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Avaliação de Feridas Curso de Especialização em Estomaterapia UERJ - 2017 Maristela Lopes Gonçalves Enfermeira Estomaterapeuta –TiSobest Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto da EEUSP Professora dos Cursos de especialização em Estomaterapia da UERJ e PUC / PR Membro da Diretoria da SOBEST Seção RJ - Gestão 2015-2017 Avaliação de feridas ▪ A avaliação pode ser definida como as informações obtidas através da observação, questionamento, exame físico e investigações clínicas, a fim de estabelecer uma base para o planejamento e intervenção especializadas. ▪ Isso inclui a avaliação do indivíduo, da ferida e fatores que afetam a cicatrização e o ambiente no qual o paciente vive. Avaliação de feridas • A avaliação da ferida deve considerar a prática baseada na evidência, a relação custo eficácia e a disponibilidade de recursos locais. • O primeiro passo é obter o histórico e o exame detalhados do paciente para ajudar a estabelecer a causa da ruptura da pele e o melhor tratamento a ser empregado. • A avaliação da ferida é um processo contínuo pode exigir reavaliação e modificação do tratamento para atingir o melhor resultado. Por que avaliamos uma ferida? ▪ Identificar a causa da ruptura da pele. ▪ Avaliar o estado inicial da ferida no início do tratamento ▪ Facilitar a tomada de decisão clínica ▪ Corrigir ou tratar a causa principal. ▪ Avaliar o sucesso ou insucesso do tratamento ▪ Identificar as opções adequadas de tratamento. ▪ Controlar os sintomas relacionados à ferida. ▪ Evitar maior deterioração da pele / ferida. ▪ Melhorar a satisfação do paciente / concordância ▪ Facilitar uma melhor comunicação entre os profissionais ▪ Fornecer apoio psicossocial e promover a independência do paciente. Por que avaliamos uma ferida? ET Maristela Goncalves ▪ Melhorar a tomada de decisão clínica. ▪ Tornará os resultados clínicos mais viáveis. ▪ Melhorar a relação custo-eficácia. ▪ Identificar as expectativas do paciente. ▪ Facilitar uma melhor comunicação. Ao realizar isso, você irá: Inadequada avaliação da ferida ▪ Dificuldade em identificar a causa da lesão ▪ Inabilidade para identificar os fatores que prolongam a cicatrização ▪ Inapropriada escolha da terapia tópica ▪ Déficit na cicatrização ▪ Aumento dos custos ▪ Insatisfação do paciente ( NIX Denise.In Acute & Chronic Wounds: Current Management Concepts.4ed.Mosby,2007). Avaliação Holística Etilogia / tipo de dano Tecidual Duração da Ferida Avaliação da Ferida Fatores que impedem a cicatriza- ção Comorbidades Uso de Medicações •Infecção do hospedeiro Fatores de risco para LP Dificuldade de acesso a recursos apropriados Déficit da Oxigenação e Perfusão Tecidual Déficit Nutricional e Hidratação Barreiras Psicológicas Parâmetros para a avaliação Avaliação da Ferida Exsudato Dimensão da ferida em cm Tipo de tecido presente Extensão da perda tecidual Porcentagem do tecido presente Pele peri ferida Dor Odor Margem da ferida Parâmetros para a avaliação Classificação Ferida Cirúrgica Não Cirúrgica Agudas Incisões cirúrgicas áreas doadoras Crônicas Deiscências cirúrgicas Agudas Queimaduras, Abrasões Crônicas Úlceras de Perna, UP, Ulcera Diabética Classificação de Feridas ▪ Normalmente cicatrizam rapidamente por um processo bem orquestrado restaurando a integridade funcional e anatômica. ▪ Quatro fases de cicatrização: Hemostasia 0-3 Inflamatória (0-3dias ) Proliferativa (3-21dias) Maturação (21 dias - 1.5 anos) Feridas agudas ▪ São aquelas que falharam no processo normal e na sequência ordenada e temporal da reparação tecidual Pressão Inflamação / infecção Pobre circulação e nutrição Doença de base ▪ Pode requerer um tratamento ativo para cicatrizar Feridas crônicas (non wound healing) Foto: fonte internet Lesão Crônica Lesões crônicas Classificação De acordo com o tempo de reparação tissular, em agudas ou crônicas Demandam mais de quatro a oito semanas para fechar Responsáveis pelo processo de degradação dos: componentes dos tecidos moles conjuntivos, que formam a pele, fatores de crescimento, presentes no leito lesado Produzem exsudato, geralmente, rico em enzimas colagenases metaloproteinases elastanases enzimas resultantes do processo de inflamação crônica WYSOCKI, 1996 Lesões crônicas Classificação da ferida de acordo com destruição tecidual ESPESSURA PARCIAL Estende através da epiderme (1ª camada da pele) mas não através derme ESPESSURA TOTAL Estende através da epiderme e derme; pode ultrapassar o tecido subcutâneo, músculos, capsula e osso (folículos pilosos, vasos sanguíneos e linfáticos e terminações nervosas) Imagens fonte: https://www.bing.com/images/search?q=wound+chronic&FORM=HDRSC2 Úlcera do pé diabético – escala de Wagner Nenhuma lesão aberta; ulcera cicatrizada; pode ter deformidade ou celulite Úlcera diabética superficial sem tecido subcutâneo envolvido Úlcera profunda com abscesso, osteomielite ou sepse articular Extensão da úlcera até o ligamento, tendão, cápsula articular ou fáscia profunda sem abscesso ou osteomielite. Envolvimento gangrenoso extenso de todo o pé Gangrena localizada no antepé/digitais ou no calcanhar Avalia profundidade úlcera, juntamente com presença de gangrena e perda de perfusão utilizando seis graus (0-5) Grau 0 Grau 5Grau 4 Grau 2 Grau 3 Grau 1 ▪ A avaliação e medição de feridas é um componente essencial para uma gestão eficaz da ferida e para o cuidado ao utente com ferida. ▪ Pode proporcionar informação sobre o diagnóstico, guiar escolhas de coberturas e monitora o progresso da cicatrização (Moffat C.,2007) e fornece dados quanto ao sucesso do tratamento (Baranoski S. ,2006). ▪ Usada para documentar e descrever o tamanho das feridas ▪ Comprimento x largura = área em cm2. ▪ Uso de um barbante estéril para feridas circulares ou com hipergranulação ▪ Desenho da ferida (decalque): papel acetato. Mensuração de feridas A mensuração deve ser feita especificando-se: ▪ Comprimento ▪ Largura ▪ Profundidade ▪ Túneis ▪ Descolamentos ET Maristela Goncalves Comprimento e Largura Fonte: imagens internet Ao medir o comprimento, tenha em mente que: ■ a cabeça é sempre às 12 horas ■ os pés estão sempre às 6 horas ■ medida simples: medir o maior comprimento e a maior largura Ao medir a largura: ■ medida perpendicularmente ao comprimento, utilizando a maior largura ■ colocar a régua sobre o ponto mais amplo da ferida e medir das 3hs-9hs Comprimento e Largura Fonte: imagens internet Ao medir o comprimento, tenha em mente que: Se não está exatamente às 12:00h e 6:00h anotar da seguinte forma: Exemplo: a ferida foi mensurada de 1:00h as 7:00h = 5cm Ao medir a largura seguir o mesmo raciocínio: se não está nos exatos 3:00h e 9:00h anotar da seguinte forma: exemplo: a largura medida das 4:00h às 10:00h = 10cm Comprimento e Largura Comprimento e Largura Fonte: imagens internet Identifique no relatório como você mediu a ferida. É importante que a ferida seja medida da mesma forma todas as vezes Mensure em cm - Comprimento X Largura X Profundidade Comprimento e Largura Métodos usados para mensuração ET Maristela Goncalves Régua • Requer interpretação subjetiva, sendo necessário que seja o mesmo profissional para realizar a mensuração para que os pontos sejam exatos • Novas áreas de epitelização podem desenvolver-se no leito da ferida que não podem ser contabilizadas. • Uso de barbante estéril para feridas com hipergranulação ou que circulam o membro Fonte: imagens internet Traçado da Ferida Faz-se perímetro externo da ferida fazendo um traçado com caneta usando papel transparente ou acetato Remover o exsudato da folha que entrou em contato com a ferida Anexar ao traçado gráfico e / ou calcular área utilizando 1,0 cm ou 0,5 cm do papel quadriculado Registra a área, método de obtençãoda mensuração / calculo posição do doente no momento da medição Barato Fácil de realizar Funciona como folha de continuidade de cuidados. Disponível juntamente com com a coberturas comprada. Pode trazer problemas de contaminação cruzada. Consumo de tempo. Não avalia a profundidade Algumas feridas podem ser difíceis de traçar devido a sua localização Pode ser difícil visualizar a margem da ferida Se o papel não for quadriculado o traçado terá que ser transferido para um papel quadriculado para se calcular a área. Método Descrição Vantagens Desvantagens Métodos usados para mensuração de feridas ET Maristela Goncalves Fonte: imagens internet http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1360405/figure/fig3/ - USANDO GRADES DE 1,02CM PARA DETERMINAR A ÁREA DA FERIDA. CONTAR OS PONTOS QUE ESTÃO INSERIDOS COMPLETAMENTE DENTRO DA FERIDA. ESTA FERIDA MEDE 13CM2. - QUANDO UTILIZAR GRADE COM 0,52CM, CONTAR OS PONTOS DE INSERÇÃO E DIVIDIR O VALOR POR 4. (L ia v an R ijs w ijk an d C at an za ro , 2 0 0 7 ) Métodos usados para mensuração de feridas . Planimetria digital: - Coloca-se a folha de acetato com o desenho da ferida em um “tablet digital”, retrate seus limites usando uma caneta, fazendo um novo desenho sobreposto ao anterior. Um sensor calcula a área da lesão. - Calcula rapidamente a porcentagem de redução na área da ferida a partir de medições anteriores, - Subtrai áreas traçadas de epitelização do tamanho global da ferida - Percentagem de diferentes tipos de tecidos, incluindo o tecido inviável. - Este método é mais objetivo, preciso, tem alta concordância inter-observadores e confiabilidade Mas ainda depende da precisão do desenho inicial da ferida. Fonte: imagens internet O software MOWA® ▪ É um aplicativo para iPhone 4.3.5 ou superior e ainda para smartphones e tablets com Android OS 2.1 ou superior. ▪ Este software tira fotografias da UP, identifica tipos de tecidos presente, calcula a área a partir das dimensões (em cm) e indicando o tratamento adequado segundo os guidelines da EPUAP-NPUAP e a análise standard no relatório final que emite em formato Pdf podendo ser enviado via e-mail para outros utilizadores. ▪ Este software foi criado com o objetivo de apoiar os profissionais de saúde na análise e tratamento de UP e fornecer uma ferramenta para arquivar fotografias Ana Dias A, Andreia Silva, Maria José Dias Gestão de Úlceras de Pressão através de software Mowa®- Implicações Práticas. - Esta ferramenta não invasiva fornece medições de superfície precisas que podem ser arquivadas através de imagens digitais ou impressas em papel, utilizando impressoras jato de tinta ou a laser regulares. - Comprimento, largura, área (área de superfície), circunferência, profundidade (adicionado pelo usuário). - Outras informações podem incluir: tipo de ferida, localização, alteração percentual na área, % do tipo de tecido presente Planimetria Digital - Planimetria é a ciência de medição de superfícies planas; medições horizontais. Comprimento e Largura – Paquímetro digital Fonte: imagens internet http://forumenfermagem.org/feridas/2012/03/artigo-original-aplicacao-topica-de-oxigenio-como-adjuvante-no-tratamento-de-feridas/diapositivo4-7/ Nenhuma técnica para medir a profundidade da ferida é preciso se o leito da ferida contém detritos, partículas em suspensão, ou pedaços de vestir. ■ Coloque a ponta de um aplicador de algodão na parte mais profunda do leito da ferida. ■ Segure o aplicador na margem da ferida e depois contra a régua ( Borges,EL., 2007) Profundidade Descolamentos (undermining): ▪ Descolamento: Margem de uma ferida que perde tecido de suporte subjacente à pele íntegra. ▪ UP – força de cisalhamento; infecção Fonte: imagens internet Descolamentos (Undermining): Exemplo às 12:00h-3cm, às 3:00h -2cm, às 6:00h -3cm, e finalmente às 9:00h-1cm ▪ Um túnel é um canal que se estende a partir de qualquer parte da ferida através do tecido subcutâneo ou muscular ▪ Utilizar a técnica do relógio Exemplo túnel com 4cm às 6:00h. ▪ Utilizar um cateter fino ou de silicone. ▪ Unidades de medida: centímetros (cm ). Túneis e trajetos sinuosos ET Maristela Goncalves ▪ A avaliação da ferida deve incluir descrição e identificação das estruturas teciduais. ▪ As seguintes estruturas são mais comumente encontradas em feridas: → Tecido Necrótico → Esfacelos → Tecido de Granulação → Hipergranulação → Tecido Epitelial Leito da ferida: qual o tipo de tecido presente? ET Maristela Goncalves Observação do leito da ferida Ao observar o leito da ferida, o profissional pergunta: ▪ Qual é a cor predominante do tecido no leito da ferida? ▪ Que tipo de tecido é esse? Por exemplo, tecido de granulação, esfacelo ou tecido necrótico. ▪ Quão profunda é a ferida? ▪ Quais estruturas estão visíveis? É possível ver tendão, fáscia, músculo, gordura, cápsula articular ou osso? Feridas de cor preta: são aquelas cobertas por tecido necrótico tipo escara. ( Cuzzel, JZ., 1988.) Desbridar, hidratar Uma exceção ao desbridamento de tecido enegrecido é a presença de gangrena seca, usualmente no pé causado por isquemia grave. Classificação pela cor do leito - RYB Tecido desvitalizado, tecido necrótico, tecido morto, tecido inviável, escara são sinônimos. ( Poston, 1996 ) Escara tecido de coloração preta, marrom ou castanha que adere firmemente ao leito ou às bordas da ferida e pode apresentar-se mais endurecido ou mais amolecido e representa a destruição total do tecido. Nós sabemos... ▪ Ser avascular - não causa sangramento; ▪ Ser insensível - por ser desprovido de terminações nervosas, indolor. ▪ Ter odor fétido - pelo resultado da decomposição dos tecidos e pelo crescimento bacteriano. ▪ Frequentemente marrom ou preto / pode perder a umidade e tornar-se seco e duro ▪ Sem propriedades físicas e biológicas Características dos tecidos mortos Ferida de cor amarela: grande quantidade de material fibrótico ou infectadas. Predispõem a ferida a infecção Absorver, desbridar, proteger pele ao redor e tratar a infecção ( Cuzzel, JZ., 1988.) Classificação pela cor do leito - RYB ▪ Esfacelos (slough) refere-se ao tecido necrótico de consistência delgada, mucóide, macia de coloração amarela, ou branca formado por bactérias, fibrina, elastina, colágeno, leucócitos, fragmentos celulares, exsudato e grandes quantidades de DNA. ▪ Comumente encontrado no leito de feridas crônicas como úlceras de perna e úlceras por pressão. ▪ Podem estar firmes ou frouxamente aderidos ao leito da ferida. ET Maristela Goncalves Nós sabemos... Ferida de cor vermelha Aparência granular e ligeiramente irregular Indolor e não sangra facilmente Saudável e em fase de cicatrização Metas: otimizar a cicatrização em meio úmido manejar o exsudato e prevenir infecção estimular o crescimento de novo tecido Classificação pela cor do leito - RYB Tecido de granulação ▪ “E o crescimento de pequenos vasos sangüíneos e de tecido conectivo para preencher feridas de espessura total”. ▪ A extremidade dos vasos capilares fazem a superfície da ferida parecer granular ▪ Características: aparência vermelho vivo ou rosa, brilhante e granular; úmida e brilhante ▪ Hidratar o leito, absorver o excesso de umidade proteger a pele periferida, presevar o leito. ET Maristela Goncalves Fibrina: fibrina firme e amarela que representa a deposição de colágeno na cicatrização de feridas com “botões” de granulação e uma margem de epitelização. Granulação saudável X granulação não saudável Tecido de granulação sadio é rosa e é indicador de cicatrização. Tecido de granulação não saudável é vermelho escuro, sangra facilmente ao toque e pode indicar a presença de infecção http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1360405/figure/fig5/ Guitton, Abreu Carvalho. Técnicas Utilizadas na Aferição de Feridas e Avaliação do Processo Cicatricial. Saúde Coletiva, 2005; 2(6):57-62. 57Pode ser um sinal de uma má perfusão do ferimento Características: coloração vermelho escuro, desidratado, sem brilho e fácil sangramento ou hipergranulação. Hipergranulação Hipergranulação: granulação em excesso, mais elevada que a borda da lesão. O tecido fica esponjoso, ultrapassa a linha da pele impedindo que as células epiteliais se espalhem pela lesão Quelemente, Marita, Balbi, 2006. Tratamento: bastão com nitrato de prata na epibolia ou sua excisão; controle do exsudato e proteção da pele perilesional e a observação quanto à pressão exercida com o uso da atadura. Hipergranulação Uso de solução hipertônica Nacl a 20% impregnada à gaze como cobertura da lesão http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1360405/figure/fig10/ ▪ “ É o processo de recobrimento epidérmico”. ▪ Coloração rósea/branca e brilhante ▪ Desenvolve-se a partir das bordas ou como “ ilhas” na superfície da lesão; dos folículos capilares e glândulas sudoríparas ▪ Necessita de proteção Tecido Epitelial Fonte: imagens internet ▪ Muitas feridas contem uma combinação de diferentes tipos de tecido ▪ A quantidade de tecido presente indica a progressão rumo a cicatrização. ▪ Dividir a lesão em quatro (25%) Porcentagem do tecido presente 25% 25%25% 25% ET Maristela Goncalves O que é o exsudato? ▪ O exsudato é produzido como uma parte normal do processo de cicatrização. ▪ Exsudato é um derivado do líquido que sai dos vasos sanguíneos durante a fase inflamatória e que escoa para o leito da ferida. White, 2000; World Union of Wound Healing Societies (WUWHS).Principles of best practice: Wound exsudato and the role of dressings. A consensus document. London: MEP Ltd, 2007. Composição do exsudato O exsudato é composto de água, plasma, células sanguíneas, nutrientes, mediadores, inflamatórios, fatores de crescimento, glóbulos brancos, enzimas digestoras (metaloproteinases) e plaquetas. A composição e quantidade do exsudato é de acordo com o estágio do seu processo cicatricial. Claro, amarelo Exsudato seroso que com freqüência se considera “normal”, embora possa estar associado a infecção por bactérias produtoras de fibrinolisina como Staphylococcus aureus; também pode ser procedente de fistula urinária ou linfática. Turvo, leitoso ou cremoso Pode indicar a presença de esfacelos ou infecção (exsudato purulento que contem leucócitos e bactérias). Verde Pode ser indicativo de infecção bacteriana. Ex.: Pseudomonas aeruginosa Rosa ou Roxo Pode ser devido a presença de eritrócitos, indica lesão capilar(exsudato sanguinolento ou hemorrágico). Amarronzado Pode ser pela presença de esfacelos na ferida ou material procedente de uma fístula entérica ou urinária. Cinza ou azulado Pode estar relacionado com o uso de coberturas que contenham prata. Cor do exsudato e seus significados ET Maristela Goncalves Quantificando o exsudato ▪ Baixa/ Escassa quantidade – leito da ferida seco, não há exsudato ▪ Moderada quantidade – quando o tecido do leito da ferida está úmido ou saturados desta forma a quantidade pode ser considerada moderada ▪ Alta quantidade – quando o tecido presente está saturado incluindo maceração da pele peri ferida ou a ferida está “banhada por fluido”, desta forma a quantidade de exsudato pode ser considerada alta/grande/volumosa Tabela quantificação do volume Score Descrição Definição 0 Nenhum Sem exsudato 1 Pequeno Exsudato totalmente controlado; cobertura não absorvente pode ser utilizada/tempo de uso até 7d 2 3 Grande (abundante) Exsudato descontrolado Necessário coberturas absorventes/cobertura saturada em <1 dia Adapted from Falanga 2000. Tempo de uso de 2-3dias Exsudato controlado Coberturas absorventes podem ser requisitadas Moderado Observação da cobertura • Seco - Leito da ferida está seco; sem umidade aparente e a cobertura primária não apresenta marcas; cobertura pode aderir à ferida. • Úmido - Pequena quantidade de exsudato visível quando a cobertura é removida; a cobertura primária pode estar ligeiramente marcada e a frequência de troca da cobertura está dentro da normalidade para esse tipo de cobertura. • Molhado - Pequena quantidade de exsudato visível quando a cobertura é removida; a cobertura primária está extensamente marcada, mas o exsudato não é visível na face externa do cobertura; a frequência da troca do cobertura está dentro da normalidade para esse tipo de cobertura. • Saturado - A cobertura primária está molhada, a exsudação é visível na face externa da cobertura; a troca da cobertura deve ser feita com maior frequência; a pele ao redor da ferida pode estar macerada. • Vazando - Cobertura saturada, há exsudato transbordando na cobertura primária e secundária; a troca da cobertura deve ser feita com maior frequência do que o normal para o tipo de cobertura. Observação do exsudato Ao examinar o exsudato, o profissional deve observar: • Cor, que pode ser transparente, leitosa, vermelha, rosa, amarela, marrom, verde ou cinza. • Consistência, por exemplo, fina, serosa ou espessa. . • Presença de odor desagradável, e volume, que pode ser mínimo, moderado ou abundante. • Conforme a ferida cicatriza e progride do estágio inflamatório, os níveis de exsudato diminuem, indicando que a ferida está cicatrizando. O odor é subestimado durante a avaliação mas pode fornecer informações úteis sobre a condição da ferida. O odor pode revelar várias coisas, inclusive: • pobre higiene pessoal, • incontinência - urinária e fecal, • exsudato da ferida, • infecção da ferida, • necrose e esfacelo, e • malignidade. ▪ Pode ser descrito como ausente, fraco, moderado ou intenso. Odor em feridas Infecção(?)- Tratar Necrose(?)-Remover Fúngicas(?)-Coberturas desodorizantes Coberturas(?)-Orientar pacientes e cuidadores Higiene precária(?)-Orientação Incontinência (?) – Uso de coletores (Rolstand, Ovington, Harris, 2000) Odor em feridas Algumas informações adicionais A observação meticulosa da pele pode ajudar a identificar informações adicionais, tais como: • Áreas ressecadas ou com descamação de pele. • Perfusão da pele, indicada por pele com coloração irregular, pálida, brilhante ou ausência de pelos. • Cor ou pigmentação da pele, como icterícia e lipodermatoesclerose. • Rupturas da pele, como trauma e maceração. • Distribuição e características de erupções cutâneas. • Tamanho, local e duração das feridas. • Sinais e sintomas de infecções de pele, por bactéria ou fungo. • Edema, como edema depressível ou não depressível, vazamento e localização. • Aparência, qualidade e tipo da cicatriz, como cicatriz hipertrófica ou quelide. ▪ Rubor - sinal indicativo de reação inflamatória normalmente encontrado. ▪ Úlceras arteriais: fria, seca e fina; ▪ Úlceras venosas: descamativa e quente; ▪ Feridas exsudativas: sinais de dermatite; ▪ Úceras por pressão: variável entre rubra, pálida e com cianose. Observação da pele periferida ▪ Intacta – preservar ▪ Macerada – proteger e controlar o exsudato ▪ Ressecada - hidratar ▪ Eritematosa – avaliar a causa (infecção?dermatite?) ▪ Infectada - identificar fator causal ▪ Alergia - afastar o fator causal (Roltand, Ovington, Harris, 2000) Observação da pele periferida Observação da margem da ferida • As bordas refletem características importantes da ferida. • Margens secas inibem a epitelização e podem estar associadas a feridas isquêmicas. • Em feridas maiores/mais profundas, as margens podem se enrolar para baixo e engrossarem. • Hiperqueratose, que é o espessamento da camada córnea da pele, pode se formar ao redor da margem da ferida, especialmente em úlceras de pé diabético, e impedir a cicatrização. • Margens saudáveis de uma ferida são úmidas e planas, inclusive a pele ao redor da ferida, e podem apresentar coloração esbranquiçada/rosaonde houver novas células epiteliais. 1 2 3 4 5 Investigação Tipo de Ferida Determina Hemograma completo Feridas que não cicatrizam Anemia, hiperglicemia, infecção sistêmica Swab da ferida Feridas que não cicatrizam e apresentam sinais clínicos de infecção Infecção da ferida Índice de pressão tornozelo-braquial Úlceras de perna Perfusão arterial do membro inferior Percepção da pressão Úlceras de pé diabético Neuropatia sensorial Diagnóstico - investigações para auxiliar no diagnóstico A finalidade da avaliação contínua da dor é : a) Avaliar o padrão de dor temporal, para a seleção e planejamento de intervenções adequadas b) Determinar a eficácia de tratamentos da dor / intervenções c ) Analisar os fatores que podem melhorar ou piorar dor relacionada ferida. d ) Identificar barreiras (fatores paciente / fatores sistêmicos ), que pode afetar o manejo da dor Page 66 Avaliação da dor AVALIAR E DOCUMENTAR A INTENSIDADE E AS CARACTERÍSTICAS DA DOR ( ANTES, DURANTE E APÓS A MUDANÇA DO CURATIVO) O que causa dor em uma ferida? ▪ Própria ferida, por exemplo, lesão inicial, resposta inflamatória ou infecção local ▪ Intervenções como por exemplo, tratamentos tópica (incluindo coberturas) e troca de curativos, limpeza, desbridamento ou terapia compressão ▪ Patologia local, por exemplo, edema, reações alérgicas, dano na inervação isquemia ou artrite Escalas visual e numérica para avaliar a dor Princípios das melhores práticas Uma avaliação abrangente da dor: Numero de sítios da dor Origem da dor ( qual a causa da dor?) Fatores Paliativos / Provocativos ( o que faz a dor piorar ou melhorar) Qualidade da dor ( qual a palavra que melhor descreveria sua dor?) Região / Radiação da dor ( para onde a dor é irradiada?) Severidade da dor? (uso de escala quantitativa da dor 0 – 10) Aspecto Temporal da dor ( a dor torna-se pior a noite? A dor é constante ou intermitente? ) Page 69 • Pacientes com risco de desenvolver UP devem ser avaliados diariamente (WOCN Society) • Avaliar o estado geral do paciente. Por exemplo: pacientes imunodeprimidos • UV – a cada 2 semanas • UD – frequente monitoramento e reavaliação • Pacientes atendidos em casa devem ser avaliados conforme a visita domiciliar • Considerar o intervalo da avaliação após a escolha da terapia tópica • No geral, o monitoramento e documentação deve ser feito a cada troca de curativo e geralmente reavaliada a cada 1-4 semanas ou quando uma alteração significativa no estado da ferida ocorre. Frequência da avaliação • Cooper DM. 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