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Profa. MSc. Dra. Thalita Frutuoso Lobo Faculdade Anhanguera de São Bernardo do Campo “Uma boa época para se pensar sobre a velhice é a juventude, porque então é possível melhorar as chances de vir a vivê-la bem quando chegar”(Skinner e Vaughan, 1982). Velhice e envelhecimento são dois conceitos diferentes. Enquanto o primeiro faz referência à etapa da vida, o segundo se relaciona ao processo, o movimento dinâmico que compõe essa etapa. Teoricamente, na velhice, temos o recorte etário aos 60 anos, mas, além disso, estudiosos do envelhecimento criaram três subtipos de pessoas que vivem essa etapa: Os idosos jovens, os idosos velhos e os idosos mais velhos. - O termo idosos jovens geralmente se refere a pessoas de 65 a 74 anos, que costumam estar ativas, cheias de vida e vigorosas. - Os idosos velhos, de 75 a 84 anos. - Os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, aqueles que têm maior tendência para a fraqueza e para a enfermidade, e podem ter dificuldade para desempenhar algumas atividades da vida diária. Segundo os autores, apesar de esta separação ser bastante comum, é importante ressaltar que as experiências contam mais do que as divisões etárias e estão relacionadas à subjetividade e ao contexto sociocultural. “Todos querem viver muito porém ninguém deseja ser velho” Skinner e Vaughan (1983/1985) já sinalizavam que o envelhecer deveria ser estudado como qualquer outro tipo de comportamento, ou seja, através do paradigma da seleção por consequências, que significa compreender “como as pessoas são afetadas por seu mundo”. Algumas culturas valorizarem o processo de envelhecimento, porém em nossa sociedade o culto à beleza e à juventude reforçam a ideia de que envelhecer é um processo extremamente desagradável. O dicionário define a palavra velho como “idoso, antigo, ancião, gasto pelo uso, antiquado, desusado, homem idoso”, e velhice como “idade avançada”, representando o tom pejorativo e negativo que acompanha estes termos no campo social. Por essa razão, Schneider e Irigaray (2008) dividiram o conceito de idade em 4 tipos: a. Idade cronológica: são os anos vividos de uma pessoa, desde o seu nascimento. b. b. Idade biológica: definida pelas mudanças corporais e mentais que ocorrem ao longo do desenvolvimento humano. c. Idade social: composta por hábitos e características esperadas para determinada idade. d. Idade psicológica: pode ser utilizado em dois sentidos, sendo que um deles se refere à capacidade psicológica esperada para determinada idade cronológica (percepção, memória, aprendizagem, etc.), e o outro se refere à noção subjetiva de idade, ou seja, a maneira como cada um se auto avalia em relação às outras pessoas com idades semelhantes às suas. O livro publicado em 1985 por Skinner em coautoria da Dra. Margaret E. Vaughan (Viva bem a velhice: aprendendo a programar a sua vida), apresenta um conteúdo interessante sobre o processo de envelhecer. Ele foi publicado quando Skinner contava com 81 anos de idade. Diminuição de algumas capacidades cognitivas (aprendizagem rápida, retenção de conteúdos na memória de curto prazo) Essas perdas podem ser positivamente compensadas a partir da consideração dos ganhos de sabedoria, conhecimento e experiência de vida. O declínio do funcionamento cognitivo não está relacionado somente a uma questão etária. Dentro da abordagem cognitivo-comportamental, estes elementos fazem parte da capacidade funcional de uma pessoa. Esta capacidade no idoso, segundo Fontes, “é dada pela quantidade de ajuda instrumental de que ele necessita para realizar suas atividades, podendo a incapacidade funcional ser graduada em níveis leve, moderado e grave”, ou seja, a capacidade funcional está relacionada ao “status cognitivo”. Estas atividades são divididas em três tipos: as atividades básicas da vida diária (ABVD - autocuidado), as atividades instrumentais da vida diária (AIVD - complexas) e as atividades avançadas da vida diária (AAVD – físicas e sociais/voluntário). IBGE (2013) apontam que, em 2060, o número de idosos brasileiros quadruplicará. Dessa forma, se em 2013 havia aproximadamente 14,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos, representando 7,4% do total, em 2060 serão 58,4 milhões, representando 26,7% do total. Além disso, a expectativa média de vida ao nascer deve aumentar de 75 para 81 anos. O aumento da população idosa também está relacionado ao decréscimo da população juvenil e à redução da natalidade, ou seja, do número de nascimento nas últimas décadas, promovendo grandes transformações sociais, especialmente no que se refere à aposentadoria. Hoje, são aproximadamente 100 trabalhadores ativos para 46 pessoas inativas (aposentados, pensionistas, etc.) e, em 2060, essa proporção será de 100 para 65,9 (IBGE, 2013). Entre os anos de 2004 e 2013, aumentou o número de casais sem filhos (em 33%, no Brasil) e reduziu a proporção de casais com filhos (de 50,9% para 43,9%). Desta forma, um em cada 5 casais, em 2013, não possuíam filhos. Em 1970, a média de filhos por família estava em torno de 5,8 e, hoje, este número não chega a 2 filhos Em 2050, serão 2 bilhões pessoas com mais de 60 anos em todo o mundo. Em 2014, a média estava em torno de 841 milhões. Hoje em dia, pela primeira vez na história o número de pessoas com mais de 60 anos é maior que o de crianças até 5 anos. Esse aumento aponta para outros desafios, além da questão econômica, como o cuidado em saúde (especialmente com as doenças crônicas) e o bem-estar nessa fase da vida. Segundo Torres et al. (2015) “as representações sociais são formas compartilhadas e identitárias de reconhecer o mundo, numa tensão entre os sujeitos e suas subjetividades com as normas coletivas de determinada cultura e sociedade”. Representação social da pessoa velha na visão de adolescentes → representação do avô e do idoso e, além disso, quando essas duas categorias estão vinculadas, surgem representações relacionadas ao declínio corporal Representações sociais produzidas pelos próprios idosos → velhice como etapa que aponta para a temporalidade e finitude do ser humano, colocando em questão o sentido de suas vidas, bem como a urgência de viver Fernandes e Andrade (2016), é necessário mudarmos a maneira como descrevemos e entendemos a velhice, sendo importante provocarmos aprimoramentos relacionados às políticas públicas, à aposentadoria, às veiculações midiáticas, ao trabalho e renda e a tantos outros elementos que compõem nossa sociabilidade. Denomina a fase da velhice (a partir dos 60 anos) como maturidade, apresentando o conflito entre os polos integridade e desespero. “envolve os esforços em equilibrar o sentido de coerência e plenitude pessoal com o ‘desespero’ perante a finitude e a proximidade da morte, além da aceitação e adaptação aos triunfos e falhas do passado” Erikson descreve a possibilidade de conquista da ‘gerotranscendência’ como força psicossocial de uma etapa posterior aos 85 anos de idade. Nova forma de entendimento a respeito do que é essencial na existência humana que, didaticamente, são separados em três pontos: 1. “dimensão cósmica da vida, em que ocorrem mudanças nas definições de tempo e espaço, aumento na sensação de conexão com as gerações anteriores, nova compreensão sobre a vida e a morte [...]”; 2. “mudança em alguns aspectos do self”, que contempla “a busca pelo autoconhecimento e autenticidade, diminuição do egocentrismo, diminuição da obsessão pelo corpo, aumento do altruísmo, redescoberta da criança interior e ‘integridade do ego’ com a totalidade da vida”; 3. “mudanças nos relacionamentos sociais e individuais do idoso”, momento em que “a pessoa tende a se tornar mais seletiva e menos interessada em relacionamentos superficiais, demonstrando aumento na necessidade de ficar só”. Sendo possível sintetizar estes ponto afirmando que “a resolução da crise da nona etapa está relacionada à capacidade do idoso em transcender as limitações corporais próprias da velhice” A área que estuda os processos de envelhecimentohumano é denominada Gerontologia. Na Psicologia, uma autora bastante conceituada em pesquisas desta ordem é Anita Liberalesso Neri, professora do Departamento de Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Neri afirma que “o envelhecimento requer para sua compreensão uma perspectiva interdisciplinar, envolvendo principalmente a Psicologia, a Biologia e as Ciências Sociais [...]”. ▪ Estatuto do Idoso - Lei 10741/2003 →Quem é Idoso? 60 anos ou mais →Garantias →Preferência da preferência → 80 anos ou mais →Direitos Fundamentais →Violência →Educação, cultura, esporte e lazer →Concurso Público →Medidas Específicas de Proteção →Entidades de Atendimento → Penalidades →Apuração de Irregularidades →Crimes → Ação penal pública incondicionada à representação. ▪ Projeto muda de 60 para 65 anos idade para pessoa ser considerada idosa O Projeto de Lei 5383/19 altera a legislação vigente para que as pessoas sejam consideradas idosas a partir dos 65 anos de idade, e não mais 60. Em análise na Câmara dos Deputados, o texto altera o Estatuto do Idoso e a Lei 10048/00, que trata da prioridade de atendimento. “Não existe mais justificativa para dizer que uma pessoa com 60 anos é idosa. A cada dia que se passa vemos mais pessoas atingindo essa idade com qualidade de vida, em plena atividade laboral, intelectual e até mesmo física”, afirma o deputado João Campos (Republicanos-GO), autor da proposta. Caso o projeto seja aprovado pela Câmara, o Estatuto do Idoso passará a regular os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. A elas será assegurada, por exemplo, prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte. Além disso, apenas às pessoas com idade igual ou superior a 65 anos – e não mais 60 anos - será assegurado tratamento prioritário no transporte coletivo, em bancos, repartições públicas e empresas concessionárias de serviços público. ▪ Ano de Valorização e Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa/2018 Em 2018, o então presidente Michel Temer sancionou, a lei 13.646/18. A norma institui 2018 como o Ano de Valorização e Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa. Estabeleceu que fossem empreendidas ações, como a realização de palestras e eventos e confecção de materiais educativos sobre o tema, ao longo do ano de 2018. Entender a riqueza que habita cada experimentação humana é o ponto principal da Psicologia e, claramente, deve ser dos psicólogos, por isso, não somente o conhecimento teórico e técnico são importantes, mas também a habilidade de conversação e trabalho com outros saberes científicos, além da característica pessoal do profissional em dispor-se internamente para a superação de modelos e representações sociais que influenciam e enviesam sua compreensão. REFERÊNCIAS: ▪ Livro Institucional Desenvolvimento Humano II ▪ Papalia DE Desenvolvimento Humano
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