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LIMITE APICAL DE TRABALHO DO CANAL RADICULAR

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JENNIFER DELGADO FONTES. CROBA 21.280 
 
LIMITE APICAL DE TRABALHO – VISÃO DA ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA E SAÚDE PÚBLICA 
 Quando entramos no canal, perdemos completamente os nossos referenciais e os limites da nossa intervenção. 
Por isso, torna-se necessário restabelece-los, tendo em vista que nada é feito além dos limites do canal → 
odontometria: medida que vai de um ponto mais externo na coroa do dente ao seu ápice radicular. Condutometria: 
medida do inicio do conduto até o ápice radicular. 
 COMPRIMENTO DE TRABALHO PELO MÉTODO TÁTIL: 
 O canal radicular é constituído de dois cones opostos: um cone maior que ocupa praticamente toda a sua extensão 
e que constitui o canal dentinário e outro, bem menor, o canal cementário, constituído por tecido periodontal. O 
comprimento do canal dentinário é bastante variável, mas o canal cementário: 0,5 e 07 mm nos pacientes jovens e 
idosos, respectivamente. 
 Tem-se estabelecido que o ponto de união conhecido como limite CDC (cemento-dentina-canal), ou próximo a ele 
constitui a parte mais conscrita do canal. A conicidade do canal dentinário tem o seu maior diâmetro no terço 
cervical, mais precisamente na entrada e o menos, nas imediações do limite CDC → instrumento endodôntico 
penetra com relativa facilidade. Os instrumentos convencionais têm o segmento cortante com 16 mm de 
comprimento e aumento no seu diâmetro de 0,02 mm a cada milímetro desse segmento. 
 O dentista deve ter cuidado, pois, às vezes ele acha que o limite CDC é onde a lima trava, sendo que não é. Pode 
ser devido a ponta da lima que está travando devido à sua porção calibrosa. Ou seja, a sensação de travamento 
pode estar sendo conferida pela entrada do canal e não pelo seu diâmetro no CT. Profissional que se apoia apenas 
no método tátil tem grandes chances de falahar. 
 COMPRIMENTO DE TRABALHO PELO MÉTODO RADIOGRÁFICO: 
 O mais utilizado entre os dentistas. Constitui-se na colocação de um instrumento endodôntico devidamente 
calibrado no interior do canal para, em seguida, fazer-se uma tomada radiográfica e averiguar a sua relação de 
dimensão com o mesmo, particularmente o comprimento. A lima pé colocada numa medida previamente 
estabelecida pelo comprimento médio dos dentes e/ou pela radiografia pré-operatoria. Porém, a posição do 
cursosr (limitador de penetração) na lima pode levar a pequenos erros na mensuração do canal → cursor pode se 
deslocar, ou ficar distante. Por isso, o endodontista deve estar atento sempre ao cursor/ponto de referência. 
 LIMITE APICAL DE TRABALHO: 
Dois pontos chave são o conhecimento médio dos dentes e a determinação do comprimento de trabalho. Uma 
grande preocupação tem sido demonstrada com a eventualidade da sobreinstrumentação. A falha em determinar 
o comprimento de trabalho com acuidade pode levar à incompleta instrumentação e obturação, com consequente 
percolação apical para o “espaço morto”, resultando em aumento do percentual de insucesso. 
 Saber o comprimento médio é muito importante, porém, deve-se ter em mente que apenas o comprimento 
determinado na radiografia de prova em posição pode ser considerado exato na pratica clínica. 
 
O canal dentinário e o cementário se continuam que é impossível distingui-los radiograficamente, e também 
detectar clinicamente o limite CDC. A transição gradual que existe não permite saber onde termina um e começa o 
outro. Esse local não representa somente uma delimitação das estruturas mineralizadas, mas, também, dos tecidos 
pulpar e peridodontal. O canal dentinário começa e termina “dentro” da raiz, enquanto o cementário começa 
dentro dela, mas termina nos seus limites, é ele quem representa a saída do canal dos limites da raiz, o ápice do 
canal, conhecido como forame apical. Para saber o comprimento do canal dentinário, é só medir o comprimento 
do dente, subtrair 0,5 mm nos pacientes jovens e 0,7mm nos idosos. 
O grande referencial para determinar o comprimento de trabalho é o ápice da raiz, e não o ápice do canal. 
 
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O encontro desses estruturas, canais dentinário e cementário, não se dá em um único ponto, isto é, existem vários 
pontos de união do cemento com a dentina →há vários limites CDC, portanto, ficar a 0,5 ou a 0,7 mm aquém do 
ápice radicular radiográfico pode significar estar fora do canal dentinário, em muitas situações. 
Outro aspecto que deve ser considerado é a sua posição. O fato de os canais dentinário e cementário se 
continuarem não significa que o fazem na mesma direção. Na verdade, na grande maioria das vezes, o canal 
cementário não sai no ápice da raiz, e sim ao lado dele (paraapical). Ou seja, na grande maioria das vezes o ápice 
do canal não coincide com o ápice da raiz. Isso mostra que o limite não poderia ser 0,5 mm ou 0,7 mm, ou até nem 
1mm. 
 
 COMPRIMENTO DE TRABALHO: 
 
 POLPA VIVA: 
 A correta remoção da polpa em toda a extensão do canal dentinário deixa um remanescente tecidual no canal 
cementário denominado coto pulpar, sobre quem se deposita a responsabilidade pelo sucesso do tratamento 
endodôntico. Como medida de preservação da integridade desse tecido, tem-se proposto o preparo dos canais 
até o limite CDC. Como não se sabe onde é esse limite, existe uma diversidade entre os autores, com medidas 
de 0,5 a 3mm, aquém do ápice radicular radiográfico. 
 
• COTO APICAL: 
 Ele deveria ser chamado de coto periodontal, pois o tecido contido no canal cementário é um tecido periodontal. 
A extensão do canal cementário não é única em todas as raízes, pelo contrário, ela é bastante variável. Essa 
extensão não é uniforme, pode ter vários comprimentos na mesma raiz. O canal cementário sai em diferentes 
posições na raiz → distância do ápice radicular bastante variável. 
 Sempre haverá a possibilidade de que, além do coto periodontal, alguma porção do tecido pulpar também fique 
compondo o remanescente tecidual, por isso também não deveria ser chamada também de coto periodontal, e sim 
: coto pulpooeriodontal. 
 
 Independente da intensidade de um traumatismo, haverá dano aos tecidos, o que por sua vez promoverá algum 
grau de necrose tecidual, podendo levar até a necrose pulpar. Diante da irreparabilidade da polpa quando 
necrosada, como obter reparo nessas condições? Toda a responsibilidade pelo reparo dos tecidos apicais é dos 
tecidos periodontais. Ou seja, o reparo do coto seria pelo tec. Periodontal. 
Desaparecida a resposta inflamatória, que entre outras coisas, levou à referida necrose, haverá crescimento de 
tecido conjuntivo, aumento da densidade de fibras e normalização das estruturas vasculares→ despeito da injúria, 
ocorrera reparo, às expensas dos tecidos periodontais. 
Dentro a referida faixa (o,5 mm a 3mm), não havendo infecção, qualquer que seja o comprimento de trabalho, o 
organismo é plenamente capaz de promover reparo. 
Durante os procedimentos de preparo do canal, sempre haverá algum grau de injúria ao coto apical. Isso significa 
que haverá resposta inflamatória, o que, por sua vez, significa dizer que haverá necrose tecidual. No tratamento 
de canal com polpa viva, deverá haver algum grau de necrose do coto apical. 
 Entendemos que, o comprimento de trabalho deve ser em torno de 1,5 mm aquém do ápice radicular. Nessa 
medida, teremos mais segurança de estar dentro do canal, como também de um remanescente tecidual (coto 
apical) com extensão que permite nutrição adequada por parte dos tecidos periodontais. 
 
 Polpa necrosada: 
 Nesses casos, o coto apical se encontra morto. 
• Polpa necrosada sem lesão periapical: 
 Nesse caso, quer dizer sem lesão apical vista radiograficamente. A lesão periapical só é vista radiograficamente 
quando a cortical óssea é envolvida. Pela possibilidade d eo comprimento de trabalho muito próximo do ápice 
 
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radicular expor os instrumentos e/ou materiais aos tecidos perirradicularese ainda pela possibilidade de o coto 
apical estar vivo, parece haver uma tendência em se adotar um CT semelhante ao do tratamento em casos com 
polpa viva. Pelo desconhecimento real do comprimento do canal dentinário e pela duvida de o coto estar vivo, a 
medida do tratamento é o mesmo que em polpa viva em torno de 1,5 mm aquém do ápice radicular radiográfico. 
 Porém, diferentemente da polpa viva, o coto apical pode estar necrosado e contaminado. Diante disso, recomenda-
se a limpeza do canal cementário para que esse tecido remanescente não seja o fator indutor de lesão periapical. 
• Polpa necrosada com lesão periapical: 
 A dúvida quanto à vitalidade do coto apical não deve existir nesses casos. A presença da lesão periapical em um 
canal com polpa necrosada é um sinal claro de que todo o sistema de canais está contaminado, inclusive o coto 
apical. Uma vez que normalmente o forame apical está lateralmente deslocado em relação ao ápice radicular e que 
o canal cementário tem certa de 1 mm de comprimento, fazer o preparo a 0,5 mm ou mesmo 1mm aquém do 
ápice, pode significar estar fora do canal. Por isso: o comprimento de trabalho não deve ser menor do que 1,5 mm 
aquém do ápice radicular. Se o preparo e a obturação podem e devem ser feitos com uma distância maior do ápice, 
a manipulação do canal, para efeito de limpeza, deverá ser feita em toda a sua extensão, inclusive na porção 
reabsorvida. 
 
 
 
 COMO ESTABELECER O COMPRIMENTO DE TRABALHO: 
 O endodontista deve ser em mente que a grande maioria das radiografias periapicais não exprime o real 
comprimento dos dentes. Na determinação do comprimento de trabalho, a grande preocupação é não promover 
traumatismos aos tecidos apicais e/ou periapicais. Após radiografar com o instrumento na boca, fazer as devidas 
correções na posição do instrumento, e tirar outra radiografia, até se chegar no comprimento desejado. O professor 
não recomenda essa postura, pois faz com que sempre haja necessidade de se fazer outra(s) para confirmar a nova 
estimativa. 
Se ocorrer a ultrapassagem com o instrumento endodôntico, lembrar que o tecido conjuntivo periodontal dispõe 
de todo o potencial para promover reparo, então recua-se o instrumento, faz-se a devida correção do seu 
comprimento e continua-se o preparo do canal. 
 Nenhuma técnica de preparo de canal deixa de promover algum grau de extrusão. 
 Não se determina o comprimento de trabalho com instrumentos finos → o instrumento utilizado deve ser um que 
se ajuste ao canal nas imediações do limite CDC, caso contrário, pode se deslocar durante a tomada radiográfica e 
produzir medidas erradas. 
 Não determinamos o comprimento antes do preparo, e sim durante o mesmo. 
 
 SITUAÇÕES DESFAVORÁVEIS PARA O ESTABELECIMENTO DO CT: 
 Quando falta nitidez à ponta do instrumento: 
 Em casos em que o canal está muito atresiado, só permite que instrumentos com pequeno calibre o penetrem. 
Porém, esses instrumentos apresentam dificuldade na sua visualização na radiográfica para o estabelecimento do 
limite apical de trabalho, e esse erro fica ainda mais visível em molares superiores. 
Se a radiografia mostrar que o CT está aquém do que deveria, deve-se então aumenta-lo, ou seja, o instrumento 
deve avançar mais em direção apical. Ex: se a radiografia mostra que o CT é 20mm, mas o instrumento está com 18 
mm, devemos acrescentar mais 2mm e fazer a correção. 
 
 Quando falta nitidez ao ápice da raiz: 
 Quando o ápice não se apresenta bem definido a imagem radiográfica. 
 Como resolver? 
Primeiro passo: repetir a radiografia com outra angulação vertical (técnica de le máster); 
A mudança da angulação horizontal para a mesial ou distal (técnica de Clark) também pode ajudar, tendo em vista 
que pode proporcionar contornos mais definidos para a raiz; 
 
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 O terceiro passo é observar o comprimento do instrumento, se o instrumento está na “faixa” de comprimento 
médio compatível; 
Comparar as raízes. Compare a que está sendo trabalhada com a outra do mesmo dente e com a do mesmo dente 
na outra hemiarcada, pois elas devem ter aproximadamente os mesmos comprimentos, o que pode ajudar na 
definição da medida de trabalho; 
 Também deve ser considerada a possibilidade de haver rabsorção periapical. 
A imagem radiográfica não é conclusiva, e sim sugestiva. 
 
 DISSOCIAÇÃO DE CANAIS: 
 A radiografia feita com incidência perpendicular ao longo eixo dos dentes é chamada de ortorradial. Em algumas 
situações, esse tipo de incidência produz superposição de raízes, o que dificulta a identificação dos canais e as 
mudanças “não percebidas” da posição do cone de raiox X acentuam esse problema, pois jogam as raízes para 
posições diferentes. A técnica de Clark deve ser utilizada para resolver esse tipo de problema. 
 
o Quando se muda a posição horizontal do cone de raios X, alteram-se as posições das raízes. Posicionado de 
mesial para distal: mesializada, e de distal para mesial: distalizada; 
o O filme radiográfico é colocado na face lingual/palatina dos dentes, com isso, as raízes lingual/palatina são 
sempre as mais próximas do filme.Sempre que se faz uma angulação do cone de Raios X, (para mesial ou para 
distal), o canal lingual/palatino não se “afasta” da posição do cone, quem faz isso são os canais vestibulares. 
o A asa do grampo que aparece num plano mais superior na radiografia periapical corresponde à que “abraça” a 
face palatina da coroa. O canal que estiver próximo dela, é o canal palatino. 
o As faces vestibular e palatina da superfície oclusal dos pré-molares e molares se encontram num mesmo plano 
horizontal. Porem na radiografia quando elas aparecem em planos diferentes (posições diferentes), é devido à 
angulação comumente utilizada para radiografar os dentes, o que faz com que o que estiver em palatino seja 
visto numa posição superior ao que estiver em vestibular; 
o Para ajudar na identificação dos canais, pode-se recorrer à imagem das raízes dos molares.

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