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MER_FIN_COMP_2014

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Mercado Financeiro
Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
Diretor Regional Luciana Marcheze Miguel 
Luiz Francisco de Assis Salgado Luciana Saito 
Mariana Valeria Gulin Melcon Superintendente Universitário Mônica Maria Penalber de Menezes e de Desenvolvimento Mônica Rodrigues dos Santos Luiz Carlos Dourado Nathália Barros de Souza Santos 
Reitor Paula Cristina Bataglia Buratini 
Sidney Zaganin Latorre Renata Jessica Galdino 
Sueli Brianezi Carvalho Diretor de Graduação Thiago Martins Navarro Eduardo Mazzaferro Ehlers Wallace Roberto Bernardo
Diretor de Pós-Graduação e Extensão 
Equipe de Qualidade Daniel Garcia Correa Ana Paula Pigossi Papalia 
Gerentes de Desenvolvimento Aparecida Daniele Carvalho do Nascimento 
Claudio Luiz de Souza Silva Gabriela Souza da Silva 
Luciana Bon Duarte Vivian Martins Gonçalves
Roland Anton Zottele Coordenador Multimídia e Audiovisual Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Adriano Tanganeli
Coordenadora de Desenvolvimento Equipe de Design Visual Tecnologias Aplicadas à Educação Adriana Matsuda Regina Helena Ribeiro Caio Souza Santos 
Coordenador de Operação Camila Lazaresko Madrid 
Educação a Distância Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo 
Alcir Vilela Junior Christian Ratajczyk Puig 
Danilo Dos Santos Netto Professor Autor Hugo Naoto Lilian Pereira da Luz Inácio de Assis Bento Nehme 
Revisor Técnico Karina de Morais Vaz Bonna 
Clodoir Gabriel Vieira Lucas Monachesi Rodrigues 
Marcela Corrente Técnico de Desenvolvimento Marcio Rodrigo dos Reis Priscila dos Santos Renan Ferreira Alves 
Coordenadoras Pedagógicas Renata Mendes Ribeiro 
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti 
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Thamires Lopes de Castro 
Nivia Pereira Maseri de Moraes Vandré Luiz dos Santos 
Victor Giriotas Marçon Equipe de Design Educacional William MordochAlexsandra Cristiane Santos da Silva 
Angélica Lúcia Kanô Equipe de Design Multimídia 
Cristina Yurie Takahashi Alexandre Lemes da Silva 
Diogo Maxwell Santos Felizardo Cláudia Antônia Guimarães Rett 
Elisangela Almeida de Souza Cristiane Marinho de Souza 
Flaviana Neri Eliane Katsumi Gushiken 
Francisco Shoiti Tanaka Elina Naomi Sakurabu Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Emília Correa Abreu João Francisco Correia de Souza 
Fernando Eduardo Castro da Silva Juliana Quitério Lopez Salvaia 
Jussara Cristina Cubbo Mayra Aoki Aniya 
Kamila Harumi Sakurai Simões Michel Iuiti Navarro Moreno 
Karen Helena Bueno Lanfranchi Renan Carlos Nunes De Souza 
Katya Martinez Almeida Rodrigo Benites Gonçalves da Silva 
Lilian Brito Santos Wagner Ferri
Mercado Financeiro
Aula 01
Introdução ao Mercado Financeiro
Objetivos Específicos
• Compreender os aspectos gerais e os conceitos básicos presentes no sistema 
financeiro nacional e no mercado de capitais.
Temas
Introdução
1 Conceitos iniciais
2 Classificações do Mercado Financeiro – Mercado de crédito e o mercado de 
capitais
3 Classificação para o Mercado Financeiro - Mercado monetário e mercado 
cambial
4 Operações ativas e operações passivas
5 O mercado de capitais
6 A definição das instituições financeiras segundo a Lei 4595/64, Lei da Reforma 
Bancária
Considerações finais
Referências
Lilian Pereira da Luz
Professora
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Mercado Financeiro
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Introdução
Todo o país precisa ter um sistema financeiro organizado para, por meio de ganhos de 
escala, unir as pessoas que querem poupar às que possuem projetos e investimentos que 
remunerem os envolvidos. O sistema financeiro, por fazer muitas operações de intermediação 
se especializa e pode fazer isso de maneira mais eficiente e barata. Um sistema financeiro sadio 
é um pré-requisito para o crescimento econômico. E o crescimento econômico impulsiona o 
desenvolvimento e aperfeiçoamento de um sistema financeiro.
O sistema financeiro é, portanto, um aparato extremamente importante dentro de um 
ambiente de Estado e de um país e é formado por muitas instituições, agências governamentais, 
poupadores, investidores, dentre tantos outros agentes. Todos esses atores se articulam por 
meios de regras e leis que buscam dar estabilidade e segurança ao sistema. Um ingrediente 
elementar para esse ambiente é a credibilidade, pois sem ela,ninguém se arrisca a poupar 
e haveria poucos fundos para colocar em prática projetos produtivos que geram riqueza, 
empregos, impostos e benefícios gerais para a sociedade.
Conhecer as regras do jogo, as instituições e os mecanismos financeiros à disposição de 
quem poupa e de quem toma empréstimos é fundamental para operar qualquer organização 
em tempos modernos. Uma organização competitiva deve conhecer as fontes disponíveis de 
fundos e quais são as regras para poupança e para empréstimos. Isso é o que chamamos de 
administrar sobras e faltas de caixa.
Nesse contexto serão mostrados quais os aspectos básicos do que chamamos de Sistema 
Financeiro Nacional, por meio da apresentação das partes constituintes desse que vai dos 
bancos comerciais até o conhecimento do papel do Conselho Monetário Nacional passando 
pelo seu braço executivo que é o Banco Central.
1 Conceitos iniciais
Podemos pensar nos Sistemas Monetários em contraposição a um sistema de escambo. 
Quando queremos comprar um quilo de carne, simplesmente denotamos qual o valor 
monetário que devemos dar em troca para obter um quilo de carne ou qualquer outra 
quantidade em que o preço pago varie proporcionalmente à quantidade. Mas imagine se não 
houvesse moeda (dinheiro) para estabelecer essas trocas comerciais. Pense que teríamos que 
apelar ao escambo, ou seja, às trocas de mercadorias. Se precisamos de carne e encontramos 
quem tenha carne a fornecer, teríamos que dar a essa pessoa algo que ela precise, ou seja, 
teria que haver uma dupla coincidência de interesses. Certamente seria muito mais difícil 
estabelecer essas trocas, ainda mais se refletirmos, por exemplo, se para ter carne em troca 
eu tivesse que dar milho para o agente que dispusesse de carne. Quanto de milho equivale 
a um quilo de carne? E se eu tiver uma carroça para dar em troca, quanto de “troco” devo 
receber? E ainda, o que seria esse troco?
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Repare que o sistema de moedas (sistema monetátio) foi criado a partir de uma 
necessidade humana muito básica, elementar e essencial: a própria sobrevivência.
Com isso, a criação de moeda representa a criação de um ativo, de um instrumento de troca 
ou de um conjunto de ativos na economia que as pessoas pudessem usar regularmente para 
comprar bens e serviços de outras pessoas. Para isso, essa moeda precisa ter alguma características 
para vingar como verdadeiro instrumento intermediário nas trocas entre os agentes.
A moeda deve ser vista e assegurada como meio de troca em uma comunidade específica, 
com garantias quanto à sua validade e aceitação perante os diversos agentes que transitam 
na economia. Ainda, essa moeda deve ser usada como forma de mensuração de preços ou 
de valor, ou seja, deve ser vista como uma unidade de conta (os preços são mensurados em 
função dessa moeda – reais, dólares, euros, pesos, entre outras), e, finalmente, ela deve ser 
vista como uma reserva de valor, propiciando por meio de sua guarda o consumo futuro 
do valor que ali fora reservado, sem incorrer em prazos curtos de validade (se fosse leite ou 
carne em vez de moeda, por exemplo, não daria para guardar debaixo do colchão ou em um 
banco por muito tempo).
A criação ao longo dos séculos de um sistema monetário também trouxe maior liquidez 
ao ambiente de negócios. Vale ressaltar aqui que liquidez se refere à facilidade com que um 
ativo pode ser convertido em um meio de troca e, portanto, essa liquidez trazida pela moeda 
atrelou maior facilidade de troca de outros ativos. A moeda-mercadoria, que incialmente 
foi muito difundida nas sociedades foi um avanço essencial para os sistemas monetários. 
A moeda-mercadoria, alémde propiciar a troca possui valor por si mesma. Como exemplo, 
temos o próprio ouro, que possui valor intrínseco mesmo sem ser usado como moeda ou 
meio de troca. Em alguns ambientes carcerários, nos dias de hoje, até o cigarro pode ser 
usado como meio de troca, sendo assim, uma moeda-mercadoria.
Mas mesmo nesse avanço da moeda-mercadoria, era notável a deficiência desse 
instrumento. Foi preciso aperfeiçoá-lo, trazendo mais segurança, escalabidade do instrumento, 
entre outros atributos. Para tanto, entra em cena a moeda de curso forçado, denominada 
assim por ser imputada no sistema por meio de decreto governamental. O Real só é aceito 
no Brasil porque uma autoridade governamental decidiu que essa seria a moeda no país. 
A partir disso, ninguém pode se recusar a aceitar o Real nas trocas comerciais dentro do 
território nacional. Essas autoridades designam a quantidade de oferta de moeda e regulam 
essa circulação usando instrumentos apropriados de política monetária que são executadas 
em grande parte pelo Banco Central.
Criadas as estruturas inicias de um sistema monetário, é preciso estruturar e regulamentar 
os instrumentos e os agentes que irão operar dentro do sistema financeiro. Mas é necessário 
ter a noção de que investimento e poupança andam juntos e são mutuamente dependentes. 
Agentes superavitários (os que possuem excedentes de recursos para poupança) buscam 
formas seguras de pouparem seus recursos e obter prêmios pelo sacrifício de postergar o 
consumo, sendo esses prêmios, na maioria das vezes representados por juros (ou remuneração) 
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em aplicações diversas no sistema. Por outro lado, há os agentes deficitários que possuem 
necessidades diversas de caixa e buscam no sistema financeiro formas de se financiarem. 
Tais necessidades são, de forma ilustrativa, projetos de novos negócios que requerem novos 
aportes de capital, o lançamento de um novo produto que vai requisitar compra de novas 
estruturas físicas de produção. Enfim, necessidades e projetos diversos que abastecem o lado 
real da economia.
Contudo, para haver a ligação entre os agentes deficitários e os agentes superavitários é 
preciso existir um sistema financeiro minimamente estruturado, a intermediação financeira. 
Essa atividade é o principal objetivo e propiciar a intermediação de maneira segura e 
dotada de credibilidade é o que define quão avançado é esse sistema. E isso, por essência, 
é executado pelos agentes bancários autorizados a operar com a guarda de recursos e o 
posterior empréstimo.
Essa intermediação é feita em diversos níveis e por diversos agentes financeiros, sendo 
que cada um opera segundo o seu foco de atuação. Bancos com carteiras de varejo, bancos 
de investimento, agentes hipotecários, caixas econômicas, bancos múltiplos, cooperativas 
de crédito, dentre tantos outros possuem produtos financeiros específicos em que estes 
agentes criam algum tipo de vantagem comparativa e oferecem ao público seus serviços 
de intermediação. NesSe sentido, algumas variáveis a serem levadas em consideração são o 
prazo, o risco e o montante das operações.
2 Classificações do Mercado Financeiro – Mercado de crédito 
e o mercado de capitais
A depender do prazo da operação (se de curto, médio ou longo prazo), os instrumentos 
e os agentes podem ser específicos para cada tipo de evento e há algumas classificações 
específicas que levam em consideração esse prazo. Por exemplo, o Mercado de Crédito 
equivale ao ambiente em que recursos são captados a curto e a médio prazo. Pense em 
empréstimos para financiar o capital de giro das organizações, capital esse que é responsável 
pelo cumprimento das obrigações adquiridas em função das atividades operacionais das 
empresas. Empréstimos de um dia para sanar problemas momentâneos de fluxo de caixa 
(Hot Money), conta garantida, descontos de duplicatas, são todos casos consagrados de 
empréstimos que as empresas contraem que visam sanar problemas com operações de curto 
ou médio prazo. 
Quando falamos em prazos de operação mais longos nos referimos principalmente ao 
que chamamos de Mercado de Capitais. Tal mercado possui como objeto principal os títulos 
e valores mobiliários. Valores mobiliários são títulos de propriedade (ações) ou títulos de 
crédito (obrigações do emissor do título) emitidos pelas organizações privadas ou estatais e 
que possuem características como valor nominal, valores de dividendos, cotação em bolsa, 
entre outros atributos, padronizados. Para fazer um paralelo com o mercado de crédito, as 
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operações estabelecidas no mercado de capitais visam cobrir investimentos com longo prazo 
de maturação. Dessa forma, refere-se à captação de recursos para ampliação de fábricas, 
modernização de estrutura produtiva, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e 
produtos, compras e aquisições de outras empresas, sendo todas atreladas a retornos com 
expectativas de longo prazo.
Em resumo, quando falamos em mercado de crédito e mercado de capitais, estamos 
delimitando alguns aspectos que são específicos a cada mercado, como o prazo das operações 
e as características intrínsecas dos instrumentos disponíveis em cada mercado. Trata-se, 
portanto, de um tipo de classificação existente dentro do estudo do mercado financeiro como 
um todo.
3 Classificação para o Mercado Financeiro - Mercado 
monetário e mercado cambial
Uma outra classificação existente é quando olhamos para a intervenção do governo no 
sistema. Nessa perspectiva vemos o mercado monetário, cujas operações visam controlar 
a liquidez da economia, ou seja, a quantidade do meio circulante. Para isso, são utilizadas 
operações como CDIs (Certificados de Depósitos Interfinanceiros) e CDBs (Certificados de 
Depósitos Bancários). Vale salientar, que agentes do governo (autoridades monetárias) se 
utilizam de meios legais e operacionais que visam algum tipo de controle sobre o sistema, 
seja enxugando recursos do meio circulante (diminuindo a liquidez), seja aumentando os 
recursos disponíveis (aumentando a liquidez). Esse controle monetário pode estar inserido 
dentro de um contexto econômico maior e muitas vezes tais decisões são tomadas por órgãos 
de instâncias máxima do sistema. No caso brasileiro, nos referimos ao Comitê de Política 
Monetária (COPOM). 
Outra perspectiva nessa classificação do sistema financeiro é o mercado cambial. O 
mercado cambial cuida do comércio de moedas estrangeiras. Nenhum sistema financeiro 
é uma ilha e está inserido dentro de um contexto mundial, onde outras moedas exercem 
influência uma sobre as outras e, portando, toda política monetária leva em conta a existência 
de um sistema financeiro internacional que deve ser compreendido em seu todo para o 
sucesso na busca de proteção e segurança para a moeda do país.
4 Operações ativas e operações passivas
A classificação entre operação ativas e passivas tem como ponto de referência a instituição 
financeira, um banco por exemplo. São denominadas operações ativas as operações em que 
o banco se torna credor fornecendo, portanto, algum serviço de intermediação financeira, 
emprestando recursos a algum agente, sendo esse um devedor para esta instituição.
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Na operação passiva, a instituição financeira passa a ser o lado devedor, pois cria uma 
obrigação com algum agente do sistema financeiro. Repare que o serviço de um banco é fazer 
a intermediação entre os agentes, unir os poupadores, aqueles que tem sobras de caixa, com 
os tomadores, que possuem projetos ou obrigações decorrentes de projetos ou de outras 
necessidades de caixa. O banco capta por meio de operações passivas e empresta recursos 
por meio de operações ativas. 
Uma instituição financeira constrói seu lucro por meio da diferença entre os juros pagos 
nas operações passivas e os juros recebidos nas operações ativas. Para efeitode ilustração, 
se o banco capta recursos dos seus correntistas a uma taxa anual de 8%, por exemplo, 
ele irá emprestar esses mesmos recursos a uma taxa maior que essa, por exemplo, a uma 
taxa de 30% ao ano. De maneira bem simplificada, a diferença entre os 30% recebidos dos 
tomadores de empréstimos e os 8% pagos aos poupadores geraria uma margem na operação 
de aproximadamente 22%, que servirá para cobrir os custos operacionais da instituição 
financeira e formar o lucro desse banco. A essa diferença entre as taxas de juros pagas aos 
poupadores e recebidas dos tomadores de empréstimos chamamos de spread. 
5 O mercado de capitais
Uma característica básica do mercado de capitais é que nesse mercado não há a 
intermediação financeira e sim o que se chama de interveniência. Ou seja, a instituição 
financeira age como facilitadora das operações no mercado de capitais e cobra, digamos, por 
consultoria na operação.
É preciso entender a essência do que é o mercado de capitais para entender o papel dos 
diversos agentes e dos instrumentos que permeiam esse mercado. Nesse espaço, a intenção 
é ter uma visão abrangente, mas ainda assim superficial desse mercado, com o intuito de 
enquadrá-lo inicialmente dentro de um sistema financeiro maior em que o mercado de 
capitais é uma parte.
Toda organização para se estruturar precisa de capital, seja vindo de terceiros, como 
bancos públicos ou privados, seja como capital próprio. Veja que quando falamos de capital 
de terceiros, a referência é quanto a empréstimos que geram obrigações de pagamento 
no futuro em datas e valores bem especificados. Quanto ao capital próprio, dizemos que 
os sócios aportam capital para satisfazer as necessidades de investimento da organização, 
contudo, esse aporte de capital não gera obrigações da empresa para com os sócios em datas 
e valores pré-estabelecidos. Os sócios assumem o risco do negócio e, podem ou não, ser 
remunerados por isso.
Nesse sentido, algumas organizações quando precisam captar mais recursos para alguns 
projetos estratégicos possuem algumas opções e dentre elas a emissão de valores mobiliários. 
Exemplos de valores mobiliários são as ações, as debentures, os commercial papers, bonds 
e notes e títulos securitizados. Cada instrumento desse possui motivo, momento e local 
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adequados, segundo as necessidades vigentes das organizações e por isso a importância do 
gestor ter o conhecimento das vantagens e desvantagens de cada um, em cada tempo e ocasião.
Nesse espaço vamos traçar algumas ideias iniciais sobre os principais instrumentos do 
mercado de capitais, começando pelas ações. As ações são títulos de propriedade que confere 
ao detentor do título alguns direitos como, por exemplo, a participação na distribuição de 
dividendos da empresa. A origem da emissão das ações está na necessidade da empresa 
de captar fundos para o financiamento de algum projeto estratégico, algo que vá alavancar 
os resultados e conferirá aos envolvidos algum ganho esperado, mesmo que esses ganhos 
estejam rodeados de riscos inerentes a qualquer projeto. Ao precisar de fundos, as empresas 
podem se socorrer com diversos instrumentos, mas se ela opta por lançar ações no mercado 
acionário é porque ela está em busca de alguma diluição dos riscos, de custos menores de 
capital, balanceamento ótimo da estrutura de capital, entre capital próprio (dinheiro dos 
sócios) e capital de terceiros (empréstimos bancários entre outros).
Ao entrar no mercado acionário a empresa se compromete a cumprir requisitos mínimos 
de transparência e de governança corporativa, se sujeitando às regras impostas pelos órgãos 
controladores do mercado de capitais (CVM – Comissão de Valores Mobiliários). A empresa 
abre mão de uma total independência e se vincula a algum grau de prestação de contas. 
Passadas as estapas burocráticas colocadas pelas autoridades reguladoras, cabe ao mercado 
reconhecer ou não o cumprimento de certos pré-requisitos e reconhecer ou não o potencial 
de geração de riqueza da empresa, e dessa forma, através das negociações em bolsa de 
valores ou mercado de balcão, dependendo do tipo de operação, precificar as ações da 
empresa que emitiu essas ações.
Para ilustrar essa etapa da explicação, suponhamos que uma empresa tenha percebido 
uma grande oportunidade de negócio no mercado onde opere, mas por circunstâncias 
momentâneas ela não possui todo o capital necessário para aproveitar essa oportunidade de 
negócio, tendo-o apenas de forma parcial. Neste momento, os gestores observam o mercado 
financeiro e mensuram o quanto custaria tomar empréstimos em alguma instituição financeira. 
Observando que o custo seria alto, principalmente no ambiente de negócios brasileiro, ela 
resolve estudar a possibilidade de abertura de capital. Abrir capital significa que ela irá 
chamar outros agentes para serem seus sócios na empresa, e dessa forma, esses agentes irão 
comprar partes da organização via aquisição de ações que na verdade representam a posse 
do detentor da ação na empresa emissora das ações.
Vale lembrar que as ações são compostas basicamente por dois tipos de títulos: as ações 
ordinárias e as ações preferenciais. As ações ordinárias dão direito a voto, ou seja, permitem 
que o proprietário da ação participe, sob certas condições e limitado à proporção que este 
detém das ações, do processo de decisão nas reuniões ordinárias deliberativas da empresa 
ou ainda em reuniões extraordinárias. Já as ações preferenciais não geram direito de voto 
nas reuniões que deliberam sobre os rumos da empresa, no entanto, para tornar este título 
mais atrativo e viável ao investidor, algumas garantias e preferencias (daí o nome preferencial) 
como, por exemplo, recebimento dos dividendos.
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Vale lembrar que além dos valores que os investidores em ações recebem a título de 
dividendos eles podem, também, obter ganhos de capital a partir da valorização dos papéis 
(títulos de ações), ganhos que poderão ser realizados (auferidos de maneira definitiva) quando 
provenham da venda desses papéis no mercado secundário. Nesse ponto já cabe a explicação 
dos termos mercados primários e mercados secundários: mercado primário é a emissão 
inicial dos títulos de ações, momento este em que a vendas dessas ações geram caixa para a 
empresa emissora. É chamado no jargão de mercado de IPO, da sigla em inglês Initial Public 
Offering, ou ainda em português, Oferta Pública de Aquisição (OPA). Diz-se oferta pública 
porque, em tese, qualquer pessoa pode adquirir os títulos ofertados. Entretanto, quando 
algum investidor compra esse título, ele compra por diversos motivos, mas certamente só 
o fará se perceber que tal título tem um mínimo de liquidez, ou seja, se souber que poderá 
vender esse título com razoável facilidade. Ao vendê-lo, esse investidor irá embolsar o valor 
de mercado do título e ele receberá o valor que o mercado reconheceu como sendo o valor 
justo. Logo, é o investidor que irá receber pelo título e não a empresa emissora das ações. 
Esse momento da venda da ação pelo investidor é o que caracteriza o mercado secundário de 
ações. Vale ressaltar que não somente a primeira oferta da empresa emissora (IPO) é o que se 
caracteriza como mercado primário, mas sim todo evento subsequente de emissão e venda 
de ações que incorra em entrada de caixa para a empresa emissora dos títulos.
Esse mercado também é caracterizado pelo processo de desintermediação onde as 
instituições financeiras não têm papel decisivo de intermediação e sim de interveniência. 
Nesse mercado vemos poupadores de recursos encontrando tomadores de recursos sem um 
papel mais ativo de bancos nesse processo. Para reforçar essa ideia, cabe a explicação sobre 
o mercado privado: esse mercado é caracterizado pela junção de interesses da empresa 
emissora dos títulos e de investidores que veem naqueles títulos uma oportunidade de 
receber algoa mais pelo investimento feito. Esses investidores são chamados de qualificados 
e possuem, teoricamente, conhecimento e acesso a toda a informação necessária para a 
tomada de decisão de comprar ou não um certo título, possuindo, dessa maneira, condições 
de operar nesse ambiente uma vez que, por não se tratar de uma oferta pública, o lançamento 
dessas ações a um investidor qualificado não precisa passar por todos os passos burocráticos 
estabelecidos pela autoridade reguladora do mercado (CVM – Comissão de Valores 
Mobiliários).
De maneira complementar podemos situar a diferença e a classificação sob a ótica dos 
investidores. Podemos classificá-los em investidores individuais e investidores institucionais. 
Investidores institucionais compreendem entidades que agregam e administram recursos 
oriundos, principalmente, de contribuições de grupos de pessoas com objetivos comuns 
e predefinidos. Os principais investidores institucionais são os fundos de investimentos, 
entidades de previdência privada, companhias seguradoras, companhias de capitalização, 
sociedades de investimento, consórcios e clubes de investimento. Já os Investidores individuais 
atuam com recursos pertencentes a uma única pessoa (física ou jurídica).
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Esse mercado e todo o seu aparato requer uma explicação bem mais extensa, mas nesse 
espaço, a intensão é somente abordar a lógica inicial deste e levar até o leitor a essência da 
existência do mercado de capitais. Em capítulos exclusivos sobre mercado de capitais são 
explorados de maneira mais intensa seus mecanismos e conceitos inerentes, sendo esse 
espaço apenas para conceitos introdutórios.
6 A definição das instituições financeiras segundo a Lei 
4595/64, Lei da Reforma Bancária
Segundo a Lei 4595/64, também chamada de Lei da Reforma Bancária, instituições 
financeiras são as pessoas jurídicas, públicas ou privadas, que têm como atividade principal 
ou acessória à coleta, a intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de 
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira e a custódia de valor de propriedade de terceiros.
Por trás dessa definição está a preocupação do legislador e do regulador do sistema 
em abranger o máximo possível as atividades ligadas a essas intermediações financeiras, 
aumentando dessa forma as possibilidade de controle e fiscalização de ilícitos e fraudes por 
parte de certos agentes. É de suma importância entender o papel do agente regulador e do 
fiscalizador, que na essência deve zelar pela credibilidade e segurança do sistema financeiro 
nacional, além de fomentá-lo. As pessoas somente se dirigem às instituições financeiras por 
entender que os seus ativos estarão protegidos contra riscos que fogem da natureza principal 
do ato de deter dinheiro em suas mais diversas formas. 
Para tanto, o sistema financeiro, por meios de seus agentes, se estrutura para atingir o 
objetivo de conexão entre poupadores e tomadores. Entre as características presentes nesse 
sistema citamos que:
• Economias de escala do mercado financeiro: por centralizar em um único sistema 
todos os poupadores e tomadores foi possível obter ganhos de escala nessas 
operações, uma vez que grandes estruturas formadas por tecnologia, pessoas e 
unidades físicas só fariam sentido se pudessem absorver grande volume de operação.
• Com o volume de operação e a aquisição de experiência nos mais diversos 
instrumentos, os agentes financeiros obtiveram especialização em ceder crédito e 
em ser depositário de recursos alheios, podendo antever os principais entraves para 
cada tipo de operação, mitigando os custos e riscos de cada evento.
• Por operar em grande quantidade e diversidade de eventos e valores, além de 
centralizar operações em diversos prazos, as instituições financeiras conseguem 
obter a divisibilidade dos ativos, ou seja, imagine a ocasião em que um agente 
tivesse recursos para emprestar a outros agentes, porém, em um único evento 
um tomador precisasse de mais recursos do que o agente superavitário tivesse 
disponível. Esse tomador teria que se comprometer com mais de uma instituição 
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para obter o montante almejado. Um banco, ao centralizar recursos de diversos 
poupadores e assumir as obrigações em seu nome, tem condições de coletar uma 
grande diversidade de valores e prazos, e assim dividir os empréstimos a diversos 
tomadores, que por sua vez têm necessidades distintas de valores e prazos que os 
poupadores possuem.
 O ato perene das instituições financeiras de estar sempre captando recursos 
diariamente, sendo que cada evento possui seus prazos e valores, faz com que 
sempre, ou quase sempre, as instituições possuam fundos divisíveis e que podem ser 
repassados com diferentes catacterísticas, representados por inúmeros instrumentos 
financeiros disponíveis para os tomadores de empréstimos.
• A diversificação de instrumentos financeiros somente é possível porque com grande 
volume de operação e um contínuo ato de captação de recursos, as instituições 
financeiras podem criar diversos instrumentos que se adaptem ao fluxo de caixa 
de cada operação de empréstimo, possuindo assim esses instrumentos, garantias, 
riscos, prazos e diversos outros aspectos que conformam com as atividades que 
esses empréstimos visam financiar. Por exemplo, o crédito agrícola possui algumas 
particularidades que o torna específico e detentor de características únicas com seus 
riscos, prazos de maturidade de investimentos e garantias.
 Em comparação com as operações de crédito imobiliário ou hipotecário percebe-
se que para esses os prazos devem ser bem maiores, com garantias de lastro mais 
efetivo e com risco diferenciado em relação ao crédito agrícola. Agora , ao expandir 
essa comparação com outros instrumentos, percebemos o quanto a diversificação foi 
e é importante para o desenvolvimento do sistema como um todo e para a própria 
economia e sociedade. E para expandir essa análise basta pensarmos em operações 
como cheque especial, CDC – Crédito Direto ao Consumidor, Hot Money, Finame, 
entre outras operações de crédito. Por outro lado, houve também diversificação 
de instrumentos por parte de quem quer poupar. Instrumentos como poupança, 
CDB, diversos fundos de investimentos, sejam de renda fixa ou variável, fazem um 
contraponto (contraste) entre a captação e a aplicação de recursos no sistema 
financeiro.
• Por assumirem em seu nome os riscos da guarda de recursos de terceiros, os 
bancos se especializaram também em sistemas de controle e de segurança de suas 
operações. Com isso, conseguiram absorver maior risco ao mesmo tempo que criaram 
mecanismos de mitigação de roubos, inadimplência e outras formas que levassem 
perigo aos ativos depositados pelos poupadores.
• Justamente por diversificarem riscos, prazos e garantias por meio de instrumentos 
diversos o sistema financeiro criou o maior liquidez. Foi o que tornou possível a 
transformação de um instrumento de longo prazo de maturação em um instrumentos 
de curto prazo. A diversidade de possibilidades criadas por inúmeros instrumentos 
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tornou viável a transformação de ativos não líquidos em ativos líquidos dando maior 
dinamismo ao sistema e atraindo ainda mais usuários.
• Com volume de operações, especialização no ato de captar e emprestar recursos, 
diversificação de instrumentos e criação de mecanismos de segurança, o sistema 
financeiro criou as condições e tecnologias necessárias para a montagem de um 
esquema que monitorasse os riscos das operações. Estudos geraram modelos de gestão 
de riscos que buscavam minimizar possíveis danos causados por inúmeras variáveis.
Considerações finais
O entendimento do funcionamento do sistema financeiro, com seus agentes e 
instrumentos possibilitam ao gestor maior flexibilidade, economia e segurança na gestão 
dos diversos ativos de uma organização.A compreensão sistemática e integrada do mercado 
financeiro e do aparato regulatório contido neste ambiente faz com que os diversos produtos 
ofertados sejam corretamente usados e com relação direta às necessidades de financiamento 
e poupança de cada indivíduo.
Uma necessidade de investimento com longo prazo de retorno, que gere uma necessidade 
de caixa, precisa ter a questão “caixa versus retorno” equacionada de acordo com a futura 
geração de recursos obtida como produto do investimento. Em outras palavras, os agentes 
devem usar recursos captados com obrigações de longo prazo para financiar ativos de longo 
prazo, e seria também conveniente usar recursos de longo prazo para financiar projetos ou 
necessidades de curto prazo, no entanto, nem sempre essa ligação é possível. Os custos de 
capital para projeto de longo prazo tendem a ser menores do que captações com obrigações 
de curto prazo, haja vista a comparação que temos entre as taxas de juros cobradas em 
modalidades de empréstimos como cheque especial ou conta garantida e os juros cobrados 
na aquisição de imóveis.
Prazo da operação, risco, montante, fluxo de caixa futuro e normas de mercado são 
atributos que influenciam qual instrumento deve ser utilizado e por quem. O entendimento 
desses atributos e quais mecanismos foram criados e são criados para equacioná-los está no 
cerne do entendimento de um sistema financeiro.
Referências
FORTUNA, E. Mercado Financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010
LIMA, I.S.; LIMA, G. A. S. F. de; PIMENTEL, R.C. Curso de Mercado Financeiro. São Paulo: 
Atlas, 2012.
Mercado Financeiro
Aula 02
Estrutura básica do Sistema Financeiro Nacional (SFN)
Objetivos Específicos
• Compreender o papel dos principais órgãos reguladores e dos agentes que 
atuam no SFN.
Temas
Introdução
1 O aparato legal que forma o Sistema Financeiro Nacional
2 Órgãos e instâncias normativas
3 Entidades Supervisoras
4 Entidades de operação
5 Captação de recursos por parte das instituições financeiras
6 Outras entidades que compõe o Sistema Financeiro Nacional 
7 Entidades de autorregulação
Considerações finais
Referências
Lilian Pereira da Luz
Professora
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Introdução
A grande função do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é promover e facilitar a 
transferência de recursos dos agentes superavitários para os agentes deficitários, e para tanto, 
esse sistema está estruturado entre um conjunto de instituições que integram o mercado 
financeiro. Algumas instituições tem prerrogativa de supervisão e de estabelecimento de 
normas, outras instituições tem função de intermediação, e um último tipo de instituição 
tem função autorreguladora. Respectivamente temos, portanto, um subsistema normativo, 
um subsistema de operação e finalmente um subsistema de autorregulação.
1 O aparato legal que forma o Sistema Financeiro Nacional
No Brasil, a forma atual do sistema financeiro começou a se desenvolver por meio da Lei 
4595/64, chamada de Lei de Reforma Bancária. Tal lei dispõe sobre a política e as instituições 
monetárias, bancárias e creditícias e também estrutura o Conselho Monetário Nacional. 
Nela, ficou delimitado o aparato pelo qual seria formado o SFN, e na lei, de forma descritiva, 
são mencionados: o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil (BACEN), 
o Banco do Brasil (BB), quando este ainda era um órgão executivo do governo, sendo agora 
um operador, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e demais instituições 
financeiras públicas e privadas.
O CMN sucedeu em funções o Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito e por 
isso com a finalidade de formular e normatizar as políticas de crédito e da moeda. Para tanto, as 
funções descritas são as de adaptar os volumes de meios de pagamento, regular o valor interno 
da moeda, regular o valor externo, orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras 
e fomentar o aperfeiçoamento das instituições financeiras e dos instrumentos financeiros 
disponíveis ao poupador e ao tomador. Vale ressaltar que o papel do CMN é deliberativo, sendo 
que a função executiva fica a cargo principalmente do Banco Central.
O quadro que segue mostra essa hierarquia dentro do SFN e as demais partes desse 
capítulo visam aprofundar a função de cada instituição.
Quadro 1 - composição do Sistema Financeiro Nacional
Fonte: Banco Central
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A Lei 4728/65, também conhecida como a Lei de Mercado de Capitais, disciplina o 
mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento, reforça que o 
mercado de capitais e o mercado financeiro serão regulamentados e fiscalizados pelo CMN 
e Banco Central. O objetivo principal é facilitar o acesso do público às informações sobre 
os títulos e valores mobiliários e aos emissores dos títulos, proteger os investidores contra 
fraudes e ilegalidades, garantir práticas comerciais equitativas por parte dos intermediários 
financeiros, disciplinar a utilização do crédito no mercado mobiliário e regular o exercício da 
atividade corretora.
Ainda segundo a Lei de Mercado de Capitais, a constituição deste ficou assim 
delimitada: a Bolsa de Valores, as sociedades corretoras, as instituições financeiras 
autorizadas a operar, as sociedades ou empresas que tenham por objeto a subscrição 
para revendas ou sua distribuição ao mercado e as sociedades autorizadas a intermediar 
e distribuir valores mobiliários. 
Também como importante norma que respalda a operação do Mercado de Capitais 
está a Lei 6385/76, também conhecida como Lei da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
Tal lei disciplina o mercado de valores mobiliários e trata da criação da CVM, normatizando 
as atividades de emissão e de distribuição de valores, a organização, o funcionamento e as 
operações das bolsas, a administração de carteiras e a custódia de títulos, a auditoria das 
companhias abertas e os serviços de consultorias e de analista de valores mobiliários.
A lei também definiu quais os instrumentos que seriam abrangidos por ela, sendo esses: 
as ações, partes beneficiárias e debêntures, os cupões desses títulos e os bônus de subscrição, 
os certificados de depósitos de valores mobiliários, e ainda, outros títulos criados ou emitidos 
pelas sociedades anônimas.
Como complemento à Lei 6385/76, a Lei 6404/76, que trata das Sociedades Anônimas 
fecha o principal ciclo normativo que procurava modernizar e integrar: o mercado de capitais 
no Brasil ao Sistema Financeiro Nacional. A lei das SAs, como é mais conhecida, normatiza as 
ações tomadas pelas empresas que se enquadram nas características requeridas pela letra 
da lei. Por essa, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua 
emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado desses títulos.
Esse conjunto de leis que modernizaram o aparato legal do Sistemas Financeiro Nacional 
(SFN) tem de forma explícita, em cada uma das leis, a missão de fomentar a formação de 
poupança, a proteção ao poupador e ao investidor, delimitar a ação dos agentes e assegurar 
o bom funcionamento dos mercados, trazendo assim, um ambiente propício às negociações 
e ao crescimento do mercado financeiro e de capitais. Em termos sucintos, os objetivos da 
intervenção estatal é, portanto, proteger a poupança, evitar riscos sistêmicos e promover o 
desenvolvimento do mercado financeiro como um todo.
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2 Órgãos e instâncias normativas
2.1 CMN
Como instância normativa e de poder deliberativo máximo dentro do Sistema Financeiro 
Nacional, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tem poder de emitir normas e diretrizes 
gerais para o adequado funcionamento das instituições que compõem esse sistema. Fazem 
parte do CMN: o Ministro (a) de Estado da Fazenda, que por sua vez, é o (a) presidente do 
conselho, o Ministro (a) de Estado do Planejamento,Orçamento e Gestão e o (a) presidente 
do Banco Central do Brasil.
A esse conselho compete autorizar a emissão de papel-moeda, fixar diretrizes e normas 
da política cambial, regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização 
das instituições financeiras. Essas competências visam adaptar o volume dos meios de 
pagamentos às necessidades da economia brasileira, regular o valor interno da moeda, 
prevenindo e corrigindo surtos inflacionários ou deflacionários, as depressões econômicas e 
outros desequilíbrios oriundos de aspectos conjunturais, regular o valor externo da moeda 
e o equilíbrio na balança de pagamentos, zelar pela liquidez e solvência das instituições 
financeiras, entre outras funções que são primordiais no estabelecimento do equilíbrio e 
proteção ao sistema financeiro como um todo.
2.2 CNSP
Ainda como órgão normativo temos o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)que 
tem como objetivo primordial criar regras para o mercado de seguros no Brasil, sendo este 
conselho vinculado ao Ministério da Fazenda. Foi criado em 1966 por meio do Decreto de Lei 
73, com a atribuição de fixar diretrizes e normas para o seguimento de seguros privados e 
capitalização, porém, em 1977 as suas atribuições foram ampliadas e abarcaram também as 
entidades de previdência privada aberta.
O CNSP é composto pelo ministro(a) da Fazenda, que por sua vez, também preside o 
conselho, por representantes do Ministério da Justiça, Ministério da Previdência Social, o (a) 
superintendente da Superintendência de Seguros Privados, representantes do Banco Central 
do Brasil e da CVM.
É de importância salientar que o setor de seguros é um grande promovedor de poupança, 
uma vez que as companhias de seguros ancoram suas operações em investimentos em 
diversos títulos existentes no mercado financeiro, seja para proteger suas operações ou para 
melhorar seu desempenho financeiro. Trata-se portanto, de um setor chave para a política 
monetária e econômica.
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2.3 CNPC
O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) é o órgão responsável pela 
normatização e fiscalização do regime de previdência complementar. Esse conselho tem 
como presidente o(a) ministro(a) da Previdência Social e composto por representantes 
da superintendência Nacional de Previdência Complementar, da Secretaria de Políticas 
dePrevidência Complementar (SPPC), da Casa Civil da Previdência da República, de 
representantes do Ministério da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, das 
entidades fechadas de previdência complementar, representantes dos grupos de pessoas 
assistidas por essas entidades, e dos patrocinadores e instituidores de planos de benefícios 
das entidades fechadas de previdência complementar.
O instituto da previdência, seja esta aberta ou fechada, tem um papel importantíssimo 
em diversos sentidos para a economia de um país. De um lado, a renda não consumida 
em uma etapa da vida de um indivíduo é direcionada para uma forma de poupança que 
é a previdência, que por sua vez, será utilizada para financiar diversos outros agentes na 
produção de riqueza. Os recursos da previdência, por serem caracterizados como uma 
poupança de longo prazo, auxilia no financiamento de projetos de longo prazo, justamente 
os mais sensíveis e vulneráveis na disponibilização de recursos de financiamento. Por outro 
lado, as pessoas garantem uma renda futura em um momento da vida em que naturalmente 
diminui a capacidade de trabalho e de inserção nos meios de produção econômicos, e dessa 
forma, se mantêm como indivíduos economicamente autônomos e consumidores ativos, 
beneficiando, por isso, a economia como um todo.
3 Entidades Supervisoras
3.1 Banco Central do Brasil (BACEN)
O Banco Central do Brasil (BACEN, BC ou BCB), como já visto no início dessa aula, foi 
criado pela lei 4595/64 e é o principal agente que executa o que é deliberado pelo CMN e 
grande responsável pela defesa da moeda nacional, promovendo a estabilidade e o poder de 
compra. Tem por objetivo manter a liquidez da economia em parâmetros ótimos de acordo 
com a política monetária em vigor, ajustar as reservas internacionais para níveis adequados 
mantendo o equilíbrio do valor da moeda nacional, tanto em âmbito interno quanto em 
ambiente externo, é seu objetivo também, fomentar a formação de poupança, e ainda, zelar 
pela estabilidade da moeda e estimular o aperfeiçoamento do sistema financeiro. O BACEN 
coloca que a sua missão é “assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um 
sistema financeiro sólido e eficiente”.
Para cumprir sua missão, o Banco Central tem à disposição as atribuições de emissão 
de papel-moeda e moeda metálica, serviços do meio circulante, receber os recolhimentos 
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compulsórios e voluntários das entidades bancárias e financeiras, operações de redesconto 
e empréstimos às instituições financeiras, regular a compensação de cheques e outros 
instrumentos, compra e venda de título públicos federais, controle sobre o crédito, fiscalizar 
as instituições financeiras, autorizar o funcionamento das instituições financeiras, averiguar 
as interferências de empresas no mercado financeiro e de capitais e controlar o fluxo de 
capitais estrangeiros.
Portanto, o Banco Central é uma autarquia vinculada ao governo e com certa 
independência para usar os instrumentos necessários para cumprir sua missão. A grande 
discussão em torno do Banco Central, nos últimos anos, é quanto ao grau de sua independência 
em relação ao governo. Para alguns, quanto maior a independência em relação ao governo, 
melhor a instituição poderá usar os instrumentos necessários, e muitas vezes impopulares, 
na consecução dos objetivos. A exemplo do FED (Federal Reserve – Banco Central Norte 
Americano), porém, correntes contrárias a essa exemplifica o Banco Central Japonês como 
fortemente atrelado ao governo, mas, reconhecidamente muito eficiente no cumprimento 
dos deveres.
3.2 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)
A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) foi criada em 1966 com a incumbência 
de controlar e fiscalizar os mercados de seguros, de previdência privada aberta, de 
capitalização e de resseguro. É vinculada ao Ministério da Fazenda e tem por missão “regular, 
supervisionar e fomentar os mercados de seguros, resseguros, previdência complementar 
aberta, capitalização e corretagem, promovendo a inclusão securitária e previdenciária, bem 
como a qualidade no atendimento aos consumidores.”
Com as atribuições, a SUSEP tem que fiscalizar a constituição, o funcionamento e a 
operação das sociedades que estão sob seu controle (seguradoras, capitalização, previdência 
complementar aberta e resseguradoras), também a proteção da captação de poupança que 
ocorre no ambiente de seguros e de previdência, a defesa dos consumidores no mercado 
supervisionado pela SUSEP, promover o aperfeiçoamento das instituições e dos mecanismos 
das instituições ofertados ao mercado, promover a estabilidade dos mercados, disciplinar 
os investimentos feitos pelas entidades sob sua supervisão e executar as deliberações do 
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
Desde 1808, quando as primeiras operações de seguros marítimas eram constituídas no 
Brasil, ainda sob a lei portuguesa, o mercado de seguros vem observando um crescimento 
constante no mercado brasileiro. Salvo algumas épocas em que todo o mercado financeiro 
estava em crise no país, a atividade das seguradoras sempre gozou de um aperfeiçoamento 
e reconhecimento constante por parte das pessoas. No entanto, se comparada com outros 
mercados mundiais, observamos que a cultura de seguros ainda não está devidamente 
espalhada pela sociedade brasileira, seja por questões sociais ou por questões conjunturais 
típicas de um país de renda abaixo da média mundial.
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3.3 SuperintendênciaNacional de Previdência Complementar (PREVIC)
É um órgão de fiscalização vinculado à Secretaria de Políticas de Previdência Complementar 
do Ministério da Previdência Social e tem como foco de fiscalização os fundos de pensão. 
Foi criado em 2009 e sob sua fiscalização estão as entidades de previdência complementar 
fechada. Vale lembrar que as companhias de previdência complementar fechada têm por 
objetivo assegurar um grupo de pessoas que possui em comum uma entidade associativa, 
que sem fins lucrativos, resolve estruturar um plano de previdência para os seus integrantes, 
ou seja, somente os indivíduos que fazem parte dessa organização (uma empresa ou entidade 
civilmente delimitada) é que podem optar por fazer parte desse programa previdenciário. Em 
contraposição, temos as entidades de previdência complementar que visam lucro e abrem 
para qualquer pessoa a possibilidade de participar de um programa de previdência. Dessa 
forma, a PREVIC coloca sob sua jurisdição somente as entidades previdenciárias fechadas.
4 Entidades de operação
4.1 Instituições financeiras
São instituições financeiras participantes do Sistema Financeiro Nacional e autorizadas a 
operar pelo Banco Central do Brasil:
• Bancos Múltiplos: instituição financeira pública ou privada que tem como objetivo 
realizar operações ativas, passivas e acessórias por intermédio das seguintes carteiras: 
comercial, de investimento/desenvolvimento, de crédito imobiliário, arrendamento 
mercantil e de créditos, financiamento e investimento. 
• Bancos Comerciais: instituição financeira pública ou privada que tem como objetivo o 
suprimento de recursos para financiar, em curto e médio prazos, os diversos agentes 
econômicos da sociedade, pessoa física ou jurídica. Para isso, faz captações à vista. 
• Bancos de Investimentos: instituição especializada em participação societária de 
caráter temporário, financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital 
fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. 
• Bancos de Desenvolvimento: instituição pública não federal que tem como objetivo 
proporcionar o suprimento dos recursos necessários ao financiamento, em médio 
e longo prazos, de programas e projetos que visem promover o desenvolvimento 
econômico e social do estado onde tenha sede, com foco principal no setor privado.
• Agências de Fomento: concedem financiamento de capital fixo e de giro associado a 
projetos na unidade da federação onde sedia. 
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• Cooperativas de Crédito: não podem usar a denominação “bancos”. Deve possuir um 
número mínimo de vinte cooperados e adequar sua área de ação às possibilidades 
de reunião, controle, operações e prestações de serviços. Ressalta-se aqui que 
cooperativas são sociedades de pessoas, com natureza jurídica própria, sem fins 
lucrativos, constituída para prestar serviços aos associados. 
• Sociedade de crédito, financiamento e investimento: instituição privada que oferece 
financiamentos para a aquisição de bens e serviços e para capital de giro. Deve, por 
lei, ser uma sociedade anônima e constar em sua denominação social a expressão 
“crédito, financiamento e investimento”. 
• Companhias hipotecárias: instituições que têm por objetivo principal conceder 
financiamentos para a produção, reforma ou comercialização de imóveis residenciais 
e comerciais e lotes urbanos. Tem ainda como objetivo, repassar recursos destinados 
ao financiamento da produção ou da aquisição de imóveis residenciais. São, por lei, 
sociedades anônimas e constam em sua denominação social o termo “companhia 
hipotecária”.
Outras instituições sob supervisão do Banco Central do Brasil são: Caixa Econômica 
Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, Associações de 
Poupança e Empréstimo, Bancos de Câmbio, Cooperativas Centrais de Crédito, Sociedades de 
Crédito Imobiliários e Sociedades de Crédito ao Microempreendedor.
5 Captação de recursos por parte das instituições financeiras
As instituições financeiras, para poder cumprir suas missões de intermediação de 
recursos, devem construir pelo menos duas pontas nessa relação, precisam primeiro obter 
recursos para então emprestá-los. Colocando de outra forma, precisam estabelecer operações 
passivas, para então gerar operações ativas. Lembramos que mesmo quando uma instituição 
financeira usa recursos próprios de seus acionistas, ela estabelece uma relação passiva entre 
a instituição e seus acionistas, e tudo isso, por um princípio contábil chamado princípio da 
entidade. Por esse princípio, o patrimônio da instituição não se confunde com aquele de seus 
sócios ou proprietários.
Existem algumas formas de captação de recursos financeiros e abaixo estão descritos os 
principais meios para isso:
• Para começar, podemos dizer que uma instituição pode captar recursos por meio 
de depósitos à vista. Estes depósitos se caracterizam por ser de livre movimentação 
bastando a emissão de um cheque, DOC, TED ou qualquer outra operação autorizada 
pela autoridade monetária para ter acesso ao montante de depósito em contas 
correntes pelos clientes das instituições. Não remunera o depositante e pode ficar 
depositado por tempo indeterminado.
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• Depósitos a prazo são aqueles em que a taxa de juros é negociada entre as partes 
(depositante e instituição financeira) em função do prazo e do montante do depósito. 
O depósito a prazo é o instrumento tradicional e mais elementar de poupança.
• Já os depósitos de poupança são remunerados pela TR (Taxa Referencial), acrescidos 
de juros mensais ou trimestrais, sendo assim, respectivamente, para pessoas físicas 
e jurídicas. A poupança é o investimento mais popular do país pela sua simplicidade 
de aplicação e de saque. Seu funcionamento é definido pelo Banco Central, sendo 
portanto, um instrumento padronizado entre as diversas instituições financeiras.
• Os depósitos interfinanceiros são formas de captação em que são gerados contratos 
de depósitos, onde as partes envolvidas são Instituições Financeiras. Em resumo, 
trata-se de operações de empréstimos entre entidades financeiras assemelhadas, 
um importante instrumento regulatório da liquidez no mercado, que traz maior 
segurança e garantia nas operações dessas instituições.
• Repasses são operações entre entidades onde uma instituição financeira, pública via 
de regra, repassa recursos para outra instituição, que pode ser pública ou privada. 
Normalmente essas operações são constantes de um programa ou de política de 
governo que visa financiar ou estimular um dado setor da economia como parte 
de uma visão do que é relevante em dada época. As instituições que repassam o 
recurso para o destinatário final se corresponsabilizam e assumem parte do risco nas 
operações, junto às entidades públicas originárias.
• Captações no exterior (bonds e notes): bonds são títulos representados por um 
conjunto de recebíveis, gerados por operações de empréstimos ou financiamentos em 
que o fluxo de caixa dos títulos busca corresponder ao fluxo de caixa dos recebíveis. 
Notes são também títulos em que a principal característica é a remuneração ser por 
renda fixa. Bonds e notes são basicamente títulos de renda fixa e diferenciam-se pelo 
prazo do título, já que os bonds normalmente são emissões de longo prazo (acima de 
dez anos) e notes são emissões com vencimentos abaixo de dez anos.
Para fechar o ciclo de produção de serviços por parte de uma instituição financeira, após 
a operação passiva, ela precisa, a causa da própria atividade de intermediação financeira, 
de uma operação ativa. É a aplicação do recurso em uma operação de empréstimo ou outro 
investimento feito pela instituição que gera os lucros, portanto pela diferença de taxa de juros 
entre as operações passivas e ativas (spread).
São exemplos de operações ativas:
• Investimentos em título e valores mobiliários: por meio da captação em diversostipos 
de depósitos, as instituições financeiras investem em títulos e valores mobiliários de 
outras entidades e administram deforma a obter ganhos de capital na venda futura 
dos título ou mesmo recebimento de dividendo. Ainda, podendo formar fundos de 
investimentos e oferecê-los aos clientes. 
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• Empréstimos e financiamentos: ao oferecer recursos aos outros agentes do sistema 
financeiro, os bancos ganham na diferença de taxas de juros entre captação de recurso 
e empréstimo do recurso. Um empréstimo prevê o estabelecimento de um contrato 
entre o cliente e a instituição financeira com o compromisso de pagamento futuro por 
parte do cliente da quantia cedida pela instituição financeira acrescida de juros. Os 
recursos de um empréstimo não têm destinação específica. Financiamento também 
prevê um contrato entre cliente e instituição financeira, mas com a diferença que nos 
financiamentos nós temos uma destinação específica do recurso emprestado, como 
por exemplo, na compra de um carro ou de um imóvel. 
• Desconto de duplicatas é um adiantamento de recursos financeiros feito às pessoas 
jurídicas vinculado à receita futura de duplicatas mercantis e outros recebíveis. 
• Repasses: assim como a instituição financeira recebe repasses de instituições ela 
também cede recursos às outras entidades tomadoras assumindo o risco na operação 
de acordo com o convênio estabelecido entre a instituição originária do recurso e a 
instituição que repassará o recurso ao destinatário final.
• Cheque especial: operação de crédito vinculada a contas-correntes mediante a 
utilização de limite de crédito pré-aprovado e pré-estabelecido pela instituição 
financeira, sob análise de risco e renda, sem necessidade de comunicação prévia com 
a instituição financeira para o seu uso efetivo. O pagamento é efetuado mediante 
depósitos na conta corrente que cobre os valores previamente sacados.
6 Outras entidades que compõe o Sistema Financeiro 
Nacional 
Outras entidades formam o Sistema Financeiro Nacional, sendo dotadas de grande 
importância no processo de acumulação de poupança. Essas instituições são descritas abaixo: 
6.1 Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA)
A BM&FBovespa é uma companhia que administra mercados organizados de títulos, 
valores mobiliários e derivativos. Presta também serviços de registro, compensação e 
liquidação, sendo contraparte central e garantidora da liquidação financeira das operações 
realizadas em seus ambientes.
6.2 Sociedades Corretoras de Valores e Títulos Mobiliários (CTVM)
As Sociedades Corretoras de Valores e Títulos mobiliários são pessoas jurídicas que 
intermediam a compra e venda de títulos financeiros para seus clientes. O acesso à Bolsa de 
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Valores se dá por meio das corretoras, sendo isso uma regra no mercado de capitais e uma 
condição necessária que se tenha conta em alguma corretora autorizada.
6.3 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários 
(DTVM)
São instituições financeiras, assim como as corretoras, também autorizadas a funcionar 
pelo Banco Central do Brasil e pela CVM, sendo intermediárias na compra e venda de títulos 
e valores mobiliários. Até início de 2009, as DTVMs não estavam autorizadas a negociar 
diretamente junto às bolsas de valores, fazendo tão somente por intermédio de uma Corretora 
de Valores. Porém, em 2009, estabeleceu-se que as DTVMs estariam autorizadas a negociar 
diretamente nos sistemas de dos mercados organizados de bolsa.
6.4 Fundos e Clubes de Investimento
É um tipo de associação que visa a negociação de títulos e valores mobiliários com 
foco em ganhos no mercado e que congregam os mesmos interesses. Interesses que são 
defendidos por um gestor responsável pela administração das carteiras de investimento e 
responsável pelas decisões.
6.5 Câmaras de liquidação e agentes de Custódia (clearings)
Centrais de compensações responsáveis pela liquidação das operações e custódia dos 
títulos negociados no mercado, sendo contraparte central nesse processo.
6.6 Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC)
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, que origina a sigla SELIC é um sistema 
informatizado que oferece custódia de títulos escriturais emitidos pelo Tesouro Nacional e 
também o registro e a liquidação de operações com tais títulos.
6.7 Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (CETIP)
Inicialmente a Cetip registrava e custodiava todos os Créditos Securitizados da União, da 
Dívida Agrícola, dos Títulos da Dívida Agrária – TDA, dos Certificados Financeiros do Tesouro 
– CFT e dos Certificados da Dívida Pública – CDP, mas em 2009, a Cetip passou a ser uma 
sociedade anônima de capital aberto e agora registra também títulos de dívida corporativa, 
CDBs, derivativos, títulos de dívidas estaduais e municipais.
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6.8 Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC)
Também é uma entidade de liquidação e custódia participante do mercado de capitais. 
Se dedica a execução das negociação que ocorrem dentro do sistema Bovespa, sendo por 
isso, uma das principais clearing do sistema financeiro nacional.
7 Entidades de autorregulação
Na busca por padrões éticos e técnicos elevados um grupo qualquer da sociedade e da 
economia, pode-se organizar e pactuar entre si um código de conduta técnica e ética que visa 
dar legitimidade a seus atos, desenvolver e aperfeiçoar as práticas exercidas em um meio. Em 
seguimento da sociedade onde o exercício de alguma atividade sofre regulamentação estatal, 
a autorregulação aparece como sendo um fator adicional, que além de cumprir o que exige as 
normas, se excede e exige de seus membros condutas e práticas que vão além do que as leis 
e as normas exigem. Nesse contexto, quando olhamos para o mercado de capitais, vemos que 
no Brasil o sistema financeiro, como um todo, é muito regulamentado e o mesmo acontece 
com o mercado de capitais, uma vez inserido em um sistema maior, o financeiro.
Algumas entidades e associações congregam determinados setores desse mercado e 
buscam traçar uma forma homogênea de conduta para que assim todo o aparato do sistema 
goze de confiança e atraia cada vez mais investidores. Abaixo, relata-se as principais entidades, 
mas lembrando que tudo o que cerca esse assunto, no caso do mercado de capitais, é mais 
bem visualizado e explorado em capítulos específicos e destinados exclusivamente a ele. 
• Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA): 
representa as instituições que atuam no mercado de capitais brasileiro e congrega 
um grande número de agentes do mercado por uma representatividade ativa junto 
ao governo, ao mercado e à sociedade. O objetivo é fortalecer a representatividade 
dos agentes que operam no setor e fomentar o desenvolvimento de um mercado de 
capitais capaz de financiar os diversos agentes econômicos.
• Associação Brasileira de Companhias Abertas (ABRASCA): representam as empresas 
que negociam no mercado de capitais, empresas que congregam o mesmo interesse 
no fortalecimento e representatividade das empresas que operam no setor. Além 
disso, se dedica ao aperfeiçoamento dos instrumentos do mercado de capitais e 
na disseminação de informações sobre os seus principais títulos, como as ações, as 
debêntures e os comercial papers. 
• Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais 
(APIMEC): representa os profissionais do mercado de capitais, trabalha com 
certificação de profissionais, representação política, desenvolve pesquisas sobre o 
mercado de capitais e exerce capacitação profissional. 
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Considerações finais
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) possui uma estrutura que objetiva a construção 
e desenvolvimento de mecanismos que facilitem etornem seguras as intermediações 
financeiras, em seus mais diversos formatos. A base do que vemos nesse sistema, seja em 
termos de uma instituição ou de um instrumento financeiro qualquer, está no objetivo de 
ligar um agente poupador a um agente tomador de recursos. A questão estrutural desse 
sistema está no fato de que exercendo essa atividade, em escala e com dedicação exclusiva, 
as entidades se especializam, mitigam riscos, minimizam custos, trazem segurança ao 
processo de intermediação financeira e selecionam os melhores projetos dentre tantos que 
a sociedade disponibiliza.
Para tanto, o sistema financeiro criou diversos instrumentos que variam em risco, 
em prazo, em montantes, em ajustes jurídicos e em formas de cobrança pelo serviço de 
intermediação. Mas a essência de todos os instrumentos é a mesma, ligar os agentes 
econômicos da sociedade com economia e segurança, gerando liquidez e disponibilidade de 
recursos.
Referências
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010
LIMA, Iran Siqueira; LIMA, Gerlando A. S. F. de; PIMENTEL, Renê Coppe. Curso de Mercado 
Financeiro. São Paulo: Atlas, 2012.
BRASIL, Lei 4.595, de 31/12/1964. Diário Oficial – República Federativa do Brasil: Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 1964.
BRASIL, Lei 4.728, de 16/07/1965. Diário Oficial – República Federativa do Brasil: Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 1965.
BRASIL, Lei 6.385, de 09/12/1976. Diário Oficial – República Federativa do Brasil: Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 1976
BRASIL, Lei 6.404, de 15/12/1976. Diário Oficial – República Federativa do Brasil: Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 1976
Mercado Financeiro
Aula 03
Mercado acionário – renda variável
Objetivos Específicos
• Conhecer os principais termos e funções e estrutura elementar do mercado 
acionário e sua importância dentro do contexto econômico e social.
Temas
Introdução
1 Mercados
2 Ações 
3 Mercado primário – underwriting e mercado secundário 
4 Mercado secundário 
Considerações finais
Referências
Lilian Pereira da Luz
Professora
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Introdução
Títulos de renda variável são caracterizados por ter sua remuneração dependente de 
eventos futuros incertos, como o desempenho de uma empresa. Normalmente, quando 
falamos em títulos de renda variável lembramo-nos das ações, mas esses títulos não são os 
únicos. Tão importante como as ações há os derivativos e algumas espécies de debêntures 
com participações em lucros.
Por ser de interesse estratégico na geração de poupança e na captação de recursos, o 
mercado de renda variável deve ser visto em comunhão com outras áreas de conhecimento 
como a matemática, a estatística, a economia e a contabilidade. Conhecimentos sobre risco 
e retorno de investimentos também fazem parte de um bom suporte à atuação dos analistas 
de mercado e corretores de valores. Neste capítulo serão abordados as principais naturezas 
desses títulos, o ambiente de negociação de bolsas e os aspectos teóricos e práticos mais 
relevantes.
Adicionalmente, é extremamente importante entender como esse mercado se organiza 
e como é o ambiente de negociação. Conhecer o aparato normativo e regulatório, as 
entidades que operam no mercado e, também, as entidades autorregulatórias proporciona 
ao indivíduo a autonomia de atuação tanto para investir em títulos mobiliários quanto para 
ser um captador nesse mercado.
Quando falamos em valores mobiliários nos referimos à forma como os investidores 
emprestam recursos de forma direta aos tomadores ou aos agentes deficitários, e entendemos 
também que esses títulos são mecanismos financeiros que correspondem, geralmente, a 
negócios de médio e longo prazo de maturação.
1 Mercados
O início das operações no mercado de capitais se encontra no mercado primário. É 
no mercado primário que há a entrada efetiva de recursos para a empresa emissora dos 
títulos. Quando a empresa subscreve capital – ou, em termo mais usual, adere ao processo 
de underwriting –, dizemos que há a colocação de novas ações da companhia, com a entrada 
efetiva de recursos para esta.
Já no mercado secundário ocorre a negociação entre os investidores detentores de 
títulos, sendo um processo de revenda dos títulos adquiridos anteriormente e não incorrendo 
em entrada efetiva de recursos para a empresa emissora, mas tão somente para o agente 
detentor do título. A importância do mercado secundário está em dar liquidez para o mercado 
primário, já que uma das qualidades dos títulos é sua capacidade de ser transformado em 
moeda corrente de forma rápida e segura.
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Ao emitir ações pela primeira vez, dizemos que a empresa incorreu em uma oferta pública 
inicial ou, do termo em inglês, um IPO – Initial Public Offering. Logo, uma empresa abre seu 
capital (IPO) apenas uma vez. As emissões seguintes chamamos de emissões subsequentes 
ou de Follow-on. 
2 Ações 
Ação é a menor parte em que o capital social de uma companhia ou sociedade anônima 
é dividido. Representa a parcela do capital social e é tida como um valor mobiliário. O fato de 
ser caracterizado como valor mobiliário é de extrema importância para um título, pois isso 
condiciona a forma como ele será regulamentado e fiscalizado pela autoridades e entidades 
autorreguladoras. No Brasil, isso significa que será fiscalizado pela CVM – Comissão de Valores 
Mobiliários – e implica em uma adequação na forma como esses títulos serão ofertados 
e negociados no mercado. A Lei nº. 6.385/76 especifica os títulos que se encaixavam na 
definição de valores mobiliários e deixou a cargo do CMN – Conselho Monetário Nacional – a 
competência para alterar a lista conforme considerar relevante. A ação foi então caracterizada 
como o principal valor mobiliário e explicitamente listada na Lei. 
A ação é, portanto, um título patrimonial e concede aos seus titulares todos os direitos e 
deveres de um sócio, no limite das ações possuídas.
2.1 Espécies e classes de ações
Uma forma de classificar as ações é considerando o direito que ela reserva aos seus 
proprietários. O estatuto social, documento no qual constam as regras que os administradores 
e acionistas devem cumprir e é uma espécie de constituição da organização, deve definir 
as características de cada espécie de ação, que pode ser Ação Ordinária (ON) ou Ação 
Preferencial (PN).
As ações ordinárias conferem aos seus titulares o direito ao voto nas assembleias de 
acionistas. Ou seja, diante de temas objetos de decisão e que podem influenciar o destino da 
empresa, discutidos nas assembleias, o titular de ações ordinárias pode se posicionar quanto 
aos temas em questão e votar de acordo com os seus interesses.
As ações preferenciais, geralmente, não dão aos seus titulares o direito ao voto nas 
assembleias. Contudo, em contrapartida, oferecem outras vantagens, como, por exemplo, 
prioridade na distribuição de dividendos ou no reembolso de capital, bem como outras 
vantagens e tratamento especial em alguns eventos relevantes da sociedade.
As ações preferenciais podem ainda ser dividida em classes, como, “A” , “B”, entre outras, 
de acordo com o estabelecido no estatuto, que também delimita os direitos e deveres de 
classe de ações. 
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2.2 Formas
Quanto à forma, as ações podem ser escriturais ou nominativas. As nominativas são 
emitidas em nome do seu titular e constarão no livro de registro de ações nominativas. 
As ações escriturais podem ser controladas por instituições financeiras autorizadas pela 
Comissão de Valores Mobiliários quanto ao posicionamento dos titulares.
2.3 Ganhos de capital, dividendos e exercício de direitos
As ações, quando dotadas de liquidez e quando da existência de mercado secundário, são 
conversíveis em dinheiro, a qualquer tempo, guardadas as regras de liquidação. Mas o retorno 
sobre o investimento em ações podevir de diversos arranjos e instrumentos presentes ou 
derivados de uma ação. Os rendimentos podem vir em forma de dividendos (distribuição de 
lucros a quem detém ações de uma empresa), quando a empresa se utiliza dessa possibilidade 
prevista em lei. Outra forma de recuperar o investimento feito em uma ação ou em uma 
carteira de ações é pelo exercício do direito de recebimento das bonificações (prêmios 
pagos a alguns detentores de títulos por cumprirem determinados requisitos definidos na 
emissão) em ações ou em dinheiro. Outro instituto presente no mercado e muito difundido é 
o bônus de subscrição. O bônus de subscrição é dado ao titular de ações, nas condições que 
constaram do certificado de aquisição do título, e permite a esses agentes subscrever ações 
do capital social da companhia, dentro do limite de capital autorizado no estatuto. Os bônus 
de subscrição podem ser atribuídos como vantagem adicional, mediante o pagamento pelo 
investidor, nas ações em que os valores justifiquem a concessão da vantagem.
Posta a definição do que é bônus de subscrição, vale ressaltar a diferença entre bônus de 
subscrição e o direito de subscrição. Segundo a Comissão de Valores Imobiliários, os direitos 
de subscrição são: 
Estes são os direitos que a Lei confere aos acionistas para subscrever ações ou títulos 
conversíveis em ações em novas emissões. Portanto, em uma nova emissão de ações, 
debêntures conversíveis em ações ou mesmo bônus de subscrição, os acionistas têm 
a preferência de subscrever a emissão por um determinado período. Durante esse 
período, esse direito pode ser negociado, mas, ao fim do prazo estipulado, o direito ou 
é exercido ou é extinto. Importante registrar que a Lei nº. 6404/76 determina algumas 
hipóteses de exclusão desse direito de preferência, conforme artigo 172. (CVM, 2012).
Quando da venda desses direitos, o investidor pode alavancar ainda mais o retorno sobre 
o investimento no título. Vale lembrar que todos os itens aqui citados são possibilidades, no 
entanto, isso se apresenta de forma explícita em documentos próprios de divulgação das 
vendas dos instrumentos financeiros.
Portanto, a lucratividade de um título mobiliário se dá por meio dos ganhos de capital, 
que são o aumento do valor da ação no mercado durante o período de posse do título, mais 
os ganhos de exercícios de direitos constantes de cada modalidade de título.
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O valor de uma ação, de uma debênture, de um direito de exercício, ou mesmo de seus 
derivativos, depende da percepção do mercado quanto aos benefícios futuros que tais títulos 
trarão para o investidor. De forma direta, as ações e seus derivativos ganham valor quando as 
entidades emissoras também ganham valor ou geram riqueza e aumentam o seu patrimônio. 
Apesar de alguns lances do mercado serem baseados em especulações quanto ao futuro de 
uma entidade, a consolidação da riqueza da entidade emissora da ação somente ocorre por 
meio da geração de lucros e do aumento de patrimônio efetivo perante o que se convencionou 
chamar de economia real.
Somente para concluir a questão do retorno sobre o investimento em ações, é preciso 
definir um pouco melhor o que são dividendos e qual sua natureza. Dividendos são as 
quantias recebidas por cada sócio em função da divisão dos lucros auferidos pela empresa 
ou sociedade, por isso dividendos, sendo esses dividendos distribuídos em função e na 
proporção que cada sócio possui da sociedade ou em função do designado no estatuto social 
da empresa.
2.5 Companhias abertas
Companhias abertas são organizações que, como meio de captação de recursos para a 
manutenção de sua continuidade ou para o financiamento de sua expansão, emitem títulos 
mobiliários, representativos de posse de direito sobre o capital da companhia, e esses são 
admitidos para negociações em ambientes de bolsa de valores, regulados pela CVM.
3 Mercado primário – underwriting e mercado secundário 
Underwriting, de maneira bem simples e objetiva, é a subscrição de títulos (do inglês, 
sub = under e escrever = writing). Significa que a empresa assina embaixo e concorda com 
a colocação de seus títulos no mercado e que os investidores também assinam embaixo e 
adquirem os títulos. 
Uma operação de underwriting é estabelecida quando um agente financeiro (banco, 
geralmente) intermedeia o lançamento e a distribuição de ações ou de outros títulos aceitos 
para negociação no mercado de capitais de uma companhia de capital aberto.
A importância do papel da instituição financeira que fará a coordenação do processo 
de subscrição (underwriting) está em, junto à empresa emissora, saber analisar as 
condições do mercado; a melhor forma de realizar a operação; a quantidade de recurso 
a ser captado; o público-alvo ao qual serão oferecidos os títulos; os procedimentos para 
a distribuição dos valores mobiliários; as garantias oferecidas nesse processo e a forma 
de remuneração dos investidores; os preços de lançamentos dos títulos; e os custos e 
comissões totais a serem pagos.
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O processo de underwriting compreende as colocações de valores mobiliários 
disponibilizados no mercado de capital e tais ofertas podem ocorrer no mercado interno 
quando falamos de ações, debêntures e comercial papers, ou no mercado externo quando 
falamos em emissão de ADRs (American depositary receipts), GDR (global depositary receipts), 
Euronotes, eurobonds, para citar os principais.
As empresas interessadas em oferecer seus títulos em mercado público ou de balcão 
devem observar os seguintes passos em relação à estruturação e aos aspectos relevantes da 
operação de underwriting: 
• A análise de viabilidade da oferta; 
• A contratação de uma instituição financeira para fazer a coordenação e a intermediação 
da emissão;
• Realizar deliberação societária aprovando a operação; 
• Elaborar contrato de distribuição e demais documentos; 
• Obter registro da oferta na CVM; 
• Listar os valores mobiliários em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado; e 
• Publicar anúncio contendo as informações de início e de encerramento de distribuição 
pública do valores.
Quanto ao registro da oferta e consequentemente da companhia aberta na CVM alguns 
trâmites são requeridos como:
• A contratação de auditoria externa e independente para fornecer parecer sobre as 
demonstrações contábeis da empresa; 
• Estruturar um conselho de administração prevendo eleições para os seus membros; 
• Adaptar o estatuto social da empresa eliminando privilégios e orientando práticas de 
governança corporativa; 
• Criar um cargo de diretoria de RI (Relações com Investidor); e 
• Criar departamento específico de atendimento aos acionistas e debenturistas.
A instituição coordenadora pode ser contratada conforme as garantias que oferece ao 
processo de colocação de títulos. As garantias podem ser do tipo firme (garantia firme), isto 
é, a instituição pode, ao fim do processo, ter a obrigação de integralizar e liquidar o saldo 
da diferença entre o total de títulos ofertados ao mercado e o adquirido pelos investidores. 
Outra forma de contratação da instituição coordenadora pode ser o que chamamos de best 
effort (melhores esforços) que consiste no empenho máximo da instituição financeira para 
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que os títulos oferecidos ao mercado sejam subscritos pelos investidores, contudo, não há a 
absorção de riscos pela instituição coordenadora, logo, não há obrigação desta de adquirir o 
saldo restante dos títulos não subscritos no mercado.
As ofertas de ações podem ser caracterizadas também segundo o alcance de sua oferta 
em local offerings e global offering. As primeiras são ofertadas em uma única bolsa de valores 
e atendem aos investidores locais; a última tem como característica a oferta de valores 
mobiliários em mais de uma bolsa de valores, simultaneamente, tendo alcance

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