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MANEJO QUEIMADURA E FERIDAS

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Manejo e Cuidado
de Feridas e
Queimaduras
Autora
Lorena Campos Santos
Apresentação
Caro aluno,
No decorrer desse processo de aprendizado, disponibilizaremos a você um material organizado
de forma interativa para que seu estudo sobre esse conteúdo seja prazeroso e enriquecedor.
Para falarmos sobre o manejo e cuidado de feridas e queimaduras, faz-se necessária a
realização de uma revisão básica de conhecimentos do seu curso de enfermagem. Sabe qual é?
O conhecimento sobre procedimentos de Enfermagem e anatomia do sistema tegumentar! De
uma forma bem didática, você relembrará todos esses conceitos e, assim, iniciaremos o estudo
sobre o manejo com feridas e queimaduras.
Estudaremos o processo de cicatrização, classificação das feridas, lesão por pressão, lesão por
fricção, fasceíte necrotizante, pé diabético, avaliação das feridas, cuidados ao paciente queimado
e curativos.
Está preparado? Pegue seu caderno para anotações, lápis, caneta e borracha: vamos dar início à
aventura do conhecimento científico no ambiente das feridas e queimaduras!
Profa. Mestra Lorena Campos
Videoaula - Anatomia e fisiologia da pele
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui
[https://player.vimeo.com/video/462973960] .
https://player.vimeo.com/video/462973960
Introdução1
Segundo Kawamoto (2018), durante a formação do embrião, três folhetos germinativos são
formados: o ectoderma, o mesoderma e o endoderma. Cada folheto tem a função de formar,
através da diferenciação, órgãos e sistemas do corpo humano. O ectoderma e o mesoderma são
responsáveis pela constituição da pele humana e de seus anexos.
A formação da pele se dá por duas camadas: a epiderme e a derme. O tecido subcutâneo é
considerado, didaticamente (ou seja, apenas para fins de aprendizagem), a terceira camada da
pele. A epiderme possui em sua formação uma camada de células epiteliais sobrepostas e não
contém vasos sanguíneos, mas contém terminações nervosas. Já a derme é uma densa camada
de fibras colágenas e elásticas entrelaçadas, sobre a qual se apoia a epiderme. Ela dá suporte a
vasos, nervos, gânglio linfáticos, glândulas sebáceas, sudoríparas e folículos pilosos. Já o tecido
subcutâneo situa-se entre a derme e a fáscia muscular. Ele é formado principalmente por um
tecido conjuntivo frouxo (colágeno e elastina) e tecido adiposo (como se observa na Figura 1)
(KAWAMOTO, 2018).
As células que compõem a epiderme são:
Ceratinócitos: sintetizam a ceratina, que é uma proteína fibrosa que dá firmeza a epiderme, garante a
impermeabilização da camada externa e protege da desidratação. A renovação total da epiderme
ocorre. em média, a cada 25 a 50 dias, com variância de acordo com a idade (KAWAMOTO, 2018).
Melanócitos: produzem a melanina, pigmento escuro que tem a função de proteção contra raios
ultravioleta liberados pelo sol. As sardas (efélides) são decorrentes de uma hiperpigmentação
fotorreativa em alguns pontos da pele (Figura 2) (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Células de Langerhans: auxiliam no processo imunológico da pele, são produzidas na medula óssea e
migradas até a pele (KAWAMOTO, 2018).
Revisão anatomia e fisiologia da pele1.1
Figura 1 – Estrutura da pele.
Fonte: tienp / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/01.png
Células ou discos de Merkel: atuam como receptores do tato e de pressão e estão presentes entre a
epiderme e a derme (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Figura 2 – Efélides (sardas na pele).
Fonte: OpenClipart-Vectors / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/02.png
A derme é formada pelo tecido conjuntivo, que possui subcamadas, conforme apresentado a
seguir:
Camada derme papilar: está localizada abaixo da membrana basal da epiderme, é rica em células,
capilares sanguíneos, fibras nervosas e corpúsculos táteis. Encontram-se, também, células especiais,
como colágeno, fibras elastina e a fibronectina. Os fibrócitos são responsáveis pela síntese para
formação do tecido conjuntivo da derme (KAWAMOTO, 2018).
Camada derme reticular: apresenta-se mais densa e rica em colágeno, elastina, fibronectina,
fibroblastos, histiócitos e líquido intercelular, além de vasos sanguíneos, glândulas sebáceas e
sudoríparas, receptores de pressão e células fagocitárias que auxiliam no processo imunológico da
pele (TORTORA e DERRICKSON, 2017).
Camada derme profunda: penetra no tecido subcutâneo e tem em sua composição grandes feixes de
fibras colágenas, além de fibras musculares lisas e músculos eretores dos pelos (KAWAMOTO, 2018).
Na derme, também são encontrados os anexos cutâneos: folículos pilosos, glândulas sebáceas e
glândulas sudoríparas (TORTORA e DERRICKSON, 2017).
A hipoderme – ou tecido subcutâneo – mantém-se aderida à derme graças às fibras de colágeno
e elastina, que conferem a ela uma estrutura de extrema maleabilidade. É constituída de células
especializadas no armazenamento de gordura (os adipócitos), que têm a função de reserva
lipídica, proteção contra traumas e variações de temperatura (KAWAMOTO, 2018).
Temos glândulas sudoríparas:
Apócrinas, que excretam o suor com compostos gordurosos e estão presentes em locais mais
comuns como axilas e região genital.  
Écrinas, excretam suor mais líquido e contém por exemplo proteínas, ureia, amônia e auxilia na
hidratação e controle da temperatura.
Videoaula - Funções da pele
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[https://player.vimeo.com/video/462975410] .
https://player.vimeo.com/video/462975410
Introdução1
Quando falamos em pele, devemos lembrar que ela é considerada uma cobertura que
proporciona impermeabilidade para o corpo. Suas principais funções são a regulação da
temperatura do corpo, proteção contra a desidratação, proteção contra a infecção e coleta de
informações sensitivas (ORANGES; DINI; ROMANELLI, 2015).
Proteção mecânica: a proteção mecânica deve-se, principalmente, à camada gordurosa (tecido
subcutâneo), que funciona como se fosse um amortecedor, reduzindo impactos ou lesões aos órgãos
internos. Proteção diminuída aos recém-nascidos e idosos (KAWAMOTO, 2018).
Absorção da radiação ultravioleta: a radiação ultravioleta (Figura 3) propicia a formação de radicais
livres, situação que eleva o número de lesões oxidativas não reparadas, alterando principalmente o
metabolismo celular dos melanócitos, ceratinócitos e células de Langerhans, e provoca
envelhecimento precoce e aumento do risco de câncer cutâneo. A pele, quando não agredida pelo sol,
caracteriza-se por ter um aspecto sem manchas, pigmentação homogênea e textura macia; quando
agredida, o aspecto é bem diferente (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e das funções físico-química e imunológica: existe na pele
o que chamamos de população de linfócitos T residentes, que interagem com as células epidérmicas
e, por sua vez, atraem os linfócitos em fase de maturação, que passam pelo timo e terminam a sua
especialização na pele por meio da influência dos ceratinócitos. Dessa forma, a pele é um
componente integrante do sistema imunológico (KAWAMOTO, 2018).
Já as células de Langerhans cumprem a função de apresentar antígenos às células
imunológicas, bem como de ativar os linfócitos T pela secreção da interleucina 1. Os
ceratinócitos são a fonte de muitos mediadores, como interleucinas, interferons, fator
Funções da pele1.2
Figura 3 – Radiação ultravioleta.
Fonte: ChadoNihi / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/03.png
estimulador de colônias, fator de necrose tumoral, fatores de crescimento, entre outros
(KAWAMOTO, 2018).
A variação do pH da pele contempla os intervalos entre 4 e 6,5 e, em determinadas áreas do
corpo, permitirá a coesão tissular e a integralidade, fazendo com que a pele seja menos
permeável à água e menos suscetível a patógenos. O manto hidrolipídico, produzido na pele é
uma mistura de gordura e água produzidos pelas glândulas sebáceas e sudoríparas, tem ação
antimicrobiana, que impede a penetração de micro-organismosque causam doenças, além de
agir como lubrificante da pele e dos pelos (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Conforme Kawamoto (2018), o uso constante de produtos solventes, utilizados para lavagens da
pele, retira ou modifica o manto hidrolipídico, prejudicando as funções da camada córnea e o pH
da pele, que vão requerer mais de 14 horas para serem restaurados.
Termorregulação e hemorregulação:  A regulação da temperatura corporal através da pele ocorre da
seguinte forma: controle do débito circulatório, vasoconstrição e vasodilatação, atuação das
glândulas sudoríparas écrinas e ereção dos folículos pilosos que retardam as trocas de calor (Figura
4) (KAWAMOTO, 2018).
Figura 4 – Sudorese.
Fonte: OpenClipart-Vectors / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/04.png
Metabolismo: As funções metabólicas da pele são diferentes e peculiares. O hormônio testosterona
 induz a produção de sebo e acne na pele, e pode gerar alopecia (Figura 5); a progesterona juntamente
ao estrogênio é responsável pela textura feminina da pele, distribuição da gordura corporal, síntese
de sebo e estímulo à produção de fibroblastos e colágeno; o hormônio cortisol (glicocorticoides) reduz
a proliferação de ceratinócitos, tornando mais lenta a reparação de ferimentos, e ainda pode diminuir
a atividade dos fibroblastos, predispondo as estruturas da pele a traumatismos e lesões; além disso, a
pele atua na sintetização da vitamina D, que tem como função interferir no processo de morte celular
e a proteção contra infecções (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Sensibilidade e percepção: Elas são determinadas pelos estímulos dos neurotransmissores cutâneos,
que são chamados de terminações nervosas livres, compostas pelos corpúsculos de Vater-Pacini
(detectam estímulos de pressão), receptores de Krause e Ruffini (detectam estímulos de temperatura)
e receptores de Meissner (estímulos táteis). Todos esses receptores auxiliam, também, como forma
de defesa do organismo (KAWAMOTO, 2018).
Figura 5 – Alopecia (queda de cabelo).
Fonte: OpenClipart-Vectors / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/05.png
Alguns fatores, como idade, exposição a raios solares, hidratação, tensoativos, nutrição,
tabagismo e medicamentos, alteram o funcionamento normal da pele. Caro aluno, observe as
alterações que ocorrem na estrutura da pele com a mudança de idade, no Quadro 1.
Quadro 1 – Características da pele nas fases da vida.
Parâmetros
morfológicos Criança/Jovem Adulto Idoso
Espessura da
pele total
Maior superfície em
relação ao peso.
Espessura completa. 65% a 70% da espessura da pele
do adulto.
Periderme Ausente Ausente Ausente
Epiderme Tamanho das
células é mais
uniforme; produção
de melanina é
reduzida, por causa
da formação de
grânulos imaturos
de melanina.
Estrato córneo maduro;
integridade juncional;
células imunológicas e
produção de melanina
compatível com o fotótipo
cutâneo (cor da pele).
Espessura da epiderme é
mínima (10 a 50%); aumento da
superfície que contém os
corneócitos; diminuição de 10%
a 20% no número ativo de
melanócitos a cada década;
tempo aumentado para troca
epidermal; perda da população
de células-tronco epidérmicas;
aumento da apoptose abaixo da
camada granulosa.
Junção entre
derme e
epiderme
Pouco desenvolvida
ao nascimento.
Madura e com total
integridade funcional.
Diminuída; a superfície
apresenta perda da derme
papilar.
Características da pele nas fases da vida1.3
Parâmetros
morfológicos Criança/Jovem Adulto Idoso
Derme Competência celular
muito mais elevada,
em comparação com
a pele do adulto;
proporção de
colágeno do tipo I
segue mais elevada
quando comparada a
do tipo III;
fibroblastos mais
abundantes na
derme reticular.
Matriz madura de colágeno e
fibras de colágeno mais
densas e maiores; 1% de
colágeno solúvel; fibras de
elastina amadurecida no
tamanho e na distribuição;
fibroblastos mais abundantes
na derme papilar; nível de
glicação avançado, e produto
final começa a aumentar aos
35 anos de idade.
Matriz de mataloprotease
aumentada; aumento avançado
nos produtos finais de glicação
da matriz extracelular; geração
de radicais livres e danos
oxidativos; acúmulo de
proteínas disfuncionais;
capacidade limitada de divisão
celular; mudanças mais
acentuadas na derme papilar do
que na derme reticular.
Subcutâneo Mais espesso Maduro Perda
Vascularização Não estão
totalmente
organizadas após o
nascimento.
Organização e maturação dos
vasos sanguíneos da pele em
nível de derme papilar e
reticular.
30% redução das vênulas; 60%
redução da circulação cutânea;
diminuição da resposta
arteriolar, fator de crescimento
endotelial e permeabilidade da
célula endotelial.
Fonte: Domansky e Borges (2012, p. 26-27).
Caso você queira saber mais sobre o tema, leia o artigo “Avaliação e cuidados com a pele no final
da vida” disponível no link indicado a seguir.
Link: wp.ufpel.edu.br
[https://wp.ufpel.edu.br/francielefrc/files/2019/04/artigopeleefinaldevida.pdf]
Recapitulando1.4
https://wp.ufpel.edu.br/francielefrc/files/2019/04/artigopeleefinaldevida.pdf
Nesta subseção, caro aluno, você foi apresentado a uma revisão sobre o sistema tegumentar, as
funções da pele, as características da pele e suas estruturas. É importante reforçar que as idades
diferenciadas modificam a estrutura fisiológica da pele.
Estruturalmente, a pele é dividida em epiderme, a camada mais superficial, e derme, a camada
intermediária, com diversas funções. Na derme, localizam-se as terminações nervosas, os vasos
sanguíneos, as glândulas sudoríparas e as glândulas sebáceas. Já o tecido subcutâneo, ou
hipoderme, considerado como uma terceira camada para fins didáticos, é composto em sua
maioria por lipídeos e tem a função estrutural de proteção mecânica, entre outras.
Dentre as funções da pele, incluem-se proteção, termorregulação, nutrição, sensibilidade e
percepção, metabolismo, regulação do pH e de distúrbios hidroeletrolíticos e absorção.
Fique atento, pois o conhecimento sobre a fisiologia e anatomia da pele será essencial para
compreender as alterações decorrentes de lesões na pele e o uso adequado das coberturas.
Exercícios de fixação
A pele possui apenas uma camada principal.
Verdadeiro Falso
As células que compõem a epiderme são: ceratinóticos e as de Langerhans.
Verdadeiro Falso
O tecido que forma a derme recebe a denominação ‘tecido conjuntivo’ e divide-se em três
camadas: derme papilar, derme reticular e derme profunda.
Verdadeiro Falso
Uma das funções da pele é a absorção da radiação ultravioleta.
Verdadeiro Falso
Videoaula - Conceito e classificação de feridas
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[https://player.vimeo.com/video/462977775] .
https://player.vimeo.com/video/462977775
Conceito e classificação das feridas2
Ferida ou lesão é “[...] uma interrupção ou rompimento na integridade normal da pele e dos
tecidos, o que pode variar de um corte pequeno até uma extensão maior, pode resultar de forças
mecânicas ou físicas” (TAYLOR et al., 2007, p. 1085).
As lesões são classificadas de diversas formas: cirúrgicas ou traumáticas; abertas ou fechadas;
aguda ou crônica; com espessura parcial ou total e complexas (CHEEVER, 2016).
Feridas cirúrgicas (Figura 6): decorrentes de tratamento invasivo ou procedimento cirúrgico.
Nesse caso, as bordas das feridas estão limpas, e o sangramento costuma estar controlado.
Causadas sob condições estéreis, com material estéril e preparação da pele, o risco de infecção é
diminuído, e a cicatrização é facilitada (POTTER; PERRY, 2018).
Feridas traumáticas: lesões involuntárias ou não intencionais que resultam de trauma
inesperado, como, por exemplo, acidentes por arma branca. Como ocorrem em ambiente não
estéril, a contaminação é provável. As bordas das lesões costumam se mostrar rompidas, e o
sangramento não é controlado. Esses fatores geram alto risco de infecção e período de
cicatrização mais longo (POTTER; PERRY, 2018). Um exemplopode ser observado a seguir na
Figura 7.
Classificação das feridas2.1
Figura 6 – Ferida cirúrgica.
Fonte: stux / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/06.jpg
Feridas abertas e fechadas: uma lesão aberta (Figura 8) pode ocorrer em razão de cirurgia ou
trauma, quando a superfície da pele é rompida, fornecendo uma porta de entrada para micro-
organismos. Ocorre maior sangramento, dano aos tecidos e risco de infecção, além de causar um
retardo no processo de cicatrização. Já na lesão fechada, resultante de um trauma ou queda,
agressão, a superfície da pele não é rompida, mas o tecido interno é danificado, podendo ocorrer
lesão e hemorragia internas (POTTER; PERRY, 2018).
Figura 7 – Ferida traumática.
Fonte: Maza_Fight_Gallery / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/07.jpg
A classificação das feridas considera, também, a sua característica fisiopatológica: aguda ou
crônica. Tratando-se de lesões agudas, podemos citar as incisões cirúrgicas, que costumam
cicatrizar em dias ou semanas. As extremidades da lesão aproximam-se rapidamente, o que
diminui o risco de infecção.
Conforme Potter e Perry (2018), as lesões crônicas, ao contrário das agudas, não evoluem ao
longo da sequência normal de reparação, e suas extremidades não costumam se aproximar.
Aumenta o risco de infecção e o tempo normal de cicatrização é retardado. Lesões crônicas
incluem lesões profundas de pressão e úlceras periféricas vasculares, venosas ou arteriais.
Quanto ao grau de contaminação, as feridas podem ser:
Limpas: ausência de infecção ou processo inflamatório, como nos casos de cirurgias eletivas, nas
quais teremos cicatrização por primeira intenção. Excluem-se, também, cirurgias que abordam o
trato respiratório, digestório e geniturinário, sem quebras de técnicas assépticas (SOBECC, 2017).
Feridas potencialmente contaminadas: presença de colonização por flora bacteriana residente, em
pequena quantidade e, principalmente, em locais de difícil descontaminação (SOBECC, 2017).
Figura 8 – Ferida aberta.
Fonte: nutznutzer / pixabay.com
http://localhost/PDF_generator/img/08.jpg
Feridas contaminadas: presença de colonização de flora bacteriana em grande quantidade, com
descontaminação difícil, inflamação ou infecção não purulenta e – muito importante – trauma
penetrante em menos de 4 horas e feridas crônicas abertas (SOBECC, 2017).
Feridas infectadas: presença de secreção purulenta, tecido necrótico ou corpo estranho, trauma
penetrante com mais de 4 horas, com tecido de esfacelo ou necrose (desvitalizado) ou contaminação
por fezes (SOBECC, 2017).
Na Figura 9, é possível observar os diferentes tipos de lesões e suas causas.
Figura 9 –Tipos de lesões.
Fonte: elaborado pela autora (2020).
http://localhost/PDF_generator/img/09.png
Videoaula - Fases da cicatrização
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[https://player.vimeo.com/video/462979845] .
https://player.vimeo.com/video/462979845
Conceito e classificação das feridas2
A cicatrização de lesões é um processo de reação tissular a uma lesão. Tecidos lesionados são
reparados por mecanismos fisiológicos que regeneram células que funcionam e substituem as
de tecido conectivo por tecido cicatricial. O processo de cicatrização preenche o espaço causado
pela destruição dos tecidos, restaurando a integridade estrutural do tecido danificado pela
liberação ordenada de fatores de crescimento e mediadores químicos. Essas substâncias
ajudam a aumentar o suprimento de sangue à área lesionada e a separar e remover resíduos de
células e de material estranho, além de iniciarem o desenvolvimento celular. O processo de cura
ocorre, normalmente, sem ajuda. Intervenções, entretanto, podem apoiar o processo (POTTER;
PERRY, 2018).
A cicatrização de uma lesão, que termina com a formação de tecido cicatricial, envolve
processos que preenchem, cobrem ou fecham (epitelização) e encolhem a ferida (contração). Seu
fechamento e sua cicatrização ocorrem por primeira intenção ou segunda intenção (Figura 10),
dependendo da quantidade de tecido perdido. Lesões cirúrgicas, com perda mínima de tecido e
as bordas aproximadas por sutura, costumam cicatrizar por primeira intenção. Já as lesões
grandes ou abertas, como as de queimaduras ou traumas maiores, que precisam de mais
reposição de tecido e, normalmente, contaminam, costumam cicatrizar por segunda intenção
(CHEEVER, 2016).
Se uma lesão que está cicatrizando por primeira intenção infectar, cicatrizará por segunda
intenção. Aquelas que cicatrizam por segunda intenção levam mais tempo para o processo e
formam mais tecido cicatricial. Cicatrização e reparo de tecido conectivo passam pelas mesmas
fases de cicatrização, ainda que haja diferenças na quantidade de tempo necessária em cada
fase e na quantidade de tecido de granulação que se forma (POTTER; PERRY, 2018).
Fases da cicatrização de lesões2.2
As fases de cicatrização são as seguintes:
Figura 10 – Cicatrizações por primeira e por segunda intenção.
Fonte: Tazima et al. (2008, p. 262).
Fase inflamatória
דInicia-se no exato momento da lesão. O sangramento traz consigo plaquetas,
hemácias e fibrina, selando as bordas da ferida, ainda sem valor mecânico, mas
facilitando as trocas” (TAZIMA et al., 2008, p. 259).
Imediatamente após a lesão, os vasos sanguíneos envolvidos comprimem-se e
inicia a coagulação do sangue, pela ativação das plaquetas e de seu agrupamento.
Após um período curto de compressão, esses mesmos vasos sanguíneos dilatam-
se e aumenta a permeabilidade capilar, possibilitando, assim, que o plasma e seus
componentes cheguem à área lesionada, formando um líquido chamado de
exsudato. O acúmulo de exsudato causa inchaço e dor. O aumento da perfusão
resulta em calor e vermelhidão e se forma uma crosta dura para protegê-la
(POTTER; PERRY, 2018).
http://localhost/PDF_generator/img/10.png
A resposta inflamatória, que perdura cerca de três dias, e na qual ocorre a migração
sequencial das células para a ferida é facilitada por mediadores bioquímicos que
aumentam a permeabilidade vascular, favorecendo a exsudação plasmática e a
passagem de elementos celulares para a área da ferida. Os mediadores bioquímicos
de ação curta são a histamina e serotonina e as mais duradouras são a leucotaxina,
bradicinina e prostaglandina. A prostaglandina é um dos mediadores mais
importantes no processo de cicatrização, pois além de favorecer a exsudação
vascular, estimula a mitose celular e a quimiotaxia de leucócitos O pico de atividade
dos polimorfonucleares ocorre nas primeiras 24-48 horas após o trauma, seguindo-
se deum maior aporte de macrófagos durante os dois a três dias seguintes.  O
macrófago, também ativa os elementos celulares das fases subsequentes da
cicatrização tais como fibroblastos e células endoteliais. (TAZIMA et al., 2008, p. 259)
Fase proliferativa
×A fase proliferativa possui início por volta de 2 a 3 dias de lesão, e em até 2 a 3
semanas em lesões que cicatrizam por primeira intenção. Tal fase é construída por
tecido novo para preencher o espaço da lesão, basicamente, pela ação dos
fibroblastos. Essas são células do tecido conectivo que sintetizam e secretam
colágeno e produzem fatores de crescimento especializados, responsáveis pela
indução da formação de vasos sanguíneos, bem como pelo aumento da
quantidade e da movimentação de células endoteliais. Crescem capilares por toda
a lesão, trazendo oxigênio e nutrientes necessários para a manutenção da
cicatrização. Fibroblastos formam fibrina, que se estende pelo coágulo. Uma
camada fina de células epiteliais forma-se na lesão e é restituído o fluxo sanguíneo
em toda a área. O novo tecido, chamado de tecido de granulação, forma a base
para o desenvolvimento do tecido cicatricial. É altamente vascularizado,
avermelhado e sangra com facilidade. Nas lesões que cicatrizam por primeira
intenção, as células epidérmicas fecham a lesão de 24 a 48 horas (POTTER; PERRY,
2018).
A partir do 8º dia, a atividademitótica do fibroblasto declina, reduzindo a secreção
proteica e iniciando a produção dos componentes da substância fundamental e do
colágeno. A substância fundamental é composta por mucopolissacarídios, os
glicosaminoglicanas, material gelatinoso que contém água e eletrólitos. Os
mucopolissacarídios estão associados à produção, à orientação e ao tamanho das
fibras colágenas. O colágeno é uma proteína fibrosa produzida pelo fibroblasto,
responsável pelo preenchimento do espaço da ferida com uma estrutura densa
capaz de unir firmemente os tecidos lesados. Nessa fase, o colágeno é o principal
componente do tecido conjuntivo reposto – consequentemente a vitamina C passa a
ser importante auxiliar no processo metabólico da cicatrização da ferida. (TAZIMA
et al., 2008, p. 269)
Fase de remodelagem
×O estágio final de cicatrização começa cerca de três semanas após a lesão e
pode continuar por até seis meses caso se trate de uma lesão maior.
A densidade celular e a vascularização da ferida diminuem, enquanto ocorre a
maturação das fibras colágenas. O tecido cicatricial previamente formado sofre
remodelação, e o alinhamento das fibras é reorganizado para aumentar a resistência
do tecido e diminuir a espessura da cicatriz, reduzindo a deformidade. (GAMBA et
al., 2016, p. 49)
Videoaula - Tipos de tecidos nas feridas
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https://player.vimeo.com/video/462981057
Conceito e classificação das feridas2
Podemos classificar os tipos de tecidos no leito da ferida através da coloração dos tecidos com o
mnemônico “RYB”, em inglês, R: red (vermelho), Y: yellow (amarelo) e B: black (preto), conforme
mostra a Figura 11.
A observação do leito da ferida com a identificação do tipo de tecido é essencial para o
tratamento. Assim, temos:
Tipos de tecidos no leito da ferida e drenagem2.3
Classificação dos tipos de tecidos no leito da ferida2.3.1
Figura 11– Mnemônico RYB para classificação dos tecidos no leito da
ferida aberta.
Fonte: elaborado pela autora (2020).
Granulação: “Tecido viável de coloração avermelhada ou rósea, composto por vasos e
fibroblastos. Comumente brilhante” (UFRGS, 2017, p. 6). Veja na Figura 12 as características do
leito da ferida aberta.
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Figura 12 – Tecido de granulação.
Fonte: UFRGS (2017, p. 6).
Tecido de esfacelo ou necrose de liquefação: “Tecido de coloração amarela ou branca,
consistência macia e delgada. Pode estar solto ou aderido ao leito da lesão” (UFRGS, 2017, p. 6).
Observe a presença de tecido de esfacelo no leito na Figura 13.
Figura 13 – Tecido de esfacelo ou necrose de liquefação.
Fonte: UFRGS (2017, p. 7).
Tecido de necrose ou necrose coagulativa ou escara: “Tecido de cor cinza, preta ou marrom, com
consistência dura e seca. Pode estar solto ou aderido ao leito da lesão” (UFRGS, 2017, p. 6). Veja
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http://localhost/PDF_generator/img/13.jpg
a característica da necrose na Figura 14.
Figura 14 – Tecido de necrose ou necrose coagulativa ou escara.
Fonte: UFRGS (2017, p. 7).
A reação inflamatória resulta na formação de exsudato, que, em seguida, é secretado pela lesão.
Ele é composto de líquido e células que saem dos vasos sanguíneos e são depositados nas
superfícies dos tecidos. Os tipos de drenagem podem ser classificados como sérico, sanguíneo
ou purulento. O objetivo da utilização dos drenos nas cirurgias é exatamente para evitar a
formação desse exsudato próximo ao leito da ferida, o que diminui o processo de cicatrização
quando em excesso. É importante observar as características do exsudato: o volume, cor, dor e
consistência (POTTER; PERRY, 2018).
A dor, associada ao excesso de volume de exsudato drenado, pode indicar cicatrização retarda
ou infecção. A dor de ferida operatória, fisiologicamente, dura em torno de 2 a 3 dias, depois vai
diminuindo lentamente (CHEEVER, 2016).
Veja no Quadro 2 os tipos de drenagem que ocorrem nas lesões e suas características.
Quadro 2 – Tipos de drenagem de lesões.
Sérica Composta, em sua maior parte, da porção transparente e sérica do sangue, com origem nas
membranas serosas, a coloração é transparente e aquosa.
Drenagem2.3.2
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Sanguínea Composta por quantidades de células vermelhas do sangue. Drenagem sanguínea.
Vermelho-claro indica sangramento recente, já a escura indica sangramento tardio. Em sua
maioria, as lesões cirúrgicas têm em sua drenagem uma mistura entre o exsudato seroso e
sanguinolento, chamado de sero-sanguinolento.
Purulenta Composta de células brancas, fragmentos de tecidos mortos liquefeitos e bactérias, têm em
sua composição purulenta e espessa, com presença de odor fétido, com coloração que varia
entre amarelo-escuro ou verde, dependendo da causa.
Fonte: adaptado de Gamba et al. (2016).
Caro(a) aluno,
Qual a diferença entre exsudato e transudato?
Exsudato é um líquido formado por células que saem dos vasos sanguíneos e são depositados
nas superfícies dos tecidos ou lesão.
Transudato formação de líquido decorrente da formação do edema, com coloração transparente e
sem odor.
A cicatrização é influenciada por vários fatores, como idade, circulação local e oxigenação dos
tecidos, estado nutricional, condição da lesão e saúde geral do paciente.
Perfusão e oxigenação dos tecidos: algumas patologias podem alterar a circulação sanguínea,
afetando a distribuição normal dos nutrientes das células, assim como da composição das
células do sistema imunológico. Além disso, a dificuldade de transporte influencia na absorção
de antibióticos, o que interfere no processo de cicatrização. A oxigenação dos tecidos é
diminuída nas pessoas com anemia ou distúrbios respiratórios crônicos e naquelas que fumam
(POTTER; PERRY, 2018).
Localização da ferida: “Áreas mais vascularizadas e de menores mobilidade e tensão
possibilitam cicatrização mais rápida do que regiões menos irrigadas ou de maiores tensão e
mobilidade” (GAMBA  et al., 2016, p. 50).
Fatores que afetam a cicatrização da lesão2.4
Existência de corpo estranho: a presença de qualquer material estranho, como drenos, cateteres
e materiais de curativo; por serem inertes, dificultam o processo de cicatrização (POTTER;
PERRY, 2018).
Medicamentos e radioterapia: medicamentos como corticosteroides, quimioterápicos e
radioterapia retardam o processo de cicatrização, por diminuírem a resposta do sistema
imunológico. Eles “interferem na síntese proteica ou na divisão celular, afetando diretamente a
produção do colágeno, aumentam a atividade da colagenase, tornando a cicatriz mais frágil”
(GAMBA  et al., 2016, p. 50).
 Estado nutricional: a cicatrização de lesões requer quantidades adequadas de vitaminas,
proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais. Calorias e proteínas são necessárias à
reconstrução de células e tecidos. Vitaminas A e C são essenciais à epitelização e à síntese de
colágeno. O zinco, por sua vez, desempenha um papel na proliferação celular. Dessa forma, o
estado nutricional e de hidratação são fatores importantes do processo de cicatrização
(CHEEVER, 2016).
Sangramento: a hemorragia favorece a junção de células mortas e pode causar hematomas e
isquemia, o que retarda a cicatrização. A presença de edema e a obstrução linfática causam a
diminuição do fluxo sanguíneo e do metabolismo tecidual, gerando inflamação e deposição de
catabólitos (POTTER; PERRY, 2018).
 Idade: Os idosos, em comparação com as crianças, têm um processo de cicatrização lento, em
razão de alterações fisiológicas que ocorrem na pele, fazendo com que ocorra uma diminuição
na atividade fibroblástica e circulatória diminuída, além das doenças crônicas presentes nos
idosos, como hipertensão e diabetes (CHEEVER, 2016).
Hiperatividade: “A hiperatividade dificulta a aproximação das bordas da ferida, e o repouso
favorece a cicatrização” (GAMBA et al., 2016, p.50).
Deiscência e evisceração: são complicações graves do pós-operatório. A deiscência (Figura 15) é
uma ruptura parcial ou total de camadas da lesão. A evisceração é a protrusão de vísceras
 Infecção: A colonização de uma ferida não deve ser confundida com infecção. Ocorre colonização
quando a ferida se mantém livre de tecido necrótico e/ou material estranho e é controlada pela ação
de neutrófilos e macrófagos. A infecção é caracterizada pela alta concentração bacteriana,
comprometimento local do tecido (necrose ou corpo estranho) e comprometimento do estado geral
do paciente (GAMBA et al., 2016, p. 50).
através da área incisional. Pacientes com maior risco para o desenvolvimento dessas
complicações são obesos, idosos, desnutridos e apresentam lesão infectada, tosse excessiva
e/ou vômito. Uma elevação da saída de exsudato sero-sanguinolento no leito da lesão entre o 4º
e 5º dia de pós-operatório indica deiscência iminente (SOBECC, 2017).
Fístula: passagem anormal de um órgão interno até a pele, ou de um órgão interno a outro. Essa
formação dificulta o processo de cicatrização, pois aumenta ao risco de infecção, de alterações
hidroeletrolíticas e de rupturas da pele (CHEEVER, 2016).
Figura 15 – Deiscência da ferida operatória.
Legenda: cicatrização de segunda intenção (em uma deiscência). 
Fonte: Tazima et al. (2016, p. 264).
Videoaula - Lesão por pressão
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Conceito e classificação das feridas2
Os cuidados de enfermagem com a pele também envolvem o manejo de lesões por pressão (LP)
(observe a fisiopatologia da formação da lesão por pressão na Figura 16), que são decorrentes de
fricção, cisalhamento, tempo prolongado do procedimento cirúrgico, imobilidade, vasoconstrição
periférica (uso de anestésicos, drogas vasoativas, antibióticos profiláticos, entre outros),
comorbidades (hipertensão, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica etc), idade
avançada, percepção sensorial diminuída (sedativos e analgésicos), umidade, avaliação do
estadiamento (estágio 1, 2, 3, 4 e não classificável).
No ano de 2016, o NPUAP (National Pressure Ulcer Advisory Panel) realizou uma atualização da
nomenclatura referente à úlcera por pressão: a partir daí, começou a ser considerada lesão por
pressão, o que indica a extensão do dano tissular.
Lesão por pressão2.5
Figura 16 – Fisiopatologia da lesão por pressão.
Fonte: elaborado pela autora (2020).
Conforme Cavalcanti (2018), o sistema de classificação atualizado inclui as seguintes definições:
“Lesão por pressão é um agravo situado na pele e nos tecidos moles subjacentes, pode acometer
proeminências ósseas ou relacionadas a um dispositivo médico ou outro. A lesão pode apresentar-
se como pele intacta ou uma úlcera aberta e pode ser dolorosa”.
Para explicar sua ocorrência, é imprescindível observar a pressão ou o cisalhamento que a pele
pode ter sofrido. A tolerância para este tipo de dano pode ser influenciada por alterações de
umidade, nutrição, perfusão, hidratação ou ressecamento, entre outras condições que acometem
o tecido mole (NPUAP, 2016).
Na Figura 17, podemos observar os principais locais nos quais se forma a LP, em razão dos
pontos de proeminência óssea.
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Ainda sobre a classificação das lesões por pressão, Cavalcanti (2018) menciona:
Na LP estágio 1 [Figura 18], a pele está íntegra com eritema não branqueável. Podem ocorrer
alterações na temperatura. A pele torna-se mais sensível, com a compacidade e resistência
diminuída. Esses fatores podem surgir antes da visualização local. Quando as alterações não
contiverem o descoramento púrpuro ou castanho, também pode haver dano tissular profundo.
Conforme Cavalcanti (2018), na Lesão por pressão no estágio 2, há a característica do
rompimento da primeira camada da pele, a epiderme. Pode também ser observado, no leito da
Figura 17 – Principais locais de formação de LP.
Fonte: UFRGS (2017, p. 7).
Figura 18 – Lesões por pressão estágio 1 com presença de edema.
Legenda: Lesão por pressão estágio 1 com presença de edema. 
Fonte: NPUAP (2016, p. 12).
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ferida, tecido viável (não se observam granulação, esfacelo e escara), de coloração rosa ou
vermelha, com umidade moderada, podendo conter flictena intacta (contendo exsudato seroso)
ou com rotura (Figura 19). Pode surgir devido a alterações na umidade e o cisalhamento em
regiões da pele, como pélvis e calcâneo. Importante ressaltar que, nesse estágio, não se deve
associar essa umidade a lesões decorrentes de dermatite associada à incontinência (DAI),
dermatite intertriginosa, queimaduras e abrasões (NPUAP, 2016).
Mediante a demonstração de Cavalcanti (2018), observam-se as seguintes características na
lesão por pressão estágio 3:
Figura 19 – Lesão por pressão estágio 2 e estágio 3.
Legenda: (A) Lesão por pressão estágio 2; (B) Lesão por pressão estágio 3. 
Fonte: NPUAP (2016, p. 12).
Rompimento das três camadas da pele (epiderme, derme e tecido subcutâneo). A profundidade da
lesão tissular depende da localização anatômica e do tecido adiposo; apresenta tecido de
granulação, com bordas irregulares, podendo conter esfacelo ou escara, descolamento e tunelização
da pele [Figura 19]. Importante observar que uma grande quantidade de esfacelo ou escara pode
mascarar a extensão da perda tissular, dessa forma tem que classificar a lesão como LP não
classificável.
 Em relação à LP estágio 4, você observará o rompimento das três camadas da pele e a perda
tissular com visualização ou palpação direta das camadas profundas: fáscia, músculo, tendão,
ligamento, cartilagem ou osso (Figura 20).
O tecido em questão pode ser esfacelo ou também escara. As bordas são irregulares, com
descolamento e tunelização do tecido. Grande quantidade de esfacelo ou escara pode mascarar
a extensão da perda tissular, sendo necessário considerar a lesão como LP não classificável
(NPUAP, 2016; BLACK et al., 2013).
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Outra classificação que não existia nas atualizações anteriores era a LP Não Classificável, onde
se observa o rompimento das três camadas da pele, com perda tissular não visível, o que
influencia na confirmação da extensão do dano, devido à grande quantidade de esfacelo e escara
que recobre o tecido.
Quando se realiza a remoção dos tecidos inviáveis (esfacelo e escara), pode ser possível a
classificação em estágios 3 ou 4 (conforme visto nas Figuras 19 e 20). Quando presente escara
estável (seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou calcâneo, ela não
deve ser removida (NPUAP, 2016; BLACK et al., 2013).
Cavalcanti (2018) elucida sobre a LP tissular profunda, sendo:
Algumas definições adicionais são importantes: você deve considerar que a Lesão por pressão
relacionada a dispositivo Médico (LPRDM), conforme visto na Figura 21, é decorrente da pressão
exercida por dispositivos utilizados para diagnósticos e tratamento médicos, e a lesão resultante
se mostra parecida ou idêntica ao dispositivo utilizado. Outro tipo de lesão associada a
dispositivos médicos é a que ocorre nas membranas mucosas: lesão por pressão em
membranas mucosas. Há dificuldade na classificação das lesões, decorrente da anatomia dos
tecidos lesados (NPUAP, 2016).
Figura 20 – Lesão por pressão estágio 4 e LP não classificável.
Legenda: (A) Lesão por pressão estágio 4;  (B) Lesão por pressão não
classificável. 
Fonte: NPUAP (2016, p. 12).
Indicativo que a pele pode está intacta ou não, com área localizada e resistente, de coloração
vermelho-escuro, marrom ou púrpura que não embranquece, ou acantólise epidérmica, sendo
observada lesão com leito escurecido ou flictena com exsudato sanguinolento. Essas alterações
podem preceder dor e mudançasna temperatura. Pressão prolongada e intensa, e cisalhamento na
interface osso-músculo resultam neste tipo de lesão. A evolução da ferida depende da extensão
atual, da rapidez ou da resolução sem perda tissular. Ressalta-se que LP tissular profunda, não pode
ser descrita nas condições vasculares, traumáticas, neuropáticas ou dermatológicas.
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Figura 21 – Lesão por pressão relacionada a dispositivo médico.
Fonte: NPUAP I(2017, p. 18).
Para diferenciar as lesões por pressão que estão relacionadas à imobilidade, pressão e
proeminência óssea, das lesões por pressão relacionadas a dispositivos médicos,  é preciso
considerar que “a lesão se espelha a forma e a localização de um dispositivo médico, como o
material dos dispositivos são em sua maioria de plástico rígido, produzem uma fonte de pressão
externa que desencadeiam as lesões” (CAVALCANTI, 2018, p. 24).
Por meio de escalas, podemos avaliar o risco de o paciente desenvolver LP, entre as quais
podemos destacar a escala de Braden (Quadro 3). Temos outras escalas, como a Norton e a
Waterlow, que também auxiliam na avaliação do risco para formação de LP.
Quadro 3 – Escala de Braden.
ESCALA DE BRADEN
PERCEPÇÃO
SENSORIAL
1.Completamente
Limitada
2. Muito limitada 3. Levemente
limitada
4. Nenhuma
limitação
UMIDADE 1.Constantemente
Úmida
2. Muito úmida 3.Ocasionalmente
Úmida
4. Raramente
úmida
ATIVIDADE
FÍSICA
1. Acamado 2. Restrito à
cadeira
3. Caminha
ocasionalmente
4. Caminha
frequentemente
MOBILIDADE 1.Completamente
Imobilizado
2. Muito limitada 3. Levemente
limitada
4. Nenhuma
limitação
NUTRIÇÃO 1. Muito pobre 2.Provavelmente
inadequada
3. Adequada 4. Excelente
FRICÇÃO e
CISALHAMENTO
1. Problema 2. Potencial para
problema
3. Nenhum
problema aparente
TOTAL:
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ClassificaçãoClassificação
Elevado risco <=12 Moderado risco (13 e 14) Baixo risco
(15 e 16 se < 75 anos)
(15 e 18 se > 75 anos)
Sem risco (>17)
Fonte: Borghardt et al. (2015, p. 33).
É uma infecção grave e rara, que acomete a fáscia, o tecido subcutâneo e até o músculo, de
maneira agressiva e rápida,  e decorre de uma necrose em toda a extensão desse tecido,
causando lesão vascular e liberação de interleucinas inflamatórias, trombose e isquemia,
causada por contaminação bacteriana, mais comum pelo Streptococcus pyogenes ou, mais
raramente, pelo Staphylococcus sp (Figura 22) (SOARES  et al., 2008).
Segundo Costa et al. (2004, p. 5):
Fasceíte necrotizante (FN)2.6
Figura 22 – Descrição da evolução clínica da fasceíte necrotizante.
Legenda: fases da evolução clínica da fasceíte necrotizante. (A) Pele intacta com
ponto de necrose; (B) após realização de fasciectomia; (C) formação de necrose na
extensão inferior dorsal. 
Fonte: Soares et al. (2008, p. 31).
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A forma de tratamento é, inicialmente, cirúrgica com o debridamento e uso de antibióticos; após
identificação da bactéria causadora, o curativo diário e uso de coberturas também auxiliam no
processo de cicatrização e na melhora clínica.
A FN inicia como área eritematosa, dolorosa e localizada, que aumenta em horas ou dias, associada
a edema tecidual importante. Em seguida, ocorre cianose local e formação de bolhas de conteúdo
amarelado ou avermelhado-escuro. A área envolvida torna-se rapidamente demarcada, circundada
por borda eritematosa e recoberta por tecido necrótico. Nesse momento, desenvolve-se anestesia da
pele que recobre a lesão devido à destruição do tecido subcutâneo subjacente e trombose dos vasos
nutrientes, causando necrose das fibras nervosas.
A definição do pé diabético é descrita como a presença de um processo de infecção com úlcera
ou destruição de tecidos mais profundos, o que inclui alterações neurológicas e vasculares
periféricas decorrentes do diabetes mellitus (SOARES et al., 2008; BRASIL, 2016).
Essas alterações neurológicas e vasculares causam deformidades anatômica e fisiológica nos
membros inferiores, conforme observamos na Figura 23. A musculatura sofre uma atrofia, que
pode exacerbar pontos de pressão nas falanges. Além disso, há um processo de ressecamento
da pele, com perda de elastina e colágeno, diminuindo a circulação periférica e a cicatrização da
ferida (BRASIL, 2016, p. 30).
Pé diabético2.7
Uma das alterações é a Artropatia de Charcot, quando as “úlceras surgem na área intermediária
da região plantar, iniciando com um calo ou espessamento do estrato córneo, evoluindo com
hemorragia local, formação de bolha e, por fim, ulceração do tecido na região do calo” (BORGES,
2011, p. 119).
No Quadro 4, podemos identificar os fatores para diagnóstico diferencial entre úlceras
neuropáticas e isquêmicas (Figura 24), assim, o enfermeiro terá mais facilidade para início do
tratamento com o uso das coberturas.
Figura 23 – Alterações anatômicas no pé diabético.
Legenda: (A) Aumento das proeminências dos metatarsos, dedos em garra; (B)
Dedos em martelo, joanetes); (C) Perda do arco plantar, também chamada de
Artropatia de Charcot.
Fonte: Brasil (2016, p. 18).
Figura 24 – Úlcera neuropática e úlcera isquêmica.
Legenda: (A) úlcera neuropática; (B) úlcera isquêmica. 
Fonte: Borges (2011, p. 41).
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Quadro 4 – Diagnóstico diferencial de úlceras neuropáticas e isquêmicas.
Isquêmica Neuropática
Aspecto Forma irregular, leito
pálido, necrose úmida
ou seca
Forma redonda ou elíptica com bordas uniformes e
hiperceratóticas, profunda (pode apresentar túneis), leito
pálido
Localização Distal, especialmente
artelhos, interdigitais e
calcanhares ou em
outros locais onde
ocorrer oclusão arterial
Regiões plantar e dorsal, prevalecendo a região plantar do
hálux, cabeça do 1o metatarsiano e região dorsal dos dedos,
seguido das regiões plantares dos outros dedos, cabeças dos
demais metatarsianos, arco do pé e calcanhar, ou seja, áreas
sob pressão e atrito frequente
Dor Presente, aliviada
quando as pernas ficam
pendentes. Dor em
repouso. Dor no ponto
da ferida
Nenhuma, mas pode ocorrer disestesia ou hiperestesia
Deformidade Ausente Presente, como dedo em garra, proeminência da cabeça de
metatarsiano, arco plantar acentuado ou plano
Temperatura
da pele do
pé́
Fria Quente
Cor do pé́ Pálido, quando elevado,
ou cianótico e rubor
quando pendente
Róseo
Unhas Atrofiadas Atrofiadas
Pulsos Diminuídos ou
ausentes, ITB (índice
tornozelo braço) < 9
Pulsos palpáveis e amplos, ITB normal ou superior a 1,1 a 1,4,
vasos dorsais distendidos
Pele Atrofiada (fina e
lustrosa), sem pelos
rarefeitos ou ausentes
Seca, com rachaduras/fissuras nos pés e alterações
osteoarticulares (Charcot)
Calos/
calosidades
Ausentes Presente, especialmente na região plantar e dorsal dos dedos
Fonte: Borges (2011, p. 121).
Importante
Caro(a) aluno,
Conheça as classificações de risco para formação de úlcera diabética, classificação de
Wagner e classificação de Edmonds, bem como, deve ser realizado o ITB (índice tornozelo
braço), para avaliação da pulsação no pé diabético.
Leia o artigo: “Pé diabético”.
Link: .scielo.mec.pt [http://www.scielo.mec.pt/pdf/ang/v7n2/v7n2a02.pdf]
Videoaula - O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A ESCALA DE
BRADEN
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Conceito e classificação das feridas2
Nesta segunda Unidade, caro aluno, você aprendeu sobre a classificação dos tipos de feridas
(por exemplo, cirúrgica, aberta, fechada e traumática); as fases de cicatrização da ferida, que são
as fases inflamatória, proliferativa e remodelagem; os tipos de tecidos observados no leito da
ferida por meio do mnemônico RYB, com o qual é possível observar as cores dos principais
tecidos no leito da ferida, como granulação, esfacelo e necrose.O conhecimento sobre as lesões por pressão, seus estágios e principais causas, além das
alterações que ocorreram na literatura sobre a inclusão de lesão por pressão relacionada a
dispositivo médico e membrana mucosa.
Você conheceu as diferenças entre úlcera neuropática e isquêmica que são observadas em
pacientes com diabetes mellitus, que desenvolvem o pé diabético. O manejo com a fasceíte
necrotizante, lesão rara na pele decorrente da infecção por bactérias.
Fique atento, pois o aprendizado está em construção e vamos precisar desse conteúdo nas
próximas unidades. Faça uma revisão. Aguardo você na próxima unidade!
Recapitulando2.8
Exercícios de fixação
Na lesão por pressão estágio 1, a pele se torna mais insensível, com a compacidade e a
resistência diminuídas.
Verdadeiro Falso
Por meio de escalas, podemos avaliar o risco de o paciente desenvolver LP, entre as quais
podemos destacar a escala de Glasgow.
Verdadeiro Falso
A fasceíte necrotizante é, geralmente, causada por contaminação bacteriana pelo Streptococcus
pyogenes ou, mais raramente, pelo Staphylococcus sp.
Verdadeiro Falso
Uma das alterações neurológicas e vasculares que causam deformidade anatômica e fisiológica
nos membros inferiores é a Artropatia de Charcot.
Verdadeiro Falso
 Feridas e coberturas3
A avaliação das feridas é necessária para identificar o número e localização das lesões, verificar
o tempo de evolução da lesão, identificar a causa e os fatores de risco (comorbidades, estado
nutricional, mobilidade, vulnerabilidade), quais coberturas ou medicamentos estão sendo
utilizados; avaliar a presença de dor ou a necessidade de analgesia, realizar uma avaliação
detalhada do tipo de tecido no leito da ferida e as bordas e, também, se tem presença de infecção
(POTTER; PERRY, 2018).
Dando continuidade aos cuidados de enfermagem nas lesões, segundo UFRGS (2017, p. 10):
Por meio do diagrama a seguir observado na Figura 25, podemos identificar o tipo de cobertura
após uma avaliação concisa.
Avaliação das feridas3.1
Proceder com a irrigação/limpeza da ferida;
Medir e anotar o tamanho da(s) lesão(ões): comprimento; largura e profundidade; presença de
tunelização;
Avaliar necessidade/possibilidade de desbridamento mecânico e/ou instrumental de tecido
necrótico;
Repetir a irrigação/limpeza do leito da ferida;
Identificar, novamente, quais tecidos estão presentes após o desbridamento;
 Identificar se a ferida é seca ou exsudativa;
Escolher cobertura adequada;
Combinar, com o paciente e/ou cuidador/familiar, frequência de troca do curativo e reavaliação na
unidade de saúde e/ou domicílio.
É importante mensurar o tamanho da ferida por meio de uma régua limpa e descartável (Figura
26). A mensuração deve ser realizada do maior cumprimento cefalocaudal à largura
perpendicular (90º); já a profundidade deve ser verificada por meio de um instrumento estéril. O
uso da fotografia auxilia na comparação entre as imagens (POTTER; PERRY, 2018).
Figura 25 – Critérios e indicação de coberturas.
Fonte: Cunha, Dutra e Salomé (2018, p. 8).
http://localhost/PDF_generator/img/25.png
Figura 26 – Mensuração da ferida com régua descartável.
Fonte: Aragón-Sánchez et al. (2017, p.  31).
Geralmente dispostos em uma bandeja retangular, os materiais para limpeza da ferida são:
Luva de procedimento.
Gazes.
Pacote de curativo estéril contendo: 1 pinça tipo “dente de rato”, 1 tesoura, 1 pinça hemostática tipo
kelly ou Kocher, 1 pinça anatômica e gazes esterilizadas.
Solução fisiológica a 0,9%.
Adesivo apropriado (não é indicado para fixação esparadrapo ou adesivo microporoso, devido ao
risco de contaminação e lesão na pele por adesivo).
Cuba rim ou saco plástico para lixo.
Bacia.
Máscara, gorro e óculos de proteção.
 Para o procedimento, primeiramente calce as luvas de procedimento (proteção individual);
proceda com todo o cuidado na manipulação do campo estéril, dispondo as pinças com os
cabos voltados para borda proximal do campo; coloque gazes em quantidade suficiente sobre o
campo esterilizado; faça as dobraduras da gaze com as pinças anatômicas e hemostática; retire
o curativo anterior, no sentido descendente em relação ao plano da ferida (para esse
procedimento, remova o adesivo com a pinça “dente de rato” na mão dominante e, com o auxílio
da pinça hemostática, remova o excesso de adesivo utilizando solução fisiológica); despreze o
curativo no lixo, observando o aspecto da secreção drenada; despreze a pinça “dente de rato” na
cuba rim (ALVES et al., 2014).
Em seguida, forre o local com um impermeável sob o paciente; proceda a irrigação em jatos da
ferida com o frasco de solução fisiológica na mão dominante; faça a limpeza do leito da ferida
(caso haja tecido desvitalizado), utilizando gazes embebidas em solução fisiológica montada na
Limpeza da lesão e aplicação de curativo estéril3.2
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pinça hemostática. Proceda a limpeza de fora para dentro e do lado mais distante para o mais
próximo, utilizando as duas fazes da gaze; caso haja tecido de granulação no leito da ferida ou
bordas, nunca esfregue gazes ou pinças, apenas proceda a irrigação desse tecido (ALVES et al.
2014).
            Depois, seque as bordas da ferida com movimentos de toques; com o auxílio da pinça
hemostática na mão dominante, oclua a ferida com material adequado (cobertura primária ou
secundária). Quando se aplicar, fixe uma pequena tira de adesivo sobre o local do curativo e
identifique com a data da troca e assinatura de quem fez o procedimento. Despreze as pinças no
expurgo, organize o material, deixe o leito organizado e higienize as mãos (ALVES et al., 2014).
            Observações importantes:
Manipular as pinças com as pontas voltadas para baixo, evitando que a solução escorra para o cabo
contaminado e retorne para a ponta.
Não falar próximo à ferida e ao material, e orientar o paciente para que também não o faça.
Expor o material de curativo e a ferida o mínimo possível.
Quando o paciente apresentar mais de uma lesão, iniciar os curativos pelas lesões limpas, depois as
abertas não infectadas e, por último, as infectadas.
Não depositar material contaminado no leito, mesa de cabeceira ou recipiente de lixo do paciente.
Utilizar, nos curativos com gazes aderidas, soro fisiológico para facilitar sua retirada.
Levar o material em bandeja, evitando-se utilizar o carro de curativo como meio de prevenir
infecções cruzadas.
Caso a ferida esteja drenando grande quantidade de secreção, a troca de curativo deve ser feita tantas
vezes quantas forem necessárias.
Em feridas com tecido de granulação, é indicada apenas a limpeza em jatos com solução fisiológica e
nunca o esfregaço do tecido, que é viável e significa que a ferida está em processo de cicatrização
(ALVES et al., 2014).
Para auxiliar na identificação e na maneira adequada para a realização do curativo, pode ser
utilizado o mnemônico TIME (T: Tissue non-viable or deficient, I: Infection/Inflammation, M:
Moisture imbalance, E: Edge of wound non-advancing or undermined). Confira a tradução do
mnemônico a seguir, na Figura 27.
Figura 27 – Avaliação do leito da ferida.
Fonte: adaptado de Brasil (2020).
Para o manejo das lesões na pele, é importante promover o reparo tecidual e a regeneração com
a formação de novos tecidos (granulação e neogênese). Os dois métodos para cuidado das
lesões são o aberto (sem cobertura) e o fechado (com cobertura). O ambiente úmido no leito da
ferida aberta favorece os processos de granulação e de cicatrização da ferida. Assim, as
coberturas promovem conforto físico, psicológico e estético; auxiliam na remoção do tecido
desvitalizado, na prevenção, eliminação ou controle de infecção; absorvem a drenagem; mantém
o leito úmido e protegem contra novas lesões e, também, as bordas da ferida (POTTER; PERRY,
2018).
Em relação aos agentes de limpeza, após consenso na literatura, entende-se que o mais utilizado
seja a solução fisiológica 0,9% estéril, por não causar danos aos tecidos presentesno leito da
ferida. A quantidade e o tipo de curativos utilizados vão depender da localização e do tamanho
da lesão (CHEEVER, 2016).
A seguir, os tipos de coberturas (UFRGS, 2017).
Composição: óleo vegetal composto por ácido linoleico, vitamina A, E e lecitina de soja.
Mecanismo de ação: promove quimiotaxia (atração de leucócitos) e angiogênese (formação de novos
vasos sanguíneos), mantém o meio úmido e acelera o processo de granulação.
Indicação: prevenção de úlceras de pressão e tratamento de feridas abertas.
Tipos de feridas: Lesões abertas.
Contraindicações: feridas com cicatrização por primeira intenção.
Periodicidade de troca: até 24 horas ou até a saturação da cobertura secundária (UFRGS, 2017, p. 22).
Coberturas para feridas3.3
Cobertura: Ácidos graxos essenciais (AGE)3.3.1
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Composição: colagenase, clostridiopeptidase A e enzimas proteolíticas.
Mecanismo de ação: age seletivamente degradando o colágeno nativo da ferida (UFRGS, 2017, p. 22).
Indicação: desbridamento enzimático suave e não invasivo de lesões.
Tipos de feridas: feridas com tecido desvitalizado.
Contraindicações: feridas com cicatrização de primeira intenção, reação alérgica em pessoas
sensíveis a substâncias bovinas.
Periodicidade de troca: a cada 24 horas.
Composição: camada externa de espuma de poliuretano, e outra interna composta de gelatina,
pectina e carboximetilcelulose sódica.
Mecanismo de ação: barreira térmica aos gases, a líquidos, mecânica e microbiana; estimula a
angiogênese e o desbridamento autolítico; acelera o processo de granulação.
Indicação: prevenção e tratamento de feridas abertas e não infectadas.
Tipos de feridas: feridas abertas e não infectadas com leve a moderado exsudado; prevenção ou
tratamento de LP não infectada.
Contraindicações: feridas infectadas; feridas com tecido desvitalizado e queimaduras de 3º grau.
Periodicidade de troca: sempre que o gel extravasar, curativo descolar ou, no máximo, em sete dias.
Composição: fibras de não tecido, derivados de algas marinhas composto por ácidos gulurônicos e
manurônicos com íons de cálcio e sódio incorporados em suas fibras.
Mecanismo de ação: o sódio presente no exsudato e no sangue interage com cálcio presente no
curativo de alginato. A troca iônica auxilia no desbridamento autolítico, tem alta capacidade de
absorção, formação de gel mantendo meio úmido para cicatrização e induz hemostasia (UFRGS, 2017,
p. 24)
Indicação: feridas abertas; sangrantes; altamente exsudativas com ou sem infecção, até redução do
exsudato (UFRGS, 2017, p. 24)
Tipos de feridas: feridas abertas altamente exsudativas com ou sem infecção; lesões cavitárias com
necessidade de estímulo rápido do tecido de granulação.
Contraindicações: utilizar em lesões superficiais ou feridas com pouca exsudação e lesões por
queimaduras.
Periodicidade de troca: em relação a feridas infectadas, máximo de 24 horas; em relação a feridas
limpas com sangramento, a cada 48 horas ou quando saturado; em relação a feridas limpas
altamente exsudativas, quando saturar.
Composição: cobertura de contato de baixa aderência, envolta por camada de falso tecido, almofada
impregnada por carvão ativado e prata a 0,15%.
Mecanismo de ação: o carvão ativado absorve o exsudato e filtra o odor. A prata exerce ação
bactericida.
Indicação: feridas infectadas exsudativas com ou sem odor.
Tipos de feridas: neoplásicas fétidas e demais feridas infectadas.
Contraindicações: feridas limpas e lesões de queimadura.
Periodicidade de troca: cobertura secundária sempre que saturada; cobertura de carvão ativado no
início a cada 48 ou 72 horas, dependendo da capacidade de absorção; quando a ferida não estiver
Colagenase3.3.2
Placa de hidrocoloide3.3.3
Alginato de cálcio3.3.4
Carvão ativado3.3.5
mais infectada, pode ser trocado a cada cinco dias.
Composição: gel transparente incolor composto por 77,7% de água, 2,3% de carboximetilcelulose e
20% de propilenoglicol.
Mecanismo de ação: amolece e remove o tecido desvitalizado por meio de desbridamento autolítico;
H2O mantém meio úmido, facilita reidratação celular e o desbridamento e estimula a liberação de
exsudato.
Indicação: remover crostas e tecidos desvitalizados das feridas abertas (crostas, tecidos
desvitalizados ou necrosados).
Tipos de feridas: feridas com crosta, esfacelo e tecidos desvitalizados e necrosados.
Contraindicações: utilizar em pele íntegra e incisões cirúrgicas fechadas.
Periodicidade de troca: em relação a feridas infectadas, máximo a cada 24 horas; em relação à
necrose, no máximo a cada 72 horas.
Hidrogel3.3.6
Composição: filme de poliuretano transparente, elástico e semipermeável.
Mecanismo de ação: proporciona ambiente úmido favorável à cicatrização; permeabilidade seletiva,
permitindo a difusão gasosa e a evaporação da água; impermeável a fluidos e micro-organismos.
Indicação: fixação de cateteres; proteção da pele íntegra e escoriações; prevenção de úlceras de
pressão; coberturas de incisões cirúrgicas limpas sem nenhum exsudato; cobertura de queimaduras
de 1º e 2º graus; cobertura de área doadora de enxerto.
Tipos de feridas: incisões cirúrgicas, lesões superficiais, áreas doadoras de enxerto, escoriações,
inserções de cateter vasculares.
Contraindicações: quando perder a transparência, descolar da pele e/ou se houver sinais de infecção.
Periodicidade de troca: feridas com muito exsudato e infectadas.
Composição: sulfadiazina de prata a 1% hidrofílica.
Mecanismo de ação: o íon prata causa precipitação de proteínas e age diretamente na membrana
citoplasmática da célula bacteriostática, exercendo ação bactericida imediata e ação bacteriostática
residual pela liberação de pequenas quantidades de prata iônica (UFRGS, 2017, p. 25)
Indicação: prevenção de colonização e tratamento de queimaduras.
Tipos de feridas: queimaduras.
Contraindicações: hipersensibilidade ao produto.
Periodicidade de troca: no máximo a cada 12 horas ou quando a cobertura secundária estiver
saturada.
Composição: curativo primário não aderente e estéril, indicado para lesões nas quais é necessário
evitar a aderência do curativo ao leito da ferida.
Mecanismo de ação: compressa com emulsão de petrolatum, constituída por tecido de acetato de
celulose (Rayon). O tecido possui estrutura porosa (não oclusiva) que auxilia na não aderência do
curativo ao leito da ferida e facilita o fluxo do exsudato para o curativo secundário de absorção. A
emulsão de petrolatum mantém o meio úmido, auxiliando no processo cicatricial.
Indicação: é indicado para feridas secas ou exsudativas que necessitam de curativo não aderente.
Tipos de feridas: feridas superficiais e limpas.
Contraindicações: feridas com cicatrização por primeira intenção e infectadas.
Membranas ou filmes semipermeáveis3.3.7
Sulfadiazina de prata3.3.8
Cobertura não aderente estéril (ADAPTIC)3.3.9
Periodicidade de troca: sempre que apresentar aderência à lesão ou de acordo com saturação do
curativo secundário.
Composição: é uma enzima proteolítica retirada do látex do vegetal mamão papaia (Carica papaya).
Pode ser utilizada em forma de pó ou em forma de gel.
Mecanismo de ação: provoca dissociação das moléculas de proteínas, resultando em desbridamento
químico. Tem ação bactericida e bacteriostática, estimula a força tênsil da cicatriz e acelera a
cicatrização.
Indicação: lesões com presença de granulação (concentração 2%), necrose de liquefação/esfacelo (4-
6%) e necrose de coagulação/escara (8-10%).
Tipos de feridas: feridas abertas, desvitalizadas, necróticas ou infectadas.
Contraindicações: contato com metais (oxidação).
Periodicidade de troca: no máximo a cada 24 horas ou quando houver saturação da cobertura
secundária.
Composição: óxido de zinco, glicerina, água destilada e gelatina.
Mecanismo de ação: auxilia o retorno venoso, diminui o edema, promove a proteção e favorece a
cicatrização da úlcera.
Indicação: úlcera venosa (estase) de perna e edema.
Tipos de feridas: úlceras venosas e edema linfático.
Contraindicações: úlceras arteriais e mistas (arteriovenosa). Não deveser utilizada em indivíduos
com sensibilidade conhecida ao produto ou seus componentes (UFRGS, 2017, p. 25).
Periodicidade de troca: semanal.
Papaína3.3.10
Bota de Unna3.3.11
Algumas feridas podem desencadear devido infecção o biofilme no leito da ferida.  Conheça mais
sobre biofilme! Leia o artigo: “Biofilme e feridas crônicas: reflexões para o cuidado de
enfermagem”.
revistaenfermagematual.com
[Link:https://revistaenfermagematual.com/index.php/revista/article/view/324]
Para a retirada do tecido desvitalizado e a formação do tecido de granulação e, posteriormente, o
tecido de epitelização para cicatrização completa da ferida, é necessário o desbridamento da
ferida. Pode ser retirado de três formas: desbridamento autolítico (coberturas como hidrogel),
Técnica de desbridamento3.4
link:https://revistaenfermagematual.com/index.php/revista/article/view/324
desbridamento químico ou enzimático (coberturas como colagenase ou papaína) e o
desbridamento cirúrgico ou instrumental (POTTER; PERRY, 2018).
No desbridamento (Quadro 5) autolítico ou enzimático, pode ser utilizado como auxílio a técnica
Square: “[...] utiliza-se lâmina de bisturi para a realização de pequenos quadrados (2 a 5 mm) no
tecido necrótico que poderão ser removidos. Também utilizada para facilitar a penetração de
substância desbridante no tecido necrótico” (UFRGS, 2017, p. 15).
Quadro 5 – Técnica para realização do desbridamento.
1-Material: Bandeja contendo pacote de curativo (duas pinças), cabo de bisturi, uma cuba pequena, lâmina
de bisturi e soro fisiológico.
2-Lavar as mãos com água e sabão; reunir o material, e levá-lo próximo ao paciente; explicar ao paciente o
que será feito; fechar a porta para privacidade do paciente; colocar o paciente em posição adequada
expondo apenas a área a ser tratada; abrir o pacote com técnica asséptica.
3-Colocar sobre o campo estéril, gaze em quantidade suficiente, a lâmina de bisturi (com cabo de
preferência); colocar gazes, compressas ou lençol próximos à ferida para reter a solução drenada; calçar
luvas; remover o curativo anterior com uma das pinças usando soro fisiológico 0,9%; com a mesma pinça,
pegar uma gaze e umedecê-la com soro fisiológico; começar a lavar a ferida da parte menos contaminada
para a mais contaminada.
4-Lavar o leito da ferida com grande quantidade de soro fisiológico 0,9%, através de pequenos jatos com a
seringa e agulha (a seringa com a agulha poderá ser substituída, se não tiver, fazer um pequeno corte na
abertura do frasco de SF % o invés de abri-lo totalmente, ou colocando a seringa diretamente no frasco).
5-Iniciar o desbridamento da área desvitalizada pela borda, com auxílio da outra pinça, fazendo cortes
superficiais ao redor do tecido desvitalizado. O desbridamento deve ser interrompido na presença de
vascularização (sangramento é sinal de tecido vivo ou reação de sensibilidade à dor).
6-Limpar o local com SF 0,9% com auxílio da mesma pinça; embeber a gaze com pomada desbridante
quando a ferida apresentar pouca quantidade de exsudato, espalhado por toda a área que ainda
apresentar necrose ou fibrina residual.
7- Ocluir a ferida ou gaze estéril e coxim, se a ferida for muito exsudativa utilizar compressa e fixar com
esparadrapo ou atadura quando necessário; colocar o setor em ordem; lavar as mãos; fazer evolução da
ferida e anotações de materiais na papeleta do paciente.  
Fonte: Potter e Perry (2018, p. 415).
De acordo com a Resolução COFEN nº 567/2018, o enfermeiro tem autorização para realizar o
desbridamento cirúrgico conservado, ou seja, desbridamento superficial da ferida, utilizando
pinças, tesoura e bisturi, desde que tenha habilidades técnicas e conhecimento científico para
tal.
Ufa, chegamos até aqui!
Nesta unidade, você aprendeu como deve ser realizado a avaliação das feridas, a forma correta
da limpeza, e o uso adequado das coberturas.
Temos diversas coberturas que devem ser utilizadas a partir de uma avaliação criteriosa,
coberturas para feridas secas e coberturas para feridas exsudativas ou úmidas, a depender do
tipo de tecido presente no leito da ferida, como granulação, esfacelo e necrose. Exemplos de
coberturas: Alginato de cálcio, sulfadiazina de prata, colagenase, hidrogel, AGE, petrolatum,
carvão ativado e placa de hidrocoloide.
Percebe-se que o conhecimento teórico se faz necessário para o tratamento adequado das
feridas. Caso seja necessário, o enfermeiro pode realizar o processo de desbridamento do tecido
desvitalizado, de forma superficial.
Vamos para a próxima unidade?
Recapitulando3.5
Exercícios de fixação
Em tecido de granulação com exsudato, pode-se utilizar, EXCETO:
Hidropolímeros com prata.
Hidrogel.
Prata nanocristalina.
Ácidos graxos essenciais.
Carvão ativado com prata.
Em tecido desvitalizado com necrose seca, pode-se utilizar, EXCETO:
Hidrocoloide.
Hidrogel.
Papaína.
Colagenase.
Prata nanocristalina.
Avaliação, classificação e tratamento das queimaduras4
De acordo com Tortora e Derrickson (2017, p. 112), a queimadura é uma lesão...
No momento de avaliação do paciente com queimadura, é essencial identificar possíveis lesões
térmicas nas vias respiratórias, em razão de inalação de gases tóxicos ou lesão direta. Assim, é
importante avaliar a face, para identificar obstrução progressiva e possível parada
cardiorrespiratória (DUCAN et al., 2013).
Após avaliação geral dos riscos de emergência, segue-se a coleta de dados por meio da história
clínica e do exame físico dirigido. Colhem-se informações sobre a causa da queimadura: se
ocorreu em ambiente fechado ou aberto; qual foi o mecanismo causador (líquido inflamável,
explosivo, contato); qual o tempo de exposição, profundidade, extensão da área afetada;
localização; presença de lesões ao redor ou em outros locais; fatores de risco; comorbidades e
quais os primeiros socorros que já tenham sido inicializados (POTTER e PERRY, 2018).
Avaliação inicial do paciente4.1
[...] tecidual produzida por calor excessivo, eletricidade, radioatividade ou por produtos químicos
corrosivos que desnaturam (destroem) as proteínas das células da pele. As queimaduras destroem
algumas das importantes contribuições da pele para a homeostasia – proteção contra invasão
microbiana e desidratação, bem como regulação da temperatura do corpo. As queimaduras são
classificadas de acordo com o grau de gravidade.
As queimaduras são classificadas de acordo com a profundidade e os tecidos afetados, em
primeiro, segundo e terceiro grau, conforme podemos observar a seguir.
Inclui apenas a epiderme. É caracterizada por dor moderada e eritema (vermelhidão), mas não
apresenta pápulas. As funções da pele permanecem intactas. Limpeza imediata com água fria
pode diminuir a dor e a lesão produzida por uma queimadura de primeiro grau. Geralmente, a
cicatrização de uma queimadura de primeiro grau ocorre de três a seis dias e pode ser
acompanhada por descamação. Um exemplo de queimadura de primeiro grau é a queimadura
moderada de sol.
Classificação das queimaduras4.2
Queimadura de 1º grau4.2.1
Figura 28 – Queimadura de 1º grau.
Fonte: Tumisu / pixabay.com
Destrói a epiderme e parte da derme. Algumas das funções da pele são perdidas. Como resultado
de uma queimadura de segundo grau, observam-se vermelhidão, formação de pústulas, edema e
dor. Em uma pústula, a epiderme se separa da derme em decorrência do acúmulo de fluido entre
as camadas. Estruturas associadas, como folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas
sudoríferas, geralmente não são prejudicadas. Se não existir infecção, queimaduras de segundo
grau cicatrizam sem enxerto de pele, em aproximadamente três a quatro semanas, mas
cicatrizes podem ocorrer. As queimaduras de primeiro e segundo graus são chamadas de
queimaduras de espessura parcial.
Queimadura de 2º grau4.2.2
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Figura 29 – Queimadura de 2º grau.
Fonte: Ducan et al. (2013, p. 1822).
De espessura total, destrói a epiderme, derme e tela subcutânea. A maioriadas funções da pele é
perdida. Essas queimaduras têm aparência diversificada, variando de feridas com colorações
branco mármore a avermelhadas, e a carbonizadas e secas. Existe um edema pronunciado, e a
região queimada fica insensível, porque as terminações nervosas sensitivas foram queimadas. A
regeneração ocorre lentamente e muito tecido de granulação se forma antes de ser coberto por
epitélio. Pode ser necessário enxerto de pele para promover a cicatrização e minimizar as
cicatrizes.
Queimadura de 3º grau4.2.3
Figura 30 – Queimadura de 3º grau profunda com exposição de tecido
muscular e ósseo.
Fonte: Ducan et al. (2013, p. 1822).
O efeito da queimadura inicialmente se dá em nível da pele, mas pode gerar alterações
sistêmicas e que ameaçam a vida do paciente. Elas incluem:
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Para avaliação da gravidade da queimadura, faz-se necessário determinar a profundidade e a
extensão da área atingida, além da idade e a condição clínica geral. Segundo a American Burn
Association, uma queimadura é grave quando atinge 10% da superfície corpórea do indivíduo, ou,
se classificada como segundo grau, atingir 25% da superfície corpórea; além de qualquer
queimadura que ocorra na face, mãos, pés ou períneo, incluindo órgãos genitais. Devemos ter
atenção quando a área de queimadura ultrapassar 70% do corpo: é iminente o óbito do paciente
(DUCAN et al, 2013).
A regra de Walace – ou regra dos 9 – é mais utilizada para mensurar o tamanho das áreas
afetadas, conforme é possível observar na Figura 31.
 (1) grande perda de água, plasma e proteínas do sangue, o que provoca choque; (2) infecção
bacteriana; (3) redução da circulação sanguínea; (4) diminuição na produção de urina; e (5)
diminuição das respostas imunes. (TORTORA; DERRICKSON, 2017, p. 113)
Uma maneira rápida de estimar a área afetada por uma queimadura em um adulto é a regra dos
nove:
1. Considere 9% se as superfícies anterior e posterior da cabeça e do pescoço foram afetadas.
2. Considere 9% para as superfícies anterior e posterior de cada membro superior (18% para ambos
os membros).
3. Considere 4 vezes 9, ou 36%, para as superfícies anterior e posterior do torço, incluindo as
nádegas.
4. Considere 9% para a superfície anterior e 9% para a superfície posterior de cada membro inferior
até as nádegas (total de 36% para ambos os membros inferiores).
5. Considere 1% para o períneo. (TORTORA; DERRICKSON, 2017, p. 113)
Figura 31 – Determinação da superfície queimada.
Fonte: Tortora e Derrickson (2017, p. 114).
Inicialmente, é essencial o resfriamento da pele para diminuir uma profundidade ou extensão
maior da queimadura, em até dois minutos após ao acidente, com água corrente entre 8 e 15°C,
em média 20 minutos. Não pode se colocar nada sobre a queimadura, devido ao risco de prender
a pele e lesionar mais no momento da retirada. Não colocar gelo, pois o gelo causa, também,
queimadura, caso a queimadura seja por agente cáustico. como soda cáustica. É importante
retirar as roupas. Quando a região ocular for afetada, o ideal é lavar a área com solução
fisiológica (POTTER; PERRY, 2018).
Na internação hospitalar, o foco será na reposição volêmica, pois a queimadura pode gerar um
choque hipovolêmico e realizar  punção de um acesso calibroso. O ideal é m acesso central
quando possível, e iniciar a infusão de Ringer Lactado, passagem de sonda vesical de demora
para controle da diurese (normal entre 30 a 50 ml/h em adultos) (CHEEVER, 2016).
Posteriormente, administrar analgesia. As queimaduras são muito dolorosas, pois agridem a
derme, o local de vascularização e terminações nervosas. O medicamento comumente prescrito
são os opiódes, que são potentes.
Manejo clínico das queimaduras4.3
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A fasciotomia também é um procedimento utilizado no manejo do queimado, consiste em uma
incisão linear e longitudinal da fáscia muscular, ocorre em grandes queimados (queimadura
elétrica), e pode gerar edema muscular. Caso não seja realizada a fasciotomia, o caso do
paciente pode evoluir para rabdomiólise (necrose muscular e nervosa) (POTTER; PERRY, 2018).
A lesão inalatória consiste em uma lesão térmica direta das vias aéreas. Quando gera edema da
mucosa e obstrução glótica, será necessária intubação orotraqueal para prevenir uma parada
cardiorrespiratória (CHEEVER, 2016).
A limpeza mecânica direta é a melhor opção para promover a retirada das bactérias e do tecido
desvitalizado no leito da ferida. Por ser um procedimento muito doloroso, é importante o uso de
analgesia para realização do curativo. Os flictenas devem ser rompidos caso tenham exsudato
purulento em seu interior, o ideal é a proteção do local para rompimento espontâneo. A cobertura
de primeira escolha para as queimaduras é a sulfadiazina de prata, nos períodos iniciais. Após a
formação de tecido desvitalizados, faz-se necessário o uso de coberturas desbridantes, além do
uso intravenoso de antibioticoterapia nos casos de queimaduras grau 2 e 3, que são mais
profundas (POTTER; PERRY, 2018).
Em queimaduras de espessura total e distribuição circular nas extremidades, no pescoço ou no
tórax podem causar comprometimento da circulação ou dificuldade respiratória. Constatando o
problema é realizado pelo cirurgião a escarotomia, este procedimento consiste em uma incisão do
tecido queimado, em toda a sua profundidade, não exigindo anestesia, apenas técnica asséptica, o
sangramento e desconforto são mínimos. (DUCAN et al, 2013, p. 1826)
Os cuidados ambulatoriais em pequena queimadura, onde a princípio qualquer lesão que reepiteliza
em até duas semanas tem bom prognóstico funcional e estético. Lesões que cicatrizam entre duas e
três semanas resultam em discromias e/ou retrações leves e já exigem uso preventivo de malhas
compressivas. Lesões que ainda não cicatrizaram após três semanas certamente irão requer
tratamento cirúrgico, devendo ser encaminhadas ao cirurgião plástico (DUCAN et al, 2013, p. 1826).
Videoaula - Queimaduras: O que fazer? Que Providências tomar?
Como fazer o Curativo?
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui
[https://www.youtube.com/embed/YG9p1yXrEjE] .
https://www.youtube.com/embed/YG9p1yXrEjE
Avaliação, classificação e tratamento das queimaduras4
Chegamos ao fim do nosso estudo. Nesta unidade você aprendeu sobre a classificação das
queimaduras, o manejo do paciente com queimaduras profundas, na face ou na inalação, que
geram lesão nas vias aéreas.
Inicialmente, o manejo do paciente queimado envolve ações emergenciais, como umedecer o
local com águas corrente ou soro fisiológico. Chegando em ambiente hospitalar, classificar o tipo
e extensão da queimadura de acordo com o grau: quanto mais profundo, mais danos em
musculatura, ligamentos e riscos de choque hipovolêmico. Posteriormente, é realizado o curativo
com o desbridamento dos tecidos desvitalizados. Para auxiliar a regeneração tecidual, a pomada
de sulfadiazina de prata; é a cobertura inicial básica. Nas queimaduras, o paciente sente extrema
dor, por isso é importante o uso de analgésicos.
Recapitulando4.4
Exercícios de fixação
Sobre o manejo clínico nas queimaduras, marque a alternativa incorreta.
Resfriamento da pele para diminuir uma profundidade ou extensão maior da queimadura.
Não colocar nada sobre a queimadura.
Realizar reposição volêmica.
Aquecimento da pele para diminuir uma profundidade ou extensão maior da queimadura.
Administrar analgesia.
A fasciotomia:
Consiste em uma incisão irregular e longitudinal da fáscia muscular.
Consiste em uma incisão linear e longitudinal da fáscia muscular.
Consiste em uma incisão vertical da fáscia muscular.
Consiste em uma incisão linear e vertical da fáscia muscular.
Consiste em uma incisão linear e longitudinal da fáscia patelar.
Considerações finais5
Estamos finalizando nosso aprendizado e esperamos que você tenha aprendido os principais
conceitos

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