Buscar

O CONTINENTE

Prévia do material em texto

Literatura
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
Desmitificar a história e a literatura
A literatura também contribuía com uma visão idealizada
da história do estado, mascarando a violência, a opressão dos heróis
sanguinários contra uma população subjugada.
O TEMPO E O VENTO - ÉRICO VERÍSSIMO
O CONTINENTE: a fundação do mito
epopeia paradigmática do ‘código’ gaúcho
concepção circular de história na qual o presente duplicaria o passado
Duas histórias: a da família, e a da formação do RS
ESTRUTURA NARRATIVA - intermezzos
Preencher vazios, tanto na construção de personagens secundários quanto em
aspectos históricos rio-grandenses que não foram suficientemente elaborados nos episódios.
a) Reforçar o caráter simultaneamente épico e brutal da conquista do território chamado
continente de São Pedro.
b) Apresentar um contraponto social, na figura dos Carés, gente sem eira nem beira, desvalidos,
arranchados na fazenda do Angico.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 Índia (que não é das Missões) morre após dar a luz a um
menino de pele mais clara (provável fruto de um
relacionamento entre a índia e um Vicentista)
Alonzo decide chamá-lo de Pedro ( nome do marido que
Alonzo iria assassinar)
 A criação mística de Pedro Missioneiro: Cacique Rafael ,
Padre Alonzo, Alfares Sepé Tiaraju
Pedro cresce, fascinado pela figura de Sepé
As visões de Pedro: revela a Alonzo que conversa no
cemitério com sua mãe ( a Rosa Mística – Nossa Senhora),
que desceria dos céus, bem como com seu pai ( um índio
como Sepé)
 Tratado de Madri: indignação de Alonzo
 1756. Visões de Pedro: morte de Sepé (Pedro afirma que o
próprio Sepé veio lhe contar)
 Fuga de Pedro Missioneiro ( leva o punhal de prata de
Alonzo)
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O que destacar em A fonte
a) A confluência da cultura mística católica
e a consciência mágica dos índios na figura
de Pedro, explicando a sua tendência a
visões e premonições.
b) A criação de uma origem mitológica para
o estabelecimento da sociedade rio-
grandense, na medida em que Pedro, mais
tarde, fecundará Ana Terra, dando início -
em termos simbólicos - a um tipo local, o
gaúcho. É visível - neste romance de
"fundação" de um mundo regional - a
influência de Iracema, de José de Alencar.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 Ana Terra: um estranho estirado perto da sanga
 O punhal é tirado do índio ainda desacordado
 Pedro se apresenta :
Explica sua origem, Fuga das Missões, Acampamento Militar
Luta contra os castelhanos pela Coroa Portuguesa,
Ofício de Fé assinado por Rafael Pinto Bandeira ( nenhum Terra sabe ler)
 Pedro improvisa uma barraca de palha perto da sanga
 Pedro se revela talentoso na lida do campo, toca flauta
 Inquietação de Ana Terra: repulsa e atração
 Confiança: Maneco devolve o punhal a Pedro
 1778 – Pedro conta lendas ( Teinaguá e Boitata)
 Relação: Pedro + Ana Terra gravidez : quer a fuga
 Pedro: “demasiado tarde” – premonição da própria morte
 Pedro entrega o punhal a Ana ; assassinado pelos cunhados
 1779 nasce Pedro Terra ( renegado pelo vô e pelos tios)
 1881 Horácio se muda para Rio Pardo e Antônio se casa com Eulália
 1886 nasce Rosa (filha de Antônio) ; morte de Henriqueta
 1889 plantação de trigo nasce : aproximação entre neto e avô
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Pedro recebe o punhal de prata
 Invasão dos Castelhanos : Eulália, Rosa e Pedro se
escondem no mato
Maneco, Antônio e escravos assassinados
Ana Terra : estupro coletivo, desmaio
Ana desenterra as economias do pai, salva a roca da mãe
Ana não cogita a ida a Rio Pardo: envergonharia o irmão
Comboio de Marciano Bezerra : rumo às terras do Coronel
Ricardo Amaral : estância de Santa Fé
Ricardo Amaral lutou na Guerra das Missões, recebeu
terras como recompensa do governo (dizem que teria
matado Sepé)
Ricardo Amaral, homem de ditados : “mulher, arma e
cavalo de andar, nada de emprestar” ( CONTOS
GAUCHESCOS )
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 Estância de Santa Fé : Ana e Rosa se fixam
Ana = parteira oficial , “era boa com a tesoura”
Pedro nova com Arminda Silva
Guerra contra os castelhanos: recrutamento obrigatório
Cel. Ricardo Amaral, Chico Amaral (filho) e Pedro partem
 Eulália ( amigada com um viúvo) “abandona” Ana
Morte do Coronel Ricardo Amaral
 Três meses depois: retorno de Chico Amaral e Pedro
 1803: Pedro se casa com Arminda
 1804: nasce Juvenal Terra ; Santa Fé se povoa
 1806: nasce Bibiana Terra
 1811: Nova Guerra : Pedro parte novamente, novamente
Ana fica esperando o seu retorno
( destino das mulheres: esperar a volta dos homens das
guerras )
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O que destacar em Ana Terra 
Ana Terra é o capítulo definitivo de O tempo e o vento. Além da representatividade
histórica da personagem (símbolo da mulher rio-grandense), devemos atentar para:
a) Seu erotismo, ampliado pela solidão e pela sensação de infelicidade de viver naquele
mundo perdido que é a fazenda do pai. Daí a sua entrega corpórea a Pedro Missioneiro.
b) A consciência natural (e quase a-histórica) do tempo. Este é determinado
primitivamente pelo ritmo das estações, assim como os dias o são pelo nascer e pelo
desaparecer do sol. Não há calendários e as referências aos anos são imprecisas.
c) A sua garra, obstinação e capacidade de resistência. A forma que sobrevive
interiormente à violência do estupro dos bandidos castelhanos indica não apenas
resignação ao destino, mas estupenda força subjetiva e crença na vida. No limite mais
dramático e profundo, estes serão os valores de todas as mulheres no romance.
d) A profissão de parteira que Ana adota como uma metáfora da vida, enquanto a seu
redor guerras e revoluções campeiam com todo um tributo à destruição e à morte.
Decorre daí também o seu ardente pacifismo e seu entranhado ódio à violência em que
os homens parecem se comprazer.
e) A relação que Ana estabelece entre o vento e as coisas importantes de sua vida, a
associação entre as "noites de vento, noite dos mortos" e, por fim, a própria ligação do
vento com a memória feminina. Esta memória - açulada pela natureza - é ao mesmo
tempo o tormento, o consolo e a arma de defesa das mulheres contra a falta de sentido
da existência.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
BIBIANA TERRA 
Bibiana tinha crescido à sombra de Ana Terra, com a qual
aprendera a fiar, a bordar, a fazer pão e doces e
principalmente a avaliar as pessoas. Depois que Ana Terra
morrera, Pedro às vezes tinha a impressão de que ela
continuava a falar pela boca da neta. Bibiana repetia frases
da avó. Quando à noite ventava e eles estavam dentro de
casa em silêncio, esperando a hora de irem para a cama, a
moça de repente murmurava: “Noite de vento, noite dos
mortos”. Bibiana via muito os homens com os olhos
desconfiados e cautelosos de Ana Terra. Pedro nunca pudera
descobrir a razão por que a mãe tinha tanta malquerença
pelos homens em geral. Às vezes fugia deles como o diabo da
cruz. Era com frequência que falava, com má vontade e
repugnância, em “cheiro de homem”.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Rodrigo pede conselho a Pedro : “deveria investir em
plantação ou gado?” ; resposta de Pedro: “deveria ir
embora de Santa Fé”
Bibiana, que rejeitava Bento Amaral (filho do Cel. Ricardo
Amaral Neto, dono de Santa Fé), sentia atração e repulsa
em relação a Rodrigo ( lembrar Ana e Pedro Missioneiro)
Bibiana ouvia de casa a cantoria e o violão de Rodrigo e
parecia se enfeitiçar (lembrar Ana e Pedro Missioneiro )
Padre Lara se apresenta a Rodrigo e lhe pede que parta (
ordens do Cel. Amaral). Rodrigo pede um encontro com o
Coronel, o Padre promove este encontro:
Rodrigo apresenta uma Carta Ofício de Bento Gonçalves ao
CoronelAmaral (asseverando sua lealdade e bravura como
soldado) (lembrar o ofício que Pedro Missioneiro apresenta
aos Terras); o Coronel mostra-se irredutível, Rodrigo avisa
que não irá partir da cidade.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 1829: Festa no terreiro de Joca Rodrigues, toda a Santa Fé
comparece, Rodrigo quer tirar Bibiana para dançar, Bento
Amaral se intromete; discussão; tapa de Bento na cara de
Rodrigo; marcação de duelo de adagas
Duelo : Rodrigo “desenha” um P no rosto de Bento que,
covardemente, desfere um tiro a queima roupa em Rodrigo
Bento Amaral visto como um covarde por toda a Santa Fé
Rodrigo entre a vida e a morte: Padre Lara se apresenta
para a confissão final de Rodrigo : “uma figa”
Na cidade, corre o boato do milagre do Padre Lara que
teria curado Rodrigo após este ter se confessado
Rodrigo passa um mês de cama em recuperação
Rodrigo elogia um punhal de prata que o amigo Juvenal
detém , decidem abrir sociedade : uma Venda
Rodrigo pede ao Padre que fale a Pedro Terra sobre Bibiana
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Pedro Terra indaga Bibiana que, por sua vez, afirma querer
se casar com Rodrigo; Pedro avisa ao Padre que permite o
casamento, mas que Rodrigo não conte com sua amizade.
 1829 – natal : casamento Rodrigo Cambará + Bibiana Terra
Rodrigo começa a fazer viagens longas sob o pretexto de
buscar mercadorias para a venda : motivo real – amantes
 1830 – dia de finados : nasce Bolívar Terra Cambará
 Tesoura de parteira de Ana Terra
 1831: nasce Anita Terra Cambará
Rodrigo : vícios – jogatina, bebedeiras, amantes (amante
fixa : Honorina)
Bibiana : ” O vício dela era Rodrigo. Suportaria tudo, se
sujeitaria a todos os rebaixamentos contanto que ele não
fosse embora.”
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 1834: Povoado de Santa Fé Vila de Santa Fé
 Inverno, Rodrigo, na jogatina, recebe chamado urgente de
Bibiana, mas decide permanecer no jogo; ao voltar para
casa, encontra o Padre Lara que lhe dá a notícia da morte
de Anita; Rodrigo desaba no choro.
Rodrigo se acalma ( menos bebida e jogatinas)
Nasce Anita Terra Cambará ( Rodrigo mente dizendo que é
o nome de sua mãe, na verdade, era o nome de uma antiga
amante)
Amizade entre Bolívar e Florêncio ( filho de Juvenal e
Maruca)
 1835: Juvenal retorna de Rio Pardo com as notícias sobre a
Revolução Farroupilha
Cel. Ricardo Amaral determina lealdade ao Governo
Federal
Pedro Terra é preso por se opor, depois será solto mas
seguirá sendo vigiado, bem como Juvenal
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Rodrigo parte para se reunir como os homens do General
Bento Gonçalves
Bibiana, aflita, fica no aguardo do retorno de Rodrigo (
como Ana Terra, que ficava sempre no aguardo do retorno
do filho Pedro, que ia para guerras)
 1836: a revolução chega a Santa Fé definitivamente
Retorno de Rodrigo
A tomada do casarão dos Amaral : mortes de Ricardo
Amaral e de Rodrigo Cambará
 Enterro de Rodrigo e de Ricardo ( mais gente comparece ao
de Rodrigo, ou seja, o Capitão, antes indesejado por todos,
tinha conquistado o carinho de toda a cidade )
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Bibiana olhou para a sepultura de Ana Terra e achou estranho que
Rodrigo estivesse agora "morando" tão pertinho da velha. E não deixava
de ser ainda mais estranho estarem os dois à sombra do jazigo perpétuo
da família Amaral, onde se achavam os restos mortais do cel. Ricardo.
Agora estavam todos em paz. Bibiana levantou-se. Era hora de voltar
para casa, pois em breve o cemitério estaria cheio de visitantes, e ela
detestava que lhe viessem falar em Rodrigo com ar fúnebre. Não queria
que ninguém a encontrasse ali. Em breve tiraria o luto do corpo: vestira-se
de preto porque era um costume antigo e porque ela não queria dar
motivo para falatório. Mas no fundo achava que luto era uma bobagem.
Afinal de contas para ela o marido estava e estaria sempre vivo. Homens
como ele não morriam nunca. Ergueu Leonor nos braços, segurou a mão
de Bolívar, lançou um último olhar para a sepultura de Rodrigo e achou
que afinal de contas tudo estava bem. Podiam dizer o que quisessem, mas
a verdade era que o cap. Cambará tinha voltado para casa.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O que destacar em Um certo Capitão Rodrigo
a) O fato do personagem central ter se transformado - mesmo que não fosse a 
intenção de E. V. - no símbolo do gaúcho, com seu misto de bravura, 
fanfarronice, generosidade e pensamento libertário. Talvez os gaudérios da 
época não tivessem o mesmo carisma. Documentos da época pintam esses 
homens "sem rei nem lei" quase como párias. No caso de Rodrigo, contudo, "a 
mentira histórica vira verdade artística".
b) A paixão instintiva (próxima do mundo animal) que o Capitão experimenta 
pela vida e seus prazeres, especialmente os da cama e da mesa. Apesar disso, 
há em sua conduta um substrato ético que o leva, por exemplo, a se posicionar 
contra os tiranos e a respeitar sua mulher, Bibiana.
c) O forte sopro épico que percorre todo o episódio. A exemplo de Aquiles e de 
outros heróis das epopéias gregas, Rodrigo Cambará acredita que só a ação 
guerreira dá sentido à vida dos homens. A domesticidade e o cotidiano são os 
maiores inimigos desses personagens, que só se sentem felizes no fragor das 
batalhas e das conquistas. Antológica é a cena do Capitão, transformado em 
dono de venda:
"Rodrigo foi até a porta (da venda) e olhou para o alto. O vento trazia um cheiro 
bom de capim e, aspirando-o, ele como que se embriagava. O fedor de cebola, 
alho e banha que havia dentro de casa nauseava-o. Meter-se naquele negócio 
tinha sido a maior estupidez de sua vida."
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O que destacar em Um certo Capitão Rodrigo
d) A criação de um modelo de Cambará: o macho audacioso, mulherengo e
sempre metido em revoluções. De certa forma, os valores caudilhescos e
machistas desse personagem cristalizam o ideal de hombridade vigente na
província até meados do século XX.
e) A cena espetacular da extrema-unção que o padre Lara oferece a Rodrigo
moribundo, exigindo antes que o seu amigo se arrependesse de todos os
pecados. Reunindo suas últimas forças, o Capitão Cambará faz uma figa ao
sacerdote que sai dali horrorizado.
f) Igualmente importante é a cena - já referida no resumo - do duelo entre
Rodrigo e Bento Amaral, e a marca incompleta que o Capitão deixa no rosto do
último.
g) A paixão de Bibiana pelo gaudério é a melhor realizada entre todos os casos
amorosos que povoam O tempo e o vento. Independentemente dos adultérios de
que é vítima, do abandono e do desprezo do marido pela vida doméstica, ela
continua amando-o como no primeiro dia em que o viu. "Queria vê-lo mais uma
vez, só uma vez"- pensa ela durante a Revolução e um pouco antes do último
encontro amoroso, numa sublime confissão de desejo e afeto.
h) O fato de Bibiana reproduzir sua avó, Ana, tanto na obstinação, nos silêncios,
no ódio à guerra e às revoluções, na profissão de parteira e na lembrança dos
mortos, dando sequência ao arquétipo feminino do romance.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Sim, um dia Pedro Terra necessitara de
recursos para plantar uma lavoura de linho e
trigo (sempre a mania do trigo!) e por isso
fora obrigado a pedir dinheiro emprestado a
Aguinaldo Silva, dando-lhe como garantia
sua casa e o terreno de esquina, cujo valor
era três vezes maior que o do empréstimo.
Numa sucessão de safras infelizes a lavoura
se fora águas abaixo e como, vencido o prazo
da hipoteca, Pedro não tivesse dinheiro para
resgatá-la e Aguinaldo não quisesse dar-lhe a
menor prorrogação, as propriedades dos
Terras passaram inteiras para as mãos do
avô de Luzia.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 Sante Fé tem novo Padre: Otero
A história de Aguinaldo Silva : fuga do Nordeste após
assassinar o amante de sua esposa e sua esposa, chegada
em Santa Fé
- Construçãodo Sobrado : casa maior do que a dos Amaral,
construída sobre as terras de Pedro Terra
- Aguinaldo também é dono de uma Fazenda: Angico
- Aguinaldo adota coma neta uma menina de um orfanato
e a manda para o RJ estudar : Luzia Silva
- Luzia chega a Santa Fé e causa admiração em todos por
sua beleza e cultura ( toca cítara, recita poemas)
- Florêncio e Bolívar ( primo-irmãos) se apaixonam por
Luzia
 1853: casamento entre Bolívar e Luzia
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Dr. Winter sobre os gaúchos:
O código de honra daqueles homens possuía um nítido sabor
espanhol. Falavam muito em honra. No fim de contas o que
realmente importava para eles era “ser macho”. Outra
preocupação dominante era a de “não ser corno”. Não levar
desaforo para casa, saber montar bem e ter tomado parte
pelo menos numa guerra eram as glórias supremas daquela
gente meio bárbara que ainda bebia água em guampas de
boi. E a importância que o cavalo tinha na vida da Província!
Para os continentinos o cavalo era um instrumento de
trabalho e ao mesmo tempo uma arma de guerra, um
companheiro, um meio de transporte; para alguns gaúchos
solitários as éguas serviam eventualmente de esposa. Winter
conhecia ali homens que à força de lidar com cavalos
começavam já a ter no rosto traços equinos.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Dr. Winter compara Luzia a Teinaguá : Luzia é sádica, como
a teiniaguá, uma lenda gaúcha que conta a história de uma
princesa moura transformada em lagartixa com cabeça de
diamante, a qual gosta de ver outros sofrerem, mas sua
beleza atrai todos os homens
(O raciocínio proposto pelo episódio ―A teiniaguá, ao proceder à leitura de ―A
Salamanca do Jarau, é linear: transplantada a bela princesa do mundo da
idealidade mítica para o da materialidade histórica, ela só poderia se mostrar
louca e má. Somente uma pessoa malévola aceitaria a missão de perder os
homens; apenas um indivíduo de tendência sádica teria prazer em assistir à
destruição dos demais. É linear e simples, porém correto: a princesa moura,
colocada no patamar realista com que Erico a pensa, mostra-se um ser que
provoca a desgraça dos outros, não por desamá-los, mas por ser este um
componente de seu caráter. Dá-se um rebaixamento do status da personagem, ao
passar do âmbito da magia para o do mundo ordinário, resultado da
desmitificação; contudo, Luzia não perde em fascínio, nem em densidade, apenas
se aproxima dos homens, mostrando-se e mostrando-os tais como são.)
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Luzia observa ( quase orgasticamente) o
enforcamento de um escravo condenado;
“negro não é gente”
1854: Aguinaldo cai do cavalo e Luzia passa
ao seu lado ate a hora da morte ( por
respeito ou para ver a morte de perto?)
Juvenal Terra exibe um punhal de prata...
Luzia grávida : Licurgo Cambará
Bibiana revela que Leonor (sua filha) mora
em Santa Cruz e está casada com um
fazendeiro, mas não tem filhos
1855: Florêncio Terra se casa com Ondina
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 Florêncio se torna pai : Juvenal Neto
 1856: viagem de Bolívar e Luzia a Poa: Epidemia de cólera –
A Peste ( mais de mil mortos )
Retorno do casal a Santa Fé : Cel. Bento Amaral ordena
quarentena ao Sobrado
Dr. Winter era o único que poderia entrar e sair; guardas
vigiavam 24hs o Sobrado
Bibiana impede Bolívar e Luzia de chegarem perto de
Licurgo (medo da peste)
Discussão forte entre Bibiana e Luzia
 Luzia acaba esbofeteada por Bolívar
Bolívar transtornado decide descumprir as ordens de Bento
Amaral, sai à rua e acaba assassinado pelos guardas
Dr. Winter relata que no enterro de Bolívar, Luzia parecia
uma esposa inconsolável diante da morte do marido
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O que destacar em A teiniaguá
a) O caráter doentio de Luzia, indicando, de certa forma, que todas as
mulheres que ousassem quebrar o silêncio e a aceitação resignada da
dominação masculina, teriam um preço muito alto a pagar por sua
autonomia.
b) A identificação - feita pelo Dr. Winter - entre Luzia e a lenda da teiniaguá - a
princesa moura transformada em lagartixa e que leva os homens à perdição.
c) A quebra da hegemonia masculina nas relações afetivas e sexuais. Bolívar é
um escravo de Luzia, em proporção semelhante à prisão amorosa e social de
que Bibiana e as demais mulheres sofriam em seus relacionamentos com os
homens.
d) A personalidade complexa do Dr. Winter, que, além de suas penetrantes
análises da vida provinciana, revela forte ambigüidade diante do universo
local. O que um europeu educado e sensível faz naquela sociedade "tosca e
carnívora, que cheirava a sebo frio, suor de cavalo e cigarro de palha"? Ao
mesmo tempo, aquele mundo primitivo o prende com o fascínio de sua
selvageria, com a beleza de suas paisagens e com a disposição hercúlea de
seus homens e mulheres que iniciam uma nova sociedade.
e) De alguma maneira, o Dr. Winter é a expressão da acentuada curiosidade
européia pela vida nas regiões remotas, traduzida, por exemplo, em
centenas (ou talvez milhares) de viajantes cultos que estiveram no Brasil, no
século XIX, e que sobre suas viagens deixaram uma significativa quantidade
de belos relatos.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Repare numa dessas fascinantes observações do Dr. Winter sobre a vida em Santa Fé, 
dirigidas ao intelectual alemão Carlos von Koseritz:
"Mein lieber Baron. Faz hoje quatro anos que estou em Santa Fé. Já
não uso mais chapéu alto, minhas roupas européias se acabam e eu
desgraçadamente me vou adaptando. Sinto que aos poucos, como um
pobre camaleão, vou tomando a cor do lugar onde me encontro. Já
aprendi a tomar chimarrão, apesar de continuar detestando essa
amarga beberagem. (...) Estes invernos rigorosos de Santa Fé, em que
às vezes sentimos mais frio dentro das casas que fora delas, me
ensinaram a beber uma mistura deliciosa. É cachaça com mel e suco
de limão. Positivamente divino! Se te contarem, Carlos, que morri
embriagado numa sarjeta em Santa Fé, podes acreditar na história,
apenas com uma restrição: é que em Santa Fé não tem sarjetas pela
simples razão que não tem calçadas, como também não tem lampiões
nas ruas e como, em última análise, não tem nada. Talvez seja essa
carência de tudo que me fascina e me prende."
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 Fandango, Jose Meneses, 60 anos, arquétipo do gaúcho, tal
qual BLAU NUNES ( Contos Gauchescos)
Índio velho sem governo,
Minha lei é o coração.
Quando me pisam no poncho,
Descasco logo o facão,
E se duvidam perguntem
À moçada do rincão. 
 Fandango cita vários ensinamentos, provérbios, ditos
gauchescos ( todos retirados de Artigos de Fé, de Contos
Gauchescos)
 Educação gauchesca de Licurgo
 Bibiana : “ainda que a guerra no Paraguai tenha
terminado, a daqui – Sobrado - ainda não terminou
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O que destacar em A guerra 
a) A astúcia do narrador que começa o capítulo falando da Guerra do
Paraguai e, em seguida, abandona o conflito bélico para revelar a luta
surda e odiosa das duas mulheres pela posse dos bens e de Licurgo.
A guerra entre nações transforma-se em guerra de mulheres.
b) A obstinação cruel de Bibiana em destruir a nora, Luzia. Isso serve
para quebrar uma certa idealização - construída nos capítulos
anteriores - a respeito das mulheres da linhagem Terra.
c) A cena terrivelmente dramática em que Luzia, tocando cítara em
surdina, diz várias vezes a Licurgo que vai morrer por causa do tumor
em seu estômago e que ele ficará abandonado, completamente
sozinho, ao contrário de outros jovens que têm pai e mãe, levando o
rapaz à exasperação.
d) A figura de Fandango, calcada em Blau Nunes, de Simões Lopes
Neto. Depositário de todo um mundo gauchesco de referências, de
uma linguagem de rica originalidade, centrada em ditos e provérbios
regionais, ele encarna a sabedoria popular dos homens do campo. É
com ele que Licurgo faz sua educaçãoinformal.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
 Licurgo publica no Democrata que dará uma grande festa
na qual anunciará alforria a todos os seus escravos,
enfurecendo Bento Amaral
 Fandango : “negro nasceu para ser mandado”
 A Cavalhada ( festa teatral , tradição portuguesa cristã)
 Licurgo x Alvarino Amaral
Princípio de confusão, chegada de Bento Amaral com
pistola em punho, Padre Romano se interpõe, a confusão
se desfaz
 Festa de Licurgo : abolição de 30 escravos
 Toribio Rezende lê poemas de Castro Alves
 Ismália revela estar grávida; Alice também estava
Dr. Winter mostra trechos do diário de Luzia ( morta por
câncer) a Licurgo; algumas páginas estavam arrancadas (
por Bibiana? )
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O que destacar em Ismália Caré
a) O quadro vivo da contenda política entre as
frações dirigentes (Amaral versus Cambará), cujos
rancores e ódios já estão latentes antes da
República e do triunfo do castilhismo.
b) A ambiguidade moral de Licurgo perante a sua
futura esposa, Alice, pois não pretende se livrar
(nem se livrará) da amante, Ismália Caré.
c) A sua ambiguidade ética no caso da libertação dos
escravos. Apesar da grandeza de seu gesto,
subjetivamente ele sente raiva e irritação com
"aqueles negros" que pisam na sala do Sobrado,
alguns aturdidos e outros, arrogantes.
d) O surgimento de Maria Valéria Terra, cunhada de
Licurgo, de grande importância em episódios
seguintes.
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Bibiana sentencia : “noite de ventos, noite
dos mortos”
Licurgo pensa em Ismália Caré, como estaria
ela no Angico?
Licurgo relembra com dor a “traição”
política de seu amigo Toríbio Rezende, que
se uniu aos Federalistas
Morre Tinoco
Fandango conta a lenda do Negrinho do
Pastoreio aos meninos Rodrigo e Toríbio
Antero se arrisca e sai na tentativa de
buscar o Dr. Winter, pois Alice piora ainda
mais
Venta forte
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Licurgo, convencido por Maria Valéria, com
medo de perder a esposa, decide perder
trégua, mas, antes de tremular a bandeira
branca de rendição, percebe a chegada de
Antero, Winter e do Padre Romano, a
revolução acabara com a vitória dos
republicanos
O sobrado não se rendeu!
Toríbio e Rodrigo tocam o sino da igreja
Licurgo imagina o telegrama que deveria
enviar a Julio de Castilhos
Fandango encontra Florêncio morto
Fandango decide contar a Bibiana, mas não
consegue
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
Provável questão: os homens 
Rodrigo Cambará : morre ao invadir o 
casarão dos Amarais
(combate)
Bolívar Cambará : morre por não aceitar o 
cerco imposto pelos Amarais ao Sobrado
(combate)
Licurgo Cambará: vence a família Amaral
(resistência)
O
 C
O
N
TIN
EN
TE 
PROF. DANTE GONZATTO
UMA ANÁLISE DE O CONTINENTE Flávio Loureiro Chaves
"Uma crônica de sangue pontuada por sucessivas guerras, eis o cenário onde
brota a gênese da Província de São Pedro. Ao início de O continente, no
episódio de Ana Terra, o espaço físico foi inteiramente destruído após um
ataque de castelhanos que massacraram todos os homens válidos da fazenda de
Maneco Terra. Sob a imensidão do campo, duas mulheres e duas crianças
sepultam os seus mortos. Desses escombros surge a personagem de Ana Terra,
armada de uma confiança absurda em si mesma, que se integra na caravana
pioneira para fundar, muito distante, a vila de Santa Fé. Com ela segue o filho,
que será o pai de Bibiana; e assim fica assegurada a continuidade da vida. A
mesma intriga, distribuída por diferentes níveis de temporalidade, repete-se
várias vezes na sucessão de gerações de Terras e Cambarás. (...)
Na personagem Ana Terra se reedita o primeiro dia da criação, a imagem
primitiva da fecundação, enquanto antítese da morte. Diz Erico: 'Penso nela
como uma espécie de sinônimo de mãe, ventre, terra, raiz, verticalidade,
permanência, paciência, espera, perseverança, coragem moral.'
Há um estranho paradoxo em O continente. Essa epopéia, cuja linha episódica
foi traçada no encadeamento dos feitos guerreiros, parece ter sido escrita para
reafirmar a insanidade da guerra. Enquanto a seqüência cronológica avança
mediante lutas fratricidas entre Cambarás e Amarais, a visão de mundo do
autor, sua crença nos valores permanentes da vida, está expressa na saga de
Ana Terra e nos silêncios de Bibiana."

Continue navegando