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FILOSOFIA GERAL I/ MC1 AVALIAÇÃO PRÁTICA - 2 BIM N. Maquiavel. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, cap 1 1. Explicar, qual a relação entre o tempo e a possibilidade da maldade, segundo Maquiavel. Na obra “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, Maquiavel propõe uma ruptura com o método de pensamento filosófico antigo, em especial quando se trata sobre política. O comum era criar uma teoria e com base nela analisar a realidade, mas Maquiavel faz uso do método indutivo, ou seja, usar o passado como referência para resolver e analisar problemas do presente e do futuro, especificamente no caso da política o autor analisa situações reais da antiga República romana. Para que possamos entender seu pensamento, precisamos entender os conceitos de virtú e fortuna, a capacidade de ação e estratégia, que foi corrompida pela moral judaico-cristã na modernidade, e a sorte, o acaso e a influência das circunstâncias, respectivamente. Na fortuna existe a possibilidade de virtú, já que o acaso coloca em teste nossas habilidades de formular estratégias. A partir desses dois conceitos, analisamos a natureza humana, que, para Maquiavel, está associada à maldade e ao egoísmo. Somos naturalmente seres oportunistas, dissimulados e mesquinhos, e fazemos o bem apenas quando necessário ou obrigatório. O tempo é onde nós existimos, onde agimos, e certas vezes, esse tempo nos mostra que é necessário agir de maneira mais bruta, usar da maldade como forma de penalização. À medida que o tempo avança, ele reflete a incerteza e instabilidade da condição humana, mas, apesar da mudança temporal aparente, há sempre algo atemporal, se não seria impossível fazer uso do método indutivo, como podemos usar o passado como referência se tudo muda? Justamente, certas coisas podem mudar, mas a natureza humana permanece a mesma, independente do contexto no qual estamos inseridos, continuamos sendo seres malvados e egoístas por natureza. 2. Para Maquiavel, há relação entre a liberdade e a república mista? Explique a resposta positiva ou negativa. Para Maquiavel existe uma relação entre a liberdade e a república mista. Ele cria um paradoxo da liberdade, diz que só é possível a liberdade e uma vida melhor se somos controlados, o que parece contraditório, liberdade e controle dependerem um do outro, mas sem o controle a liberdade acaba virando caos. A república mista é, como o próprio nome diz, uma mistura de características monárquicas, aristocráticas e populares, formando um governo harmonioso e perfeito, na concepção de Maquiavel. Na república mista existe um controle, leis que regram a vida das pessoas, portanto existe uma liberdade negativa (aquela que é controlada). Além disso, para Maquiavel, o povo é o guardião da liberdade, visto que não deseja ser dominado, nem possui o desejo dos grandes de comandar, e como a república mista tem características populares, é impossível não estar por conceito, atrelada a liberdade. 3. Como relacionar, para o autor, leis, educação e virtude? Segundo o autor, para estudar política, os homens devem deixar de lado os regimes idealizados e se concentrar na verdade efetiva das coisas, o que significa que, o território da política não pode ser estudado se nos preocuparmos com o mundo do dever ser, ao invés do mundo do ser. Dessa forma, ao analisar a verdade efetiva das coisas, Maquiavel discorre que a bondade, ou a virtude não fazem parte da natureza humana. A sua condição é definida por uma mediana (os homens raramente são totalmente bons ou totalmente ruins) sem virtude, o que torna a verdadeira virtú, a capacidade de bem agir na cena pública, tão rara. Assim, ele discorre que o ser humano é ruim e sempre está pronto para agir contra as leis, quando tem ocasião. Portanto, ninguém faz o bem se não for necessário, sobretudo se não existirem leis que obriguem as pessoas a agir desse modo. Logo, o legislador não poderá deixar de lado a natureza egoísta e maldosa do ser humano na hora de redigir as leis, tendo que balizar corretamente a análise do passado e do presente. Por fim, a República deve contar com Instituições fortes que apliquem leis que garantam a ordem, eduquem e canalizem o comportamento maldoso do ser humano, produzindo indivíduos com virtú, porque segundo Maquiavel “homens bons nascem da boa educação, das boas leis” p.22. 4.Para Maquiavel, leis do bom senso e prudência são sinônimos? Para Maquiavel, as leis devem garantir que o ser humano canalize suas boas ações, e abandone sua natureza aproveitadora e egoísta. Paralelamente, a prudência, segundo o autor, é a qualidade fundamental dos ordenadores da República, que observam os acontecimentos históricos e refletem sobre eles no presente para tomada de decisões. Assim, prudência e virtú podem ser interpretados como sinônimos, na medida em que se referem a qualidade do príncipe em canalizar conflitos ao reagir de maneira estratégica frente aos problemas da República. Dessa forma, pode-se dizer que o bom senso, enquanto qualidade de discernimento do certo e do errado, pode ser fomentado pelo estabelecimento de leis por um líder com prudência e logo, com virtú. No entanto, possuir bom senso, não é sinônimo de ser prudente, ou possuir virtú, visto que, essas qualidades envolvem não somente uma capacidade de diferenciar o bom e o ruim com cautela e sensatez, como também exigem habilidades analíticas dos acontecimentos do passado e do presente, para que se tenha uma ação e reação eficientes e estratégicas frente aos problemas da República.
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