa administrativa ou culpa de serviço, e a responsabilidade ficava a cargo do agente causador do dano. Por outro lado, quando o dano provinha de mau funcionamento do serviço oferecido pelo Estado, este era considerado responsável, sendo considerado assim, culpa anônima do serviço público. Com a culpa anônima do serviço público, aos poucos foi se consolidando a teoria do risco, que recebe esse nome porque parte do pressuposto que a atuação estatal envolve risco de dano, inerente de sua própria atividade. Por conseguinte, a culpa anônima do serviço público serviu como fundamento para responsabilidade objetiva do Estado. Em síntese, a teoria da responsabilidade objetiva substitui a culpa pela ideia de nexo de causalidade,entre serviço público e o dano sofrido pelo o usuário. Destarte, os pressupostos da teoria objetiva da responsabilidade do Estado são: que um ato seja praticado, de modo lícito ou ilícito, pelo agente público; que este ato cause danos anormais e específicos para o usuário; por fim, que haja um nexo de causalidade entre o ato do agente público e o dano causado ao usuário. 7 Finalmente, de acordo com Di Pietro (2020), resta na doutrina um debate sobre as possíveis excludentes da responsabilidade do Estado: culpa da vítima, culpa de terceiros ou força maior. Porém, salienta a autora que, as divergências entre os doutrinadores são mais terminológicas, do que de fundo. Porque, no geral, os doutrinadores parecem concordar que a responsabilidade objetiva implica averiguar se o dano teve origem no funcionamento do serviço público, sem importar se foi lícito ou ilícito. Além disso, os doutrinadores também se aproximam no entendimento de que algumas circunstâncias podem excluir ou diminuir a responsabilidade do Estado. 2.2 DIREITO POSITIVO BRASILEIRO E no direito positivo brasileiro, como foi visto a responsabilidade extracontratual ou civil do Estado? De acordo com Di Pietro (2020), mesmo não havendo normas judiciais expressas, os tribunais e doutrinadores sempre repudiaram a teoria da irresponsabilidade do Estado. Sendo que, as Constituições de 1824 e 1891 previam a responsabilização dos atos dos funcionários cometidos por abusos ou omissão praticados no exercício de suas funções. Contudo, a jurisprudência da época prévia uma responsabilidade solidaria do Estado em relação a responsabilidade das ações praticadas por seus funcionários. Com o Código Civil de 1916, especificamente no seu artigo 15, passou-se a adotar a teoria civilista da responsabilidade subjetiva. As Constituições de 1934 e 1937, respectivamente, nos artigos 171 e 158, acolheu-se o princípio da responsabilidade solidária entre o Estado e funcionário. Entretanto, foi a partir da Constituição de 1946 que foi adotada a teoria da responsabilidade objetiva que, no seu artigo 194, no Caput, em resumo, previa que, o Estado era responsável pelos danos causados pelos seus funcionários. Sendo que, o parágrafo único do mesmo artigo dizia que cabia ação regressiva contra o funcionário causador do dano, desde que, esse tivesse agido com culpa. 8 As Constituições de 1967 e 1969 mantiveram a norma da Constituição de 1946, porém, acrescentaram no parágrafo que a ação regressiva caberia no caso de dolo ou culpa, expressões essas não previstas na Constituição antecedente. A Constituição de 1988, no seu artigo 37, parágrafo 6º, incluiu também a responsabilização das pessoas jurídicas de direito privado prestadora de serviços públicos. O Código Civil de 2002, por sua vez, no seu artigo 43, determina que, “as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos de seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores de dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”. 9 3. CONCEITO Pode-se conceituar a responsabilidade civil do Estado por atos judiciais como a obrigação que o Estado tem de reparar prejuízos causados a terceiros em consequência de comportamentos omissivos ou comissivos, sejam eles materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos. 3.1 ASPECTOS DOUTRINÁRIOS De acordo com Di Pietro (2020), existem divergências doutrinárias sobre a responsabilização do Estado por atos praticados pelo poder judiciário. Sendo assim, os que refutam essa responsabilidade defendem quatro pontos de vista: primeiro, alegam que o Poder Judiciário é Soberano; segundo, os juízes precisam agir livremente no desempenho de suas funções, sem temer que suas ações possam facultar a responsabilidade do Estado; terceiro, o juiz não é funcionário público; quarto, a compensação por dano causado por decisão judicial prejudicaria o princípio da imutabilidade da coisa julgada, pois ratificaria a noção de que a decisão foi proferida com violação da lei. Os três primeiros pontos acima citados são refutados por Di Pietro (2020). Dessarte, nenhum dos três poderes que compõem o Estado moderno são soberanos, pois devem obediência a lei, e, mais especificamente a Constituição. Por conseguinte, a suposta independência do magistrado também é inadmissível, pois as suas ações devem seguir os preceitos e fundamentações legais, zelando pela melhor solução ao caso concreto. Por último, o juiz não ser encarado como funcionário público significa ir contra à previsão do artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição Federal de 1988 que, utiliza a denominação agente a todos aqueles que prestam serviço ao Estado. O quarto argumento, conforme Di Pietro (2020) é o mais difícil de ser refutado, todavia, ele também não é assertivo, pois a coisa julgada admite ação rescisória e a revisão criminal. Neste ultimo caso, por exemplo, tanto o artigo 630 do 10 CPP, quanto o artigo 5º, inciso LXXV, da Constituição Federal de 1988, prevêem a indenização do condenado decorrente de erros judiciários. A ação rescisória, por sua vez, é um ponto mais sensível, pois quando ela não soluciona o caso, seja porque foi considerada improcedente, ou porque prescreveu, a decisão se torna imutável. Portanto, aceitar indenização decorrente dessas situações significaria infringir o princípio da coisa julgada. Todavia, como salienta Di Pietro (2020), condenar o Estado por dano ocasionado por ato judicial não significaria mudar a decisão judicial, pois a decisão continuaria válida. Portanto, apenas o Estado responderia a danos causados por terceiro, em decorrência de erros judiciários. Além disso, ainda de acordo com Di Pietro (2020), a jurisprudência brasileira, em regra, não admiti a responsabilidade por atos judiciais. Além disso, de acordo com essa autora, a garantias que cercam a magistratura brasileira, criadas para assegurar a independência do Poder Judiciário, em benefício da Justiça, geraram a falsa presunção de intangibilidade, inacessibilidade e infalibilidade do magistrado, não atribuídas aos demais agentes públicos. O que pode acarretar danos injustos causados àqueles que procuram o Poder Judiciário em busca de justiça. Finalmente, Di Pietro mostra que, decisões recentes do STF podem significar uma alteração na orientação da jurisprudência no que diz respeito a responsabilização do Estado por atos judiciais. Pois, decisão do Ministro Néri da Silveira, referente ao RE 228.997/SP de 05-03-02, decidiu que a autoridade judicial não tem responsabilidade civil pelos atos judiciais praticados, sendo a ação proposta ser direcionada contra a fazenda pública. Entretanto, essa tem o direito de regresso contra o magistrado responsável, nos casos de dolo ou culpa. 3.2 CARACTERÍSTICAS Verifica-se, então, que o Estado age por intermédio de seus agentes, que são pessoas físicas incumbidas de alguma função estatal e, em algum momento, causa 11 danos ou prejuízos aos indivíduos gerando a obrigação de reparação patrimonial, decorrente da responsabilidade civil existente. Com isso, enquanto sujeito de direito, o Estado submete-se à responsabilidade civil, já que a Constituição Federal assevera que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ao culpa. Sobre os fundamentos que justificam a existência da responsabilização do Estado Celso Antônio Bandeira de Mello explica que podem ser dois: "a) No caso de comportamentos ilícitos comissivos ou omissivos, jurídicos ou materiais, o dever de reparar o dano é a contrapartidado princípio da legalidade. Porém, no caso de comportamentos ilícitos comissivos, o dever de reparar já é, além disso, imposto também pelo princípio da igualdade". "b) No caso de comportamentos lícitos, assim como na hipótese de danos ligados a situação criada pelo Poder Público - mesmo que não seja o Estado o próprio autor do ato danoso - , entendemos que o fundamento da responsabilidade estatal é garantir uma equânime repartição dos ônus provenientes de atos ou efeitos lesivos, evitando que alguns suportem prejuízos ocorridos por ocasião ou por causa de atividades desempenhadas no interesse de todos. De conseguinte, seu fundamento é o princípio da igualdade, noção básica do Estado de Direito" (MELLO, 2002:849). Marcelo Alexandrino destaca que é importante observar que a responsabilidade objetiva Estatal reconhece a desigualdade jurídica que existe entre um particular e o Estado. Portanto, visa tutelar o interesse coletivo, assegurando a prevalência jurídica deste interesse ante aos do particular, afirmando o princípio da supremacia do interesse público. Nota-se que é injusto que um administrado que sofre danos patrimoniais ou morais decorrentes das atividades da administração, precise comprovar a existência de culpa desta, para que lhe seja assegurado o seu direito à reparação. O artigo 37 da Constituição Federal, em seu parágrafo 6º, preceitua: 12 § 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem à terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. O artigo mencionado, segundo Alexandrino, consagra a responsabilidade objetiva da administração pública na modalidade risco administrativo pelos danos causados pelos seus agentes. A responsabilidade objetiva alcança todas as pessoas jurídicas de direito público (administração direta, autarquias e fundações de direito público), independentemente das atividades que exerçam e, também, todas as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público (empresas públicas e sociedade de economia mista prestadoras de serviços públicas, as fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado que prestem serviços públicos e ainda as pessoas privadas não integrantes da administração pública). É importante ressaltar, ainda, que não estão abrangidas pelo artigo mencionado, as empresas públicas e as sociedades de economia mistas exploradoras de atividade econômica. Estas respondem pelos danos que seus agentes causarem à terceiros, da mesma forma que as demais pessoas privadas. Quanto ao procedimento, para obter a indenização basta que o lesado acione a Fazenda Pública e demonstre o nexo causal entre a fato lesivo (comissivo ou omissivo) e o dano, bem como seu montante. 3.2.1 Exclusão da responsabilidade do Estado Para eximir-se desta obrigação é incumbida à Fazenda Pública comprovar as "causas de exclusão da responsabilidade do Estado": a força maior e a culpa da vítima. Em caso de força maior são levados em conta fatos da natureza irresistíveis, portanto o dano é inevitável sendo sem êxito quaisquer esforços para impedi-lo. "É relevante apenas na medida que pode comprovar ausência de nexo causal entre a atuação do Estado e o dano ocorrido. Se foi produzido por força maior, então não foi produzido pelo Estado" (MELLO, 2002:386). 13 3.2.2 Culpa da vítima Neste caso a vítima contribui para a existência do dano sofrido. Tal participação no evento danoso poderá ser total - culpa exclusiva da vítima - eximindo completamente a administração de responsabilização; ou parcial - culpa concorrente da vítima - neste caso a Administração responde parcialmente. Silvio de Salvo Venosa ao citar a chamada "Teoria da Garantia" afirma que "o poder público no exercício de sua atividade em prol do bem comum, tem como dever garantir os direitos dos particulares contra danos a ele causados. Se houve lesão de um particular, sem excludente para o Estado, deve ser reparada. O estado tem este dever mais que qualquer outra pessoa jurídica, justamente por sua finalidade de tudo fazer em prol do progresso da coletividade" (VENOSA, 2002:270). 14 4. JURISPRUDÊNCIAS ARE 1042793 AgR / PE – PERNAMBUCOAG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO Relator(a): Min. GILMAR MENDESJulgamento: 23/03/2018Publicação: 09/04/2018Órgão julgador: Segunda TurmaPublicaçãoPROCESSO ELETRÔNICO DJe-066 DIVULG 06-04- 2018 PUBLIC 09-04-2018 PartesAGTE.(S) : ESTADO DE PERNAMBUCO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO AGDO.(A/S) : MARIA DOS ANJOS SILVA SOUZA ADV.(A/S) : ALYSSON WENDELL VASCONCELOS DE ANDRADE LIMA Ementa Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Administrativo 3. Responsabilidade civil do Estado por ato judicial. Hipóteses previstas em lei. Prisão além do tempo fixado na sentença ou erro judiciário. Configuração. 4. Necessidade de reexame do acervo probatório. Súmula 279 do STF. Precedentes. 5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. Decisão A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Segunda Turma, Sessão Virtual de 16.3.2018 a 22.3.2018. ARE 833909 AgR / SC - SANTA CATARINA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO Relator(a): Min. ROBERTO BARROSOJulgamento: 02/05/2017Publicação: 19/05/2017Órgão julgador: Primeira TurmaPublicaçãoACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-104 DIVULG 18-05- 2017 PUBLIC 19-05-2017 PartesAGTE.(S) : MAURÍCIO CAVALLAZZI PÓVOAS ADV.(A/S) : SÍLVIA DOMINGUES SANTOS MANSUR E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. VINCULAÇÃO AO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DO TRIBUNAL DE ORIGEM. INVIABILIDADE. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO JUDICIAL. HIPÓTESES PREVISTAS EM LEI. PRECEDENTES. 1. O relator não 15 precisa rebater, nem está vinculado aos fundamentos utilizados pelo Tribunal de origem no juízo de admissibilidade. Precedentes. 2. A responsabilidade objetiva do Estado por atos judiciais só é possível nas hipóteses previstas em lei, sob pena de contenção da atividade do Estado na atividade jurisdicional regular. No caso dos autos, não houve prisão além de tempo fixado em sentença, nem erro judiciário. A mera denúncia pelos promotores não enseja dano moral indenizável, mesmo que posteriormente o acusado tenha sido considerado inocente. Precedentes. 3. Agravo interno a que se nega provimento. Decisão A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão Virtual de 21 a 28.4.2017. ARE 1048962 AgR / PE – PERNAMBUCOAG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVORelator(a): Min. LUIZ FUXJulgamento: 06/10/2017Publicação: 23/10/2017Órgão julgador: Primeira TurmaPublicaçãoPROCESSO ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 20-10-2017 PUBLIC 23-10-2017 PartesAGTE.(S) : ESTADO DE PERNAMBUCO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO AGDO.(A/S) : ALEXANDRE NUNES DE ARAUJO ADV.(A/S) : KILIANE HENRIQUES DE MIRANDA SANTOS EMENTA: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. PRISÃO ADMINISTRATIVA MILITAR. ATO PUNITIVO ANULADO POR DECISÃO JUDICIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. NEXO DE CAUSALIDADE. INCURSIONAMENTO NO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279/STF. AGRAVO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NO JUÍZO RECORRIDO NO MÁXIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE DE MAJORAÇÃO NESTA SEDE RECURSAL. ARTIGO 85, § 11, DO CPC/2015. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. DecisãoA Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo, nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão Virtual de 29.9 a 5.10.2017. 16 5. CONCLUSÃO Assim, verifica-se que o Estado teria o dever de indenizar o particular pelos prejuízos decorrentes da atividade judiciária danosa como um todo, com a ressalva da responsabilidade subjetiva do agente público (Juiz ou servidor público do serviço judiciário), que será apurada em via de direito regressivo. Esse direito regressivo será proposto pelo Estado, nos termos e nas hipóteses previstas na lei, além de, embora haja divergência jurisprudencial e doutrinária, ser ajuizado em ação ordinária autônoma, por ser mais benéfica ao administrado, não sendo possível a denunciação da lide. Porém, verificou-se que a responsabilização do Estado por ato judicial é muito rara. A razão disso é muito fácil de descobrir: quem julga o juiz é sempre um outro juiz. Por isso, entende-se que a questão não é simples assim, pois “os limites da lei” dependem muito da interpretação de cada aplicador. É preciso pesquisar em cada caso concreto o elemento subjetivo do crime. Por causa disso houve uma reação legislativa que culminou com a aprovação da Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, que define os crimes de abuso de autoridade. Vale ressaltar que, a prática (jurisprudência) também deve caminhar no mesmo sentido que a doutrina (teoria), pois não adianta somente essa buscar melhorar os conceitos e delinear os contornos e limites dos institutos jurídicos, se aquela não concretizar os direitos e garantias dos cidadãos previstos constitucionalmente. Conclui-se desta feita que a Administração Pública no exercício da prestação judiciária tem o dever de atender aos princípios constitucionais garantidos aos cidadãos, fornecendo com eficiência e de maneira eficaz a prestação perquirida, sob pena de não o fazendo e identificados os requisitos que configuram o ato falho que guarde nexo de causalidade com o dano sofrido pelo particular, ser responsabilizado civilmente para compensação da ofensa, conforme o caso concreto, na proporcionalidade de sua culpabilidade. 17 6. REFERÊNCIAS ALEXANDRINO, Marcelo. PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 22 ed. Rev. Atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2014 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 33º.ed. Rio de Janeira: Forense, 2021. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. "Curso de direito administrativo". 12. Ed. São Paulo: Malheiros, 2000. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Responsabilidade civil do Estado por ato judicial. Disponível em: <https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search?base=acordaos&pesquisa_inteiro_teo r=false&sinonimo=true&plural=true&radicais=false&buscaExata=true&page=1&page Size=10&queryString=responsabilidade%20civil%20do%20estado%20por%20ato%2 0judicial&sort=_score&sortBy=desc>. Acesso em Outubro 2021. HARADA, K. Responsabilidade civil por atos do Judiciário. Disponível em:<http://genjuridico.com.br/2021/04/13/responsabilidade-civil-poder-judiciario/>. Acesso em Outubro 2021. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. v. 4. 2° ed., São Paulo: Atlas, 2004.
Compartilhar