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MERCADO FINANCEIRO Prof. Me. Dênis Mateus de Paiva Prof. Guilherme Bernardes Filho Diretor Presidente Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes Diretor Geral Prof. Me. Eduardo Ogawa Vice-diretor Prof. Me. Ana Carla Comune de Oliveira Diretora EaD - UNISEPE UNISEPE – EaD Prof. Me. Igor Gabriel Lima Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa Material Didático – EaD Comissão editorial: Fernanda Pereira de Castro Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz Apoio: Anderson Francisco de Oliveira Gustavo Batista Bardusco Matheus Eduardo Souza Pedroso Projeto gráfico: Prof. Carlos Machado Revisão: APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR O docente responsável pela disciplina é Dênis Mateus de Paiva do Instituto de Ensino Superior de Pouso Alegre (Faculdade de Negócios de Pouso Alegre) e das Faculdades Integradas ASMEC de Ouro Fino. De formação diversificada, é: Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (Estácio), bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ). Possui ainda: Especialização em Gestão Financeira e Controladoria pelo Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação (FAI) e Mestrado em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além da docência, atua como Consultor Empresarial e de Inteligência Educacional e se dedica a pesquisas relacionadas ao ambiente empreendedor no Sul de Minas. Admirador de bons livros, HQ’s e mangás, Dênis será o seu professor no decorrer dessa disciplina. Bons estudos! Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. SUMÁRIO UNIDADE I..............................................................................................05 1. O ambiente financeiro .................................................................05 2. O Mercado Financeiro .................................................................17 3. Relação: Empresas x Mercado Financeiro ..................................28 4. As faces do Mercado Financeiro .................................................36 UNIDADE II.............................................................................................45 5. Modalidades de papéis negociados no mercado de capitais......45 6. Relação empresa x Mercado Financeiro.....................................55 7. Contexto de uma empresa de capital aberto no mercado...........63 8. Ética empresarial e o custo de agência.......................................72 UNIDADE III............................................................................................79 9. Orçamento e planejamento financeiro empresarial.....................79 10. Introdução ao mercado acionário...............................................87 11. Avaliação e processo decisório de escolha de ações ...............94 12. Avaliação e processo decisório da escolha de Títulos..............102 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................111 5 UNIDADE I CAPÍTULO 1 - O ambiente financeiro Introdução O ambiente financeiro envolve um conjunto de agentes e instituições que interferem cotidianamente na vida dos cidadãos. A complexidade de um mundo globalizado tem imputado grandes desafios aos gestores financeiros, causando grande preocupação no que diz respeito a capacidade de tomada de decisões mais assertivas que possam implicar o êxito de uma empreitada, podendo considerar nesse caso tanto o âmbito pessoal como profissional. Nesse sentido, entender melhor o modo de funcionamento deste segmento bem como o papel das principais instituições que atuam dentro do Sistema Financeiro Nacional contribui para que você possa ter uma melhor percepção quanto as movimentações do mercado podendo tomar a decisão correta quando solicitado em seu trabalho, empresa ou mesmo para avaliar um investimento pessoal. Esse capítulo inicial é dividido em quatro tópicos, inicialmente é feita uma apresentação sobre os conceitos básicos do ambiente financeiro passando por questões relativas ao bom gerenciamento, estrutura e orçamento do capital. Posteriormente é feita uma apresentação do setor financeiro da economia, dando enfoque especial ao lado financeiro em detrimento ao lado real da economia. Na terceira etapa é apresentado a estrutura do Sistema Financeiro brasileiro e em seguida uma abordagem sobre as instituições especiais, organismos que fazem parte do dia a dia dos cidadãos de forma direta ou indireta. No término deste capítulo, você deverá saber: Principais conceitos do setor financeiro Compreender modo de organização do Sistema Financeiro Nacional Foco de atuação das Instituições Especiais na Economia 6 1.1 Conceitos acerca do setor financeiro Por Finanças pode-se entender a plena capacidade de lidar e administrar o dinheiro, seja na esfera pessoal ou na esfera empresarial. Saber compreender corretamente esse conceito e lidar com os recursos envolvidos constitui uma ferramenta muito importante no dia a dia atual, tanto no âmbito pessoal quanto no meio empresarial. O ambiente financeiro e corporativo de um modo geral tem se mostrado altamente complexo no decorrer das últimas décadas, fruto das evoluções trazidas pela globalização e complexidade dos mercados principalmente. Devido a essa situação, o gestor financeiro precisa atentar-se as oportunidades de ocasião disponíveis no mercado para fazer as aplicações corretas prevenindo-se dos riscos cotidianos a que as empresas estão expostas. Ao gestor financeiro compete a habilidade de uma correta leitura acerca do comportamento do mercado, tal qual seu funcionamento. Independentemente do modelo de mercado (oligopolista, monopolista, etc) a correta antecipação aos redirecionamentos da economia pode levar a empresa a obter um grande ganho ou uma grande perda financeira. A equipe de gestão financeira precisa se preocupar essencialmente com três questões, ditas fundamentais: orçamento de capital, estrutura de capital e administração do capital circulante. Quanto a análise do orçamento de capital cabe ao gestor financeiro estar atento as chances de investimento que possam trazer um retorno favorável à empresa, em outras palavras, se o retorno obtido com o investimento será maior do que o gasto despendido pela companhia em determinado produto ou marca lançada. Por exemplo, uma reunião que colocasse em pauta o orçamento de capital para uma nova startup decidiria a viabilidade de se instalar ou não em outra cidade. Decisões envolvendo os riscos financeiros de uma empresa estão entre as mais importantes a serem tomadas pela companhia, também nesse âmbito, as formas como a empresa obtêm e gerencia os recursos de longo prazo empregados em suas aplicações de médio e longo prazo. Assim, a estrutura do capital pode definir o êxito ou Reflexão Como você se relaciona com o ambiente financeiro ao seu redor? Qual o papel dos agentes do Sistema Financeiro em seu cotidiano? Um ambiente financeiro bem organizado é fundamental para o bom desempenho de um país, as instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional atuam para promoção do desenvolvimento financeiro-econômico do país influenciando de modo indireto a vida de milhões de brasileiros. Pense sobre isso, em quantos momentos um distúrbio de natureza econômico- financeiro abalou a economia nacional a ponto de interferir em suas decisões rotineiras? 7 não de uma empresa, questões como a fonte de captação de recursos são determinantes para o sucesso financeiro da companhia. Por exemplo, um novo vendedor de churros ao montar sua barraquinha vai realizar uma cotação de empréstimos parasaber onde irá conseguir obter a condição mais favorável para si, ao mesmo tempo em que irá considerar se deve realizar aportes de capital de seu próprio bolso, vender algum bem para realizar o novo investimento, dentre outras possibilidades. De todo modo, compreender qual das formas de captação é melhor é de vital importância no que diz respeito as estruturas de capital. O terceiro ponto, e talvez mais importante, aborda o conceito relativo ao gerenciamento do capital circulante. Diretamente ligado ao passivo e ativo circulante de uma empresa este consiste num exercício contínuo, que tem o intuito de assegurar à companhia manter a quantia necessária de recursos financeiros para que os seus processos não sejam interrompidos ou sofram com quaisquer surpresas inesperadas. 1.2. O setor financeiro A economia, de um modo geral, é composta por dois setores: o financeiro e o real. Operações cotidianas relacionadas ao comércio, ramo de transportes e telecomunicações, prestação de serviços em geral (não financeiros especificamente) são apenas alguns dos que estão abrangidos pelo setor real da economia, os demais que envolvem serviços do meio financeiro, como: ações, títulos e demais papéis negociáveis estariam incluídos dentro do conceito de setor financeiro da economia. Figura 1 - Intangibilidade dos serviços do âmbito financeiro Em suma, no setor financeiro os recursos, embora constituam em grande parte das vezes uma referência escritural os ativos financeiros ocupam um papel de grande importância na intermediação das relações econômico-comerciais entre as partes. Os componentes do setor financeiro da economia são originados de quatro tipos de transação, como segue: Figura 2 - Operações do segmento financeiro Bens Originados no Setor Financeiro Serviço de intermediação financeira Quatro categorias de transação: Compensação Custódia Intermediação Liquidação 8 Em comparação ao setor real da economia, que atua com os campos de construção, comercialização, extração, dentre outros, vê-se que as transações ocorridas no segmento financeiro estão alocadas basicamente em acordos de origem financeira. Assim, pode-se dizer que os ativos financeiros que são envolvidos nas transações acima citadas têm basicamente o intuito de realizar a liquidação das transações, a manutenção preventiva de reservas e buscar obter ganhos de capital oriundos de rendimentos realizados em negociações de títulos e papéis negociáveis. Vale ressaltar que apesar das distinções existentes entre os dois setores é um erro básico considerar que um venha a ser mais importante do que o outro, pois, embora com finalidades distintas ambos possuem considerável importância para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. 1.3. O Sistema Financeiro Brasileiro A prosperidade de uma economia e de todo seu sistema econômico-financeiro está diretamente interligada à capacidade dos agentes componentes do sistema financeiro em alocar adequadamente os recursos disponíveis, fazendo com estes sejam o elo de ligação entre os investidores e os agentes de mercado produtivo. Essa distribuição dos recursos financeiros torna o papel social do setor financeiro ainda mais “latente” perante a sociedade brasileira. As instituições financeiras dividem-se basicamente em dois grupos: bancárias e não bancárias. O primeiro grupo é composto por bancos comerciais e múltiplos que tem a incumbência de operar com o dinheiro propriamente dito, que constituem os meios de pagamento disponíveis numa economia, recebendo os depósitos à vista. Pode-se afirmar que, de certo modo e medidas proporções, estas lidam com a parte menos intangível do segmento financeiro, exercendo um papel fundamental no cotidiano de toda sociedade. Por sua vez, as instituições financeiras não bancárias não recebem depósitos à vista e tampouco exercem o papel de concepção monetária, estas podem ser representadas pelas corretoras, sociedades financeiras, dentro outras. Basicamente, são organizações que atuam no mercado financeiro e de títulos, fazendo um importante papel de intermediação entre os agentes empresários e os investidores. O Sistema Financeiro Nacional abrange os subsistemas de intermediação financeira e normativo, observe a figura abaixo: 9 Figura 3 - Arcabouço do SFN O subsistema normativo, situado à direita na figura 3, é incumbido de fazer com que as instituições componentes do mercado financeiro, e o próprio, operem de maneira adequada às necessidades de todos envolvidos. No primeiro quadrante do lado direito, você pode observar uma entidade que atua como fiscal e agente reguladora do segmento financeiro e todas organizações e pessoas envolvidas, logo abaixo do Conselho Monetário Nacional (CMN) situam-se o Banco Central do Brasil (BACEN) e o Conselho de Valores Mobiliários (CVM). O primeiro atua conjuntamente à CMN na regulação e fiscalização, sendo ainda o banco dos bancos, responsável garantir a solidez e eficiência do SFN. A CVM, autarquia vinculada diretamente ao Ministério da Economia (anteriormente ao Ministério da Fazenda) e orientada pela CMN, tem o intuito principal de disciplinar, vigiar e aprimorar o mercado de valores mobiliários nacional. Ainda observando o subsistema normativo vê-se a presença de três instituições consideradas especiais e que habitam o cotidiano de telejornais e impressos no país: Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Brasil (BB) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os três bancos ligados ao governo federal interagem de formas distintas e trazem consigo responsabilidades próprias para com todo o setor financeiro. 10 1.4. Instituições Especiais O Banco do Brasil, que outrora já teve a incumbência de atuar como banco emissor de moeda, assume três atividades principais, atuando como agente financeiro do governo federal, o mesmo pode receber os tributos e rendas federais por exemplo, receber depósitos compulsórios ou mesmo atuar como agente promotor do desenvolvimento econômico, facilitando acesso ao crédito rural e/ou intermediando as medidas de comércio exterior nacionais. Formatada como uma sociedade de economia mista o banco possui capital público (em sua maioria) e capital privado em sua constituição, sendo grande parte destes últimos oriundos do exterior e da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). No decorrer dos anos o banco ampliou seu espaço no mercado incorporando outros concorrentes e bancos regionais, atingindo relevância nos segmentos de previdência privada, financiamentos e seguros, dentre outros. A Caixa Econômica Federal, segundo informações da mesma, foi criada em 1861 ainda pelo imperador Dom Pedro II, sob o nome de Caixa Econômica da Corte e tinha o intuito básico de estimular o desenvolvimento da poupança e realizar empréstimos sob penhor com aval da administração imperial. O banco, órgão auxiliar do governo brasileiro, atua de maneira autônoma, tendo como principal intuito estimular o meio social nacional. Figura 4 - Campo de atuação da Caixa Econômica Federal Com o passar dos anos a Caixa foi ampliando seu campo de atuação, incorporando outras atividades e passando a atender maiores parcelas da sociedade. Dentro do âmbito de sua atuação pode-se listar uma ampla frente de atuação no financiamento habitacional, reforçado após a incorporação do Banco Nacional de Habitação nos anos 80, a ação como principal órgão arrecadador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) além da exclusividade no gerenciamento dos serviços de loterias CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Seguro Desemprego Minha Casa Minha Vida Bolsa Família Loterias Caixa FGTS PIS Penhor FIES 11 federais e monopólio do serviço de penhor. Ademais, a Caixa ainda tem importante atuação na sociedade sendo reponsável pelo Seguro-Desemprego e programas sociais como oBolsa Família, o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) além do Programa Minha Casa Minha Vida. A figura 4 demonstra sucintamente o campo de atuação da CEF, de grande importância para o Sistema Financeiro Nacional de forma global o banco ainda exerce a bunção de banco comercial, concorrendo diretamente com as agências privadas e outras instituições públicas presentes no setor. Um dos fatos de maior relevância na atuação da CEF, pode-se dizer, é o trabalho no Sistema de Habitacão brasileiro, hoje facilmente pode-se destacar o Programa Minha Casa Minha Vida, mas antes deste já via-se o trabalho do banco no setor, podendo citar o Programa de Crédito Individual à Moradia, Poupança Azul Imobiliária e o Construcard, por exemplo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social tem função muito importante no financiamento e fomento do setor empresarial do país, destacando aquelas empresas que sejam consideradas importantes para contribuir para o desenvolvimento nacional o BNDES possibilita acesso ao seus recursos. O intuito principal das referidas linhas de financiamento desenvolvidas pelo banco é contribuir de maneira direta para o desenvolvimento econômico do país. O quadro a seguir descreve a atuação dos ‘braços’ de atuação do banco: Quadro 1 - Atuação do BNDES Sucursal Foco de atuação Finame Oferece meios de financiamento de máquinas e demais aparelhos de uso das empresas. Embramec Visa aumentar a capacidde de produção instalada do Brasil, reduzindo a dependência de importação de produtos industrializados de outros países. Fibasa Auxilia o mercado nacional atuante no segmento de bens básicos (commodities em geral) Ibrasa Braço de investimentos do banco, tem como objetivo principal ampliar a capacidade de capitalização de empresas nacionais. No decorrer de muitos anos o banco fez uso de suas sucursais para atuar como agente promotor do desenvolvimento nacional, mesmo que de forma indireta, contribuindo para que a economia nacional pudesse se tornar um pouco mais competitiva perante o mercado externo. Para melhorar os seus processos internos e seguir atuando de maneira efetiva o BNDES promoveu a junção de três das suas agências. A Embramec, a Fibasa e a Ibrasa se uniram para formar o chamado BNDESPAR (BNDES Participações S.A.), através desse novo modelo de atuação o banco procurou contribuir para o desenvolvimento das empresas e de todo mercado nacional atuando diretamente como acionista das empresas consideradas de grande importância para o desenvolvimento nacional. Quando considerado o FINAME têm-se o que pode ser chamado de Sistema “BNDES”. 12 Contando com o próprio BNDES e com o BNDESPAR e o FINAME o sistema atua diretamente como grande promotor de desenvolvimento econômico e industrial para o mercado brasileiro. Destarte, o fluxograma de funcionamento do banco ficaria bem representado da seguinte forma: Figura 5 - Fluxograma de funcionamento do BNDES As principais formas de captação do banco são originadas de repasses governamentais, captações externas e também de seus próprios investimentos no mercado, como por exemplo a atuação na bolsa de valores em ações de empresas como Eletrobrás, Cemig, Copasa, dentre outras. Sempre intencionando atrair investimentos privados para diferentes setores da economia, pode-se dizer que a atuação do BNDES obedece a critérios estratégicos para a economia nacional, utilizados para definir a política interna da instituição para alocar os recursos em fundos de investimento específicos, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), por exemplo. Os agentes que compõem o sistema operativo complementam o processo de funcionamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN), intermediando as relações entre as partes do mercado, possibilitando aos investidores e aos empresários tomadores de recursos uma possibilidade de negociação mais assertiva. As considerações acerca dos mesmos seguem no capítulo seguinte. BNDES BNDESPAR FINAME Investigue Procure saber mais sobre os campos de atuação de um gestor financeiro e a importância da administração financeira para a vida das pessoas e entidades profissionais. 13 Tome nota Entre os atributos de um bom gestor financeiro encontram-se a transparência, ética pessoal e profissional, disciplina, entusiasmo e vontade de aprender sempre e foco nos resultados esperados, principalmente. A evolução contínua dos profissionais do setor fará com que as decisões acerca do capital da empresa, ou mesmo investimentos pessoais sejam tomados de forma mais assertiva. Acompanhamento contínuo do mercado e atualização de conhecimentos são grandes diferenciais de um gestor financeiro. Resumindo O gestor financeiro precisa estar ligado as escolhas que possam influenciar os modos de aplicação do capital da empresa, visando atender principalmente três assuntos, considerados básicos: orçamento de capital, estrutura de capital e administração do capital circulante. A economia tem dois lados o real e o financeiro, o termo “financeiro” é normalmente utilizada para explicar aqueles bens que não atendem de forma direta as necessidades consideradas básicas da sociedade, embora possuam grande importância no cotidiano das pessoas. O Sistema Financeiro é regido por instituições que formam os sistemas operativo e normativo, tendo estes atuação para regulamentar e fiscalizar o mercado de finanças. Dentro destes há as instituições especiais que tem relativa participação no cotidiano de grande parte dos brasileiros. 14 Façamos juntos 1. A Caixa Econômica Federal, órgão auxiliar do governo brasileiro, atua de maneira autônoma, tendo como principal intuito estimular o meio social nacional. Sob os programas e campos de atuação do banco assinale a alternativa incorreta: a) Financiamento Estudantil b) Bolsa Família c) Finame d) Seguro Desemprego e) Loterias Caixa Justificativa: O Finame oferece meios de financiamento de máquinas e demais aparelhos de uso das empresas. Contudo o programa está sob a tutela do BNDES e não da Caixa. Lembre-se Embora o setor financeiro tenha uma enorme relevância na vida dos brasileiros, o setor real da economia possui grande importância para o desenvolvimento econômico e social do país sendo utilizado para indicar aqueles bens ou serviços que são utilizados diretamente para atender as necessidades da população. 15 . . Faça você mesmo 1. O ambiente financeiro moderno tem enfrentado grandes obstáculos, devidos principalmente a aceleração da Globalização Financeira Mundial e também as crises econômico-financeiras que tem ocorrido ao redor do mundo, nesse contexto, é sabido que uma equipe de gestão financeira eficaz e atenta a esse cenário precisa se preocupar essencialmente com três pontos essenciais, quais são? Explique. 2. No setor financeiro os ativos ocupam um papel de grande importância na intermediação das relações econômico- comerciais entre os agentes envolvidos, Reflita A atuação dos bancos estatais no segmento comercial, onde já há instituições do sistema operativo, pode representar algum tipo de risco para as entidades privadas? Vale lembrar que o sistema normativo que já está sob a égide governamental trás definições importantes para os rumos do mercado nacional. Qual a sua opinião? 16 Faça você mesmo (continuação) nesse, os elementos têm origem em quatro tipos de transação, exceto: a) Compensação b) Custódia c) Intermediação d) Financiamento Estudantil e) Liquidação Bibliografia comentada: ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti.Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D.; LAMB, R. Fundamentos da Administração Financeira. Porto Alegre: AMGH, 2013. 9ª ed. ROSS, S. A. et al. Princípios da administração financeira. São Paulo: Atlas, 2002. GROPELLI, A.A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Comentário: A bibliografia apresentada acima fornece um grande instrumental para compreensão do ambiente financeiro e do Sistema Financeiro como um todo, é recomendável a leitura aprofundada dos autores para o aperfeiçoamento de seus conhecimentos no conteúdo. 17 CAPÍTULO 2 - O Mercado Financeiro Introdução O mercado financeiro é composto de um lado por agentes que buscam atender suas necessidades de preenchimento de caixa e de outro por agentes que anseiam por amentar sua rentabilidade financeira para uso futuro. Neste contexto o processo de intermediação financeira inclui uma terceira figura no processo, o agente intermediador que pode ser representado por instituições bancárias e não-bancárias que se responsabilizam por pegar os recursos disponíveis no mercado pelos poupadores e levá-los aos tomadores, compostos por empresas que visam custear suas próprias operações. Para melhor organização o capítulo foi dividido em quatro tópicos, que serão dispostos de modo a expor os conceitos, requisitos e processo adotados dentro do sistema de intermediação financeira pelas instituições componentes. No término deste capítulo, você deverá saber: Entender o mecanismo de intermediação entre os agentes financeiros. Compreender os requisitos existentes no processo de intermediação financeira Conhecer as instituições financeiras que realizam a intermediação entre os agentes de mercado. Reflexão As instituições de intermediação financeira estão presentes no cotidiano de todos. No momento em que você se dirige a um banco para tomar um empréstimo ou para aderir a um programa de CDB ou mesmo realizar uma aplicação na poupança você já fez sua participação especial no processo. 18 2.1 Sistema de Intermediação Financeira Ao lado esquerdo da figura 3 temos os agentes que compõe o sistema de intermediação financeira ou sistema operativo, estes atuam junto a captação de recursos para financiar a operação de empresas ou instituições financeiras de modo genérico. Esta captação é realizada de modo a levar o recurso dos agentes ditos superavitários, ou seja, que detêm os recursos disponíveis e desejam aplica-los para os agentes deficitários, aqueles que demandam por recursos financeiros para custear seus processos. Dentro do subsistema operativo há a presença dos agentes bancários e não bancários, sistema de poupança e empréstimos além de órgãos auxiliares financeiros e não financeiros. Antes de apresentarmos cada um deles, é prudente compreender o modo de funcionamento de um sistema de intermediação financeira, para tanto, observe abaixo: Figura 6 - Processo de Intermediação Financeira Embora inicialmente pareça complexo, a figura 6 explica de forma sucinta as relações de intermediação que ocorrem no sistema financeiro. A figura explicita a relação existente entre os agentes tomadores de recursos e os agentes fornecedores de recursos, ressaltando a necessidade de um bom desempenho por parte dos intermediários para que o processo ocorra sem maiores problemas para todas as partes envolvidas. O sistema é composto por organizações pertencentes ao sistema bancário e não- bancário, estes encontram-se exatamente no ponto central da figura 6, e irão fazer o papel de intermediadores, levando o capital de um ponto a outro. Destarte, os agentes Agentes fornecedores de recursos (Superavitários) Agentes tomadores de recursos (Deficitários) Intermediários Financeiros Instituições Financeiras Mercados Financeiros 19 considerados superavitários, ou seja, pessoas ou empresas que dispõe de recursos para investir, desejando obter uma valorização deste mesmo na forma de juros antes de fato utilizá-los de fato se disporiam a exercer seu papel de superavitários, utilizando as instituições financeiras para repassar os recursos de modo seguro para as empresas ou pessoas que estejam interessadas. Estas, por sua vez, desempenham o papel de agentes deficitários, que buscam o dinheiro no mercado através dos intermediários financeiros para realizar alguma atividade de seu interesse naquele exato momento, se dispondo a pagar um valor de recompensa para obtê-los junto aos intercessores do mercado financeiro. De modo simplificado pode-se dizer que existem duas formas de realizar o processo de intermediação financeira nos mercados: direta e indireta. No modo de intermediação financeira direta os agentes superavitários depositam o dinheiro nas instituições financeiras que oferecem uma recompensa em contrapartida aos agentes superavitários, tal como o proposto em aplicações em poupança, Certificados de Depósitos Bancário (CDB), entre outros. Este recurso uma vez ‘captado’ junto ao mercado é repassado aos agentes econômicos deficitários para financiar as suas operações de cunho imediato. Exemplificando, o dinheiro que você deixa no banco, em sua caderneta de poupança, ou seguindo a tendência atual, no seu banco digital favorito que oferece um rendimento um pouco mais vantajoso que a poupança convencional, é posteriormente reutilizado por outro agente de mercado que irá emprestar do intermediador pagando um valor acordado para continuar movimentando a engrenagem da economia. Já na intermediação financeira indireta os agentes superavitários vão diretamente à Bolsa de Valores e adquirem os títulos de propriedade de sua preferência. O mesmo processo é perceptível quando considerado os títulos da dívida pública emitidos pelo governo federal. Os tomadores de recursos vão atrás dos recursos, pegando-os na forma de títulos, permitindo inclusive a adesão de novos sócios-acionistas à empresa. A operação envolve risco para o fornecedor/investidor, desse modo a exigência de retorno de capital em forma de juros aumenta na medida em que a exposição ao risco também aumenta. Assim, os tomadores de recursos aceitam realizar um pagamento aos investidores, como meio de recompensa-los pelo capital fornecido. A diferença das taxas de obtenção dos recursos financeiros fornecidas pelos intermediadores versus a taxa de aplicação destes mesmos recursos pelo banco é denominada spread. Para que o processo de intermediação financeira ocorra de modo satisfatório há alguns requisitos, observados a seguir. 2.2. Requisitos do processo de intermediação financeira O processo de intermediação financeira devido a sua grande importância requer alguns requisitos considerados fundamentais para que ocorra de maneira satisfatória. É vital que os agentes envolvidos nesse mercado possuam um alto nível de maturidade para lidar com todo o processo, uma vez que se trata de um processo de trocas, que remete até mesmo a tempos passados onde os mercadores trocavam seus produtos por outros sem um bem intermediário que facilitasse tal negociação. 20 Considerando o processo de intermediação em si, é possível realizar uma divisão em fases, num cenário próximo a figura 6, onde a excessiva quantidade de bens passíveis de transação iria demandar por algo que fizesse a ‘ponte’ entre os agentes de mercado, nesse caso a própria moeda em si. Posteriormente, esta seria vista como um item que estabelecesse reserva de valor ao mercado, valor este que seria utilizado no momento considerado conveniente para entremear as relações comerciais do agora sistema monetário. Essa fase de maturação requer o amplo desenvolvimento do sistema de trocas, estabelecendo a conexão necessária para que se supere o processo de transações sem quaisquer tipos de intervenções de agentes financeiros. Aqui, nessecenário, nota-se a presença de agentes que acumulam recursos e de outros que os detêm e esperam capitalizar em cima do mesmo, formaliza-se então um mercado em que a transferência do poder de compra gera ganhos para ambos envolvidos, sendo que os tomadores remuneram os poupadores pelo repasse realizado. A própria presença de agentes interessados em compor esse mercado, ou seja, tomadores e poupadores, seria um segundo requisito para o processo de intermediação. Neste segundo ponto, os agentes econômicos podem apresentar três tipos de situação: equilíbrio, superávit de caixa, déficit. Em situação de equilíbrio o capital utilizado para financiamento dos processos é basicamente próprio, em superávit de caixa há um excedente financeiro, ou seja, a utilização da moeda recebida transcorre de maneira serena, se maiores empecilhos. Por fim, a situação deficitária apresenta uma situação em que a firma, ou também pessoa física na figura de investidor ou ainda empreendedor, encontra dificuldades para saldar seus compromissos. Destarte, recorrem a modelos de financiamento externos para manter suas operações em andamento, recorrendo aos intermediários do mercado para acessar os recursos provenientes dos poupadores. Grande parte dessas operações irão incidir em juros, o já citado spread que irá beneficiar os poupadores e também os intermediários. Quadro 2 – Fundamentação do processo de intermediação financeira Funções principais Formas de captação Liquidação de transações Depósito à vista Custódia de Excedentes Depósitos à prazo Intermediação de recursos Letras e obrigações Cotas de fundo de renda fixa O quadro 2 demonstra de modo sucinto o explanado no parágrafo anterior, o processo de intermediação financeira pode ocorrer de modo bem amplo incluindo instituições nacionais e internacionais. No meio da troca existente entre os agentes poupadores e tomadores encontram-se instituições bancárias e não-bancárias, as quais serão adequadamente apresentadas a seguir. 21 2.3. Benefícios do processo de intermediação financeira É nítido que o processo de intermediação traz custos para a parte tomadora de recursos enquanto remunera a parte poupadora, que se submete ao fator tempo para conseguir um retorno financeiro para eventual utilização de seu capital num prazo futuro, tempo esse que traz riscos que serão compartilhados nesse caso. Mas, a parte dos eventuais ônus observados, há enormes benefícios nesse processo, os mais recorrentemente citados são: Eficiência operacional Não seria correto pressupor que um agente com recursos disponíveis para investir, ou mesmo guardados sem previsão de uso no curto prazo procurem os agentes tomadores interessados em obter recursos para custear suas operações. Nesse caso, faz-se evidenciado o papel exercido pelos intermediadores, que tornam institucional o processo de trocas, colocando aos interessados possibilidades. Especialização Devido a alta exposição aos riscos de mercado a opção por um agente atuante em um mercado especializado, nesse caso os intermediários, é não só preferível como uma opção mais segura. Faz-se necessário que os gestores dessas instituições tenham uma grande capacidade de julgamento para tomar decisões mais assertivas quanto a utilização dos recursos. Tamanha a especialização destes que lidam com o risco com frequência não é observada em grande parte dos casos nos agentes do lado real da economia, que requerem nesse sentido apoio para melhor administração dos fluxos financeiros. Diluição de riscos Ao envolver uma quantidade maior de agentes no processo de intermediação financeira vê-se o risco se diluir de igual maneira. Dado que o custo dessas operações financeiras deve cobrir plenamente os riscos diversos envolvidos, como crises, falhas, etc. a opção por envolver um intermediário é uma opção para ampliar a assertividade do processo. Ganhos de eficácia Quando os agentes tomadores submetem seu interesse aos intermediadores abre-se uma possibilidade para que os especialistas do mercado adotem medidas de avaliação que tragam maior segurança para os poupadores. Tal medida seria mitigada num processo de negociação direta, expondo a parte detentora de capital a um maior risco. Descasamento seguro de prazos Os agentes intermediários conseguem adquirir os recursos financeiros junto aos detentores de capital em diferentes prazos, em consonância com as possibilidades disponíveis no mercado. A opção por um prazo de quitação adequado à realidade de 22 pagamento das empresas reduz o risco de atrasos e permite um melhor fluxo do mercado. o Expansão dos fluxos reais O processo de intermediação financeira contribui para o desenvolvimento de diferentes setores da economia, tendo papel importantíssimo, mesmo que indiretamente, no crescimento do país. A relação entre os setores real e financeiro de uma economia são visivelmente expostos quando se considera que grande parte dos tomadores ocupam espaço dentro do setor real. Galvão, et al. (2006) ressalta que quanto maior for o desenvolvimento de uma economia, pelo lado real, maior e mais efetivo será o alcance e capacidade do seu mercado financeiro. Isto gerará um círculo virtuoso na economia, onde os tomadores conseguem utilizar bem os recursos emprestados e arcar corretamente com os compromissos assumidos junto aos agentes intermediários que por sua vez repassam estes aos poupadores. 2.4. Subsistema de intermediação - instituições financeiras bancárias e não bancárias Os bancos comerciais convencionais executam uma importante função de provimento de capital de giro para as empresas atuantes no setor real da economia. A atuação dos bancos é respaldada pelos depósitos recebidos por parte dos poupadores. O ponto principal de trabalho das instituições bancárias é a prestação de serviços, eles atendem ao público em geral compensando cheques, fornecendo cartões de crédito, recebendo e emitindo boletos para usos diversos, realizando operações de depósito e saques, dentre outros. Para tal, eles cobram taxas por serviços dos clientes, estas são organizadas em cestas de serviços que ofertam uma quantidade pré-determinada de itens que o cliente pode aderir. Vale ressaltar que na função de agente intermediário os bancos repassam esse capital para os agentes tomadores, nesse sentido, apesar de ganharem com a cobrança da cesta de serviços eles também são remunerados pelo repasse aos agentes solicitantes de recursos. Com as mudanças recentes do mercado ocasionadas principalmente pela acelerada globalização financeira mundial e evolução tecnológica os bancos têm procurado diversificar sua oferta de serviços, procurando atender os diferentes tipos de clientes que recebem diariamente. Divididos em dois segmentos os bancos podem ser de varejo ou atacado. Os bancos ditos de varejo seriam bem representados pelos bancos convencionais, que possuem uma grande quantidade de agências e concentram sua principal fonte de recurso nas operações envolvendo depósitos realizados pelos clientes, que costumam ser numerosos. Ume exemplo desse alcance é visto quando se considera que toda 23 instituição empresarial, do setor real ou financeiro, utiliza da atividade bancário como intermediação para realizar as operações de pagamento. Já os bancos de atacado têm seu foco de atuação na realização de negócios, compreendendo operações de maior magnitude, focando no cliente de alta renda. Seriam representados pelos bancos da linha “prime”. O atendimento especializado nesse caso pode representar a diferença no momento de o cliente optar por aderir ao serviço do banco em detrimento de um concorrente específico. As instituições financeiras não-bancárias têm sua atividade distinta dos bancos comerciais por não poder emitir moeda ou meios de pagamento diretamente, compõem esse grupo: Bancos de investimento Atuam como intermediários financeiros permitindo que os investidoresaloquem seu capital em: CDB’s, CDI’s, Letras de Crédito e/ou crédito, dentre outros. Os pontos fortes de atuação de um banco de investimento abrangem o financiamento de atividades comerciais e produtivas de diferentes segmentos, gerenciamento do capital de terceiros e participação por tempo pré-estipulado no capital de companhias. Um exemplo de banco de investimento atuando no Brasil seria o BTG Pactual. Bancos de desenvolvimento Um banco de desenvolvimento atua com financiamentos de juros baixos de projetos que tenha como interesse promover o desenvolvimento econômico de uma determinada localidade ou país. Um exemplo de banco de desenvolvimento atuando no Brasil seria o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) que financia projetos em todo o Estado. Financeiras São instituições do setor privado que concedem empréstimos e/ou financiamentos para que os agentes adquiram bens, serviços e também capital de Giro. As financeiras estão presentes em praticamente todos os municípios nacionais, um exemplo seriam as instituições Crefisa e BMG. Sociedades de arrendamento mercantil As sociedades de arrendamento mercantil permitem que um agente adepto desta modalidade de serviço possa desfrutar de um bem específico sem ter que necessariamente comprá-lo. Estes bens podem ser móveis ou imóveis, deixando a possibilidade de aquisição em definitivo ao término do contrato de leasing. Cooperativas de crédito. É uma associação formada por um grupo de pessoas que tem o objetivo de prestar serviços financeiros para os seus cooperados. Os associados são ao mesmo tempo 24 donos e clientes nessa modalidade, tendo acesso a grande parte dos serviços encontrados também nos bancos comerciais comuns. Exemplo de cooperativas de crédito atuando no Brasil seria o Sicoob - Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil. Ainda no âmbito abordado existem as instituições auxiliares, que compreendem aquelas que exercem a função de intermediador entre investidores para aquisição principalmente de títulos e valores mobiliários. Aqui, temos as bolsas de valores, no caso brasileiro a BMF&Bovespa, atual B3, corretoras como a XP investimentos ou a Toro Investimentos e sociedades distribuidoras. Lembre-se É fundamenta que os agentes intermediários, poupadores e tomadores possuam a maturidade necessária para executar efetivamente o procedimento das trocas, que poderia ser relacionado a períodos passados onde os mercadores trocavam seus produtos por outros sem um produto intermediário que facilite a transação. Resumindo O sistema de intermediação financeira é de grande importância para o funcionamento adequado do mercado financeiro, através do mesmo é possível que as instituições demandantes de capital possam se conectar aqueles agentes que não tenham necessidade imediata de utilização dos recursos. O mecanismo apresenta a relação existente entre os intermediários, os poupadores e os tomadores, explicando o papel de cada um deles, com ênfase nas instituições componentes do sistema de intermediação. Investigue Com atua a CVM em relação as instituições componentes do mercado de intermediação financeira? 25 Faça você mesmo 1. “Atuam como intermediários financeiros permitindo que os investidores aloquem seu capital em: CDB’s, CDI’s, Letras de Crédito e/ou crédito, dentre outros.” A definição pertence a um(a): a) Banco de desenvolvimento b) Financeira c) Banco de Investimento d) Sociedade de arrendamento mercantil e) Cooperativas de crédito Tome nota Os bancos de investimento possuem destacado papel no processo de desenvolvimento econômico no país, veja o que diz o Banco Central sobre: <https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:% 2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fbi.asp> Façamos juntos 1. Julgue a afirmação abaixo, assinalando se é correta ou incorreta. Justifique. Bancos de desenvolvimento são instituições do setor privado que concedem empréstimos e/ou financiamentos para que os agentes adquiram bens, serviços e também capital de Giro. a) Correta b) Incorreta Justificativa: A assertiva refere-se às financeiras e não aos bancos de desenvolvimento. 26 . . Bibliografia comentada: GALVÃO, Alexandre et al. Mercado Financeiro: uma abordagem prática dos principais produtos e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2014. GROPELLI, A.A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Saiba mais Sabia que há diferença entre empréstimo e financiamento? Veja: Empréstimo Financiamento O dinheiro recebido não tem destinação obrigatória O dinheiro recebido está vinculado à aquisição de determinado bem ou serviço como, por exemplo, a aquisição de um veículo ou equipamento Visite: <https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/scfi> 27 Glossário Spread: é a diferença da taxa de captação de recursos fornecida pelo banco versus a taxa de aplicação destes mesmos recursos pelo banco. Leasing: termo original em inglês que quer dizer locação financeira ou arrendamento mercantil. Certificados de Depósitos Interbancário (CDI): são títulos emitidos pelas instituições financeiras bancárias para captação de recursos ou também para realizar investimentos com o capital excedente. Certificado de Depósito bancário (CDB): Forma utilizada pelas instituições financeiras bancárias para custeio de suas próprias operações, com promessa de recompensa baseada em indicadores de mercado informados previamente. 28 CAPÍTULO 3 - Relação: Empresas x Mercado Financeiro Introdução Os pequenos e médios empresários ocupam um papel de grande destaque na economia brasileira. Estes compreendem grande parcela das instituições empresariais constituídas em território nacional tendo grande influência no desenvolvimento do produto nacional e empregando uma grande quantidade de pessoas ao redor do país. As formas de organização empresariais são apresentadas neste capítulo em dois tópicos que se subdividem nas mais variadas categorias constantes dentro das possibilidades de sociedade envolvendo os agentes individuais. O MEI e o EI ocupam grande parte dos cadastros nacionais de pessoas jurídicas no Brasil. Após o estudo do mesmo você pode aprofundar seus estudos buscando temas relativos a empresas categorizadas como maiores no mercado. No término deste capítulo, você deverá saber: Diferenciar algumas das principais formas de organização de pequenas associações empresariais. Conhecer algumas das principais formalizações societárias existentes no Brasil. Reflexão O sistema financeiro não é tão percebido no cotidiano das pessoas, excetuando-se os bancos comerciais e financeiras em menor medida, porém eles possuem um alto envolvimento com o bom funcionamento do lado real da economia. A interligação entre o setor produtivo e o setor econômico pode ser vista claramente quando observamos as ações listadas em Bolsa de Valores, já pensou qual a real relevância destas em sua vida? 29 3.1. Formas de organização para pequenas e médias empresas 3.1.1. Microempreendedor Individual (MEI) A parcela de pequenos empreendedores que antes atuava informalmente, as vezes com apoio de um membro da família ou mesmo um a funcionário de apoio atualmente compõe o Microempreendedor individual. O projeto aprovado pela Lei Complementar nº 128, de 2008 trouxe a possibilidade de formalização para os pequenos empresários, incluindo uma grade listagem de profissões onde havia alta incidênciade informalidade. As profissões aceitas no MEI estão listadas no Anexo XI, da Resolução CGSN nº 140, de 2018, podendo ser citadas: borracheiro, ambulante, cabeleireiro, por exemplo. O requisito para aderir ao programa é não participação societária em outra empresa, contar com apoio de no máximo um funcionário e ter um faturamento limitado a R$81.000,00 ao ano. A contribuição estipulada ao MEI é calculada tendo por base um valor de 5% do salário mínimo, adicionado do ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias) e/ou ISS (Imposto sobre serviços) a depender da categoria que o trabalhador tenho optado por trabalhar. Aderir ao programa confere de automático acesso a benefícios como acesso ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), emissão de nota fiscal, possibilidade de participar de licitações governamentais, acesso a serviços bancários na condição de pessoa jurídica, baixo custo mensal de tributos, apoio técnico do SEBRAE e de escritórios de contabilidade devidamente listados e benefícios previdenciários, a saber: salário-maternidade, auxílio-doença, auxílio-reclusão, pensão por morte, aposentadoria por invalidez e aposentadoria por idade. 3.1.2 Empresário Individual (EI) Conhecido anteriormente como firma individual, o empreendedor enquadrado nessa categoria desempenha atividade em seu nome, visando obter lucros num mercado específico. O patrimônio da pessoa física e da pessoa jurídica nesse caso são iguais, respondendo juridicamente de forma ilimitada, pelas dívidas ou contestações jurídicas diversas que incorram em perda de patrimônio, caso necessário. Esta categoria de empresário não possui personalidade jurídica como ocorre em outras categorias e formaliza seu registro com o próprio nome de pessoa física na razão social da nova empresa, com formalização realizada na junta comercial da localidade de funcionamento. Essa modalidade é muito comum nos Estados Unidos, onde a maioria dos pequenos empreendimentos aderem essa opção. Vale ressaltar que, os estadunidenses não contam com um equivalente ao MEI em seu país. 3.1.3. Empresário Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI Ao empresário também há possibilidade de se reservar, optando pela limitação de suas responsabilidades somente ao âmbito da pessoa jurídica. Nesse caso há opção de manter o capital pessoal separado do capital empresarial, ficando, porém, a 30 obrigatoriedade de uma integralização de capital inicial no valor de cem salários mínimos, cerca de R$100.000,00 em valores correntes. As principais distinções entre o EIRELI e o Empresário Individual são: o capital inicial requerido, separação entre os bens da pessoa física da pessoa jurídica e escolha do nome empresarial. No que diz respeito ao nome empresarial, conforma citado o EI deve utilizar o próprio nome, conhecido como firma, enquanto o EIRELI pode optar por outro nome, chamado de denominação social. Por exemplo, um empreendedor chamado Dino da Silva Sauro deverá utilizar o seu nome ou no as siglas do mesmo junto da atividade: DSS cartuchos e recargas. Se o mesmo optar pelo modelo EIRELI abre-se a possibilidade de utilização de outra denominação, como: Rapidão cartuchos e recargas EIRELI. 3.2. Sociedades entre pessoas As sociedades envolvem duas ou mais pessoas que possuam interesses comuns e queiram atuar num determinado setor do mercado visando obter ganhos financeiros. Por definição seria a reunião entre pessoas com intuito principal de exercer uma atividade econômica de modo profissional, planejada para atuar na produção e comércio de bens ou serviços. A grande maioria das sociedades é constituída pelo contrato social, documento firmado entre os sócios que irão definir as regras de atuação da parceria. Neste termo é definido a responsabilização de cada um pelos negócios, forma de divisão dos lucros e demais obrigações, direitos e deveres pré-estipulados. Assim como no caso do Empresário Individual os sócios aqui envolvidos podem ser responsáveis em todo ou em parte pelas dívidas e ações em que a empresa estiver envolvida. No Brasil, as possibilidades de formalização societária são regidas pelo Código Civil Brasileiro, observe abaixo: Sociedade Simples Ligada a sociedades que adotem a prestação de serviços como foco de atuação. Sociedade em nome coletivo Os sócios compartilham responsabilidades e benefícios atrelados à atividade da empresa. Sociedade em comandita simples Os sócios-proprietários são divididos em duas categorias: os comanditados, que são responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais da empresa, e os comanditários, que ficam obrigados a responder apenas pelo valor equivalente a sua quota. Sociedade limitada 31 A sociedade Limitada (comumente vista representada pelas siglas LTDA) é composta pela figura de mais de um sócio, sejam pessoas físicas ou jurídicas, onde cada participante responde solidariamente de modo proporcional ao valor de suas quotas de participação. Sociedade Anônima (S/A) A sociedade é dividida em ações, onde os acionistas ou sócios se responsabilizam de forma limitada ao capital integralizado equivalente a sua participação na empresa. O capital da empresa pode ser aberto ou fechado, sendo o ponto diferencial dos dois casos a possibilidade de listagem na Bolsa de Valores. Sociedade em comandita por ações Semelhante ao modelo acima, porém nesse caso a companhia não opera de forma conjunta com os acionistas, mas por firma ou denominação. Neste formato, um ou mais diretores são incumbidos de tomar conta das responsabilidades sociais da empresa. Sociedade cooperativa Este consiste num modelo bastante democrático de gestão, é requerido ao menos vinte pessoas para compor esse formato de parceria, dependendo do critério de escolha a responsabilidade compartilhada por parte dos sócios ou não. Sociedade em conta de participação Firmada por dois ou mais sócios excepcionalmente para atuar no segmento do comércio, nesse caso fica dispensada a firma social. Sociedade advocatícia Este formato de sociedade é regido pela Lei 8906/94, seguindo o estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao invés de recorrer as Juntas comerciais como nos casos anteriores. Companhia aberta Esse modelo de empreendimento é constituído por uma entidade legal diferente dos empresários, nesse caso o capital é contido por ações. Para ser considerada uma empresa aberta a companhia disponibiliza nas bolsas de valores ou no mercado de balcão valores mobiliários (ações, debêntures, etc.) referentes ao seu próprio negócio. As companhias abertas precisam necessariamente assegurar a coesão das informações disponibilizadas ao mercado, devido as normas estabelecidas pelos agentes legais, regulamento pela Comissão de Valores Mobiliários diretamente. Visando, portanto, garantir que a firma atenderá os requisitos de confiabilidade 32 requeridos pelo agente estatal e também pelo próprio mercado que tende a se inclinar para participar do capital de empresas mais sólidas. Geralmente as empresas recorrem a auditorias internas e externas para validar as análises realizadas internamente referente ao desempenho no mercado da organização. Quando há a oferta de ações ao público os agentes de mercado entendem que houve uma plena abertura de capital por parte da empresa. Essa ação muda completamente o modelo de atuação da empresa no mercado, trazendo novos participantes ao cotidiano empresarial e abrindo possibilidades reais de crescimento e expansão. Resumindo A iniciativa empresarial é algo que habita a mente das pessoas em todo país e também ao redor do mundo. Considerada uma das formas de libertação do trabalho tal como conhecido o ato de empreender possibilita diversas formas diferentes para alcance do mesmo objetivo. O capítulo apresentou modos mais simples de constituição de empresa como o MEI, passando por modelosde constituição onde uma atividade individual pode ser formalizada como empresa, caso do EI e do EIRELI. Os modelos de associação entre mais pessoas e agentes é constituído por um contrato social, que estipula as regras a serem seguidas bem como responsabilidade dos sócios, divisão de lucros e responsabilidades, dentre outros. Lembre-se O MEI e o EI embora possam inicialmente remeter a um conceito semelhante possuem grandes diferenças entre si, começando pelos valores limite aceitos e chegando as categorias atendidas. 33 . . Façamos juntos 1. Aponte a diferença entre os empresários que se cadastram no EI daqueles que se cadastram no EIRELI. R.: O patrimônio da pessoa física e da pessoa jurídica enquadrados como EI são iguais, respondendo juridicamente de forma ilimitada, pelas dívidas ou contestações jurídicas diversas que incorram em perda de patrimônio, caso necessário. Já no caso do EIRELI há opção de manter o capital pessoal separado do capital empresarial, ficando, porém, a obrigatoriedade de uma integralização de capital inicial no valor de cem salários mínimos, cerca de R$100.000,00 em valores correntes. Investigue Que tal saber um pouco mais sobre as companhias abertas? A CVM disponibiliza um sítio onde você pode realizar uma consulta aos CNPJ das companhias abertas, veja mais: <http://cvmweb.cvm.gov.br/SWB/Sistemas/SCW/CPublica/Ci aAb/FormBuscaCiaAb.aspx?TipoConsult=c> Tome nota Que tal saber um pouco mais sobre o MEI? Acesse o vídeo produzido pelo SEBRAE: <https://www.youtube.com/watch?v=opm6uVzXzoI> http://cvmweb.cvm.gov.br/SWB/Sistemas/SCW/CPublica/CiaAb/FormBuscaCiaAb.aspx?TipoConsult=c http://cvmweb.cvm.gov.br/SWB/Sistemas/SCW/CPublica/CiaAb/FormBuscaCiaAb.aspx?TipoConsult=c https://www.youtube.com/watch?v=opm6uVzXzoI 34 Bibliografia comentada: GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. ROSS, S. A. et al. Princípios da administração financeira. São Paulo: Atlas, 2002. GROPELLI, A.A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Faça você mesmo 1. É ligada diretamente a sociedades que adotem a prestação de serviços como foco de atuação. Essa é a definição de que modelo de formalização societária? a) Sociedade simples b) Sociedade em nome coletivo c) sociedade limitada d) Sociedade cooperativa e) Sociedade advocatícia Reflita O MEI atualmente representa grande parte dos empresários atuantes no Brasil. Você acredita que a concentração de empreendedores dentro de uma camada de baixo limite de retorno possa ser um empecilho ao desenvolvimento nacional? 35 Glossário Ações - são títulos nominativos negociáveis que significam, para os seus detentores, uma fração do capital social de uma empresa, ou em outras palavras é um título de propriedade. Debêntures: são títulos nominativos que podem ser negociados representam um débito de médio ou longo prazo assumido pela empresa ante o seu credor, conhecido nesse caso como debenturista. Saiba mais Um modelo de sociedade entre advogados segue um formato próprio, estando subjugado diretamente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Estatuto da Advocacia. Conheça um pouco mais sobre as referidas normas visitando o site do link abaixo. Confira a lei na íntegra: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm> 36 CAPÍTULO 4 - As faces do mercado financeiro Introdução A dinamicidade da economia requer diferentes opções de crédito, estimuladas pela competitividade dos setores de mercado. Neste sentido, compete ao segmento financeiro dar o suporte ao lado real da economia para que sejam ofertados bens e serviços que atendam a sociedade como um todo. Outro mecanismo recorrentemente utilizado é a emissão de títulos de dívida, através dos quais uma companhia se compromete a pagar uma recompensa, na forma de juros, ao portador. Este, atua na engrenagem como financiador de todo o processo desejado pelo tomador, esperando uma recompensa futura, para que então possa utilizar o recurso já valorizado. O capítulo inicia-se com uma apresentação do mercado de crédito, abordando sucintamente as possibilidades contidas no mesmo. Posteriormente, o mercado monetário é abordado explanando as taxas utilizadas como referência na formação de preço dos títulos. Ademais, o mercado aberto e por fim o mercado globalizado são expostos. Estes, envolvem a captação realizada pelo governo federal, interna e externamente. No término deste capítulo, você deverá saber: O objetivo central do mercado de crédito Apontar as instituições que atuam em liquidação e custódia Definir utilidade do mercado aberto e globalizado Reflexão A taxa Selic tem como objetivo conservar a custódia escritural e física dos títulos da dívida pública, exercendo o controle e liquidação financeira das transações dos mesmos. Ela foi elaborada com intento de modernizar as relações comerciais entre os agentes presentes no mercado financeiro. Qual a influência da Selic na vida do cidadão brasileiro comum? Vale ressaltar que até mesmo a tradicional caderneta de poupança agora sofre com influência da taxa Selic e indicadores de mercado. 37 4.1. Mercado de crédito O objetivo principal do Mercado de Crédito nada mais é do que atender as demandas essenciais apresentadas pelas empresas e demais agentes de mercado que almejem realizar investimentos em diferentes setores da economia, ou mesmo atender uma questão pessoal de consumo. As principais instituições atuantes nesse segmento são as agências bancárias convencionais, cooperativas de créditos (entre os seus associados primordialmente) e as financeiras. Com o passar dos anos e a evolução do setor bancário pode-se observar que houve grande diversificação dos serviços, procurando atender uma parcela maior da parte demandante e também da parte poupadora. O processo de intermediação financeira nesse caso tem a figura do intermediário, a própria instituição financeira, sendo devedor em relação ao investidor e credor em relação ao agente (empresário ou pessoa física) que demanda o crédito para financiar sua operação. Exemplificando, suponha que um investidor aplica R$ 10.000,00 num certificado de depósito bancário (CDB) ofertado por um banco qualquer, na expectativa de obter um retorno de capital, esse dinheiro ficará sob custódia do banco que irá reutilizá-lo repassando ao tomador, sobrando do mesmo uma taxa de empréstimo que seria a sua remuneração pelo processo de intermediação realizado. Os empréstimos realizados pelas agências bancárias podem ser de distintas naturezas, contemplando o curto, o médio e também o longo prazo. Dentre as modalidades oferecidas no mercado pode-se destacar as seguintes: Desconto bancário de títulos Nessa modalidade o agente tomador de recursos oferece uma nota promissória ou outro título que simbolize um compromisso de pagamento futuro. É um meio de assegura ao sistema financeiro que o valor emprestado será ressarcido sem maiores complicações. Crédito rotativo É uma linha de crédito disponibilizada pela instituição financeira para atender uma demanda específica do mercado, geralmente elas possuem um limite de valor com objetivo de reduzir os riscos para a instituição bancária. Crédito direto ao consumidor (CDC) É um modelo de operação onde os recursos são colocados diretamente a disposição do consumidor para obtenção de bens e serviços. Há ainda a possibilidade de o CDC ser disponibilizado aos empresários que os repassam ao seu público alvo como forma de financiar suas compras diretamente realizando o resgate dosvalores mensalmente. Assunção de dívidas 38 Nesse caso considera-se que a empresa tem a possibilidade de saldar um débito futuro antecipadamente, e o agente financeiro oferta um investimento que irá compensar essa movimentação. Nesse caso, pode-se dizer que um banco compra a dívida de outro para antecipar uma situação de mercado. Comercial Paper Funciona como uma nota promissória empresarial, onde a garantia de pagamento é a própria operação efetuada pelas empresas. Os principais players atuantes desse mercado são os fundos de pensão, carteiras de instituições bancárias e seguradoras. Cessão de crédito Nessa operação instituições atuantes no mercado de crédito negociam carteiras de crédito, as mudanças que ocorrem nas taxas de spread determinam o risco e também a atratividade da carteira para a instituição adquirente. Crédito consignado Modalidade de empréstimo concedida com desconto realizado diretamente na folha de pagamento dos funcionários. Comumente observada no funcionalismo público, mas também faz-se presente na folha de pagamentos de aposentados e pensionistas em geral. Portabilidade do crédito Neste caso há possibilidade de um agente tomador transferir seu débito para outro banco visando alguma vantagem na operação, que pode ser relativa a taxa de juros, adição de valor emprestado, dentre outros. 4.2. Mercado monetário O Mercado monetário possui uma ampla estrutura orientada para o controle os índices de liquidez da moeda disponível na economia. Este é um mercado de curto prazo, possuindo um alto giro e prazo de liquidez tão curto quanto, em outras palavras os ativos deste mercado são de giro rápido influenciando diretamente o dia a dia de grande parte da sociedade. O mercado monetário é responsável pelo controle e gerenciamento dos depósitos a vista realizados nos bancos comerciais e também dos níveis de papel moeda presentes na economia, ou seja, este mercado é incumbido de administrar o volume de dinheiro disponibilizado na economia do país que irão influenciar nas relações de oferta e demanda do país. O Banco Central do Brasil (BACEN) é o braço-de-ferro utilizado pelo governo para gerenciar os adequados níveis de moeda da economia, retirando ou ofertando recursos para os agentes econômico-financeiros. Ciente de que a maioria dos títulos transacionados no mercado monetário não possuem um correspondente físico o BACEN entende que é necessário um modelo especial de 39 gestão para negociação dos mesmos. Destarte, o controle e custódia é exercido por dois mecanismos: Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip). Elaborada com intuito de modernizar as relações comerciais entre os agentes presentes no mercado financeiro a Selic tem como objetivo conservar a custódia escritural e física dos títulos da dívida pública, exercendo o controle e liquidação financeira das transações dos mesmos. Ultimamente as transações com esse tipo de ativo são realizadas por meio eletrônico e o processo de liquidação financeira é processada instantaneamente por intermédio do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP). A criação do sistema conferiu um maior nível de confiabilidade as operações realizadas envolvendo compra e venda de títulos. Por sua vez, a Cetip, atua no mercado de balcão e embora se assemelhe em certa medida à Selic, realiza operações que envolvem títulos do setor privado, há ocasiões em que o sistema opera com títulos públicos, como no caso em que estes encontram- se sob tutela de um agente privado. Dentre os títulos comercializados pela Cetip pode se destacar: Figura 7 - Principais títulos comercializados na Cetip Ambos os sistemas objetivam realizar com ampla segurança e autenticidade as transações feitas no mercado que envolva liquidação e custódia de ativos, a relevância de ambos é tamanha que períodos específicos são divulgadas taxas de juros batizadas com os nomes de ambas: taxa Selic e taxa Cetip. Devido ao baixo risco dos papéis negociados no sistema Selic a taxa homônima ao sistema é considerada uma taxa livre de risco da economia, sendo amplamente utilizada como referência para a concepção dos juros adotados pelo mercado. 4.3. Mercado aberto A estratégia governamental define a quantidade de moeda que deverá estar em circulação no mercado. Assim, o governo, por intermédio do CMN e do BACEN define se deverá estrategicamente comprar ou vender títulos emitidos pelo próprio governo Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) Certificado de Depósito bancário (CDB) Debêntures “Commercial Papers” Letras Financeiras do Tesouro (LFT) Cotas de fundos de investimentos 40 federal para equilibrar a quantidade de moeda disponível no mercado. A decisão vai de encontro a opção por ter uma maior quantidade de moeda em circulação ou reter o capital em sua posse, influenciando desse modo nas decisões tomadas pelos agentes de mercado. O mercado aberto é o instrumental utilizado pelo Banco Central para captação de recursos financeiros no mercado. A principal justificativa para busca desse respaldo junto ao mercado é o custeio de grandes obras públicas, tais como as Olimpíadas do Rio de Janeiro ou a Copa do Mundo de 2014, dentre outros. Para viabilizar a operação a autoridade monetária conta com agentes intermediários, que são outras instituições financeiras pré-selecionadas que irão atuar de modo a efetivas a troca de títulos por moeda no mercado, tal como sugerido anteriormente na relação entre poupadores e tomadores, com o governo central no papel de tomador nesse caso. A operação se dá com oferta por parte do governo num mercado primário, onde as instituições financeiras fazem a aquisição desses títulos para posteriormente renegociá- los com agentes num mercado secundário, em uma operação instrumentada no mercado aberto (ou open market no inglês). A relação se daria de modo que o governo garante arcar com um compromisso com a instituição financeira no mercado primário e esta garante arcar com um compromisso com o investidor no mercado secundário. Em outras palavras, entre tomadores, intermediários e poupadores o mercado em pleno funcionamento é suficiente para geração de ganhos para todos. Existem duas modalidades de títulos que trazem maiores ganhos aos investidores, os títulos pré-fixados e os pós fixados. O primeiro deles apresenta ao investidor qual será o seu ganho financeiro caso ele permaneça com o título até o prazo final de seu contrato. No caso dos pós-fixados o rendimento é atrelado a algum índice de mercado, como a taxa Selic por exemplo ou a taxa de inflação corrente. Principais títulos negociados pelo governo no mercado: Quadro 3 - Listagem dos principais títulos negociados pelo governo Títulos prefixados Títulos pós-fixados LTN LFT NTN-F NTN-B NTN-C NTN-D NTN-H O mesmo título pode ser renegociado mais de uma vez no mercado aberto, devido principalmente ao seu prazo de vencimento. As operações dentro desse mercado são restritas as instituições financeiras, sendo que os bancos podem utilizar esse mecanismo até mesmo para subsídio de suas operações internas. Sobre o modo de atuação dos bancos nesse mercado vê-se a seguir. 41 4.4. Mercado globalizado - os títulos de dívida externa Com o processo de mundialização financeira acelerado o mercado de títulos atingiu um novo patamar, abrangendo os cupons emitidos por diferentes economias ao redor do mundo como meio de negociar ou renegocias acordos firmados com seus credores, que podem incluir desde agentes financeiros internos como grandes órgãos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) ou o Banco Central Europeu (BCE) no caso da União Europeia. Devido a rapidez dos fluxos de negociação vê-se que os mercados mundiais se encontram amplamente interligados, processo que culmina diretamente naaceleração das negociações envolvendo agentes internacionais. Desse modo quando há risco de perder investimentos alocados num determinado título o agente financeiro ‘antenado’ as movimentações do mercado mundial retiram seus recursos daquele mercado direcionando para outro considerado mais rentável. A mesma rapidez com que os fluxos circulam que possibilita a troca de um ativo instável por outro mais estável é a razão pela qual os países emergentes se veem ameaçados com frequência, especialmente em períodos de crise econômica. Pois, ao menor de sinal de instabilidade institucional os investidores internacionais optam, racionalmente, por mudar o destino de seus ativos financeiros. Esse fato, promove a chamada fuga de capitais, que abalam em grande medida as economias ao redor do mundo, especialmente as menores. Os títulos considerados mais seguros no mundo são os treasuries americanos, emitidos diretamente pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América (EUA). Eles possuem o mesmo intuito dos títulos da dívida pública emitidos pelos demais países ao redor do mundo (captação de fundos), porém o fato de serem emitidos pela economia mais estável do planeta faz com que eles gozem de ampla confiança no mercado internacional, servindo inclusive de referência e parâmetro para todo o restante do mercado global. Resumindo Os sistemas de mercado têm grande influência sobre o desempenho da economia nacional, servindo como base de apoio para a captação realizada pelo governo federal e também pelos institutos situados no setor privado da economia, o lado real do mercado. A busca pelo crédito em suas diferentes formas e possibilidade de captação e também de oferta é vital para o pleno êxito do mercado, o capítulo mostrou algumas dessas “faces” que o mercado apresenta. 42 . Tome nota Um título pode ser negociado mais de uma vez no mercado aberto, em virtude principalmente do seu prazo de vencimento. Investigue Que tal conhecer melhor o Tesouro Nacional? Veja no link: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto> Façamos juntos 1. Julgue a afirmação abaixo: “Os títulos considerados mais seguros no mundo são os treasuries americanos, emitidos diretamente pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América (EUA).” a) Correta b) Incorreta Lembre-se Quando o BACEN resolve alterar a meta esperada para a SELIC o retorno estimado para os títulos variáveis e também para a caderneta de poupança, indexados ao sistema também oscilam de modo proporcional. http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto 43 . Reflita Os títulos da dívida pública brasileira estão entre os mais rentáveis do mundo, mas isso é bom ou ruim para a maior parte da sociedade? Faça você mesmo 1. Diferencie as taxas Selic e Cetip. 2. Todos os títulos abaixo são pós-fixados, exceto: a) LTN b) NTN-B c) NTN-C d) NTN-D e) NTN-H Bibliografia comentada: LIMA, Iran S.; FRANCO DE LIMA, G. A. S.; PIMENTEL, R. C. Curso de mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2006. GALVÃO, Alexandre et al. Mercado Financeiro: uma abordagem prática dos principais produtos e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2014. BODIE, Zvi; KANE, Alex; MARCUS, Alan J. Fundamentos de investimento. 8. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill/Bookman, 2010. 44 Saiba mais Saiba mais sobre a SELIC e entenda a importância do sistema para a economia nacional <https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/taxaselic> Glossário Bacen - Banco Central do Brasil Bond - Bônus Treasuries - títulos da dívida pública norte-americana Selic - Sistema Especial de Liquidação e Custódia Cetip - Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados. SBP - Sistema Brasileiro de Pagamentos Commercial Papers - Notas promissórias 45 UNIDADE II CAPÍTULO 5 - Modalidades de papéis negociados no mercado de capitais Introdução O mercado de capitais desempenha uma função primordial ao contatar poupadores e tomadores de capital. Atuando como agente intermediário ele permite que as empresas encontrem público interessado em capitalizar, disponibilizando os recursos financeiros para que as companhias possam financiar o seu processo produtivo. No decorrer desse capítulo serão apresentados alguns dos principais papéis negociados na bolsa de valores, como as ações, com destaque as diferenças existentes entre os acionistas ordinários e os acionistas preferenciais. Ressalta-se que as expectativas existentes por parte de tomadores e poupadores é essencial para condução do processo de maneira efetiva. No término deste capítulo, você deverá saber: Conhecer algumas modalidades de papéis negociados no mercado de capitais Diferencias ações preferenciais e ações ordinárias Reflexão Acionistas ordinários possuem direito a participação nas reuniões da empresa, tendo papel fundamental na definição dos rumos que a companhia irá tomar em determinado período. Os acionistas preferenciais por sua vez, tem preferência no momento de a empresa realizar o compartilhamento os dividendos. Qual posicionamento te parece mais favorável? Poder decidir ou receber primeiro? 46 5.1. Mercado de capitais O mercado de capitais exerce um papel importantíssimo para o elo de ligação entre os investidores e os tomadores de recursos. Com atuação efetiva dos intermediários é através dele que ocorre o contato entre as empresas que buscam recursos para custear suas operações e os agentes que pretendem auferir ganhos de capital de longo prazo. Em suma, o grande objetivo do mercado de capitais é captar recursos financeiros juntamente a sociedade e leva-los para a indústria, o comércio, agentes financeiros e outras atividades econômicas que contribuam para o desenvolvimento econômico do país. Desse modo, pode-se dizer que os mercados financeiros contribuem diretamente para resolução de um problema de fluxo de caixa das empresas. O recurso financeiro seria o alvo principal, o agente intermediário atua no mercado visando tornar o ativo da empresa atrativo para o investidor, uma vez obtendo êxito nessa empreitada os recursos fluem do mercado para o empresário, que reinveste o dinheiro no ativo circulante e/ou ativo permanente, esses recursos aplicados irão proporcionar um retorno a empresa que terá de arcar com suas obrigações legais junto ao fisco, funcionários, terceirizados e fornecedores para posteriormente reinvestir esse fluxo de caixa na própria companhia. O excedente irá retornar ao mercado de capitais, na forma de remuneração aos acionistas e investidores que custearam esse processo de forma indireta, cedendo seus recursos financeiros para que a atividade da empresa continuasse em pleno funcionamento. Essa relação é a mesma expressa na figura 6, a diferença básica para um mercado convencional é resumida a tipologia dos ativos negociados e ao modelo de negociação realizado. 5.2. Papéis negociados no mercado de capitais No Brasil os principais títulos colocados a disposição para negociação no mercado são as ações das empresas listadas na Bolsa, estas podem ser divididas em ações ordinárias e ações preferenciais. Em menor medida no país, e com presença maior em outras localidades aparecem os títulos do mercado de capitais que seriam compromissos de pagamento assumidos pelas empresas em longo prazo. Principais títulos negociados no mercado de capitais: Ações As ações são um título de propriedade nominal que conferem ao seu detentor direitos de propriedade sobre uma empresa.
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