Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
3 –MOTORES CC A máquina de corrente contínua pode operar tanto como gerador assim como motor. Isso é ilustrado na figura 3.1 (a) (b) Fig. 3.1 – Reversibilidade de uma máquina CC. (a) gerador, (b) motor De fato, a máquina CC é mais usada como motor do que como gerador. Atualmente, o desenvolvimento das técnicas de acionamentos de corrente alternada (CA) e a viabilidade econômica têm favorecido a substituição dos motores de corrente contínua (CC) pelos motores de indução com conversores de freqüência. Apesar disso, o motor CC ainda se mostra a melhor opção em algumas aplicações, tais como: máquinas de papel, máquinas de impressão, extrusoras, prensas, elevadores, acionamentos de transporte e elevação de cargas Princípio de Funcionamento A Fig. 3.2 mostra, de maneira simplificada, o funcionamento do motor CC. A figura é um desenho esquemático simples de um motor onde o estator é constituído por ímãs permanentes e o rotor é uma bobina de fio de cobre esmaltado por onde circula uma corrente elétrica. Uma vez que as correntes elétricas produzem campos magnéticos, essa bobina se comporta como um ímã permanente, com seus pólos N (norte) e S (sul) como mostrados na figura. Fig. 3.2 – Princípio de funcionamento do motor CC Começando a descrição pela situação ilustrada em (a) onde a bobina apresenta-se horizontal. Como os pólos opostos se atraem, a bobina experimenta um torque que age no sentido de girar a bobina no sentido anti- horário. A bobina sofre aceleração angular e continua seu giro para a esquerda, como se ilustra em (b). Esse torque continua até que os pólos da bobina alcance os pólos opostos dos ímãs fixos (estator). Nessa situação (c) – a bobina girou de 90º– não há torque algum, uma vez que os braços de alavanca são nulos (a direção das forças passa pelo centro de rotação); o rotor está em equilíbrio estável (força resultante nula e torque resultante nulo). Esse é o instante adequado para inverter o sentido da corrente na bobina. Máquina CC Pmec Pel e, i T, n If para estabelecer o fluxo Máquina CC Pmec Pel e, i T, n If para estabelecer o fluxo Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 2 Agora os pólos de mesmo nome estão muito próximos e a força de repulsão é intensa. Como a bobina já apresenta um momento angular “para a esquerda”, ela continua girando no sentido anti-horário (semelhante a uma “inércia de rotação”) e o novo torque (agora propiciado por forças de repulsão), como em (d), colabora para a manutenção e aceleração do movimento de rotação. Mas, mesmo após a bobina ter sido girada de 180º, situação não ilustrada na figura, o movimento continua, a bobina chega na “vertical” – giro de 270º –, o torque novamente se anula, a corrente novamente inverte seu sentido, há um novo torque e a bobina chega novamente à situação (a) – giro de 360º –. E o ciclo se repete. Essas atrações e repulsões bem coordenadas é que fazem o rotor girar. A inversão do sentido da corrente (comutação), no momento oportuno, é condição indispensável para a manutenção dos torques “favoráveis”, os quais garantem o funcionamento dos motores. Note-se que este torque eletromagnético se opõe á rotação num gerador e auxilia (atual no mesmo sentido) a rotação num motor. Como o torque é função do fluxo e da corrente da armadura, é independente da velocidade do motor ou do gerador. O torque disponível na ponta de eixo do motor é menor que o torque desenvolvido, devido às perdas rotacionais que requerem e consomem uma porção do torque desenvolvido durante a ação motora. ? Em ambos modos de operação (gerador e motor), circula corrente nos enrolamentos de armadura que giram em um campo magnético. Portanto, as mesmas equações básicas do gerador são úteis tanto na ação geradora como na ação motora: a a mE K= φω a a aT K I= φ 2a PN Z PK a = =π π Z = nº total de condutores N = nº total de espiras em série entre os terminais da armadura. ? Com a atual disponibilidade de fontes de alimentação versáteis, confiáveis e econômicas, a tendência atual é alimentar os motores CC por meio de fontes independentes, o que permite um controle muito mais preciso das características de interesse num motor (principalmente velocidade de rotação e torque do eixo). Ainda assim, devido à tradição, ainda é comum classificar os motores de acordo com a maneira como estão ligados seus circuitos de armadura e de campo. Os tipos possíveis são explanados a seguir, acompanhados de seus diagramas e gráficos típicos de velocidade e torque em função da corrente. 3.1 MOTORES DE EXCITAÇÃO INDEPENDENTE E DERIVAÇÃO (SHUNT) ? Um diagrama esquemático de um motor CC shunt é mostrado na Fig. 3.3. ? Como ambos, o circuito de campo e o circuito da armadura, são conectados para uma fonte cc de tensão fixa, as conexões para excitação independente e excitação shunt são as mesmas. ? O comportamento do circuito de campo é independente do circuito da armadura. ? A corrente de armadura Ia e a velocidade do moto ωm dependem da carga mecânica conectada ao eixo do motor. Fig. 3.3 – Circuito equivalente do motor shunt Equações em R.P.: t a a aV E +R I= ⋅ (3.1) tI = (3.2) a a mE K= φω (3.3) aE = (3.4) Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 3 3.2 FLUXO DE POTÊNCIA E EFICIÊNCIA Considerar para exemplo uma máquina CC composta derivação curta. As diversas perdas na máquina são identificadas e suas magnitudes como percentagens da potência de entrada são apresentadas na Fig 3.4. Fig. 3.4 – (a) Máquina CC composta derivação curta, (b) Perdas de potência em geradores CC e (c) Perdas de potência em motores CC Comentários: Pin: % Pin: Pin – [perdas mecânicas] = [perdas elétricas] = Pelet,out = Pconv - [perdas elétricas] = Eficiência = Pout /Pin Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 4 3.3 CARACTERÍSTICAS TORQUE X VELOCIDADE Aplicação de motores: acionamento de cargas mecânicas em velocidade constante ou velocidade controlada em uma ampla faixa ? Regulação de velocidade (RV): É definida como a variação da velocidade desde a plena carga até a situação de carga nula, expressa em percentagem da velocidade nominal. Em forma de equação, a regulação de velocidade torna-se: _ _ ._ _ _ g ._ _ _ g velocidade em vazio veloc a plena car aRV veloc a plena car a −= ? Necessidade do conhecimento da relação entre conjugado e velocidade Considere o MOTOR DE EXCITAÇÃO INDEPENDENTE mostrado na figura 3.5 Fig 3.5 – Motor CC excitação independente Considerando Vt = cte, If cte ? Φ = cte, a característica torque x velocidade é como a mostrada na Fig. 3.6 a seguir. Notar que existindo R.A. (redução do fluxo) ocorre uma melhora da regulação de velocidade em um motor CC. Fig 3.6 – Característica Torque x velocidade do motor CC excitação independente A equação (3.8) ( )2 t a m a a V R T K K ω = −φ φ sugere que o controle de velocidade em uma máquina CC pode ser feito pelos seguintes métodos: - Controle por Tensão Terminal da Armadura (Vt) - Controle de Campo (por Reostato Campo Derivação) (If) - Controle por Resistência no Circuito da Armadura (Ra) Tensão, corrente, velocidade e conjugado são relacionados por: ωm -a a m t a aE k V R Iφω== ⋅ (3.5) a aT k Iφ= (3.6) (3.7) (3.8) Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 5 3.4 CONTROLE DE VELOCIDADE DE MOTORES SHUNT (e de excitação independente) 3.4.1 Controle por Tensão Terminal da Armadura Vt é a variável para controlar a velocidade Ra e If são mantidos constantes 1 2m tk V k Tω = − (3.9) em que k1 = ------------ e k2 = ------------ Fig. 3.7 – Controle da tensão de armadura (terminal) de um MCC: (a) torque de carga constante (por ex: elevador) – variação linear da velocidade com Vt variável, (b) Torque de carga variável - velocidade é ajustável por meio de Vt, (c) Operação sob torque constante (Ia constante) – variação linear da velocidade ωm com Vt, (d) operação com Ra = 0 - variação linear da velocidade, Ea e P com Vt. Para um torque de carga constante, tal como um elevador, a velocidade mudará linearmente com Vt, como mostrado na Fig. 3.7(a). Se a tensão terminal é mantida constante e o torque de carga varia, a velocidade de rotação cai ligeiramente com o aumento dessa corrente e pode ser ajustada por Vt, como mostrado na Fig. 3.7(b). Em uma aplicação real, quando a velocidade é variada pela mudança da tensão terminal, a corrente é mantida constante (necessita operação em malha fechada). Como se pode ver na Fig. 3.7(c, d), o torque permanece constante até que a velocidade de rotação atinja um determinado valor, chamado de velocidade base do motor (nbase). Essa velocidade corresponde à plena tensão de armadura em conjunto com o pleno valor de fluxo magnético no campo. A região do gráfico de n = 0 (zero) a n = nbase é chamada de região de torque constante. Para girar o motor a uma velocidade superior à velocidade base, é necessário fazer o que se chama de enfraquecimento do campo. Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 6 3.4.2. Controle de Campo (por Reostato Campo Derivação) O controle de velocidade além da velocidade base é obtido pela diminuição de If, chamado enfraquecimento de campo. Na velocidade base, Vt é seu valor nominal. Se Ia não exceder seu valor limite (limite de aquecimento), o controle além da velocidade base é restrito a potência constante, conhecida como operação em potência constante. Fig. 3.8 – Controle de If por meio de reostato de campo Ra e Vt constantes velocidade controlada pela variação de If Considerando linearidade magnética KaΦ = Kf If (3.10) Das equações 3.8 e 3.9 , (3.11) A vazio, T ≅ 0. De 3.11 ? A velocidade varia inversamente com a corrente de campo: ? Em um valor particular de If 3 4m k k Tω = − em que k3 = ------------ k2 = ------------ ? Lembrar: como visto em 3.4.1, o controle de velocidade desde zero até a velocidade base é normalmente obtido pelo CONTROLE DA TENSÃO DE ARMADURA. Fig. 3.9 – Controle da velocidade por intermédio de Rfc (If ). Operação em potência constante: P = T = Portanto, o torque decresce com a velocidade na região de enfraquecimento de campo. O Controle de campo tem implementação mais simples, é mais barato, pois feito no nível de baixa potência, porém mais lento, devido a grande indutância do circuito de campo. Fig. 3.10 – Controle da velocidade por intermédio de Vt e If . Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 7 3.4.3 Controle por Resistência no Circuito da Armadura Vt e If constantes, mantidos em seus valores nominais, a velocidade é controlada pela variação de Ra. Adiciona-se um reostato Rae no circuito da armadura para esta finalidade, como mostrado na Fig. 3.11a. Fácil implementação, menor eficiência, reostato mais robusto que o usado no controle de campo. (3.12) Para Vt e φ permanecendo constantes 5 6m k k Tω = − em que k5 = ------------ k6 = ------------ As características velocidade x torque para vários valores de resistência externas no circuito da armadura são mostradas na Fig. 3.11b, as quais indicam a resistência Rae necessária para ajuste da velocidade do motor operando em um determinado T*. A Fig. 3.11c mostra a variação da velocidade correspondente a variação da resistência do reostato para operação em torque constante. A velocidade pode ser variada de 0 a ωb em T constante pela variação da resistência externa, como mostrado na Fig 3.11d. Fig. 3. 11 – Controle por Resistência no Circuito da Armadura Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 8 3.5 MOTOR SÉRIE Em um motor em série, o induzido (armadura) é conectado em série com o enrolamento de campo apropriadamente projetado, como é mostrado na Fig 3.12. A alimentação é geralmente uma fonte de tensão constante em série com um resistor de partida ou de controle Rae. Φ é produzido por Ia circulando em Nsr. Considerando linearidade magnética: a sr ak k Iφ = , a sr a mE k I= ω , 2a sr aT k I= (3.13) Portanto, a corrente do motor aumenta “somente” com a raiz quadrada do torque em contraste com a máquina shunt, na qual o torque e a corrente do motor são proporcionais. ( )a t a a ae srE V I R R R= − + + t a ae sr m sr a sr V R R R k I k + +ω = − Fig. 3.12 – Motor série. Rae = resistência externa. ωm = (3.14) Observa-se na eq. 3.14 que para um valor particular de Rae , a velocidade é aproximadamente proporcional ao inverso da raiz quadrada do conjugado. Características velocidade x torque para vários valores de Rae são mostradas na Fig. 3.13. O motor série proporciona uma característica de velocidade variável em um amplo intervalo de valores de conjugado. Alto torque ? baixa velocidade Baixo torque ? alta velocidade Fig. 3.13 – Características velocidade- torque para vários valores de Rae Aplicação: Este tipo de ligação é apropriado para acionamento de cargas mecânicas, em que são necessários grandes torques, de partida ou em baixa velocidade, tais como em elevadores, metrôs, guindastes, motores de partida automotivos. O decréscimo significativo na velocidade com o aumento no torque de carga é desejável para muitos tipos de cargas mecânicas. Por exemplo, em aplicações de tração, uma velocidade baixa quando em subida, com alto torque, e uma velocidade alta deslocando-se na horizontal, com baixo torque, permitem que potência aproximadamente constante seja tomada da linha de alimentação. O grande inconveniente desse tipo de ligação é a tendência ao disparo, isto é, o aumento ilimitado da velocidade de rotação, caso não haja nenhuma carga ligada ao seu eixo, o que pode até mesmo provocar danos irreversíveis ao motor. Esse comportamento pode ser compreendido através da equação, que mostra que o torque é inversamente proporcional ao quadrado da velocidade, ou seja, para velocidades baixas haverá alto torque e para baixos torques ocorrerá alta velocidade. 3.5.1 MOTOR UNIVERSAL Os motores CC conectados em série possuem uma característica peculiar: se a polaridade da tensão de alimentação for invertida, determinando a inversão da corrente do motor, o motor continua a girar no mesmosentido, pois a direção do torque T não se altera (eq. 3.13). Isso ocorre porque tanto o sentido da corrente de Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 9 armadura como o sentido da corrente de campo se invertem simultaneamente, pois a corrente de campo e a corrente de armadura tratam-se, de fato, de uma mesma e única corrente. Diante dessa característica, conclui-se que um motor CC conectado em série pode ser alimentado tanto com corrente contínua como com corrente alternada. Por esse motivo, são chamados de motores universais. O torque é proporcional ao quadrado da corrente e pulsa entre zero e duas vezes o seu valor médio. Supondo que esse tipo de motor seja alimentado, por exemplo, a partir da rede de 60 Hz, a polaridade da alimentação (e o sentido da corrente) irá mudar a cada 8,3 ms, o que produzirá um pico no torque 120 vezes por segundo. No entanto, as flutuações na velocidade serão praticamente imperceptíveis devido à inércia da armadura do motor. Para que um motor possa ser efetivamente utilizado como universal, certos cuidados têm que ser tomados em seu projeto e fabricação. São requeridos pólos laminados e culatras também laminadas, para evitar perdas excessivas por correntes parasitas. A armadura é totalmente laminada, para reduzir as correntes parasitas geradas pela alimentação CA. A potência desses motores é geralmente baixa, como o motor mostrado na Fig. 3.14, inferior a 1 KW, devido às piores características de comutação e centelhamento. As grandes vantagens dos motores universais sobre os motores CA convencionais são: a alta velocidade de rotação (até 12000 rpm, contra 3600 rpm dos motores CA comuns) e a simplicidade no controle de velocidade. Por essas razões, os motores universais são amplamente utilizados em eletrodomésticos como furadeiras, ventiladores de teto, processadores de alimento, etc. Fig. 3.14 – Motor universal 3.6 MOTOR COMPOSTO (compound) Este tipo de ligação procura associar as características positivas das ligações série e paralela. Assim, o enrolamento de campo é dividido em duas partes, uma das quais fica em série com o circuito de armadura e a outra em paralelo. Com esse tipo de conexão o motor funciona com segurança mesmo sem carga conectada ao seu eixo, ou seja, não dispara. Seu torque se situa entre o de um motor série e o de um motor shunt nas mesmas condições de alimentação. Como no caso da operação como gerador existem duas possibilidades para a ligação composta: a ligação de campo curto e a ligação de campo longo Algumas aplicações requerem um acionamento com a característica atenuante de velocidade-torque do motor em série, mas também requerem uma velocidade sem carga definida, como no motor derivação. Estes aspectos são combinados no motor composto. Combinando o enrolamento derivação com o enrolamento série é possível ter uma máquina com diferentes características. Contribuição do campo série (φsr): ( ) ( )t a a s m a sh sr V I R R K − +ω = φ ± φ A velocidade sem carga é inversamente dependente da corrente de campo shunt, como em máquinas em derivação. À medida que o torque da carga é aumentado, a corrente de armadura fluindo através do campo série provoca um aumento (ou redução) no fluxo de pólo e um conseqüente decréscimo (ou acréscimo) na velocidade de estado estacionário. As características de torque e de velocidade dos vários tipos de motores CC são comparadas na próxima seção. Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 10 3.7 COMPARATIVO DAS CARACTERÍSTICAS DOS MOTORES CC COM APLICAÇÃO DE CARGA 3.7.1 CARACTERÍSTICAS DO TORQUE ELETROMAGNÉTICO DOS MOTORES CC Motor Shunt Neste motor, na equação básica do torque, o fluxo é essencialmente constante e, se a corrente de armadura aumenta com a aplicação da carga mecânica, a equação do torque pode ser expressa por uma relação linear T = Ka’·Ia, como mostra a Fig. 3.15. Motor Série Neste motor a corrente de campo e a corrente de armadura são as mesmas e o fluxo produzido pelo campo série é em todo instante proporcional à corrente da armadura Ia. A equação básica do torque torna-se então T = Ka’’·Ia2, ou seja a relação entre o torque e a corrente de carga no motor série é quadrática, como se vê na Fig. 3.15. Motor Compound Quando enrolamentos de campo série e shunt são instalados nos pólos das máquinas CC, o efeito do campo série poderá ser cumulativo ou diferencial. A equação básica do torque para o motor cumulativo torna-se T = Ka·(φf + φs)·Ia, onde o fluxo do campo série é função da corrente de armadura. Para o motor diferencial a equação é T = Ka·(φf – φs)·Ia. Pelas equações é possível afirmar que o motor diferencial produz uma curva de torque que é sempre menor do que a do motor shunt (Fig. 3.15). Figura 3.15 – Comparação das características torque – carga em uma máquina CC. 3.7.2 CARACTERÍSTICAS DE VELOCIDADE DOS MOTORES CC A equação fundamental da velocidade é aa aIm a V R K ω φ −= . É possível predizer como a velocidade de cada um dos motores vistos anteriormente, variará com a aplicação da carga. Motor Shunt Supondo que um motor shunt atingiu a velocidade nominal e está operando sem carga. Como o fluxo polar pode ser considerado constante, a velocidade do motor pode ser expressa em função da equação básica da velocidade. Quando uma carga mecânica é aplicada ao eixo do motor, a fcem decresce pouco e a velocidade cai proporcionalmente pouco, como visto na Fig. 3.16. Motor Série A equação básica da velocidade, modificada para o motor série é: ( )a a s aV R R In Kφ − += Fig. 3.16 – Comparação das características carga – velocidade em uma máquina CC. Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 11 Como o fluxo produzido pelo campo série é proporcional à corrente de armadura, a velocidade pode ser reescrita como; ' ( )a a s a a V R R In K I ⎡ ⎤− += ⎢ ⎥⎣ ⎦ Se a carga mecânica for pequena Ia também será, fazendo com que o numerador da equação acima seja grande e o denominador seja pequeno, resultando em uma velocidade muito alta. Por esta razão o motor série é sempre operado acoplado com uma carga, como em guindastes, elevadores ou tração de trens. Com o aumento da carga o numerador diminui mais rapidamente do que aumenta o denominador e a velocidade cai rapidamente, como se vê na Fig. 3.16. A linha tracejada representa a porção da característica associada a cargas extremamente leves, na qual os motores série não são operados. Como em sobrevelocidade o motor série apresenta corrente de armadura reduzida, significando que fusíveis ou relés térmicos não serão efetivos para esta situação. Deve-se adotar como proteção do motor algum dispositivo que detecte o aumento súbito desta velocidade. Motor Compound Para o motor compound cumulativo a equação básica da velocidade para um motor composto cumulativo pode ser escrita como: ( )a a s a f s V R R In K φ φ ⎡ ⎤− += ⎢ ⎥+⎢ ⎥⎣ ⎦ Fica evidente que, com o aumento da carga e da corrente da armadura, o fluxo produzido pelo campo série também aumenta, enquanto a fcem cai. O denominador da equação acima, portanto, cresce, enquanto o numerador decresce proporcionalmente mais do que no motor shunt. O resultado é que a velocidade de um motor shunt com a aplicação de carga (Fig. 3.16). Para o motor compound diferencial a equação acima é modificada para mostrar o efeito da oposição da fmm do campo série. A velocidade será: ( )a a s a f s V R R In K φ φ ⎡ ⎤− += ⎢ ⎥−⎢ ⎥⎣ ⎦Com o aumento da carga e consequentemente da corrente de armadura Ia, o numerador da equação acima decresce, porém, o denominador decresce mais rapidamente. A velocidade pode cair ligeiramente para cargas leves; mas, com o aumento da carga, a velocidade aumenta. Esta condição estabelece uma condição de instabilidade dinâmica. Devido a esta instabilidade inerente, os motores compound diferenciais são raramente utilizados. As características de torque - velocidade dos vários tipos de motores CC, considerando que os terminais do motor são alimentados a partir de uma fonte de tensão constante e que todos têm em comum a velocidade na carga nominal são mostradas na Fig. 3.17 Fig. 3. 17 – Características torque-velocidade de diferentes motores CC, tendo em comum a velocidade na carga nominal. Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 12 3.8 DISPOSITIVOS DE PARTIDA PARA MOTORES CC Se um motor CC é conectado diretamente a um alimentador CC, a corrente de partida seria perigosamente alta. Fig. 3.18 – Dispositivo de partida de um motor CC A corrente de partida pode ser limitada em um valor seguro pelos seguintes métodos: 1. Inserindo uma resistência externa, Rae, durante a partida (figuras 3.19 e 3.20) 2. Usando um baixo valor de tensão terminal (Vt) na partida Com uma resistência externa: A fcem Ea aumenta com o aumento da velocidade, portanto a resistência externa Rae pode ser retirada gradualmente enquanto a velocidade aumenta sem que a corrente de armadura ultrapasse um certo limite. Fig. 3.19 - Arranque do motor derivação Fig. 3.20 - Arranque do motor série Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 13 3.9 CONTROLE DE VELOCIDADE De todos os tipos de máquinas elétricas rotatórias, a máquina CC tem maior flexibilidade e é, portanto, a melhor escolha para muitas aplicações de controle. Em acionamentos que algumas das propriedades da saída devem ser controladas precisamente é que as máquinas CC (comutadoras) encontram suas maiores aplicações. A velocidade de uma máquina CC (MCC) pode ser controlada através de 3 variáveis: a tensão terminal, o fluxo de entreferro e a resistência de armadura. O controle pela resistência de armadura era feito notadamente em sistemas de tração, com resistências de potência conectadas em série com a armadura (e com o campo, já que se utilizava excitação série). Tais resistências iam sendo curto-circuitadas à medida que se desejava aumentar a tensão terminal de armadura e, consequentemente, aumentar a velocidade da MCC. Era um controle essencialmente manual, comandado pelo operador do veículo. Embora historicamente tenha se utilizado em grande escala a conexão série para aplicações em tração (devido ao alto torque de partida que produz), com o advento dos conversores eletrônicos de potência passou-se a utilizar a excitação independente, em virtude da maior flexibilidade que apresenta em termos do controle da MCC. O controle da velocidade pelo fluxo de entreferro é utilizado em acionamentos independentes, mas quando se deseja velocidade acima da velocidade base da máquina. Ou seja, tipicamente opera-se com campo pleno (para maximizar o torque) e, ao ser atingida a velocidade base, pelo enfraquecimento do campo pode-se ter uma maior velocidade, às custas de uma diminuição no torque. A figura 3.21 ilustra um perfil típico de acionamento. Figura 3.21 - Controle de MCC pela armadura e pelo campo Dada a elevada constante de tempo elétrica do enrolamento de campo (para enrolamento independente), não é possível fazer variações rápidas de velocidade por meio deste controle. Esta é uma alternativa com uso principalmente em tração, onde as exigências de resposta dinâmica são menores. Do ponto de vista de um melhor desempenho sistêmico, o controle através da tensão terminal é o mais indicado, uma vez que permite ajustes relativamente rápidos (sempre limitados pela dinâmica elétrica e mecânica do sistema), além de, adicionalmente, possibilitar o controle do torque, através do controle da corrente de armadura. É o método geralmente utilizado no acionamento de MCC em processos industriais. ? Controle abaixo e acima da velocidade base; ? Numerosas aplicações: tecelagem, moinhos, guindastes, elevadores, locomotivas, etc; ? Mais simples e mais baratos que aquele aplicado para motores CA. Uma máquina girante, por ser reversível, pode operar como motor ou como gerador e pode fazê-lo tanto girando em um sentido como em sentido contrário. Dessa maneira, combinando funções e sentidos de rotação, e associando a eles os quadrantes formados por um sistema de eixos cartesianos ortogonais, podem-se representar o sentido de rotação e a tarefa da máquina em um determinado instante de operação por meio dos QUADRANTES DE OPERAÇÃO. Do ponto de vista do acionamento da MCC, pode-se definir, no plano torque x velocidade, quatro regiões de operação, como indicado na Fig. 3.22. Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 14 Fig. 3.22 - Regiões de acionamento de MCC. No quadrante I tem-se torque e velocidade positivos, indicando, que a máquina está operando como motor e girando num dado sentido. Em termos de tração, poder-se-ia dizer que se está operando em tração para frente. No quadrante III, tanto o torque quanto a velocidade são negativos, caracterizando uma operação de aceleração em ré. Já o quadrante II se caracteriza por um movimento em ré (velocidade negativa) e torque positivo, implicando, assim, numa frenagem. No quadrante IV, tem-se velocidade positiva e torque negativo, ou seja, frenagem. Tem-se um movimento de avanço, mas com redução da velocidade. Sintetizando, tem-se a seguinte tabela: Quadrante Torque Velocidade Sentido de Variação da (Ia) (Ea) rotação velocidade I >0 >0 avante acelera II >0 <0 à ré freia III <0 <0 à ré acelera IV <0 >0 avante freia 3.9.1 Acionamento por um gerador eletromecânico (Sistema Ward-Leonard) Método clássico (foi introduzido em 1890) para controle da tensão terminal. Habitualmente a energia elétrica e fornecida sob a forma alternada, sendo necessário equipamento retificador como, por exemplo, um conjunto motor-gerador CC (M-G) para alimentar e controlar a velocidade do motor CC. O motor do conjunto M-G (geralmente um motor de indução) opera com velocidade (quase) constante. Variando a corrente de campo do gerador CC, a tensão nos seus terminais é variada, o que faz variar a velocidade de acionamento do motor CC. O conjunto se denomina sistema Ward-Leonard (figura 3.23). 3.9.2 Controle com dispositivos semicondutores O desenvolvimento de retificadores controlados de estado sólido, capazes de lidar com vários kilowatts, e de baixo custo, veio possibilitar uma outra forma mais econômica e prática de controlar a tensão de armadura. Assim, atualmente, para comandar motores de corrente contínua são usados conversores estáticos como retificadores controlados (Fig. 3.24) e choppers que fornecem a corrente contínua regulada para o motor cujas variáveis se quer controlar. As estruturas fornecidas pela eletrônica de Potência possibilitam as ferramentas para implementação de operações de controle nos quatro quadrantes, o que antes exigia um elevado custo e um elevado número de máquinas rotativas para realizá-lo. Figura 3.23: Método de controle de velocidade por controle de tensão na armadura: esquema Ward- Leonard. Fig. 3.24 – Retificadores controlados para controle das tensões de armadura e de campo. Máquinasde Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 15 3.10 CONVERSORES SEMICONDUTORES DE POTÊNCIA 3.10.1 CONVERSORES CA-CC (RETIFICADORES) ACIONAMENTOS MONOFÁSICOS Acionamentos com Conversores Monofásicos DE MEIA –ONDA Revisão: Com carga resistiva: Com carga indutiva (RL) Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 16 Com carga RLE (altamente indutiva) e diodo de comutação: A tensão média do circuito de armadura é: ( ) ( )21 cos 1 cos 2 2 m S a a a V VV = + α = + απ π Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 17 SEMICONTROLADO: ( )1 cosma aVV = + απ CONTROLADO: 2 cosma a VV = απ Acionamentos com Conversores DUAIS Monofásicos: Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 18 ACIONAMENTOS TRIFÁSICOS Acionamentos com Conversores Trifásicos DE MEIA –ONDA: 3 3 cos 2 m a a VV = απ Acionamentos com Conversores Trifásicos Semicontrolados: ( )3 3 1 cos 2 m a a VV = + απ Acionamentos com Conversores Trifásicos Controlados: 3 3 cosma a VV = απ Máquinas de Corrente Contínua e Síncronas – Cap. 3 -- cópias de transparências/ anotações de aula – atualização / impressão: 26/11/2012 19 3.10.2 CONVERSORES CC-CC PARA ACIONAMENTO DE MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA Ao invés do uso de reguladores de tensão série, a tensão média (Vm) aplicada ao motor (e assim a velocidade) é regulada por uma chave eletronicamente controlada (tiristor, transistor de potência, igbt, mosfet). Tais conversores são denominados “chopper”, em inglês. Em português recebem diferentes denominações, como: recortador, pulsador, chaveador, modulador, etc. Topologias de conversores para acionamento de MCC: A grande maioria dos acionamentos é feita utilizando-se conversores abaixadores de tensão, ou seja, aqueles nos quais a tensão média aplicada à carga é menor do que a tensão de alimentação do conversor. Conversores elevadores de tensão são usados quando se deseja frear a máquina, com envio de energia para a fonte (frenagem regenerativa). Neste caso não existe a preocupação com a filtragem da tensão antes de aplicá-la à carga. Assim, a tensão terminal instantânea é a própria tensão sobre o diodo de circulação, enquanto a corrente é filtrada pela indutância de armadura. O comando usual é por Modulação por Largura de Pulso, com uma freqüência de chaveamento cujo período seja muito menor do que a constante de tempo elétrica da carga, a fim de permitir uma reduzida ondulação na corrente e, portanto, no torque. Outra possibilidade, usada quando se deseja um controle de torque mais preciso é o controle por MLC (histerese)
Compartilhar