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● Introdução: A dor provém do latim “dolor”, definida como sofrimento. É uma experiência sen- sorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial. Além disso, é um componente sensorial discriminativo que apresen- ta intensidade, localização, duração e padrão temporal. ● Nociceptor: São terminações nervosas livres presentes em diversos tecidos que detectam estímulos mecânicos, térmicos e químicos. Possuem um limiar de excitabilidade elevado e uma sensibilidade baixa, dessa forma os estímulos devem apresentar certa intensidade para promover uma ativação sensorial da dor. ➤ Receptores de Membrana: Os nociceptores apresentam canais transmembrana de passagem iônica. Dessa forma os receptores são despo- larizados e a informação é transmitida através do nervo. ☞ Exemplos: TRPN8: temperatura abaixo de 8°C. TRPV3 e 4: estímulos osmóticos, mecânicos e temperatura de 31°-39°C. TRPA1: moléculas inflamatórias e temperatura abaixo de 17°C. ASICs: prótons. BNaC1: deformações ligadas ao citoesqueleto. ☞ Lesão Tecidual: Provoca extravasamento de íons intracelulares, ativação de células imuno- lógicas, liberação de moléculas inflamatórias e ácido araquidônico das membranas celulares, que libera prostaglandinas. ➤ Fibras Nervosas: São responsáveis pela transmissão do potencial de ação. ☞ Tipo A: São altamente mielinizadas, apresen- tando as maiores velocidades de condução da informação. Se subdivide em: Tipo Aα: Velocidade de condução em 60-80 m/s. Atua em fibras esqueléticas eferentes, eixo muscular aferente e órgãos tendíneos. Tipo Aβ: Velocidade de condução em 30-60 m/s. Atua em fibras mecânicas aferentes da pele. Tipo Aγ: Velocidade de condução em 2-30 m/s; Atua no eixo muscular eferente. Curiosidade Os receptores TRPV1 e 2 interpretam capsaicina e temperatura acima de 43°C. Dessa forma a pimenta é associada ao calor. Já o CMR1 detecta mentol e temperatura abaixo de 8°C. Dessa forma a menta é associada ao frescor. Inflamação Neurogênica Nociceptores não apenas levam a informação para o sistema nervoso central, como também desenvolvem influência local ao liberar, de maneira antidrômica (contra o potencial de ação), substâncias como Substância P, CGRP. Dessa forma, o sistema nervoso é capaz de gerar inflamação sem haver necessariamente lesão tecidual, e hiperalgesia pela capacidade de sensibilizar outros terminais próximos. Estímulos Químicos: Bradicinina, Serotonina, Histamina, íon K, ácidos, acetilcolina e enzimas proteo-líticas. Tipo Aδ: Velocidade de condução em 2-30 m/s; Atua nas fibras aferentes da pele, principalmente na percepção de temperatura e dor rápida. É nociceptiva! ☞ Tipo B: São pouco mielinizadas e apresentam velocidade de condução em 3-15 m/s. Atua nas fibras simpáticas pré-ganglionares viscerais afe- rentes. ☞ Tipo C: São amielinizadas; e, portanto, apresentam uma velocidade de condução em 0,25-1,5 m/s, sendo conhecida como dor tardia e lenta. Estão atuando em fibras aferentes da pele e pós-ganglionares simpáticas. É nociceptiva! ➤ Limiar: Os nociceptores apresentam um li- miar alto para ativação do potencial de ação. Dessa forma, sensações de dor não são disparados a partir de qualquer estímulo. É necessário a abertura de vários canais mecânicos para que haja sensibilização dos nociceptores, provocando a diminuição do limiar. ● Nocicepção: Atividade inconsciente induzida por estímulo nocivo aplicado aos receptores sen- soriais. Ocorre de maneira ascendente. ➤ Sensibilização: É a diminuição do limiar do potencial de ação, promovida pelo estímulo nociceptivo. Ocorre a partir da liberação das moléculas fatores de lesão como Histaminas, Bradicininas e Prostaglandinas. ➤ Transdução: É a interpretação da sopa inflamatória e a despolarização das fibras. É realizada pela Substância P e CGRP. ➤ Transmissão: É a passagem da despola- rização da transdução periférica até que a infor- mação alcance o sistema central adequado (medula, caso corporal; trigêmeo, caso cranial). ➤ Modulação: Ocorre de maneira a controlar a transmissão sináptica do primeiro neurônio sensitivo com um neurônio de segunda ordem, promovida pelos neurotransmissores Glutamato e Substância P. Dessa forma, pode inibir ou impedir a passagem nociceptiva. ☞ Teoria do Portão: É um interneurônio inibi- tório apresentado no corno dorsal da medula espinal que apresenta a função de controlar a passagem dos estímulo doloroso e mecânicos. O estímulo sobressalente promove a ativação dessa inibição no neurônio sensorial secundário da outra via. Portanto, um estímulo mecânico sobressa- lente pode impedir a percepção dolorosa e vice- versa. ☞ Sistema Inibitório Descendente: É controlado pelo mesencéfalo, que apresenta neurônios capazes de transmitir sinapses em descida pela via noradrenérgica e serotoninérgica. Ali, podem liberar os neurotransmissores noradrenalina e serotonina, que interferem a transmissão sináptica entre o primeiro neurônio sensitivo e o de segunda ordem. Esses neurotransmissões ativam recepetores que inibem a depolarização da membrana, impedindo a liberação de Glutamato ou Substância P no sítio sináptico. Dor Referida É o redirecionamento do estímulo a partir da sinapse silente reativada entre o neurônio nociceptivo de segunda ordem com outros nociceptivos de maior ou menor ordem. Dessa forma, é possível haver percepção de dor em locais além da lesão. Via Opióidérgica: Noradrenalina e Serotonina também podem ativar interneurônios inibitórios, causando a liberação de encefalinas, substâncias opioides endógenos capazes de inibir o neurônios primários e secundários. Outros opioides endó- genos são as endorfinas e dinorfinas. GABA e Glicina: São neurotransmissores que inibem a sinapse estimulada pela substância P e Glutamato. Sendo assim, promovem sensação de analgesia, impedindo que os estímulos dolorosos sejam atuantes. ➤ Projeção e Percepção: É a transmissão do estímulo modulado até o encéfalo por meio dos tratos: ☞ Espinotalâmico: Possui o trajeto Medula → Tálamo. É a estação retransmissora de sensibili- dades gerais, responsável pela percepção con- sciente da dor. Sistema Límbico, Córtex Pré-Frontal e Ínsula: São ativados e promovem respostas autonômicas, cognitivas e emocionais respectivamente. ☞ Espinorreticular: Possui o trajeto Medula → Sistema Reticular Ascendente. Essa sinapse é principalmente responsável pela manutenção da atenção. Dessa forma o indivíduo se mantém desperto. ☞ Espinomesenfálico: Possui o trajeto Medula → Mesencéfalo. É o principal ativador do sistema controlador da dor, localizado na substância cinzenta periaquedutal. ● Reflexo Flexor: A medula repassa a informação nociceptiva recebida para neurônios motores. Dessa forma, é possível que se retire a mão de um objeto quente antes que se perceba o calor. ● Cronificação: É o processo de dessensibi- lização central a partir de estímulo contínuo. A despolarização se torna mais lenta, dessa forma, mais neurotransmissões são liberados. Alodínia É uma sensibilização central que promove percepção dolorosa a partir do estímulo de neurônios de segunda ordem nociceptivos a partir de sinapses silentes reativadas conectadas com neurônios de primeira ordem não nociceptivos. Sendo assim, há o desenvolvimento de dor por estímulos não- dolorosos.